Varan s r e i l e com At
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Renaud Personnaz
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PRÁTICAS COMO DOCUMENTOS Há experiências que se tornam, inesperadamente, símbolos da complexidade dos fenômenos culturais. Cabra marcado para morrer, obra-prima de Eduardo Coutinho e referência da filmografia documental brasileira, é resultado da influência de circunstâncias históricas excepcionais no redesenho de seu roteiro original. O que seria uma ficção socialmente engajada a partir de um fato verídico – o assassinato de um líder camponês –, tornou-se um documentário sobre a impossibilidade de expressão e seus desdobramentos. Com o golpe civil-militar de 1964, suas gravações foram interrompidas; retomadas vinte anos depois, contaram a história do filme que jamais fora finalizado. Para os Ateliers Varan, entidade criada na França em 1981 e que desenvolve metodologias originais de prática do cinema documental, “um documentário, inversamente a uma ficção, está em contínua reescritura ao longo de seu processo de elaboração; não cessa de surpreender, de evoluir”. Essa situação “implica uma longa preparação e reflexão para que, durante a filmagem, possa-se acolher esta parte essencial de imprevisto”. A presente oficina de desenvolvimento de documentários pretende explorar as potencialidades de tal prática, ao mesmo tempo instável e promissora. Os participantes trabalharão, com a orientação de instrutores, no aperfeiçoamento de projetos previamente apresentados; o intuito é que o ponto de chegada do processo de aprendizagem signifique o ponto de partida para a realização do filme. Aqui, o processo é tão ou mais importante que o resultado.
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça – esta é uma estratégia que não prescinde de planejamento, ainda que o roteiro da viagem, como diria Umberto Eco, esteja aberto a mudanças ao longo do percurso. O documentarista é também um pesquisador: ele escolhe um tema a partir de critérios intuitivos, morais, ideológicos e pragmáticos, mas se vale de um conjunto de conhecimentos prévios que lhe sugerem o que, quem, onde, quando e como filmar, aproveitando melhor os recursos disponíveis. Após décadas de trajetória, a linguagem cinematográfica documental constitui-se um fenômeno plural: trata-se de um meio já incorporado por pesquisadores de variadas áreas, mas também objeto e fonte de pesquisa, em pé de igualdade com outras referências tradicionalmente utilizadas. Mais importante: o documentário não se limita a retratar a realidade, mas intervém nela, transformando-a por meio das reflexões e impressões que suscita. Comprometido com a formação no campo cultural e com a difusão de metodologias de pesquisa e de formas diversas de conhecimento, o Centro de Pesquisa e Formação encontra nesta oficina, assim como na parceria com os Ateliers Varan, a continuidade de seus pressupostos institucionais. Por meio de iniciativas como esta, propõe-se o desenvolvimento de processos educativos transversais, que alcancem públicos distintos, mas que, ao conceber tais públicos como multiplicadores, os transcendam, beneficiando setores mais amplos da sociedade. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
ACOLHER O IMPREVISÍVEL OU COMO ESCREVER UM DOCUMENTÁRIO
A pedagogia dos Ateliers Varan é dispensada por profissionais de cinema, documentaristas, montadores, engenheiros do som, fotógrafos que interagem com os alunos, tendo como base sua bagagem e vivência profissionais, seu olhar.
O objetivo desta oficina de roteiro em parceria com o Sesc é de partir de uma idéia minimamente elaborada pelos candidatos selecionados e chegar a um desenvolvimento do projeto completo, com um ponto de vista pessoal afirmado, uma estratégia de abordagem trabalhada e uma visão de mundo decorrente da proposta. Ao final da oficina, além do projeto finalizado, os participantes terão um teaser de seus futuros documentários, o que poderá ajudar na transformação de seu projeto em algo real. A colaboração dos Ateliers Varan com o Sesc representa para esta instituição francesa uma oportunidade privilegiada em um país dinâmico como o Brasil. Com efeito, podermos nos apoiar na seriedade e eficiência de um dos agentes da cultura mais importantes do Brasil, bem como na sua visão de mundo e ousadia na oferta de formações, é, para nós dos Ateliers Varan, uma verdadeira alegria e uma porta aberta para o contato com a criatividade brasileira. Claude Guisard Presidente Ateliers Varan
Fábio H. Mendes
Os Ateliers Varan se unem ao Sesc para oferecer ao público a oportunidade de participar de uma oficina de produção de projeto de documentário. Fundado em 1978 por Jean Rouch, os Ateliers Varan rodam o mundo elaborando oficinas de roteiro, montagem e iniciação à realização de documentários em Cinema Direto. O Cinema Direto se define nos Ateliers Varan como um cinema de relação. Os filmes não são feitos sobre as pessoas, mas com as pessoas. Partindo dessa premissa ética, os filmes de Cinema Direto tornam-se preciosos documentos para se fazer sentir e compartilhar um contexto por meio de histórias humanas e comoventes. São filmes de imersão dentro de uma realidade, quer seja ela vivenciada diretamente e cotidianamente pelo cineasta, quer seja partilhada por este em um tempo consagrado à aproximação daqueles que se quer filmar. Há troca entre filmadores e filmados, e não vampirização. É imensa a importância destes núcleos de produção documental para o entendimento das realidades em que se inserem. Os filmes aí produzidos têm-nos permitido entrar em contato com facetas da realidade de que, de outra forma, estaríamos absolutamente alienados.
EQUIPE ATELIERS VARAN
ADRIANA KOMIVES* – Montadora e roteirista, brasileira radicada na França. Cursou a ECA/ USP e o IDHEC (Paris). Monta filmes documentários para redes de televisão como Arte, TV5 e France Television. Colabora com alguns diretores brasileiros, como Claudia Neubern e Paulo Pastorello. Dirigiu alguns filmes: Les Lucioles, Tous les Enfants sont Fous, A república do Futebol, Transoceano. É membro dos Ateliers Varan desde 2010. Participou de ateliers em Lisboa em 2006, Albânia em 2012 e Colômbia em 2013. Dá consultoria em montagem na FEMIS, no curso Internacional DOC NOMADS, no estúdio de arte contemporânea LE FRESNOY. Trabalha na formação de montadores no Instituto Nacional do Audiovisual INA (França). Escreve roteiros de animação e trabalha na concepção de filmes documentários. Mariana Otero* – Diretora, nascida em 1963. Estudou cinema no Institut des Hautes Études Cinématographiques (IDHEC), tendo dirigido desde então vários filmes para a rede de televisão franco-alemã Arte, incluindo La loi du collège. Já entre 1995 e 2000 viveu em Portugal, onde dirigiu Cette télévision est la vôtre. Na França dirigiu o filme Histoire d’un secret, que recebeu inúmeras premiações internacionais. Em 2010, dirigiu Entre nos mains, nomeado ao César de Melhor Documentário de 2011. Já em 2013, A ciel ouvert, e como prolongamento do filme, escreveu, com Marie Brémond, o livro A ciel ouvert, entretiens. Ensina nos Ateliers Varan desde 2000, na La Fémi (escola de cinema de Paris), na Universidade de Jussieu (campus principal da Universidade Pierre et Marie Curie) e na ECAL (escola de artes de Lausane, Suíça). É membro da ACID – Association du Cinéma Indépendant pour sa Diffusion, na qual foi co-presidente entre 2010 e 2012.
Fábio H. Mendes
CATALINA VILLAR* – Vive na França desde 1984, onde estudou cinema nos Ateliers Varan e na FEMIS. Dirigiu vários documentários premiados em diversos festivais internacionais, entre eles: Diario en Medellín; Bienvenidos a Colombia – Invéntame un país; Toto la Momposina; Patricio Guzmán, una historia chilena. Está atualmente no processo de montagem do documentário La Nueva Medellín e de filmagem de Les gardes-fous. Dirigiu a oficina de documentários com os prisioneiros da cadeia de La Santé, Paris (1994). Desde 2000 é membro dos Ateliers Varan, com quem organizou oficinas de direção documental em distintos países: Colômbia – Bogotá e Cali, Venezuela, Portugal, Albânia. Dirigiu em diversas oportunidades a oficina de roteiro de documentários da Femis. Foi professora na Pompeu Fabra (Barcelona), na EICTV (Cuba), no Diplomado Internacional de Criação de Univalle (Colômbia). DANIELE INCALCATERRA* – Realizador, transita entre a Argentina, a Itália e a França. Dirigiu desde 1984 filmes documentários como Chapare, Praça Vermelha, Terra de Avellaneda, Republica Nostra, O Impenetrável. É produtor de filmes na Argentina. Atualmente está filmando a segunda parte de O impenetrável, filme que se desenrola no Paraguai, onde o realizador quer transformar uma terra que herdou em Parque Nacional, em um combate contra os latifundiários locais. Co-responsável dos Ateliers Varan de Bogotá em 2000, e de Lisboa, em 2004 e 2006.
TIAGO HESPANHA - Licenciou-se em arquitetura em 2004. Em 2006 foi aluno do Curso de Realização de Documentários dos Ateliers Varan, produzido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Desde esse momento trabalha em cinema como realizador e tem colaborado com vários cineastas em diferentes áreas. Em 2010/2011 concluiu o Master em Documental de Creación da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona. É sócio fundador da produtora de cinema TERRATREME. Em 2012 foi professor no Master Docnomads, organizado pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Portugal), a Színházés Filmművészeti Egyetem/University of Theatre and Film Arts (Hungria) e a Sint-Lukas Brussel of the Hogeschool voor Wetenschap & Kunst (Bélgica). Como realizador fez os seguintes filmes: Visita Guiada (2009), O Presente que Veio de Longe (2008), Despolido I e Despolido II (2007), Andar Modelo (2007), Quinta da Curraleira (2006), Revolução Industrial, co-realizado com Frederico Lobo (2009). Atualmente prepara a rodagem de seu novo filme. * Os formadores dos Ateliers Varan que estarão presentes são Catalina Villar (realizadora) e Adriana Komives (montadora) na 1a fase e Daniele Incalcaterra (realizador) e Adriana Komives (montadora) na 2a fase. A seleção dos participantes foi feita por Mariana Otero (realizadora) e Adriana Komives.
MAPA DE ACESSO E SERVIÇOS Praça Quatorze Bis
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Hospital Sírio-Libanês
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Estação Consolação
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LEGENDA
Hospital 9 de Julho
Livraria Cultura
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Museu de Arte de São Paulo – MASP
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Hospitais
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Metrô Faculdade Getulio Vargas Livraria
RESTAURANTES Amara Restaurante Rua Itapeva, 125 | Tel.: 3251.0803 Bela Café R. Rocha, 252 | Tel.: 2365.4070 Bistrô Paraná Rua Barata Ribeiro, 230 | Tel.: 3259.5931 Café Fecomércio Rua Dr. Plínio Barreto 285 – 2º andar | Tel.: 3254.162 China in Box R. Itapeva, 213 | Tel.: 3284-5044 Jasmim Rosa Café e Restaurante Rua Itapeva, 125 | Tel.: 4111.3437 Kilove Grill Rua Peixoto Gomide, 700 | Tel.: 3288.1768 Nossa Terra Restaurante e Lanchonete Av. Nove de Julho, 1957 | Tel.: 3253.4481 Rancho Nordestino Rua Manoel Dutra, 498 | Tel.: 3106.7257 Sal e Pimenta Rua Barata Ribeiro, 448 | Tel.: 3120.4820 Shopping Frei Caneca Rua Frei Caneca, 569
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