Ministério da Cultura, Sesc - Serviço Social do Comércio e Klabin apresentam
Lá&Cá trabalhadoras e trabalhadores do Brasil 17 de março a 1 de julho de 2018
Lรก&Cรก
trabalhadoras e trabalhadores do Brasil Paulo Fridman fotografias Diรณgenes Moura curadoria
PRÓXIMOS E DISTANTES O fascínio despertado por retratos fotográficos encontra explicações nos sentimentos de proximidade e distanciamento, que operam simultaneamente no interior daquele que se detém diante de sujeitos congelados num instante. Imagens de pessoas em seu ofício cotidiano podem apontar, por um lado, para a expressão de um saber-fazer próprio, traduzido no domínio de técnicas ou instrumentos que nos escapam, ao mesmo tempo em que descortinam realidades muitas vezes longínquas – geográfica ou socialmente. Por outro lado, a despeito da variedade de ocupações, indumentárias e localidades, aqueles que se dão a ver assumem a mesma postura ereta e olhar direcionado à câmera, encarando o fotógrafo e o espectador. Ainda que estejam sozinhos, o conjunto de fotos os transforma num coletivo que transcende individualidades. São trabalhadores, gente que extrai o sustento da capacidade de seus corpos de transformar a natureza. Em tamanho real, surgem cabeças, troncos e membros de variados tamanhos e cores; torsos vestidos ou à mostra que escondem ou revelam músculos delineados independentemente de intencionalidades; pés ora descalçados, ora protegidos. As fotografias de Paulo Fridman, com curadoria de Diógenes Moura, trazem à tona
um Brasil onde coexistem espaços e tempos distintos. Delas emergem fragmentos de histórias que não se podem acessar plenamente, apenas completá-las com outros fragmentos extraídos das próprias histórias de quem vê. Para o Sesc, a exposição Lá & Cá – trabalhadoras e trabalhadores do Brasil estimula idas e vindas do particular ao universal, provocando um olhar ao outro e a si mesmo. A partir de um emaranhado de linhas, cada qual com a sua singularidade, configuram-se tramas sociais nas quais todos estão inseridos. Incitando-nos a percebê-las, a arte nos convida a navegar por elas, senti-las, refleti-las e quem sabe até redesenhá-las. Sesc São Paulo
OS NOMES Um retrato será para sempre um retrato. Um livro aberto. Um veredicto. Quando o fotógrafo se expõe diante do “outro” ou haverá a verdade, ou o suicídio. Não existe um retrato “mais ou menos”. Um retrato não é um pôr do sol. Pode ser um grito ou o extrato de um longo silêncio. Em qualquer lugar do mundo esse “outro” será sempre ele mesmo. Quem deverá se modificar é o fotógrafo. Cabe a ele perceber a pele invisível que está presente entre um e outro para mais adiante explodir em fotografia. Será uma imagem mas sempre será um retrato: risco fino, cornucópia, transparência. O verdadeiro retrato não deixa rastros. Não se trata de uma questão de iluminar o outro com a luz perfeita. Não é um caso para iluminação exterior. Também não é o caso de descobrir a beleza interior, esse pensamento pífio da modernidade com inteligência artificial. Em casos raros um retrato é capaz de ultrapassar as palavras. Assim sendo, nem Deus, nem o diabo, nem Freud, nem Shakespeare serão capazes de desvendá-lo. Nenhum texto técnico ultrapassa um retrato: o seu mundo real e sua cultura de significados, dor e prazer, vida e morte, loucura e paixão. O mundo daquele “outro” que não vê o olhar frontal de uma segunda pessoa: o fotógrafo que tenta decifrá-lo por trás de uma câmera. Trata-se da conjugação de um verbo em seu modo mais extremo. Tempo e tempo. Carne, músculo, sangue, osso. Paulo Fridman andou pelas entranhas do Brasil fotografando trabalhadores em seus lugares de labuta,
em planos quase abertos, onde podem ser observadas formas plásticas do ambiente público/privado de cada um deles. Entre panelas de barro e guardas de trânsito; entre o Pantanal Sul, Pomerode e o Grão-Pará; entre a vendedora de pudim e o carregador de batatas, dentro e nos arredores do Mercadão, em São Paulo. O fotógrafo tem profunda habilidade com quem está do outro lado da câmera. Busca neles imagem e palavra. Qual dos dois resistirá ao olhar do outro? Aqui estão. Todos parados diante da câmera, observando. Em cada um deles a pergunta decide o que está por vir: quem é você? O que seu retrato quer de mim? Diógenes Moura Escritor e Curador de Fotografia
Laura Ferreira Ramos da Silva, cortadora de cana, Orindiúva (SP), 2006. Sérgio Luiz Sanches, limpador de peixes, São Paulo (SP), 2018. Cícero Luis de Santana, caixeiro-viajante, Valente (BA), 2015. Pedro de Jesus Gomes, vendedor de água, Vila Aparecida (BA), 2015. Mario Mendes da Silva, vendedor de rua, São Paulo (SP), 2018. Diego Santana Santos, entregador de pão de queijo, São Paulo (SP), 2015. Francisco Edimar da Silva, vendedor de lichia, São Paulo (SP), 2018. Ivo dos Santos, vendedor de aipim na feira de São Joaquim, Salvador
(BA), 2015. Vantuil Rocha da Silva, carregador, São Paulo (SP), 2018. José Sena de Carvalho, carregador, Belém (PA), 2015. Cassiano André Senger, funileiro, Pomerode (SC), 2015. Benedito Vicente dos Santos, reciclador de rua, São Paulo (SP), 2015. Edival Serafim Rodrigues, promotor, São Paulo (SP), 2015. Robison Souza Júnior, homem-placa, São Paulo (SP), 2015. Maria Judith dos Santos Correia, vendedora de café, São Paulo (SP), 2015. Lucas Ribeiro, eletrotécnico, Blumenau (SC), 2015.
Manoel Fernandez da Cruz, pedreiro, São Paulo (SP), 2015. Afonso Coelho, vendedor de bebidas, São Paulo (SP), 2018. Lins Ferreira, dono de loja de artesanato, São Sebastião da Boa Vista (PA), 2015. Anilza Lucy Segundo, costureira, São Paulo (SP), 2015. João Paulo Balbino, carregador de limão, São Paulo (SP), 2018. Mauri da Silva Lima, carregador de batatas, São Paulo (SP), 2018. Maria Nilza Honorato de Souza, vendedora de coco, São Paulo (SP), 2018. Lucimario Silva da Purificação, vendedor de coco, Salvador (BA), 2015. Diana Oliveira,
bombeiro civil, São Paulo (SP), 2018. Leda Rabelo, vendedora de flores, São Paulo (SP), 2018. Lucicleide Martins da Silva, vendedora de açaí, São Paulo (SP), 2018. Marcos Alberto dos Santos, garçom, São Paulo (SP), 2018. José Carlos de Jesus, balconista, São Paulo (SP), 2018. Carla Jane Santos Souza, marisqueira, Cajaíba (BA), 2015. Valdemir Jesus Santos, vendedor de peixes, São Paulo, (SP), 2018. Ubiraldo Barbosa Nunes, vendedor de bolsas, Belém (PA), 2015.
Antonio de Souza Rios, cambista do jogo do bicho, Manaus (AM), 2013. Valdomiro Pereira Santos, vendedor da feira de São Joaquim, Salvador (BA), 2015. Evanildo dos Santos Cruz, barbeiro, Cachoeira (BA), 2015. Mariana dos Santos, vendedora de pamonha na feira de São Joaquim, Salvador (BA), 2015. Pedro Teles de Souza, carregador de açaí, Belém (PA), 2015. Bernadete Freire, vendedora de ervas, Mercado Ver-o-Peso, Belém (PA), 2015. Dirce Conceição dos Santos, pescadora, Cajaíba (BA), 2015. Gilvan Santana Oliveira, carregador na feira de São Joaquim, Salvador (BA), 2015. Andrezza Lasmar de Lima, vendedora de bananas, Manaus
(AM), 2013. Odevaldo Monteiro Penício, vendedor de caranguejo, Abaetetuba (PA), 2015. Jorge Luis Medeiros de Souza, vendedor de vasilhames para gasolina e diesel, Belém (PA), 2015. Laércio Santos da Silva, vendedor de CDs, Mercado Ver-o-Peso, Belém (PA), 2015. José Wilson Santos Silva, cortador de carne na feira de São Joaquim, Salvador (BA), 2015. Vanderlinda Maria Lacerda, vendedora de temperos na feira de São Joaquim, Salvador (BA), 2015. Marcos Paulo Pantogia, carregador, Belém (PA), 2015. João Barbosa, forneiro de cerâmica, Camamu (BA), 2015.
Valdomiro Melquíades de Oliveira, soldador, Pompéu (MG), 2010. Luiz Rogério Gomes da Silva, soldador, Santos (SP), 2010. Élias Gomes da Silva, processador na secagem do café, Espírito Santo do Pinhal (SP), 2009. Geraldo Breve Araújo, trabalhador no processo de secagem do café, Espírito Santo do Pinhal (SP), 2009. Eliezer Araújo de Oliveira, pequeno produtor, Valente (BA), 2015. Jéssica Lima de Souza, agricultora, Valente (BA), 2015. Ronaldo Santos, peão, Pantanal Sul (MS),
2010. Dionísio dos Santos, vaqueiro, Riachão do Jacuípe (BA), 2015. Valter das Neves Soares, trabalhador em tratamento de esgoto, Palestina (SP), 2015. Everson Gessi Vargas, domador de cavalos, Lages, (SC), 2015. Thomé Radael, desempregado, São Paulo (SP), 2015. Antônio Moraes da Silva, jardineiro no Congresso Nacional, Brasília (DF), 2009. Flávio Santos, malabarista, São Paulo (SP), 2015.
PAULO FRIDMAN Paulo Fridman, fotógrafo inicialmente formado como engenheiro, foi jovem para Nova Iorque, onde estudou no International Center of Photography, no RIT - Rochester Institute of Technology e na School of Visual Arts. A partir daí sua vida foi dedicada à fotografia, tendo fotografado mais de 500 capas de revistas como Time, The New York Times Magazine Newsweek e Forbes. Colabora para Bloomberg (EUA), New York Times (EUA), Stern/Der Spiegel (Alemanha), Paris Match (França) e centenas de outras publicações. Acumula diferentes prêmios em sua carreira, como Colunista Ouro (1988, 1994 e 1998), Leão Cannes (1995), Colunistas (1996 e 1997) e Prêmio Ensaio J. P. Morgan de Fotografia (1999). Suas obras foram expostas em diversos espaços no Brasil e no exterior, destacando-se a londrina Photographers Gallery, o MASP e a Pinacoteca de São Paulo, o Museu da Fotografia em Curitiba e a Exit Art, localizada no nova-iorquino Soho, entre outras instituições. Muitas de suas fotografias mais emblemáticas fazem parte de acervos e coleções de diferentes museus e centros culturais: Instituto Itaú Cultural, Coleção Pirelli/MASP, Museu da Fotografia da Fundação Cultural de Curitiba, MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo e Library of Congress, dos Estados Unidos. Publicou 4 livros dentre eles Retratos Falantes (2008) e O Segredo do meu Sucesso (2016).
DIÓGENES MOURA Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia e editor independente. Premiado no Brasil e exterior recebeu o Prêmio APCA de Melhor Livro de Contos/Crônicas, em 2010, com Ficção Interrompida - Uma Caixa de Curtas (Ateliê Editorial). No mesmo ano foi finalista do Prêmio Jabuti, na mesma categoria. Escreveu, entre outros, Fulana Despedaçou o Verso (Terra Virgem Edições, 2014) e Drão de Roma - Dezembro Caiu (Fundação Casa de Jorge Amado, 2006). Foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1999 e 2013, onde realizou exposições, reflexões sobre o pensamento fotográfico e possibilitou o reconhecimento do acervo do museu como um dos mais significativos da América Latina. Como curador recebeu mais três prêmios APCA. É autor de projetos com os mais importantes fotógrafos brasileiros. Livro de Rua (série fashion-abandono), seu trabalho de pesquisa que estabelece ligações profundas entre literatura, imagem e existência foi exibido entre fevereiro e março na Galeria UTÓPICA, em São Paulo. Atualmente finaliza O Livro dos Monólogos - Recuperação para Ouvir Objetos, com publicação prevista para maio de 2018, pela Vento Leste Editora.
Sesc - Serviço Social do Comércio Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli Gerentes Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Adjunta Nilva Luz Assistente Sandra Leibovici Estudo e Desenvolvimento Marta Raquel Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Difusão e Promoção Marcos Ribeiro de Carvalho Adjunto Fernando Fialho Sesc Carmo - Parque Dom Pedro II Gerente Simone Engbruch Avancini Silva Adjunta Dóris Sathler de Souza Larizzatti Coordenadores Programação Laudo Bonifácio Junior e Rosielle Francine Machado (técnica) Comunicação Demétrio de Almeida Leite Infraestrutura Silvio Miron Alimentação Susana Albino Administrativo José Santoro Filho
Fotografias Paulo Fridman Curadoria e texto Diógenes Moura Produção da exposição Coordenação do projeto Neoânima Comunicação Produção executiva Alberto deC. Alves, Dina Faria e Rodrigo Padin Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens Rodrigo Padin (QueDesign) Revisão Dina Faria Projeto expográfico Flávio da Silva Pires Assessoria contábil Beth Ceconi Impressão da exposição Estúdio Matiz e Anabase Arte e Memória
Agradecimento especial em homenagem e memรณria de Miguel Lafer e a todos os fotografados
Visitação Quarta a domingo e feriados, 10h às 18h Agendamento de grupos agendamento@carmo.sescsp.org.br Sesc Parque Dom Pedro II Praça São Vito, s/n – Brás 03007-070, São Paulo - SP Tel.: 11 3111-7400 /sescpqdompedro
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