Radionovelas Educativas - Guia de Utilização do CD

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Reitor Alex Bolonha Fiúza de Mello Vice-Reitora Regina Fátima Feio Barroso Pró-Reitora de Administração Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Pró-Reitor de Ensino de Graduação e Administração Acadêmica Licurgo Peixoto de Brito Pró-Reitora de Extensão Ney Cristina Monteiro de Oliveira Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Roberto Dall’Agnol Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Sinfrônio Brito Moraes Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal Sibele Maria Bitar de Lima Caetano Prefeito do Campus Marcus Vinícius Menezes Neto Chefe de Gabinete Sílvia Arruda Câmara Brasil CONSELHO EDITORIAL Presidente Regina Fátima Feio Barroso Membros Raimundo Netuno Nobre Villas João de Jesus Paes Loureiro Marlene Medeiros Freitas Ândrea Kely Campos Ribeiro Santos Maria das Graças da Silva Pena Laïs Zumero

EDUFPA Diretora : Laïs Zumero Divisão de Editoração: José dos Anjos Oliveira Divião de Distribuição e Intercâmbio: Wilson Nascimento


MILENY MATOS OSMAR PANCERA ORGANIZADORES

Belém - Pará 2007


Realização: Centro Artístico Cultural Belém Amazônia - ONG Rádio Margarida Coordenação Geral: Osmar Pancera Projeto Radionovelas Educativas - Em defesa da Criança e do Adolescente Coordenação: Eugênia Melo e Mileny Matos Equipe de consultoria do Guia de utilização do CD: Milene Veloso – Psicóloga Bruna C. Monteiro de Almeida – Pedagoga Gabriela Correia – Assistente Social Eugênia Melo – Assistente Social José Arnaud – Professor de Arte Carmen Rita Chaves de Lima - Assistente Social Projeto Gráfico: Alexandre Palheta Coelho e José Arnaud Diagramação e Ilustrações: Alexandre Palheta Coelho Revisão: Helder Bentes

Dados no Manual do Editor - ISBN

Radionovelas Educativas: Em defesa da criança e do adolescente / Mileny Matos (Org.) ; Osmar Pancera (Org.) . - Belém : EDUFPA, 2007. ISBN 1. OUTROS SERVIÇOS SOCIAIS. 2. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 3. VIOLÊNCIA SEXUAL. 4. TRABALHO INFANTIL. I. Título. II. Autoria. CDD: 20ª - 363 Por: Ellison dos Santos.


Sumário Apresentação .....................................................................................................................5 As radionovelas educativas e o método de educação popular da Rádio Margarida .............7 O facilitador de grupos ...............................................................................................................10 Preparação para a atividade ...........................................................................................................11

Desenvolvendo Atividades ................................................................................................12 Atividade 1 - Conversando sobre a violência, imagens da nossa infância ................................................12 Atividade 2 - Discussão sobre a temática ...........................................................................................14 Questões para a discussão das Radionovelas sobre Violência Doméstica:

Faixa ... “Educar não é bater” ...................................................................................................................14 Faixa ... “ Reconstruindo um lar” ................................................................................................................15

Questões para a discussão das Radionovelas sobre Trabalho Infantil:

Faixa ... “O Despertar de uma família” ........................................................................................................15

Faixa ... “Um novo amanhã” ......................................................................................................................16

Questões para a discussão das Radionovelas sobre Violência Sexual:

Faixa“... “A Sedução na internet” ................................................................................................................16

Questões para a discussão da Radionovela “Lenda de Sombra e Luz” .....................................................17 Atividade 3. Representando uma radionovela .....................................................................................17 Atividade 4 - Desenhando a Radionovela e músicas ..............................................................................18 Atividade 5 - Vamos passar adiante? ..................................................................................................19 Atividade 6 . Mito & Realidade ...........................................................................................................19 Perguntas para discussão da violência sexual .....................................................................................................20 Perguntas para discussão do tráfico de pessoas ..................................................................................................20


Perguntas para a discussão da Violência Doméstica .............................................................................................21 Perguntas para a discussão do Trabalho Infantil ..................................................................................................21

Alô Professores – Atividades para desenvolver na escola .................................................22 1. Produção textual ........................................................................................................................22 2. Atividades de Pesquisa ................................................................................................................23 3. Seminário ..................................................................................................................................23 4. Artes ........................................................................................................................................23 5. Desenvolva a atividade Mito e realidade promovendo uma gincana entre várias turmas da escola .........23 6. Utilize as temáticas (violência doméstica, violência sexual e trabalho infantil) para eventos como Feira da Cultura, Varal da Poesia, Dia de Arte, etc. ............................................................................................23 Indicação de faixa etária por Radionovelas ....................................................................................24

Roteiros Comentados ........................................................................................................25 Radionovelas sobre Violência Doméstica Educar não é bater ........................................................................................................................................25 Reconstruindo um Lar ....................................................................................................................................30

Radionovelas sobre Trabalho infantil O Despertar de uma Família ............................................................................................................................36 Um novo Amanhã ..........................................................................................................................................41

Radionovelas sobre Violência sexual A Sedução na Internet ....................................................................................................................................46

Abuso Sexual- prevenção Lenda de Sombra e Luz ...................................................................................................................................51

Avaliação ...........................................................................................................................58 Modelo de ficha de avaliação .............................................................................................59 Referências .......................................................................................................................60


Esta publicação faz parte do Projeto Radionovelas Educativas realizado junto à 45 organizações que atuam direta ou indiretamente na área da criança e do adolescente na região metropolitana de Belém. Durante seis meses, 120 agentes sociais, entre técnicos, professores, educadores sociais, lideranças comunitárias e jovens de organizações governamentais e não governamentais discutiram o tema da violência contra crianças e adolescentes e, a partir das rodadas de diálogo, produziram o CD Educativo contendo, radionovelas, spots e músicas sobre a temática. Os agentes sociais se apropriaram da tecnologia social desenvolvida pela Rádio Margarida para produzir e gravar o CD educativo. O CD é uma ferramenta que visa a enfrentar a violência contra crianças e adolescentes, através de componentes lúdicos que ajudem o adulto a mudar comportamentos e atitudes, a fim de garantir os direitos previstos no ECA (Estatuto da criança e do adolescente). É sabido que o aprendizado é desenvolvido de muitas formas: a leitura de um livro, as imagens de um filme e por que não, das muitas histórias que ouvimos? O CD radionovelas educativas aposta no efeito que os sons, as histórias, as canções, enfim, a transmissão oral do conhecimento e as artes produzem em nós, para uma leitura da realidade, da nossa prática, do nosso dia-a-dia para fazer um mundo mais harmonioso, sem violência. O CD aborda três temáticas que mais remetem às formas de violência contra crianças e adolescestes: a violência doméstica, violência sexual e o trabalho infantil. O CD consta de seis radionovelas, além de 04 canções e 24 Spots sobre essas temáticas.


O Guia de utilização do CD Educativo é destinado a qualquer um de nós que queira ser um facilitador em processos de grupo, é voltado para educadores sociais, professores, conselheiros tutelares, agentes de saúde, lideranças sociais, jovens, médicos e artistas. É voltado ainda para os radialistas e comunicadores, que a partir do CD, podem criar inúmeras possibilidades de difusão dos conteúdos em programas de rádio com caráter educativo para a população. O Guia foi elaborado por um conjunto de profissionais da área da Psicologia, Pedagogia, Serviço Social e Comunicação. Algumas técnicas incluídas neste guia surgiram da experiência coletiva de trabalho com os profissionais que elaboraram o CD, outras foram adaptadas de materiais já existentes. O Guia apresenta e comenta os roteiros das radionovelas, sugere questões norteadoras para o debate e atividades que podem ser realizadas em grupos de discussão das mais diversas organizações. Mas como todo guia, ele apenas indica um caminho, uma possibilidade de uso, sabendo que cada facilitador que utilizar o CD pode buscar outros caminhos, atalhos e direções, de acordo com a realidade de seu grupo, de sua comunidade, de sua região. Que todos os caminhos nos levem ao êxito neste trabalho de prevenção à violência!

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1 Sabemos que qualquer forma de violência e exploração traz consigo uma carga de sofrimento, medo, preconceito e, conseqüentemente, é difícil de ser abordada. Esperamos que o CD e o guia de radionovelas educativas sejam ferramentas didático-pedagógicas, dentre outras existentes, para facilitar diálogos, rodas de conversa, relatos de histórias e situações vivenciadas, a fim de que as temáticas relativas à violência sejam conhecidas, desmitificadas, denunciadas e transformadas.

GLOSSÁRIO Violência: A violência contra a criança pode ser compreendida como qualquer ação ou omissão que provoque danos, lesões ou transtornos a seu desenvolvimento. Pressupõe uma relação de poder desigual entre o adulto e a criança.

A tecnologia social de radionovelas educativas, mesmo com o nome de tecnologia, não é uma parafernália moderna, na qual somente se aperta o botão de liga e desliga. Utilizamos aparelhos eletrônicos apenas para facilitar a reprodução e amplificação do som, a fim de realizarmos com arte a mais antiga das transmissoras de ensino e conhecimento: a história oral. A oralidade – presente em todos os povos antes da escrita – trouxe todas as civilizações ao que são hoje. Baseada na fala e na audição, a oralidade orienta o tato, o paladar, a visão e, principalmente, a imaginação. A transmissão oral do conhecimento foi a base das culturas indígena, de caboclos ribeirinhos e de outros povos chamados “primitivos”. Mas continua alicerçando outras culturas e civilizações, associada à interpretação de fatos e acontecimentos, contando histórias com dramaticidade, comédia, jogos e repentes cheios de palavras capazes de criar ambientes, construírem personagens imaginários, etc. Quem não se lembra das histórias contadas pelos pais, avós, professores e amigos? Ou das novelas de rádio,

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com heróis, vilões, astros e estrelas desfilando em nossa imaginação? As novelas de rádio estão entre as maiores criações artísticas brasileiras, pois deram origem, em conjunto com o teatro, ao maior fenômeno de audiência das TV brasileira nas últimas décadas: a telenovela, sempre assistida e comentada por milhões de espectadores. Nosso objetivo é trazer à luz questões obscuras, dialogar sobre as maneiras de ver as coisas e os seus preconceitos, bem como mudar a cultura da força pela cultura do consenso e da paz, transformar as relações sociais com justiça social, oportunidades, direitos humanos... Daí a importância de chamar a atenção, atuar com o suporte das linguagens artísticas e meios de comunicação social, tais como: teatro, teatro de bonecos, jogos, brincadeiras, palhaços, rádio novelas, vídeos educativos e outros meios e formas que podem ser utilizadas . O método rádio Margarida de educação popular trabalha com elementos conceituais e práticos que permeiam e fundamentam toda uma linha de construção, abordagem e troca de conhecimentos, que tratamos por categorias do método, com os quais o verbo se faz ação: Comunicação, sentimento e ação transformadora. Comunicação é verbo comunicar em ação, “tornar comum, fazer saber”1 , (CUNHA, 1986, p.202) seja fato, acontecimento, histórias de vida. A comunicação alicerçada na palavra, nos símbolos e signos, que contém no seu DNA a informação a ser transmitida, recebida e decodificada, não por um transmissor e outro receptor, mais por agentes vivos, que dialogam e intervêm na informação e maneira de comunicar. A comunicação que liberta é compartilhada por seres pensantes e ativos, que tem uma história de vida, vivências, significações e significados a serem falados, revelados, para que se tornem comuns e possam ser trabalhados, desmistificados, aprofundados, levados a níveis superiores de consciência e compreensão. Tudo isto só é possível se a ação de comunicar, na perspectiva libertadora e de transformação social, tiver como princípio que a comunicação entre pessoas, 1 Comunicar, verbo do latim se faz de um EU a outro EU, dimensões do HUMANO, que somente pode aconcommunicare. CUNHA, Antonio tecer entre seres que tem algo em mente e sentimentos a serem trazidos à Geraldo da. Dicionário etimológico: luz, compartilhados, comunicados. Nova Fronteira da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de janeiro: nova Fronteira, 1986, p 202 2

Sentir, verbo do latim sentire. CUNHA, idem, p 715.

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Sentimento, palavra derivada do verbo sentir: “experimentar, pressentir, conjeturar” 2(CUNHA, 1986, p.715) e sentimento é aquele que sente. Todos os seres humanos tem as suas experiências de vida, suas vivências, algo insubstituível que não pode ser roubado e nem despossuído


de ninguém. Sentimentos advindos das relações com as outras pessoas e acontecimentos de vida. Toda forma de comunicação que se estabelece entre seres humanos, que podem informar algo uns aos outros, bem como trocar experiências de vida e manifestar os seus sentimentos com relação a questões sociais. Toda educação libertadora estabelece maneiras de transmitir novos elementos e informações, estabelece uma comunicação com base no diálogo e na troca de experiências de vida, vivências e manifestações desses sentimentos: medo, receio, descontentamento, tristeza, alegria, solidariedade, amor... Bem como para ser educação libertadora busca meios, maneiras e vontade de mudar estas circunstancias e acontecimentos de vida, mudança que tratamos por ação transformadora. Ação transformadora, ação que é uma palavra com poucas derivações em vários idiomas, com o nome básico de “ação, ato” 3(CUNHA, 1986, p.7), que se não puder ser realizada de uma só vez é partilhada em atos, com união, organização de pessoas, grupos e movimentos sociais. Em atos significa também que nesta caminhada é possível sofrer revés e derrotas, mas continuar com persistência e organização é um teste e desafio a nós mesmos e aos nossos pares. Muitas vezes, por circunstancias de vida nos sentimos desmotivados e desacreditados de que algo possa mudar, mais se pudermos compreender que podemos fazer e construir também a nossa história e do nosso coletivo, que esta história é construída por pessoas, classes, movimentos sociais e tantas outras formas de manifestações nas quais, às vezes, não conseguimos ver um resultado imediato, mas se olharmos e vermos o ‘andar da carruagem’, hoje estamos pelo menos andando de ônibus. Ao sabermos de injustiças e maus tratos cometidos contra crianças e adolescentes, acontecimentos que não são naturais, mas que, pelo contrário, fazem parte de uma cultura de violência, vamos ficar parados ou vamos agir? Para cumprir nosso dever de lutar contra a violência, precisamos entender que, quando não pudermos mudar sozinhos e de uma única vez, devemos nos unir a quem luta com força e coragem para escrever uma nova história, onde a PAZ seja cultivada. Você é o agente de uma nova cultura. Então mãos à obra, com comunicação, sentimento e ação transformadora.

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Ação, sulfixo nominal. Castelhano -ación; francês -ation; inglês-action; italiano-azióne; derivado do latim atio. CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário etimológico: Nova Fronteira da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de janeiro: nova Fronteira, 1986, p 7.

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O facilitador é o elo entre a informação e o grupo. É alguém que, utilizando-se das tecnologias de radionovela e spot, vai estimular o debate, a assimilação de conteúdos e a mudança de atitude para a defesa dos direitos da criança e do adolescente. É preciso que o facilitador, antes de desenvolver qualquer atividade, leia atentamente este guia e, se possível, pesquise sobre o assunto, informe-se sobre situação de violência contra crianças em sua comunidade ou município. Nós recomendamos que essas atividades sejam facilitadas por pessoas que se sintam confortáveis em trabalhar com esses temas e que tenham certa experiência de trabalho com grupos. As atividades aqui descritas devem ser vistas como parte de um processo de reflexão e educação participativa. Para subsidiar o debate em grupo, leia atentamente os comentários sobre os roteiros das radionovelas, eles trazem informações e abordagens que norteiam o facilitador.

O facilitador deve: - Conhecer o assunto; - Ter postura democrática, de escuta, evitar julgamentos e não permitir desrespeito entre os participantes do grupo; - Utilizar metodologia participativa, promovendo discussões, privilegiando o debate e a troca de experiências; - Permitir que os participantes sintam-se valorizados, como sujeitos ativos, envolvidos na discussão; - Dar espaço para que o grupo se expresse, coloque sua visão.

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- É interessante que haja, sempre que possível, a presença de dois facilitadores. - Deve-se usar um espaço adequado para o trabalho, que permita ouvir o CD sem interrupções, ruídos ou barulhos externos. - Deve-se proporcionar um ambiente livre, respeitoso, onde não haja julgamentos ou críticas das atitudes, falas ou posturas dos participantes. Considerando que o tema violência é um assunto complexo, situações de conflito podem acontecer. Cabe ao facilitador intervir, estabelecendo um ambiente de respeito.

1. Ouça o CD antecipadamente e observe se ele é apropriado ao público que você quer desenvolver a discussão(verifique a indicação por faixa etária em cada radionovela). Cada atividade deve ser desenvolvida de maneira apropriada à faixa etária dos participantes e aos objetivos da tarefa. 2. Anote o que considerou mais importante. Faça uma lista dos principais temas para discussão com o grupo. 3. Revise as questões para discussão selecionando casos relevantes para os temas/cenas que você quer focar com o grupo. 4. Complemente as informações do CD pesquisando mais sobre os tópicos e prepare exemplos comuns do dia-a-dia dos/as participantes. 5. Selecione a temática e a faixa a ser trabalhada. Ouça atentamente a radionovela e destaque os trechos importantes para a discussão. 6. Sugerimos que a primeira temática a ser discutida seja Violência Doméstica, seguida da temática de Violência Sexual e por fim, Trabalho Infantil. As temáticas podem ser trabalhadas em momentos distintos (não necessariamente todas no mesmo dia).

GLOSSÁRIO Violência doméstica: Toda violência física, psicológica, verbal ou sexual que ocorre no ambiente do lar. A violência doméstica pode ocorrer com crianças, adolescentes, adultos e idosos. Violência sexual: É a dominação da sexualidade. É todo ato que invade a integridade sexual de uma pessoa. Pode ser definida como abuso sexual ou exploração sexual (ver abuso e exploração sexual)

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3 Sugerimos seis atividades que podem ser desenvolvidas após a escuta do CD. São atividades que podem ser realizadas em conjunto ou individualmente, dependendo do objetivo que se quer alcançar, do tempo disponível e o interesse do grupo. O facilitador pode ainda desenvolver outras atividades.

Atividade 1 Objetivo: o objetivo desta atividade é fazer uma reflexão sobre o tema da violência, resgatando no grupo vivências que podem ser relacionadas à violência e à não-violência e após a reflexão propiciar a discussão e o debate do que é violência. Para muitos, a violência é apenas o aspecto da agressão física, portanto a atividade permite discutir outras formas de violência Esta é uma atividade que necessita de um ambiente confortável e silencioso que deixe o grupo bem a vontade. Procedimento: Peça para o grupo ficar em círculo. Coloque uma música de ninar, cantiga de roda ou outra canção suave que lembre a infância. Peça para todos fecharem os olhos.

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Após alguns segundos iniciada a música, converse com o grupo, a partir do seguinte texto: GLOSSÁRIO

“Todo adulto já foi criança e dessa fase de criança temos muitas lemViolência intrafamiliar: branças boas e ruins. Faça uma retrospectiva e volte ao seu tempo de É toda forma de violência física, psicriança. Lembre dos carinhos que recebeu, das palavras doces e suaves cológica, verbal ou sexual, praticada que ouviu, dos cuidados que recebeu. Que imagens vêm a sua cabeça? por membro familiar(pais biológicos Que retrato você criou? Agora, lembre dos seus momentos de tristeza e ou adotivos, padrastos/madrastas, o que os motivou? Lembre do puxão de cabelo que recebeu sem saber o tios/tias, avôs/avós, etc.), dentro porquê, daquele cascudo que veio inesperadamente, das palavras que te da família, contra crianças e envergonharam na frente de teus colegas na sala de aula, da pergunta que adolescentes. ficou sem resposta, das milhões de respostas que foram um simples “não” sem um “porque”. Lembra quando você colocava as mãos no ouvido para não Violência psicológica: escutar aquelas palavras tão duras? Ameaças, xingamentos, Que imagens você criou? Você as colocaria em um porta-retratos? Os fatos que a gente não colocaria no porta-retratos foram situações de violência, que em alguma medida, afetaram nossas vidas, e por mais que a gente as deixe bem guardadas lá no fundo do baú de nossas emoções, em algum momento elas emergem.

humilhações e zombarias. Rejeitar, não dar atenção, depreciar, discriminar, desrespeitar, expor ao ridículo, intimidar, etc.

Hoje, como adultos, já paramos para avaliar como estamos tratando nossas crianças e adolescentes? Que imagens estamos registrando na vida deles? O que pensamos sobre o futuro desses nosso meninos e meninas? Desligue o som, peça para todos abrirem os olhos e, diante do que refletiram, (peça) solicite para fazerem o desenho apenas da imagem que colocariam num porta retrato. Quando todos terminarem peça para colarem os desenhos e quem quiser pode falar da sua experiência.

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Após a expressão do grupo, o facilitador pode refletir: 1. Crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento, que precisam de cuidados, proteção e orientações dos adultos. Crianças têm características próprias, adolescentes têm características próprias e os adultos precisam compreender cada fase do desenvolvimento das crianças e adolescentes para cuidar, proteger e orientar sem usar do autoritarismo, da força, da violência. 2. A violência é um comportamento socialmente adquirido, não é natural e nem é inevitável. Portanto, a violência contra crianças e adolescentes tem cura! Depende em grande parte de nossa vontade de refletir e mudar de atitude! 3. A família, a comunidade e sociedade como um todo podem e devem agir para garantir a crianças e adolescentes uma vida sem violência.

Atividade 2 Objetivo: verificar o nível de informação que o grupo possui sobre a temática e promover o debate sobre a mesma. Pergunte: o que você achou desta história? O facilitador deve permitir que o grupo se expresse e, se preferir, pode fazer recortes em determinadas cenas (veja roteiros comentados) e pedir a opinião do grupo. Pode usar as questões sugeridas a seguir ou outras que achar importante.

Questões para a discussão das Radionovelas sobre Violência Doméstica

Faixa 01: “Educar não é bater” -

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Porque as crianças apanham? É fácil dar limites para os filhos e filhas? - Quem necessita mais de limites: as meninas ou os meninos?


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Faixa -

Porque muitos adultos batem em crianças Quais as outras formas de violência que machucam mesmo não atingindo o corpo da criança? Quais seriam as alternativas para as famílias lidarem com as situações de conflito em casa sem o uso da violência?

GLOSSÁRIO Trabalho infantil: É proibido o trabalho para menores de 16 anos; dos 14 aos 16 02: “ Reconstruindo um lar” anos, é permitido na condição O que sabemos sobre adolescência? O que caracteriza essa fase da de aprendiz (ECA - Art. 60). vida? Acima de 16 anos, é permitido Quais os principais conflitos que podem surgir na relação entre adultos com a garantia dos direitos e adolescentes? trabalhistas e previdenciários Há um tratamento diferenciado por parte dos adultos para a menina e (ECA - Art. 65).

para o menino adolescentes? Quem recebe maior cobrança? Por quê? Quais os perigos que envolvem os adolescentes? Que informações são importantes para serem repassadas para os adolescentes para prevenção das situações de violência? O que causa a falta de diálogo entre pais e adolescentes?

Questões para a discussão das Radionevas sobre Trabalho Infantil Faixa 22: “O Despertar de uma família” -

O que é Trabalho Infantil Doméstico? Qual sua opinião sobre o Trabalho Infantil Doméstico? Você o considera uma AJUDA ou uma EXPLORAÇÃO? O que significa ser tratada “como uma filha”? Qual a importância do convívio familiar para o desenvolvimento da Criança e do Adolescente? Que tipo de perigo a criança / adolescente corre em trabalhos desenvolvidos no ambiente doméstico? O que pode acontecer a uma criança / adolescente que sai do interior para trabalhar na cidade? O que aconteceria se a mãe de Gleicilene tivesse liberado ela para ir para a cidade com D. Maldéia?

Trabalho infantil doméstico (TID): É a exploração da criança ou adolescente na execução do trabalho doméstico. A exploração pode ocorrer na casa de terceiros ou na própria família, sendo caracterizada pelas seguintes violações: ruptura com os vínculos familiares; cerceamento da liberdade e da comunicação; agressões físicas, verbais e psicológicas; humilhação, entre outras.

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Faixa 21: “Um novo amanhã” GLOSSÁRIO Abuso sexual: É um tipo de violência em que o agressor busca satisfazer-se sexualmente, através da dominação ou explorando a sexualidade de outra pessoa. É toda situação em que crianças ou adolescentes são usados para a satisfação sexual de pessoas mais velhas, baseada em uma relação de poder desigual. Na maioria dos casos, o abusador é uma pessoa conhecida, em quem a criança confia e, freqüentemente, a quem ama. Geralmente, no abuso sexual, o abusador explora levianamente a curiosidade juvenil em torno de sua própria sexualidade, através da manipulação de órgãos genitais, seios, ânus, etc. Por isso, nem sempre ocorre com o uso da força ou da violência.

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Que tipo de perigo a criança corre em trabalhos desenvolvidos numa Olaria? - Você concorda que a criança / adolescente trabalhando ajuda a família a ter melhores condições de vida? Por quê? - Que direitos da criança e de sua família estão sendo violados com o trabalho infantil? - De que forma é possível evitar situações como a que Eliel viveu na olaria? - O que é o Conselho Tutelar? - Por que foi importante para a Dona Luzia procurar a Secretaria de Promoção Social?

Questões para a discussão das Radionovelas sobre Violência Sexual Faixa 10: “A Sedução na internet” -

Você acha que essa radionovela expressa uma situação real de abuso sexual? Você conhece algum caso semelhante? - Como a inclusão de fotografias na internet pode contribuir com a violência sexual? - O que fazer nos casos suspeitos ou concretos de abuso sexual? - Você acha que os pais devem fiscalizar os sites que as crianças e adolescentes acessam na Internet ? Por quê? Como deveria funcionar a utilização das Lan House/cyber, em relação a permanência de crianças e adolescentes nestes estabelecimentos? - Qual é o papel do cyber tendo em vista o enfrentamento da violência sexual?


Faixa 11: “Lenda de Sombra e Luz” -

Você acha que essa radionovela expressa uma situação real? Para você, o que fez Manoel parar de procurar a menina? Como é possível identificar situações de violência sexual? Em geral, como percebemos os casos de violência sexual no ambiente doméstico? O que você pensa sobre o “pacto” de silêncio(a dificuldade da vítima revelar a violência que sofreu) que geralmente envolve esses casos? O que fazer nos casos suspeitos ou concretos de abuso sexual?

Atividade 3 Objetivo: Explorar outras possibilidades lúdicas que facilitem o entendimento/envolvimento com a temática, a partir da radionovela. Procedimento: Peça para o grupo (ou grupos, dependendo do número de participantes) representar as situações da radionovela. Pode haver várias adaptações ao roteiro da radionovela original, como a inclusão de novos personagens, modificação das situações, etc. As representações podem utilizar as linguagens do teatro, fantoches, radionovelas e outras. Para a apresentação de radionovelas, improvise uma cortina de pano e, se possível, microfones. Atrás do pano será feita a encenação. Os participantes podem usar vários objetos para produzir sons e efeitos sonoros. Ao visualizar novas possibilidades de acontecimentos a partir da história, o grupo desvela e formula outros questionamentos. Por exemplo, na radionovela “Sombra e luz”, eles podem formular as seguintes hipóteses: E se...

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1. A menina não revelasse o que havia acontecido? 2. A pessoa que ouviu a revelação não tivesse acreditado? 3. A vítima fosse um menino? 4. A agressão fosse realizada por uma mulher?

Atividade 4 Objetivo: explorar possibilidades lúdicas a partir da radionovela que facilitem o entendimento /envolvimento com a temática. É uma boa atividade para ser desenvolvida com crianças e jovens. Procedimento 1 - O facilitador solicita que o grupo imagine cada personagem da radionovela, bem como cada cena retratada. Em seguida, o grupo pode ser dividido em subgrupos, os quais deverão desenhar as cenas das radionovelas de acordo com a imaginação de cada um. Os desenhos podem dar origem a um gibi ou cartilha, retratando o tema da radionovela, conforme a orientação dada pelo facilitador. Procedimento 2 - Coloque uma das músicas do CD educativo e peça para fecharem os olhos, imaginando as cenas sugeridas pela música. Depois disto, peça para criarem um desenho que retrate a leitura da canção. Quando todos os desenhos estiveram prontos, peça para cada participante afixar seu desenho em um mural.

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Atividade 5 Objetivo: Estimular que o grupo possa ser multiplicador das informações para outros grupos e movimentos, contribuindo para a mobilização social em torno do tema. Procedimento 1: campanhas de enfrentamento – A partir das radionovelas, peça para o grupo elaborar uma campanha informativa sobre o assunto para divulgar na sua comunidade, escola ou grupo. Pode ser cartaz, folder, jornal ou gibi. Material necessário: papel A2, papel 40 kg, canetinhas, giz de cera, cola branca, cola gliter, tesouras e revistas usadas. Tempo: aproximadamente 30 minutos para a elaboração e 10 minutos para a apresentação. Procedimento 2 - Divulgar o CD nas rádios – Peça para o grupo levar os CDs às emissoras de rádio de sua cidade (AM, FM e Comunitárias) e pedir a colaboração dos radialistas para a veiculação do CD durante a programação das emissoras.

Atividade 6 Objetivo: observar o nível de conhecimento do grupo e estimular a compreensão do tema. Material: papel de duas cores diferentes (sendo um para a palavra “realidade” e outro para a palavra “mito”).

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GLOSSÁRIO Exploração sexual: É pagar (seja com dinheiro ou bens materiais) crianças e adolescentes (meninas ou meninos), para obter serviços sexuais, tais como strip-tease, programa, fotografias pornográficas, etc. Tráfico de pessoas: Segundo o protocolo de Palermo “[...] é o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou recolha de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou de outras formas de coação; por rapto, fraude, engano; abuso de autoridade ou de uma situação de vulnerabilidade, através da oferta ou aceitação de pagamentos ou vantagens, para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre uma outra, com fins de exploração”. As causas do tráfico envolvem questões complexas de desenvolvimento econômico, exclusão social, gênero, raça e migração.

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Procedimento: Divida os participantes em subgrupos. Distribua dois papéis, sendo que um deve estar escrito “realidade” e o outro “mito”. Em seguida, o facilitador fará perguntas em que as equipes deverão responder realidade ou mito. O grupo responderá realidade quando compreenderem que a afirmativa está correta. O grupo responderá mito quando compreeder que a afirmativa está incorreta. Antes de responder, o grupo terá 5 minutos para discutir com o objetivo de chegar a um consenso. Perguntas para discussão da violência sexual: - O abusador é um tarado que todos reconhecem na rua (mito) - Pessoas estranhas representam maior perigo (mito) - Abuso sexual sempre envolve violência física (mito) - Abuso sexual se limita ao estupro?(mito) - As vítimas de violência sexual pertencem a todas as classes sociais? (realidade) - A criança tem muita imaginação e mente quando fala que foi vítima de abuso sexual? (mito) - Devemos denunciar casos de violência sexual mesmo quando o agressor é alguém da família? (realidade) - Apenas as meninas são vítimas de violência sexual. (mito) Perguntas para discussão do tráfico de pessoas: - Apenas a internet é uma estratégia de aliciamento das vitimas do tráfico de pessoas? (mito) - A exploração sexual é a única finalidade do tráfico de pessoas? (mito) - Apenas as mulheres adolescentes são vitimas do tráfico de pessoas? (mito) - O tráfico de pessoas se caracteriza pela ação de enganar ou coagir a vítima, apropriando-se da sua liberdade por dívida ou outro meio, sempre com propósito de exploração. (realidade) - Para aliciar as vítimas, a rede de tráfico costuma enganá-las com falsas promessas de emprego e melhoria das condições de vida. (realidade) - As vítimas saem de seus países de forma clandestina? (mito)


Perguntas para a discussão da Violência Doméstica: - Palmada é a única forma eficaz de educar. (Mito) - Se eu apanhei na minha infância e sobrevivi. Posso bater nos meus filhos. (mito) - Eu tenho poder sobre a vida e a morte dos meus filhos. (mito) - O diálogo pode fortalecer os vínculos familiares. (realidade) - Dar carinho e amor não é sinônimo de fraqueza e falta de autoridade. (realidade). - O perdão pode “estragar” os filhos. (mito) - Melhor do que ser rígido é mostrar que podemos negociar e ser flexíveis na educação dos nossos filhos. ( realidade) - Os filhos não merecem o respeito dos pais. (mito) - Os filhos vêem o que os pais fazem e imitam. ( realidade)

GLOSSÁRIO Estatuto da criança e do adolescente (ECA): Lei federal nº. 8.069/90, que trata da proteção integral à criança e ao adolescente. O estatuto aborda diversas questões relacionadas à infância e adolescência, tais como: direitos fundamentais (saúde, educação, profissionalização, esporte, lazer etc.); guarda; adoção; política de atendimento à criança e ao Perguntas para a discussão do Trabalho Infantil: adolescente; atribuições do - É melhor a criança trabalhar do que ficar na rua, exposta ao crime e aos conselho tutelar; medidas maus-costumes. (mito) de proteção; medidas só- A criança que trabalha será um adulto responsável?(mito) cio-educativas (referentes à - Trabalhei quando criança e isso foi muito importante para minha formaprática de ato infrator), dentre ção. (mito) outros assuntos relacionados - A infância e a adolescência correspondem ao tempo de formação física aos direitos da criança e do e psicológica; tempo de brincar e aprender. O trabalho precoce impede adolescente. a freqüência escolar e prejudica toda essa formação, inclusive a profis-

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sional. (realidade) É bom a criança trabalhar para ajudar no sustento da família. (mito) Quando a família fica impossibilitada de prover seu próprio sustento, cabe ao Estado apoiá-la, e não à criança! (realidade) O ECA é uma utopia e está dissociado da realidade brasileira; é preciso adaptá-lo às reais condições sociais e econômicas do país.(mito) O problema do trabalho infantil deve sempre ser abordado sob a ótica dos direitos humanos, que são fundamentais, inegociáveis e intransferíveis! Nosso desafio, de todos nós, e principalmente do Estado, é tornar as garantias previstas no ECA a realidade de todas as nossas crianças. (realidade)

Mito: É uma narrativa tradicional, de caráter explicativo e/ou simbólico, relacionada a uma dada cultura e/ou religião. O mito é utilizado para se referir às crenças comuns, consideradas sem fundamento objetivo ou científico.

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Alô, Professores! Atividades para desenvolver na escola

A escola é um espaço privilegiado para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Depois da família, é o lugar onde a criança passa mais tempo. Além disso, a escola reúne os principais atores responsáveis pela proteção de meninos e meninas: pais, responsáveis, servidores, professores e a comunidade. Apostando na escola como um espaço de promoção dos direitos, convidamos você, professor, a mobilizar todos que compõe “a casa” escola para o desenvolvimento de atividades com alunos e com as famílias. Utilize o CD Educativo como uma ferramenta de apoio interdisciplinar, onde você possa explorar os mais diversos conteúdos através do lúdico. Sugerimos as seguintes atividades:

1. Produção textual -

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A partir de um roteiro de radionovelas, criar uma história sobre a temática. - Comentar o linguajar dos personagens Mundico e Maria da radionovela “O Despertar de uma família”. - Escolha uma das radionovelas e peça para que os alunos a reescrevam dando um outro final aos personagens.


2. Atividades de Pesquisa sobre: a) O que mudou com a lei Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) no tratamento dado às crianças e adolescentes no Brasil? b) Como eram tratadas as crianças na Grécia antiga? c) Como eram tratadas as crianças no Brasil Colônia? d) Como era o trabalho infantil na época da revolução industrial? e) O significa a expressão “Criança sujeito de direitos” ? f) Sobre os prejuízos do trabalho infantil para o desenvolvimento da criança g) Quais são os Estados do Brasil com maior índice de trabalho infantil? h) Qual o número de famílias que vivem em situação de pobreza no Brasil? i) A pobreza é uma das causas do Trabalho infantil? Por quê?

3 Seminário A partir da Radionovela “ Reconstruíndo um lar” -

O que é a fase da adolescência? Quais as características biológicas, emocionais e sociais desta fase de vida? Você conhece o seu corpo? O que acontece com o corpo do menino e da menina durante a puberdade?

4. Artes -

Estimule atividades de dramatização permitindo que os alunos confeccionem figurinos, cenários, etc. Atividades de desenho e pintura a dedo para as crianças Reproduza o jogo “Como você mudaria este desenho” Utilize o quebra-cabeças deste guia

5. Desenvolva a atividade Mito e realidade (pág. 19 deste guia) promovendo uma gincana entre várias turmas da escola. 6. Utilize as temáticas (violência doméstica, violência sexual e trabalho infantil) para eventos como Feira da Cultura, Varal da Poesia, Dia de Arte, etc.

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Indicação das Radionovelas por faixa etária: Violência Doméstica - “Educar não é Bater” - a partir de 6 anos Violência Doméstica - “Reconstruíndo um lar” - a partir de 12 anos Violência Sexual - “Sombra e Luz” - a partir de 6 anos Violência Sexual “Tráfico Humano para fins sexuais” - a partir de 8 anos Trabalho Infantil - “Um novo amanhã” - a partir de 6 anos Trabalho Infantil: - “O Despertar de uma família - a partir de 6 anos

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Radionovelas sobre Violência Doméstica Educar não é bater

5 A violência doméstica acontece em todos os lares, independentemente de posição econômica, social, raça ou religião

Narrador: Preste atenção na história que vou contar Que acontece com famílias de todo lugar Zecão em casa acabava de chegar Depois de um dia de trabalho só queria descansar Mas Silvinha, sua mulher, berrava a reclamar. Silvinha: Escuta aqui Zecão, tudo bem que tu não querias que eu trabalhasse... Eu até não me incomodo, mas do jeito que ta não dá, tu nunca pára em casa, a gente tá sempre apertado de grana e ainda por cima tem o teu filho que não obedece e passa o dia inteirinho na rua, vê se dá um jeito nele que eu não agüento mais! Zecão: hoje não é meu dia! Vou pegar esse moleque! Marquinho vem aqui agora que hoje tu vai dormir de coro quente, quero saber por que tu passas o dia na rua. Agora vai tomar banho e depois vai dormir porque hoje eu nem quero mais olhar pra tua cara. (marquinho sai chorando). Silvinha: Poxa Zecão não precisava espancar o menino desse jeito! Era só pra chamar atenção do menino!

A criança tem necessidade de brincar e se relacionar com outras crianças. Se ela não tem essa oportunidade dentro de casa, é natural que a busque fora. O adulto deve garantir o direito à brincadeira, mas deve deixar claro para a criança os limites, estabelecendo horários e negociando que, para ter esse direito, a criança precisa corresponder com algum dever, como o de estudar, por exemplo. Problemas financeiros, no trabalho ou em casa, entre marido e mulher, podem gerar nervosismo e irritação. Às vezes, os pais descontam nos filhos toda a raiva e frustração que acumulam no dia-a-dia.

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Aqui se estabelece a relação de poder. Zecão acredita que tem todo o poder sobre o filho, inclusive de bater. Ele vê seu filho como um objeto de sua propriedade e não como um sujeito de direitos

Zecão: Cala a tua boca, tu mesmo disse que ele era meu filho, então eu educo do jeito que eu bem entender. Eu sempre apanhei do meu pai e não morri.

Narrador: Mas não era só pra corrigir, ou seja, educar. Que Marquinho, um inocente vivia a apanhar Acontece que seu pai batia mais pra desforrar O cansaço de passar o dia todo a trabalhar Na escola a professora vê o menino marcado, O seu corpo tinha hematomas pra todo lado Além disso o seu rendimento tinha decaído Resolveu chamar Silvinha pra falar do acontecido Professora Terezinha: D. Silvinha, mandei lhe chamar porque há algum tempo venho notando mudanças no comportamento de seu filho. Ele não apresenta mais os deveres de casa, suas notas estão muito baixas e agora anda faltando aulas, também observei que seu corpo está todo marcado, preciso que a senhora me diga o que está acontecendo. Silvinha: Sabe o que é professora, o problema e o Zecão meu marido! Ele é um bom homem, trabalhador, não deixa faltar nada dentro de casa, mas não tem paciência com a família. Um dia desses, pedi pra ele chamar a atenção do menino e ele só sabe bater.

É papel da escola e de todas as instituições intervirem em situação de suspeita de violência contra crianças – ECA - art.13 e 56

Terezinha: Olhe dona Silvinha, tome cuidado com essas agressões, o seu filho só tem oito anos, se o seu marido passar dos limites e algo grave acontecer com Marquinho, tanto a senhora como o seu marido serão responsabilizados. A senhora por negligência e o seu marido por agressão física. Silvinha: Não professora, deixa que eu vou conversar com o Zecão. Terezinha: Muito bem, isso não pode continuar assim. Melhor que bater é conversar. Narrador: Silvinha pensativa percebeu então

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Que os hematomas do menino chamavam muita atenção Percebe que o seu filho ela não soube educar Então tenta chamar Zecão pra conversar Silvinha: Zecão, a professora me chamou e já estão reparando na escola que o menino apanha muito, a professora disse que poderemos ser responsabilizados. Zecão: Primeiro eu quero te dizer que ninguém tem nada a ver com a nossa vida! Por acaso a professora te sustenta ou sustenta o Marquinho, heim?!

Mais uma vez, Zecão enfoca a relação de poder, agora o poder econômico sobre a mulher e o filho

Narrador: Dias depois Zecão assistia televisão. Quando ouve seu Raimundo batendo no portão Raimundo: Olha aqui seu Zecão, o seu filho Marquinho junto com uma cambada de moleques quebrou o vidro da janela lá de casa, e eu quero que o senhor e os outros pais paguem o prejuízo!

GLOSSÁRIO Negligência: Ato de omissão do responsável pela criança, quando Zecão: Vem cá Seu Raimundo, o senhor viu se foi meu filho que quebrou seu o adulto tem a responsavidro? Pode ter sido qualquer um desses moleques!... bilidade de prover as necessidades básicas para Raimundo: Eu não tô nem aí! Mas o meu vidro o senhor vai ter que pagar. o seu desenvolvimento e não o faz. A negligência Narrador: pode se dar em uma ou Depois da saída esbravecida do vizinho. mais das seguintes áreas: Zecão muito bravo grita por Marquinho saúde, educação, desenvolvimento emocional, nutrição, Zecão: Vem aqui Moleque! Vem aqui agora! Tu quebraste a vidraça do seu abrigo e condições seguras de Raimundo? vida. Distingue-se das circunstâncias de pobreza, uma vez que Marquinho: Não fui eu pai, eu juro, foi o Marvão que quebrou. são considerados “negligência”, apenas os casos onde há recursos Zecão: Eu não quero nem saber, se tu tava no meio vai apanhar pelo disponíveis para a família atender prejuízo que tu tá me dando (Zecão espanca no Marquinho). a estas necessidades.

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A raiva que Zecão sentiu, ao ser chamado pelo vizinho, não ajuda Marquinho a entender que é seu direito brincar, mas também é seu dever respeitar a propriedade do outro. A surra não educa. Ele apanha sem entender o que fez de errado. Quando isso acontece, é provável que a criança volte a praticar a mesma ação. A violência doméstica se dá de forma progressiva, hoje se grita, amanhã é uma palmada, no dia seguinte é a surra, cada vez mais forte, que um dia pode chegar a conseqüências trágicas

Narrador: Zecão enfurecido bate tanto no inocente E sem perceber deixa Marquinho inconsciente A surra foi tamanha que assustou a mãe, Silvinha Que veio correndo assustada da cozinha Silvinha: o que tu fizestes com o meu filho?! Tu deixaste ele desmaiado!! Zecão: Que nada, isso é fingimento dele! Bora Marquinho vai tomar banho deixa de moleza. Levanta daí, bora! (sacode Marquinho, preocupado)... Marquinho!... Meu filho! Minha nossa, o que eu fiz!...Vamos levar ele p/ o Hospital!

Narrador: Então Zecão chega gritando no hospital Com seu filho no colo passando muito mal Zecão: Alguém me ajuda pelo amor de Deus! O meu filho ta morrendo! Enfermeira: Calma, senhor, calma! Coloque seu filho aqui nessa maca. O que aconteceu com essa criança? Zecão: (Nervoso e com muito medo) é... Ele... Ca... Caiu do muro!....

É comum os pais justificarem os hematomas com acidentes. Por isso, é importante estabelecer um vínculo de confiança com a criança e buscar que ela conte a verdade. Uma alternativa é denunciar a suspeita ao conselho tutelar, a fim de que ele investigue a situação junto à família

Enfermeira: Calma, senhor! Vou chamar o Dr. Paulo! Narrador: Enquanto o Doutor Paulo avalia Marquinho Percebe muitas marcas pelo corpo todinho E como o doutor já tinha visto algo igual Chama a Dona Shirley, a assistente social. Dr. Paulo: Seu Zecão, D. Sílvia, esta é a D. Shirley, nossa assistente social. Contem pra nós o que realmente aconteceu com o filho de vocês? Zecão: ele caiu do muro! É verdade!... (fica em silêncio)

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Silvinha: Fala Zecão, fala a verdade pra eles isso pode salvar o nosso filho!.. Zecão: (Depois de um longo choro) como é que ta meu filho Doutor? Eu não queria fazer isso com ele, eu só queria educar meu filho pra ele ser um bom homem quando crescer, da mesma maneira que meu pai me educou!... Eu também apanhei muito, dona Shirley!...

GLOSSÁRIO Delegacia de proteção à criança a ao adolescente (DPCA): É o órgão da segurança pública que exerce a função de polícia judiciária. Ela realiza a apuração, através de inquérito policial, dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes.

Shirley: Seu Zecão, o que acontece na sua família é um ciclo de Violência. Do jeito que o senhor apanhava na infância, reproduz a mesma violência no filho. O senhor precisa entender que se pode educar sem espancar. Zecão: Mas como vou fazer pra ele me obedecer? Shirley: O senhor quer que seu filho tenha medo ou lhe respeite? Existem outras formas de educar, o senhor pode dar disciplina e educação através de diálogo e respeito. Zecão: Então me ajude a ser um bom pai para o meu filho!... Silvinha: É zecão... precisamos mesmo de ajuda!... Agora quero saber como tá meu filho! como está Marquinho Doutor? Paulo: Fisicamente ele vai se recuperar, não se preocupe... Shirley: ....Mas, emocionalmente ele vai precisar de ajuda. Aqui pelo hospital vamos cuidar disso, podemos encaminhar o Marquinho e toda a família para uma instituição que ofereça acompanhamento psicológico. O senhor percebe a gravidade do que fez? O senhor deverá ser responsabilizado. Por isso eu terei que notificar o fato para a DPCA – Delegacia de Proteção à Criança.

Casos suspeitos ou confirmados de violência doméstica precisam ser denunciados ao conselho tutelar ou à delegacia de proteção à criança

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Narrador: Zecão foi julgado como réu primário Condenado a prestar serviço comunitário Ajudando outras crianças que sofrem deste mal No setor de pediatria do hospital. Ao ver que Marquinho se recuperou Zecão pede perdão porque sabe que errou. Se você nessa história prestou atenção Se liga brother, pra violência diga não!

GLOSSÁRIO Conselhos tutelares: São responsáveis por atender a crianças e adolescentes, quando seus direitos forem violados pela família, pelo Estado ou em razão de sua própria conduta. Devem ser compostos por membros da própria comunidade. Aos conselhos cabe aplicar as medidas de proteção à criança e ao adolescente, evitando que seus direitos sejam ameReconstruindo um Lar açados ou violados. Para promover a execução de suas decisões, os conselhos Narrador: podem requisitar serviços A história que vou contar é de Joana, companheira de Mauro e mãe de Clara, públicos nas áreas de saúde, uma adolescente de 15 anos. educação, serviço social, previdência, trabalho e seguClara: Oi mãe. rança, bem como representar a autoridade judiciária nos Joana: Isso são horas, Clara? casos de descumprimento injustificado de suas delibeClara: Mãe, tive que terminar de fazer um trabalho e... rações. Os conselhos recebem todo tipo de denúncias Joana: Que trabalho nada. Você tava era com algum pivete aí pela rua. de violações aos direitos de crianças e adolescentes. (Ver Clara: Não mãe, eu tô falando a verdade. ECA - art. 131).

Joana: Tu és igualzinha ao teu pai, sempre mentindo, tentando dar desculpas esfarrapadas. Clara: Não fala assim do meu pai, heim!

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Joana: Falo sim. Eu fazia tudo por ele e mesmo assim me traiu debaixo do meu nariz. Clara: Mãe, eu não tenho culpa do que aconteceu entre vocês, tá bom?

Problema emocional dos adultos transferido para a jovem. Agressão verbal que deprecia é vio-

Joana: Cala a boca sua moleca. Enquanto você comer da minha comida, me deves respeito. Sai da minha frente...

lência psicológica. Aqui se reforça a relação de poder assumida pela mãe.

Narrador: Essa era a rotina da família. O único que entendia Clara, era Mauro, seu padrasto, que a considerava sua filha.

Nesta história, a mãe é a agressora e o padrasto, o protetor. É

Clara chorando. Mauro: O que aconteceu Clara?

importante considerar que, numa família, qualquer membro pode ser um agressor, assim

Clara: Adivinha... Mauro: Não vai me dizer que sua mãe...

como qualquer membro pode ser

criar nenhum estereótipo de

Clara: Foi. Ela só sabe gritar comigo, nem parece que sou filha dela. Eu não queria que meu Pai tivesse morrido. Ainda estaria morando com ele. Não tô fazendo nada de mais. Os so-

Mauro: Fique calma que vou conversar com ela, desse jeito as coisas só vão piorar. Clara: Todo dia é isso. Qualquer coisa é motivo pra começar a gritar comigo e me humilhar. A mamãe sempre foi assim, fazia a mesma coisa com o papai. Só sabe brigar. Se continuar assim vou sair de casa. Mauro: Não faça nenhuma besteira Clara. Deixa que eu falo com ela. Narrador: Mas calma era o que Clara não tinha. Joana, sua mãe, já não a ouvia. Ao ver sua filha crescendo, só conseguia lembrar da traição do ex-marido. Era com se tudo fosse uma ameaça a sua autoridade.

vítima de violência. Não se deve agressor ou de vítima. Todos devem ser protetores. pais detêm absoluto controle bre as suas crianças. Porém, quando elas chegam à adolescência, eles sentem como se os filhos escapassem-lhes pelos dedos. Muitos pais, por não compreenderem algumas características da adolescência – que é a fase da descoberta, da aventura, das amizades em grupo – acabam superprotegendo seus filhos ou sendo extremamente autoritários com

eles, na tentativa de obter o controle.

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Mauro: Joana, a Clara tá sofrendo muito você tem que aprender a se controlar. Joana: Ela já foi fofocar né? Não sabe resolver os problemas sozinha. Tem que correr pra você! Novamente a mãe revela o medo pela perda do controle e pelo que pode acontecer à filha. Porém, ao invés de conversar com ela sobre sexualidade e sexo seguro, e de esclarecer as dúvidas comuns nesta fase, a mãe prefere criticar o comportamento da filha, além de depreciá-la.

Mauro: Pense bem, você precisa entender. Ela está em um momento de transição difícil, onde tudo parece urgente, tudo é vivido com intensidade. Joana: Entender o quê? Uma garota que quer sair todo fim de semana, usando essas roupas curtinhas demais. Chega tarde. Fica por ai, se agarrando com aquele tal de Nando. Qualquer dia me aparece grávida. Acho melhor você não se meter com isso, você não é pai dela. Mauro: Mas me sinto como se fosse. Joana: Mas não é! Mauro: Tô querendo o bem da nossa família, Joana. Joana: Deixa que da educação dela cuido eu. Essa família só tem jeito se a Clara se comportar melhor. Mauro: Pense bem, ela disse que vai sair de casa se as coisas continuarem assim. Tenho medo do que pode acontecer caso você não mude de atitude. Joana: Ela não é doida de fazer isso! Ela não sabe nada da vida, é uma imprestável. Vai é morrer de fome por aí. Narrador: Mas as brigas não cessaram. Clara já não suportava ter que ouvir, as comparações negativas com seu pai. E a vontade de deixar sua casa crescia. Até que um dia... Joana: Clara, Chegando tarde de novo? Clara: Mas mãe...

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Joana: Não quero ouvir sua voz. Tu tá cada vez pior. Olha essa roupa, calça toda apertada. Parece uma vagabunda. Chega essa hora com esse tal de Nando. Clara: Minha roupa não tem nada demais. A senhora é uma grossa, o Nando vive tentando se aproximar e a senhora sempre com essa cara de Pit-Bull. Joana: Me respeita, sua pirralha! Esse Nando é um folgado sem futuro. Tu tens é que estudar. Daqui a pouco tá igual a teu pai, aquele... Clara: Aquele o que? Fala! Joana: Chega Moleca. Mauro: Calma Joana. Não é assim que se resolve as coisas. Joana: Não te mete Mauro. Clara: Ih Mauro, cuidado ela tá nervosa, se duvidar ela te bate. Joana: Cala tua boca, sua fedelha atrevida. Tá passando dos limites. Clara: É isso mesmo. Joana: Chega... (som de tapa em Clara) Clara: Eu não agüento mais. Vou embora dessa droga de casa agora! (Chorando) Joana: Vai, pode ir! Mas vê se vai pra bem longe, e não aparece mais aqui. Mauro: Joana o que você está fazendo? Clara, calma!

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Clara: Não tem calma Mauro, vou embora sim. Joana: Isso é charme, quer botar banca. Mas comigo não tem vez. Deixa ela ir e quando voltar eu vou dar uma surra. Narrador: Mas ela não voltou. Passaram dias... Dona Joana continuava sempre reclamando da filha ingrata. Mauro preocupado cobrava uma atitude. Mauro: Joana a gente tem que encontrar a Clara. Ela pode estar em perigo na rua. Em situações de desaparecimento de crianças e adolescentes, é preciso fazer uma ocorrência na delegacia. Não é necessário transcorrer 24 horas do desaparecimento para realizar a ocorrência.

Joana: É verdade, eu já to preocupada também, o que será que aconteceu com ela? Joana: Diga... Socorro: Bom dia. A Dona Joana está? Joana: Sou eu, por quê? Socorro: Meu nome é Socorro, trabalho no Centro de Referência Especializado da Assistência Social, o CREAS. Joana: O que aconteceu? Algum problema? Socorro: Nós fomos procurados para tratar do caso de uma garota chamada Clara. Joana: Meu Deus! É minha filha aconteceu alguma coisa? Socorro: Ela está passando por acompanhamento psicológico com a gente, D. Joana. Joana: Mas onde tá minha filha agora? Depois que ela fugiu de casa não tive notícias!

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Socorro: Ela está morando com Dona Lurdes, irmã do seu falecido marido. Ela nos procurou, por que a Clara estava com problemas, muito isolada e agressiva. Estou aqui Dona Joana para marcar um horário lá no CREAS, onde a gente vai poder conversar sobre sua filha, pode ser na próxima sexta às dez da manhã.

Situações de conflitos familiares dificilmente se resolvem por si só. É preciso buscar ajuda especializada e assim

Joana: Pode sim, mas eu verei minha filha?

evitar atitudes de violência. Ao perceber uma situação semelhante,

Socorro: Tudo ao seu tempo. Então até sexta, D. Joana.

procure os serviços de assistência social ou psicológica oferecidos

Narrador: Dona Joana foi para o CREAS. Lá ficou sabendo de todos os problemas que suas atitudes autoritárias trouxeram a sua filha. Depois da família passar por acompanhamento psicossocial, conseguiram melhorar seu relacionamento.

por órgãos públicos ou organizações não governamentais de seu município.

Joana: Minha filha, estou tão arrependida! Me desculpa por tudo que eu fiz, não deveria ter te tratado daquele jeito. Clara: Tudo bem, mãe... eu também vacilei. Joana: Agora as coisas podem ser melhores, minha filha. Por que tu não volta pra casa? Clara: Não mãe, eu tô muito bem na casa da tia Lurdes, ela me acolheu depois que eu saí de casa. Foi ela quem me levou até o centro de atendimento. Joana: Eu entendo minha filha, mas ficaria muito feliz se você voltasse pra casa, pra reconstruirmos nosso lar. Eu e Mauro sentimos muito a tua falta. Clara: Eu também sinto falta de vocês, mas esse ainda não é o momento, dá mais um tempo. Não se preocupe, vou visitar vocês.

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Narrador: Clara voltou a freqüentar a casa da mãe, e o relacionamento das duas melhorou muito com o tempo, graças à dona Lurdes, que soube procurar os serviços de atendimento. Se você conhece uma história como essa, dê um final feliz para ela também. Pense nisso: um bom diálogo é o caminho para solução de muitos problemas.

Radionovelas sobre Trabalho infantil O Despertar de uma Família

Narrador – No interior do Brasil, na cidade de Feliciteua, vive a família Silva, muito pobre e numerosa. Um certo dia apareceu na feira da cidade a doutora Maldéia precisando de uma menina para ser sua dama de companhia. Maldéia – Senhor, quanto é o quilo do peixe? Pai / Raimundo – É três reá madame. Maldéia – Ah! Então separe para mim 3 quilos. A condição de pobreza faz com que famílias, como a de seu Raimundo, tenham um imaginário iludido por promessas duvidosas, fazendo com que haja verdadeira confiança na melhoria das condições de vida, ofertadas por aqueles que, na verdade, querem tirar proveito da situação, violando uma série de direitos.

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Raimundo – Tá bom, tá fresquinho. Maldéia – Senhor, me diga uma coisa, o senhor não conhece uma menina que queira ir para a capital pra me fazer companhia e ajudar em casa? Sabe, eu sou muito sozinha, moro num apartamento imenso. Eu sou uma advogada muito influente. Sou muito rica. Não há de faltar nada para essa menina. Pai / Raimundo – Pôxa madame, minha filha do meio, Gleicilene, ela só tem unze anos, huuum é esperta que dói, ela faz de um tudo em casa, mas olha ela estuda hein!


Maldéia – Mas ela vai estudar, imagina! Tem uma escola maravilhosa perto de casa. Pai / Raimundo - Então tá dutura, a senhora vá amanhã bem cedinho na minha casa, que fica na Rua da Cachoeira, é a 2ª casa, não tem nem o que errar, tem um teba dum bacurizeiro bem na frente. Maldéia – Então tá, pode me aguardar. Narrador – No dia seguinte, bem cedinho na casa da família Silva, dona Maria, a mulher do seu Raimundo, já estava de pé, escutando o seu rádio e preparando o café da família. Dona Maria vive feliz, cuidando da casa, dos animais, na companhia dos filhos e ajudando o marido no dia-a-dia. Narrador – Nesse momento chega na casa da família Silva a doutora Maldéia, como foi combinado. Maldéia - Bate palmas (3 vezes), ô de casa! Pai / Raimundo – Bom dia dona dutura Maldéia.

Discurso muito comum, que serve para passar confiança e convencer a família vítima do trabalho infantil doméstico. Vale refletir: Os filhos de D. Maldéia estudariam naquela escola?

No trabalho infantil doméstico há uma “troca de favores”, que gera violação de direitos, pois a relação é extremamente desigual entre explorador (adulto) e explorado (criança/adolescente). O pagamento geralmente não é monetário: moradia, escola,

Maldéia – Bom dia, seu Raimundo!

roupas, calçados, etc. Quando

Mãe / Maria – Quem é que ta aí Mundico?

abaixo de um salário míni-

Pai / Raimundo – Ah vem cá Maria, essa é a dutora da capitá, que quer levar a Gleicilene, pra lá que é pra ajudá em casa e fazê cumpanhia porque ela é muito suzinha. Maldéia – É dona Maria! Olhe! Ela vai ganhar muita roupa, muitos sapatos, vai passear no Shopping. Eu vou mandar sempre uma cesta básica, vem também roupas e brinquedos para os irmãos da Gleicilene. Ela vai estudar numa escola boa, vai ser tratada como uma filha. Narrador– Inesperadamente, dona Maria toma uma atitude que ninguém poderia imaginar.

monetário, o pagamento é mo. Diante deste contexto, deve-se refletir: Como obter melhores condições de vida, sendo vítima de exploração? Muito comum também é o discurso de ser tratada “como uma filha”, o que, na prática, não acontece. O aconselhável é que se regularize a guarda da criança/adolescente e que, de fato, tenham as mesmas condições de vida de um filho.

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Mãe / Maria – O quê Mundico? Tu tá duido? Eu não vou dar a minha filha pra carqué uma não! Então tu não te alembra daquele causo que ouvimos no radiuo outro dia, daquela cuitadinha da Marierma, o quanto ela sufreu na capitá na mão daqueles dois condenadu que eram patrões dela? Pai / Raimundo – Mas muié, ela é dutora O convívio familiar é um direito de toda criança e adolescente, sendo fundamental para um desenvolvimento pleno e saudável.

No trabalho infantil doméstico, as jornadas de trabalho são longas, chegando até 12 horas diárias. O lazer fica limitado ao espaço doméstico: ouvir rádio e assistir à televisão. A relação desigual de classe também se faz presente no trabalho infantil doméstico, pois o(a) explorador(a) se julga superior ao explorado.

Mãe / Maria – Eu lá quero saber se ela é dutora. Quem vê cara num vê curação! Deixa de ser besta homi, uma muié que nós num sabi nem de que buraco saiu querendo levar nossa menina? O lugar da Gleicilene é aqui na nossa casa, junto dos ermão dela. Pai / Raimundo - Mas olha, ela vai pra capitá, vai estudar muié! Mãe / Maria – Estudar nada, se a pequena trabalhar toda hora, vai ficar cansada e não vai estudar direito. Aqui ela também estuda, aqui nós não tem luxo, mas ela tem o nosso amor, nosso carinho, nosso afeto. Lá na capitá essa mulhe vai é explorá a nossa filha. Maldéia – Alto lá! Com quem a senhora pensa que está falando? Sou uma advogada de renome, e posso processar a senhora por difamação! Pai / Raimundo – Tú num tá vendo que ela é rica, num fala bestêra! bora aproveitá essa porta que se abriu pra melhora o futuro da nossa filha. Mãe / Maria – Mas Mundico, abre os teus olhos, acorda pra realidade homi, parece que essa muié te lançou fitiço (Gargalhada de bruxa), eu ouvi o que o seu conselheiro tutelá falou no rádio: se ela quiser levar a gleicilene tem que ir no juiz pra pedi a guarda, pra garantir todos os direitos dela. Pai / Raimundo – É Maria, tu sabe que eu num tinha pensado nisso, parece que eu fiquei enfeitiçado por essa buca de cobra(Barulho de chocalho de cobra). Eu to me alembrando que nós vimo também aquela assistente sociá falando na TV, que ninguém pode levá nossos filho sem premero nós dá a tar de guarda na frente do juiz, pra garanti a escola e saúde

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deles, tudo passado o preto no branco, não é assim como a senhora qué não. Maldéia – Mas isso é um absurdo, vocês estão impedindo a felicidade da Gleicilene! Vocês não querem aproveitar uma oportunidade dessa de mão beijada, que caiu do céu para a menina? Mãe / Maria – Olhe dona, a nossa filha já é muito feliz aqui. A senhora quer uma companhia, uma filha? Então pode adutá uma criança sem família pra ser sua filha verdadeira, que os filhos tem o mesmo direito, tanto o que nasce de dentro de nós como o filho do curação. Ah! A senhora qué uma pessoa pra trabalhá? pois eu arranjo já, já, uma senhora que tá precisando trabalhá e recebê saláro todo mês.

O trabalho doméstico deve ser valorizado, sendo os profissionais que o desenvolvem muito importantes para a sociedade. Porém, deve ser executado por um adulto. No Brasil, a idade mínima para

Maldéia – Eh! Eu já vi que vocês não vão aproveitar essa chance, pois eu vou encontrar uma outra família que queira.

admissão no emprego é de 16 anos - Ver Art. 7º, XXXIII da Constituição Federal.

Mãe / Maria – Pois, se depender de mim eu num vou deixá, e vá, vá embora da minha casa. Maldéia - Esbravejando – Eu vou mesmo embora dessa casa de gente ignorante, pensam que são sabidos? Ora, filho de peixe peixinho é, essa tal de Gleicilene deve ser igual a vocês, preguiçosa, Adeus. Pai / Raimundo – Olhe dona Maldéia, se arretire da nossa casa, eu tô vendo que a Maria tá é certa mermo, a senhora num passa é de uma trambiqueira cheia das educação pra enganá os besta, inté nunca mais. Narrador – Dona Maria, muito indignada, percebeu o quanto é comum as meninas do interior irem morar na cidade grande para trabalhar como domésticas e nessas cidades meninas de família de baixa renda também são exploradas. Então resolveu conversar com sua vizinhança e líderes comunitários da região para dar um basta na exploração do trabalho infantil.

Quando a família fica impossibilitada de prover seu próprio sustento, cabe ao Estado apoiá-la, e não à criança.

Maria / Mãe - Minha gente, a família é um caminho pra acabá com essa situação de explorá o trabalho infantil, as criança tem direito de

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crescer no meio da sua família, sem precisá trabaiá. Pai/ Raimundo – eu to contigo Maria. Maria / Mãe – É isso mesmo Mundico a criança que trabaia num rende na escola, vive cansada, num se diverte, num brinca. Jane - E como é que vai ser o futuro dessas criança se os pai não olharem pur elas? A reação como a de D. Maria é surpreendente. Pois, na maioria dos casos, as famílias são enganadas e iludidas. Daí a importância de se desenvolver ações informativas, capazes de prevenir o trabalho infantil doméstico e de desnaturalizar essa relação desigual que vem se tornando cada vez mais cultural. O trabalho Infantil doméstico não é direito e nem deve ser visto como normal.

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Aurora - Vai ser tudo burro de carga, pudendo ser dotô? Maria / Mãe - É mesmo nós pai e mãe temo que proteger as nossas criança pra elas serem felizes. Palmas – é isso ai Dona Maria, isso mesmo tamo com a senhora!


Um novo Amanhã

NARRADOR: Em uma cidade chamada Bacurilândia. A família Silva se prepara para mais um dia de trabalho. São três horas da madrugada. LUZIA: Eliel, toma café fio, vamo que já é tarde. ELIEL: Ah mãe! To com sono. BENÉ: Bora muié o carro já ta chegando. (SONOPLASTIA – BARULHO DO CAMIHÃO CHEGANDO) LUZIA: Calma homi! To apressando o Eliel. Fio! Não esquece o radinho. NARRADOR: A família Silva chega em seu local de trabalho na olaria de tijolos e Eliel sintoniza o rádio. (SONOPLASTIA – BARULHO DE CHIADO DE RÁDIO) LOCUTOR 1: Atenção você ouvinte da Rádio Miriti! Daqui a pouco mais uma transmissão de uma partida de futebol entre Abacaxi Esporte Clube e Sociedade Esportiva dos Pepinos. Mas antes, chamo atenção para uma realidade que não está longe de você, o jogo da vida! É com você, Heloisa Montila! HELOISA MONTILA: Infelizmente registramos hoje mais um caso de acidente grave na olaria do vilarejo de Curimatã. A vítima é uma criança de oito anos, que deu entrada no posto de saúde da cidade com queimaduras de 3º grau em 90% do seu corpo. A criança queimou-se ao entrar num forno sem o material de segurança, equipamento que não existe na olaria. Então, fica uma mensagem: “Trabalho infantil não é direito!”. Para maiores informações procure a Secretaria de Assistência Social de seu município ou o Conselho tutelar. NARRADOR: D. Luzia, preocupada com a notícia que acabara de ouvir, fala ao seu marido:

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LUZIA: Num to falando Bené que trazer Eliel pra cá é perigoso? Ele só tem dez ano! BENÉ: É muié! Só que se ele parar de trabalhar, a gente vamo ganhar menos dinheiro. LUZIA: Mas eu to preocupada com as notícias que ouvimo no rádio. Num quero que nada aconteça com nosso fio.

O conselho tutelar é o órgão responsável pela defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente, devendo lutar pelos interesses infanto-juvenis. A Secretaria de promoção social deve oferecer à população serviços que garantam direitos básicos, como: educação, saúde e emprego, ou seja, políticas públicas que promovam condições dignas de sobrevivência. Qualquer cidadão pode ter acesso ao conselho tutelar e à Secretaria de promoção social.

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BENÉ: Pode ser que tu até tenha razão, mas como vamo pedi ajuda pressa tar de secretaria, e esse conselho tutelá? LUZIA: Já sei Bené! vou prucurar Dona Antônia que é nossa patroa e gosta de nossa famía. É sempre ela que nos ajuda quando tamo precisando de alguma coisa.


NARRADOR: D. Luzia procura a Dona Antônia e tenta esclarecer suas dúvidas... LUZIA: Descurpe Dona Antônia eu tá tomando seu tempo. É que eu e mais o Bené ouvimo uma notícia na rádio de um acidente com uma criança de 8 anos na olaria do vilarejo de Curimatã. E tamo preocupado com Eliel, nosso filho.

Na exploração do trabalho infantil, o que prevalece são os interesses particulares do adulto e não os da criança. Além disso, os filhos dos empregados não têm os mesmos direitos dos filhos

ANTÔNIA: Calma D. Luzia! Deixe de besteira. Esse tipo de acidente nunca aconteceu por aqui, e não é agora que vai acontecer. Até mesmo porque, se o menino não vim trabalhar mais, Como vocês vão pagar a dívida que vocês tem comigo? Esse dinheiro vai fazer falta pra vocês. Não é?! D. Luzia, fique tranqüila! Leve aqui esse feijão e essa farinha, e vá pra casa. Depois vocês me pagam!

dos patrões. Tal concepção contraria o princípio da universalização contido no ECA, segundo o qual toda criança e adolescente são sujeitos de direitos e devem receber proteção integral, independente de raça, gênero

LUZIA: Agradicida. Inté, dona Antônia!

ou classe social.

NARRADORA: No caminho de casa D. Luzia se mantém bastante preocupada. (SONOPLASTIA – ARRASTANDO SANDALHA- PORTA ABRINDO E FECHANDO)

O papel da família é fundamental no enfrentamento ao traba-

LUZIA: Bené! tu num sabe! A Dona Antônia tento me acalmar, mas num paro de pensar em nosso fio. Acho que nós deve ir até essa tar de Secretaria.

lho infantil. Os pais precisam

BENÉ: Mas amanhã nós tem que trabalhar, muié! Como tu vai conseguir ir lá?

provocados pelo trabalho in-

LUZIA: Tu inventa la´pra dona Antônia que eu to adoentada. Eu aproveito pra ir lá!

sensibilizados para o fato de

ser informados de todos os riscos e comprometimentos fantil, bem como devem ser que a criança/adolescente não terá melhores condições de vida

NARRADOR: Então, no outro dia, D. Luzia procura a Secretaria de Assistência Social. Chegando lá conversa com uma técnica que esclarece seus direitos e deveres.

sendo explorada, pois os prejuízos acarretados pelo trabalho precoce influenciam negativamente em todo o futuro da criança.

ASS. SOCIAL, Drª. Ana: D. Luzia, toda criança tem direito a freqüentar a escola e o trabalho prejudica o desenvolvimento físico e intelectual de Elielma, sem falar de sua saúde.

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LUZIA: Mas Dra. Ana, eu mais Bené somo pobre e, Dona Antônia, minha patroa, disse que se Eliel deixar de trabalhar na olaria, não vamo conseguir pagar nossa dívida. Ah Drª meu maior sonho é ter meu pedacinho de terra pra trabaiá pra nós mermo! Drª. Ana: Compreendo suas dificuldades D. Luzia: Sua família precisa do dinheiro que vem do trabalho de Eliel. Não é isso? LUZIA: É isso mesmo, Drª.!

Além da Secretaria de assistência social, outros órgãos também podem ser procurados como o Conselho municipal dos direitos da criança, o Conselho tutelar, o Juizado da infância e juventude. As situações de trabalho infantil podem e devem ser denunciadas por qualquer cidadão, sendo garantido o direito ao sigilo das informações e ao anonimato.

Drª. Ana: Então nós temos que tomar uma providência. Vou inserir Eliel num programa social para garantir sua permanência na escola, e que não volte a trabalhar. Este programa também contribuirá com a geração de renda de sua família. Mas é importante entender que a atitude de sua patroa é errada, pois além de utilizar o trabalho infantil, mantém vocês presos ao trabalho através das dívidas. Isso se chama trabalho escravo. Por isso, devemos denunciar Dona Antônia ao Ministério Público. LUZIA: É mermo né Drª! Mas minha patroa não vai ficar sabendo que fui eu que vim reclamar? Ela pode prejudicar minha famía! Dra. Ana: Não se preocupe. Tudo que a senhora e outras pessoas falam aqui é mantido em sigilo, ninguém fica sabendo, justamente por causa disto. LUZIA: Ah bão! E o que eu tenho que fazer? Drª. Ana: Você e seu filho têm Certidão de Nascimento?

A certidão de nascimento é gratuita. É um documento importante para realizar a matrícula da criança/adolescente em uma escola e garantir-lhe todos os direitos.

LUZIA: Eu sim, meu fio não. Drª. Ana: Amanhã venha com seu marido e traga a Certidão de vocês que vamos tirar o de seu filho e matriculá-lo na escola mais próxima de sua casa. LUZIA: Puxa Drª! to muito agradecida, amanhã mermo vou fazer isso, e também vou trazer um doce de bacuri, que eu mesma faço!

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Dra. Ana: Que isso D. Luzia não precisa! apenas estou fazendo meu trabalho que é tentar garantir os direitos de sua família. NARRADOR: Ao chegar em casa D. Luzia chama seu filho para conversar. LUZIA: Fio, vem cá. Hoje a mamãe tomou uma decisão muito importante para o seu futuro. Vou te matricular numa escola! Ocê não precisa trabaiar mais! Vai ter uma vida mio que eu e seu pai tivemo. ELIEL: Mas Mãe! o dinheiro que Dona Antônia paga preu trabaiar num vai falta aqui em casa? LUZIA: Não te preocupa fio. A Drª Ana disse que tu vai entrar num tal programa do guverno pra criança não trabaiar mais, e nossa famía vai receber uma ajuda pra nóis trabaiar pra nóis mermo! NARRADOR: Crianças e adolescentes têm o corpo frágil, ainda em desenvolvimento e por isso atividades como olarias, carvoarias, lavouras, e outros são perigosos e prejudicam a saúde. Podem provocar acidentes e até levar a morte. Neste jogo da vida, a família de Eliel venceu. Faça a sua também vencer.

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A Sedução na internet

Informações transmitidas pela TV, jornal e por outros meios de comunicação são instrumentos essenciais na compreensão do tráfico de pessoas e na sua prevenção.

Narrador: Silvia é mãe solteira e tem uma filha de 16 anos. trabalha como recepcionista num consultório dentário no centro de Mangueirópolis e todos os dias as 7 da manhã liga o ar condicionado, a televisão da sala de espera e começa a organizar as revistas sobre a mesa. Porém naquele dia a notícia no telejornal local lhe chamou atenção. (Música de abertura de telejornal - música de fundo). Sérgio Chapelão Mexicano: Trânsito caótico em Mangueirópolis... Fátima Bernadete : Estudantes da universidade das Mangueiras ocupam a reitoria...

Choca a opinião pública porque o tráfico de pessoas envolve questões sociais, culturais, e, na maioria das vezes, morais. Há diferentes estratégias para iludir e seduzir as vítimas, a internet é um desses meios, por ser um espaço de troca de informações, onde algumas pessoas buscam amizades, romances, trabalho, etc. O tráfico de pessoas é a prática em que o aliciador engana ou obriga a vítima, apropriando-se, assim, da sua liberdade por dívida ou outro meio, sempre com propósito de exploração.

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Sérgio Chapelão: Mais um caso de tentativa de tráfico de pessoas que resulta em morte choca a opinião pública em Mangueirópolis... Fátima Bernadete : Jornal Manga amarela está no ar. (Encerra a música de abertura de telejornal - música de fundo). Fátima Bernadete: Bommm... dia, o jornal Manga amarela informa: adolescente de 17 anos encontrada morta no bairro das flores em Mangueirópolis evidencia mais um caso de tráfico de pessoas facilitada pela internet. Nosso repórter Cláudio Scamparini tem outras informações. Cláudio Spancarini: adolescente de dezessete anos é encontrada morta na lixeira de um supermercado no bairro das flores , segundo as investigações da policia local, a vítima mantinha contatos pela internet com o assassino. O delegado Ubiratan Moraes afirma que o criminoso estava envolvido com tráfico de humanos e exploração sexual. Para termos uma idéia deste comércio ilegal, o tráfico internacional de mulheres movimenta mais de 9 bilhões de dólares por ano.


Cláudio Scamparini: Direto do bairro das flores para o jornal manga amarela. Fátima Bernadete: Obrigada Cláudio, vamos com a previsão do tempo. em Mangueirópolis 35°... Narrador: Silvia fica pensativa com a história que viu na televisão e coincidentemente ao arrumar as revistas na sala de espera encontra um informativo sobre tráfico internacional de pessoas e começa a ler. Silvia: Meu deus! Minha filha usa frequentemente a internet, quando chegar em casa converso com ela. Narrador: Após longo dia de trabalho, Silvia volta para casa pensando. Silvia: Juliana, percebi que tu estás freqüentando muito este... Como é que é nome... É cyber, né? Aqui próximo de casa não é mesmo? Fiquei curiosa, minha filha. Como é esse negócio de internet? Juliana: Não tem nada de mais mamãe, na internet a gente conversa com os amigos, conhece outras pessoas, fica sabendo das baladas, trocamos fotos e mensagens por e-mail.

A informação pode contribuir com a prevenção da violência, por isso precisamos ficar atentos. Na família, o instrumento de prevenção é o diálogo aberto e franco, determinado pela relação de confiança, respeito e compreensão estabelecida entre pais e filhos. Ao demonstrar interesse em conhecer o local que a filha freqüenta, a mãe age conforme o principio de proteção: “pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, etc.” – ECA – art.18

Silvia: eu queria conhecer melhor este negócio de internet minha filha, será que posso ir contigo? Juliana:claro mãe! vamos lá amanhã. Narrador: Silvia queria falar sobre o que leu no informativo, mas sem assustar a filha, afinal não conhecia internet. e na manhã seguinte acompanhou sua filha até cyber próximo de sua casa. (ruído de conexão da internet, música eletrônica).

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O melhor momento para conversar com os filhos depende da relação de confiança. Na internet, algumas pessoas podem inventar personagens, apelidos para atrair pessoas.

Juliana : Mãe, eu vou te ensinar, é assim que acontece, a gente tecla o nome do site (som de teclas de computador), digita a minha senha (som de teclas de computador) e pronto! Entramos no meu diário virtual. Eu tenho um montão de amigos: O Paulo, a Karina, a Bárbara e o Peter. Aqui a gente pode até fingir que tem outro nome, eu falo com várias pessoas e tenho vários apelidos. Veja as minhas fotos mamãe, estou bonita?

Uma foto ingênua pode se trans-

Silvia: Tá sim filha, mas tu não achas que essas fotos estão muito íntimas, fotos de biquíni com poses sensuais e provocantes. Não lembro dessas fotos, onde tu tirastes? Uma foto ingênua pode se transformar numa violação de direito quando administrada por pessoa mal intencionada.

formar numa violação de direito quando administrada por pessoa mal intencionada. A relação de confiança estabelecida entre mãe e filha promoveu um diálogo franco que fez menina falar honestamente Nesse caso, o possível agressor aborda a vitima através uma ligação. Há casos em que abordagem pode ser na rua,

Juliana: No quarto da minha amiga, com a máquina digital dela. de clic’s, som de chamada de telefone) Peraí, peraí, peraí mãe! O peter tá me ligando. a (som

Peter: Alô? querida Juliana, estava com saudades, suas fotos estão incríveis, é que vou poder te conhecer, se quiser você pode ser uma ótima modelo, a é bonita, inteligente... vamos marcar um encontro? eu te apresento a pessoa certa.

de quando

na escola, etc. A empolgação é típica da

Juliana: Que legal Peter! mas tu podes me ligar depois? Estou ensinando a mamãe a usar a internet. A gente se fala uma outra hora, tchau!

adolescência, pois é uma fase da vida marcada por profundas transformações biológicas, psi-

Narrador: Silvia se assusta com a empolgação da filha diante daquela ligação e pergunta:

cológicas e sociais.

Silvia: Quem é este Peter, minha filha? A internet é um instrumento que reduz a distância entre as pesso-

Juliana: É o meu amigo virtual, ele é da Inglaterra.

as. Contudo, é um meio que pode difundir estratégias de sedução capazes de persuadir a vítima que, por sua vez, passa a confiar numa pessoa

Silvia: Mas tu me disseste que na internet as pessoas podem fingir que tem outros nomes e como tu podes saber que esta pessoa que te ligou se chama Peter mesmo? Tu já vistes ele alguma vez?

que nunca viu.

Juliana: Já vi umas fotos dele... on line, ele é tudo de bom!

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Silvia: On line? que negócio é isso? Juliana: On line é quando estamos ao mesmo tempo conectados na internet! Silvia: Mas como tu podes dar teu telefone pra um estranho, alguém que nunca viste de perto? Juliana: Sem stress mamãe! relaxa! Narrador: Silvia sente esse é o momento exato para conversar com a filha sobre o que viu na tv e leu no informativo. Silvia: Vamos pra casa minha filha, já ta na hora do almoço. Narrador: Quando chega em casa, arrumando a mesa para o almoço, Silvia fala: Silvia: Juliana, ontem vi na tv sobre o caso de uma adolescente de dezessete anos que morava no bairro das castanheiras e foi encontrada morta numa lixeira daquele supermercado aqui mesmo no bairro das flores. A menina tinha marcas no corpo e foi estuprada.

Um aliciador pode facilmente convencer uma adolescente a falar seu telefone.

A falta de informação e/ou o sentimento de que “nunca vai acontecer comigo” faz com que muitas pessoas não percebam a realidade do tráfico de pessoas.

É importante que os pais percebam a melhor hora para provocar a discussão tendo em vista o caráter preventivo.

Juliana: Que coisa horrível mãe! Silvia: Segundo a polícia o assassino a conheceu pela internet e marcou um encontro na frente da igreja e ele tava envolvido com tráfico. Juliana: Tráfico? tráfico de drogas?

Nesse caso, o aliciador marcou encontro na igreja, por ser um lugar para não evidenciar suspeitas de suas reais intenções

Silvia: Não, tráfico de pessoas. Juliana: Me conta mais mãe, não tô sabendo disso. Silvia: Olha minha filha o tráfico de pessoas, ou tráfico humano, ocorre quando um grupo de pessoas organizadas em rede, utilizando-se

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A rede é formada por pessoas e/ou órgãos que se organizam a fim de garantir um objetivo comum. Assim como existe a rede de tráfico, há a rede de enfrentamento.

de vários meios, principalmente a internet, engana crianças e adolescentes com propostas de emprego, diversão, viagens para outros estados e até pra fora do Brasil. Quando conseguem enganar alguém, essa pessoa é presa, negociada, vendida e obrigada a entrar no mercado do sexo, que é onde o corpo e as relações sexuais são comercializados por dinheiro ou outros pagamentos. Juliana: Mãe, isso não vai acontecer comigo, os meus amigos são legais.

Muitas pessoas pensam que nunca serão vítimas. Contudo, mesmo com informação, às vezes são enganadas por aliciadores.

Silvia: Pois é filha, algumas pessoas fingem ser o que não são, tu não achas que alguém pode trocar de nome e fingir que é legal só pra enganar pessoas para o tráfico? Juliana: Que neura mãe!

Apesar de a grande maioria das vítimas ser formada por mulheres, também crianças, adolescentes e – em menor

Silvia: Mas é isso que acontece com crianças e adolescentes, que acreditam nessas pessoas, aceitam suas promessas mentirosas e vão pra outros países viram escravos sexuais e dificilmente voltam, porque sofrem agressões físicas, violências psicológicas, humilhações e algumas até morrem Eu fiquei sabendo que a policia federal, também combate o tráfico de pessoas.

número – homens são visados pelos traficantes. A policia federal é um órgão responsável

Juliana: Que coisa! eu já tinha escutado algo a respeito, mas não sabia que era tão grave assim. meu deus! (exagerada)

por investigação, diagnóstico e campanhas relativas ao tráfico

Silvia: O que foi filha?

de pessoas.

Juliana: O Peter já ta um tempão me mandando e-mail, já me ligou dizendo que, se eu quiser, coisas muito boas podem acontecer. será que ele ta querendo fazer isso comigo? Quanto perigo eu estou correndo. Narrador : Mãe e filha descobriram que o perigo estava mais próximo do que imaginava e que somente conversando poderiam se prevenir desse perigo. E no mesmo dia resolveram alertar as mães das amigas e as amigas da Juliana e também o dono do cyber para que ele se engaje na luta contra a exploração sexual e o tráfico de humanos.

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GLOSSÁRIO Aliciador: Pessoa (homem ou mulher de qualquer idade e posição sócio-econômica) que atrai para si outras pessoas com promessas enganosas, seduz; suborna, induz a atos de rebeldia ou violação. No caso da exploração sexual contra crianças e adolescentes, o(a) aliciador(a) aproveita-se de ingenuidade, imaturidade, inexperiência ou qualquer outro tipo de vulnerabilidade da vítima.

Prevenção contra abuso sexual LENDA DE SOMBRA E LUZ

Narrador: Escute minha gente, essa história que eu vou contar, acontece todos os dias, no tempo de antes e de agora(pausa). Em um vilarejo no meio da Amazônia, onde era comum pessoas conversarem com as lendas da floresta, havia uma linda menina chamada Maria. Ela gostava de brincar, nadar no rio e cantar. Ah, como era lindo o seu canto...

Polícia federal: É um órgão que tem como função exercer a segurança pública para a preservação da ordem pública e da incolumidade (qualidade de incólume, isto é, livre de perigo) das pessoas e do patrimônio. As funções adicionais da polícia federal são: apurar infrações penais contra a ordem política e social, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme. No caso do trafico de pessoas, sua função é agir na prevenção e repressão.

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- Alecrim, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado... Manoel: Má de quem é essa voz tão bunita? Eu já vou espiar.. Abordagem ao agressor para sensibilizá-

Matinta: Manoeeeeeel?! (assovio)

lo, a fim de garantir a segurança da criança, conforme o Art. 70 do ECA, é

Manoel: Hã.. quem é que ta me chamando?!

dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Diferente dos adultos, crianças e

Matinta: Sou eu Manoel... a Matinta Perera! Achas que não sei o que estás pensando? Estás de olho na menina que tá banhando no igarapé! Manoel: Matinta?! Tô pensando nada, ora essa. Teu tabaco tá te dando uma nóia.

adolescentes não são totalmente responsáveis pelas suas ações por estarem em condição peculiar de desenvolvimento.

Matinta: Hum... Mas o fumo que eu tenho é dado... eu não roubo de ninguém... Olha, Manoel, vê como vais te aproximar da pequena Maria, ela só tem 12 anos. Pensa muito bem antes de qualquer atitude. Tô de olho em ti... Narrador: No dia seguinte, enquanto Maria brincava no igarapé, Manoel de longe a observava e pensava: Manoel: Ééééégua, que corpinho (suspiro). Êta minina buniiita! Narrador: Naquele momento, Maria sentiu que estava sendo observada e disse: Maria: Tem alguém aí? Isso não tem graça. Estou ficando com medo. (Sons de passos e mato se mexendo) Manoel: Ô Maria, fique com medo não, sou eu, o Manoel, teu vizinho. Achei teu canto bunito. Podes cantar pra mim? Maria: Qual deles? Cantei tantos.

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Manoel: Aquele lá... que fala em “meu amor”. Maria: Porque seu Manoel? Por que esse que fala de amor? Manoel: Porque me faz sentir e lembrar umas coisas.

A agressão pode ser realizada por uma pessoa da família (pai, padrasto, avô, primos, tios), por alguém conhecido e

Maria: Que coisas, seu Manoel?

supostamente de confiança (vizinhos, amigos dos pais) ou mesmo alguém

Manoel: É melhor falar não.. tu não entende ainda dessas coisas.. (suspiro) Quer banhar comigo notro igarapé?

que trasmita uma confiança social (educadores, religiosos, etc.

Narrador: Maria começou a ficar incomodada com aquela situação. Sentiu que não devia ficar ali.

O agressor utiliza a música como estratégia para se aproximar da vítima, assim se aproveita da

Maria: Não, Seu Manoel, tá ficando tarde. Tchau.

ingenuidade da criança em busca de realizar seu desejo.

Manoel: Tchau, não. Té logo! Narrador: No outro dia, Maria estava passeando perto da floresta, quando de repente, surgiu o Curupira. Maria: Curupira!!!! Que susto!! Curupira: Hihih ... Maria, que medo todo é esse?! Maria: Num é nada não.. é.. tá bom, vou te contar.. é que o Seu Manoel, aquele meu vizinho, andou me olhando de um jeito estranho enquanto tomava banho no igarapé... Fiquei sem jeito, senti medo. Ele falou que meu canto faz lembrar de coisas que eu ainda não entendo. Depois até me convidou pra nadar em outro igarapé. Curupira: Escute Maria, tu ainda é criança, precisa ter certos cuidados. Já te disse que além de ser perigoso ficar só em certos lugares, também não é bom tomar banho nua na frente das pessoas. Tem muitos adultos maldosos por aí, é melhor se prevenir. Mas olha, conta isso para teus pais ou algum adulto que confies; não fica com vergonha, viu?!

O sentimento de medo indefinido é

uma consequência psicológica da violência sexual. O medo induz ao silêncio e ao segredo. Para a vítima quebrar o silêncio, é importante ser abordada por uma pessoa que lhe transmita confiança e seja capaz de compreender a situação. É importante orientar a criança sobre estratégias de prevenção e principalmente

sensibilizá-la, para que ela busque apoio na família ou em alguém de confiança.

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A inocência da criança às vezes faz com que ela não tenha consciência da gravidade da situação.

Abordagem ao agressor para sensibilizá-lo, tendo em vista garantir a proteção da criança, conforme o Art. 5º do ECA, “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de violência, crueldade e opressão”.

As leis da natureza se assemelham ao ECA, pois são normas que organizam e conduzem a relação do homem com a sociedade.

Maria: Tá bom, Curupira. Eu vou tomar mais cuidado. Agora vou nadar. (sai cantando) Narrador: No dia seguinte, Curupira, ao perceber a situação da Maria, procurou Manoel pra conversar. Curupira: Manoel, vem cá! Quero ter “dez dedos” de prosa contigo. Manoel: Curupira?! Como?! Dez dedos de prosa? Má o que foi que eu fiz? Num dá pra ficar só com o dedo mindinho? Curupira: Manoel, deixa de graça que a coisa é séria, muito séria.

Manoel: Mas, mas... o que aconteceu? Num tá tudo dentro das leis da natureza? Curupira: Ultimamente nem tudo está em ordem como deve ser. Manoel: Má o que eu tenho a ver com isso? Égua, mas eu sempre ando na linha! Curupira: Tens certeza? Deixa desse teu sapateado de catita, e pensa bem nas conseqüências dos teus atos. Posso ter os pés pra trás, mas não ando em caminhos tortos. Outro dia encontrei com a Matinta e ela me contou sobre tuas andanças pela beira dos igarapés.

Toda suspeita de violência sexual deve ser denunciada. O Curupira representa uma pessoa que identifica uma situação de violência sexual. Assim, ele procura uma pessoa ou um órgão responsável para intervir no problema.

Manoel: Hummm...aquela ali!... Além de tabaqueira ainda é fofoqueira, égua! Curupira: Nem toda informação é fofoca. O que a Matinta me contou foi um alerta. Manoel: Hiiiiii... Má que conversa prá lá de estranha!... eu já vou me embora, que é. Curupira: Espere, ainda não terminei...

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Manoel: Mas eu já terminei. Té! Narrador: O Curupira, como Conselheiro da floresta, resolveu alertar a mãe D’água sobre o que estava acontecendo. Enquanto isso, Manoel, não respeitando os conselhos que ouviu, foi à procura de Maria. Manoel: Olá Maria! Maria: Manoel! Mas Como me encontraste? Manoel: O teu canto me trouxe até aqui. Ainda quero que cantes pra mim. Maria: Olha Manoel, não estou com vontade de cantar agora. Manoel: Vem cá Maria, Cante por favor. (a menina resmunga) O agressor pode exercer

Narrador: De longe, o Curupira e a Matinta Perera observavam.

pressão no sentido de impor

Matinta: Olha Curupira, o Manoel tá se engraçando com a Maria.

a criança não deseje.

Curupira: A gente tem que fazer alguma coisa, urgente!!! Narrador: As águas límpidas do igarapé movimentaram-se como de grandes marés. Um clarão iluminou toda a floresta e no horizonte surgiu a imagem de uma linda mulher. Mãe D’água: Pare com isso Manoel!!! Manoel: (assustado) O que ta acontecendo!!! Quem é essa mulher? Mãe D’água: Sou a mãe d´água, protetora de todos os seres. Estou aqui para que nada de mal aconteça com Maria.

relações ou outras práticas que

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos - Art. 4º do ECA. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento ou constrangedor- Art. 18. do ECA.

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Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de exploração, violência e crueldade - Art. 5 do ECA. Para ele voyeurismo não se configura violência, pois não envolve contato físico. Crianças e adolescentes são pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.

Esse desejo reflete a busca da satisfação sexual ou dominação do adulto sobre a sexualidade da criança ou adolescente. A confusão que ela sente é uma conseqüência da violência, pois abalada emocionalmente a vítima tem dificuldade de expressar sentimentos, seja de raiva ou de culpa. É importante que a vítima busque acolhimento na família. Caso houver necessidade, ela e a família devem procurar instituições que ofereçam acompanhamento especializado para que a vítima supere os traumas.

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Manoel: Mas, mas... eu não... Mãe D’água: Escute bem Manoel, tu não deves seduzir ou abusar de crianças e adolescentes. Está errado. Manoel: Peraí, eu não fiz nada de errado. Mãe D’água: Fez sim. Uma criança não está preparada para as mesmas atividades de um adulto. A sexualidade de um adulto é diferente da sexualidade da criança e do adolescente. Manoel: Mas eu sinto um desejo...

Mãe D’água: Esse desejo não pode se voltar contra a criança. Se isso acontecer estará acontecendo abuso sexual, em que uma pessoa, para satisfazer o seu interesse sexual, usa crianças ou adolescentes. Isso é crime segundo as leis da natureza e as leis dos homens. Ouves bem, Manoel, tu precisas mudar. Maria: Mãe d´água! Mãe d´água! Eu não sei o que o Manoel estava querendo comigo. Estou confusa. Mãe D’água: Calma minha filha, tudo vai se esclarecer. Deves ter uma longa conversa com seus pais, conte-lhes tudo, eles vão te ajudar a entender melhor. Vá Maria, agora. Narrador: Após os esclarecimentos feitos pela mãe d’água, minha vida se transformou. Nunca mais abusei da Maria ou de qualquer criança. Antes vivi uma lenda de sombra, hoje vivo uma lenda de Luz. Vou dar um conselho: não faça nada que prejudique o futuro de crianças e adolescentes, escute os conselhos do meu amigo Curupira: Curupira – O que essa história contou deve ser combatido por todos. Prevenção é essencial. Pais, professores conversem com seus filhos. Caso suspeite de uma situação de abuso sexual, procure o Conselho Tutelar do seu município ou ligue 100. Não se esqueça, se seguir esses conselhos, os caminhos das crianças e dos adolescentes jamais se fecharão, hihihi.


Um pouco mais de informação: É dever do educador comunicar à autoridade competente os casos

Atendimento especializado: Previsto no Estatuto da criança e do adolescente, significa que a criança e o adolescente, devido à fase de desenvolvimento em que se encontram, necessitam de atendimento especializado.

de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra crianças ou adolescentes.

Declaração universal dos direitos da criança: Conjunto de princípios norteadores que garantem às crianças o direito ao amor, à família, igualdade, nacionalidade, ao nome: acesso ao seu registro civil, à assistência médica, moradia; direito de ser socorrida em primeiro lugar em caso de catástrofe, entre outros. Tem como pressuposto o fato de as crianças serem pessoas em desenvolvimento e de, muitas vezes, não terem seus direitos reconhecidos. Rede de proteção à criança: É um conjunto social constituído por atores e organismos governamentais e não governamentais que têm o objetivo de garantir os direitos gerais ou específicos de uma parcela da população infanto-juvenil. Ex: rede de enfrentamento da violência sexual, rede de enfrentamento do trabalho infantil, etc. Sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente: É um conjunto de regras, ações e programas interligados, que visa a promover o atendimento integrado de crianças e adolescentes, relacionando instituições governamentais e não governamentais, visando à maior agilidade e eficácia da rede de atendimento. Secretarias de governo: As secretarias municipais ou estaduais têm a função de garantir o acesso à saúde, educação, assistência, cultura, profissionalização e proteção especial, ou seja, todos os direitos assegurados no ECA.

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Avaliação Prezados professores, membros de conselhos tutelares e demais educadores sociais que venham utilizando o guia de orientação do CD de rádio novelas educativas. Solicitamos aos senhores que façam a gentileza de preencher o modelo da ficha de avaliação abaixo descrita* e nos enviem uma cópia via correio ou por email, para que possamos mensurar o alcance e resultados da aplicação desta tecnologia social. A sua avaliação é muito importante para nós, pois é você quem está utilizando o guia e o CD, em sua localidade e realidade, dentre a diversidade social e cultural do publico e localidade onde você atua. Queremos que você responda a ficha de avaliação de duas maneiras, uma como educador, ou seja, aplicando a tecnologia e outra perguntando diretamente sobre cada item aos participantes das dinâmicas, obtendo com isso diversas pontuações e para isto se faz necessário fazer uma média das pontuações em cada item. Portanto a avaliação da tecnologia será a somatória e análise das fichas de avaliação, as quais permitirão dar vida, sentido, qualificação e abrangência ao nosso método de educação popular. Neste sentido a sua colaboração é de suma importância para que possamos melhorar nosso compromisso com as questões e causas da defesa dos direitos de crianças e adolescentes. As perguntas que vamos lhe fazer estão relacionadas aos três eixos básicos nos quais se alicerça o método de educação popular da ONG Rádio Margarida, que são: comunicação + sentimento + ação transformadora. Para cada pergunta que for feita pedimos que você responda com pontuação e observações. Pontue cada resposta com valores de zero a dez, a fim de quantificarmos o desempenho de tal item. Como por exemplo no item ou pergunta nº 2. As informações transmitidas são claras e possibilitam o conhecimento sobre as questões (9). Ao final se tiver alguma consideração que não for contemplada pelas perguntas, fique a vontade para tecer seus comentários. Desde já agradecemos a sua importante participação e colaboração. *Observações: A ficha de avaliação que acompanha o guia é apenas um modelo, que pode ser copiado ou mesmo acessado para ser copiado ou respondido e enviado on line para o site www.radiomargarida.org. br/radionovelas, em titulo ficha de avaliação. Qualquer dúvida no preenchimento da ficha você poderá obter maiores explicações no site e se mesmo assim precisar de mais informação escreva para radiomargarida@ radiomargarida.org.br, ou Av. Governador José Malcher, Nº 189, Belém – PA, CEP 66035-100.

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Modelo de ficha de avaliação – educador (

) ou participantes (

)

Eixo Comunicação 1. O CD e o guia de rádionovelas educativas facilitaram o entendimento sobre as questões de violência doméstica, abuso e exploração sexual e trabalho infantil entre os participantes ( ). 2. As informações transmitidas são claras e possibilitam o conhecimento sobre as questões ( ). 3. A maneira de transmitir estas informações (novelas, músicas e spots) facilita tratar das questões, possibilita o diálogo entre os participantes, para desmistificar e aprofundar os assuntos ( ). 4. Esta forma de comunicação possibilita uma educação na perspectiva libertadora e de transformação ( ). 5. Outras considerações sobre o eixo comunicação: ....................................

Eixo Sentimento 6. O CD e o guia de rádionovelas educativas tornam possível aos ouvintes e participantes a expressão de seus sentimentos com relação às questões abordadas ( ). 7. A comunicação estabelecida torna possível a troca de vivências e experiências de vida ( ). 8. Quais sentimentos mais comuns foram externados nas participações: medo( ) tristeza( ) indignação( ) insegurança( ) revolta( ) solidariedade( ) amor( ) necessidade de mudança( ) outros........................ Obs do item 8: Pontue os três sub-itens mais votados, inclusive o sub-item: outros, com valores que, somados, não passem de 10. Por exemplo: medo (5), insegurança (3) e solidariedade (2). Queremos saber, em escala percentual, quais os sentimentos mais reincidentes nestas questões. Eixo Ação transformadora 9. O CD e o guia de rádionovelas educativas possibilitaram uma reação dos participantes com relação às questões abordadas. 10. Os participantes manifestam o desejo explícito de mudar estes acontecimentos, de que maneira: Levar ao conhecimento de outras pessoas( ) Fazer denuncias( ) organizar-se melhor( ) Promover campanhas e outras formas de mobilização( ) Outros................ 11. A tecnologia social de radionovelas educativas possibilita uma ação transformadora no meio em que é utilizada. Obs do item 10: vide orientação do item 8.

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Referências FALEIROS, Vicente de Paula; Faleiros, Eva Silveira. Escola que Protege – Enfrentando a violência contra crianças e adolescentes, Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007 RIZZINI, Irene; BARKER, Gary – organizadores - Cuidar sem violência todo mundo pode. Projeto Fortalecendo as Bases de Apoio Familiares e Comunitárias para Crianças e Adolescentes , Instituto Promundo 2005 CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário etimológico: Nova Fronteira da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de jJaneiro: Nova Fronteira, 1986, p 202.

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