Branca de neve

Jacob e Wilhelm Grimm

Branca

de

Neve

Reconto Gil Veloso Ilustrações Iban Barrenetxea

Este humilde narrador, com

respeito e humor, vai contar uma história já contada e requentada inúmeras vezes ao longo dos séculos...

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Era uma vez um inverno!

Num belo e imenso castelo, uma rainha bela, muito bela, costurava à janela. Encantada com os flocos de neve que flutuavam por entre o voo dos pássaros, distraiu-se, e a agulha espetou-lhe o dedo: três gotas de sangue pingaram na neve...

A rainha era muito elegante e tinha bom gosto, achou que o vermelho do sangue combinava muito bem com a brancura da neve e assim desejou ter uma filha tão branca quanto a neve, e ao mesmo tempo corada como sangue e que tivesse cabelos negros como a plumagem daquelas aves.

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Tão logo o inverno acabou, deu à luz uma menina igual à que sonhou e por isso a chamou Branca de Neve. O nascimento da princesa foi muito festejado, mas a alegria durou pouco: a rainha morreu naqueles dias.

Alguns meses mais tarde, o rei casou-se com outra beldade, mas menos, bem menos bela que a mãe de Branca de Neve. Orgulhosa, insegura e vaidosa, a rainha madrasta era demais egoísta, não suportava a ideia de alguém ser mais bonita que ela.

Vivia entediada. Naquele enorme castelo, coisa nenhuma a satisfazia. Não gostava de nada, não sabia coser, nem com s, nem com z, tampouco cuidava ou brincava com Branca de Neve. Seu principal passatempo era ficar se admirando em frente ao espelho, que já estava cansado de ver aquele rosto e ter de responder todos os dias a irritante pergunta da rainha:

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– Espelho, espelho meu! Diga-me, espelho meu, há no mundo alguém mais bela que eu?

O espelho nunca tinha saído daquele castelo, naturalmente não conhecia quase ninguém, lembrava apenas quão era bela a falecida rainha, mas, com medo de ser quebrado, respondia:

– Não, minha adorável rainha, aqui e acolá, sempre a mais bela és e será!

O espelho detestava perguntas rimadas, mas a rainha as apreciava e ele correspondia, propositalmente exagerando e rimando respostas afirmativas, na esperança de que ela se desse por satisfeita, deixando-o em paz para todo o sempre.

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