O que será que ela vai escolher? O amor ou a segurança? Lilly Clarkfeld só quer ser uma estudante universitária comum. Em seus sonhos, ela é uma enfermeira, tem uma família, e sua vida é segura. Isso não é pedir muito. Mas quando ela é forçada a voltar para sua casa de infância para cuidar de sua mãe doente, tudo muda. Lilly tem um acidente de carro e então é levada no meio da noite pelos Dark Riders. Poderia ter sido qualquer Moto Club, mas era o dele. O primeiro amor de Lilly. Asher Thomas está maior, mais forte e bem mais maltratado pela vida do que Lilly se lembrava, mas ele nunca se esqueceu dela. A paixão entre os dois ainda arde, mas é esta a vida certa para Lilly? Será que ela pode colocar seus sonhos de uma vida simples e calma de lado, trocando-os pelo amor excitante e perigoso de um motoqueiro fora-da-lei?
CAPÍTULO UM Não era isso o que eu deveria estar fazendo. Dobrei a camisa novamente. Cuidadosamente. Ombro esquerdo. Ombro direito. Vinco no meio. Ainda assim, todas as vezes saía errado. O que a minha mãe teria dito? Eu sei. Ela não teria dito nada. Ela teria tomado a camisa das minhas mãos, dobrando-a ela mesma e depois a colocando suavemente na minha mala. Olhei para a camisa torta novamente. Mas a mãe não estava aqui para dobrar minhas coisas para mim, não é? Peguei a peça, a amassei em uma bola e a jogou no outro lado do quarto. Minhas pernas cederam debaixo de mim e eu caí no chão. Não era isso o que eu deveria estar fazendo. Os catálogos das faculdades anunciavam pessoas felizes em suas impressões brilhantes. Os estudantes nelas sorriam. Eles iam para as aulas e estudavam. Eles usavam roupas da moda, e se formavam com ambos os pais sorridentes na audiência. Outras coisas não estavam nos catálogos, mas eu sabia que também eram atividades que os estudantes universitários deveriam estar fazendo. Eles deviam ficar bêbados com cerveja barata. Eles deviam estar bagunçando em festas, se apaixonando, transando. Eu devia estar fazendo isso. Certo? Não é isso o que jovens na faculdade fazem? Eu nem percebi que estava chorando até que eu provei o sal na minha língua. Limpei meu rosto com o meu velho moletom surrado. O papel ainda estava na minha mesa. Nome: Olivia Clarkfeld Data de Nascimento: 19/02/1953 Peso: ... Ele veio com um cartão, assim como todas as suas outras cartas. Este tinha um ursinho na frente, com um balão em forma de coração e um sorriso. Estou te mandando um abraço de urso! Eu não vi a ficha até que ela caiu do cartão. Do nada. Como se não tivesse importância. Prognóstico:... Os médicos a mandaram para casa. Eles podiam operar, mas era quase inútil. Nada era garantido. Era melhor ela ficar com a família, eles disseram.
Aproveitar seu tempo. O restinho que ela ainda tinha. Então eu recebi este cartão. Com este ursinho. Mamãe não me disse para voltar para casa, mas ela não precisava. Eu sabia. Então, ao invés de estudar, em vez de festar, em vez de entrar escondida no quarto de um cara enquanto seus colegas dormiam, eu estava aqui. Dobrando camisetas, de novo e de novo. Sozinha. Fui até a minha mesa e peguei um porta-retratos O topo estava coberto de poeira, que eu tirei com o dedo. Há quanto tempo eu tinha essa foto? Estávamos no parque. As flores das árvores pesavam para baixo, e eu tentava agarrar um botão com uma mão. Meu pai estava vestindo aquela camisa náutica que ele gostava tanto, sentado em um banco de madeira. Seu braço estava em volta da minha mãe, e o vento soprava seu vestido de verão, tanto que ela teve que segurá-lo para baixo com as mãos. Eles parecia tão jovem ali. Eu estava na minha fase de macacões, e parecia um menino. Meu rosto estava coberto de manchas de sujeira. Mas eu não era a única. Ele estava segurando a minha outra mão. Até mesmo nessa época ele já era mais alto do que eu, puxando as flores para baixo em direção ao meu rosto. Depois de um longo verão, o sol tinha clareado seu cabelo, deixando o loiro platinado quase branco. Eu coloquei o porta-retratos na crescente pilha de roupas dobradas que se erguiam para fora da minha mala. Asher. Como se eu precisasse pensar sobre ele agora. Ele provavelmente se esqueceu de mim há muito tempo atrás.
CAPÍTULO DOIS Fechei a mala com força e a arrastei para fora do meu dormitório. Ela batia a cada passo enquanto eu descia pela antiga escadaria. Não havia elevadores quando este edifício foi construído, por isso todos os anos as malas de estudantes entrando e saindo tinham que ser arrastadas pelas escadas. Eu já estava exausta quando cheguei no meu carro. O alarme soou quando me aproximei e o porta-malas se abriu quando parei na sua frente. Toda vez que ele fazia isso, meu pequeno sedan me fazia sorrir. Obrigado, pai, por pelo menos isso. A única coisa que o carro não fez por mim era realmente colocar a mala dentro de si. Eu a girei no ar para jogá-la no interior do porta-malas, arranhando a pintura um pouco. Que seja. Eu sabia que meu pai iria consertá-lo. A sua menina precisa dirigir um carro bom, não é? Ou então o que as pessoas vão dizer? Meus punhos se fecharam antes de eu entrar no carro. Eu respirei fundo e liguei a ignição. Uma viagem de carro de oito horas e meia até o sul. Será que eu conseguia? Desde que eu recebi a carta da minha mãe, minhas mãos não conseguiam parar de tremer. Apertei o volante para fazê-las parar. Sim. Eu tinha que fazer isso. No começo, parecia que tudo estava indo bem. Eu deixei para trás as luzes da cidade grande e logo eu estava sozinha. A estrada se estendia por quilômetros de nada. Apenas árvores, paradas de descanso, alguns caminhoneiros, e eu. Passei por sinais estranhos de restaurantes. Havia outdoors de neon, onde porcos felizes me convidavam para comer carne suína. Ou galinhas sexy com meias cinta liga que anunciavam porções baratas de coxas fritas. Eu dirigi por eles sem parar. Se as coisas fossem diferentes, esta seria uma viagem de carro. Algo excitante e divertido, e eu tiraria fotos engraçadas para publicar online depois, citando as coisas estranhas que encontrei no caminho até a Virgínia. Mas esta não era uma viagem comum. Eu estava sozinha. Dirigindo para ir cuidar da minha mãe. Minha mãe que tinha câncer. Câncer. Mesmo depois de minhas aulas, mesmo depois de fazer as rondas na enfermaria, mesmo depois de ler todos os estudos de caso, isso ainda me
incomodava. Me sufocava. Abaixei minha janela e deixei o ar fresco bater no meu rosto. Era gostoso deixar meu cabelo voando na brisa. Talvez por algumas horas eu não tivesse que pensar em nada. Eu poderia deixar o zumbido suave do meu pequeno carro seguro me confortar no caminho para Virgínia. Depois de um tempo, não era tão ruim. Dirigir por um trecho reto na estrada não era exatamente a coisa mais difícil do mundo. O ar ficou mais pesado, mais úmido enquanto eu continuei dirigindo. Logo, o céu escureceu e as luzes da rua se acenderam ao longo da estrada. Só mais algumas horas. Meus olhos ficaram pesados, e quando eu me dei por mim, havia algo de grande no meio da estrada. Olhos brilhantes piscaram para mim, e eu levei alguns segundos para entender o que estava me olhando. Um gambá. Uma grande gambá mamãe e toda uma ninhada de filhotes. Eles estavam vidrados na frente dos meus faróis, incapazes de se mover. Eu puxei o volante para a direita. Não devia ter dado problema algum, eu deveria ter apenas curvado o carro ao redor deles e continuado no meu caminho. Mas os pneus derraparam. Talvez eu tivesse pulado a manutenção? Eu bati contra a porta. O cinto de segurança me apertou pouco antes de eu bater minha cabeça no lado da janela. Não foi até que eu colidi com um desses grandes postes de iluminação que o airbag explodiu na minha cara. Sabe, eles são bem mais duros do que você poderia esperar de camadas de tecido cheios de ar. Quando eu acordei novamente, estava escuro como breu. Os gambás tinham ido embora, a luz do poste estava ligando e apagando, e o meu carro estava destruído. Era bobagem, mas eu tentei ligar o motor. Claro, não importava o quanto eu tentasse, ele não fazia um som sequer. Olhei em volta e percebi que provavelmente não poderia ter escolhido um lugar pior para ficar presa. Não havia nada em ambos os lados da estrada por quilômetros. Nem mesmo aqueles sinais bobos de restaurantes vagabundos. Eu tinha batido na única fonte de luz, então eu estava quase na escuridão completa. Tentei ouvir o som de um carro, um caminhão, qualquer coisa realmente. Mas não havia nada. Nem sequer fazia sentido esperar por uma carona, pois estava bem claro que ninguém viria. Depois de andar um pouco por ali, eu me recostei contra o meu carro. Então tive uma ideia. E o meu telefone? Bati na minha cabeça, porque
parecia tão óbvio. Com certeza havia um serviço de reboque 24 horas em algum lugar por aqui. Abri a porta do carro e vasculhei ao redor, procurando a pequena tela retangular. Mas assim que eu a achei, comecei a chorar. O vidro da frente estava quebrado, a capa amassada, e não importa quantas vezes eu tentava o botão de ligar, não funcionava. Então era isso, a minha última tentativa. Minhas outras opções eram a esperança de que alguém mais passasse por esta estrada desolada, ou que o meu carro magicamente ligasse de novo. Francamente, a segunda opção era mais provável. Eu pulei em cima do meu capô e me sentei. Eu trouxe minhas pernas até meu peito e comecei a soluçar. Não era só pelo carro, ou pelo celular, mas por tudo. Por causa da minha mãe. Por eu ter que voltar a este lugar que eu tinha abandonado há tanto tempo.
CAPÍTULO TRÊS Eu não sei quando foi que eu adormeci. Foi só quando um barulho alto me acordou que eu notei que tinha cochilado. Eu ergui minha cabeça. O barulho ficou ainda mais alto, vindo na minha direção, um enorme estrondo. Será que eu estava ficando louca? Saltei do meu carro e corri para o lado da estrada. Foi quando eu vi. Não era um caminhão ou um carro. Fosse o que fosse, havia uma tonelada deles. As luzes vinham na minha direção, dispostas em algum tipo de formação. Logo eles estavam perto o suficiente que eu podia sentir o estrondo sacudindo a terra sob meus pés. Motocicletas? Era um enorme grupo de rapazes em motos. Não apenas caras, mas também garotas que se sentavam em seus colos ou os abraçavam por trás. As meninas usavam quase nada, e algumas vezes eu pensei ter visto mãos deslizando por baixo de tops e saias. Estes não eram caras normais. Seus braços musculosos e cobertos por tatuagens agarravam a alça das motos com força. Aqui e ali haviam cicatrizes profundas. Merda, estes não eram o tipo de caras que eu queria encontrar sozinha no meio da noite. Quando eles se aproximaram, eu recuei de volta para o meu carro, esperando que eles não fossem me notar. Assim que as luzes brilharam na minha direção, eu consegui ver os caras da frente. Os três deles andavam lado a lado, com todos os outros atrás. Suas motos eram maiores também. Eu não sabia realmente dizer qual era a diferença, mas eles pareciam mais poderosos de alguma forma. Ao passarem por mim, um dos caras da frente encontrou os meus olhos. Seu olhar parecia perfurar a escuridão, e me afetou tanto que eu tive que segurar minha respiração. Por que ele estava olhando para mim? Eu cruzei meus dedos, esperando que este grupo passasse logo e me deixassem em paz. Mas este não era exatamente o meu dia de sorte. O cara que me notou colocou a mão no ar. Ele fez algum tipo de movimento com os dedos e todo o cortejo de motoqueiros desaceleraram. E então as coisas pioraram. Ele saiu do grupo, dirigindo até mim. Ele parou a moto a apenas centímetros do meu corpo, erguendo terra ao deslizar na lateral da estrada. Primeiro, nós apenas nos entreolhamos. Na escuridão eu mal podia ver seu rosto, mas algo sobre ele parecia familiar. E, novamente, aqueles olhos
penetrantes analisaram meu rosto e corpo. O que ele queria comigo? "Suba", ele disse. Olhei para a moto. Era enorme. Eu não podia sequer imaginar como subir em uma, muito menos como montá-la. Sem contar que concordar em andar com um bando de motociclistas tatuados com certeza estaria na lista de coisas que minha mãe diria para eu não fazer. Parecia o tipo de situação que você veria no noticiário da noite. Eu dei um passo para trás, balançando a cabeça. "Não, obrigada." Assim que as palavras saíram da minha boca, as motocicletas ao meu redor começaram a rugir. Pareciam um bando de leões tentando me intimidar. "Suba", ele disse de novo. Sua voz era mais forte desta vez, e suas mãos se apertaram no guidão. Dei mais um passo para trás. "Eu já chamei um caminhão de reboque", eu disse. "Então, obrigada, mas eles vão chegar aqui a qualquer minuto!" A mão do homem disparou e envolveu a minha cintura. Antes que eu percebesse, eu tinha sido erguida. Ele me puxou para a moto, me plantou atrás dele e saiu antes que eu pudesse tentar descer. "Segure-se", disse ele e acelerou. Ele não teve que me dizer duas vezes. A estrada passou por mim como um borrão, a apenas alguns centímetros dos meus pés. Um borrão que quebraria meus ossos se eu caísse. Meu estômago se revirou. Eu joguei meus braços ao redor da cintura dele e segurei firme. Eu não precisava cair de uma moto para piorar ainda mais a situação. Agora que eu estava tão perto, notei algo que não tinha visto antes. Armas. Nem todos as tinham, mas havia o suficiente para me fazer repensar uma fuga assim que parassem para uma pausa. Ótimo, então eu tinha sido sequestrada por um grupo de motociclistas armados. Maravilhoso. Fechei os olhos e tentei não pensar nisso. Talvez isso fosse uma coisa boa. Talvez eles realmente fossem bons samaritanos com corações de ouro por dentro. Eu ri para mim mesma. Sim, e talvez eu devesse abrir minhas asas e voar para casa. Abaixo de mim, a grande moto rugiu entre as minhas pernas. Pelo fino tecido da minha calça, as vibrações eram melhores do que eu esperava. Corei, torcendo que ninguém estivesse prestando atenção.
Eu olhei para o meu motoqueiro. Era difícil de ver, mas ele não era feio. Na verdade, era bem atraente. Seu cabelo loiro se despenteava no vento e as suas costas largas me apoiavam sem esforço. Ele tinha sua jaqueta empurrada até os cotovelos, exibindo os fortes músculos de seu antebraço enquanto agarrava os guidões. A maneira como ele os segurava parecia ser um indício de que ele estava determinado a fazer alguma coisa. O que, eu não tinha certeza. Eu encostei meu rosto em sua jaqueta de couro. O calor de seu corpo irradiava para fora, enchendo-me com o seu calor. Tão perto assim do seu corpo, eu podia até mesmo sentir seu cheiro. Era quente e almiscarado, e um pouco familiar. Assim como aqueles olhos... Quem era esse cara? Com o tempo, me habituei com a sensação de estar em uma moto. Já não parecia mais tão assustador. Afinal de contas, eu estava montada atrás dessa cara bonito, envolvendo minhas pernas firmemente em torno das dele. Isso não era tão ruim, era? Eu tremi e me repreendi. O que eu estava pensando? Estes motoqueiros (armados) me sequestraram, e eu estava pensando sobre o quão sexy eles eram? Certo. Devia ser o sono. Pela primeira vez em horas algo mais apareceu na estrada. Olhei para frente e vi luzes brilhando na distância. Uma placa de estrada grande dizia: Encostamento, Próxima Saída Parecia um milagre. Mesmo que eu não estivesse fazendo nada, meu corpo estava dolorido. Encurvada e assustada atrás de um grande motoqueiro não era exatamente a posição mais confortável. O cara ao lado da nossa moto pôs a mão no ar. Ele fez um movimento, e começou a virar. Quase como um bando de leões ou lobos, toda a brigada de motoqueiros se moveu em conjunto. Eles invadiram a parada de descanso, surpreendendo todo mundo que tinha parado ali no meio da noite. Eu senti pena dos lojistas. Nós dirigimos sob as luzes brilhantes, e pela primeira vez eu pude ver tudo claramente. Eu não esperava por isso, mas a moto debaixo de mim era linda e impecável. Eu pensei que máquina seria nojenta, velha e enferrujada, mas era claro que alguém a amava muito. Meu motoqueiro desligou seu motor, desceu da moto e a estacionou. Sem uma palavra, ele começou a caminhar em direção à loja de conveniência. Sem o seu corpo contra mim, me senti nua. Os olhos dos outros motoqueiros estavam em mim. Cruzei os braços sobre o peito.
"O que fazer com esta cadela, hein?" um deles disse. Ele apontou para mim, sorrindo como se tivesse feito uma piada. "Eu sei o que eu faria..." "Largar ela aí. É um peso morto." O barulho ficou mais alto quando todo o grupo começou a falar sobre mim. Suas vozes se sobrepunham, argumentando sobre o meu futuro. Claro, eu não tinha direito a opinião. Eu podia sentir seus olhos sobre o meu corpo. Seja lá o que quisessem comigo, não era algo bom. Eu queria fugir, ou desaparecer tão rápido quanto eu podia. Assim que meu motoqueiro saiu da loja de conveniência, a conversa parou. Ele vinha carregando uma caixa gigante de cerveja, e a jogou para um dos outros motoqueiros. Eles gritaram animados e começaram a distribuir as latas. Ele tinha uma outra em sua mão e a estendeu para mim. "Quer um pouco?" Na verdade, eu quase estendi a mão para agarrá-la, mas então notei o que estava fazendo. Eu ia beber com meu sequestrador? Balancei minha cabeça. "Aqui," ele disse, e empurrou alguma coisa na minha mão, forçando meus dedos a se abrirem. Olhei para baixo e vi o que era. Uma caixa de suco de maçã. Os homens em torno de nós começaram a rir, apontando para o meu suco. Eles provavelmente pensavam que eu era uma garotinha enjoada, com medo de beber a cerveja. Eu enfiei o canudo no pacote e chupei o líquido, minhas bochechas pegando fogo. Quando o cara perto de mim terminou sua cerveja, ele esmagou a lata em sua mão e a jogou no chão. Eu sempre ouvi falar sobre isso, mas nunca vi este ato na vida real. Ele se afastou da moto, alongando os braços. E então tirou sua jaqueta, puxando a camisa sobre a cabeça. O suor cobria sua pele, brilhando sob as luzes fluorescentes. Agora eu podia ver cada um de seus músculos ondulando enquanto ele rolava os ombros para trás. Os jeans escuros que ele usava ficavam baixos em seus quadris, e eu fiquei sem fôlego ao ver o rastro de pelos loiros sumindo por baixo do seu cinto. Eu olhei para o outro lado, mas depois espiei novamente. Isso não era tudo, havia... cicatrizes? "Não temos tempo para isso!"
Alguém veio até o meu motoqueiro, gritando. Ele acenou com a mão na minha direção, gritando tão alto que o seu cuspe saltou para o ar. Num piscar de olhos, o meu cara passou de relaxado para 'modo luta'. Eles estavam um grudado na cara do outro. "Nós vamos fazer isso!" ele disse. "Ah, é, por quê? Por que nós temos que vir junto para o passeio quando você só quer foder a boceta de alguma cadela?" Ele queria o quê? Meu motociclista fez um punho e o puxou para trás. Pouco antes dele soltar seu soco, um terceiro rapaz empurrou os dois para longe, separandoos. Ele ainda usava sua jaqueta. Era quase como a de todos os outros, exceto pela palavra "presidente" bordada nas costas. "Joel, fica calmo. Não é tão importante", disse ele. "Vamos, vamos indo." Eles se fastaram, mas Joel ficou encarando o meu cara. Ele não parou até que montou na sua moto e foi embora. O presidente colocou a mão no ombro do meu motoqueiro. "Não se preocupe com isso", disse ele. "Não se preocupe com isso, Mav? Olhe para o jeito que ele fala comigo!" O meu cara disse. "Ele não tem respeito!" Mav balançou a cabeça e olhou na direção que Joel tinha ido. Então ele se virou de volta para o meu cara. "Vamos resolver isso e depois lidamos com Joel. Ok?" Quando o meu cara não respondeu, ele aprofundou sua voz. "Wild?" Wild? Que tipo de nome era esse? Meu estômago se apertou. O que ele tinha feito para merecer esse tipo de apelido de um bando de caras como esse? Ele não poderia ter um nome normal, como Bill? "Sim, sim, está bem", disse ele. Mav bateu nas costas de Wild e se afastou em direção à sua moto e u outro grupo de motoqueiros. Wild voltou na minha direção, mas era bem claro que ele não estava prestando atenção em mim. Seus olhos estavam enevoados, como se ele estivesse pensando em algo distante, e seus lábios formavam uma carranca. Seus passos determinados pararam bem na frente de sua moto. Wild tirou um pano do bolso de trás da calça jeans e começou a limpar a sujeira que havia começado a se acumular na sua estrutura bonita. Eu estava sentado na moto todo esse tempo, mas eu me levantei porque eu não queria ficar no seu caminho. Foi só então que ele reparou em mim. Eu estava tremendo, meus dentes batendo por causa do vento. O tecido fino da minha saia soprou em torno
de mim, ondulando como uma flor. Ela era bonita, mas não era a roupa certa para andar com motoqueiros. Wild se levantou. Ele cortou a distância entre nós até que estava tão perto que eu podia sentir o peso da sua sombra imponente. Todo esse tempo sentada na moto com ele, eu não tinha percebido o quão alto ele era. Ele olhou para mim com uma estranha mistura de emoções em seus olhos. Do nada, meu coração começou a acelerar. Sem uma palavra, Wild pegou sua jaqueta de couro e a jogou sobre meus ombros. Ele me fez colocar meus braços nas mangas, segurando-me tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo em mim. Quando ele finalmente fechou o zíper e se afastou, eu senti falta da sensação de sua proximidade. Era estranho, mas meu corpo queria sentir seu toque novamente. Em vez disso, Wild se voltou para a sua moto, como antes. Fiquei ali na sua jaqueta, sentindo-me como uma criança. A peça era muito grande, e as mangas batiam nos meus joelhos. Ao mesmo tempo, eu gostei. Tinha o cheiro dele, e o calor que eu sentia era quase como se ele ainda estivesse me segurando. Mav fez sua moto rugir e fez um movimento com a mão. De uma só vez, os motoqueiros começaram a se mover. Eles montaram nas suas motos e ligaram seus motores, jogando garrafas de cerveja no chão ao seu redor. Wild levantou a cabeça. Devagar e com calma, ele se levantou e colocou seu pano de volta no bolso. Como se ele fosse apenas dar um passeio, Wild subiu na sua moto e a ligou. Olhei para a motocicleta, querendo saber como subir nela. Era só pular? Era como uma bicicleta? Eu não tive tempo para terminar de pensar nisso, porque Wild me agarrou pela cintura e me puxou para cima outra vez. "Segure-se", repetiu ele. Essa foi a última coisa que eu ouvi antes do bramido do vento e uma dúzia de motores soando em meus ouvidos. WIld se moveu para a sua posição frontal e toda a gangue seguiu atrás de nós. Em pouco tempo, estávamos de volta na estrada e não havia nada ao redor além do asfalto e o céu escuro. No começo, o ligeiro balanço da moto me assustou. Eu tinha pensado que eu ia cair e firmei minhas mãos na cintura de Wild. Mas agora eu estava mais acostumada. Meus quadris se mexiam debaixo de mim, balançando com o ritmo da estrada. Coloquei minha cabeça nas costas de Wild. Eu podia sentir seus músculos se movendo sutilmente debaixo de mim enquanto ele conduzia. A
noite estava tão fresca e silenciosa que o som deste grupo de motoqueiros se alastrava para longe. Minhas pálpebras ficaram pesadas, e logo eu caí no sono. Eu não percebi até que eu acordei e minha visão estava turva. Piscando, eu olhei em volta. Alguma coisa estava errada. Wild estava virando a moto na estrada que eu tinha visto todos os dias da minha vida por 10 anos. Isso foi o suficiente para me fazer acordar. O que estávamos fazendo aqui? Depois de mais algumas ruas, ele virou à esquerda. Exatamente onde eu teria virado se eu estivesse indo... Meu estômago se apertou. Por que estávamos indo para a minha casa? Será que ele sabia quem eu era? Eles iam fazer alguma coisa para a minha mãe? Eu estava prestes a começar a gritar quando Wild parou na frente da minha casa de infância. Parecia surreal estar na frente desta antiga casa nesta situação. Não era exatamente o retorno que eu tinha imaginado. Os motoqueiros cercaram a nossa casa. O ruído era o suficiente para acordar todo mundo no bairro, mas ninguém acendeu suas luzes ou abriu suas portas. Eles sabiam como evitar problemas. Bem, todo mundo, exceto pela minha mãe. A luz na cozinha se acendeu, e, em seguida, a porta da frente se abriu. Ela estava ali de camisola rosa de babados, olhando para a cena. "Mãe!" Eu gritei. Eu pulei da moto e corri para ela. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu a segurava em meus braços. Ela parecia tão frágil. Tão menor do que a mãe que me mandou para a faculdade com lágrimas nos olhos. Eu só tinha um momento para ser emocional antes da racionalidade tomar conta. Era o meio da noite e um grupo de motoqueiros armados estava ao redor da minha casa. Não era exatamente o melhor momento para um momento tocante. "Entre!" Eu disse, e bati a porta atrás de nós. Eu tranquei a porta e apaguei a luz, esperando eles irem embora. "Lily, você não me disse que estava vindo!" "Claro que eu estava vindo! Você está doente", eu disse. A palavra doente ficou presa na minha garganta. Ela estava mais do que 'doente'. "Eu não podia deixar de vir." Finalmente, eu ouvi o barulho das motos. O som ficou mais fraco, até se perder na distância. "Mas se você precisava de uma carona para casa, eu poderia ter vindo pegar você. Você devia ter me avisado!"
Virei-me para a minha mãe. Ela estava brincando? "Você acha que eles eram a minha carona? Eu fui sequestrada por uma gangue de motoqueiros. Eu não sei por que eles me pegaram, ou como sabiam onde eu morava..." Minha mãe olhou para mim com pena em seu rosto. "O quê?" Eu gritei. "Você não sabia, não é, bebê?" ela perguntou. Sua voz era suave. "Não sabia o quê?" "Foi o Asher que a trouxe!"
CAPÍTULO QUATRO Asher. Era estranho estar de volta no meu antigo quarto. Parecia uma cápsula do tempo. Tudo estava da mesma forma que eu deixei naquele dia. Bem, na maior parte. Eu tinha quase certeza que havia algumas pilhas de roupas no chão que tinham sido limpas pela minha mãe. Eu cai sobre a pequena cama. Ela ainda estava cheia dos meus brinquedos. Eu peguei um coelhinho de pelúcia que tinha o melhor lugar, bem ao lado do meu travesseiro, para que eu pudesse abraçá-lo à noite. Meu primeiro animal de pelúcia, o que os meus pais me deram quando criança. O pobrezinho tinha apenas um olho, e metade da sua orelha direita tinha sido mastigada. Meus olhos correram pelo quarto. Quanto tempo tinha passado? Seis anos? Na minha estante vi meus troféus da feira de ciências da escola secundária. Eu ganhava um todo ano, mesmo que não gostasse tanto de ciências. Ao lado deles, eu vi os anuários. Dei um pulo e peguei um, folheando as páginas furiosamente. Procurei entre todas as fotos de pessoas que eu conhecia quando pequena Examinei os nomes até que eu finalmente o encontrei. Asher Thomas. Meus olhos se suavizaram enquanto eu olhava para a foto. Éramos tão pequenos naquela época. Seu rosto ainda estava macio e redondo, e seu cabelo tinha aquele corte bobo de tigela. Ele só podia se dar ao luxo de cortar seu cabelo em casa, mas ninguém tinha coragem de tirar sarro dele por isso. Asher sorria para a câmera, mas ele não se parecia em nada com as outras crianças. Seu sorriso era desafiador. Como se ele estivesse desafiando o fotógrafo a fazer alguma coisa. O quê? Brigar? Olhei para aquele jovem sorriso e o comparei com o homem que me pegou e me plantou em sua motocicleta. Era realmente ele? Eu tentei me convencer de que eram completamente diferentes. Mas então pensei nos seus olhos. Mesmo naquela época, eles eram os mesmos azuis penetrantes. Era impossível negar. Rolei de costas, segurando o anuário no meu peito. Fechei os olhos. Fazia muito tempo que eu não pensava sobre essas coisas. Ele foi meu primeiro beijo. Asher me chamou até a parte de trás da escola primária um dia. Ele me pediu para fechar os olhos, e eu o fiz.
A próxima coisa que eu senti eram seus lábios quentes e úmidos contra os meus. Foi apenas por um instante. Meus olhos se abriram e eu o empurrei. "O que você está fazendo!" Eu gritei. "Eu vou contar pros professores!" Asher me empurrou para trás. "Vá em frente! Foi nojento mesmo!" ele gritou e saiu correndo, me deixando sozinha. Lembro-me de tocar o dedo aos lábios, tentando recapturar a sensação. Claro, eu não disse nada aos professores. E mesmo que ele dissesse que era nojento, Asher me encontrou naquele mesmo lugar todos os dias a partir de então. Éramos dois alunos novinhos se encontrando para beijar. É evidente que a nossa escola precisava de uma melhor segurança. Naquela época, todo mundo me dizia que Asher era um garoto mau. "Por que você se mistura com ele?" eles perguntavam. "Você tem um futuro brilhante pela frente." Era fácil ignorá-los. O que as crianças do ensino fundamental sabiam sobre o futuro? No ensino médio, Asher começou a me comprar um refrigerante no almoço. Eu não pedi que o fizesse. Eu só entrei no refeitório um dia e havia uma lata de refrigerante de gengibre bem no meio do espaço onde eu normalmente me sentava. Ele nunca disse nada sobre isso, mas todo dia ele estava lá. Minha lata de refrigerante. Lembro-me de beber o líquido como se fosse a coisa mais deliciosa que eu já tinha experimentado. Enquanto todo mundo estava ocupado bebendo refrigerantes de cola e laranja, eu tinha o meu de gengibre secreto. As pessoas achavam que ele era um delinquente, mas Asher era inteligente. Eles não podiam negar isso, porque seus testes o colocaram no programa de superdotados. Tenho certeza de que eles o teriam expulsado, se pudessem. Nós fizemos os cursos avançados juntos, mas os professores faziam questão de que não pudéssemos nos sentar um ao lado do outro. Por isso, passamos semestres sorrindo um para o outro de lados opostos da sala de aula. Eu sabia quando ele começou a puberdade. Os primeiros brotos da sua barba arranhavam o meu rosto quando ele esmagava a minha boca com os lábios. No ensino médio, seus beijos duravam mais do que um instante e ele não dizia mais que eram nojentos.
"Transe comigo", disse ele um dia. Eu me afastei dele. Nós tinha apenas começado a ter aulas sobre educação sexual, e eu nem sequer sabia exatamente o que aquilo era. O professor só nos mostrava fotos estranhas do nosso interior e dizia que era algo para adultos. Eu não entendia por que Asher parecia saber tanto sobre o assunto. "Não", eu disse. "Vamos lá", disse ele. "Eu faço você gozar." Mais palavras estranhas. O que isso significava? "Não!" Eu gritei. Havia lágrimas nos meus olhos. O sorriu sumiu dos lábios de Asher e ele olhou para longe de mim. "Ok, então", disse ele. "Eu vou esperar por você." E então nós nos mudamos. Eu assisti a minha vida inteira ficando para trás pela janela traseira do carro do meu pai. Eu nunca mais voltei. Até agora. Não havia rede social naquela época. Nós não tínhamos telefones celulares, tablets ou qualquer uma dessas coisas. Então Asher ficou no meu passado, como todo o resto. Seu nome era apenas uma memória. A memória do primeiro amor de uma menina. Abracei meus joelhos, tentando ignorar o sentimento que essas palavras traziam. Primeiro amor. O que as crianças sabiam sobre o amor, de qualquer maneira? Eu era uma pessoa diferente antes. Eu não era mais o tipo de garota que se apaixonava por um cara do lado ruim da cidade. Havia centenas de caras ricos e bem sucedidos na escola. Mas ainda assim, cada vez que eles me tocavam, eu pensava em Asher. Quando esses caras ricos com seus belos apartamentos tiravam as minhas roupas, eu sempre acabava dizendo não. Eu não conseguia ir até o fim. Porque... Eu fechei meus olhos, enterrando meu rosto na pilha gigante de animais de pelúcia. Eu sabia a resposta, mas não queria pensar nisso. Por causa dele. O que aconteceu com Asher? Não fazia sentido para mim, que ele tivesse crescido assim. O que o fez ficar dessa forma? Tão áspero, tão grande, tão... sexy. Ele sempre foi um pouco "menino mau", mas eu achava que era uma fase. Eu nunca teria imaginado que ele se juntaria a uma gangue de
motoqueiros. Eu não tinha certeza do que mais eles faziam. O que isso significava? Que gostavam de andar de moto juntos? O céu tinha começado a clarear quando eu parei de folhear o anuário. Quando eu fechei meus olhos e coloquei minha cabeça contra o pequeno travesseiro cheio de babados brancos, apenas uma palavra veio à minha mente. Asher.
CAPÍTULO CINCO "Vejam quem acordou," disse a minha mãe. "Olá, dorminhoca!" Eu resmunguei ao descer as escadas velhas e rangendo. Meus olhos mal estavam abertos, mas eu podia sentir o cheiro de algo flutuando em minha direção. Meu estômago roncou. "Escute isso! Parece que há um urso na casa." "Ha ha, mãe, muito engraçado." Quando eu cheguei na mesa do café, eu não podia acreditar nos meus olhos. Presunto, ovos, bacon, aveia, panquecas, frutas, café! A mesa estava repleta de comida. Ela realmente fez o suficiente para alimentar um urso. Eu vi minha mãe arrumando coisas em torno da cozinha. Seu velho avental estava desgastado nas bordas, e eu podia ver onde ela o tinha remendado com linhas de outra cor. Ela abriu a torneir, limpando as tigelas e utensílios que tinha usado. Tudo parecia tão familiar que me levou um tempo para perceber o que estava errado. "Mãe, você não devia estar fazendo isso!" Eu disse. Me levantei e tentei tirar a esponja dela. "Eu vim aqui para cuidar de você", eu disse. "Não para você se cansar cuidando de mim!" Ela colocou as mãos nos quadris e olhou diretamente para mim. "Eu sou sua mãe", disse ela. "Você vai me deixar cuidar de você um pouco. Só desta vez. Como quando você era pequena. E nós éramos uma família..." No final, sua voz foi sumindo. Lágrimas apareceram nas bordas de seus olhos e ela tentou enxugá-las. Fui até ela e a abracei. "Está bem, mãe. Só desta vez." Suas lágrimas eram quentes e encharcavam o meu pijama. Parecia que algo pesado estava sentado no meu peito. Eu beijei sua testa. "Vamos mãe", eu disse. A minha própria voz tremia agora. "Vamos comer, ok?" Nós nos sentamos e, a princípio, comemos em silêncio. Mas era difícil não me sentir um pouco mais feliz com toda essa deliciosa comida para comer. "Mãe, isso é ótimo!" Enfiei um garfo cheio de ovos na minha boca. Ela me olhou e sorriu um pouco. "É?" ela perguntou.
"Você sabe muito bem que eu teria queimado a cozinha toda tentando fazer essas coisas." Ela não pode deixar de rir. Foi bom vê-la assim, seu corpo tremendo e seus olhos se enrugando nos cantos enquanto ela dava suas antigas gargalhadas. A comoção sacudiu a mesa. Depois de um tempo, ela começou a comer. Ficamos ali sentadas juntas, felizes apenas em colocar comida em nossas bocas. Mamãe começou com as primeiras perguntas. "Como foram suas aulas?" Ela perguntou. "Boas." "Você ainda quer ser uma enfermeira? Você não tem que fazer isso só por causa de mim, você sabe." "Sim, mãe", eu disse, pela milionésima vez. "Eu sei." "E você estava comendo? Se cuidando para não ficar doente do frio lá? Fez bons amigos?" "Sim, mãe!" Eu me senti mal. Eu não queria ser assim, mas eram sempre as mesmas perguntas, não importa quando ou por que nós conversamos. Perguntas de mãe. Fazia parte de um programa de treinamento, ou algo assim? Continuamos comendo sem conversar. Os únicos sons eram dos garfos raspando os pratos e os primeiros pássaros cantando no ar da manhã. Eu não queria falar sobre isso, mas ainda havia algo na minha mente. "Você disse que o cara na noite passada era Asher?" "Sim." "E ele é parte de uma gangue de motoqueiros?" "Sim, os Dark Riders", disse ela. Sua voz era tensa, e seus olhos não encontravam os meus. "O que isso significa exatamente?" "Ora, eu não sei, Lilly! Por que você não vai perguntar a eles?" Ela retrucou. Depois de um momento, minha mãe respirou fundo. "Eles cuidam de nós por aqui." "Como?" Eu perguntei. "Eles se certificam de que não surjam problemas." "Problemas?" Minha mãe não respondeu. "Que problemas, mãe?" Ela olhou para seu prato e continuou empurrando tiras crocantes de bacon na sua boca. Pelo jeito que ela estava evitando as minhas perguntas, eu sabia que havia mais a ser dito. Mas eu não ia conseguir respostas aqui.
Quando terminamos de comer, eu levei os pratos. Ela estava prestes a se levantar e para lavar a louça, mas eu coloquei minha mão no seu ombro. "Deixe que eu limpo, mãe." Ela ficou sentada e começou a cantarolar uma música enquanto eu abria a torneira. Os únicos sons eram a água correndo na pia e sua voz alta começando a cantar na mesa da sala de jantar. Quando eu terminei eu abri o armário de remédios. Anos atrás, ele só teria Tylenol e Benadryl. Agora, havia fileiras e fileiras de frascos de remédios com o nome de minha mãe impresso neles. Eu os peguei e comecei a organizá-los. Estes eram para a manhã. Estes eram para a noite. Segunda, terça, quarta... As pílulas pequenas e coloridas se parecia demais com doces para o seu uso real. Talvez fosse melhor pensar nelas dessa forma. Elas eram doces. É isso aí. Peguei os comprimidos para aquela manhã e as trouxe para a minha mãe com um copo de água. "Obrigada", disse ela. Ela olhou para a pequena pilha diante dela. "Como um monte de jujubas, hein?" Eu cuidei de algumas outras coisas antes de me vestir. Havia pilhas de cartas, contas médicas e outras coisas que ela tinha deixado sem cuidados em casa. Eu joguei fora uma orquídea velha que devia ter secado há meses. Eu compraria uma nova mais tarde. Quando eu estava vestida, me dirigi para a porta. "Eu vou sair!" Eu disse. "Volto em breve." A calçada do lado de fora da casa da minha mãe tinha se desgastado desde a última vez em que eu andei sobre ela. Eu chutei algumas pedras do meu caminho, tentando manter minha mente despreocupada. Era mais fácil pensar apenas na minha lista de compras. Ovos. Chantili. Mas quando um motor roncou atrás de mim, eu sabia que não ia para o supermercado. Eu me virei e lá estava ele. Asher. Ele estava sozinho desta vez, mas parecia que não tinha dormido a noite toda. Asher me agarrou, me puxando para a moto atrás dele. "Ei!" Eu gritei. "Me solta!" Bati meus punhos contra suas costas, mas meus esforços foram inúteis. Asher continuou dirigindo, sem olhar para trás. Foi só quando eu vi a enorme pantera pairando sobre nós que percebi para onde ele estava me levando. A mascote da nossa velha escola ainda estava lá, protegendo a quadra de esportes abandonada.
Um pouco mais abaixo da rua estava a nova escola. Ela fazia a nossa parecer ainda mais triste em comparação. O antigo edifício parecia estranho com a pintura descascando das paredes. Graffiti cobria a frente, simples marcas informando quais pessoas tinham estado ali. Asher não parou até que ele chegou a uma árvore. A nossa árvore. Ela ainda estava lá, e tinha crescido desde a última vez que a vi. Ele desligou o motor e eu pulei da moto. Eu me afastei dele, meus olhos grudados nos seus, até que eu estava encostada na casca áspera da árvore. Isso só Asher me fez seguir. Cada um de seus passos era lento, como se ele estivesse tramando cada centímetro de seus movimentos. Eu tive tempo de correr. Eu podia ter corrido. Mas eu não fiz nada. O corpo dele estava apenas alguns centímetros do meu. Ele olhou para mim, trazendo seu rosto tão perto que eu podia sentir sua respiração na minha pele. Apenas um pouco mais e nossos lábios se tocariam. Nós nos beijaríamos. Nós iríamos... Seus olhos encararam os meus, me observando. Parecia quase um desafio. "O que você quer?" Eu consegui dizer. Eu empurrei Asher, mas seu corpo não se moveu. "Vá embora." "O quê?" "Eu quero que você va embora. Saia daqui", disse Asher. "Nós vamos cuidar de sua mãe, então você pode voltar para o seu futuro brilhante e feliz." Eu o empurrei de novo, pressionando todo o meu corpo contra o seu peito. "Meu futuro brilhante?" Eu gritei. "O que diabos há de errado com você? O que aconteceu? Você era tão inteligente. Tão doce." Eu respirei e continuei a gritar. "Mas agora você está em uma gangue? E não só isso, mas você é vicepresidente? O que isso quer dizer? Por que você está com essa gente?" "Essa gente?" ele disse. "Essa gente?" A mandíbula de Asher ficou tensa e ele agarrou os meus pulsos, pressionando-os contra a árvore, me segurando. "Essa gente é a minha família!" ele gritou. "Nem todos podem ser como você, Lilly. Nem todo mundo pode ir para o norte para uma faculdade chique e paga pelos pais."
Eu me debati para soltar seu aperto. O que ele sabia sobre o que tinha acontecido comigo? Que direito tinha ele de dizer alguma coisa? "Eu era apenas um garoto do lado ruim da cidade, lembra? O que você largou sem dizer adeus." Senti um aperto no meu peito. Era difícil respirar. Foi quando notei as lágrimas nos olhos dele, teimosamente se recusando a cair. "Alguns anos depois que você foi embora, a minha mãe morreu. Eu vim para casa um dia depois da escola e a cozinha estava cheia de sangue. Os policiais olharam em volta por uns minutos e não encontraram nada. Eles me disseram 'Desculpe, garoto,' e fecharam o caso. Eu não tinha ninguém. Dinheiro algum. Quando fiquei devendo o aluguel, eu não tinha sequer um lugar para viver." Asher levantou sua camisa com uma mão. "Você viu essas cicatrizes?" Ele apontou para a pele irregular que eu tinha visto antes. Agora, na luz do dia, eu podia ver a carne levantada. Eu queria passar meus dedos sobre as marcas e fazê-las sumir. "Você sabe do que elas são?" Eu balancei minha cabeça. "Venda de drogas. De vez em quando eu encontrava um viciado com uma faca. Ou talvez alguém que achava que eu estava me entrometendo no seu território. Mas os Dark Rides me acolheram. Eles me deram um lugar para ficar. Um trabalho. Eles me trataram como se eu fosse família." Asher fez uma pausa e olhou direto nos meus olhos. Uma lágrima começou a escorrer pela sua bochecha. "Eles nunca me decepcionaram. Nunca me deixaram..." Eu tirei minha mão das suas. Foi fácil, pois o seu aperto tinha se afrouxado nos meus pulsos. Toquei seu rosto suavemente e limpei a lágrima. Asher agarrou a minha mão, pressionando-a com força contra seu rosto. Sua barba por fazer arranhou minha palma. O calor da sua pele na minha queimava através de mim. Ele me pressionou contra a árvore, e eu podia sentir a casca áspera contra as minhas costas. No início, ele foi gentil. Os dedos de Asher traçaram os meus lábios lentamente. Ele passou para o meu pescoço, explorando cada clavícula e plantando beijos suaves no meu ombro. Então as mãos de Asher entraram debaixo da minha camisa. Ele arrastou seus dedos sobre a minha barriga, até chegar ao tecido do meu sutiã.
Prendi a respiração. Deveríamos estar fazendo isso? Em público? Atrás de uma antiga escola? Minha mente disse que não, mas meu coração estava disparado. Parecia que tudo em mim queria que ele continuasse. Só mais um pouquinho. Asher empurrou minha camisa para que ele pudesse me ver, e foi aí que ele deixou de ser gentil. Ele puxou os bojos do meu sutiã para baixo. Meus seios se soltaram e o choque de serem expostos fez meus mamilos endurecerem. Sua boca me consumiu. Seus lábios quentes se moviam do meu peito para a minha boca e para o meu pescoço. Asher me mordiscava enquanto o fazia, marcas escuras florescendo na minha pele. Meu corpo parecia estar pegando fogo. Eu queria mais dele, mais do seu toque, seu gosto. Eu o puxei para mais perto e podia sentir sua dureza se pressionando contra mim. Asher arrastou as mãos pelas minhas pernas e debaixo da minha saia. Ele encontrou o limite da minha calcinha e a puxou. Com as duas mãos, ele começou a deslizar o tecido para fora do seu caminho. E então ele parou. Asher se afastou de mim, dando um passo para trás como se nem ele entendesse o que tinha acontecido. Longe do seu toque intenso, eu estava com frio. Meus seios estavam expostos e minha saia estava erguida até os meus quadris. Eu parecia uma menina que tinha sido usada e jogada fora por um motoqueiro. Era isso o que eu era? Asher sentou na sua moto e olhou para mim. "Vá embora", disse ele. "Você não quer estar aqui, e ninguém quer você aqui. Então suma!"
CAPÍTULO SEIS "Mas..." A minha voz se perdeu sob o rugido do motor poderoso de Asher. Ele se virou e foi embora, deixando uma nuvem de poeira no seu rastro. Eu fiquei lá parada, assistindo. A poeira baixou e ele se transformou em nada mais do que um ponto se movendo rapidamente no horizonte. Eu estava sozinha. Minhas pernas cederam e eu caí na terra, começando a soluçar. "Mas eu não queria ir embora!" Eu gritei. Minha voz ecoou por trás da velha escola. "Eu não queria deixá-lo!" Eu não tive escolha. O que eu deveria fazer? Eu não tinha sequer completado 12 ainda. Eu estava indo para a sua casa. Mesmo que ele estivesse do outro lado da cidade e a minha mãe se recusasse a me levar, eu tinha posto meus sapatos e ido para a porta. Foi quando meu pai me agarrou. Ele nunca gostou de Asher, achando que ele era uma má influência. Seu apelido para Asher era o meu "amigo da favela". Meu pai me trancou no carro, e foi isso. Não importava o quanto eu gritasse, ele não me deixava sair. Até mesmo agora, eu não entendo o porquê. Chorei todo o caminho até o aeroporto. As aeromoças queriam saber o que havia de errado enquanto eu olhava para fora das janelas do avião com lágrimas rolando pelo meu rosto vermelho. Meu pai as dispensou, dizendo que não era nada. "Asher," eu sussurrei. Eu sabia que ele não estava por perto, mas eu precisava dizer isso. "Eu nunca quis te deixar para trás."
CAPÍTULO SETE Será que eu devia mesmo ir embora? As palavras de Asher ecoavam na minha mente enquanto eu rolava para lá e para cá na minha pequena cama de infância. Ele não me queria aqui. Eu devia ir embora. Eu peguei um urso de pelúcia rosa e o apertei contra o meu peito. Será que a menina que possuía esse ursinho teria imaginado esse futuro? Acredito que não. O que eu quero para mim naquela época? Eu queria ser uma fada quando eu crescesse. Infelizmente, isso não deu certo. Minha mente se voltou para apenas alguns dias atrás, quando eu arrumei minhas malas e desisti de tudo. A faculdade. Minha bolsa de estudos. Fazia sentido no momento. Mesmo que ela não tivesse me pedido para vir, eu queria cuidar da minha mãe. Mas será que ela precisava de mim? Seria melhor deixá-la com eles? Eu odiava a ideia. Parecia egoísta, como se eu só quisesse fugir. Este não era o meu plano, de qualquer maneira. Eu deveria me casar com um cara que eu conhecesse no último ano da faculdade. Eu conseguiria um emprego e construiria uma carreira por um tempo. Então teríamos filhos e eu seria uma dona-de-casa. Eu participaria de clubes com as outras mães, marcando passeios para as crianças. E depois... Eu olhi para o teto. Era realmente isso o que eu queria? Uma luz se acendeu no corredor e porta do meu quarto se abriu. Depois de todos esses anos, a minha mãe ainda não tinha passado WD-40 nas dobradiças. "Você está bem, bebê?" Minha mãe passou a cabeça pela fresta e me espiou ali na cama, coberta com os meus velhos bichinhos de pelúcia, e entrou correndo para me abraçar. Meu rosto descansou no seu colo. "O que foi?" ela queria saber. Sua mão acariciava delicadamente a minha bochecha. Já senti meu rosto ficando quente e minha visão borrando. Eu respirei fundo e segurei o choro. "Eu deveria estar aqui, mãe?" "O que você quer dizer, amor?"
"Eu quero dizer, será que eu deveria estar aqui? Você me quer aqui? Porque Asher disse..." Assim que eu disse o nome dele, as lágrimas começaram. Eu soluçava na camisola da minha mãe, chorando tanto que devia ser impossível entender o que eu dizia. Eu parecia ter cinco anos de novo, chorando por um joelho arranhado. "Asher disse que ele não me quer aqui, e que eu não deveria estar aqui. Ninguém me quer aqui... Talvez seja uma boa ideia. Eu devia ir embora. Ele disse que o grupo cuidaria de você. Que podem protegê-la, mantê-la seguro. O que eu posso fazer? Eu vou voltar para a escola, certo? Vou voltar para a escola e ganhar muito dinheiro e então eu vou voltar. E depois..." Minha voz sumiu. Minha mãe não interrompeu minhas divagações. Ela só fez carinho na minha cabeça, esperando que eu me acalmasse para falar. "Você sabe, quando seu pai foi embora, eu não conseguia aceitar. Embora tudo estivesse tão ruim, eu não queria que ele fosse embora. Eu queria que tudo ficasse do jeito que era. Da forma como eu tinha planejado. Eu pensei que eu estava perdendo tudo. Minha casa perfeita no norte. Minha família perfeita. Tudo. Mas olhe para mim agora. Mesmo doente, eu estou mais feliz do que eu estava com todas essas coisas." Minha mãe se abaixou e beijou meu rosto. Eu tinha finalmente parado de chorar, deixando sua voz me acalmar. "Talvez você tenha que pensar um pouco mais sobre o que é que você realmente quer", disse ela. Eu limpei meus olhos e funguei um pouco. Virei-me para a minha mãe. "Você não pode simplesmente me dizer se eu deveria ficar ou não?" Minha mãe sorriu e acariciou minha cabeça novamente. "Não." Ela gentilmente tirou minha cabeça do seu colo e se levantou, caminhando para a porta do quarto. "Você mesma tem que decidir isso", disse ela, apagando a luz ao sair. Eu fiquei lá no escuro, olhando para o nada. Eu estava cansada demais para chorar de novo, ou até mesmo para pensar em qualquer coisa. Meu corpo doía, mas eu não conseguia dormir. Depois de um tempo, eu saí da cama. Vesti uma camisa e calça jeans e peguei minhas chaves antes de sair pela porta. Era o meio da noite, mas eu sabia exatamente onde eu estava indo. O único lugar que se podia ir em uma cidade como esta, a esta hora.
CAPÍTULO OITO Todos os jovens na cidade conheciam o The Stables. Era o único bar, o único lugar na cidade toda em que não podíamos ir. Claro, ele nem mesmo abria até bem depois da nossa hora de dormir. Mas agora eu não tinha mais toque de recolher. Fui até a porta de entrada e fiz uma pausa perant o grande sinal de neon. Eu estava prestes a entrar quando um homem com uma mulher no seu braço tropeçaram por mim. O cheiro de fumaça e o azedo do álcool em seus hálitos me atingiram quando a porta se abriu, fazendo meus olhos lacrimejarem. O homem e a mulher continuaram se arrastando, mal conseguindo não cair na calçada. Eu ainda podia ouvi-los cantando e rindo bem depois das suas formas desaparecerem na escuridão. Eu respirei fundo, agarrei a maçaneta da porta, e a abri. Eu esperava que todos olhassem para mim, apontando e rindo, mas ninguém o fez. A luz era muito fraca e a maioria das pessoas no bar estavam muito ocupadas com seus próprios problemas para se preocupar comigo. Havia um assento livre na frente do bartender, então foi ali que eu me sentei. "Um mojito, por favor? Verifique se a hortelã e suco estão realmente frescos..." Minhas palavras morreram quando vi o olhar no rosto do barman. O sorriso de escárnio se formando no seu rosto não era exatamente animador. "Uma cerveja, por favor. Obrigada." O barman trouxe uma garrafa de uma marca local, a abriu e a bateu no balcão à minha frente. Serviço agradável. Eu engoli a cerveja aquosa, deixando o sabor levemente doce de milho cobrir a minha língua. Não era a melhor, e com certeza não era um mojito, mas daria pro gasto. Eu já estava chegando no fundo da garrafa quando dois rapazes se aproximaram e se sentaram ao meu lado. Eles sorriram um para o outro, engolindo suas cervejas em poucos goles. Eu tentei não prestar atenção. "Uma vodca cranberry para a senhorita aqui," um dos caras disse. "Ah, não", eu disse. "Estou bem, realmente." "Não, nós insistimos", disse o outro cara. "Uma moça bonita como você não deveria estar bebendo sozinha em um bar."
Quando o barman empurrou a bebida na minha direção, eu a peguei. Forçando um sorriso, levantei o copo na direção dos rapazes. "Obrigada", eu disse. "Saúde." Torcendo para a nossa interação acabar ali mesmo, eu comecei a saborear o coquetel doce. "Eu sou Jim", disse um deles. O outro cara veio do lado dele. "E eu sou Will." "Lilly," eu disse e continuei bebericando o drinque. Aparentemente, isso foi o suficiente para eles quererem iniciar uma conversa. Esse bar não estava sendo tão divertido quanto eu imaginava que seria quando eu era criança. "Cara," Will disse. "E esses motoqueiros andando por aqui esses dias?" "Sim, no outro dia eles estavam dirigindo por aí no meio da noite, fazendo um barulhão. Não é?" Jim disse. "Mmm." Este era o última assunto que me interessava no momento. "Quem é que eles pensam que são?" Jim disse. "Reis?" "Expulsando pessoas da cidade", disse Will. "Eles devem achar que são os chefes." "Especialmente aquele cara, Wild." Meus olhos voaram para Jim. Ele era da minha idade e usava um boné desbotada de sol. Quando notou meu interesse, ele continuou. "Eu nunca o vi sorrindo", disse ele. "Sim, ele anda por aí como se fosse o poderoso", disse Will. "Eu aposto que eu conseguiria derrubá-lo." Eu terminei minha bebida e bati com o copo na mesa, chocando-os. Talvez fosse a cerveja, ou a vodca, ou a exaustão, mas eu não me importava. Eu não ia ficar sentada ali enquanto eles falavam besteiras sobre Asher. Mesmo que eu mesma não tivesse muita certeza de como eu me sentia sobre ele no momento. "Você não sabe nada sobre ele, ou toda a merda que ele passou", eu disse. Virei-me para encará-los. "E você certamente não quer chamar sua atenção." "Quem é você, a vadia dele?" Will gritou. "Não é assim que se deve falar com uma dama." Olhei para cima e lá estava Asher. O motoqueiro estava bem atrás de mim, suas mãos sobre os meus ombros. "Porra, é o WIld!" exclamou Jim. Ele pulou do seu assento e saiu correndo para fora do bar, deixando Will para trás.
"Então você disse que me derrubava em uma luta, é? Quer experimentar?" Asher se moveu até Will. O cara menor se encolheu quando o outro se aproximou, mesmo que estivesse tentando parecer corajoso. Will deu o primeiro soco, mas Asher simplesmente o bloqueou com sua mão. "Tente novamente", disse ele. Will rangiu os dentes. Desta vez, eu podia vê-lo jogando todo o seu peso por trás do soco, mas seu punho só deu um baque surdo no peitoral de Asher. O motoqueiro não tinha sequer tentado evitá-lo. "Ok, agora é a minha vez." O soco de Asher atingiu Will na testa. Ele caiu no chão do bar instantaneamente. Num piscar de olhos, ele estava inconsciente. "Não se preocupe, ele vai ficar bem em algumas horas", disse Asher. Ele pegou minha mão na sua. "Vamos." Asher me puxou para fora. Como sempre, sua moto estava esperando. Ele pulou nela e, pela primeira vez, eu subi de bom grado. Eu passei meus braços em torno da sua cintura, apertando-o bem firme. Eu não me importava para onde estávamos indo. O vento passava por mim enquanto dirigíamos. Ele uivava nos meus ouvidos e empurrava contra o meu corpo. Mas eu não estava mais com medo. Andar de moto era muito diferente de um carro. Eu não tinha apenas que ver o mundo passar por mim. Eu não estava segura na minha bolha climatizada com meu mp4, esperando apenas para chegar ao meu destino. Não, eu estava em contato com tudo. O vento. O balanço suave da moto sobre cada solavanco na calçada. O som dos grilos cantando na noite. O cheiro de fogo queimando em algum lugar nos arbustos. Na moto, eu não conseguia pensar em nada. Não sobre o nosso passado, nem sobre o que ia acontecer, nem mesmo o que estava acontecendo comigo agora. Eu só podia sentir. Era apenas a estrada. Asher. E eu.
CAPÍTULO NOVE Nós paramos em uma colina. Asher desligou o motor e me trouxe até a borda. Ele não disse nada, só gesticulou para que eu sentasse ao seu lado na grama molhada. No começo eu me perguntava por que estávamos aqui. Talvez ele quisesse brigar comigo novamente. Talvez ele fosse me dizer mais uma vez para me mandar, que ele me salvou, mas não queria mais ver a minha cara. Mordi o lábio para não chorar. E então ele apontou. Uma luz rosada se arrastava ao longo do horizonte. Ela tocava tudo com seus tons claros. Conforme a luz foi ficando mais forte, um amarelo-claro apareceu e fez a nossa pequena cidade brilhar. Finalmente, o sol amarelo âmbar espiou por cima da terra. Tudo o que a luz tocava era coberto por ouro. A mão de Asher se apoderou da minha. No silêncio da manhã, isso era tudo o que eu conseguia pensar. O toque da sua pele na minha. "Asher, eu..." Fiz uma pausa. As palavras eram difíceis de dizer. "Eu jamais quis deixar você para trás." Asher se virou para mim. A luz do sol quente cobria o seu rosto, deixando as linhas de sua mandíbula e ossos da bochecha ainda mais pronunciados do que o normal. Eu abri minha mão. Eu queria levantá-la e tocar seu rosto, esfregar a palma sobre sua barba, mas não o fiz. Eu apertei meus dedos em um punho e me afastei dele. Eu não merecia isso, não é? A próxima coisa que eu senti foram os braços de Asher sobre meus ombros. Ele me puxou de volta até me pressionar contra o seu peito. Eu olhei para ele e seus olhos azuis grudaram nos meus. Eu analisei seu rosto. Em algum lugar ali estava o menino que eu conhecia. O menino que me dava refrigerante de gengibre todos os dias na escola. Agora, aquele jovem estava misturado no meio de Wild. Este homem grande, muscular, poderoso, que estava dificultando a minha respiração. Asher inclinou meu queixo para cima. Meu coração batia forte no meu peito. Nós ficamos parados ali por um momento, nossos rostos tão perto que estavam quase se tocando. E então Asher pressionou seus lábios contra os meus. Estar em seus braços era como se eu estivesse na moto novamente. Eu não estava mais preocupada com o passado, ou o que faríamos no futuro.
Tudo o que importava eram seus lábios nos meus. Nosso beijo se aprofundou e Asher explorou a minha boca com a língua. Ela mergulhou, se empurrando com insistência pelos meus lábios. Eu já me sentia ficando viciada no seu gosto Quando os dedos de Asher roçaram sob a barra da minha camisa, eu congelei. Eu apertei minhas mãos contra o peito dele, tentando empurrá-lo. "Eu pensei que você quisesse que eu fosse embora", eu disse. Os ombros de Asher caíram. O olhar feroz desapareceu de seus olhos, sendo substituído por um de tristeza. "Me desculpe", disse ele. "É só... Você se foi por seis anos. Eu fiquei pensando em você por seis anos e, do nada, você simplesmente reapareceu. No lado da estrada. E você nem sequer se lembrava de mim." Eu nunca tinha pensado nisso dessa forma. Meu coração se apertou, dolorido dentro de mim. "Mas eu lembrei de você. Assim que eu vi você lá, fingindo que estava tudo bem, eu sabia", disse ele. "Eu não deveria ter ficado tão bravo. Tínhamos apenas 14 anos. O que diabos você devia ter feito, fugido?" "Então..." Eu comecei, mas Asher me interrompeu. "Então, não," disse Asher, dando um beijo suave no meu nariz. "Eu não quero que você vá embora." Eu joguei meus braços em volta do seu pescoço, deixando minhas lágrimas caírem na sua pele. Ele não tentou enxugá-las. Suas mãos simplesmente começaram a vagar pelo meu corpo. Suas palmas seguraram os meus seios. Ele pegou meus mamilos entre os dedos e os apertou, fazendo com que eu me contorcesse sob ele. Quando ele sentiu o meu gemido quente contra o seu pescoço, meu menino mau sorriu. A outra mão de Asher se abaixou. Ele nem sequer precisou olhar para baixo para desabotoar minha calça jeans. Prendi a respiração e fechei os olhos. Seus dedos eram pacientes enquanto passavam por baixo do fino tecido da minha calcinha até descansarem entre as minhas pernas. Ele não se moveu. Havia apenas a sensação dos seus dedos lá, descansando contra mim, me provocando. Eu empurrei meus quadris, tentando fazê-lo entrar. Asher riu. "Como estamos impacientes," ele sorriu. Finalmente, seus dedos se moveram. Eles deslizaram e esfregaram até que todo o meu corpo formigava de antecipação. Estendi a mão para o cinto de Asher, mas sua mão agarrou meu pulso.
"Eu não posso fazer isso se você não se juntar ao clube", disse ele. "Os Dark Riders são a minha vida." Eu puxei minha mão para longe dele, agarrando-a contra o meu peito. "A pergunta é: você está pronta para isso, ou não?"
CAPÍTULO DEZ Eu não consegui responder. Eu ainda fiquei pensando na pergunta bem depois de Asher me trazer para casa e eu ter desabado na cama. Eu me sentia estúpida, pensando sobre o mesmo problema de novo e de novo. Ele já não tinha dito que queria que eu fosse embora? Mas o problema agora era, será que eu queria ficar? A vida aqui, não seria tão ruim, seria? Minha mente estava uma bagunça, mas o meu corpo não se importava. Adormeci com os mesmos pensamentos correndo pela minha cabeça. Imagens e cenários surgiram na minha mente. Eu vi Asher sendo derrubado por uma chuva de balas atiradas por uma equipe de policiais. Minha mãe sequestrada por uma gangue rival e mantida como refém por uma quantia de dinheiro que nós não tínhamos. Eu até mesmo me vi amordaçada e jogada na parte traseira de uma van, ameaçada de morte se eu não revelasse segredos do clube. Quando eu acordei, estava coberta de suor. Os sonhos tinham realmente me abalado. E se eles acabassem se tornando reais? Eu balancei minha cabeça. De jeito nenhum. Eles se pareciam demais com o tipo de trama exagerada de algum programa de TV ruim da máfia ou algo assim. Foi quando eu percebi que eu realmente não tinha ideia do que os Dark Riders realmente faziam. Bem, a única maneira de mudar isso era perguntar e aprender.
CAPÍTULO ONZE No dia seguinte, no café da manhã, eu não desperdicei tempo. Eu servi um prato de comida para a minha mãe, enchendo a sua caneca com chá verde quente. Ao lado da dela, eu enchi a minha com café preto. Eu ia precisar da cafeína. "Mãe?" Eu comecei. "Sim?" "Você sabe onde é a sede dos Dark Riders?" Ela abaixou o garfo e olhou para mim. Os cantos da sua boca se inclinaram para baixo. "Por quê?" ela perguntou. "Para que você quer saber isso?" Eu olhei para o meu prato, mexendo com o guardanapo. "Eu preciso descobrir alguma coisa. É importante." "Você não vai se envolver com isso. Você não é esse tipo de garota", disse ela. Você não é esse tipo de garota. Quantas vezes eu já tinha ouvido isso? Eu larguei meu garfo sobre o prato de porcelana. "Se você não me disser, eu vou ter que descobrir sozinha", eu retruquei. "Você não pode mais me manter afastada de tudo o que achar perigoso." Minha mãe me olhou de perto. Havia mágoa e confusão em seus olhos. Eu sei que ela estava apenas tentando cuidar de mim, mas eu não era mais um bebê. Eu não queria machucá-la, mas o que mais eu poderia fazer? "Tudo bem", disse ela finalmente. "Eu vou te dizer. Mas tente não se meter em problemas, está bem?" Anotei suas instruções em um pedaço de guardanapo. Eu não precisava, porque a cidade era tão pequena, mas eu estava tão nervosa que tinha medo de esquecer tudo o que ela me disse. Assim que saí, minha mãe ficou na porta. Ela acenou, e olho em mim até eu sair de vista. Eu me senti mal. Uma boa menina não iria atrás do local de encontro de um Moto Club. Mas eu não tinha certeza se queria que outras pessoas continuassem me vendo como a "boazinha". Quando eu vi o lugar, parecia exatamente como eu imaginava. O local costumava ser uma mansão. Eu não tenho ideia de quanto tempo atrás, porque o lugar já era abandonado quando éramos crianças. Imaginei que quando os Dark Riders vieram para a cidade se instalar, eles consertaram o lugar. Bem, mais ou menos.
A madeira velha rangeu quando eu pisei na varanda. Eu inspirei fundo uma última vez e bati na porta. Ninguém respondeu. Esperei. Bati novamente. Nada. Foi só quando eu já estava batendo na porta com ambos os punhos que a porta se abriu. Eu quase caí para dentro. O cheiro de cerveja e fumaça de cigarro bateram no meu rosto. No interior, a música estava tocando tão alto que a casa parecia balançar. Além disso, diversas pessoas estavam falando, gritando e rindo acima da música. Não é de se admirar que ninguém me ouviu na porta. O cara que me atendeu olhou para mim. Ele era enorme. Sua barba vermelha encaracolada cobria um grande rosto redondo que não parecia amigável ou hostil. Apenas bêbado. "Olhe só, o que temos aqui?" disse ele, me olhando de cima a baixo com um sorriso. "Você não é bem o tipo que normalmente escolhemos, mas quem somos nós para recusar uma oferta?" "Estou aqui para falar com o Wild", eu disse. A risada do cara veio bem do fundo do seu barrigão. "Ei, pessoal, essa garota diz que quer ver o WIld!" ele gritou. Risos vieram de dentro da casa. Gargalhando, ele se virou para mim novamente. "Wild? Desculpe, moça, mas desse mato não sai cachorro", disse ele e fechou a porta. Bati novamente, desta vez com toda a minha força. Quando o cara abriu a porta, ele parecia surpreso ao me ver lá novamente. "Eu disse que eu quero falar com o Wild." O barbudo me olhou de cima a baixo novamente. Eu não arredei o pé. Ele coçou a barba um pouco e, em seguida, jogou as mãos no ar. "Tudo bem", disse ele. "O que você quiser, moça." O grandalhão se inclinou para trás e gritou. "Wild! Tem uma garota aqui dizendo que ela quer falar com você!" Ele foi alto o suficiente para machucar meus ouvidos, mas eu fiquei grata por ele não simplesmente bater a porta na minha cara novamente. "Obrigada", eu disse. "Claro", disse ele. "Só espero que você saiba com quem está falando." O motoqueiro saiu andando para dentro de casa ao mesmo tempo em que Asher desceu as escadas. Seus passos eram pesados, e balançavam as tábuas da escada. Quando ele me viu na porta, seus olhos se arregalaram. "O que diabos você está fazendo aqui?" ele disse. "Eu pensei que que tinha tomado a sua decisão ontem, quando não me respondeu."
Mordi o lábio e olhei profundamente nos seus olhos. Cerrei os punhos ao meu lado e respirei fundo. Eu consigo fazer isso. "Me leve com você", eu disse. "O quê?" "Me leve com você. Seja lá o que for que você faça com este clube, me leve com você. Eu quero saber de tudo." No começo, Asher só podia olhar para mim. Ele levantou a sobrancelha e passou a mão pelo cabelo loiro. Em seguida, um pequeno sorriso apareceu nos seus lábios, crescendo quando ele percebeu que eu não estava brincando. "Tudo bem", disse ele. "Ok. Vamos fazer isso. Vamos!" "Agora?" "Sim, agora!"
CAPÍTULO DOZE Eu nunca tinha visto tantos homens se movendo tão rapidamente. Não demorou mais do que 30 minutos depois de Asher falar com Mav para todo mundo vestir suas jaquetas, pegar suas armas e montar nas suas motos. Antes de partimos, Asher me explicou o que estava acontecendo. "Nós vamos escoltar alguns caminhões. Às vezes eles têm problemas na autovia. Estamos lá para certificar de que isso não aconteça." Problemas? Que tipo de problemas? Quem iria querer incomodar caminhoneiros? Estávamos na rua e acelerando antes que eu pudesse perguntar. O barulho era muito alto para ele ouvir a minha voz. Quando saímos da cidade e pegamos a estrada, o mesmo sentimento tomou conta de mim como antes. Eu estava começando a entender por que Asher gostava tanto de andar de moto. Toda a minha vida, eu sempre tive medo de motocicletas. Parecia tão assustador. E era assustador. A qualquer momento nós podíamos cair, deslizar, bater. E fim da história. Mas ali, sentada atrás de Asher, eu não me preocupava com isso. Tudo o que eu conseguia pensar era que isso era.... certo. Bom. Era só quando descíamos da moto que eu tinha problemas. Na distância, dois grandes caminhões apareceram. Avistando-os, Mav fez um movimento e todo o grupo acelerou. Não demorou muito para que nós chegássemos até eles. Os caminhoneiros buzinaram em reconhecimento e nos deram um "joinha" com o polegar quando nos viram. O grupo de motociclistas se dividiu em quatro. Cada grupo ficou de um lado de um caminhão, cercandoos completamente com uma brigada de motos. Que estranho. Estes pareciam ser caminhões comuns. As laterais da sua carga tinham imagens de frangos e legumes, então eu achava que estavam apenas transportando alimentos. Mas por que um caminhão de alimentos precisava do que equivalia basicamente a uma escolta armada? O som de fogos de artifício estourou no meu ouvido. Ergui a cabeça, olhando para o céu, mas não vi nada. Houve mais dois estrondos. Desta vez eu olhei para trás, e foi quando eu os vi. Um grupo de rapazes em motocicletas estava vindo em nossa direção. Ao se aproximarem, eu podia ver o que estava causando o ruído. Armas. Eles estavam atirando em nós. Merda.
Outro "boom" e o motociclista ao nosso lado caiu. Sua motocicleta derrapou por nós, disparando faíscas vermelhas quentes enquanto se raspava ao longo do chão. O caminhão passou por cima dela, esmagando-a até quase nada restar da máquina. O motoqueiro teve sorte ele não estar mais nela. Ele tinha rolado fora da moto, deslizando em sua jaqueta de couro na outra direção. Ainda bem! Senti algo passando perto do meu ouvido e, em seguida, ouvi a explosão. Eu gritei. Me agarrei ao Asher até que meus dedos ficaram brancos. Meu corpo todo tremia, e eu queria pular da moto. Por que alguém estava atirando em nós? Um tiro atingiu o chão bem próximo aos nossos pés, e Asher desviou. A moto parecia que ia cair. Estávamos quase horizontais, e se eu quisesse estender a minha mão, teria tocado o asfalto. Eu não podia controlar a minha respiração. Parecia que eu estava com falta de ar, e eu tinha quase certeza de que tudo no meu estômago logo decoraria a rodovia. Meu rosto estava molhado de lágrimas. Por que é que eu achei que isso fosse ser uma boa ideia? Os estrondos começaram a vir um após o outro, e eu percebi que os outros caras não eram os únicos atirando. Os Dark Riders estavam com suas armas para fora, apontando-as para trás e disparando na distância. Ótimo, agora eu estava no meio de um tiroteio. Um cara do outro grupo de motociclistas acelerou. Ele seguiu na nossa traseira e chegou perto o suficiente para que eu pudesse ver o patch em sua jaqueta. Tarantulas Moto Club. Asher tentou despistá-lo, mas ele continuou nos seguindo. Logo ele estava bem ao nosso lado, perto o suficiente para me olhar nos olhos. No momento seguinte, seu braço estendeu a mão. Ele agarrou meu cabelo e me puxou na sua direção. Eu quase caí da moto de Asher, me segurando por pouco. Asher se virou e olhou para o motoqueiro. Eu nunca tinha visto ele assim. Suas narinas se alargaram e as veias do seu pescoço se tensionaram contra sua pele. Ele soltou um rugido gutural e socou o outro bem no meio da cara. O Tarantula gritou e caiu da moto. Com o outro motociclista deitado na estrada, Asher puxou sua arma. Ele disparou na perna do cara, e uma poça de sangue se formou ao redor do Tarantula enquanto ele se contorcia no chão. Eu queria gritar, mas o som morreu na minha garganta quandi eu olhei para Asher. Que tipo de homem era ele? Teoricamente, eu sabia que ele
provavelmente iria atirar em alguém. Ele carregava uma arma, afinal de contas. Mas era diferente realmente ver isso em pessoa. Era diferente ouvir a explosão e ver o sangue de alguém. Mesmo se ele tivesse acabado de me atacar. Ainda assim, uma parte de mim que eu quase não queria reconhecer estava feliz. Asher me protegeu. Enquanto eu estivesse com ele, eu estaria segura. Asher voltou seus guidões e acelerou tão rapidamente que sua moto pulou sobre uma roda. Agarrei-o ainda mais firmemente, com medo de que iríamos cair para trás e então morrer esmagados pelo resto do grupo. Voltamos para duas rodas e aceleramos à frente de todos os outros, deixando-os para trás. A velocidade da moto só diminuiu quando Asher dirigiu até uma loja de brinquedos. Eu não entendia por que estávamos lá, mas Asher agarrou a minha mão e correu para dentro do prédio. Corremos por exibições de cartas de baralho, bonecas e blocos de construção. Nossos pés faziam barulho no chão, até que Asher empurrou a porta "Apenas para Funcionários" e me puxou escada acima. Foi quando eu finalmente entendi. O segundo andar era um grande espaço aberto. Ele provavelmente tinha sido um armazém no passado, mas agora o espaço parecia um bunker. Havia um monte de camas em um lado da sala, alimentos secos e água no outro. Armas estavam penduradas nas paredes com munição em caixas fechadas. As janelas estavam completamente bloqueadas, e a única maneira de ver enxergar o exterior era por mio de uma grande TV conectada às câmeras em toda a loja de brinquedos. Eu me sentia como se tivesse acabado de entrar no meio de um filme de ação. Meu coração ainda estava acelerado, e eu ainda me sentia como se eu devesse estar correndo até algum lugar, qualquer lugar. "Lilly!" Asher disse. "Você está bem?" Ele me esmagou contra seu peitoral. Meus seios se pressionaram contra seus músculos duros e eu me deixei ser engolida pelo seu tamanho. Quando ele finalmente se afastou, eu assenti. "Eu estou bem", eu disse. "Mais ou..." Minhas palavras foram cortadas pelos seus lábios nos meus. Talvez fosse por isso que ele me protegeu. Talvez fosse a adrenalina. Mas por alguma razão, eu não me contive.
Beijei Asher de volta com mais vontade do que nunca antes. Eu empurrei sua jaqueta de couro de seus ombros e ela caiu no chão. Parecia um frenesi. Nossas bocas continuavam a se encontrar enquanto arrancávamos a roupa um do outro. Meus dedos não conseguiam desabotoar a camisa dele rápido o suficiente. Asher a rasgou, arrebentando os botões e a largando no chão. Eu levantei meus braços para que ele pudesse tirar minha blusa, e abaixei minha calça jeans. Com cada peça de roupa a menos, mais das nossas peles se tocavam. Eu não podia acreditar como ele era quente, firme, a pele sedosa com músculos fortes por baixo. Tudo estava acontecendo tão rapidamente, mas eu queria que fosse ainda mais rápido. Nós caímos sobre uma das camas e, finalmente, estávamos ambos nus. Asher pairava sobre mim, seus músculos dos ombros tensos enquanto ele se segurava sobre o meu corpo. Ele parecia sem fôlego enquanto olhava para o meu corpo nu. "Você não sabe quantas vezes eu sonhei em ver você assim", disse ele. Seu beijo atacou meus lábios novamente, mas depois desapareceu. Asher explorou meu corpo com a boca, puxando e beliscando os meus seios. Ele desceu pelo meu estômago e lentamente começou a lamber minhas coxas. Asher fez uma pausa quando abriu minhas pernas. Tenho quase certeza que eu o ouvi suspirar. "Sim", disse ele. "Exatamente como eu imaginava." E então sua boca estava sobre mim. Não era um movimento calmo ou suave. A língua de Asher me devorou. Mesmo quando eu joguei meus quadris para cima, ele não parou. Eu podia sentir sua boca quente em mim, fazendo todo o meu corpo tremer. Ondas de calor enchiam meu corpo e em pouco tempo eu estava derretendo sob seu toque. Quando eu gemi, jogando minha cabeça para trás e tremendo toda, Asher segurou minhas mãos. Ele entrelaçou os dedos nos meus e não parou de me lamber e beijar até que eu gritei o seu nome. "Asher!" Depois ele ficou de joelhos entre as minhas pernas. Asher tirou o cinto e empurrou suas calças, deixando seu pau livre. Rapidamente, ele desenrolou um preservativo e jogou o invólucro vazio no chão. Asher se pressionou contra mim, inclinando-se sobre a minha abertura. Tudo o que eu queria era que ele deslizasse logo para dentro. Apenas uma penetração.
"Sabe, a última vez que eu perguntei se você queria fazer isso, você disse que não," disse Asher. "Aposto que você já deixou muitos caras felizes por dizer sim." Mordi o lábio e me afastei dele. Demorou um pouco antes da ficha cair. "Você não fez isso ainda, não é?" Asher se abaixou sobre mim, trazendo seus lábios perto do meu ouvido. Ele se pressionou mais firmemente entre as minhas pernas, me esfregando com ele mesmo. Foi quase o suficiente para me deixar louca. "Você quer que eu continue?" Ele sussurrou. "Eu não vou, a menos que você peça." Sua voz assumiu um rosnado baixo. "Peça." Meu corpo gritava por ele. Cada nervinho queria Asher dentro de mim, mas eu não conseguia dizer as palavras. Minhas bochechas queimavam. Por que eu tinha que dizer isso? Eu quase não acreditava que ele o faria, mas Asher recuou. Ele se enfiou dentro de suas calças e sentou-se ao lado da cama. Ele segurou a cabeça entre as mãos e suspirou. "Sabe", disse ele. "Você realmente não facilita as coisas para um cara." A próxima coisa que ouvimos foi o profundo grunhido de motocicletas. Asher correu para o sistema de vigilância, e viu que quatro Dsrk Riders tinham estacionado. Eles não pareciam estar muito bem. Estavam encharcados de suor e sujeira. Parecia que tinham acabado de sair de uma zona de guerra... o que não deixava de ser verdade. O importante era que eles estavam vivos. Três deles parecia bem, com exceção de alguns cortes e arranhões, mas o quarto motoqueiro? Era um milagre que ele ainda estava montado na sua motocicleta, e assim que eles pararam, ele caiu no asfalto. Nós nos apressamos para vestir nossas roupas e Asher voou pelas escadas. Eu assisti todos eles levantando o cara e o trazendo para dentro. Não foi até que o deitaram sobre uma das camas que eu fiquei cara a cara com a realidade da situação. "Rich?" disse Asher. Ele não respondeu. Rich continuou a gemer sobre o colchão fino. Sua perna esquerda e o braço direito estavam sangrando, e a única coisa que impedia o fluxo era uma bandana do Moto Club. Se ele não fosse para o pronto-socorro, iria morrer. Olhei para Rich. Ele provavelmente não era o único nessa condição. A sua pele já estava ficando pálida e coberta de suor. Quanto tempo levaria
para que Asher se encontrasse na mesma situação? Ou eu? Eu então me dei um tapa mental. Duh, eu podia ajudar. Eu só tinha alguns anos de aprendizagem no programa de enfermagem, mas Rich não tinha que morrer aqui. Enrolei as mangas e empurrei os motoqueiros. "Alguém me traga algum tipo de vara, uma tesoura, e uma peça grande e longa de pano", eu disse. Os caras hesitaram, me olhando de forma estranha. Nós não tínhamos tempo para isso. "Vocês vão ficar enrolando, debatendo se devem ou não fazer o que eu pedi, enquanto seu amigo sangra até a morte nesta cama?" Isso foi o suficiente para que saíssem andando. O pulso de Rich estava acelerado. Ele estava com falta de ar, e sua pele estava fria e úmida. Se ele perdesse muito mais sangue, iria entrar em choque. Virei-me para Asher. "Vocês têm gaze?" Eu perguntei. Seu rosto não tinha expressão. "Gaze, algodão, um kit de primeiros socorros?" "Não. Sempre que ficamos machucado, nós simplesmente lidamos com isso", disse ele. "Você têm armas o suficiente aqui para um arsenal, mas não tem um kit de primeiros socorros?" Eu gritei. "Não é possível curar uma artéria cortada só com macheza!" Os outros motoqueiros voltaram. Eles me trouxeram uma tesoura comum, uma camiseta extra e alguns gravetos lá de fora. Eu olhei para os materiais e suspirei. Isto definitivamente não era um hospital. Eu peguei a tesoura e cortei um pedaço da minha camisa. Pelo menos eu tinha certeza de que ela estava limpa o bastante. Cortei a perna da calça de Rich e a sua manga até que eu pudesse ver pele limpa, e então pressionei o pedaço da minha camisa contra a ferida. Em poucos segundos, o pano estava completamente encharcado de sangue. Ok, hora da etapa dois. Eu cortei a camiseta extra em longas tiras, rasgando-a para agilizar o processo. Amarrei o tecido em um nó acima das duas feridas, usando o que restava das roupas de Rich para preencher o torniquete. Ele ia precisar disso. O próximo passo ia doer. Enrolei o material em torno da ferida mais algumas vezes, repetindo os passos na minha cabeça antes de seguir em frente. Eu respirei fundo. Se eu fizesse isso errado, ele poderia perder um membro. Eu atei o tecido da camisa em ambas as extremidades do graveto e me preparei para virar. É estranho, eles nunca lhe dizem como é difícil parar o
fluxo de sangue em um corpo humano. Eu usei toda a minha força, tentando torcer as varas até que o sangue de Rich parou de cair na cama. Quando eu finalmente consegui, desabei no chão. Eu estava exausta. "Ele precisa de mais tratamento", eu disse. "Mas deve ficar bem, pelo menos por enquanto." "Obrigado", um dos motoqueiros disse. Ergui a cabeça e sorri fracamente, mas mesmo isso não durou muito tempo. Eles foram interrompidos pelo som de um walkie-talkie. A voz vinha quebrada pelo alto-falante, mas todos nós sabíamos quem estava falando. Mav. "Voltem para cá agora!" ele gritou. Os outros caras se apressaram pelas escadas assim que ouviram a ordem do presidente, mas Asher permaneceu. Ele chegou perto de mim e passou seus dedos sobre o meu rosto. "Fique segura", disse ele. O beijo que Asher me deu foi rápido, mas queimou os meus lábios. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele tinha ido embora. Tudo o que me sobrou era a memória do seu cheiro almiscarado e o gosto dos seus lábios. Olhei para as imagens das câmeras enquanto os Dark Riders saíam cantando pneu, uma nuvem de fumaça ficando para trás. Seria essa a última imagem e memória de Asher que eu teria?
CAPÍTULO TREZE Horas devem ter passado. Eu assisti o sol se por, suas cores âmbar se derretendo no horizonte. Estava muito quieto aqui. Só eu e Rich, com sua respiração irregular, o único som que eu podia ouvir. A cada hora que passava eu alternava entre olhar para a tela de vídeo e verificar os sinais vitais de Rich. Quando as estrelas apareceram no céu, ele estava estável e eu cada vez mais ansiosa. Quanto mais tempo eles iam demorar? Eu queria pegar o walkie-talkie e gritar. E então Asher voltaria. Nós iríamos embora, para um lugar seguro longe daqui. Um lugar sem armas e Moto Clubes. Sim, claro. As horas pareciam se estender impossivelmente. Cada vez que eu olhava para o relógio, apenas alguns minutos tinham se passado, mas para mim ainda parecia uma eternidade. Minha cabeça começou a pesar, caindo para o meu peito. Cai no sono sem sequer perceber. Acordei com o som de vozes masculinas. Eles subiram as escadas, suas botas pesadas anunciando sua chegada. Demorou um pouco antes da minha mente acordar totalmente. Os caras estavam de volta. E se eles estavam de volta, isso significava que Asher... Assim que eu o vi, eu pulei. Eu corri, me jogando no seu peito. O impacto foi tão forte que doeu, mas eu estava feliz demais por tocá-lo e saber que ele estava vivo. Asher me pegou, me balançando em um círculo. Seu abraço era firme, me apertando. Eu senti alívio, rodeada pelos seus braços fortes. "Lilly". Foi só quando ele me colocou no chão que eu percebi o estado em que ele estava. Asher estava sujo, mas eu esperava isso. O que eu não esperava era o que pareciam ser marcas de faca em suas coxas. Seu corpo estava machucado e surrado, como se ele tivesse voltado de uma boa briga. Pelo menos não havia feridas de armas. Quando ele percebeu o meu olhar, Asher me deu um meio sorriso triste. "Você queria saber o que fazemos", disse ele. "É isso."
CAPÍTULO QUATORZE Eu devia ter dormido nos braços de Asher. Quase não havia espaço na pequena cama dobrável, mas demos um jeito de nos apertarmos juntos. Ele caiu no sono quase que no mesmo momento em que sua cabeça tocou o travesseiro, como uma criança. Mas isso não funcionou para mim. Cada sombra parecia esconder uma ameaça. Eu dava pulos com cada rangido das tábuas do assoalho, e cenas da perseguição de motoqueiros se repetiam por trás das minhas pálpebras. Na manhã seguinte, eu estava exausta. Eu estava prestes a entrar em colapso, mas tão tensa que eu não conseguia dormir. Era terrível. Eu só queria descansar. Asher acordou com um sorriso no rosto. Ele bocejou e me puxou para mais perto dele. "Olhe só quem acordou cedo esta manhã." ele disse. Ele colocou a mão na minha cabeça, acariciando meus cabelos. Mesmo com o corte em sua bochecha, ele parecia feliz por estar acordado. "Me leve para casa", eu disse. O sorriso sumiu do rosto de Asher. "Eu não posso", disse ele. "Os Tarantulas acham que você é a minha old lady. Eles viriam atrás de você." "Sua old lady?" "Bem", ele hesitou. "Quase como minha esposa." "Oh." Corei, torcendo para que ninguém visse. Sua esposa? Eu nem sabia direito quem eu era para Asher. Qual era a nossa relação exatamente? Um casal? Um motoqueiro e uma garota curiosa demais para o seu próprio bem? Asher se levantou e colocou suas roupas. Todos os Dark Riders que podiam, comeram algumas barras de cereais energéticas no café e saíram com suas motos. Deposi que todo mundo se foi, o espaço aberto parecia enorme. Era só eu e os motoqueiros que estavam muito feridos para dirigir. Eu tentei ser útil. Ataduras precisavam ser trocadas. Sinais vitais precisavam ser monitorados. Eu fiz tudo o que podia para me manter ocupada e evitar que minha mente divagasse. Nos momentos de silêncio, imagens obscuras passavam pela minha mente. Eu vi Asher caído na beira da estrada, sua moto em chamas e seu corpo quebrado. Eu vi a casa da minha mãe cercada por Tarantulas
procurando por mim e a ameaçando para que me entregasse. Era difícil não pensar que as minhas preocupações não estavam muito longe de se tornar realidade. Apenas alguns dias atrás, eu estava na faculdade estudando para me tornar uma enfermeira. E então eu fui sequestrada por motoqueiros, reencontrei Asher, e fiquei no meio de um tiroteio. Passei a mão no rosto. Como a minha vida tinha se transformado em um drama de um dia para o outro? Quando os Dark Riders voltaram, foi a mesma cena que na noite anterior. Sangue, cortes e contusões. Eu já não tinha mais panos limpos, então tudo o que podia fazer era lavar as feridas. Asher me puxou de lado quando eu tinha terminado. "Lilly..." Ele olhou ao redor, lembrando-se de que estávamos em um quarto cheio dos seus irmãos. Não havia privacidade ali. Então ele pegou minha mão e me arrastou escada abaixo. A loja de brinquedos parecia estranha no meio da noite. As pequenas bonecas cor-de-rosa não eram tão alegres sem luzes fluorescentes brilhando sobre elas. Sem música ou crianças, este lugar parecia sombrio. Asher me trouxe até um espaço pequeno. Parecia que tinha sido uma sala de descanso dos empregados em algum momento, apenas grande o suficiente para ter uma pia e uma cafeteira. Nós nos apertamos no aposento. "Eu estive pensando sobre nossas mães", disse Asher. "Ela provavelmente estaria me mandando ir para casa agora. Antes de morrer, minha mãe me dizia para tomar jeito, sabe? Ela queria que eu me esforçasse mais", Asher fez uma pausa e riu. "Até ela pensava que eu era um delinquente. Mas quando ela se foi, ninguém mais se importava. Eu pedi ajuda, mas ninguém me dava atenção. Eles apenas se lembravam de mim como o bagunceiro. Algumas noites eu ficava com tanta que eu ia até restaurantes só para ficar lá fora, sentindo o cheiro da comida", disse ele. "Isso não é engraçado?" Eu balancei a cabeça, passando a mão no seu rosto. Em algum lugar sob toda aquela barba por fazer e inúmeros músculos, eu vi Asher amolecendo. Seus olhos brilhavam com a umidade. "Asher, me desculpe, eu não sabia disso naquela época. Nós teríamos trazido você para ca-..." "Não, eu sei que seu pai teria me deixado morrer de fome, Lilly", disse Asher. A dureza retornou à sua postura por um momento. "Mas a sua mãe,
quando ela voltou para a cidade, ela veio ver se eu estava bem. Provavelmente queria ver se eu estava me metendo em mais problemas. É claro que eu estava." Ele deu um leve sorriso triste. "E então, quando ela ficou doente, eu tive que cuidar dela. Comprei seus mantimentos e outras coisas. Só isso." Asher fez uma pausa. Ele olhou para longe de mim e mexeu nos bolsos. Eu queria dizer algo, mas eu não tinha as palavras. Eu sabia que ele tinha feito muito mais do que apenas comprar seus mantimentos. 'Obrigada' parecia muito pouco para eu dizer agora. "De qualquer forma, não é por isso que eu trouxe você aqui", continuou Asher. Ele tirou algo do bolso. Asher pegou minha mão e colocou algo no meu dedo. Um anel. Meu coração acelerou no meu peito. Não podia ser. Não aqui, não agora! Ainda assim, algo dentro de mim esperava que o que eu estava pensando fosse real. "É claro que não cabe!" Asher riu. Ele tentou colocá-lo em dedo após dedo, até que o anel finalmente escorregou para o meu dedo mindinho. A pequena faixa dourada brilhou à luz fraca. Ela tinha duas mãos segurando um coração coroado em suas palmas. "Eu ia te dar isso naquela época", disse Asher. "Bem, queria te dar um daqueles pirulitos com açúcar explosivo primeiro, mas eu achei que isso fosse melhor. Eu queria que você se lembrasse de como eu me sentia." Olhei para o anel, trazendo a minha mão mais perto do meu rosto. Imaginei Asher fazendo bicos aqui e ali só para conseguir pagar por esta coisinha. Esse era o tipo de coisa que jovens loucos faziam. Mas será que isso significava alguma coisa agora? "Obrigada", eu disse. "É lindo." O olhar que ele me deu queimava. Os olhos de Asher me diziam que havia algo mais a ser dito, mas seus lábios estavam fechados hermeticamente. "Você não tem que usar, se não quiser", disse ele. "Era seu, então eu pensei em dá-lo para você." Asher saiu andando antes que eu tivesse tempo de dizer qualquer outra coisa. Ele me deixou sozinha no pequeno espaço, suas palavras pairando no ar. Quando eu subi as escadas, Asher agiu como se nada tivesse acontecido. Ele riu com os outros motoqueiros, nem mesmo olhando na minha direção.
Eu torci o anel no meu dedo, e meu coração doeu.
CAPÍTULO QUINZE No dia seguinte, o mesmo ciclo recomeçou. Os caras saíram, armas na mão e prontos para lutar. Eu tendia os feridos e tentava não deixar os sentimentos no meu coração me atrapalharem. Foi difícil, porque a cada momento o anel no meu dedo mindinho me lembrava de tudo. Ele pesava na minha mão, e parecia tilintar contra tudo o que eu tocava. Mas era apenas o presente de um menino do ensino fundamental, certo? Isso era tudo. Ao meio-dia, eu mordisquei uma barra de cereais também. Não havia mais nada a ser feito, então eu simplesmente esperei a noite cair. Depois os motoqueiros voltariam, dormiríamos e amanhã começaria tudo de novo. Por quanto tempo eu ficaria presa aqui? Um barulho me acordou do meu tédio. No início, eu achava que eu estava imaginando coisas, mas, em seguida, o barulho ficou mais alto. Ouvi gritos no prédio. Merda. Será que os Tarantulas nos encontraram? Eu corri para trás de um grande recipiente de armazenamento, tentando me esconder. Quando o ruído chegou mais perto, todos os músculos do meu corpo ficaram tensos. Eu estava pronta para sair correndo. "Asher! Eu te devo uma cerveja!" Mav? Os Dark Riders subiam as escadas. Eles pareciam estar tão sujos e machucados como sempre, mas desta vez estavam sorrindo. "Vamos dar o fora daqui", disse Mav. "Estou cansado de comer essas barras o dia todo." Nós íamos embora? "Lilly?" Asher gritou. Eu saí de trás da unidade de armazenamento, o meu rosto queimando. Eu não podia acreditar que achei que eles eram os Tarantulas. "Hum, o que você estava fazendo aí?" "Oh, nada! Só organizar umas coisas.., você sabe..." Minha voz sumiu e eu empurrei uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Eu nem sei por que eu estava envergonhada. Todo mundo estava muito animado para prestar atenção em mim. Eles pegaram seus pertences e desceram as escadas. Os Dark Riders estavam com pressa para sair.
Mav deu um tapa no ombro de Asher. "Vejo você lá fora, Wild." Ele sorriu e foi atrás dos outros. Nós ficamos sozinhos, o armazém uma bagunça desordenada. "O que está acontecendo?" Eu perguntei. "Acabou", disse Asher. Ele foi atrás de mim e circulou seus braços em volta do meu corpo. "Está tudo acabado. Demos um jeito nos Tarantulas e você está segura." O corpo de Asher estava apertado contra o meu. Seu suor pingou sobre minha pele, cobrindo-me com o seu cheiro. Era estranho, mas eu não me importava. Era bom demais senti-lo pressionado contra mim assim. Seus braços passaram por baixo dos meus seios, apertando-os contra o meu peito. Asher abaixou a cabeça, aninhado seu rosto na dobra do meu pescoço. Eu o queria tanto que eu mal podia respirar. "Então isso significa que eu posso ir para casa?" Perguntei. A virilha de Asher se empurrou contra a minha bunda. Mesmo através de seu jeans, eu podia senti-lo. Sua dureza me cutucou e ele me deu pequenos beijos lentos no pescoço. "Se você quiser", disse ele. Sua respiração era quente e fazia cócegas na minha pele. Quando Asher pegou minha orelha na boca, um fluxo de calor tomou conta do meu corpo. Foi do meu pescoço até o local entre as minhas pernas. O que eu queria? "Lilly", Asher começou, "Eu não podia dizer nada antes de tudo isso acabar, mas..." Suas palavras pararam. Asher inclinou a cabeça para o lado e respirou fundo. Ele cheirou o ar. Uma lufada de ar estranho soprou através do armazém. E em seguida, houve uma explosão. O chão tremeu. Não era preciso dizer nada, nós dois sabíamos o que estava acontecendo. A loja de brinquedos estava em chamas. O fogo começou a subir pelas paredes antes que pudéssemos dar sequer um passo. A fumaça se enrolava em torno de nós, sufocando nossos pulmões e cegando nossos olhos. Minha mente estava uma bagunça. O que devíamos fazer? Parar, cair no chão e rolar. Não era isso o que eles nos ensinaram na escola? "Lily!" Asher gritou. Ele me agarrou e me pegou no colo, me carregando através da loja de brinquedos em chamas. O fogo era ainda pior no andar de baixo, onde
brinquedos infantis derretiam em pilhas gigantes de plástico. A fumaça era nocivo, e queimava a minha garganta. Corremos em direção à saída, mas estava bloqueada. Uma parede de fogo estava no nosso caminho, como se tivesse sido posta lá deliberadamente. Sabe, quando alguém faz algo que você nunca esperava deles, o tempo parece parar. Eu vi Asher colocando sua jaqueta de couro em torno de mim em câmera lenta. Ele curvou o corpo ao redor do meu e deu alguns passos para trás. Por alguns segundos, tudo o que eu podia ver eram Asher e o fogo. Quando ele saltou, estávamos cercados. Tudo estava incrivelmente quente. De alguma forma, o tempo parou e vi línguas de fogo lambendo o corpo de Asher. E então estávamos lá fora. O ar frio bateu na nossa pele e o tempo acelerou novamente. Nós caímos para fora da loja de brinquedos e no concreto. Ele tinha mesm acabado de saltar através de uma parede de fogo? Por mim? "Asher!" Virei-me e segurei seu rosto nas minhas mãos, procurando queimaduras. Ele sorriu. "Não se preocupe. Não foi nada", disse ele. Nós não tivemos muito tempo para um momento romântico. Assim que os outros motoqueiros viram que ele estava seguro, caíram matando sobre ele. "A culpa é sua!" Joel gritou. Ele veio até Asher, seus passos pesados. "Se não fosse pela sua obsessão com essa cadela, nada disto teria acontecido! Nós nunca teríamos vinda para cá e a loja de brinquedos não estaria queimando no chão!" Isso foi tudo o que bastou para os outros começarem a gritar também. "Sim", berrou outro cara. "Você sabe o que deve acontecer para ela se tornar uma verdadeira old lady." Alguém me agarrou. Braços peludos me seguraram enquanto lábios com mau hálito e cheiro de cerveja velha invadiam a minha boca. Meus gritos foram abafados pelo beijo nojento. "Ela é minha!" Eu estava apenas meio ciente do grito de Asher. Seu primeiro soco foi na testa do cara. Ele caiu aos meus pés, sua cabeça sangrando. O próximo soco não era de Asher, mas de Joel. Ele se jogou, tentando acertar Asher no estômago, mas ele se esquivou do golpe. Só que logo havia
tanta gente se aglomerando em torno dele que era impossível evitá-los todos. Foi quando eu ouvi o tiro. O som era mais alto do que qualquer outra coisa, ecoando através do ar. Toda a luta parou. Ninguém sabia quem tinha atirado. Então eu o vi. Asher caindo no chão. E foi quando tudo ficou escuro.
CONTINUA