13 minute read
CAPA
AVANT-PREMIÈRE
Presidente eleita da MPI Brazil, Patricia Segatto Palley fala sobre os desafios e metas que tem pela frente
Advertisement
ROBERTA N YOSHIDA / ROBERTA@GRUPORADAR.COM.BR
atrícia Segatto Palley, tenho 50 anos recém completados, sou casada, não tenho filhos (só caninos) e tenho 28 anos de carreira na área de marketing e comunicação. Eu comecei minha carreira na indústria como cliente no marketing por 10 anos e depois atuei em agências de propaganda por quase outros 10 anos. P
Após fazer uma especialização de gestão, inclusive para o terceiro setor, mudei novamente de área, passando a atuar tanto em organizações sociais como corporativas.
Depois voltei para comunicação e, em 2016, assumi a direção-executiva da AMPRO (Associação de Marketing Promocional/Live Marketing. Nesta posição fiquei até 2020.
Mas desde 2015 eu também atuo como consultora, focada em fazer trabalho de revisão de processos, mapeamento de mercado, e as etapas de planejamento estratégico, sempre muito voltados ao processo, gestão de diretores, gestores de comunicação, marketing e brand experience. Até na área comercial eu ajudo a implementar alguns processos de rotina de gestão e prospecção. Muito resumidamente, essa sou eu.
Para quem ainda não conhece, o que é MPI e suas atividades? O Meeting Professionals International (MPI) no exterior é o maior grupo associativo de profissionais ligados a eventos no mundo, uma comunidade global de 60.000 profissionais do mercado MICE. São 70 capítulos em mais de 75 países. Cerca de 14.000 profissionais são realmente engajados. A principal especialização da MPI é promover conteúdo e networking para esses profissionais. O Brasil também conta com um capítulo, a Latin America Meetings & Events Conference (LAMEC), que é o evento promovido pela MPI no país já há 12 anos e que se tornou uma comunidade. Assim, hoje aqui no Brasil, o LAMEC by MPI tornou-se a comunidade que fomenta esses profissionais e o mercado.
Como você teve contato com a MPI e quando começou a desenvolver um trabalho mais junto à entidade? Quando eu fazia a direção executiva na AMPRO tive um contato mais próximo com a MPI, porque naturalmente as associações ligadas ao setor de Live Marketing e eventos acabam se juntando e fomentando o mercado como um todo. Foi ali, que eu tive mais contato fomentando parcerias institucionais. Também comecei a seguir as iniciativas da MPI no exterior. A entidade realiza um evento anual enorme, que é o WEC, que acontece em geral nos Estados Unidos. Neste evento eles geram pesquisas entre os profissionais do mundo todo, para saber o que está acontecendo, tendências, dificuldades, etc. É uma fonte muito legal de informação. Em 2020 eu fui convidada a me tornar uma content expert compondo o board. A partir daí, fui me envolvendo na associação e recentemente fui eleita a Presidente da MPI Brazil para a próxima gestão.
Como é o formato de gestão da MPI? Tem uma característica da MPI, que é muito bacana: os gestores trabalham em trio. Então é sempre o presidente antigo, o atual e o próximo presidente no board. Porque assim garantimos continuidade, a evolução do trabalho. Não acontece um rompimento. Em um processo de trabalho coletivo, pode demorar um tempão só para o gestor se apropriar. Então, esse formato é muito bacana. E dentro desse processo eu fui eleita a próxima presidente, que assume em julho de 2022, no lugar da Juliana Aranega, hoje na atual posição. O past president é o Igor Tobias, que também faz parte do board. A gestão muda a cada ano, e isso é interessante porque você já está elegendo quem será o próximo. Você já está preparando esse profissional para o futuro.
Junto com seus colegas de Board, quais são os desafios que você tem pela frente? O primeiro passo é consolidar a MPI como uma associação no Brasil. O brasileiro não tem a cultura associativa, até porque a maioria das entidades passa a imagem de trabalhar para poucos, os grandes, e não o real espírito de uma associação que é trabalhar em benefício de um todo. Outro grande desafio, é a questão dos valores em dólares e o câmbio atual. Sabemos da situação econômica atual. Também há o desafio de fazer com que a MPI seja conhecida como uma fonte interessantíssima de networking, conteúdos e capacitação/formação de profissionais, de meeting planners, que é nosso principal público. Aumentar nossa base de associados aqui é nosso principal desafio. O segundo desafio é garantir um calendário de capacitações, eventos e outras ações com voluntários, que nos ajudem a fomentar esse mercado. Então, esses são os dois desafios associativos da MPI Brazil. Temos um plano de trabalho muito bacana para 2022, que já está em andamento e que culmina no grande evento do final do ano que é o LAMEC. No ano passado fizemos o evento como “weekends”, um novo formato por conta da pandemia, mas queremos que volte a acontecer presencialmente como antes da pandemia.
Apesar de termos alguns cursos na área de eventos – bons inclusive – muitos aprendem sobre eventos “na prática”. Como você vê a questão da educação para profissionais neste segmento? Esse trabalho de capacitação é promovido através de eventos, cursos e mentorias, que são os três grandes pilares de atuação de capacitação que a MPI vai desenvolver nesse próximo ano.
A área de eventos é muito vasta e envolve uma longa rede de colaboradores (e disciplinas) que vai do CEO da agência/ organizadora a até o piso do evento com prestadores de serviços. É grande e diverso, com diferentes demandas. Na sua opinião, é possível capacitar, profissionalizar e preparar uma gama tão ampla como esta? Como?
O core da MPI é voltado para os organizadores de eventos nos clientes. Ter foco é muito importante. Dificilmente conseguimos fazer um trabalho real como associação se não tivermos ações bem traçadas. Quanto a capacitação, é necessária e possível. Eu acredito, que seja preciso reunir as empresas - ou as entidades - que realizem capacitações nessa cadeia e promover um calendário bom para cada público. Isso já seria riquíssimo e até podemos encabeçar isso como MPI Brazil. Você poderia dar um exemplo? Um exemplo. A AMPRO é voltada para capacitar e promover negócios para donos de agência de Live Marketing e Experiência. A MPI trabalha profissionais dos clientes. Por sua vez, a ALAGEV trabalha mais os gestores de viagem. Então, se começarmos a olhar o calendário e as ações de cada uma destas entidades, o trabalho junto ao seu público, conseguimos identificar lacunas. Quem é que capacita? Como é que a gente ajuda? Então dá para pensar em uma estrutura para conseguirmos fazer algo mais unificado. Precisaríamos de alguém neutro, que possa planilhar e colocar quem precisa de capacitação “nesse perfil, neste outro perfil, ou neste perfil”. Identificar o que é necessário e como podemos ajudar.
Equidade de gênero e inclusão no mercado de trabalho é uma busca em diversos setores. Como você enxerga essa questão no setor de eventos? Eu atuo bastante nessa questão como mentora voluntária de profissionais mulheres para melhorar o trabalho e ajudar no desenvolvimento. Na MPI também temos a crença da equidade em tudo o que fazemos. Como uma associação, nós garantimos painéis com diversidade e buscamos que todos os nossos projetos consigam trazer todos os olhares. E aí eu estou falando de olhares de mulheres, homens, negros, brancos. Estou falando de clientes, fornecedores e agências. Temos essa cultura na MPI dentro do trabalho que ela se propõe a fazer e também divulgar e apoiar iniciativas que fomentem a equidade.
Em relação ao trabalho da MPI no exterior. Quais pontos você destaca? O forte da MPI no exterior são as pesquisas que ela promove com os gestores associados, além dos conteúdos. E essas pesquisas geralmente vêm duas vezes por ano, com informações sobre o mercado. Como já mencionei, o evento principal é o WEC, que esse ano será realizado em São Francisco. Nossa missão é também facilitar que os profissionais daqui possam participar desse evento, que é supergrande e muito importante. Divulgaremos novidades em breve.
“A MPI tem foco no profissional de eventos. Esse profissional resiliente que se reinventou frente a todas as transformações aceleradas que vivemos. A gestão da Patrícia Segatto tem o desafio de ajudar os profissionais do setor a estarem atualizados de todas as ferramentas que vem surgindo o tempo todo e provocar o pensamento crítico para que os eventos possam sempre incrementar resultados e potencializar as mudanças que queremos para o mundo.”
"A MPI tem foco no profissional de eventos e, dentro desse contexto, vem a busca de cada vez mais levar informação relevante que ajude na formação desse profissional. Neste momento falamos muito de transformação, então procuramos olhar para o mundo e entender que esse profissional está em constante movimento e são entusiastas desse mercado. Mas precisam sim passar por essa atualização constante. Então nossas principais metas, principalmente aqui no Brasil, é manter esse profissional atualizado, sempre a frente, e acompanhar essa transformação do mundo."
Juliana Aranega atual presidente da MPI Brazil
Igor Tobias ex-presidente da MPI Brazil
www.ufilatam.org
Desde 2008 tornando os eventos mais sustentáveis
Eccaplan enfrentou a pandemia com inovação e mira um 2022 melhor ainda
LUIS MARINO ORSOLON | luis@gruporadar.com.br
Nos últimos anos empresas de diversos segmentos econômicos tem aberto seus olhos para questões ligadas a sustentabilidade e o setor de eventos não fica de fora. Mas muitos anos antes deste tema se tornar pauta essencial, Fernando
Beltrame já se enveredava para tornar o mundo um local mais sustentável.
Desde a época da faculdade de engenharia, na Unicamp, Beltrame desejavatrabalhar nesta área, principalmente depois de conhecer as necessidades e a importância do trabalho das cooperativas de catadores. Do sonho e vontade de se trabalhar com projetos sociais e ambientais nasceu, em 2008, a Eccaplan Consultoria em Desenvolvimento Sustentável.
“Em 2008, na transição de saída da Accenture, onde trabalhei por 4 anos, me juntei com outras duas pessoas para lançar o Programa Evento Neutro, primeiro programa brasileiro de redução e neutralização de carbono em eventos. Em 2009, os outros sócios optaram por seguir outros caminhos, e segui investindo em ações ambientais em eventos e empresas”, conta o executivo.
Para fortalecer o Selo Evento Neutro e por uma demanda do Setor de Eventos, em 2015 a empresa lançou a campanha Sou
Resíduo Zero, para trabalhar desde a não geração a destinação correta de todos os resíduos, inclusive os resíduos orgânicos, que vão para compostagem e ações de hortas urbanas.
De lá para cá já são mais de 2.000 eventos nacionais e internacionais com os Selos ambientais da Eccaplan – entre eles a Feira da APAS, Campeonato Mundial de Beach Tennis, Casa Cor e Comic Con Experience (CCXP).
De acordo com Beltrame, com a intensificação dos problemas ambientais as empresas, e principalmente as pessoas, têm buscado alternativas para reduzirem e compensarem o impacto ambiental da sua operação.
“Ninguém é contra ações ambientais e sociais e nenhuma empresa quer a sua marca associada a um evento que não tenha esta preocupação. Temos sido procurados principalmente por eventos que tenham patrocinadores ou parceiros preocupados com sustentabilidade e políticas ESG”, explica.
“Desde 2018 tem crescido um modelo de contrato 'guarda-chuva', onde fechamos parcerias com grandes empresas, que já definem como padrão a realização de ações ambientais em todos os eventos que realizam ou patrocinam”, completa.
Fernando Beltrame Fundador da Eccaplan
Com o aumento dos olhares para esta área, também cresce o número de empresas que oferecem o serviço de neutralização de carbono. Por isso, explica Beltrame, é importante se atentar a alguns pontos antes de contratar uma empresa desta área:
Conhecimento na realização do cálculo do impacto ambiental do evento e recomendação de ações de redução de emissões; qualidade e credibilidade dos projetos ambientais que serão apoiados; transparência e rastreabilidade da ação de neutralização de carbono; reconhecimento e credibilidade do Selo que será aplicado no seu evento.
“Não basta apenas um certificado bonito, é importante comprovar, com links com outras plataformas e empresas reconhecidas, que a ação de compensação foi realizada”, ressalta.
Atuando fortemente na área de eventos, a Eccaplan não escapou das dificuldades que a pandemia trouxe para o setor.
“Não foi uma queda de 20 ou 50% no número de eventos. Simplesmente zerou o número de eventos de uma hora para outra. Para este momento implementamos uma estratégia que foi ajudar os nossos parceiros, principalmente os mais afetados e carentes. Criamos, por exemplo, a campanha Cata Comigo, para arrecadação e doação de cestas básicas para catadores, pessoas desempregadas e refugiados. Já apoiamos mais de 5.500 pessoas nesta ação”, conta.
Beltrame também promoveu a redução de custos sem demissão. A redução foi realizada em alguns custos operacionais como veículos, aluguel etc. Além disso a empresa utilizou diversos incentivos criados pelo governo, como férias e redução pontual de salário para não precisar realizar demissões.
“Desenvolvemos ainda novos serviços e tiramos projetos da gaveta. Lançamos um pacote de ações sustentáveis para Lives e Set de Filmagem e retomamos o APP Frete Neutro, para compensar as emissões de CO2 de e-commerce e engajar os clientes finais. Felizmente conseguimos fechar 2021 com praticamente o mesmo faturamento e maior lucro, comparado a 2019”, afirma.
Para 2022, com um novo modelo de contratação anual com empresas, parcerias com agências de eventos e novas ferramentas de aplicação dos Selos Evento Neutro e Sou Resíduo Zero, a Eccaplan quer triplicar o número de ações ambientais em eventos e sets de filmagem - comparado com 2021.
“Esse crescimento será possível mesmo com o número de projetos de 2021 similar ao de 2019, pois temos a retomada progressiva dos eventos presenciais e o crescimento preocupação ambiental”, finaliza Beltrame. RR
O Brasil hoje é palco não apenas de megaeventos, como também de diversas Feiras, Congressos, Shows e Eventos Corporativos. Apesar da maioria dos eventos durarem poucas horas, todos, de alguma forma impactam o meio ambiente, que pode ocorrer pelo: consumo de materiais e sua logística, deslocamento dos participantes e organizadores, resíduos gerados, geradores e consumo de energia etc.
Alinhado ao impacto ambiental crescente do setor de eventos e a conscientização do público, foram criadas novas normas e padrões internacionais para eventos (ISO 20121 – Gestão Sustentável em Eventos) e relatórios (GRI EOSS), que apoiam os organizadores de diferentes tipos de eventos - esportivo, empresarial, cultural, político – na integração da sustentabilidade em suas atividades.
Estas normas são aplicadas a todos os integrantes da cadeia de suprimentos da indústria de eventos, incluindo: • Responsável pelo Evento: responsável pela organização geral do evento e seu nome. • Organizador do Evento: responsável pela entrega e realização do evento. • Fornecedores do Evento: todos os fornecedores de produtos, serviços, facilities, como, cenografia, energia, som, catering, local do evento etc.
A ISO 20121 fornece uma estrutura (framework) para identificar, reduzir e eliminar os impactos potencialmente negativos de eventos, bem como para maximizar os seus impactos positivos, através de um melhor planejamento e de processos aprimorados.
Para compensar os impactos ambientais restantes a ISO 20121 prevê a compensação através de créditos de carbono de projetos com Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Diversos eventos já colocam em suas atividades as preocupações ambientais e sociais, porém bem poucos eventos aplicam todos os princípios definidos na norma ISO 20.121. Um grande evento que a ECCAPLAN conseguiu aplicar a norma e registrar todos os passos foi o show do Bon Jovi https://youtu.be/dpbWlMmLIuU .