O Caminho das Cores

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O CAMINHO DAS CORES FERNANDO FEIERABEND


Abstrato 6131, 2014

técnica mista sobre tela

100x100cm

coleção do artista


O CAMINHO DAS CORES FERNANDO FEIERABEND

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O Caminho das Cores. Abook - Editora, São Paulo, 2015 160p. Autor: Fernando Feierabend e Alberto Beuttenmüller ISBN 978-85-86664-38-0 1. Artes. Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos reservados à Abook - Editora.

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SUMÁRIO

CARTA DO PATROCINADOR ............................................................................ 7

APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 8

ENCONTROS ....................................................................................................... 38

A ESTRUTURA DA COR ...................................................................................... 60

PECULIARIDADE DAS CORES .......................................................................... 94

BAUHAUS, JOSEF ALBERS ................................................................................ 126

BATE PAPO .......................................................................................................... 144

CRONOLOGIA .................................................................................................... 156

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PATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

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CARTA DO PATROCINADOR

Com 40 anos de história e experiência em comércio exterior, o Grupo Cotia orgulha-se de contar com uma presença global nos quatro cantos do mundo. Através de sua atuação no mercado o Grupo Cotia teve a oportunidade de colocar o Brasil em contato com o que havia disponível ao redor do globo e também de levar um pouco do Brasil para o mundo. Acreditamos na importância do intercâmbio de experiências e culturas como forma de desenvolvimento do ser humano e nos empenhamos em difundir a cultura brasileira por meio do suporte a artistas brasileiros que são os protagonistas desse processo. Para o Grupo Cotia é um privilégio poder participar da disseminação da obra do grande artista que é Fernando Feierabend, propiciando assim acesso a um trabalho que engrandece a cultura brasileira.

Cotia Trading

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APRESENTAÇÃO

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No momento, Fernando Feierabend é a grande novidade nas artes visuais brasileiras. Ele pinta a cor pura diretamente na tela, não copia a natureza como faziam os clássicos, mas vai ao âmago da cor e a cor passa a existir em si, como um objeto, como algo que existe em si mesmo. E sem deixar de ser a cor total que conhecemos. Chegamos a um divisor de pintores, uns usam a cor como decoração e há pintores que usam a cor total. Comparado a Josef Albers, o grande pintor e mestre da Bauhaus, com diversas exposições individuais e coletivas, Feierabend já faz por merecer este livro. Nos meus 47 anos de crítica de arte jamais conheci um pintor jovem com o talento e a destreza de Fernando Feierabend. Talvez o fato de ser também arquiteto tenha facilitado o seu desempenho. Por isso irei acompanhar a sua carreira de pintor com o orgulho de apresentar este livro.

Alberto Beuttenmüller, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

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Fernando Feierabend é um dos novos talentos que despontam dentro do mercado de artes. Um artista determinado que sabe o que quer quando diz:

SOU PINTOR POR ESSÊNCIA, INSTINTO E VOCAÇÃO

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PROFISSÃO: PINTOR

Assim se define o artista plástico Fernando Feierabend, que prefere ser chamado de pintor. Reconhecido como um dos novos talentos que despontam no mercado das artes. É um artista determinado, que sabe o que quer quando diz: “Sou pintor por essência, instinto e vocação”. Aos 10 anos de idade, Feierabend teve sua primeira indagação mais séria a respeito da arte quando observou em uma galeria uma obra do consagrado pintor Tikashi Fukushima (1920-2001) e quis desvendar que universo seria aquele, o da pintura, da expressão e da emoção. Mal poderia imaginar o menino que, 20 anos mais tarde, a mesma galeria de arte acolheria os seus trabalhos, expondo-os na vitrine ao lado de outros mestres consagrados.

TALENTO NATURAL Feierabend teve uma infância dentro dos padrões tradicionais da classe média alta paulistana. Boas escolas, liberdade de escolha, visão considerável das oportunidades. Já na adolescência optou por estudar arquitetura e por ironia do destino a sua opção, a Faculdade de Belas Artes, estava sediada na atual Pinacoteca do Estado. Isso foi fundamental em sua escolha. A própria arquitetura do prédio o incitava a longas meditações sobre arte e composição arquitetônica. Foi ali que percebeu se identificar especialmente com desenhos geométricos, desenhos de observação e modelos vivos. Desenhava na rua, observando o antigo prédio.

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Privilegiado, teve entre seus professores mestres da arte como Renina Katz e Paulo von Poser, que acabaram despertando ainda mais seu interesse por artes plásticas. A partir deste contato mais próximo com a pintura e pesquisando profundamente sua própria essência, concluiu que ali estava seu caminho: o mundo da pintura. Ao terminar o curso de arquitetura, conheceu o trabalho de Alexandre Wolner e sua relação com a Universidade de Ulm, na Alemanha. Aventurou-se em uma viagem de conhecimentos e por um ano esteve no eixo Itália-Alemanha em constante aprendizado, onde pôde assimilar um pouco da cultura europeia. De volta ao Brasil, iniciou uma nova etapa de vida com o curso de pintura no Liceu de Artes e Ofícios. Por dois anos estudou técnicas e ampliou o conhecimento de materiais mais diversos. Passou a trabalhar com a tinta óleo e a acrílica.

O CAMINHO DAS CORES Aos 25 anos, ainda no período de estudos, fez sua primeira exposição coletiva. A partir daí esteve ativamente em salões de arte e exposições, estudando técnicas e comprometendo-se definitivamente com a cor. Hoje, Fernando Feierabend tem uma personalidade pictórica quase inconfundível, pois consegue abusar das cores vivas num diálogo privilegiado com as formas. Ali, ninguém fala mais alto: cor e forma se entrelaçam e conversam no mesmo tom. Sua arte traça o caminho das cores e a abstração das formas. Ele não se interessa por figuras, por desenhos - são as cores que lhe interessam. Juntar todas as cores é sua intenção.

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“As formas vêm exclusivamente para organizar as cores”, diz o artista. Como um grande balé, seu colorido exclusivo e pessoal nos faz perceber que o instinto prevalece na composição que se harmoniza. Não há premeditação, não há jogadas de formas ou estudos anteriores. A arte brota da essência das cores, vinda do âmago do artista, de sua verdadeira natureza. Não há atalhos entre ela e sua criatividade. Ao contrário de uma corrente de artistas que buscam um equilíbrio estudado para satisfazer a um interesse coletivo, Feierabend mostra-se sem amarras, livre destes condicionamentos e manipula a paleta a seu bel-prazer conseguindo um resultado solto, contemporâneo e iluminado. As perspectivas se revelam à medida que nos aprofundamos em sua obra. O equilíbrio aquecido e acontecido naturalmente foi gerado como canal condutor da cor e de seus efeitos. Em seu trabalho, uma cor pode pedir outra ou não, o artista desliza pela prancheta como o bailarino que compõe sua própria dança. Nota-se em sua obra influências de grandes mestres tachistas como o próprio Fukushima, que o provocou na infância, mas a sua liberdade de escolha torna sua arte peculiar e personalizada. Na definição de Feierabend: “Minha pintura é um trabalho sério com consequências boas”. Quem apreciar uma tela sua não poderá desmenti-lo. Sandra Setti, curadora e agente cultural. Atua no mercado de artes há 30 anos, desenvolve projetos culturais e administra vários espaços para a arte.

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AO CONTRÁRIO DE UMA CORRENTE DE ARTISTAS QUE BUSCAM UM EQUILÍBRIO ESTUDADO PARA SATISFAZER A UM INTERESSE COLETIVO, FEIERABEND MOSTRA-SE SEM AMARRAS, LIVRE DESTES CONDICIONAMENTOS E MANIPULA A PALETA A SEU BEL-PRAZER, CONSEGUINDO UM RESULTADO SOLTO, CONTEMPORÂNEO E ILUMINADO.

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Abstrato, 2005

técnica mista sobre tela 60x60cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato, 2005

técnica mista sobre tela 60x60cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 8176, 2009 acrílica sobre tela 80x130cm

coleção particular, Rio de Janeiro

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Abstrato, 2004

técnica mista sobre tela 110x140cm

coleção particular, São Paulo

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Violência e Necessidade, 1997 técnica mista sobre tela

230x180cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 0130, 2005

técnica mista sobre tela 140x190cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato verde, 2005

acrílica sobre tela 110x140cm

coleção Arthur Di Dio, Nova York

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Abstrato, 1997

acrílica sobre tela

250x180cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato vermelho, 2005 técnica mista sobre tela 100x130cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 01544, 2012 acrílica sobre tela 100x100cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato vermelho, s.d.

técnica mista sobre tela 90x130cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 3042, 2009 acrílica sobre tela 100x100cm 36

coleção Lilian Krakauer, São Paulo


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ENCONTROS

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O VENTO EM DJEMILA Texto escrito para a exposição individual “O Vento em Djemila”, de Fernando Feierabend, realizada em setembro de 1997 na Galeria Portal, São Paulo.

Fernando Feierabend, ao apresentar suas pinturas na Galeria Portal, desvenda performances da cor em dois tempos, ambos religados ao texto “O Vento em Djemila Núpcias, O Verão”, de Albert Camus, da preciosa descrição, os significados das palavras: vento e calor, sol, sinais de ternura e de cólera detonam o universo imaginário do artista, que reverte para médios e grandes formatos de pintura acrílica. Na série de quadros médios, meticulosamente enquadrados, sinais e traços compassados, sequências horizontais ou verticais em geral, vermelhos contrapõem-se a manchas fortes de ocre, azul, verde, construtivos do segundo e do terceiro planos da pintura. Os sinais pintados criam tensão vigorosa no espaço da composição das telas. Nestas, o artista transporta o significado de “Ternura e de Cólera”, de Camus, para sinais cromáticos de presença remarcável. Nas obras de grande formato, porém, a pintura revoluciona-se e implode-se em consonância à alusão literária do escritor argelino, quando ele escreve: “Há lugares onde o espírito morre afim de que nasça uma verdade que é sua própria negação”. O jovem artista contrasta a fatura pictórica desta série à da anterior ao aumentar a área da composição, dando-lhe proporções variadas. As telas têm corpo mais amolengo, o tecido não é estirado com a rigidez habitual para receber as tintas. Percebe-se que o comando da lógica que preside o fazer

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artístico convencional abandona-se ao febricitante impulso da excitante manifestação da gestualidade pictórica. A vibração cromática é envolvente, aguça a visibilidade, permitindo-nos descobrir jogos cromáticos que montam perspectivas e planos, dos quais emergem paisagens de florestas de caminhos e atalhos que nos colocam em livre diálogo com a cor. Daí, a invenção não será exclusividade do artista, pois diante dos quadros a imaginação do visitante avança sem limites, permitindo-lhe ver formas e tonalidades que talvez nem o autor da obra ainda as percebeu, consuma-se o mérito artístico dessas obras, de participação coletiva e que, ao mesmo tempo, promovem a presença da cor como ela é, apenas corpo físico e significante de si própria. Vale salientar que as telas mostram exercícios de criação cromática, dos quais uns derivam de sistemas de aprendizagem e, outros, do comportamento emocional do artista com a pintura. Ambos têm a seu favor o empenho e o ensaio e a vontade de Fernando Feierabend penetrar na intimidade da cor e, naturalmente, da luz que revela aos nossos olhos. Vale lembrar que o artista e outros contemporâneos buscam textos e reflexões de natureza, origem e épocas diversas para refundar o conhecimento sobre novos conceitos, na ânsia de repensar a arte e o fazer artístico. Refazem o percurso da história a seu modo e conveniência, talvez movidos pela necessidade de entender e de se movimentar na nova relação espaço/tempo que eles têm para viver.

Radha Abramo, crítica de arte.

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A NATUREZA COMO ARGUMENTO Texto da apresentação feita por Fernando Feierabend em setembro de 1997 dentro da série “Encontros” realizada pela Meta 29, por conta da exposição “O Vento em Djemila”.

A pintura me acompanha desde a Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde cursei e me formei em arquitetura. Já o meu encontro com Albert Camus foi por meio de “O Estrangeiro”, depois vieram “A Queda” e outros, mais foi em “Núpcias, O Verão” que houve o encantamento. Em 1992, durante uma viagem à Alemanha por alguns meses, pude compreender o que era verdadeiramente o sol, o mar, as emoções fáceis (felicidades fáceis, segundo Camus). Acompanhado de “Núpcias, O Verão”, pude desfrutar das delícias e sensações tão descritas na única literatura em português que eu tinha naquele momento. As imagens e o registro de todo esse aprendizado me permitiu, já no início de 1993, fazer a minha primeira exposição coletiva. Em setembro de 1997, na Galeria Portal, sob curadoria de Lúcia Py, pude dar mais um passo e perceber a enorme importância que Camus exerce na minha obra. Hoje, graças a toda a equipe da Meta29, estamos aqui para esse nosso encontro, o primeiro dos que virão, importante para que todos nós possamos refletir sobre os nossos encontros.

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Com uma frase de Camus, iniciamos aqui a nossa conversa, o nosso encontro.

MUITAS VEZES SE TEM COLOCADO NA PINTURA IDEIAS MAIS ADEQUADAS À LITERATURA

Será que poderíamos dizer o mesmo de um texto? Esse texto é uma pintura... como se costuma dizer. As descrições das cores, dos sons, os pios dos pássaros, o vasto silêncio, pesado e compacto, a personificação das coisas ou suas desmistificações: “Se há dias que a natureza mente, há dias que ela diz a verdade” ou “O que é o azul ou o que devemos pensar do azul? A mesma dificuldade existe quando se trata da morte. Não sabemos argumentar nem sobre a morte nem sobre as cores” (Albert Camus). Ou ainda em descrições, como em “Núpcias em Tipasa”, que mais me lembram quadros que poderiam ser de Van Gogh ou talvez Cézanne: “Na primavera Tipasa é habitada pelos deuses e os deuses falam no sol, no odor dos absintos, no mar revestido por uma couraça de prata, no céu de um azul inclemente, nas ruínas cobertas de flores e na luz que jorra aos borbotões por entre as pedras amontoadas. Em certas horas o campo fica negro de sol. Os olhos tentam inutilmente perceber outra coisa que não sejam as gotas de luz e as cores que tremem na beira dos cílios...” (Albert Camus).

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As descrições que narram a confusão e a mistura do homem com o seu trabalho, a plena simbiose dos homens comuns com seus afazeres, do artista e sua obra (é difícil não associar Van Gogh à sua obra e vice-versa) ou como cita Camus em “O Deserto”: “Assim como certos camponeses da Espanha chegam a assemelhar-se às oliveiras de suas terras”. Ou a mistura de realidade e ficção, de sonho e verdade. Da obra viva. E da consciência que “o artista escolhe o seu assunto tanto quanto é escolhido por ele”, sentir junto à sua obra, a um só tempo, o desprendimento de si mesmo e a intensidade da presença no mundo.

ENCONTRAR-SE NO MEIO DO CAMINHO DO ARTISTA E DA SUA OBRA

O meu encontro ou o meu encantamento por Camus passa por essas descrições e caminha mais além, passa pela imensa responsabilidade que todo artista tem para consigo e para com todos. A importância e a desimportância (“É a arte um luxo mentiroso?”), a responsabilidade ou a irresponsabilidade, a vaidade, o monólogo ou o que Camus chama de “o regozijo solitário”. Muito aprendi das cores nesse meu encontro, mas a arte, segundo Camus, não é um regozijo solitário. É um meio de comover o maior número de homens, oferecendo-lhes uma imagem privilegiada dos sofrimentos e das alegrias comuns. Obriga, pois, o artista a não isolar-se; submete-o à verdade mais humilde e mais

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universal. E aquele que muitas vezes escolheu o seu destino de artista porque se sentia diferente bem depressa aprende que não conseguirá alimentar a sua arte, e a sua diferença, senão confessando a sua semelhança com todos. Já o “regozijo solitário” ao contrário, seu papel “é legislar ou reinar, enquanto a arte em primeiro lugar, é compreender. O artista não é um juiz, mas um justificador”.

BIBLIOGRAFIA Livros CAMUS, Albert. “Cartas a um amigo alemão”, Ed. Livros do Brasil, 2003. CAMUS, Albert. “O Mito de Sisífo”, Ed. Livros do Brasil, 2005. CAMUS, Albert. “O Avesso e o Direito seguidos de discursos da Suécia”, Ed. Livros do Brasil, 2007. CAMUS, Albert. “Núpcias, o Verão”, Ed. Nova Fronteira, 1979. BARRETTO, Vicente. “Camus vida e obra”, Ed. Paz e Terra, 1971. MATHIAS, Marcello Duarte. “A felicidade em Albert Camus”, Ed. Dom Quixote, 2013. CAMUS, Albert. “O estrangeiro”, Ed. Record, 1996. CAMUS, Albert. “Diário de Viagem”, Ed. Record, 1978. CAMUS, Albert. “A Peste”, Ed. Record, 1997. TODD, Olivier. “Albert Camus, uma vida”, Ed. Record, 1998. CAMUS, Albert. “A Queda”, Ed. Record, 2002. CAMUS, Albert. “O Primeiro homem”, Ed. Nova Fronteira, 1994.

Jornais e revistas Jornal da Tarde, “Camus em busca da liberdade essencial”, 04/01/1985.

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O vento em Djemila, 1997 acrílica sobre tela 120x100cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato, 1997

acrílica sobre tela 100x100cm

coleção Lúcia Py, São Paulo

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Argel, 1997

acrílica sobre tela

100x120cm

coleção Márcia Cristina Anteghini, São Paulo

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Abstrato vermelho, 2005 acrílica sobre tela 190x160cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato, 1997

acrílica sobre tela

100x120cm

coleção particular, São Paulo

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Constantina, 1997 acrílica sobre tela 160x140cm

coleção Vanessa e Sylvio Alves de Barros, São Paulo

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Abstrato vermelho, s.d. óleo sobre tela 120x160cm 58

coleção particular, São Paulo


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A ESTRUTURA DA COR

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A ESTRUTURA DA COR

Os fenômenos visuais são os mais numerosos e complexos em nossas vidas e o papel da cor na comunicação visual artística é de considerável importância. Algumas vezes a cor tem sido o único conteúdo relevante em uma obra de arte. Este é o caso do pintor Fernando Feierabend, que, apesar do sobrenome alemão, é paulistano e vive em São Paulo, sendo uma das novas revelações da atual pintura abstrata paulista. Lembrome do texto do catálogo da exposição “The Structure of Color”, de Márcia Tucker, na exposição de mesmo nome no Whitney Museum of American Art, Nova Iorque, 1971.

Para analisar a cor – cerne da obra de Feierabend – é preciso fazer certas considerações. Isso porque a cor afeta os olhos e o coração tanto física quanto metaforicamente, de modo mais direto do que qualquer outro elemento pictórico. Nos seus aspectos místico e poético, a cor pode oscilar entre a envolvente e palpitante sensação de calor, como nos vermelhos de Feierabend; e a fria e revigorante sensação de luz e espaço, como nos azuis profundos deste artista, quase sempre a dominar a composição. É quase impossível definir a cor. Percebe-se, sente-se - são sensações às quais reagimos sempre individualmente. A cor foi sistematizada e codificada por vários teóricos, desde o fim do séc. XVIII ao começo do séc. XIX (entre os quais Newton, Rood, Chevreul, Munsell, Oswald e Goethe), mas o seu correto uso teórico não assegura a gênese de uma pintura.

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Na pintura de Feierabend nota-se o empenho do pintor em nos proporcionar tais sensações a partir de elementos orgânicos, certas formas fechadas que nos lembram cristais ou meteoritos, em meio a uma intensa expressividade de cores construídas com rigor, numa autêntica arquitetura de formas e cor. Entre a expressividade da pincelada, seja no uso de óleo sobre tela, seja no uso de tinta acrílica, ou até em ambas, quando o artista as mistura para causar efeitos de luz/cor há por trás uma ordem que transparece na sua linguagem. A obra de Fernando Feierabend é rara demonstração dos embates existentes dentro da linguagem. Sabemos que a linguagem é formada por dois princípios: o sistema de elementos, conceitos, relações, princípios, que podemos chamar de gramática, e a expressão. Há dentro da linguagem uma luta dialética entre o sistema e a expressão. Ou seja, quanto maior o rigor, menor a expressão. Se o rigor prepondera, a linguagem pictórica se fecha, se empobrece, torna-se acadêmica. No caso de Fernando Feierabend, a linguagem é expressiva graças às sensações de cor e luz que a obra perfaz. O rigor construtivo de algumas telas está por trás da expressão só para que a superfície pintada não se torne caótica. Sua pintura é de cunho poético e tem na cor a sua prioridade, tornando sua pintura expressiva, mas sem perder o rigor jamais.

Alberto Beuttenmüller.

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Abstrato vermelho 1963, 2012 acrílica sobre tela 120x160cm

coleção Hilmar Diniz Paiva, São Paulo

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Abstrato, s.d.

técnica mista sobre tela 90x80cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 6257, 2012

técnica mista sobre tela

120x160cm

coleção do artista

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Abstrato amarelo 8150, 2010

acrílica sobre tela 110x140cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato vermelho, s.d.

técnica mista sobre tela 150x200cm

coleção Guy Puglisi, São Paulo

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Abstrato 4702, 2014

técnica mista sobre tela

110x160cm

coleção do artista

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Abstrato 2774, 2012 acrílica sobre tela

díptico 160x220cm

coleção Audax Soluções Financeiras, Campinas, SP

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Abstrato 1453, 2005

técnica mista sobre tela 100x130cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato azul com vermelho e transparências, 2009 acrílica sobre tela

130x160cm

coleção Felipe e Marlene Figliolini, São Paulo

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Abstrato 3266, 2009 acrílica sobre tela 110x160cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato SS 102992, 2012 técnica mista sobre tela 100x120cm

coleção Matheus Mamede, Campo Mourão, PR

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Abstrato branco, s.d.

técnica mista sobre tela

100x120cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato verde e laranjas, 2005

acrílica sobre tela 140x110cm

coleção do artista

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Abstrato 1437, s.d. acrílica sobre tela 50x60cm

coleção Wagner Bisco, Campinas, SP

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Abstrato SS 102020, 2012 acrílica sobre tela 120x150cm 92

coleção Evandro César de Souza, São Paulo


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PECULIARIDADE DAS CORES

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PECULIARIDADES DAS CORES

Na pintura, a cor é o elemento mais independente do realismo e o mais capaz de causar uma ilusão convincente sem a ajuda de qualquer expediente ou de um recurso estruturador. Se vemos uma vaca roxa, existem três possibilidades: 1. a vaca não é real; 2. a vaca foi pintada; 3. estamos tendo uma alucinação. A cor age diretamente sobre nossa sensibilidade independentemente do significado inelegível. A cor, tal qual a música, pode ser apreendida sem ser necessário recorrer às ideias. Experimentamos a cor sem ter a necessidade de compreendê-la. Em parte por causa de sua natureza – complexidade, mistério, variedade e adaptabilidade –, a cor atinge visão, percepção e emoção, que são básicas e disponíveis a todos aqueles que conseguem ver. Todas as substâncias no meio ambiente são pigmentadas. A menor das variações em qualquer das cores resulta em nova pintura, radicalmente diferente da anterior quanto ao sentir. Quando uma segunda cor entra em cena, as cores não só mudam, mas o potencial de ilusões aumenta.

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Nas pinturas de Josef Albers, por exemplo, quadrados com sombreados variados estão sobrepostos, cada cor alterando a seguinte e as circundantes (Albers emprega apenas cores de fabricantes aplicadas diretamente do tubo, sem misturas). Quando falamos de cores, estamos também falando de tato, gosto, som e temperatura - fatores empíricos nas nossas vidas diárias, todos sujeitos às extravagâncias do gosto pessoal e aos ditames do estilo histórico.

EMOÇÕES PRIMÁRIAS COMO ALEGRIA, MELANCOLIA, ANSIEDADE, PRESSENTIMENTO OU TRANQUILIDADE, POR EXEMPLO, ESTÃO ENTRE OS SENTIMENTOS EVOCADOS NAS TELAS DE FEIERABEND

É o que acontece com Josef Albers. É o que acontece com Fernando Feierabend.

Alberto Beuttenmüller.

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Abstrato 01576, s.d. acrílica sobre tela 80x100cm

coleção particular, São Paulo

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O Banquete, 2005 acrílica sobre tela 100x200cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 6304, 2010

técnica mista sobre tela 110x160cm

coleção Bete e Viviane Colabone, São Paulo

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Abstrato 2889, 2012

técnica mista sobre tela

110x160cm

coleção Maria Rita e Mike Alexander, São Paulo

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Abstrato vermelho, 2014 acrílica sobre tela 130x300cm

coleção Sandra Noal, Ilhabela, SP

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Abstrato 8112, 2010

técnica mista sobre tela 70x90cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato azul minha árvore, 2009 técnica mista sobre tela 80x110cm

coleção do artista

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Abstrato branco 3517, 2009 técnica mista sobre tela 90x120cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 3342, 2010

técnica mista sobre tela

90x110cm

coleção Eliana Giannoccaro, São Paulo

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Abstrato série varais 3403, 2009 técnica mista sobre tela 130x190cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 8064, 2009 acrílica sobre tela 90x150cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato vermelho e azul cobalto, 2005 técnica mista sobre tela 100x140cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 3891, 2005

técnica mista sobre tela 130x160cm

coleção do artista

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Abstrato, 2005

técnica mista sobre tela 90x130cm 124

coleção particular, São Paulo


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BAUHAUS JOSEF ALBERS

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BAUHAUS

Criada a partir da fusão da Academia de Belas Artes com a Escola de Artes Aplicadas de Weimar, na Alemanha, a nova Escola de Artes Aplicadas e Arquitetura traz na origem um traço destacado de seu perfil: a tentativa de articulação entre arte e artesanato. Ao ideal do artista artesão - defendido pelo arquiteto germânico Walter Adolf Gropius (1883-1969), que liderou a fundação da Bauhaus em 1919 - soma-se a defesa da complementaridade das diferentes artes sob a égide do design e da arquitetura. O espírito que conduz o programa da escola é a ideia de que o aprendizado e o objetivo da arte se ligam ao fazer artístico, o que evoca uma herança medieval de reintegração das artes e dos ofícios. A proposta de Gropius para a Bauhaus deixa entrever as dimensões estética, social e política de seu projeto. Trata-se de formar novas gerações de artistas de acordo com um ideal de sociedade civilizada e democrática, em que não há hierarquias, mas somente funções complementares. O trabalho conjunto, na escola e na vida, possibilitaria não apenas o desenvolvimento das consciências criadoras e das habilidades manuais como também um contato efetivo com a sociedade urbano-industrial moderna e seus novos meios de produção. A ligação mais efetiva entre arte e indústria coincide com a mudança da escola para Dessau, em 1925. A Bauhaus atrai artistas de vanguarda de diversas nacionalidades nem sempre afinados em termos de filiações teóricas, gerando a convivência de orientações estéticas díspares dentro da escola e redefinições no projeto ao longo de sua história. Do corpo

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docente fazem parte Johannes Itten (1888-1967), Theo van Doesburg (1883-1931), Paul Klee (1879-1940), Marcel Breuer (1902-1981), Hannes Meyer (1889-1954), Mies van der Rohe (1886-1969), Oskar Schlemmer (1888-1943), Josef Albers (1888-1976) e outros. A diversidade dos colaboradores é responsável pelo contato direto da Bauhaus com diferentes tendências da arte europeia. O ano de 1928 marca a saída de Gropius da direção e sua substituição pelo arquiteto suíço Hannes Meyer, o que sinaliza uma ênfase mais social em relação ao design, traduzida na criação de um mobiliário de madeira - mais barato, simples e desmontável - e de grande variedade de papéis de parede. Diante das pressões do nazismo sobre Meyer, em 1930, a escola passa a ser dirigida pelo arquiteto Mies van der Rohe. Ela é oficialmente fechada em 1932 e, após uma tentativa frustrada de recomposição em Berlim, encerra suas atividades por determinação dos nazistas, em 1933. A emigração dos professores da escola é fator decisivo na difusão das ideias da Bauhaus pelo mundo todo, especialmente para os Estados Unidos, para onde se dirigem boa parte deles

(Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural) .

JOSEF ALBERS Josef Albers nasceu em 19 de março de 1888 em Bottrop, Westphalia, Alemanha. Artista-educador, é considerado um dos mais notáveis educadores da prestigiosa Bauhaus. É autor de uma série que chamou de Homenagem ao Quadrado (“Homage to the Square”), considerada sua obra-prima, sobre a qual o artista explorou as interações cromáticas através de planos e arranjos concêntricos. Albers estudou em Berlim, Essen e Munique antes de se tornar estudante em curso básico ministrado por Johannes Itten, na Bauhaus. Em 1923, devido aos seus conhecimentos aprimorados sobre as artes manuais, o diretor e fundador da Bauhaus,

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Walter Gropius, convida Josef Albers a integrar o programa preliminar Werklehre. Em 1925 foi promovido a professor, ano em que a Bauhaus se transfere para Dessau. Enquanto jovem professor de arte, Albers leciona na Bauhaus junto com artistas de grande notoriedade, tais como Oskar Shlemmer, Wassily Kandinsky e Paul Klee. Depois do encerramento da Bauhaus devido à repressão nazista, em 1933, Albers emigra para os Estados Unidos. Em novembro daquele ano ingressa na Black Mountain College, na Carolina do Norte, onde principia o seu programa de pintura. Em 1950, passa a dirigir o departamento de design da Universidade de Yale. Em Yale, desenvolve o programa de artes gráficas. Ali permanece até 1958, ano de sua reforma. Em 1962 é galardoado pela Graham Foundation. Em 1963, Josef Albers publica o seu “Interaction of Color”, que apresenta a teoria segundo a qual as cores são governadas por uma lógica interna e ilusória. Em 1973 é eleito membro da Academia Americana de Arte e Ciências. Continua o seu programa de pintura, como autor, em New Haven, até falecer em 1976. Josef Albers é considerado designer, fotógrafo, tipógrafo e poeta e reconhecido pelos seus trabalhos como pintor abstrato e teórico. Albers favoreceu uma abordagem reconhecidamente disciplinar da composição. Josef Albers foi ao âmago da cor e é nesse ponto que Fernando Feierabend mantém coincidências com Albers. Ambos chegaram à conclusão de que a cor tem vida própria e, assim, eles não precisavam de mais nada para pintar. Aí está a diferença entre artistas que pintam a cor e artistas que a usam apenas como decoração.

Alberto Beuttenmüller.

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Abstrato SS 102139, 2009

técnica mista sobre tela 190x160cm

coleção particular, Fortaleza, CE

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Abstrato 6318, 2012

técnica mista sobre tela 110x160cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 21388, 2012 acrílica sobre tela 100x90cm

coleção Evandro César de Souza, São Paulo

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Abstrato SS 102091, 2008 técnica mista sobre tela 140x110cm

coleção Evandro César de Souza, São Paulo

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Abstrato 0329, 2009

técnica mista sobre tela 150x120cm

coleção Evandro César de Souza, São Paulo

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Abstrato 1944, 2009 acrílica sobre tela 120x30cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 31822, 2009 acrílica sobre tela 80x60cm

coleção Mohamed Chain, Florianópolis, SC

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Abstrato 3717, 2009 acrílica sobre tela 100x140cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 3873, 2009 acrílica sobre tela 120x150cm

coleção Lúcia Rosemberg, São Paulo

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Abstrato azul série horizontes 5388, 2010 acrílica sobre tela 120x90cm

coleção do artista

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Abstrato azul e vermelho, 2012 técnica mista sobre tela 110x160cm

coleção particular, São Paulo

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Abstrato 879, 2012 acrílica sobre tela 90x110cm

coleção particular, São Paulo

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Marinha, 2012

acrílica sobre tela 120x160cm

coleção particular, São Paulo

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BATE PAPO

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ENTREVISTA DE ALBERTO BEUTTENMÜLLER COM FERNANDO FEIERABEND

QUAL FOI SEU PRIMEIRO CONTATO COM AS ARTES PL ÁSTICAS? QUANDO AS ARTES ENTRARAM NO SEU MUNDO? Vou te contar uma história que resume o meu primeiro contato com as artes plásticas, minha história e um sonho de criança. Minha mãe frequentava escritórios de arte e galerias, além de colecionar obras de alguns artistas. Sempre fui muito ligado à pintura e a acompanhava nessas visitas. Quando eu tinha 11 ou 12 anos, talvez 1979 ou 1980, muito jovem ainda, estive com ela em uma galeria, antiga Marques Galeria, paramos em frente à vitrine e lá estava exposto um Fukushima, marrom, de uma beleza incrível, que me causou um impacto que eu não compreendi naquele momento. Estudei arquitetura na Faculdade de Belas Artes de São Paulo com professores como Renina Katz e Paulo von Poser. Em 1991, aos 25 anos, me formei arquiteto. Em 1992, fui para a Alemanha cursar “kommunikations design” (design de comunicação). De lá, acabei viajando para a Itália e voltei ao Brasil depois de cerca de nove meses na Europa. Aqui, me matriculei no Liceu de Artes e Ofícios e fiz durante dois anos o curso de pintura. Logo comecei a pintar diariamente, visitando posteriormente galerias e apresentando meu trabalho. Em 1997, recebi a ligação do marchand da Marques Galeria, que conseguiu meu contato quando eu pintava o painel do aeroporto de Congonhas. Comecei a trabalhar com ele e nos tornamos amigos. Como arquiteto, fiz também alguns trabalhos para ele e seus familiares.

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No ano de 2001 fiz o projeto e a obra da reforma da galeria, depois chamada New York Gallery. Quando fomos tirar o tapume para inaugurar o espaço, parei em frente à vitrine do lado de fora e lá estava meu quadro na mesma vitrine que eu havia visto o Fukushima aos 12 anos. Eu estava de pé, ali em frente, desta vez, era a minha obra.

EXISTIU OU EXISTE UMA PESSOA EM ESPECIAL QUE LHE INSPIROU NESTE CAMINHO OU LHE INCENTIVOU? São muitas e por diversas e diferentes razões. Cláudio J. P. Saltini foi quem me deu o pontapé definitivo e mais importante, Radha Abramo, por olhar meu trabalho com carinho e seriedade, Márcia Cristina Anteghini, arquiteta de talento, amiga em todos os momentos, Cláudia Mussi, responsável por este projeto. Alberto Beuttenmüller, Lúcia Py, Cris e Pedro Barbastefano, Mário e Malvina Gelleni, da galeria Portal, Sylvio Alves de Barros, Eduardo Karchvartanian, Marlene e Felipe Figliolini, Aparecida Marques Barbosa, Cléo e Marques, Manoel Bezerra da Silva, Hilmar Diniz Paiva, Casa Elias, Mauro e Carlinhos, Tran Tho e Cookie, minha esposa. Todos que possuem obras minhas, que perpetuam o meu trabalho, Marina Levy, Marcelo Mello, Ana Cristina Canettieri, Celma e Celso Ferro, Juliana Ribeiro Lima, Fábio Lima, Eliane Fratte, Ricardo e Mariana de Carvalho Alves, Heloisa Fragetti, Vera Arantes Campos, Ricardo e Cibele Bachert e Wagner Bisco.

EM QUE MOMENTO SE VIU OU FOI RECONHECIDO COMO ARTISTA PL ÁSTICO? Em 1992, eu tive a convicção de que estava fazendo um bom trabalho, naquela época eu já compreendia todo o processo criativo do início ao fim. Mas o reconhecimento veio dois anos depois, quando levei meu trabalho num sábado de manhã para um pintor amigo meu, que já era famoso e tinha um atelier que servia como galeria. No momento em que cheguei, ele estava atendendo um cliente e mostrando seu acervo. Me

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pediu que deixasse o trabalho ali e aguardasse ele terminar a conversa. Em dado momento ele me chamou e disse que o cliente havia gostado muito de tudo que tinha visto, mas que gostaria de comprar o meu quadro. Meu amigo foi muito generoso, eu não sabia nem a que preço poderia vendê-lo. O cliente era de Maringá, disso me lembro. Abriu a carteira, me pagou e levou o quadro na mesma hora.

VOCÊ DECIDIU SEGUIR ESSA CARREIRA POR VONTADE PRÓPRIA OU PORQUE SEMPRE LHE FAL AVAM QUE VOCÊ TINHA VOCAÇÃO PARA ARTISTA PL ÁSTICO? Creio que fui levado pela minha necessidade de pintar, vocação é uma coisa muito subjetiva e minha necessidade era por demais objetiva. Nunca soube o que seria, sabia o que queria fazer.

QUEM FORAM SEUS PRIMEIROS CLIENTES? Vendi meus primeiros trabalhos a amigos e familiares. Pintava por necessidade e precisava comprar material, tintas, telas. Para calcular o preço, eu pegava o valor que gastava em tintas e telas e vendia a obra pelo dobro, para que eu pudesse comprar material para pintar outros dois trabalhos.

VOCÊ NÃO FAZ PROJETOS OU ESTUDOS PARA SUAS PINTURAS? Não faço para meus quadros, apenas para projetos especiais que envolvam outros profissionais ou onde utilizo materiais que não são do meu dia-a-dia. Quando pinto a relação é direta com minha obra, todos os meus quadros podem ser considerados projetos, de certa maneira. Tem uma consideração interessante que o arquiteto Steven Holl faz sobre a arquitetura, a música e a pintura: “O percurso da arquitetura deve conduzir do abstrato ao concreto, do não formado ao formado. Enquanto um pintor ou um compositor podem se deslocar do concreto ao abstrato, um arquiteto deve trabalhar na direção inversa, incorporando gradualmente as atividades humanas no que começa como um diagrama abstrato”.

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QUANTO TEMPO VOCÊ DEMORA PARA FAZER UM TRABALHO? Não tem um tempo definido, já pintei quadros muito rapidamente, e eram trabalhos muito bons. Hoje desconfio de quadros que saem muito rápido. Deixo eles descansarem um pouco. Não gosto de ficar muito tempo também em um quadro que não me responde. Muitas vezes trabalho em um quadro e não consigo o que quero, deixo ele de lado. Em dado momento volto e em poucas horas ou mesmo duas pinceladas, tenho ele pronto. Outro dia ouvi uma máxima que achei interessante: quando você olha para o seu trabalho e ele já não se parece seu, é porque está ganhando asas e ficando - ou já está - pronto.

MAS VOCÊ NÃO TEM AQUEL A MANIA DE FICAR MESES MEXENDO NUM MESMO TRABALHO? Não gosto de conversas que se alongam com o quadro, quero que ele flua e me indique caminhos. É preciso compreender o tempo da obra e não insistir ou forçar as coisas. Isso vale para vida também [risos]. Gosto de sentir o trabalho fluir, vou buscando e encontrando, buscando e encontrando, cada quadro tem um caminho próprio, deve ocorrer como se fosse sem esforço.

VOCÊ TEM UM HORÁRIO PREFERIDO PARA TRABALHAR OU É MOVIDO PEL A INSPIRAÇÃO? Já gostei de trabalhar à noite ou de madrugada. Hoje prefiro o dia. Acredito na inspiração, mas ela pode ser guardada e bem guardada e trago ela quando vou pintar. A inspiração pode ser estocada, não é como a energia elétrica [risos]. Aliás, como eu disse anteriormente que já pintei quadros muito rapidamente, hoje gosto de conversar com a minha inspiração. Meu tempo hoje é diferente. O fazer me interessa. É através do fazer que se dá vida às ideias. “O mundo é dos que o conquistam, não dos que sonham em conquistá-lo, ainda que com razão”, já dizia Fernando Pessoa. Existem milhares de pintores que nunca pintaram, cantores que nunca cantaram, estes não me interessam.

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QUAL O ITEM MAIS INDISPENSÁVEL NO SEU ESTÚDIO? Gosto de ter todo o material que preciso em mãos. Gosto de boa luz, boa música e me sentir confortável no espaço onde estou trabalhando. No atelier a circulação e o acesso a tudo me é indispensável. De qualquer maneira, se não tenho tudo disponível, preciso saber o que tenho em mãos para trabalhar, não gosto de interromper meu trabalho por falta de uma cor ou de materiais. Se não tenho um vermelho específico ou um verde, nem cogito a presença dele no trabalho para não me atrapalhar. Tenho uma relação de afeto e cumplicidade com os materiais. Quero que eles sintam que estão sendo transformados em algo novo.

DE QUE FORMA A PINTURA EXERCE INFLUÊNCIA NO SEU COTIDIANO? De diversas maneiras, o diálogo franco com os materiais, a expectativa, o tempo que é necessário para secagem e finalmente quando tenho a obra pronta. Mas um trabalho não se encerra aí, ele tem que circular e encontrar seu dono. Penso que nada está definitivamente pronto e nada também está definitivamente inacabado. Somente o que negamos está pronto e no meu trabalho não procuro a negação, me relaciono com a aceitação e procuro soluções. Recuso às dúvidas quando estou trabalhando. A dúvida é da família da negação. Quando o trabalho está pronto, a relação se inverte e cito de novo Steven Holl: “Não é o que o artista aceita, mas sim o que ele recusa o que define o significado de sua obra”. Isso vale para a minha vida cotidiana.

QUAL FOI A ENCOMENDA QUE MAIS MEXEU COM SEU EGO, COMO LIDA COM TRABALHOS POR ENCOMENDA? Gosto de encomendas, mas gosto de clientes que saibam respeitá-las. Quero que eles

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comprem o meu trabalho, não o meu quadro propriamente dito. Dois momentos foram importantes: o painel do lobby do Galleria Plaza em Campinas, em 2002, e o quadro que fiz para a recepção da Audax Soluções Financeiras, também em Campinas, em 2012. Não creio que mexeram com meu ego propriamente dito, mas considerei e aceitei a oportunidade.

PARTICIPA DE ALGUM COLETIVO DE ARTISTAS, MESMO QUE NÃO ENVOLVA A PRODUÇÃO DE OBRAS, MAS PEL A DISCUSSÃO DAS EXPRESSÕES OU PELO PURO CONTATO COM SEUS PARES? Não participo, tenho diversos amigos artistas com quem vou a exposições e converso, mas pouco sobre arte. Conversamos sobre tudo, mas pouco sobre o trabalho de cada um. O trabalho deve dar o assunto, e não ser o assunto em si. Quem deve conversar sobre meu trabalho é alguém que o conheça, daí a importância do crítico de arte para o artista.

VOCÊ GOSTA QUE COMENTEM OU FALEM DO SEU TRABALHO? Gosto sim. Uma análise crítica, de pessoas especializadas, ou quando falam com o coração é bem-vinda. Gosto da frase que diz: “Sempre tenho disposição e vontade de aprender, mas nem sempre que me ensinem” [risos].

COMO ACONTECERAM E ACONTECEM AS MUDANÇAS NO SEU TRABALHO? Muitas vezes por razões banais, um detalhe completamente fora de explicação. Minha mulher uma vez viu um quadro meu, antigo, na casa de um cliente e disse que gostaria que eu pintasse um novo que fosse daquela fase, parecido. A partir dali, fiz um trabalho e mudei de fase novamente, que durou sete anos, é a fase que chamei de “Horizontes”. Existiu um momento também, quando viajei para Europa, em que o meu trabalho mudou bastante, como dá para ver no projeto “Encontros”.

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ONDE VOCÊ ENCONTRA IDEIAS PARA O SEU TRABALHO? Elas podem acontecer em uma experiência simples ou banal. Posso encontrá-las uma, duas ou três vezes em um dia. Quando não acontece, crio condições para que elas apareçam. Tem uma frase de Abraham Lincoln que diz: “Não se podem criar experiências, é preciso passar por elas”. No caso da inspiração e das ideias creio ser possível criá-las.

VOCÊ TEM UMA ROTINA DE IR A MUSEUS E GALERIAS? Adoro ir a museus, galerias de arte e institutos de arte, como o Tomie Ohtake e o Moreira Salles, em São Paulo. Gosto dos lugares onde temos o tempo necessário para ver as obras. Museus com obras contemporâneas e especialmente dos grandes pintores são os que mais frequento. Gosto de levar meus filhos e ver crianças frequentando museus. Um país que quer ser desenvolvido deve ter museus, não só galerias.

QUAL FOI A ÚLTIMA MOSTRA QUE O SURPREENDEU? A exposição dos Gêmeos e do Pancetti, ambas na Faap. As obras e a montagem estavam maravilhosas. Beatriz Milhazes e Daniel Senise na Pinacoteca também.

QUAL OBRA DE ARTE VOCÊ GOSTARIA QUE FOSSE SUA? Esta pergunta eu poderia entender como o trabalho que fosse meu, no sentido que eu o tivesse feito, ou gostaria de ter feito. Assim, te diria que são os trabalhos de difícil realização. São alguns artistas de quem admiro o trabalho e teria na minha coleção, como Yolanda Mohalyi, Mabe, Fukushima, Gonçalo Ivo, e os grandes mestres como Paul Gauguin, Pissaro, George Innes e Eugéne Bodin.

O QUE A ARTE REPRESENTA PARA VOCÊ? Creio que a arte é o que há de mais importante para o ser humano, é o que há de mais objetivo no mundo, o resto é tudo relativo e subjetivo.

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QUAL A IMPORTÂNCIA DO ARTISTA PL ÁSTICO? Creio na importância do ofício, do trabalho. Mas acho que o artista plástico não tem importância nenhuma, assim como ninguém tem importância. Somos nós que damos valor ou importância às coisas.

VOCÊ VIVE DA SUA ARTE? Não vivo da minha arte. Eu faço uma vida da minha arte.

SENTE-SE REALIZADO COM SUA PROFISSÃO? POR QUÊ? Eu me sinto realizado. Pinto o que quero e compram meu trabalho, pagam por ele. No dia em que as pessoas descobrirem que um quadro tem valor quando comprado do artista, do marchand ou da galeria, este é seu valor. As grandes coleções foram feitas compradas dos artistas ou de seus representantes. Quem deve ficar rico com a valorização de uma obra de arte é quem paga pelo trabalho do artista, não quem paga ao mercado.

SE VOCÊ NÃO FOSSE ARTISTA PL ÁSTICO, QUAL PROFISSÃO VOCÊ ESCOLHERIA? Diplomata ou trabalharia no mercado financeiro.

QUAIS SÃOS OS SEUS SONHOS? Nunca tive sonhos, no sentido talvez a que você se refere. Sou o que sou e continuo sonhando, ainda assim [risos].

QUAL É SUA BIRRA COM O MUNDO DA ARTE? Não tenho muito o que falar, nem sei se de fato existe mercado. O que existe é compra e venda de obras. Houve um momento, nos anos 1970, em que havia mercado. As coisas não são isoladas, coisas importantes aconteciam naquele momento na literatura, no cinema, na própria televisão.

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Hoje o que existe são conversas esquizofrênicas que constroem e destroem simplesmente. Funciona, como dizia Camus, prevendo um futuro próximo: “O mundo vai ser movido pela violência e pregação”. É o que temos. O mercado me parece burro. Aproveito para contar uma história que li e repito aqui. Um cliente entrou em um atelier de um artista importante e queria comprar um trabalho, perguntou o preço e o artista disse: R$ 10 mil. O cliente pagou e falou ao artista: eu teria pagado R$ 20 mil se você dissesse que este era o preço. O artista respondeu: e eu teria te vendido por R$ 5.000. Ali naquele momento o dinheiro era secundário e deve ser quando falamos de arte. O que importa é a relação de confiança entre as pessoas, artista, galeria, colecionadores. Não sei onde encontro esta relação no mercado.

QUAL FOI SUA OBRA MAIS IMPORTANTE NA VIDA? A minha própria vida.

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O Farol, 2007

óleo sobre tela 190x160cm

coleção particular, Goiânia, GO

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CRONOLOGIA

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CRONOLOGIA

1966

1973-1984 1985

Nasce em São Paulo, no dia 23 de maio, filho de Antonio Emílio Feierabend e Lucila Fragetti. Frequentou o Colégio Santo Américo, São Paulo. Ingressa no curso de arquitetura e urbanismo da Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Conclui a university extension, da UCSD, University of California San Diego.

1991

Faz estágio no escritório do arquiteto José Duarte de Aguiar. Conclusão do curso de arquitetura e urbanismo.

1992

Viagem para a Alemanha e Itália.

Natureza morta III, 1993 óleo sobra tela, 100x80cm coleção Marina Levy, São Paulo

Participa na exposição coletiva no Espaço Cultural Cásper Libero, São Paulo.

1993

Trabalha com o arquiteto José Duarte de Aguiar. Ingressa no curso de pintura no Liceu de Artes de Ofícios, São Paulo. Participa no “IX Salão Nacional de Artes Plásticas Benedito Calixto”, São Paulo.

1994

Trabalha no escritório Kogan Arquitetos Associados. Conclui o curso de pintura no Liceu de Artes de Ofícios, São Paulo.

1995

Pós-graduação “lato sensu” em política internacional, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo. Participa no “XXIII Salão de Arte de Santo André”, Santo André, SP.

1996

Trabalha com o arquiteto Felipe Crescenti. Participa na exposição coletiva “Utile Futile”. Participa na exposição coletiva “Schloss, Diversão e Arte”. Participa na exposição coletiva “Espaço Europa”.

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1997

Faz a exposição individual, Portal Galeria de Arte, São Paulo. Executa o painel “Jardineira”, Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Executa o projeto “Carrossel”, Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Expõe a série “Encontros”, Meta 29 Espaçoarte, São Paulo.

1998

Jardineira, Aeroporto de Congonhas, São Paulo, 1997 acrílica sobra tela, 485x180cm Coleção Cláudio J. P. Saltini

Faz o curso de Formação de Governantes, Escola de Governo, São Paulo. Realiza o projeto “Pássaros para Narciso”, Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Expõe o projeto “A Filha do Rei”, Meta 29 Espaçoarte, São Paulo.

2000

Faz a exposição individual, “A Tentação da Ação”, Galeria Capitania das Artes, São Paulo. Faz a exposição individual, “A Versão”, Espaço Cultural Mauá, Rio de Janeiro.

2001

Participa no leilão “Contemporâneos”, Galeria Slaviero & Guedes, São Paulo. Realiza o projeto “Fim de Ano”, Clínica Oftalmológica Molinari, São Paulo. Participa no projeto “Arte na Lata”, Som Livre.

Painel artístico no lobby da Galleria Plaza, Condomínio Galleria Plaza, Campinas, SP, 2002/2003 2500x425cm

2002

Parcitipa na exposição “Devaneios da modernidade à contemporaneidade”, Hotel Sofitel, São Paulo.

2003

Participa na exposição “Arquitetos Artistas / Artistas Arquitetos”, Galeria Slaviero e Guedes, São Paulo. Participa no “Chapel Art Show”, São Paulo. Executa o painel artístico do lobby da Galleria Plaza, Campinas, SP.

2004

Participa no “Chapel Art Show”, São Paulo.

2005

Faz a exposição individual, “18 Pinturas”, Galeria Portal, São Paulo. Faz a exposição “O Beijo”, Cultural Blue Life, São Paulo. Expõe no Sesi Vila Leopoldina, São Paulo. Participa na exposição coletiva no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, Caraguatatuba, SP.

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2005

Participa no Salão “Expressarte” de Arte de Indaiatuba, Indaiatuba, SP. Expõe no Escritório de Arte Antonia Marini, Presidente Prudente, SP. Participa no “Chapel Art Show”, São Paulo. Executa o painel artístico na recepção da Tractu’s Negócios, Campinas, SP.

2006

Participa no “Chapel Art Show”, São Paulo.

2007

Participa na exposição coletiva da Casa de Portugal, São Paulo.

Exposição na Galeria Renot Antiques, São Paulo, 2005

Faz exposição individual, Galeria 8Rosas, São Paulo. Faz exposição individual, Galeria Renot Antiques, São Paulo. Participa no projeto “Trash Parade”, Planeta Sustentável, São Paulo.

2008

Faz exposição individual, Hotel Hilton, São Paulo. Faz a exposição “Arte Lusófona” na Casa das Mudas, Ilha da Madeira, Portugal. Expõe no Museu de Arte Contemporânea de Americana, Americana, SP. Expõe na Galeria Art & Art, Brasília, DF.

Convite da exposição “Horizontes”, Galeria 8Rosas, São Paulo, 2009

Expõe na Galeria Geraldes da Silva, Porto, Portugal. Participa no Salão de Arte de Santa Bárbara d’Oeste, Santa Bárbara d’Oeste, SP.

2009

Participa no “Malta International Art Biennale”, Malta, Itália. Faz exposição Individual na Galeria 8Rosas, São Paulo. Faz exposição Individual no Clube Transatlântico, São Paulo. Expõe no Centro Cultural de La Caja de Canárias, Las Palmas, Espanha. Faz a exposição “Carnaval - A arte do Brasil”, Rio de Janeiro. Faz a exposição “AbraceArte” no Escritório de Arte Sandra Setti, Campinas, SP.

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Exposição no Centro de Iniciativas de La Caja de Canárias, Las Palmas de Gran Canária, Espanha, 2009


2009

Participa na “XXIII Mostra de Arte” na Casa de Apoio da Granja Viana, Cotia, SP.

2010

Participa na “2ª Bienal de Arte de Brasília”, Brasília, DF.

PRÊMIOS E MENÇÕES HONROSAS

2015

Medalha de ouro, Salão de Arte “Waldemar Belisário”, Ilhabela, SP.

2009

Prizewinner (Distinctions) of the 2009 Malta International Art Biennale, Malta, Itália.

2008

Prêmio no Salão de Arte de Santa Bárbara d’Oeste, Santa Bárbara d’Oeste, SP.

2003

Medalha de ouro, categoria de pintura contemporânea, Salão “Expressarte” de Arte de Indaiatuba, Indaiatuba, SP. Menção Honrosa, Salon International du Monde de la Culture et des Arts, Cannes, França.

PUBLICAÇÕES

Anuário “Luso-Brasileiro de Artes 2010/2011”. Anuário “Brasileiro de Artes Plásticas Consulte Vol. X”, Ed. Roma. Livro “Brazilian Art Book”, Ed. G&A. “Dicionário de Arte Brasileira”, Júlio Louzada. “Univers des Arts, Le magazine de L’informations Artistique”. “Brasil Art Show I”, JC Editora. “Brasil Art Show II”, JC Editora. “Brasil Art Show III”, Ed. Atelier.

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O CAMINHO DAS CORES REALIZAÇÃO

FICHA TÉCNICA

EDITOR

Alberto deC. Alves.

PRODUÇÃO EXECUTIVA

Dream Box Studio.

APOIO

PRODUÇÃO EDITORIAL

Abook Editora.

COORDENAÇÃO DO PROJETO

Claudia Mussi.

AGRADECIMENTOS

Alberto Beuttenmüller, Alberto deC. Alves, Ana Cristina Canettieri, Ana Paula Boni, Antonia Callas, Aparecida Marques Barbosa, Bárbara e Berenice Abramo, Beth Ceconi, Carlos Pedro Sant’Ana, Casa Elias (Mauro e Carlinhos), Celma e Celso Ferro, Claudia Mussi, Cláudio J. P. Saltini, Cléo e Marques, Cookie (minha esposa), Cris e Pedro Barbastefano (Meta 29 e Revista 29 Horas), Dina Faria, Eduardo Karchvartanian, Eliana Giannoccaro, Eliane Fratte, Fabiano Lodi, Fábio Lima, Fernando Cassini, Heloisa Fragetti, Hilmar Diniz Paiva, Ivana Almeida (Galeria Almavera), João Faria da Silva, Juliana Ribeiro Lima, Lia Lubambo, Lúcia Py, Luciana Fragetti, Luciana Raposo, Luiza e Bruna Ribeiro Lima, Manoel Bezerra da Silva, Marcelo Mello, Márcia Cristina Anteghini, Marina Levy, Mário e Malvina Gelleni (Galeria Portal), Marlene e Felipe Figliolini, Radha Abramo, Rafael Luvizetto, Rejane Tacchi, Renata Fragetti, Ricardo e Cibele Bachert, Ricardo e Mariana de Carvalho Alves, Roberta Callas, Rodrigo Padin, Sandra Setti, Sylvio Alves de Barros, Tran Tho, Vera Arantes Campos, Wagner Bisco.

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TEXTOS

Alberto Beuttenmüller, Fernando Feierabend, Radha Abramo, Sandra Setti.

REVISÃO DE TEXTO

Ana Paula Boni, Dina Faria.

PROJETO GRÁFICO & DIREÇÃO DE ARTE

Rodrigo Padin - QueDesign.

FOTOGRAFIA

Arquivo pessoal, Fernando Cassini, Lia Lubambo, Rafael Luvizetto.

TRATAMENTO DE IMAGENS & PRODUÇÃO GRÁFICA

Rodrigo Padin - QueDesign.

PRÉ-IMPRESSÃO & IMPRESSÃO

Burti.


Arquiteto, artista plástico ou simplesmente pintor, forma como se apresenta - como se alguma simplicidade existisse nesse epíteto -, Fernando Feierabend é atualmente um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira. A riqueza cromática de sua paleta de cores em suas obras parece, tantas vezes, insuficiente para expressar a multiplicidade de sentimentos que assomam o espectador perante a contemplação de suas telas vivas e viscerais. Este livro reúne alguns dos trabalhos mais emblemáticos de Fernando Feierabend e é uma necessária homenagem ao laborioso trabalho do homem e pintor que tanto ousa em suas composições.

Alberto deC. Alves, editor.


A obra de Fernando Feierabend é rara demonstração dos embates existentes dentro da linguagem. Sua pintura é de cunho poético e tem na cor a sua prioridade, tornando sua pintura expressiva, mas sem perder o rigor jamais.

Alberto Beuttenmüller, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).


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