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ENTREVISTA
Italian E hibition Group desembarca no Brasil
Graziano Messana dá detalhes da chegada da organizadora multinacional italiana no país
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LUIS MARINO ORSOLON | luis@gruporadar.com.br
Graziano Messana No final de janeiro o setor de feiras de negócios do Brasil recebeu a notícia da entrada de outro grande player no mercado, a Italian Exhibition Group (IEG).
A IEG, listada na Bolsa de Milão, vem se consolidando como líder na organização de feiras de negócios e congressos na Itália, e é um dos principais organizadores europeus no setor. A empresa chegou ao país através da aquisição da Brasil Trading Fitness Fair (BTFF), realizada desde 2018.
A primeira aquisição no país se segue à abertura de uma filial brasileira da IEG, hoje presente, para além do mercado europeu, nos Estados Unidos, China, Emirados
Árabes, México e Índia -- por meio de investimentos diretos ou joint-ventures.
Em sua entrada, a IEG conta com o suporte de Graziano Messano, executivo italiano que está à frente das operações no país. Messana nasceu na Itália em 1975 e há 15 anos atua profissionalmente no Brasil.
Fundador da empresa GM Venture, Messana tem experiência consolidada em processos de start-up, gestão de negócios, processos de negociação e M&A. Nos últimos 15 anos, ele e sua equipe geriram mais de 50 investimentos de várias multinacionais e empresas estrangeiras no Brasil, atuando como CFO interino, gerente geral, membro do conselho e consultor.
No Brasil a organizadora terá um escritório no
Brooklyn, bairro da capital paulista, e terá a operação comercial e operacional tocada por Rimantas Sipas.
Antes da crise e do favorecimento do câmbio, a IEG já tinha em seu radar entrar no mercado brasileiro? Sim, no passado a IEG teve uma aproximação com o mercado brasileiro e por isso ficou em contato. A empresa tem no portfólio global mais de 70 feiras, distribuídas pelos setores de Alimentos & Bebidas, Joalheria & Moda, Bem-Estar, Esporte & Lazer, Turismo & Hospitalidade, Lifestyle & Inovação, Ambiente & Tecnologia.
Como a empresa enxerga nosso mercado? O Brasil tem um mercado de consumo enorme nesses setores e por isto a IEG enxerga o País como objetivo de investimento em seu programa de internacionalização. O câmbio somente favoreceu a aceleração dessa decisão.
A IEG conta com feiras em mercados que estão em expansão e que foram um pouco menos impactados pela pandemia, como Dubai e China. Por que mirar os investimentos também para o Brasil? O Brasil é o principal mercado da América Latina, com mais de 2.000 feiras acontecendo. Somente em São Paulo os números são impressionantes: mais de 3 milhões de metros quadrados vendidos, 750 eventos e uma média de 8,5 milhões de visitantes por ano. Historicamente o Brasil sempre teve um patamar de juros elevados e isso permite que empresas estrangeiras atuem com uma estratégia comercial mais atrativa para os expositores.
Quando começaram as tratativas para a aquisição da BTFF? O antigo dono segue na administração? O setor de Esporte e Lazer dentro da IEG vem se mostrando muito satisfatório. Em de agosto 2020, a Italian Exhibition Group SpA (IEG) comprou uma promotora nos Emirados Árabes Unidos que, entre outros, organizava a "Dubai Muscle Show" e a "Dubai Active", que juntos representam o maior evento de fitness do Oriente Médio. A compra da BFFT foi natural e faz parte da estratégia de internacionalização e desenvolvimento dos produtos "Wellness, Sport & Leisure" nos quais o IEG é líder já na Itália com o evento Rimini Wellness. O empresário Anderson Marinho tem uma excelente reputação nesse mercado e, embora não siga na administração, com certeza será um dos nossos mentores.
Em relação à BTFF, existem planos de já realizar uma edição neste ano sob a nova administração? Se sim, quando? Com certeza vamos realizar a BTTF em novembro desse ano. Estamos trabalhando para finalizar esse lançamento e parceiros envolvidos. A IEG possui conta com feiras ligadas ao setor da BTFF. Ações que acontecem nestas feiras serão implementadas no evento brasileiro em próximas edições? Vou citar apenas uma sinergia natural. Se um atleta importante fecha um contrato com a Muscle Show de Dubai nos parece natural que seja também convidado a participar da BTFF no Brasil. Mas é importante enfatizar que queremos uma feira bem focada em atender as necessidades dos usuários brasileiros.
A IEG possui outras verticais de eventos. Por que entrar no Brasil nesta vertente inicialmente? Entre os segmentos de maior potencial no mercado brasileiro estão as academias e o país é o segundo do mundo em número de estabelecimentos, 34.000, atrás apenas dos EUA, que tem 40.000. Mas a BTFF não é somente esporte, é uma plataforma que fala de bem-estar e cultura do corpo. Nessa linha, um levantamento da consultoria McKinsey posiciona o Brasil como o país que mais priorizou nos últimos 2-3 anos os hábitos relacionados ao bem-estar. Estamos na frente de Alemanha, China, Estados Unidos, Japão e Reino Unido. A BTFF traz ainda os suplementos alimentares, indústria que cresce dois dígitos por ano, e a moda. Para se ter uma ideia, uma em cada cinco peças de vestuário vendida no Brasil é um item esportivo.
Quais outros setores para eventos a empresa olha no Brasil? Com feiras novas ou eventos proprietários adaptados à realidade Brasileira? Estamos já negociando algumas oportunidades, mas temos compromissos de sigilo. Com certeza vamos focar em eventos sinérgicos com os proprietários, sempre adaptando à realidade brasileira. Mas é bom que se diga que também não estamos excluindo nenhuma boa oportunidade.
A empresa conta com a administração de centros de convenções e exposições na Itália. Esta é uma área que a IEG quer avançar no Brasil? Não estamos pretendendo avançar nessa área e temos boa relação com todos os operadores locais.
Onde será a sede da empresa no Brasil e como está sendo a estruturação de equipes e os planos para 2021 e 2022? Quem vai tocar a operação no Brasil do ponto de vista comercial e operacional é o Rimantas Sipas. Ele tem uma experiência de quase 30 anos nessa indústria e já está formando a equipe. O escritório operacional será no Brooklyn, onde estamos finalizando a reforma. No que se refere aos nossos planos, posso dizer que queremos ter eventos proprietários, bem como eventos de terceiros. Queremos crescer de forma gradual do ponto de vista de estrutura de operação, que será oportunamente ajustada à medida em que as aquisições e novos negócios forem acontecendo. RR