"COMUNICAÇÕES" EDIÇÃO ESPECIAL MFJ 2020

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//revista FEVEREIRO DE 2020 EDIÇÃO ESPECIAL

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

2020

MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

COMUNICAÇÕES ESPECIAL

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EDITORIAL

TUDO ESTÁ INTERLIGADO

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a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, o Papa Francisco perguntava: “O que nos impele a encontrar-nos? A certeza de saber que fomos amados com um amor cativante que não queremos nem podemos calar e que nos desafia a responder da mesma maneira: com amor. O que nos impele é o amor de Cristo (cf. 2 Cor5, 14)”, dizia. Esse amor pôde ser visto durante os cinco dias em Xaxim - de 29 de janeiro a 2 de fevereiro -, quando 800 jovens franciscanos abraçaram com alegria e esperança o convite do Papa na mensagem da Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da Casa Comum. Essas Missões Franciscanas da Juventude ficarão para a história de sete edições como a mais numerosa. Durante cinco dias, Frei Diego Melo viu esses missionários mostrarem que estavam ali, unica e exclusivamente, por causa do Amor. Louve-se a organização e o trabalho da Comissão Central e da Fraternidade São Luiz Gonzaga. Tudo funcionou impecavelmente e, no domingo, as emoções falaram mais alto: “Deus viu que tudo era muito bom”!. Nesta edição, recorde alguns desses momentos missionários inesquecíveis.


REVISTA COMUNICAÇÕES Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Frei César Külkamp - Ministro Provincial Frei Gustavo Medella - Vigário Provincial Frei Jeâ Paulo Andrade - Secretário Provincial Serviço de Animação Provincial Frei Diego Melo Frei Alisson Zanetti Frei Odilon Voss

Jornalista responsável: Moacir Beggo - Mtb 14.888 Edição, textos e imagens Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo Diagramação Jovenal Pereira www.franciscanos.org.br comunicaçao@franciscanos.org.br


MENSAGEM Missões Franciscanas da

Juventude XAXIM 2020

CADA UM É SEMPRE UMA MISSÃO!

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nossa Paróquia Franciscana de São Luiz Gonzaga, em Xaxim, teve a felicidade de acolher as Missões Franciscanas da Juventude de 2020. E viveu esta alegria como parte importante das celebrações dos seus 80 anos de fundação. E os jovens, sempre em número maior,

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vieram de todas os lugares de nossas presenças e de mais distante ainda. Tivemos jovens e frades de outras Províncias e Custódias franciscanas e até mesmo da Argentina. Recebemos com alegria e muito orgulho o Animador do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação de toda a Ordem dos Frades Menores, Frei Jaime Campos, este irmão chileno


que conduz este trabalho a partir de Roma. Ele pôde partilhar com os nossos jovens um pouco da vida e dos desafios deste trabalho que procura cultivar a identidade do nosso carisma. E com ele acolhemos também a Serata Laudato Si’, um evento cultural, já realizado também em outras partes do mundo, que promove a mensagem da Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado da Casa Comum, escrita pelo Papa Francisco. Os objetivos de refletir e tomar consciência da grave crise climática, através da arte, da cultura e da música, e de buscar a conversão ecológica em favor do planeta, dos mais pobres e das gerações futuras, certamente foram alcançados. Por conta de toda esta preocupação da Igreja, que chegou mesmo a realizar um Sínodo para a Amazônia, e de tantos organismos sociais, também as Missões Franciscanas da Juventude tiveram este fio condutor em seus encontros formativos, celebrações e atividades. O tema e o lema foram ecológicos: “E Deus viu que tudo era muito bom” e “Guardiões das relações com Deus, com o próximo e com a casa comum”. As comunidades rurais e os bairros de Xaxim, Lajeado Grande, Marema e Entre Rios, municípios que compõem a Paróquia São Luiz Gonzaga, puderam viver com emoção esta missão muito concreta dos nossos jovens com os irmãos e irmãs anfitriões, metendo a mão na massa: limpando, reciclando, plantando, preservando, rezando, cantando, abençoando e caminhando. Mas, sobretudo, realizaram encontros profundos com irmãos, com realidades, com culturas, com a Natureza, consigo mesmos e com Deus!

Certamente, os encontros e as relações do povo xaxiense e dos nossos jovens não serão mais os mesmos. Natureza é casa comum, casa de todos nós! Os efeitos de quem a destrói atingem a todos e compromete a nossa fé no Deus Criador. Quero aqui agradecer ao povo querido da Paróquia de São Luiz Gonzaga e aos frades que aí vivem a sua missão pela acolhida tão franciscana a todos quantos chegaram! Agradeço a Frei Diego Atalino de Melo, a Frei Alisson Zanetti e a Frei Odilon Voss, responsáveis pelo Serviço de Animação Vocacional e Juventudes, pela promoção, organização e condução de mais este belo trabalho! E agradeço e parabenizo a todos os nossos amados jovens, frades e participantes que, de todos os lugares, aceitaram e cumpriram o chamado à missão! Levem para suas vidas os ensinamentos desta missão e aquilo que nos pediu o Papa Francisco ao propor o Mês Missionário Extraordinário: “Eu sou sempre uma missão; tu és sempre uma missão; cada batizada e batizado é uma missão.” Paz e Bem!

Frei César Külkamp MINISTRO PROVINCIAL


MISSA DE ENCERRAMENTO “A MISSÃO DE VOCÊS É ENXUGAR O SUOR DE QUEM DESCE E SOBE LADEIRA!”, PEDE FREI GUSTAVO AOS JOVENS

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omo não poderia deixar de ser, depois de quatro dias intensos nas Missões Franciscanas da Juventude, a Missa de encerramento (02/02) misturou mística, gratidão, esperança, emoção, alegria em três horas de duração - das 9 às 12 horas - na imponente praça da Matriz São Luiz Gonzaga de Xaxim, a cidade que leva o nome de uma planta e que, por isso, ganhou inspiração ecológica, tendo como pano de fundo a Laudato Si’. O Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, presidiu a celebração e, ao enviar dos jovens para

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suas casas, pediu para serem presença do “Jesus da gente”: “A missão de vocês é enxugar o suor de quem desce e sobe ladeira. Quantas ladeiras da vida, quanta gente suada! Vocês são chamados a enxugar o suor, a estender a mão. Colocar-se a serviço e deixar-se que outros enxuguem o suor de vocês quando a ladeira da vida estiver pesada demais. Ter a humildade de reconhecer: ‘Até aqui eu vim. Aqui não posso mais e peço ajuda!’. Vocês vão encontrar Jesus no amor que não encontra fronteira. E podemos procurar por ele nas fileiras contra a opressão. Todo tipo de opressão”, ensinou


“Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira Me encontro no amor que não encontra fronteira Procura por mim nas fileiras contra a opressão”. Trecho do samba enredo da Magueira

Frei Medella, referindo-se ao trecho do samba enredo da Mangueira para este ano: “E, certamente, vamos encontrar Jesus muitas vezes, muitos dias, todos os dias, se tivermos sempre esse olhar que é a paz, que aqui adquirimos, nos propicia e nos proporciona”, garantiu o celebrante. No Ato Penitencial, ele apontou nossos pecados ecológicos e pediu perdão por eles. Enquanto uma fumaça saía da queima de arbustos, Frei Medella denunciou: “Essa fumaça que sufoca, congestiona os pulmões, sobe aos céus como uma denúncia, um pedido de socorro por nossa Mae Terra. Um pedido de perdão pelas vezes, enquanto humanidade, também ajudamos a construir esse cenário: as queimadas, os gases tóxicos, a poluição. Esse é o grito da Terra que sobe aos céus e chega ao coração de Deus!”. Na sequência, um jovem raspou a cabeça de outro, para significar o mal que gera o agrotóxico. “Todo mundo tem alguém conhecido que está adoecendo, definhando por conta dessa triste realidade. O Brasil caminha na contramão liberando venenos e agrotóxicos que outros países, a partir de estudos e de provas da ciência, já aboliram. Temos uma dívida muito grande conosco e com Deus”, lamentou. Uma cruz de madeira ao lado da igreja foi incendiada e, segundo Frei Medella, por nós. “É também nosso pedido de perdão. O Cristo novamente crucificado por nossas ações que destroem e agridem a nossa Casa Comum. As queimadas e todas as ações de destruição do ar, da água, dos vegetais e dos animais. Que esta absolvição alivie o nosso coMISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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ração da culpa mas não acomode o nosso coração na omissão. Sejamos sempre defensores e defensoras, guardiões do cuidado com a nossa Casa Comum”, pediu o celebrante, que foi acolhido pelo pároco Frei Gilson Kammer no início da celebração. Na sua homilia, partiu do tema e lema para fazer sua reflexão: “E Deus viu que tudo era muito bom”; “Guardiões das relações com Deus, com o próximo e com a casa comum”. “É a conclusão que Deus chega depois de terminar a obra da criação. Tudo era muito bom. A Criação é obra da bondade de Deus. Ou seja, o ser humano é chamado à bondade, à atenção, ao carinho, à ternura, à delicadeza, ao cuidado”, situou. O cuidado, segundo o frade, é a palavra tão estimada e presente na vida de São Francisco e na espiritualidade franciscana, como diz o lema. “O que é ser guardião? É o proprietário, o dono, que man-

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CRIMES ECOLÓGICOS

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da, que usa, que faz valer pessoalmente sua vontade? Não, é aquele que cuida! Ele é uma figura que encarna a lógica do dom, do presente, da gratuidade”, explicou. Segundo o frade, a lógica do dom produz colaboração, partilha, colocar-se a serviço, às vezes saindo até em desvantagem. “Todo mundo juntos alcançando seus objetivos”, disse. “E o que produz essa lógica do dom? Harmonia, contentamento, respeito pelo próximo e pela natureza”, respondeu. “Mas se tudo era muito bom, e Deus viu que era muito bom, quando foi que nem tudo passou a ser tão bom? Quando foi que puseram ventilador nessa farofa? Quando foi que jogaram areia na polenta?”, brincou, voltando ao relato da criação. “A serpente ardilosa coloca na cabeça de Eva e de Adão que eles podiam ser como deuses se buscassem possuir, reter para si a ciência do bem e do mal. Sai a lógica do dom e entra a lógica do possuir”, ensinou. A partir disso, o que era colaboração, vira um por si; nas regras da partilha, entra a acumulação; onde havia muita disposição de se colocar a serviço, agora passa a ser sempre servido; onde as pessoas admitiam levar desvantagem por amor, por espírito de entrega, querem só levar vantagem mesmo. “Agora só importa eu. Os outros que se virem. O que produz esse tipo de lógica? Guerra, frustração, violência, destruição da natureza e da Casa Comum”, enumerou.

Um exemplo, para Frei Medella, é a Amazônia. “Ali há dois modos de compreender aquele bioma maravilhoso. Um é o modelo predatório, lugar da ganância de poucos. Aí entra a derrubada de florestas para exploração de madeira, grandes hidrelétricas que alagam áreas imensas, expulsão de povos originários, os índios, e população ribeirinha. O que pudermos tirar o máximo, para isso serve a Amazônia. Isso está destruindo esse bioma fundamental não só para o Brasil, mas para o mundo todo. A regulação do clima, das chuvas, depende do bom cuidado para a Amazônia”, criticou. A alternativa, segundo o frade, é o modelo baseado na lógica do dom, o modelo socioambiental: respeito às espécies nativas, integração com os ciclos da natureza, promoção dos povos locais, as cooperativas, a pesca artesanal. “Isso tudo é o modelo do cuidado dos guardiões”, retomou. Para Frei Medella, hoje olhar para Jesus Cristo e retomar isso que era bom. “ Ele promove a re-integração do Ser Humano no projeto de Deus. Os extremos da existência, o velho Simeão e o pequeno Menino Jesus. Criança e terceira idade. Respeitados, promovidos, bem tratados, orientados, conduzidos, cuidados por nós. O serviço, o diálogo, a justiça social, o convívio entre as diferenças, é Jesus que nos faz voltar à lógica do dom. Nossa meta, ainda que jovem, é chegar à maturidade e ao contentamento do Velho Simeão. Deixai agora vosso servo ir paz”, disse, referindo-se ao Evangelho da apresentação do Senhor ao templo. “Depois de tudo que você viu, viveu e experimentou aqui, MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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você está partindo em paz, com Deus, consigo, com o próximo e com a Criação. Que nós tenhamos essa mesma paz interior do velho Simeão. E essa paz que você viveu aqui, querido jovem, querida família acolhedora, nosso povo de Xaxim, nossos confrades. Depois do que nós experimentamos aqui, podemos dizer como o velho Simeão: estamos partindo em paz”, garantiu. Falando para os jovens, disse que para onde voltarem, há uma multidão de jovens procurando um sentido para a própria vida. “Eles estão sem esperança, perdidos e, às ve-

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zes, buscando a satisfação onde jamais poderão encontrar: acúmulo de bens, drogas, consumismo, relações superficiais, até no âmbito do sexo. Nada disso é capaz de lhes dar uma direção. Como não é para ninguém. Mas vocês que têm uma paz, que é mais profunda interior, têm respostas a dar a essa juventude, pelo falar e pelo ser. Vocês têm que ser presença de Jesus para eles”, completou. Durante a Ação de Graças, os jovens fizeram uma coreografia para homenagear Nossa Senhora Aparecida, cantando “Negra Mariama”.


LAGES É ESCOLHIDA A PRÓXIMA SEDE

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cidade de Lages, terra do pinhão, foi escolhida pelo Conselho da Juventude e pela coordenação do Serviço de Animação Vocacional (SAV) para sediar a oitava edição das Missões Franciscanas da Juventude. Para anunciar a escolha da cidade, foram confeccionados dois bolos, um tinha como decoração a palavra “biscoito” e o outro a palavra “bolacha”, numa sadia rivalidade entre sulistas e os cariocas, que preferem biscoito. O nome da futura sede estava num envelope dentro do bolo com os dizeres “bolacha”, para a festa do grupo que veio da cidade de Frei Diego Melo: Lages.

A Santa Missa teve como concelebrantes Frei Jaime Campos, animador Geral do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação da Ordem dos Frades Menores, com sede em Roma, a Fraternidade de Xaxim, Frei Diego Melo, animador do SAV e coordenador das Missões Franciscanas e os frades que vieram de toda a Província. Os jovens ainda tiveram tempo para assistir um vídeo, um resumo das Missões, no telão do ginásio de esportes, palco de toda a parte formativa do evento. Depois, os jovens foram convidados a saborear um delicioso churrasco. MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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“A ÁRVORE FRANCISCANA ESTÁ AQUI”

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anto nos depoimentos dos jovens como nos agradecimentos dos frades envolvidos diretamente com as Missões Franciscanas da Juventude, em Xaxim, de 29 de janeiro a 2 de fevereiro, sobraram emoções. A começar pelo responsável por todo este trabalho com a juventude na Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Diego Melo. Em primeiro lugar, Frei Diego não poupou elogios à Fraternidade São Luiz Gonzaga – formada por Frei Vanderlei da Silva Neves, o guardião; Frei Gilson Kammer, o pároco; Frei Jacir Antônio Zolet, vigário paroquial; e o diácono Frei Evaldo Ludwig – que “abraçou a Missão como nunca”. Frei Diego lembrou que ainda no final de julho, com o término das Missões no Rio de Janeiro, já começou a se reunir com os frades de Xaxim para realizar um evento em apenas seis meses. “A princípio esperávamos 650 jovens. De repente, o

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susto: 800 jovens. À medida que aumentava o número, os freis diziam: ‘Damos um jeito’. Em todo momento, eles foram abertos”, revela, emocionando-se pela primeira vez. “Hoje, é o dia dos consagrados. Nós, freis e irmãs, não temos um filho ou filha, não temos uma única família. Nós abraçamos uma família muito maior. É a Família Franciscana. E Deus nos dá a graça de sermos fecundos e de abraçarmos vocês como filhos e filhas. Por isso que a gente se doa e por isso que a Vida Religiosa vale a pena. Por isso vale a pena ser frade, freira, padre! É uma vida que dá frutos, que tem sentido. Obrigado a todos os freis, de modo especial esses que estão aqui. Obrigado Frei Jaime Campos, que veio de longe para estar conosco. Obrigado, frei, pela sua presença que nos coloca em sintonia com a Ordem. Obrigado aos freis da Província - se emociona novamente. Cada ano que passa, os freis vêm em número


Frei Diego anuncia Lages

Frei Medella agradece a Frei Jaime

A cultura xaxiense deu o tom Frei Diego ‘caiu’ na dança

maior. Obrigado Frei Franklin e Frei Tiago, que estão próximos de nós na Província do Rio Grande do Sul. Obrigado aos freis que nos fizeram amar os argentinos. Frei Jesus, Frei Fernando, Frei Christian, Rodrigo e Sofia, pela presença de vocês. Sejam sempre bem-vindos”, garantiu. Segundo Frei Diego, uma árvore se conhece pelos frutos. “A árvore franciscana está aqui enchendo esse mundo de frutos. Obrigado a todos. Obrigado, Frei Gustavo, em nome da Província, que apoia as Missões. Gente, isso tudo é uma resposta da Província da Imaculada, que continua apostando em vocês. Obrigado meu companheiro no SAV, Frei Alisson Zanetti. Certamente, você cativou muitos jovens nesses dias e vai cativar ainda mais. Obrigado aos jovens que organizaram as caravanas. A gente sabe que não é fácil. Mas quando a gente vê toda essa emoção, o carinho do povo, a gente diz: ‘valeu a pena!’. Obrigado pelo carinho de vocês!”, insistiu. Por último, agradeceu a juventude. “A missão não está terminando, ela está apenas começando. Aprendemos que aqui é um ponto de chegada, mas é um ponto de partida. Agora, é na família de vocês, na Paróquia que vocês vão mostrar que essa missão foi importante e vai continuar dando frutos. Sejam promotores, cuidem da Casa Comum, cuidem do relacionamento com Deus, procurem alimentar o coração e a alma de vocês, cuidem do próximo. A primeira coisa que vocês vão fazer quando chegarem em casa: Eu te amo pai, te amo mãe! Eu quero cuidar da mãe Terra, porque tudo está interligado”, ensinou. Coube ao pároco Frei Gilson Kammer fazer os agradecimentos aos paroquianos que não mediram esforços para realizar essas Missões em Xaxim. Frei Gilson citou todo mundo: os conselhos, comissões, organizadas e formadas para pensar os instantes dessas Missões, os funcionários, os freis que vieram de outros lugares, as

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irmãs que acompanharam esse trabalho. “A Dom Odelir que esteve aqui com a gente e nos deu todo seu apoio”, enfatizou. Agradeceu as quatro prefeituras - Xaxim, Marema, Lageado Grande e Entre Rios - que formam a Paróquia e que ajudaram com ambulância, banho e transporte. E citou várias empresas que somaram com a grande equipe de organização (120 pessoas). Não esqueceu das 38 comunidades e de “tantos e tantos” voluntários, como o batalhão da cozinha. “Vocês recordam que eu disse que a preocupação das famílias era se vocês gostariam da comida. Vocês comeram bem?”, perguntou, ouvindo um coro de sim. “Vocês puderam se alimentar bem, porque tantos e tantos se doaram por isso. A todos aqueles que trabalharam aqui e nas comunidades, o nosso muito obrigado”, repetiu. “Ao chegar ao fim estas Missões é muito bom poder agradecer a cada jovem e às famílias que acolheram vocês. Muito obrigado!”, disse chorando, enquanto foi abraçado pelos frades.

DEPOIMENTOS Frei Diego lembrou a diversidade e riqueza num lugar só. “Essa semana nós vivemos uma bonita experiência de integração. Gente de diferentes sotaques, diferentes regiões, de outras realidades sociais, até outras religiões se encontraram e fizeram uma grande família. Certamente, temos uma grande experiência para contar. E de que maneira nós vamos fazer. Vamos fazer através das grandes praças que são as redes digitais. Assim que assimilarem o que vivenciaram, poderão publicar no Facebook o seu testemunho ou

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D. Maria Romanini e Gustavo


A jovem Ju esteve na Aldeia Paiol de Barro Presença dos frades argentinos nas Missões

uma foto”, informou Frei Diego. Os pais, que também vivenciaram a experiência dos filhos ou dos netos, também poderão fazer esse testemunho. “Espero que o testemunho seja sempre assim: foram de um jeito e voltaram muito melhor!. Esta é a proposta da nossa missão”, brincou. O primeiro depoimento foi de D. Maria Romanini, que segundo Frei Diego, traduz a beleza de tantas famílias que acolheram os jovens. “Nunca falei num microfone. Bom dia, pessoal! Eu estou muito emocionada. No dia 30 de janeiro, há quatro anos, perdi meu filho num acidente de moto. Agora, no mesmo dia 30, recebi na minha casa um jovem chamado Gustavo. O mesmo nome, e ele é idêntico ao meu filho: Alto, magro e carinhoso. Para mim, isso vai ficar marcado enquanto viver. No mesmo quarto que meu filho dormiu, tive o prazer de ir lá chamar o Gustavo por três vezes. “Levanta, Gustavo!” Não quero me desfazer do Giovanni, que também acolhi, mas ele entende. Esses meninos foram os que vieram na minha casa me dar carinho. Não é que não tenho carinho, mas fiquei muito feliz com eles. Obrigado gente, não esperava por isso!”, agradeceu D. Maria, emocionando a todos. Gustavo reconheceu que para ele também marcou muito esta história dela e do filho. “Eu percebi que, mesmo com todas as dificuldades que encontraram, seguem confiantes em Deus. Sempre unida, essa família linda que nos acolheu”, disse. Antes de descer do palco, D. Maria pediu para deixar uma mensagem: “Eu quero pedir a esses jovens, que estão no caminho de Deus, que continuem! MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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Que não larguem desse caminho. O melhor caminho escolhido é esse!” “Isso é o que as Missões Franciscanas proporcionam. Isso é o que amor faz. E o amor faz romper as barreiras. Muito muito obrigado a essas famílias que acolheram esses jovens”, enfatizou Frei Diego. A jovem Ju esteve na Aldeia Paiol de Barro, numa região um pouco distante e muito humilde. “Uma realidade totalmente diferente do que imaginávamos. Falaram para a gente que os índios iriam dar flechadas, mas o que vimos foi o contrário. Queriam apenas um abraço. Ali não tinha sinal de internet, de celular, não pude falar com meus pais, meu namorado. As casas são de madeira a pique, muito simples. Não tem água, nem energia. Fiquei na casa de uma mãe solteira, com dois filhos. E ela passa por muitas dificuldades. A família dela não queria receber a gente. Não conheciam Nossa Senhora Aparecida. A gente conseguiu apresentar para eles e para essa menina que cuidou de mim, porque é uma menina como eu. E quando eu apresentei a imagem de Nossa Senhora Aparecida,

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eu nunca vi (choro), alguém olhar para uma camisa, que é a da minha Paróquia, a Nossa Senhora Aparecida de Nilópolis, com tanto amor. Eu percebi que ela criou uma afinidade com a santa que era minha Mãe. Ela se sentia muito sozinha. Lá, eu senti uma solidão tão grande por não falar com minha família e senti a solidão dela. Depois eu fiquei pensando o quanto eles se sentem sozinhos. Eu queria deixar um pedido para vocês e para a Comunidade de Xaxim que não esqueçam deles. Porque não adianta a gente querer fazer missão no Rio de Janeiro, em Curitiba, se do nosso lado a gente os ignora e não vai lá nem para dar um abraço”, questionou. Frei Diego aproveitou o assunto para lembrar que foram os índios que nos acolheram nesse país. “Os portugueses, quando chegaram, esse país já estava habitado, já estava cheio de pessoas que tinham uma profunda relação com Deus, com o próximo e com a Casa Comum. O Brasil não foi descoberto, foi invadido. Por isso, nós temos que cuidar desses que são os donos da casa e a compartilham conosco. Por


isso, esse apelo serve para olhar a realidade que nosso país está passando: a redução dos direitos dos povos originários, a redução dos espaços de terra, a garantia de espaços para eles viverem livres. O Papa Francisco disse que precisamos aprender com eles, porque tudo está interligado”, enfatizou. Manu foi guardiã do bairro Chagas, e mostrou o quanto a relação dos jovens com as famílias foi construtiva. “Vivemos experiências maravilhosas, como os irmãos de 18 e 11 que se abraçaram e choraram na despedida nossa. O de 11 anos disse que não queria vir à Missa de encerramento para não se despedir de nós”, disse. Cerca de 400 famílias acolheram os 800 jovens e, segundo Frei Gilson, mais famílias tinham se oferecido para acolher outros jovens. “A mistura de culturas e até mesmo de religião mostra que Deus é um só. Que a fé partilhada nos transforma em pessoas melhores, quando podemos ver Cristo no irmão, e juntos plantamos a semente do bem. Orgulho e gratidão por poder fazer parte”, avalia Cleverta Juliane Ubaldo Franca, de Curitiba.

“Esta 7º edição das Missões Franciscanas para a Juventude, realizada na cidade de Xaxim, SC, pôde comprovar o verdadeiro e autêntico espírito cristão de compreensão, trabalho em equipe e auxílio, respeitando as diferenças regionais em um diálogo comum a todos os participantes que acabam por serem protagonistas da vida cristã. As programações de entrada, ferramenta fundamental para preparo psicológico do missionário, envolveram temas relacionados a São Francisco de Assis, como foi possível assistir à peça teatral ‘Auto de São Francisco’, onde foram trabalhados todos os momentos biográficos da vida de São Francisco e Santa Clara de Assis em um enredo alegre e engraçado. Por fim, acredito que a 8ª edição das Missões, a ser realizada na cidade de Lages, SC, também irá contribuir para desenvolver o espírito cristão da caridade exercendo seu papel de cidadania nas comunidades”, acredita Eugênio de Souza Morita, professor do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista (SP). MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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DIA CHUVA E ALEGRIA

“AQUI É A GLOBALIZAÇÃO DA SOLIDARIEDADE”

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stá aberta a sétima edição das Missões Franciscanas da Juventude!”. O anúncio de Frei Diego Melo no ginásio de esportes São Francisco de Assis, ao lado da Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim, na manhã da segunda-feira, 29 de janeiro, foi recebido com gritos, emoção, alegria e aplausos de 800 jovens que vieram até o Oeste Catarinense para iniciar o evento missionário com a maior participação de jovens de todas as sete edições. O bispo diocesano de Chapecó, Dom Odelir José Magri MCCJ, que fez a mensagem de acolhida aos jovens, disse: “Aqui é a globalização da solidariedade, do encontro, da partilha, do testemunho da fé”.

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Até o domingo, 2 de fevereiro, esses jovens ouviram muito a mensagem do Papa Francisco transcrita na encíclica Laudato Si’, já que estas Missões sediaram conjuntamente a Serata Laudato Si’, evento cultural da Ordem dos Frades Menores que promove o cuidado e o respeito pela Casa Comum. Por isso, o evento escolheu tema e lemas ecológicos: “E Deus viu que tudo era muito bom” e “Guardiões das relações com Deus, com o próximo e com a casa comum”. Já a Paróquia São Luiz Gonzaga abraçou as Missões dentro do seu Ano Jubilar por estar celebrando 80 anos de fundação. A manhã do dia 29 foi reservada para acolhida dos jovens. A natureza, cantada e falada em todos esses dias, deu o tom solene com o céu escuro, ventania e as nuvens anunciando que vinha chuva, muita chuva. Apenas dois ônibus haviam chegado a Xaxim antes das 6 horas, quando a ela chegou com intensidade. Enquanto os jovens foram acolhidos com muita festa e alegria pelos xaxienses, que se vestiram com trajes típicos para recebê-los, a chuva foi acolhida com muita alegria pela grande maioria dos xaxienses que depen-

dem dela para suas lavouras. A economia nesta região tem como pilar a agropecuária. Aos poucos, os jovens encheram o Salão Paroquial, onde fizeram o credenciamento, quando receberam um kit com boné, um livreto com roteiros e cantos, camiseta, lenço e boton, e, depois de longas viagens, puderam saborear um delicioso café oferecido pelos paroquianos de Xaxim. Às 9h15, Frei Evaldo Ludwig, frade que foi ordenado presbítero no dia 15 de fevereiro, chamou os jovens para dar início à primeira celebração do dia, dando continuidade ao rito de acolhida. Frei Evaldo pediu aos jovens para saírem em procissão com uma folha seca nas mãos, depositarem nos cestos na entrada da Matriz de Xaxim e seguirem até o altar, onde estava o Tau Franciscano. Ali depositaram dentro da cruz um papel com o nome e intenções. Frei Alisson Zanetti explicou que a folha seca tem o significado de esvaziarmos nós mesmos. “É o mesmo gesto de despojamento, de esvaziamento de Jesus na cruz”, contou. “No término das Missões sairemos daqui como folhas verdejantes”, acrescentou.

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Próximo do Tau Franciscano, Frei Diego acolheu os jovens: “Deus sabe exatamente como está o seu coração nesta manhã, como você chegou aqui e o que te trouxe. Ele sabe, ele te conhece. E isso é o mais importante”, refletiu. Frei Vanderlei Neves, guardião da Fraternidade de Xaxim lembrou que muitos poderiam se assemelhar às folhas secas. “Mas nós somos convidados a nos transformarmos à Luz da Evangelho”, exortou. “E nós, jovens franciscanos, queremos viver aqui o modo de São Francisco de Assis. Homem da simplicidade, da humildade, que, com certeza, depositou toda a sua confiança em Deus”, disse, enfatizando que todos eles são “uma preciosidade” para a Igreja. “Vocês fazem a diferença, não só quando estão reunidos, mas cada um do seu jeito”, ressaltou.

NO PALCO DO GINÁSIO DE ESPORTES Uma superestrutura foi montada no ginásio de esportes para receber os jovens nestes dois dias. A começar pelo palco, com iluminação própria e um

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telão gigante, que garantiu uma linguagem, própria para vídeos e imagens. “Gente, não está top o espaço? Tudo isso foi preparado para a gente fazer uma bonita missão. Um bom começo para que depois a gente possa ir com muito entusiasmo para as comunidades”, festejou Frei Diego. O frade explicou que estas Missões Franciscanas da Juventude são promovidas pela Província da Imaculada Conceição do Brasil. Ele é o frade responsável pelo Serviço de Animação Vocacional e pelas Missões. Depois, através de um vídeo, todas as edições foram mostradas, fazendo um resumo histórico deste trabalho evangelizador. Ele também falou da importância do trabalho com a juventude para a Província, que agora tem uma equipe maior, com a vinda de Frei Alisson Zanetti e Frei Odilon Voss. Então, Frei Diego convidou o bispo diocesano de Chapecó, Dom Odelir José Magri MCCJ, que é também presidente da Comissão Missionária da CNBB, para dar uma mensagem aos jovens que vieram participar destas Missões na Paróquia de sua Diocese.


Dom Odelir fala aos jovens “É uma alegria acolhê-los e saber que uma experiência tão bonita, tão marcante, é animada pelos nossos missionários franciscanos”, disse Dom Odelir, informando que a sua Diocese, no mapa de Santa Catarina, fica na ponta com a fronteira da Argentina, sendo a última Paróquia Dionísio Cerqueira, uma cidade que divide o Brasil e a Argentina. “Chapecó é uma diocese com 80 municípios, 40 paróquias e 1.448 comunidades”, explicou. Segundo Dom Odelir, a Diocese tem uma experiência bonita com os jovens. “Neste ano, celebramos a 21ª edição da Missão de Férias. Trata-se de uma experiência de missão vivida com a juventude nas paróquias. Não é um grupo expressivo como esse, mas gira em torno de 150 jovens”, contou. O bispo lembrou que Frei Diego se inspirou nas Missões da Diocese, quando conversou com MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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o Pe. Marlon, o animador vocacional da Diocese, para criar as Missões Franciscanas da Juventude. “Então, temos esse laço de comunhão”, disse. “Deixo para vocês, nesses dias, uma mensagem recordando o Papa Francisco quando esteve na JMJ 2013, no Rio de Janeiro. “E o Papa Francisco dizia, mais ou menos com essas palavras: ‘Queridos jovens, não tenham medo de abrir o coração para Deus. Não tenham medo de ser cristãos’. Ele fazia esse apelo de serem evangelizadores de outros jovens e, certamente, essa experiência da juventude missionária franciscana tem como base essa experiência da vivência de fé e de um testemunho, que nos dias de hoje, se torna um jeito mais forte e mais bonito do anúncio de Jesus Cristo e da sua proposta”, explicou. Segundo ele, essa é a alegria do Evangelho, a alegria de ser cristão. “Por isso, tenho certeza da alegria que vocês vão viver na Paróquia São Luiz Gonzaga, de que vão deixar semeado muita coisa boa e, certamente, vamos colher os frutos dessa experiência daqui para frente.

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Que sejam dias abençoados, de alegria, de fé e de entusiasmo missionário. Sejam dias de convivência, de enriquecimento para vocês. Certamente voltarão diferentes para suas casas”, desejou, brincando que também poderão voltar com uns quilinhos a mais, pois se come bem na região. Para D. Odelir, essa experiência vem de encontro ao jovem, como diz o Papa Francisco, para ajudá-lo a sair de uma tendência da indiferença, que ele chama de globalização da indiferença. “Aqui é a globalização da solidariedade, do encontro, da partilha, do testemunho da fé. Isso é uma força, uma riqueza, que não tem preço, como dizemos. Para jovens que vivem isso e para quem recebe esse tipo de missão, certamente vai mexer lá dentro e vai suscitar, de alguma forma, o entusiasmo ou a melhor vivência na fé e, muitas vezes, o envolvimento na ajuda da comunidade”. A manhã terminou com as recomendações de Frei Diego para esses cinco dias e as apresentações de todas as lideranças e equipes que estarão à frente desta edição das Missões Franciscanas da Juventude.


MOEMA E IGOR PROVOCAM OS JOVENS FRANCISCANOS

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s jovens franciscanos não tiveram descanso na tarde do dia 29 de janeiro. Logo depois do almoço, às 14 horas, eles ganharam a oportunidade de ouvir as duas primeiras palestras programadas para as Missões Franciscanas da Juventude, dentro do tema e lema: “E Deus viu que tudo era muito bom” e “Guardiões das relações com Deus, com o próximo e com a Casa Comum”. Primeiro, o jovem Igor Bastos, que é o coordenador no Brasil do Movimento Católico Global pelo Clima e também é da Jufra (Juventude Franciscana), falou sobre a importância de os jovens assumirem o protagonismo na evangelização, e depois a antropóloga e leiga franciscana, Moema Miranda, que participou do Sínodo para a Amazônia, abordou o tema Laudato Si’ para os nossos dias, bem como as suas consequências práticas em nossas vidas. Os dois foram enfáticos ao falar diretamente para os 800 jovens: o futuro do Planeta depende muito deles! Igor pediu para serem promotores da esperança nesses tempos difíceis que vivemos e Moema convocou: “O tempo é agora!” MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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Igor Bastos Os dois palestrantes se detiveram na encíclica Laudato Si’ para esta tarde de formação franciscana. Moema lembrou aos jovens que o Papa Francisco escreveu a Laudato Si’ num momento delicado quando acontecia a Conferência de Paris sobre o clima. “Essa carta encíclica é hoje o documento mais importante da Igreja Católica. E o Papa disse no Sínodo da Amazônia, no ano passado: eu quero ver como é que a encíclica Laudato Si’ acontece na realidade”, recordou Moema. “É um tempo muito difícil porque o Planeta Terra está dizendo para a gente: tudo está interligado e do jeito que vocês estão vivendo aqui, talvez, vão destruir toda a criação. Não todos nós, mas uma grande parte da humanidade”, acrescentou Miranda. Miranda enfatizou que o Papa alerta: “Olha, ainda tem tempo de mudar! Mas é esse tempo agora. Não dá para ficar esperando. Tem que ter urgência. E o Papa fala assim: Não deixem que roubem de nós a esperança. Não deixem que roubem a esperança que o mundo pode ser um lugar bom. Que a vida pode ser boa. Que o futuro pode ser melhor. Não deixem que os poderosos digam “tem que ser assim”. Tem gente que passa fome e diz ‘é assim mesmo’. Tem gente que não tem direitos e é assim mesmo. Não, é possível mudar e a gente tem que se empenhar nessa mudança”, indicou.

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Segundo Moema, do jeito que a gente está vivendo, estamos deixando o mundo quase sem salvação. Ela citou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pela United Nations Environment Programme (UNEP) em 1988, alertando que devido às concentrações atuais e as emissões contínuas de gases de efeito estufa, é provável que o final deste século registre um aumento de 1 a 2° C na temperatura média global acima do nível de 1990 (cerca de 1,5 a 2,5° C acima do nível pré-industrial). Os oceanos do mundo se aquecerão e o derretimento do gelo continuará. Em 2100, prevê-se que o aumento médio do nível do mar seja de 24 a 30 cm em 2065 e de 40 a 63 cm em relação ao período de 1986-2005. A maioria das consequências da mudança climática persistirá por muitos séculos, mesmo se as emissões forem interrompidas. “Isso não é porque Deus quer assim como se diz”, lamentou Moema. “Essas mudanças climáticas não afetam todo mundo igualmente. As pessoas mais pobres, que menos contribuem para isso, sofrem mais. Na minha cidade, Teresópolis, teve uma enchente medonha, e as casas dos ricos se ergueram rápido, mas as dos pobres até hoje estão esperando”, recordou. “Nós, franciscanos e franciscanas, vocês que são jovens, têm que estar muito, muito ocupados com isso. Não digo preocupados e com medo. É possível mudar!”, encorajou. No final, atualizou o diálogo de Francisco com Jesus na igrejinha de São Damião - “Francisco, vai e reconstrói a minha casa” - lembrando que a casa a ser reconstruída hoje é a Casa Comum, é a o nosso Planeta que está em ruínas. Para Igor, a responsabilidade que o Papa Francisco coloca nas mãos dessa geração é muito grande. “A mensagem que gostaria de deixar nesse início das Missões é para não deixar essa alegria de estar juntos acabar aqui. Que aqui seja um espaço para a gente se alimentar na amizade, na nossa própria experiência, para voltar às nossas cidades e continuar o trabalho por uma sociedade mais justa e fraterna. Para sermos promotores da globalização da esperança. São tempos difíceis que vivemos, mas que a gente não perca a esperança. Que a gente não perca a perfeita alegria!”, desejou Igor Bastos. Muita música e dança movimentou os jovens nos intervalos entre as atividades.


SEFRAS NAS MISSÕES

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aseados na temática da MFJ, os adolescentes do Jardim Peri Alto de São Paulo conduziram uma mística no segundo dia das Missões, denunciando os problemas que vêm acontecendo com a falta de cuidado com a nossa Casa Comum, destacando a situação da desocupação do bairro, conhecida popularmente como “Sem Terra”. Além disso, a equipe de Desenvolvimento Institucional do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) esteve durante todo o evento à disposição dos participantes para explicar como é o trabalho desenvolvido. No segundo dia das Missões, o Sefras teve a oportunidade de conduzir uma oficina sobre o tema “Fundamentos para o engajamento social franciscano”. O debate foi intermediado pelo coordenador de comunicação, Rafael Corrêa, e teve como ponto de partida as características da atuação social de Francisco de Assis. “A partilha e troca de experiências foram ricas, o que possibilitou uma

ampliação das possibilidades de se continuar a MFJ nas realidades locais”, destacou Rafael Corrêa. Para a educadora Marina Silva, “a participação do Sefras foi extremamente importante pois, os adolescentes tiveram a experiência de uma outra realidade, o que possibilitou a eles enxergarem novas culturas e potencializarem a força que eles já têm. Sentir o que o outro vive, o que é o verdadeiro sentido da missão, fez eles compreenderem o grau de empoderamento que possuem, e a se unirem, enquanto franciscanos, num propósito único de cuidado para com a Casa Comum”. A alegria da participação dos adolescentes foi nítida em cada partilha. “Minha experiência na missão foi muito boa, eu voltei uma pessoa totalmente diferente, e aprendi a valorizar as coisas mais simples”, destacou Nicole. Já para Ashley, “na MFJ não só pude ajudar as pessoas como também vi que temos, sim, que nos unir e cuidar da nossa Casa Comum”.

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MISSÕES LEMBRAM VÍTIMAS DE MARIANA E BRUMADINHO

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primeiro dia das Missões Franciscanas da Juventude terminou com um dos momentos mais fortes e questionadores deste início. A mística, que começou às 20 horas e que seria feita em procissão pelas ruas de Xaxim, acabou sendo feita dentro do ginásio de esportes por causa da chuva. “A gente faz um plano, Deus faz outro. Mas isso não vai diminuir em nada a nossa experiência aqui dentro”, disse Frei Diego Melo, que animou esta oração dos jovens. Ela começou recordando as vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho, que foram representadas por um grande recipiente com terra vermelha simbolizando a lama dessas barragens. Três jovens deitaram na lama e, com gestos, mostraram as pessoas desesperadas buscando salvamento. “Essa tragédia que vitimou tantas famílias é sinônimo de assassinato; é sinônimo de ganância,

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que gerou tantas mortes; é sinônimo de corpos que não foram encontrados para serem sepultados”, denunciou Frei Diego. “Num gesto muito simples, nós queremos, como franciscanos e franciscanas, nos solidarizar com todas as vítimas, com todas as famílias, com todas aqueles que passaram por isso. Nós queremos romper com a cultura da indiferença, nós queremos romper com frieza dos números, porque por trás desses números existem vidas”, explicou Frei Diego. Enquanto o telão mostrou o vídeo de Pe. Zezinho, “Mariana e Brumadinho”, foi feita uma procissão dentro do ginásio. “Enquanto esses jovens representam aquele drama vivido por tantas pessoas, vocês vão fazer um círculo e passar pela lama, tocá-la com a mão. Irão sentir o gelo, a densidade e pedirão a Deus que esta sensação os ajude a serem solidários com todos aqueles que são vítimas de crimes ambientais”, explicou Frei Diego.


Mariana, Brumadinho Mariana, Brumadinho Mariana, Brumadinho Mariana, Brumadinho Uu, uu, uu... Em busca de minerais Toneladas de minerais Mataram milhões de animais Milhares de vidas morreram O profeta falou e o meu povo alertou Centenas de vidas morreram Dois rios morreram E a lama avançou qual dilúvio infernal Acidente não foi Sabiam que não Mas tinham que produzir Tinham que produzir Mariana, Brumadinho Profetas falaram Mas os grandes não ligaram! Profetas falaram Mas os grandes não ligaram! Profetas falaram Mas os grandes não ligaram! Em busca de minerais Toneladas de minerais Mataram milhões de animais Milhares de vidas morreram Cientista falou E o meu povo alertou E a fauna e a flora morreram Dois rios morreram E a lama avançou qual dilúvio infernal Acidente não foi Sabiam que não Mas tinham que produzir Tinham que produzir Mariana, Brumadinho Profetas falaram Mas os grandes não ligaram! Profetas falaram Mas os grandes não ligaram! Profetas falaram Mas os grandes não ligaram!


Terminado este ritual de tocar a lama, Frei Diego pediu que esses três jovens fossem abraçados, para representar o último abraço dos seus entes queridos. “Tantos pais e mães que saíram de casa para trabalhar e nunca mais voltaram”, disse. “Falar de mineradores, de Mariana, de Brumadinho, é falar de vida que está sendo exterminada pela ganância, pelo desejo de explorar a natureza como nós fossemos os donos dela. As consequências estamos vendo e experimentando. Queria que aplaudissem não esses jovens, mas todas as pessoas, as famílias que perderam seus entes queridos. Que nosso aplauso seja de indignação e de profecia!”, pediu, sendo atendido demoradamente. Dando sequência à celebração, pediu para os jovens acenderem as velas, simbolizando o desejo de ser guardiões da Casa Comum. “E nós fazemos parte dessa Casa. Nós queremos ser guardiões com os próximos, e queremos ser guardiões com as relações com Deus”, explicou. A celebração terminou com a Adoração do Santíssimo. “Sabe gente, quem faz uma profunda experiência de Deus se torna esse Jesus que vamos adorar agora. É Ele quem amolece nosso coração para que, quando a gente vê uma tragédia como Mariana e Brumadinho, possamos chorar e não ver como uma simples notícia. E nós vamos adorar porque nos torna sensíveis, porque Ele está lá naquele pai, naquela mãe, que foi soterrada lá pela ganância de poucos. É esse Jesus que morre naquele jovem na periferia. É esse Jesus que

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nós vamos adorar agora, que é muitas vezes exterminado, que é muitas vezes excluído. É esse Jesus que nós encontramos na Eucaristia e que está aí dentro de você. É esse Cristo que está vivo e verdadeiro dentro de você. Ele está presente em cada irmão e em cada irmã, de modo especial

naqueles que são excluídos”, exortou. No final, pediu: “Juventude, é hora de a gente cuidar bem do nosso coração! Se a gente é amada, cuidada, sabe amar e cuidar. Se a gente é egoísta, só sabe ferir e aproveitar do outro”, concluiu.


DIA JPIC E ENVIO

O EXEMPLO DA PASTORAL DO MIGRANTE DA PARÓQUIA DE XAXIM

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segundo dia das Missões Franciscanas da Juventude, em Xaxim, começou com a Oração da Manhã no ginásio de esportes São Francisco de Assis, ainda com uma chuva fina e um tempo mais ameno, depois de uma noite chuvosa. Os 800 jovens presentes neste evento puderam ver, rezar e se emocionar com o exemplo da Pastoral do Migrante da Paróquia São Luiz Gonzaga. Cleci Sorgatto conduziu a oração e Frei Éverton Junior Goschel Broilo, filho da terra, fez a leitura do Evangelho. O jovem haitiano Daniel falou de sua história de vida em seu país, quando sonhava ser cantor de funk e, segundo ele, não era o caminho que agradava sua mãe, preocupada com o seu futuro. Até que saiu de sua terra e foi em busca do sonho que tinha. Mas depois de um tempo resolveu ouvir a voz de sua mãe e passou a estudar. Hoje, também participa da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para os jovens franciscanos, mostrou um

pouco de sua bela voz em duas canções gospel. Lorenci Zambenetti, conhecida como a “Mãe dos Imigrantes” deu um testemunho emocionante sobre o nascimento da Pastoral. Tudo começou quando, num sábado, um grupo de pessoas rezava o terço na Igreja Matriz. Ela também participava. Foi, então, que viram um senhor na lateral da igreja fazendo suas orações e tremendo de muito de frio. “Nós aproximamos dele, mas não foi possível a comunicação porque não falávamos francês ou crioulo”. Com a ajuda de Frei Antônio Mazzuco, descobriram que ele era haitiano e, embora empregado, estava passando muitas necessidades. “E para nossa surpresa, ele morava a poucos metros da gente”, conta Lorenci. “E nós não sabíamos que tínhamos irmãos e irmãs passando por tanta necessidade. E aí teve início o trabalho com nossos queridos imigrantes. Nós nos mobilizamos e saímos em busca de alimentos e agasalhos. Ele dormia sobre um pano MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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O grupo “Juventude Aparecida” de Nilópolis foi um dos vencedores do Concurso Serata Laudato Si’ e fazia de travesseiro a sua mala de viagem. Do lado, apenas uma Bíblia. Isso nos motivou muito e partimos para ação. Não só para ajudar o Pierre, mas outros imigrantes na mesma situação”, disse Lorenci. “Abraçamos essa causa de defender os imigrantes de uma forma ecumênica, dentro de uma cultura de paz e justiça, de dignidade necessária para toda a família humana. A nossa Paróquia disponibilizou um espaço para podermos receber doações e realizamos o bazar da solidariedade para ter o dinheiro de necessidades básicas, como alimentação, roupas e remédios. A partir daí passamos a auxiliá-los. A nossa comunidade é muita solidária nesse sentido”, contou. Segundo ela, a Pastoral atende a todos independentemente de sua cor, raça ou credo. “Realizamos nosso trabalho com amor, trabalho e dedicação. Nossa missão é atender a todos conforme o Papa Francisco nos pede, pois somos todos irmãos, somos todos imigrantes, somos todos filhos do mesmo Pai”, ensinou Lorenci. “Os imigrantes, antes de serem números, são pessoas”, recordou o ensinamento do Papa Francisco. No final, os jovens levaram presentes aos três imigrantes e, num gesto de humildade, abaixaram e trocaram os seus sapatos. Os jovens brasileiros foram abençoados como sinal de gratidão. Frei Diego elogiou o trabalho da Pastoral e disse que ela vem mostrar para nós que nossa fé, o nosso

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desejo de transformar o mundo, não deve encontrar barreiras físicas, geográficas, religiosas ou culturais. “O sonho de Deus é o que aconteceu aqui e agora”, disse, chamando a todos à frente no palco. “O sonho de Deus é um mundo onde todos sejam irmãos e irmãs. O sonho de Deus é um mundo sem fronteiras, onde as pessoas sejam acolhidas, não porque fazem parte de um país, ou somente porque fazem parte da mesma fé. O sonho de Deus é um mundo onde todos sejam irmãos e irmãs. Vocês não têm noção da beleza e da grandiosidade desta Pastoral”, disse, ressaltando o trabalho de Lorenci. “Para a ‘Mãe dos Imigrantes’, não importa a hora que batem à sua porta. Ela sempre acolhe. Nas nossas cidades, nas nossas Paróquias, a gente encontra outros imigrantes de outras nacionalidades. Que tenhamos a ousadia e a coragem, como o Papa Francisco nos pede, de acolher, proteger, integrar e promover. Obrigado pelo testemunho de vocês e obrigado por escolher nosso país para viver. Aqui é a casa de vocês”, completou. O grupo “Juventude Aparecida Nilópolis”, de Nilópolis (RJ) foi escolhido como vencedor do Concurso Serata Laudato Si’ e deu uma mostra no palco por que levou o prêmio junto com o curitibano Lucas Theodoro Malquevicz (pág. 49). A apresentação do grupo fez uma crítica, mesclando sátira e denúncia, à nossa sociedade consumista, com comportamentos destrutivos que impactam diversos aspectos da vida cotidiana


UMA REVOLUÇÃO PELA LAUDATO SI’

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evolução Laudato Si’”. Essa é a proposta que o animador do Escritório Geral de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), Frei Jaime Campos, fez aos 800 jovens que participam das Missões Franciscanas da Juventude em Xaxim. Essa “revolução”, segundo Frei Jaime é um concurso que vai envolver a Ordem dos Frades Menores em todo o mundo e também o Papa Francisco. Frei Jaime foi o terceiro palestrante dessas Missões e, depois de falar e mostrar no telão como se estrutura e funciona o serviço de JPIC no mundo, ele disse que esse serviço trabalha para construir um mundo onde todas e todos possam viver como família, no amor. Segundo ele, essa proposta da Ordem dos Frades Menores procura responder a este apelo, contribuindo na transformação do mundo, preparando o caminho para o Reino de Deus”. O escritório do JPIC tem um diretor, ou animador geral, e um assistente. Um total de 14 conferências, que agrupam as províncias por idiomas, área geográfica e número, às quais se acrescenta a Custódia da Terra Santa, tem um delegado que faz parte do Conselho Internacional de Justiça e Paz. Cada entidade tem um animador local e no caso da Província da Imaculada Conceição, Frei Diego Melo, faz esse trabalho.

AS ÁREAS DE AÇÃO DO ESCRITÓRIO CENTRAL DE ROMA SÃO QUATRO:

1. Formação: Treinamento, com o desenvolvimento de materiais de ajuda por escrito, a edição do boletim quadrimestral “Contato”, a organização de um curso JPIC na Universidade Antonianum de Roma; 2. Coordenação de congressos internacionais orga-

nizados pela Ordem Geral e reuniões do conselho internacional e do comitê de animação; 3. C omunicação com o governo Geral da Ordem Franciscana; 4. C olaboração com os secretariados gerais da OFM e com organizações ligadas ao mundo franciscano. Um desses trabalhos é a “Serata Laudato Si’”, evento cultural que promove a mensagem da Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado da Casa Comum, escrita pelo Papa Francisco. Como explicou Frei Jai-

me, antes do Brasil este evento aconteceu em Roma e Panamá. O objetivo é conscientizar sobre a crise climática, através da arte, da cultura e da música, bem como proporcionar um espaço de conversão ecológica em favor das gerações futuras. Frei Jaime Campos explicou que os valores de Justiça, Paz e Integridade da Criação são os mesmos nos quais o Papa Francisco insiste: “O Papa fala de ecologia integral, porque não é apenas uma ecologia que busca proteger plantas e animais. Isso leva o homem em consideração. Os problemas da ecologia têm a ver com injustiça social”. Por outro lado, temos um aspecto importante a aprender com São Francisco, segundo Frei Jaime: a fraternidade universal. “Somos todos irmãos. Esta concepção de MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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vida, juntamente com a espiritualidade franciscana, permite-nos compreender que, através da criação, podemos alcançar Deus”. Segundo a Laudato Si’, é possível necessitar de pouco e viver muito, sobretudo quando se é capaz de dar espaço a outros prazeres, encontrando satisfação nos encontros fraternos, no serviço, na frutificação dos próprios carismas, na música e na arte, no contato com a natureza, na oração. “A felicidade exige saber limitar algumas necessidades que nos entorpecem, permanecendo assim disponíveis para as múltiplas possibilidades que a vida oferece”. (LS 223). Para Frei Jaime, é um desafio ao qual não podemos permanecer indiferentes. Frei Diego agradeceu a presença de Frei Jaime e reforçou a proposta de abraçar este serviço. “Por que estamos falando de Justiça, Paz e Integridade da Criação? Por que falar sobre meio ambiente? O Frei Jaime reforçou antes os fundamentos bíblicos e franciscanos. Tem tudo a ver com a nossa fé. E depois mostrou tantos bonitos exemplos no mundo. Agora, eu lanço uma proposta para vocês. E nós, o que vamos fazer de concreto, lá na cidade onde você mora, no grupo de jovens de vocês? Vocês vão voltar lá para suas casas e recolher tudo isso que ouviram e vão pensar: quais as necessidades da minha cidade. Será que são os imigrantes, será que é o reflorestamento, será que uma questão da depredação de um parque?”, propôs Frei Diego.

Jovens de Nilópolis na apresentação da Serata Laudato Si’

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TEMAS DAS OFICINAS E SEUS RESPONSÁVEIS 1. Experiências Missionárias na Angola e

Amazônia: Frei Atílio Battistuz e Frei Samuel Ferreira de Lima

2. Juventude e o Movimento Católico Global pelo clima – Igor Bastos

3. Pastoral Indigenista: Jackson Antônio L. Santana e Irmã Diva Nascimento Barbosa

4. Teatro como revolução cultural a serviço da Casa comum – Alejandro Abdala

5. Danças urbanas: a vida como expressão corporal na casa comum – Felipe Roveda Tavares

6. Juventudes nas paróquias – Mariana Rogoski 7. Masculinidade Tóxica: da fragilidade à

estruturação do machismo. Thaís de Oliveira e Carlos Neto

11. Jufra – Juventude Franciscana – Gabriela Consolaro (Floripa)

12. Juventude e conflitos familiares – Ariane e Leandro Lucietto

13. Cultura e Danças gaúchas – Algacir Pagnoncelli e Laurete Mella

14. Quais as propostas do Sínodo da Amazônia? – Moema Miranda

15. Construindo um estilo de vida responsável e fraterno com a criação – Frei Jaime Campos

16. Fundamentos para um engajamento social franciscano – Rafael Correa

17. Plantas Medicinais, guardiãs das sementes

crioulas e produção de alimentos orgânicos – Iraci Lopes

8. Depressão, traumas e dramas psicológicos

18. Cooperativismo e preservação ambiental –

9. O ator e o movimento – despertando a energia

19. Conhecendo a realidade dos imigrantes

juvenis – Denise Barcelos da Silva corporal – Ciro Barcelos

10. Discernimento Vocacional – vida religiosa e sacerdotal – Frei Alisson Zanetti

CooperAlfa –

Haitianos – Lorenci Maria Guollo Zambenedetti

20. Ditadura da moda e da beleza: revendo o

conceito de biotipo ideal e enfrentando os desafios e preconceitos. Tais Maximo Jasper


FREI GILSON: LEVEM A PAZ!

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epois de muita chuva, o sol voltou a Xaxim e deixou mais bela a Igreja Matriz para acolher os 800 jovens que se despediram desses dois intensos primeiros dias das Missões Franciscanas da Juventude. Às 16h30, todos se reuniram na Matriz São Luiz Gonzaga, padroeiro da Juventude, para a Missa do Envio, que foi presidida pelo pároco Frei Gilson Kammer. Sacerdotes de toda a Província concelebraram, entre eles o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella. A primeira parte da sétima edição das Missões Franciscanas da Juventude foi concluída com muitas atividades formativas, orantes e lúdicas e, nesta sexta-feira e sábado, os jovens

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franciscanos estarão em missão em 38 comunidades da Paróquia de Xaxim. Esta nova etapa é mais desafiadora, pois os jovens estarão em grupos pequenos e terão de ser os protagonistas desta ação evangelizadora, lembra Frei Diego. Na noite anterior, eles dormiram em sacos de dormir espalhados pelos salões da Paróquia e, agora, eles foram acolhidos por cerca de 400 famílias, com direito a banho, cama e muito carinho, como é próprio do xaxiense. A Missa Crioula, típica da região Sul, foi escolhida para esta celebração. Frei Diego explicou que se tratava de uma tradição, como é comum em outros países ou regiões. Na sua homilia, Frei Gilson referiu-se ao Evange-


lho de envio dos 72 apóstolos para falar aos jovens. “Ele continua dizendo que a messe é grande e os trabalhadores são poucos e, por isso, é necessário pedir pessoas que estejam dispostas a fazer este trabalho. E nós, frades, comunidades e a Paróquia São Luiz Gonzaga pedimos a Deus esses operários e tivemos a graça de receber 800 para nos ajudar nesta grande missão, que é levar a mensagem da paz e do bem”, comparou. Segundo o frade, o Evangelho diz que o Cristo enviou os discípulos como cordeiros no meio dos lobos. “Mas isso a gente não vai fazer com vocês”, brincou, emendando: “Porque todas as famílias que estão prontas para acolher vocês também querem partilhar aquilo que cada um de vocês trouxe. E querem também que vocês, depois de 4 ou 5 dias que passarão aqui na Paróquia, possam levar aquilo que a gente tem de melhor”, observou. Para o frade, pode ser que aconteça uma difi-

culdade nesse encontro. “Mas penso que vocês não precisam levar muita coisa, como o Cristo pediu, mas levar estritamente o necessário para fazer o anúncio da paz. Por isso, então, queridos jovens, ao chegar às casas hoje à noite, a primeira frase que vocês vão dizer é essa do Evangelho de hoje: a paz esteja nesta casa! Essa paz que vocês trazem no coração, essa paz que todas nossas famílias precisam de cada um de nós. Dessa paz que brota de um coração jovem, querendo levar para todas as pessoas o bem que o Cristo pede: Curar enfermos, visitar as casas. Tudo isso está dentro do nosso coração e é isso que transforma toda nossa vida em paz”, ensinou. “Por isso, fazer o anúncio de que essa paz de Cristo esteja nessa casa é a gente desejar que ela esteja na nossa vida. E essa paz vai fazer a gente a superar todos os lobos que existem na nossa vida e que temos de enfrentá-los. Alguns com mais dificuldades, outros levam isso de uma maneira mais leve. Todos devemos enfrentar esses lobos e a MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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gente pode, como São Francisco dizia, tornar instrumentos da paz”, ressaltou. Segundo o frade, depois desses dias, de fato o Reino de Deus se faz muito próximo. “Se faz presente no coração e na vida de todos. Se faz presente nas nossas famílias, nas nossas casas. Mas talvez seja nesses mesmos lugares que a gente enfrenta as maiores dificuldades. Por isso, fazer o anúncio da paz vai nos ajudar, mas vai ajudar principalmente as famílias acolhedoras nos quatro municípios que fazem parte da Paróquia”, acredita. Frei Gilson contou aos jovens que a maior preocupação das famílias era se os jovens iriam gostar de suas comidas. “Acho que isso mostra a expectativa bastante bonita dessas famílias que estão prontas para acolher. Acolher a cada um de vocês com essa preocupação de satisfazer o paladar, mas sobretudo que vocês sintam gente da própria família. Que vocês possam, ao experimentar o tempero dessas famílias, levar para suas famílias, esse mesmo gosto bonito de querer fazer o bem”, desejou. Ele também lembrou que os jovens de Xaxim irão ficar em suas casas. “Que vocês que moram em Xaxim possam levar a paz que motivou esses meses de preparação para as Missões. Tanta gente se esforçou para que hoje essas Missões tivessem esse sabor gostoso”, enfatizou, concluindo: “Queridos jovens, o Reino de Deus está em nós! O Reino de Deus vai acontecer nas casas das famílias que vão acolher vocês! Expressem essa alegria e esperança por um mundo melhor e por querer ser melhor”.

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MOMENTO VOCACIONAL

Frei Pedro Oliveira, que já trabalhou como pároco em Xaxim e está celebrando 25 anos de vida sacerdotal, fez o primeiro depoimento vocacional. Corintiano, ele disse que sua vocação surgiu aos 25 anos de idade. Com 26 anos fez a primeira comunhão e, com 28 anos, ingressou no Seminário de Guaratinguetá. No dia 7 de janeiro de 1995 foi ordenado sacerdote. Capixaba, ele reside hoje no Convento da Penha. “Me

perguntaram quando estavam faltando dois meses para celebrar o jubileu, o que gostaria de fazer. Disse: ‘Não sei, porque o tempo passou muito rápido’”. Frei Pedro fez uma retrospectiva desses anos no sacerdócio e foi categórico: “Estou cansado de ver tantas mortes de jovens”, disse. A maioria, segundo o frade, negro e favelado. “Não deixemos que se apague a chama da esperança em nossos corações!”, pediu.

Frei Augusto Luiz Gabriel cursa o segundo ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis. Natural de Xaxim, falou que sua vocação tem o dedo de sua mãe, que sempre o incentivou. Mas tinha medo e não conseguia dar um passo à frente. Em 2008 decidiu falar com seu tio, que era frade e jornalista, e recebeu a orientação que precisava para ingressar no seminário. Para ele, esta caminhada não tem segredo, mas tem muitos desafios. “Eles, contudo, nos humanizam e nos tornam mais próximos dos necessitados”, disse. Encerrando esse momento, os jovens puderam ver um vídeo com os frades idosos da Casa Acolhedora de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, enviando mensagens e bênçãos aos jovens. A mensagem concluiu com a seguinte frase do Papa Francisco: “Eis o que eu gostaria: um mundo que viva um novo abraço entre os jovens e os idosos”.


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CIRO BARCELOS É ACLAMADO PELOS JOVENS FRANCISCANOS EM XAXIM

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erca de 1.500 pessoas lotaram o ginásio de esportes São Francisco de Assis na noite de 30 de janeiro, para ver a estreia nacional do “Auto de São Francisco”, uma nova versão do “Musical Francisco de Assis” do ator e bailarino Ciro Barcelos e que ficou 12 anos em cartaz em São Paulo. Os 800 jovens que participam das Missões Franciscanas da Juventude, e que não conheciam o seu espetáculo, ovacionaram e emocionaram Barcelos nesta noite franciscana na cidade de Xaxim. “Foi um tributo à simplicidade e ao talento, bem ao modo franciscano. Os aplausos entusiasmados serviram para demonstrar que a iniciativa encheu de alegria a noite dos jovens missionários e de todo o público presente na apresentação. Certamente, serviu para lançar as sementes do Evangelho no coração de nossa juventude”, avaliou o jornalista e Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella. Emocionado no final do espetáculo, Barcelos agradeceu a presença do público, especialmente de Frei Diego Melo e deixou uma mensagem aos jovens. “Estou muito emocionado. Participei de muitos festivais de teatro, mas estou muito surpreso pela harmonia, pela paz, que está presente neste local. Por isso, agradeço muito por esta oportunidade. Pela minha experiência pessoal, digo a vocês: vão em frente! Sejam arautos de Deus, sejam arautos de São Francisco porque não há como descrever o que representa para nossas vidas esse amor, essa benevolência. Então, não desistam jamais!”, disse, agradecendo os dois atores que o acompanharam neste espetáculo: o músico e compositor André Perrini, que ganhou aplausos pelo aniversário, e Patrícia Barbosa. Dois momentos deram um colorido especial a este “Auto de São Francisco”. Na representação do presépio, que Francisco fez em Greccio, Ciro

Barcelos chamou os jovens para compor a cena de Natal e o Menino Jesus, o protagonista, brilhou como se esperava. Na verdade, o menino foi a pequena Angela Dervanoski, de apenas 6 meses, sobrinha de Frei Augusto Luiz Gabriel, e filha de Tatiana e Luciano Dervanoski. A pedido de Barcelos, ela voltou ao palco no final para brilhar mais um pouco. Logo depois da morte de São Francisco, os atores saíram em procissão carregando estandartes com a icônica

imagem de São Francisco de Cimabue. Vinte frades, com tochas nas mãos, acompanharam o cortejo dos atores, ovacionados pelo público. Barcelos narra a história de Assis num estilo mambembe, brincante, e ao mesmo tempo interpreta Francisco com devocional cuidado. André no violão, e Patrícia na percussão deram o tom para Ciro interpretar as canções que se encaixam naturalmente na encenação. Segundo o ator, para viajar por todo o Brasil, optou por um elenco reduzido, que soube dominar todo o palco com rapidez, principalmente nas trocas de roupas ao interpretar os principais personagens da vida de Francisco de Assis. Antes da estreia, Ciro não escondia uma certa preocupação porque não teve tempo de passar som e luzes com a equipe contratada pela organização do evento. Mas o profissionalismo e a experiência dos atores fizeram os pequenos problemas passarem como cenas do espetáculo. MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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Ciro também conhece bem a história de São Francisco de Assis, que acabou mudando sua vida. Segundo ele, quando morava e trabalhava em Roma, um dia foi para Assis e, depois de andar muito pela cidade, resolveu parar na Basílica de São Francisco. Quando rezava na tumba do santo de Assis, perdeu os sentidos e acordou sendo cuidado pelos frades. Perdeu a viagem para Roma e, quando passava por Santa Maria dos Anjos, viu que estava acontecendo um retiro vocacional para 100 pessoas. Convidado, ele acabou avisando seu trabalho que ficaria uma semana em Assis. Acabou ficando um ano e vivendo uma experiência marcante na cidade de São Francisco. No retorno ao Brasil, não deu sequência a essa experiência religiosa, mas sentiu que deveria mostrar a todos Francisco de Assis. A partir daí escreveu o Musical que ficou doze anos em cartaz em São Paulo. No Rio de Janeiro, apresentou o espetáculo na visita do Papa João Paulo II e acabou voltando para Assis dessa vez para representar o Santo que mudou sua vida. “Foi minha grande alegria”, confessou. Essa experiência também o motivou a escrever o livro “Caminho de Assis”, que autografou logo depois da apresentação em Xaxim. Ciro Barcelos aprimorou a sua metodologia de trabalho através de estudos na área da psicologia como terapeuta corporal e através de vivências espirituais. Sua formação artística passa pelas escolas de teatro Martins Pena (RJ), Theatre du Silence (Paris), mimica com Marcel Marceau (Paris) Palhaçaria teatral. Na dança estudou balé clássico com as mestras russas Tatiana Leskova e Eugênia Feodorova. Integrou a companhia da coreógrafa Pina Bausch (Alemanha) e o Balé do Século XX de Maurice Bejárt (Bélgica). Cursou também a escola de balé do Teatro Opera de Paris. Viveu na Índia e Turquia onde se aprofundou nas técnicas de dinâmicas do autoconhecimento e libertação do ator. Frei Diego agradeceu muito a Ciro Barcelos por ter aceitado o convite de se apresentar durante as Missões Franciscanas da Juventude e a Serata Laudato Si’, evento cultural da Ordem dos Frades Menores. Tanto que o espetáculo foi transmitido ao vivo pelo Facebook para diversos países, especialmente os de língua latina. Segundo Frei Diego, quando pensaram no convite a Barcelos, achavam que ele não aceitaria. “Mas bastaram dez minutos para ele entrar em contato e acertar todos os detalhes desta apresentação”, contou. Frei Diego adiantou que Ciro está aberto a convites para apresentações em teatros, igrejas e cidades de todo o país. Basta um contato com ele nas redes sociais.

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DIAS COMUNIDADES

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ada melhor do que o “colo” de uma família depois de uma longa viagem e de uma agenda cheia no primeiro dia das Missões Franciscanas da Juventude, sem falar do chão duro dos alojamentos na primeira noite. Com dengos e muito carinho, as famílias acolhedoras destas Missões Franciscanas receberam os jovens missionários para viverem uma experiência comunitária-missionária durante dois dias (sexta e sábado). Esse dengo ficou escancarado quando Frei Gilson Kammer revelou que a principal preocupação das famílias, nos dias anteriores, era acertar na alimentação para agradar os jovens. Queriam o melhor para eles. O que se viu depois, como em todas as edições, foram testemunhos emocionantes de amizade e acolhimento. Nas Comunidades, os jovens viveram diferentes momentos: acolhimentos, confraternizações, orações, celebrações, partilhas, descontração, diversão, emoção e muita alegria! Como Xaxim tem sua base econômica na agropecuária, a maioria das comu-

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Frei Ludovico e jovens visitam o aterro sanitário de Xaxim nidades estava na região rural. Apenas uma parte dos jovens ficou na cidade-sede. Não foram poucas as descobertas que as famílias rurais proporcionaram aos jovens. Puderam conhecer as plantações de milho, feijão, soja, e uma paisagem verdejante de perder de vista. Também, conheceram de perto animais como vacas, ovelhas, porcos, galinhas e até tiraram leite com as próprias mãos. Enfim, como é a vida no campo. Não faltaram fotos de jovens pegando carona nos tratores. Os jovens puderam ver, in loco, como é importante cuidar da Casa Comum. Foram muitas iniciativas tendo em vista a Encíclica Laudato Si’, o tema e lema das Missões, como caminhadas e plantios de árvores com o objetivo de refletir o que se está fazendo da Casa Comum, como o grande grupo que ficou na Matriz e fez uma visita ao aterro sanitário da cidade. O último dia nas comunidades também foi dedicado à partilha de experiência durante as celebrações. Durante os dois dias os jovens foram divididos em grupos e distribuídos em 38 comunidades. Os responsáveis pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV), Frei Diego Melo, Frei Alisson Zanetti e Frei Odilon Voss ficaram com a missão de visitar todos os grupos para conferir a experiência dos jovens. Em algumas comuMISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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nidades, eles também participaram das celebrações. Muitos foram os depoimentos dos missionários não caberiam numa revista -, mas o da jovem Jéssica Thaline Medeiros Oliveira - em texto enviado por Ir. Bruna (Franciscana de Ingolstadt) - dá uma ideia de como foram esses momentos. “Fomos distribuídos para as comunidades e fui para a tão sagrada e amada comunidade Santa Terezinha. No primeiro dia, fizemos visitas às casas e, à tarde, pintamos a igreja e participamos de projetos sociais. No segundo dia, alguns foram convocados para continuar pintando a igreja e outros visitando as casas. À tarde visitamos três casas, onde as pessoas tinham dificuldade de ir à igreja por estarem doentes, ou por estarem muito tristes pela perda de um ente querido. A casa que iríamos visitar era de uma avó de uma netinha muito santa, chamada Jenifer. Essa menina, muito jovem, prestativa e carinhosa, era amada por aquela comunidade. Também era e é muito amada por aquela avó. Há mais ou menos dois anos, no sábado de Aleluia, aquela menina passou um batom vermelho e ficou na porta da igreja abraçando e beijando a todos, deixando nos rostos sua marca de batom. No domingo de Páscoa, como toda jovem, comeu bombom. Na segunda-feira, começou a se sentir mal e veio a óbito, porque era diabética e não sabia. Acabou morrendo assim, de mal súbito, tão precocemente.

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A avó estava muito triste e estava sempre de cabeça baixa. Não conseguia nos olhar nos olhos. A celebração foi iniciada e, ao perceber sua tristeza, me sentei ao seu lado e peguei na sua mão. Senti que ela apertava a minha fortemente. A celebração foi sendo conduzida lindamente, até que uma irmã religiosa chamada Bruna se levantou e começou a conduzir aquele momento sagrado. Ela pediu para que me colocasse na frente daquela senhora e pediu para que a mesma me enxergasse como a Jenifer e falasse tudo que ela não conseguiu. Aquele doce, triste e gentil senhora não conseguia me olhar. Só que a Irmã, com sua sabedoria, me pediu para dar um beijo na testa da avó, já que anteriormente ela havia relatado que a Jenifer ia três vezes ao dia à sua casa dar-lhe um beijo na testa com um batom vermelho. E, após esse ato singelo, a mesma conseguiu chorar e falar tudo o que não pôde para sua neta. Naquele momento, não era mais a Jéssica. Eu era a Jenifer, que também veio ali para falar o que queria dizer para sua amada avó e não teve chance. Depois de muitas emoções, a Irmã me pediu para me colocar à frente da avó e me ajoelhar. Nesse momento, a Irmã me pediu para entregar o Corpo de Cristo à minha avó e assim o fiz (não sou digna de tanto, de dar a comunhão, o corpo do Senhor para alguém, mas Deus me presenteou com tanta honra). E


ali fiquei junto a ela rezando e comungando. Posterior a isso, a avó falou como estava se sentindo e fomos nos despedindo, e, ao sair, não vimos mais aquela senhora triste e abatida, mas uma senhora sorridente e que já conseguia nos olhar nos olhos. Ela disse, então, a seguinte frase: “Jenifer não se esqueça de mim”. Naquele momento, Deus, com sua divina misericórdia, lavou a alma daquela senhora, mas não só a dela, lavou a minha também, pois estava ali comungando da mesma dor que ela, porque há mais ou menos dois anos perdi o meu filho. Eu tive uma gravidez de alto risco, fiquei meses de repouso e depois desse tempo ele entrou em sofrimento fetal e precisou nascer. Nasceu no dia 21/09/2017 e veio a óbito em 22/09/2017. Ele se chamava Lorenzo (O vitorioso) Emanuel (Deus conosco) e teve falência múltipla dos órgãos. Eu não o vi (a médica falou que me havia mostrado, só que eu estava muito dopada, por isso não devo ter lembrado). Ele foi direto para UTI neonatal e eu para o meu quarto. Não podia descer porque estava com extrema dor física e porque ele estava na UTI. No dia do seu velório, eu não recebera alta. Então… nunca vi o meu filho e aquilo tirava minha paz. Eu pedia a Deus para que me mostrasse ele em sonho e Deus fez muito melhor. A Irmã Bruna me chamou à frente e, ao chegar lá, tinha um menino lindo me esperando. Ir. Bruna falou:

“Jéssica, agora deixa seu filho Lorenzo dar um beijo na sua testa”. Eu deixei e abracei aquele menino tão forte e o abençoei. Deus, com sua infinita misericórdia, me presenteou com aquilo que pedia todos os dias e fez mais: me deixou abençoar o meu filho pessoalmente. À noite, durante a Missa, dei o meu testemunho e, para minha surpresa, a avó estava lá e foi lá que ela ficou sabendo do meu filho. Ficou ao meu lado, mesmo com a sua dificuldade física e fomos nos sentar juntas. Ela me chamava de Jenifer e eu aceitava com muita honra e carinho. Aquela avó, ao final da Missa, estava sorrindo. E foi o sorriso mais lindo que já vi. Deus, na sua infinita misericórdia, lavou a alma daquela, agora doce, gentil e sorridente senhora, e de toda a comunidade que antes não havia se despedido da santa Jenifer. Deus também lavou a minha alma e eu saí daquela comunidade com a seguinte certeza: eu nasci para ser mãe do anjo Lorenzo”. Terminadas as Missões, Jéssica voltou para sua cidade, em Imbariê, e resolveu colocar em prática o que aprendeu. Está desenvolvendo um projeto para ajudar as mães que perderam seus filhos: “Quero simplesmente dizer que não estão sozinhas. É uma forma de levar amor”, disse. Que os anjos a acompanhem nesta nova missão!

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FREI DIEGO EMOCIONA FAMÍLIAS EM ENCONTRO PREPARATÓRIO

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ntes de se encontrar com os jovens, Frei Diego se reuniu com as famílias que acolheriam os jovens durante os dois dias de Missões para dar as orientações necessárias visando o bom andamento do evento. Depois de explicar para as famílias como se realizam as Missões da Província Franciscana da Imaculada Conceição, mostrou o vídeo de encerramento das Missões do Rio de Janeiro no ano passado. Em seguida, Frei Diego fez uma reflexão depois da leitura do Evangelho de Mateus 10,37-42, proferida pelo professor e exegeta Frei Ludovico Garmus, frade que é natural de Xaxim. “Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”, destacou. Antes de fazer a partilha do Evangelho, Frei Diego pediu a todos que falassem de seus sentimentos e de suas expectativas: “O que está passando aqui dentro (bateu no peito), para depois a gente saber como caminhar”, disse. Ouviu palavras que resumiam esses sentimentos: alegria, esperança, paz,

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amor, gratidão, felicidade, fé, ansiedade, acolhida, uma nova vida, resgatar os jovens, ganhar mais três filhos, troca de experiência, ouvir o que têm de bom para dizer para a gente, sinal de fraternidade, fazer novas amizades, encontros e partilhas entre as famílias. “Tudo isso é muito bonito e real. Já estamos na sétima edição das Missões. A beleza deste evento está exatamente nisso que vocês partilharam e que, a partir de quinta-feira, vão vivenciar”, disse Frei Diego. “Não vai ser uma palavra, mas vai ser uma experiência”, ressaltou. Segundo o coordenador, seria mais fácil deixar os jovens dormindo no Salão Paroquial durante cinco dias. “Cada um vai trazer o ‘saco de dormir’ e, em qualquer canto do chão, eles se ajeitam. A gente poderia organizar assim todos os dias. Seria até mais fácil. O salão é grande e, para os jovens, dormir assim não é problema. Mas a missão não seria tão forte, tão impactante e tão bonita se não tivesse isso que vocês estão proporcionando: Acolhida dentro da própria casa, da família”, ressaltou. “Uma coisa é eu vir lá de São Paulo, do Rio


de Janeiro, de outra cidade, enfim, passar cinco dias dentro de um ginásio. Eu vou ter uma visão de Xaxim. Outra coisa é eu ficar dentro de uma casa de família, dentro de uma história concreta e real”, ressaltou, lembrando que nas Missões esses jovens ganham novas famílias. “É bonito ouvir um jovem falando: ‘Ah, frei, a minha família lá do Rio de Janeiro...’. Cria-se uma grande família, uma grande fraternidade, que é o Evangelho que nós acabamos de ouvir. Quando Jesus diz ‘se vocês abrirem as portas e oferecerem nem que seja um copo d’água para alguém, vocês estarão fazendo isso para Deus’. Tem muita gente que está procurando se encontrar com Deus. Tem muita gente que quer um sinal dos céus e, de repente, uma experiência bem concreta de abrir as portas e oferecer essa hospedagem para um jovem, uma jovem, um adulto, é essa experiência concreta de Deus”, acrescentou. Frei Diego, então, ouviu de uma mãe: “E perdi um filho e vou receber dois”, disse. Outra mãe disse: “No dia 30 vai fazer quatro anos que perdi meu filho em um acidente de moto. O nome dele é Gustavo e

Poesia autoral Vencedora do concurso Serata Laudato si’ das Missões Franciscanas da Juventude em Xaxim 2020. Lucas Theodoro Malquevicz

vou receber um Gustavo em minha casa”. Frei Diego pediu uma salva de palmas. “Tudo isso é a missão de Deus já acontecendo aqui em nosso meio. A gente da organização prepara, organiza tudo, aí quando chega nessa hora a gente faz um ato de entrega e diz assim para Jesus: ‘Olha, Jesus, eu fiz a minha parte. Agora, é com você!’ E Ele se encarrega de levar, de mandar para a mãe, que devolveu para Deus o filho Gustavo, um outro Gustavo. Ninguém sabia disso. Não é coincidência. É providência de Deus, a ação de Deus acontecendo aqui em Xaxim. Essa experiência de serem essa família acolhedora é que dá o encanto à missão. E assim como vocês fazem esse bonito gesto, também recebem o conforto por esta atitude”, disse. Para Frei Diego, as Missões reservam muitos encontros e emoções. Depois passou para as orientações propriamente ditas. No Salão Paroquial de Xaxim ficou o maior grupo e outros três foram divididos nas comunidades dos municípios de Lajeado Grande, Marema e Entre Rios, que também receberam as mesmas orientações.

Meu amado irmão! Como dizer obrigado, sem parecer falso? Como dizer, eu te amo, sem parecer mentir? Como pedir perdão, sem parecer oportunismo? Como pedir sua amizade, sem parecer falsidade? De fato, Deus viu que tudo é muito bom. À aqueles, que nos protegem, nos aconselham, cuidam À aqueles, que por Jesus encontraram patrono E por Ele, guardiões se fazem das relações com Deus Eu vos agradeço, pois não sou digno de ti Senhor! À aqueles, que por seu nome se abdicam da carne À aqueles, que pela Sagrada Família lutam, sem descanso. E por Ele, guardiões se fazem da comunhão com Deus. Eu vos agradeço, pois não sou digno de ti Senhor! À aqueles que não superam a perda da ovelha À aqueles, que pelo encontro do perdido oram E por Ele, guardiões se fazem da casa comum com Deus Eu vos agradeço, por me tornar digno de ti Senhor, Meu amado irmão! De fato, Deus viu que tudo era muito bom. Lucas Theodoro Malquevicz

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AS MISSÕES COMEÇARAM BEM ANTES EM XAXIM

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este ano, as Missões Franciscanas da Juventude ganharam status internacional porque sediaram conjuntamente a Serata Laudato Si’, evento cultural da Ordem dos Frades Menores que promove a mensagem da Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da Casa Comum e que está na terceira edição (antes aconteceu em Roma e Cidade do Panamá). Para acontecerem esses momentos inesquecíveis e emocionantes que esses 800 jovens viveram em cinco dias, como já se tornaram comuns nas Missões promovidas pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV), sob a liderança de Frei Diego Melo, foi necessário muito trabalho em pouco tempo, já que a edição anterior foi realizada em julho passado, no Rio de Janeiro. Normalmente, o mês das Missões é janeiro. Mudou devido à Jornada Mundial da Juventude, que também foi em janeiro. Para isso, nem bem os jovens xaxienses tinham terminado as comemorações pela indicação de sua cidade nas areias da praia de São Conrado, no Rio de

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Janeiro, a Paróquia São Luiz Gonzaga e a Fraternidade Franciscana da Província da Imaculada - formada por Frei Vanderlei da Silva Neves, o guardião; Frei Gilson Kammer, o pároco; Frei Jacir Antonio Zolet, vigário paroquial; e o diácono Frei Evaldo Ludwig - abraçavam pra valer a causa. No início de agosto, uma equipe preparatória, com 120 pessoas, deu início a um trabalho logístico para trazer de 700 jovens inscritos, segundo a primeira previsão (posteriormente, várias equipes foram criadas com dois coordenadores e um frade). A procura, contudo, surpreendeu os organizadores, que tiveram de ampliar o número de vagas para 800 jovens. “A partir do anúncio de julho, a gente começou a se organizar. Convidamos todas as comunidades que queriam fazer parte deste evento. Cerca de 40 comunidades aceitaram e algumas, por diversos motivos, preferiram não participar (a Paróquia tem 60 comunidades). Com isso, a gente conseguiu formar todas as equipes em pouco de tempo, como logística, infra-estrutura, financeiro, que era o que mais nos preocupava”,


conta o pároco Frei Gilson. Segundo ele, ao mesmo tempo em que se montava a logística, começaram a surgir iniciativas para arrecadar fundos, como a “pastelada”, a noite das pizzas e um baile em parceria com o CTG (Centro de Tradições Gaúchas). Além da taxa de inscrição, a Ordem dos Frades Menores também contribuiu financeiramente para o evento, tendo em vista que sediou a Serata Laudato Si’. No final, os recursos e doações chegaram para cobrir as despesas. As refeições serão feitas por uma equipe de voluntários da Paróquia. Também a Prefeitura de Xaxim ofereceu duas ambulâncias para dar suporte ao evento e alguns municípios ofereceram ônibus para o transporte dos jovens até as comunidades. As Missões começaram com a chegada dos jovens

Para os banhos, tiveram ajuda também de um clube da cidade que disponibilizou os banheiros. Na quinta-feira à noite, todos os jovens seguiram para as casas das famílias acolhedoras - cerca de 400 - e ficaram até o domingo de manhã (02), quando retornaram para a Matriz, onde aconteceu a Missa de encerramento. Nas comunidades, os jovens tiveram a oportunidade de serem Igreja em saída. “Foi um trabalho incansável, não só da nossa parte, os frades, mas principalmente das pessoas que se empenharam e estão ‘dando até a vida’ para preparar bem estas Missões”, disse Frei Gilson. O evento foi abraçado com alegria pela Paróquia e pelos frades porque foi uma bela oportunidade de somar ao Ano Jubilar da Paróquia São Luiz Gonzaga, que celebra 80 anos de

na quarta-feira (29/2), nas primeiras horas da manhã, oriundos dos cinco estados do território da Província (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina), além de uma delegação do Rio Grande do Sul e da Argentina. Nos dois primeiros dias, quarta e quinta-feira, as atividades formativas e culturais na Matriz de Xaxim. O Ginásio São Francisco de Assis e o Salão Paroquial, que formam uma grande estrutura paroquial ao lado da Matriz, acolheram também esses jovens para as refeições e hospedagem, além das palestras, oficinas e eventos culturais. A hospedagem é bem franciscana e sem problemas para os jovens: um saco de dormir em qualquer canto desses espaços.

fundação. “Vai ser um acontecimento que ficará marcado na memória da gente, principalmente daqueles que vão participar ou estão participando indiretamente”, acredita o pároco. Para Frei Gilson, o maior legado é a possibilidade de partilhar juntos o espírito de ‘paz e de bem’ que Francisco e Clara de Assis espalharam pelo mundo. “Vai ser uma maneira de podermos dizer que é possível viver, sim, a fraternidade. A gente pode achar que cada lugar é diferente. Pode ser, realmente, em alguns aspectos, mas é possível buscar a unidade”, indicou, comemorando a participação dos frades de toda a Província. “Isso mostra o impulso do espírito de MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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Francisco e Clara. Quantos jovens poderão se encantar e buscar o discernimento vocacional, seja para a vida religiosa, seja para o matrimônio, ou para a vida cristã a que somos chamados”, destacou. Frei Vanderlei enfatizou a proximidade da Paróquia com o carisma franciscano. “As Missões são uma oportunidade de demonstrar nosso carisma dentro do seu aspecto primordial que é a vida fraterna. Muitos jovens, por estarem mais engajados, conheceram mais o nosso modo de vida, o nosso fundador. Outro aspecto importante é a que a Fraternidade conseguiu dialogar com diversas pessoas para pedir ajuda, para pedir auxílio. Tudo isso deu uma movimentação à Fraternidade. Sem essa ajuda seria difícil”, reconheceu, destacando o aspecto vocacional e o dinamismo que trouxe para a Paróquia. Frei Evaldo, ordenado presbítero no dia 15, pode ser orgulhar: nenhum outro ordenando teve a oportunidade de uma preparação como esta. Nos últimos seis meses, envolveu-se totalmente neste trabalho missionário de preparação. “A gente não tem noção do que vai acontecer a partir de amanhã, mas o que eu vivi até agora valeu a pena”, confessou. “Sinceramente, como frade é a melhor experiência que eu estou tendo, porque além do desafio de se montar algo grande, tivemos o aprendizado na convivência humana, o despertar da criatividade precisamos revirar o cérebro para pensar coisas novas. Eu optei para ficar na parte da liturgia e da mística, porque é disso que eu gosto de fazer. Claro, tivemos cansaço, estresses, mas eles não superam o conjunto das boas ações. Eu não tenho dúvida disso”, revelou.

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Segundo Evaldo, foram seis meses de entrega. “Nós, da Fraternidade, paramos tudo que tínhamos para fazer para se dedicar às Missões. Fomos fazendo a rotina paroquial conforme já estava determinado, mas o nosso foco estava voltado para as missões”, lembrou. Frei Jacir garantiu o atendimento paroquial enquanto os frades davam os encaminhamentos com as equipes de voluntários. Para o novo presbítero, quatro pontos trouxeram as Missões para Xaxim: despertar a juventude dos nossos municípios para ver que é possível ser um cristão católico de uma maneira jovem, com características jovem; despertar as nossas comunidades para a ação evangelizadora com os jovens. “Há muito preconceitos em algumas comunidades com os jovens. É preciso romper esta barreira”, acredita; o terceiro aspecto é acordar as comunidades. “Tem muitas comunidades que a única vida delas é o culto semanal e a festa. As missões são um momento para acordá-las e torná-las mais dinâmicas”, acredita; e por último, a oportunidade de celebrar com o Ano Jubilar. “Eu passei por todas as comunidades para falar das Missões. Nós conseguimos trazer os extremos de nossa Paróquia para viver essa experiência. Você não imagina a alegria de estarem ajudando”, contou Frei Evaldo, reconhecendo que essa experiência fortalece a caminhada.


AVALIAÇÃO FINAL: SÓ GRATIDÃO

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Serviço de Animação Vocacional (SAV), da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, apresentou, no dia 14 de fevereiro, o vídeo final da 7ª edição das Missões Franciscanas da Juventude (MFJ), que levou mais de 800 jovens presentes no território da Província, Rio Grande do Sul, Bahia e Argentina para a cidade de Xaxim (SC), de 29 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020. Este momento foi revivido nesta sexta-feira, quando a equipe do SAV e o coordenador das Missões, Frei Diego Melo, reuniram-se com a Coordenação Geral para fazer a avaliação final do evento, duas semanas depois de sua realização. “Certas experiências precisam de tempo para ser melhor assimiladas e avaliadas”, explicou Frei Diego, informando que esta avaliação partiu de um relatório de 107 páginas enviadas pelos próprios jovens. Segundo o frade que acompanha as Missões há sete edições, foram destacados os pontos mais pertinentes deste grande processo avaliativo, como: – A infraestrutura, logística, alimentação e acolhida oferecidas pela Missão foram avaliadas por mais de 90% dos jovens como sendo ótimas. – As místicas, orações e celebrações conseguiram chegar ao coração dos jovens, fazendo com que eles pudessem rezar a partir dos acontecimentos da própria vida, bem como das realidades de dor e sofrimento da mãe terra. – A apresentação teatral “O Auto de São Francisco”, de Ciro Barcelos, foi um dos pontos altos dessa MFJ. – A criação e ampliação da consciência ecológica dos jovens, fazendo perceber a profunda ligação entre ecologia e teologia. – Houve também um pedido recorrente de que se aumente os dias de Missão, bem como que o contato e interação com as famílias acolhedoras seja maior. – Dinamizar um pouco mais os momentos formativos bem como possibilitar a realização de duas oficinas por jovem.

– O intercâmbio cultural bem como a boa acolhida dos jovens nas comunidades e famílias foram muito bem avaliadas pela grande maioria. Por fim, a Coordenação Geral celebrou a boa realização desta 7ª edição das Missões Franciscanas da Juventude, recebendo a gratidão do Serviço de Animação Vocacional através do gesto do lava-pés e da entrega de um singelo presente ofertado a essa equipe que tanto se doou e se empenhou. As Missões Franciscanas da Juventude não

terminaram em Xaxim. Muitas iniciativas estão nascendo a partir deste trabalho evangelizador. Cada jovem participante é convidado a continuar a atividade missionária em sua Paróquia, cidade, comunidade, família, ou na realidade onde se encontra. Neste vídeo buscou-se, como já é de costume, registrar tudo e garantir espaço para os principais momentos do evento, que, para além das imagens, ficará para sempre marcado no coração verde do povo xaxiense e, principalmente, para todos os jovens missionários participantes. MISSÕES FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

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Pintura feita pelos jovens missionários na comunidade da Vila Tigre

PROVÍNCIA RECEBE MOÇÃO DE APLAUSO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA PELAS MISSÕES FRANCISCANAS

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através do Serviço de Animação Vocacional (SAV), recebeu uma Moção de Aplauso da Assembleia Legislativa de Santa Catarina por ter realizado as Missões Franciscanas da Juventude, em Xaxim, de 29 de janeiro a 2 de fevereiro. Proposta pelo deputado estadual, Marcius Machado, a moção congratula a entidade por este evento franciscano, assinalando que: – As missões Franciscanas da Juventude são eventos promovidos pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, voltados aos jovens que desejam vivenciar um período de oração, reflexão e missão de solidariedade; as Missões ocorrem uma vez ao ano nas cidades que fazem parte da Província Franciscana; a 7ª Missão Franciscana da Juventude, realizada na Paróquia do Município de Xaxim, com duração de 7 (sete) dias, teve a participação de 800 jovens, sendo praticadas inúmeras ativida-

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des, formações e oficinas que abordaram questões relativas à ecologia, justiça, paz e integridade da criação, entre outras; e – o Município de Lages foi escolhido para sediar a 8ª Missão Franciscana da Juventude. Segundo a Moção, citando os frades coordenadores deste evento, declara: “A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, acolhendo proposição do Deputado Marcius Machado, aplaude a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil pela realização da 7ª Missão Franciscana da Juventude, na Paróquia do Município de Xaxim. Atenciosamente, Deputado Julio Garcia – Presidente”. A sessão que aprovou a Moção foi realizada nesta quarta-feira, 12 de fevereiro. A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil agradece ao deputado Marcius Machado e à Assembleia Legislativa por esta honraria, confirmando nossa prioridade no trabalho evangelizador com a juventude.


“ Como são belos, andando

sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação” (Isaías 52,7-10)

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Até Lages! 20 A 24 DE JANEIRO DE 2021


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