CAPA
É
impossível prever o futuro e afirmar que o vôlei brasileiro perdeu uma grande atleta. A única certeza é que o setor de feiras de negócios e eventos ganhou uma grande executiva quando Milena Palumbo, CEO da GL events Brasil, enveredou por este setor. Nascida em Curitiba, terra natal também de seu marido, Milena tem no esporte uma grande paixão e admiração. Durante 7 anos, quando ainda criança, praticou ginástica artística, deixando a modalidade após alguns anos e mudando para a prática do vôlei. Longe de ser apenas uma brincadeira, foi levantadora, tendo no currículo competições como o campeonato brasileiro e até mesmo participação em seleção brasileira. Assim foi até cerca de 18 anos. Além de compor sua história, a prática destes esportes agregou em seu perfil traços da cultura esportiva que carrega até hoje: resiliência e espírito competitivo. Mesmo trazendo estas características em seu perfil de gestão, Milena aprendeu uma importante lição quando participou da seletiva para ser trainee da AMCHAM, um processo que tinha em sua forma uma metodologia norte-americana de competitividade. “Existe um lado positivo de você ter uma pressão ou gerar uma competitividade. Mas por outro lado, isso é desgastante para perfis que, apesar de serem ótimas pessoas e grandes profissionais, não se enquadrem neste estilo. Então você não pode simplesmente colocar equipes e profissionais em pressões iguais, porque nisso se corre o risco de perder grandes talentos”, afirma. Milena participou do processo de trainee quando ainda cursava a faculdade de turismo na Universidade Federal do Paraná. Neste período também passou pelo Curitiba Região e Litoral Convention & Visitors Bureau (Curitiba CVB) que acabara de ser criado. Ainda neste período agregou mais uma inusitada experiência durante um intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos que, de certa forma, também teve relação com seu passado no esporte. “Eu tinha uma boa coordenação motora trazida da prática esportiva. Então fui colocada para dar aula de Ski para crianças de até 5 anos em uma estação chamada Heavenly, em South Lake Tahoe. Trabalhei também em um cassino. O intercâmbio foi bem diversificado e intenso, mas também uma experiência maravilhosa”, relembra. De volta ao Brasil, Milena saiu do Curitiba CVB para entrar no projeto do Shopping Estação, que havia sido comprado pelo Grupo O Boticário (na época Grupo K&G). Além do centro comercial, o plano do Estação contava com a construção de um centro de convenções. Participou do início do projeto
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Radar Magazine | Abril / Maio 22
e, depois, realizou a gestão do espaço de eventos que levou o nome de “Estação Embratel Convention Center”. Na presidência do Grupo K&G estava Miguel Krigsner, fundador do Boticário e executivo com quem teve a oportunidade de conviver e se desenvolver profissionalmente. “Nós despachávamos juntos umas três vezes por semana! O Miguel Krigsner tinha no Estação um projeto muito especial. Ele é uma pessoa extremamente inspiradora. Todo este processo do centro de convenções foi uma escola, não só pela experiência, mas também pelo professor”, conta. O Estação Embratel Convention Center foi inaugurado em 2004, com um calendário com mais de 20 eventos que foram fechados quando o espaço era ainda apenas um projeto. No centro de convenções Milena foi gerente comercial, depois gerente geral e por fim diretora geral. Em 2007 o Grupo K&G adotou uma nova estratégia e decidiu focar seu desenvolvimento na área de cosméticos, vendendo sua operação no Shopping Estação para a BR Malls, um dos maiores administradores de centros comerciais do País. Com seu core business focado em shoppings center, a BR Malls buscou uma empresa para terceirizar a gestão do centro de convenções e encontrou na GL events Brasil a parceira ideal para o projeto. O início da gestão do centro de convenções do Shopping curitibano também foi o início dos trabalhos de Milena na GL Events Brasil, com a executiva sendo contratada pela multinacional francesa e seguindo a frente da administração do espaço. Esta experiência durou apenas oito meses. Em 2008 a GL a transferiu para o Rio de Janeiro para ocupar o posto de Superintende de Operações do Riocentro. Sem mais o naming rights, o Estação Convention Center ainda seguiu seu trabalhou por mais alguns anos, até a BR Malls decidir o espaço em um prédio de escritórios e mais área comercial. Para os eventos, restou pouco mais de um terço da área original. “Quando você faz a conta da Área Bruta Locável (ABL) e observa o quanto rende o m² em centro de eventos e o quanto ele rende como corporativo ou comercial, a conta fica fácil decidir por seguir com aquela área destinada ao corporativo ao invés dos eventos”, conta.