Texto do Projeto Aglomere

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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA/FEA

RAFAEL MIRANDA BARBOSA

www.projetoasas.org/aglomere Plataforma de Gest達o Online

Belo Horizonte 2011 RAFAEL MIRANDA BARBOSA


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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA/FEA

RAFAEL MIRANDA BARBOSA

www.projetoasas.org/aglomere Plataforma de Gestão Online

Texto de projeto para Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade FUMEC como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel Design Gráfico. Orientadores de Pesquisa: Profª. Juliana Pontes Ribeiro e Profº Breno Pessoa. Orientador de Texto Acadêmico: Profº. Ricardo Antônio Moreira dos Santos. Área de Concentração: Design de Interação

Belo Horizonte UNIVERSIDADE FUMEC 2011


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RESUMO Esse projeto visa a criação de uma plataforma virtual, que tem por objetivo viabilizar a interação entre os gestores do Programa ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra, iniciativa extensionista da Universidade Fumec formada por 8 projetos de pesquisa e extensão em andamento.

PALAVRAS CHAVE: interatividade tecno-social, virtualização, desenvolvimento social.


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LISTA DE SIGLAS ASAS: Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra. BELOTUR: Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte. CRIArt: Comunidade Reivindicando Interagindo com Arte. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. ONG’s: Organizações Não-Governamentais. ONU: União das Nações Unidas. OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. PLANBEL: Planejamento da Região de Belo Horizonte. PRODECOM: Programa de Desenvolvimento de Comunidades URBEL: Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte. UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais UN-HABITAT: United Nations Human Settlements Programme.


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SUMÁRIO

1.

TEMA .................................................................................................................................. 6 1.1

RECORTE TEMÁTICO ........................................................................................................................ 11

2.

JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 16

3.

PROBLEMA DE DESIGN ............................................................................................... 19

4.

OBJETIVOS ...................................................................................................................... 20 4.1 OBJETIVO DE DESIGN ........................................................................................................................... 20 4.2 OBJETIVO MERCADOLÓGICO ............................................................................................................. 20 4.3 OBJETIVO SOCIOCULTURAL ............................................................................................................... 21

5.

CONCEITO ....................................................................................................................... 21

6.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 22

7.

FUNDAMENTAÇÃO METODÓLOGICA ..................................................................... 31 7.1 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................................... 31 7.2 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO ................................................................................................................... 32 7.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO ................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS: ...................................................................................................................... 41


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1. TEMA A Favela da Serra, ou Aglomerado da Serra, é uma das maiores favelas do Brasil em ocupação territorial e considerada a segunda maior em número de habitantes² perdendo apenas para a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Está situado na região centro-sul de Belo Horizonte, e se divide em oito vilas: vila Nossa Senhora da Conceição, vila Marçola, vila Santana do Cafezal, vila Novo São Lucas, vila Nossa Senhora de Fátima, vila Fazendinha, vila Nossa Senhora do Rosário e vila Nossa Senhora Aparecida. É o maior complexo de habitações informais da capital mineira e ainda são divergentes as informações acerca da quantidade de habitantes que nele residem. Segundo Regina Helena Alves da Silva, historiadora e socióloga, os dados sobre a população desse aglomerado são bastante discrepantes: “(...) segundo a URBEL a população total do Aglomerado é de 37.641 habitantes; o Distrito Sanitário Centro-Sul trabalha com o total de 38.025 hab.; a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social estima a população do local em 45.920 hab.; a imprensa, como o jornal Folha de São Paulo, o Estado de Minas e também a Rádio Favela sempre apontam uma população de 160.000 habitantes”. A origem histórica do nome “favela” no Brasil está no fenômeno conhecido por Guerra de Canudos. Entre 1896 e 1897, milhares de sertanejos com dificuldades de sobreviver em uma região região historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico, hoje definida como Nordeste do Brasil, criam a Cidadela de Canudos, no interior da Bahia. Posteriormente, milhares de ex-escravos também partiram para Canudos, a cidadela era liderada pelo peregrino Antônio Conselheiro. A maioria dos moradores da cidadela eram unidos na crença de uma salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social. O local em que a Cidadela foi construído, era recoberto por uma região montanhosa e bem seca, ele recebeu o nome Morro da Favela, assim batizado em virtude de uma planta espinhenta e extremamente resistente, típica da caatinga. O grande número de seguidores de Antônio Conselheiro, além dos vários rumores de que a população daquela região estava se armando para atacar cidades vizinhas, fez com que o Exército fosse enviado pelo governo da época para atacar a comunidade. Após três conflitos e vários rumores alarmantes que apavoraram a população da época, o exército ganhou apoio popular das cidades vizinhas, o que culminou a destruição total do arraial, dando legitimidade ao massacre de cerca de vinte mil sertanejos. Estima-se também que cinco mil militares tenham morrido.


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Figura 01- Planta popularmente conhecida como “Favela”. Fonte: http://teatroficina.uol.com.br/posts/203 (Acessado em 10 de março de 2011)

Após a Guerra de Canudos, alguns militares que voltaram à cidade do Rio de Janeiro deixaram de receber o soldo, o que causou uma forte mobilização contra o Exército. Sem condições financeiras, eles se instalaram no Morro da Providência, em casas improvisadas feitas em madeira sem infraestrutura adequada. Este local passou a ser chamado de "favela" pelos militares, relembrando as péssimas condições que encontraram em Canudos. O início das formações de favelas, mais especificamente no Rio de Janeiro, está ligado também ao término do período escravagista no final do século XIX. Sem posse de terras e sem opções de trabalho no campo, grande parte dos escravos libertos deslocam-se para o Rio de Janeiro, então capital federal, que já possuía uma significativa quantidade de ex-escravos mesmo antes da promulgação da Lei Áurea, em 1888. O grande contingente de ex-escravos em busca de moradia e ainda sem acesso à terra, provocou a ocupação informal em locais desvalorizados, de difícil acesso e sem infraestrutura urbana. As reformas urbanas promovidas pelo então prefeito da cidade Pereira Passos entre 1902 e 1906, período conhecido como "bota-abaixo", destruíram cerca de 1.600 velhos prédios residenciais, a maioria composta de habitações coletivas insalubres (cortiços) que existiam nas áreas centrais do Rio de Janeiro. Estas pessoas são expulsas para o subúrbio da cidade que, no caso, consiste basicamente de morros; o que também contribuiu para o aspecto atual das favelas. A partir da década de 20, as habitações de barracos que se erguiam sobre os morros do Rio de Janeiro passarem a ser designadas favelas. A respeito das causas para o surgimento deste tipo de moradia nas grandes metrópoles, João Bosco Moura Tonucci Filho e Jorge Luís Teixeira Ávila, ambos assistentes


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de pesquisa do CEDEPLAR/FACE/UFMG e graduandos em Ciências Econômicas da UFMG, afirmam, no artigo Urbanização da Pobreza e Regulamentação das Favelas em Belo Horizonte: “(...) podem-se identificar alguns fatores que explicam a existência de assentamentos irregulares e informais nos mais variados contextos macrosociais e nacionais do mundo subdesenvolvido, inclusive no Brasil. Trata-se de certas forças econômicas, sociais e espaciais, comuns à maioria dos países periféricos e capitalistas, que produzem e moldam as favelas, diferenciado-as do resto da cidade, a partir de uma combinação perversa entre pobreza urbana e inadequação no sistema de provisão de moradias.” (TONUCCI e ÁVILA, 2010, p.04)

Figura 02 – Causas do processo de favelização. Fluxograma criado Tonucci (2007), com base nos levantamentos da UN-HABITAT (2003). Na perspectiva da dimensão socioeconômica, a compreensão do surgimento de favelas é bastante simples. Ela se dá na combinação entre alta desigualdade na distribuição da renda e da riqueza, altas taxas de desemprego, êxodo rural e imigração superiores àcriação de empregos. Essas são características estruturais típicas de economias e sociedades subdesenvolvidas, dependentes e marcadas por contradições sociais. Já do ponto de vista da dimensão só cio-espacial, Tonucci afirma: “a interação entre uma ordem jurídica anacrônica e exclusivista, protetora incondicional da propriedade privada e do patrimonialismo, uma regulação urbanística elitista e excessiva que exige padrões inviáveis para a maior parte das


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habitações populares e o alto grau de concentração fundiária urbana resultam em um elevado preço da terra urbanizada” (TONUCCI, 2007).

A combinação socialmente perversa destes fatores é o que resultou na de favelização de Belo Horizonte. Este processo iniciou-se junto com a criação da própria cidade. Maurício Libânio, sociólogo, ex-funcionário da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, afirma: “Os operários que não foram contemplados com lotes, como foram os funcionários públicos e comerciantes, se organizavam no novo espaço, sempre com aquele sentimento provisório de moradia”. Segundo o sociólogo, as moradias informais nasceram já durante a construção dos primeiros edifícios da capital mineira. Algumas favelas antigas de Belo Horizonte, segundo Libânio, cederam lugar a obras públicas que hoje são marcos na paisagem urbana da cidade, como o Edifício JK e a própria Av. Afonso Pena. Às margens do Rio Arrudas também havia ocupações de famílias que deixaram o local para a construção da Via Expressa. Entre as favelas mais antigas na capital, o sociólogo cita o Aglomerado da Serra, que era uma reserva da Prefeitura de Belo Horizonte planejada para ser asfaltada mas acabou sendo destinada ao assentamento informal das famílias que ali trabalhavam, no início dos anos 60.Entre outros conjuntos habitacionais deste tipo que surgiram durante o processo de planejamento da cidade estão o Aglomerado Santa Lúcia, conhecido também como Morro do Papagaio, as favelas Cabana e Vista Alegre e o Morro das Pedras. Todos esses locais foram ocupados ilegalmente e não tinham estrutura básica para assentar os moradores. Segundo Libânio, mesmo sendo uma ação de risco para a população civil, esses processos ocorreram com o consentimento e a tolerância do poder público, “já que não haviam moradias acessíveis para estas pessoas”. Neste projeto, considera-se que o Aglomerado da Serra é uma favela, sendo que este termo será usado de acordo com as definições da UN-HABITAT (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos), agência inaugurada pela ONU em 2001 e que atribuiu, em outubro de 2002 no escritório oficial das Nações Unidas em Nairóbi, o seguinte significado à palavra: “uma área degradada de uma determinada cidade caracterizada por moradias precárias, falta de infraestrutura e sem regularização fundiária”. Nesta definição aplicam-se não somente os termos conhecidos no Brasil, mas também os que definem territórios informais com características semelhantes em outros países, tais como: slum, shanty-town e guetho. Sobre a situação atual de favelas ao redor do mundo, em 2003, o UN-HABITAT publicou um relatório intitulado The Challenge of Slums: Global Report on Human Settlements. Este documento apresentou um balanço geral da situação das favelas em todo o mundo. A partir do conceito de moradias informais estabelecido em 2002, revelou-se o surpreendente número de quase um bilhão de favelados em todo o mundo na primeira década do novo milênio, um terço da população urbana mundial e um sexto da população global. O


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relatório também examinou os diversos fatores envolvidos na formação de favelas e assentamentos informais, além de analisar as dinâmicas e estruturas sociais, econômicas e espaciais destes espaços. As estimativas são de que, nos próximos 30 anos, o número da população residente em favelas em todo o mundo deverá aumentar para 2 bilhões se algumas medidas não forem tomadas tanto para a redução da pobreza quanto para o provimento de habitação em massa. Outra importante conclusão levantada pelo documento foi que a maioria dos moradores de favelas trabalha no setor informal (tanto dentro quanto fora das favelas), mas os bens produzidos e serviços prestados por essas pessoas são fundamentais para o setor formal das economias urbanas e para o conforto e bem-estar das outras classes. Contudo, faz-se necessário citar também algumas avaliações mais abrangentes do termo em questão, pois a definição da UN-HABITAT é pautada por dados operacionais, que pouco explicitam as dimensões sociais intrínsecas a este tipo de território. Neste sentido, apresenta-se a seguinte citação de Um Século de Favela, da professora e antropóloga Alba Zaluar e do historiador e antropólogo Marcos Alvito: Não faz tanto tempo assim, em pleno regime militar, dizia-se que a favela era “um complexo coesivo, extremamente forte em todos os níveis: família, associação voluntária e vizinhança” (Boschi, 1970). Aprofundando o pensamento desse autor, Perlman (1976:136) chega a afirmar que os favelados, além de estarem dotados de forte sentimento de otimismo, teriam uma “vida (...) rica de experiências associativas, imbuídas de amizade e espírito cooperativo e relativamente livre de crimes e violência” (ZALUAR e ALVITO, 2008, p.15)

Zaluar e Alvito dissertam nesta obra a respeito das idiossincrasias presentes na favela brasileira e fazem um levantamento peculiaridades sociais dos habitantes deste tipo de ambiente. Uma das importantes observações contidas em “Um Século de Favela” é o fato de que o habitante dos chamados territórios informais, ou o favelado, são criativos por necessidade. O professor da Universidade de São Paulo, Milton Santos, geógrafo considerado revolucionário em sua área de atuação e vencedor do Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud em 1993, tinha como uma de suas convicções que os pobres, por conhecerem a “experiência da escassez”, têm de ser necessariamente criativos para sobreviver. Por esse raciocínio, Santos via nos excluídos os legítimos portadores da “visão do real e do futuro”, pois sentem cotidianamente na pele as mazelas da globalização e do neoliberalismo. Outra importante questão a ser levantada, é sobre a interpretação dos moradores da cidade informal e da cidade formal sobre o território da favela, ressalta-se de que há um imaginário popular nas classes C, B e A, que sofre uma certa influência midiática, de que os favelados querem habitar territórios formais, com acesso a infraestruturas de moradia melhores. Entretanto, uma pesquisa da professora Zaluar, financiada pelo CNPq e pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, e publicada no jornal O Globo de 21 de agosto de 2007, na página 16, coluna do Ancelmo Gois, afirma que apenas 15% dos moradores das


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favelas cariocas gostariam de deixar o local onde moram. Essa pesquisa reforça os laços afetivos que os moradores de territórios informais possuem com o espaço onde habitam.

Figura 03 – Favela Pavão-Pavãozinho e prédios de Copacabana. Foto: Ivo Gonzalez Fonte: http://banco.agenciaoglobo.com.br/Pages/DetalheDaImagem/?idimagem=22501 (acessado em 29 março de 2011)

As favelas do Rio de Janeiro tem notoriedade mundial, em parte porque algumas delas se encontram em morros dentro de áreas nobres da cidade na zona sul contrastando com habitações de luxo. Essa proximidade territorial resulta em cenários característicos do Rio de Janeiro, e é a prova de que o abismo econômico-social entre a cidade formal e a cidade informal não é uma questão simplesmente geográfica.

1.1 RECORTE TEMÁTICO Um levantamento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o Plano Global do Aglomerado da Serra. Levantamento de dados realizado pela URBEL, documentou a ocorrência de 98 projetos sociais atuantes no Aglomerado. Entre esses projetos são realizados por grupos artístico-culturais, ONGs, OSCIPs, iniciativas acadêmicas e privadas.

Sobre estes projetos,

algumas organizações se destacam por efetivar uma extensa série de iniciativas no Aglomerado, são elas: a OSCIP Fundo Cristão para Crianças, o Programa Controle de Homicídios do Governo Estadual de Minas Gerais Fica Vivo, ações extensionistas, o Programa Pólos de Cidadania da UFMG e as instituições, pastorais, comunidades e associações da Arquidiocese de Belo Horizonte.


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Compreende-se que estas ações tem em comum serem iniciativas individuais ou coletivas que visam proporcionar a melhoria da qualidade de vida de pessoas e comunidades. Além disso, percebe-se que esses empreendimentos levam em consideração a necessidade de

serem considerados sustentáveis. Para isso, respeitam-se 4 princípios: ser ecologicamente correto, economicamente viável, culturalmente diverso e, principalmente, socialmente justo. Grande parte da sociedade considera que o projeto social nasce do desejo de uma ou varias pessoas de mudar a realidade em que vive a partir de um sentimento de solidariedade, muitas vezes compreendido como filantropia. Entendo desse modo, esse tipo de ação se dá como uma atividade paralela à profissão das pessoas, não sendo uma atividade lucrativa ou que se sustente sozinha. Em sua maioria, as organizações do terceiro setor desenvolvem projetos para reduzir a pobreza e a desigualdade e preservar o meio-ambiente, mas, por não terem finalidade de lucro, sua sustentabilidade financeira depende de doações, o que restringe seu escopo de atuação e o resultado de suas ações. Porém, nos ultimos anos, percebe-se o surgimento de iniciativas economicamente rentáveis que, por meio da sua atividade principal, o chamado core business1, buscam soluções para problemas sociais, utilizando mecanismos de mercado. Estes empreendimentos integram a lógica dos diferentes setores e oferecem produtos e serviços de qualidade a uma população excluída do mercado tradicional, ajudando a combater a pobreza e diminuir a desigualdade socioeconômica. Neste sentido, surge uma nova denominação para o empreendedorismo social sustentável e lucrativo, é o chamado setor 2.5. Empresas e centros acadêmicos especializados na formação de profissionais que trrabalhem neste campo estão surgindo com velocidade nos ultimos anos, é o caso da Artemísia – Negócios Sociais e do Instituto Ashoka.

Entende-se que esta grande quantidade de projetos se dá por conta do número de moradores do Aglomerado (cerca de 46 mil segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social) e de suas potencialidades artísticas e aspectos únicos encontrados no território que habitam. Também percebe-se na Favela da Serra a formação de um movimento artísticocultural protagonizado por grupos e artistas de diferentes formações e estilos. Em levantamento apresentado por Libânio (2004), constam 59 grupos e artistas presentes nas comunidades que compõem o Aglomerado. São grupos de danças de diferentes estilos (dança de salão, afrobrasileira, pop, forró, dança de rua, axé etc.), de rap, de pagode, entre outros. Os artistas são

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inglês que significa a parte central de um negócio ou de uma área de negócios, e que é geralmente definido em


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grafiteiros, cantores, artesãos etc. Atualmente, pelo levantamento realizado pelo CRIArt2, esse número ultrapassa 70 grupos e artistas. Esta informação é relevante neste projeto, uma vez que muitos deles são formados, financiados e/ou apoiados por projetos realizados por profissionais que se enquadram como público da plataforma apresentada neste projeto.

Concluiu-se, a partir da pesquisa sobre estes projetos, da imersão no tema e da experiência vivenciada pelo aluno realizador desta proposta no Programa ASAS (Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra), iniciativa extensionista da Universidade FUMEC que tem características típicas de projetos sociais, que ao se integrarem em projetos deste tipo, os beneficiários re-significam os símbolos e as representações do território no qual estão inseridos, trazendo um pensamento diferenciado sobre o território da favela, fazendo-os perceber as idiossincrasias positivas que estão ao redor deles. Essa estratégia resulta em abordagens inovadoras sobre o Aglomerado da Serra, sob uma perspectiva diferente da que estamos acostumados a observar nos instrumentos midiáticos. ASAS (Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra) é uma iniciativa da Universidade Fumec que teve início em 2007 como um projeto de extensão isolado de capacitação em design e artesanato que, atualmente, se tornou uma atividade acadêmica integrada que agrega propostas no âmbito do ensino, pesquisa e extensão. Por meio da disciplina Design e Artesanato, criou-se um corpo de estudo que, aliado à experiência da extensão, culminou no desenvolvimento do ASAS_Pesquisa. A extensão, por sua vez, ampliou-se e se tornou uma proposta de consolidação de uma rede produtiva composta por três projetos em andamento: ASAS_Aglomeradas, ASAS_Modalaje (ambos coordenados pela professora Natacha Rena e pelo técnico Bruno Oliveira) e ASAS_Bambu (coordenado pelo professor Flávio Negrão). Estes projetos buscam elaborar processos produtivos complementares, visando constituir e fortalecer uma rede produtiva no Aglomerado da Serra. A capacitação é multicisciplinar e é elaborada com intuito de gerar renda por meio do desenvolvimento de produtos com alto valor agregado, que incorporem aspectos do design contemporâneo e do artesanato urbano. Todas as ações do ASAS são focadas no empoderamento técnico e criativo dos artesãos e pretendem estabelecer processos colaborativos e coletivos tanto de produção quanto de autogestão e, a partir destas diretrizes, também consolidar uma tecnologia social reaplicável. Faz parte também dos objetivos do ASAS, o empoderamento dos alunos, que participam ativamente de todo o processo desde a

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CRIArt (Comunidade Reivindicando e Interagindo com a Arte): Grupo de profissionais moradores do

Aglomerado da Serra composto por artistas com o objetivo de mobilização comunitária em torno da arte.


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sua concepção, passando pelo desenvolvimento e planejamento das atividades, até a realização das oficinas. Os atuais parceiros do projeto são: Programa Fica Vivo; BH cidadania; Escola Municipal Padre Guilherme Peters; Loja Grampo; Quina Galeria; Raiz da Terra; ACES; TASK. Outros professores da Universidade FUMEC estão envolvidos em atividades que complementam a capacitação em design, com capacitação em gestão e acompanhamento psicológico. No ano de 2010 a rede produtiva foi contemplada com Prêmio Santander Universidades na categoria Universidade Solidária e receberá apoio da equipe UNISOL a partir de 2011. "ASAS_aglomeradas": o projeto surgiu como extensão da Universidade FUMEC/FEA no ano de 2007 e desde os artesãos participam de oficinas de costura, estamparia, bordado, encadernação e fotografia pinhole. Atualmente o ASAS_Aglomeradas possui um grupo que já desenvolve diversos produtos como cadernos, bolsas, lenços, almofadas e toys, sendo todos inspirados no cotidiano da própria favela. O núcleo produtivo tem sede na Escola Municipal Padre Guilherme Peters, onde dispõe de uma oficina de estamparia para confecção dos produtos, montada com o apoio do 11º Concurso Banco Real Universidade Solidária (2008 e 2009). Em contrapartida, repassam os conhecimentos adquiridos às crianças estudantes da escola, em uma iniciativa do programa da prefeitura de Belo Horizonte, o Escola Aberta. O projeto que já possui dois catálogos indexados que documentam o processo de capacitação, também foi premiado em 2010 com o 1º lugar na categoria Ação Sócio-Ambiental do 2º prêmio Objeto Brasileiro. "ASAS_modalaje": Este projeto iniciou suas atividades em agosto de 2010 e é composto por um núcleo de costura e modelagem experimental. Conta com oficinas de corte e costura, bordado, desconstrução de roupas, modelagem experimental, reaproveitamento têxtil, moulage criativa, patchwork, planejamento e desenvolvimento de coleção. "ASAS_bambu": Este projeto iniciou suas atividades como extensão no Aglomerado da Serra em 2009 e é um desdobramento de um projeto desenvolvido anteriormente em uma parceria da FUMEC com a ASMARE durante o período compreendido entre os anos de 2005 e 2008. Os beneficiários são artesãos que já trabalham a matéria-prima bambu, na oficina chamada Serra de Bambu. O objetivo é trabalhar com este material em acessórios de moda e em peças para decoração com alto valor agregado. "ASAS_tecnologia social": Esta pesquisa (Desenvolvimento de Tecnologia Social para realização de projetos de capacitação em artesanato e design tendo o Projeto ASAS como estudo de caso) pretende estudar os procedimentos metodológicos utilizados no projeto de extensão ASAS, com intuito de desenvolver de forma sistemática uma série de diretrizes e procedimentos criativos colaborativos para serem disponibilizados e, assim, reaplicados em diversos projetos de capacitação em artesanato e design por quem interessar.


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O ASAS é um bom estudo de caso para geração de tecnologia social porque tem como objetivo a criação de produtos artesanais singulares, utilizando práticas criativas focadas na colaboração e na autonomia produtiva dos beneficiários gerando um forte empoderamento técnico e criativo na comunidade envolvida. "ASAS_Psicologia": Em 2011, a coordenadora do projeto, profª Carmem Cristina R. Scheffer propôs parceria com os cursos de Psicologia e Administração para minimizar as dificuldades enfrentadas e ampliar os benefícios do Programa ASAS à comunidade do Aglomerado da Serra. A parceria entre os cursos visa promover e consolidar as tecnologia sociais reaplicáveis de geração de renda para os beneficiários para que esses tenham condições de exercer a cidadania plena e tenham melhores condições de vida. O curso de psicologia tem como objetivo apresentar o Programa ASAS à rede de assistência social do Aglomerado da Serra e mobilizar a participação de jovens e adultos interessados em participar da capacitação promovida pelo ASAS_modalage, ASAS_aglomeradas e ASAS_bambu, bem como promover oficinas preparatórias com os beneficiários para que possam se inserir na capacitação, desenvolvendo habilidades de criação e produção, e quando necessária desenvolver oficinas temáticas e grupos operativos a partir das necessidades apresentadas pelos grupos. Visa-se ainda desenvolver atividades em grupo com jovens e adultos na comunidade do Aglomerado da Serra de forma a contribuir na promoção e consolidação de tecnologias sociais aplicáveis de geração de renda que possibilitem a construção da cidadania e a melhoria da qualidade de vida. Segundo Sawaia (1999) é preciso associar duas estratégias de enfrentamento diante da exclusão social, uma de ordem material e jurídica e outra de ordem afetiva e intersubjetiva, que possibilite compreender e apreciar o excluído e o discriminado na luta pela cidadania. A primeira responsabilidade é do poder público, e a segunda de cada um de nós. Unindo as duas, as políticas públicas se humanizam, capacitando-se pra responder as questões de ordem subjetivas e objetivas. Assim, o projeto de psicologia pretende colocar a felicidade como critério de definição da cidadania e do cuidado que devemos ter com cada sujeito. As atividades de intervenção desenvolvidas pela Psicologia, caracterizam-se como uma pesquisa-ação, que utilizará os seguintes instrumentos para investigação: entrevistas, observações, análise de documentos, registro diário das situações vivenciadas. A intervenção será realizada através da organização de oficinas, que segundo Lúcia Afonso trata-se de:


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"Um trabalho estruturado com grupos, independentemente do número de encontros, sendo focalizado em torno de uma questão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social. A elaboração que se busca na oficina não se restringe a uma reflexão racional, mas envolve os sujeitos de maneira integral, formas de pensar, sentir e agir". (AFONSO, 2000, pag. 9)

2. JUSTIFICATIVA Primeiramente, este projeto apresentado justifica-se pelo fato de poder ser compreendido como um agente potencializador das ações de objetivos político-sociais realizadas pelos projetos apresentados no recorte temático. Quando a plataforma “aglomere” viabiliza o compartilhamento e a reaplicação de tecnologias sociais diversas, entre diferentes projetos atuantes no Aglomerado da Serra que tem objetivos semelhantes, ela torna-se uma ferramenta útil para a contribuição de uma realidade social mais sustentável. Compreende-se aqui, um dos papéis mais importantes do designer gráfico: o de ser um agente facilitador, através da manipulação de interfaces gráficas, para uma sociedade mais igualitária e justa. Esses argumentos apoiam-se, em primeira instância, no manifesto Primeiro, o Mais Importante (First Things First), texto redigido por Ken Garland em 1964, importante designer inglês da época, e assinado por 21 designers gráficos, fotógrafos e estudantes, entre eles Germano Facetti, designer italiano responsável pelo projeto gráfico da Penguin Books. No manifesto, Garland ressalta a importância das habilidades do designer gráfico para a sociedade civil: Nós, abaixo assinados, somos designers gráficos, fotógrafos e estudantes criados num mundo no qual as técnicas e o aparato da publicidade nos foram persistentemente apresentados como os meios mais desejáveis, efetivos e lucrativos para o uso dos nossos talentos. (...)Junto a um número crescente de pessoas, alcançamos um ponto de saturação no qual o anúncio mais gritante não passa de mero ruído. Acreditamos que outras coisas são mais merecedoras da nossa habilidade e experiência: sinalização de ruas e edifícios, livros e periódicos, catálogos, manuais didáticos, fotografia industrial, suporte educativo, filmes, programas de destaque na televisão, publicações científicas e industriais, e todos os outros meios de comunicação nos quais promovemos uma maior consciência do mundo, a cultura, a educação e o comércio. (GARLAND apud, 1964, pag. 47)

Apesar deste texto ter sido redigido e publicado na década de 60, nota-se sua importância atual, uma vez que ainda há poucos designer gráficos engajados em causas político-sociais. Uma prova desta afirmativa é o fato de um novo manifesto, de conteúdo semelhante ao “First Thing First” original, ter sido publicado no ano de 2000. A atualização em 1999 do manifesto original de 64 foi realizada por sugestão do designer Tibor Talman pelos editores da revista Adbusters com a colaboração do jornalista Rick Poynor. Foi publicada quase simultaneamente nas mais importantes revistas de design da época, como a revista Émigré (EUA), a AIGA Journal of Graphic Design (EUA), a Eye Magazine, a


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Blueprint (Inglaterra) e a publicação Items (Holanda). Assim como o documento original, o manifesto atualizado contou com a assinatura de 22 profissionais renomados das áreas de comunicação visual, entre eles: Milton Glaser, Zuzana Licko, Ellen Lupton, Katherine McCoy e Erik Spiekermann. Relacionando o papel do designer como agente político-social e a área de concentração deste projeto, cita-se Bonsipe (1997): “O design é o domínio no qual se estrutura a interação entre o usuário e o produto para facilitar ações efetivas”. Assim, acreditase que métodos e técnicas de design aplicado às tecnologias atuais de interação são fundamentais para atingir os objetivos deste projeto. Diante deste fato, cita-se também Kerckhove (1997), que se ocupou em discutir a relação do Design, da tecnologia e da cultura, refletindo sobre as relações do Design no contexto da interação: Existem claramente mais questões no Design além de servir para conter e seduzir. Num sentido mais amplo, o Design desempenha um papel metafórico, traduzindo benefícios funcionais em modalidades cognitivas e sensoriais. O Design encontra a sua forma e seu lugar como uma espécie de som harmônico, um eco da tecnologia. O Design frequentemente faz o eco do caráter específico da tecnologia e corresponde ao seu impulso básico. Sendo a forma exterior visível ou texturizada dos artefatos culturais, o Design emerge como aquilo a que poderíamos chamar da pele da cultucultural deste tipo de parceria autoral;” (KERCKHOVE, 1997, p. 75).

Para o autor, o design afeta mais do que um sóobjeto ou linha de produtos, ele por traz àsuperfície o que poderíamos chamar os “harmônicos” da cultura. Cada tecnologia produz tons harmônicos no som, saber, cheiro, cor e forma. O design, por sua vez, éuma modulação da relação entre o corpo humano e o ambiente na medida em que ela émodificada pela tecnologia. Kerckhove dizia “A tecnologia vem do corpo humano e o design dá -lhe sentido”, única diferença séria entre corpo e mente, na opinião do autor, éque a mente é consciente. Em todos os outros aspectos, corpo e mente estão tão misturados que não faz sentido separá -los, sequer em teoria. A respeito da importância do design para a disseminação e manipulação da informação, apresenta-se outra citação de Derrick de Kerckhove “A realidade éuma forma de consenso apoiada pela boa vontade e pela linguagem das comunidades que a partilham e enquadrada na sua manutencã o pelo principal meio de comunicacã o usado por essa cultura. Na multicultura de massas globalizada, o trabalho artí stico encontra-se, de fato, mergulhado no contí nuo constituí do pela cultura popular dos mass media. No sistema nervoso do mundo, a arte funciona em pequenas doses para ter grandes efeitos. A arte nasce da tecnologia. Éo contrapeso que equilibra os efeitos disruptivos das novas tecnologias na cultura. A arte éa face metafó rica das mesmas tecnologias que ela pró pria usa e critica. Temos o exemplo da imprensa que foi inventada para representar e distribuir a informacã o, o teatro, os romances e a poesia, como també m a pintura perspectivista, a escultura e a arquitetura foram desenvolvidas como metá foras da condicã o humana (...).” (KERCKHOVE, 1997, p. 95).


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Acreditando que através do design é possível propor uma redefinição de sentidos, este projeto também justifica-se pela necessidade de apresentar o tema proposto sob as perspectivas inovadoras. Cada vez mais, nos meios culturais contemporâneos, principalmente nas áreas das artes plásticas, da música, do design gráfico e da moda, tem-se usado como referencial as culturas presentes em realidades periféricas dos grandes centros urbanos. Heloísa Buarque de Hollanda, faz a seguinte citação, na revista Carioquice Nº 1 (publicação virtual): “Na própria produção cultural mainstream a presença da periferia não como tema mas como uma nova competência cultural é visível. Cito rapidamente alguns casos, apenas à guisa de exemplo. No cinema, filmes como “Notícias de uma guerra particular” e “Cidade de Deus”, com a participação técnica e autoral das comunidades-tema são eloqüentes; nas artes plásticas, o trabalho “Roupa de Marca” realizado por Rosana Palazyan, em co-autoria com jovens internos da Escola João Luiz Alves, onde cumprem pena por tráfico e assalto à mão armada, comprova o rendimento cultural deste tipo de parceria autoral; na literatura, a obra de Waly Salomão mostrou um significativo influxo de retorno e intensidade de respostas no seu espaço criativo de troca e educação na favela de Vigário Geral; na moda, o desfile-espetáculo criado por Bia Lessa para a grife Blue Man, sincroniza “funkeiros e intelectuais e empolga a platéia do Fashion Rio, evento que transformou o MAM em point da cidade”. “(HOLLANDA, 2007)

Essa curiosidade frequente sobre a realidade local de favelas, comunidades de baixa renda e complexos suburbanos, bem como a exposição de suas idiossincrasias se faz necessária em ambientes nacionais e internacionais que somente noticiam, em sua maioria, aspectos polêmicas e/ou negativos destes tipos de comunidades. Novamente, acredita-se que este projeto, compreende-se como uma ação política e social, já que os projetos e programas que atuam no Aglomerado da Serra que serão inseridos na plataforma virtual proposta encontram-se no cenário sociocultural como agentes potencializadores da produção positiva do Aglomerado, contrariando as frequentes ações midiáticas que reforçam aspectos negativos do território da favela. A respeito da escolha da área de concentração, sabe-se que uma questão significativa da atualidade é a avalanche de novas tecnologias com as quais interagimos cotidianamente. As transformações tecnológicas e suas consequências sociais, éticas, culturais, educacionais, ambientais dentre outras, se processam velozmente, produzindo novas formas de interação que se apresentam nos meios digitais graças a suas possibilidades de interação e atualização. Diante deste fato, acredita-se que a utilização do meio virtual, tendo como base conceitos contemporâneos, para viabilização de uma plataforma que possibilite a interação entre profissionais de projetos sociais atuantes no Aglomerado da Serra, é uma escolha eficaz, já que este meio e as ferramentas compreendidas pelo design de interação possibilitam interações muito úteis a este público.


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Ressalta-se também que as ferramentas virtuais são facilitadores do acontecimento contemporâneo: “Inteligência Coletiva” (LEVY, 1996). Websites, redes sociais virtuais, sistemas de blogging e micro-blogging e etc. potencializam as lógicas coletivas, pois o usuário foge da hierarquia tradicional do mundo físico. Pierre Levy já afirmava, no início da década de 90: “No ciberespaço, (...), cada um é potencialmente emissor e receptor num espaço qualitativamente diferenciado, não fixo (...) e explorável” (LEVY, 1996, pág. 39). Os filósofos de comunicação Marshal McLuhen e André Leroi-Gourhan afirmavam, nas décadas de 50 e 60 que ferramentas e tecnologias são extensões do corpo. Pierre Levy, por sua vez, afirma que a “virtualização”, ou seja, a transposição de ações, objetos ou ideias de um meio para o outro, ou, nas palavras do próprio autor: “a passagem do atual para o virtual”, permite não somente a disseminação da informação, como também lhe atribuí novas funções. Essa teoria reafirma a justificativa pela escolha de um website para a realização da plataforma “aglomere”.

3. PROBLEMA DE DESIGN Compreender as relações entre a interface interativa com as formas particulares de interação e convivência no Aglomerado e explicitá-la de maneira efetiva, de acordo com os conceitos que serão apresentados a seguir, é o problema de design levantado por este projeto. Todo projeto interativo deve ser essencialmente funcional (KALBACH, 2009) e portanto sintético, claro e simples. Mas ressalta-se a importância da emoção no processo de simplificação. Para John Maeda, “A simplicidade pode ser um horror” (MAEDA, 2007, pag. 37). O autor faz essa afirmação ao apresentar o conceito de que: Mais emoção é Melhor que Menos. A simplicidade perde o valor se só concentrar-se na funcionalidade, é preciso considerar o contexto cultural do projeto. Assim sendo, acredita-se que somente através do uso de um referencial estético complexo, carregado de idiossincrasias do Aglomerado da Serra, é que a interface do website apresentará o projeto com excelência. Apresentar estas relações extremamente complexas, híbridas e labírinticas, bem como materializá-las em um projeto de design de interfaces, em que a estrutura precisa ser simplificada para otimizar a performance do usuário, será o primeiro desafio na execução da plataforma virtual “aglomere”. Para André Lemos, professor e pesquisador das áreas da arquitetura da informação, “interatividade é um caso específico de interação, em que a interatividade digital é compreendida como um tipo de relação tecno-social”, ou seja, é um diálogo entre homem e máquina através da interface. Lévy (1999:82) também faz uma importante colocação para este


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projeto: “a interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de comunicação do que uma característica simples e unívoca atribuível a um sistema específico”. No caso do projeto aglomere, o “trabalho de observação, de concepção e de avaliação” é o ato de compreende as lógicas relacionais de projetos sociais no Aglomerado da Serra, bem como transpor essas ações para uma interface digital, em aspectos não somente geográficos, mas também socioculturais. Este entendimento demanda uma compreensão sobre o território para além da noção espacial. Para tanto, é necessário pensarmos também em “territórios existenciais” (Guattari, 1995:38) como relacionados à maneiras de ser, ao corpo, ao meio ambiente, às etnias, às nações.

4. OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO DE DESIGN O aspecto inovador do projeto se dará na apresentação de interfaces que possibilitem a publicação de metodologias específicas dos projetos do público-alvo na plataforma virtual aglomere. A plataforma virtual tem o objetivo de propor um grau de interação que possibilite relações que vão além do mundo físico. Ressalta-se que este objetivo embasa-se nas noções de Pierre Levy sobre virtualização na obra O Que é o Virtual. Neste sentido, acredita-se que a virtualização das metodologias de projetos sociais atuantes na Favela da Serra, através de interfaces projetadas com objetivo de compartilhamento, traz a essas metodologias novos significados, desdobramentos e possibilidades.

4.2 OBJETIVO MERCADOLÓGICO Atender o público que trabalha em projetos de caráter social e ambiental nos preceitos da sustentabilidade, mais especificamente de capacitação, sensibilização e empoderamento técnico e/ou teórico no Aglomerado da Serra, com o objetivo de disponibilizar uma plataforma virtual que permite a produção e o compartilhamento de conteúdos variados. O público citado é composto por professores das áreas de arquitetura, design, psicologia, engenharia ambiental e administração e estudantes universitários de cursos que transitam pela áreas citadas. Uma vez que traz novas relações e apresenta os projetos envolvidos em uma plataforma acessada no meio digital, o projeto aglomere viabiliza também a formação de parcerias, apoios e possíveis patrocínios à estes projetos.


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4.3 OBJETIVO SOCIOCULTURAL Através do compartilhamento de metodologias, a plataforma aglomere trás importantes benefícios ao público atendido. Uma vez que diferentes projetos irão apresentar experiências diversas com objetivos semelhantes num território demarcado, essas ações podem trazer resultados proveitosos como a diminuição da evasão de beneficiários, as estratégias eficientes para geração de renda e as metodologias mais eficazes para capacitação e sensibilização. No momento em que os profissionais dos projetos precisam formalizar os métodos para serem aplicadas virtualmente, eles se responsabilizam publicamente por estes métodos, trazendo uma nova consciência sobre os projetos envolvidos.

5. CONCEITO Em sua interpretação mais simples, a “Desterritorialização” é apenas a saída dos domínios do “território”. Porém, interpretar esse processo como uma ação de complexidades sociais e culturais traz a tona uma série de significâncias abrangentes que serão utilizadas neste projeto. O conceito de “Território” e seus desdobramentos: “Desterritorialização” e “Reterritorialização” foram usados em quase toda a obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari, filósofos franceses contemporâneos pesquisados nas áreas da comunicação, artes, sociologia, arquitetura e psicanálise. Um encontro social, seja entre pessoas, grupos e/ou etnias e até a aglutinação num Estado-Nação inteiro, forma e desenvolve uma disposição espacial num determinado território. Neste sentido, ressalta-se que o território não é apenas geográfico, ele também denomina-se como “território identitário”. Segundo Octavio Ianni, sociólogo devotado à compreensão das diferenças sociais que utiliza Guattari como referência em sua obra: “(...) o sujeito do conhecimento não permanece no mesmo lugar, deixando que seu olhar flutue por muitos lugares, próximos e remotos, presentes e pretéritos, reais e imaginários”. (IANNI, 1996, p.169) O território do Aglomerado da Serra ocupado por profissionais que, em sua maioria, estão neste espaço com objetivos específicos de projetos sociais, é interpretado de formas específicas. Esse processo de compreensão do Aglomerado, por parte de pessoas que trazem consigo uma identidade de outros espaços, geralmente distantes geográfica, social e culturalmente da favela, bem como suas possíveis consequências, é uma desterritorialização.


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Este projeto compreende também, as noções de desterritorialização de Pierre Levy, na obra O Que é o Virtual de 1996. O autor afirma que a escrita é a "virtualização" da memória. O texto, como o compreendemos pura e simplesmente, é ferido pela manipulação do leitor, que o esmiúça, reparte, desconstrói. Além disso, o leitor também muda o seu sentido, a unidade do texto sede lugar a reconstrução do mesmo, uma vez que este não é alterado e sim interpretado. Já o hipertexto, que pode ser modificado colaborativamente, amplia, potencializa as informações abrindo um leque para múltiplas atualizações devido a virtualização da leitura. Neste sentido, o ciberespaço desterritorializa o texto possibilitando um hipertexto coletivo. Uma vez que as metodologias de projetos sociais do Aglomerado da Serra são inseridas na plataforma virtual "aglomere-se", passando de textos para hipertextos, elas são desterritorializadas, permitindo desdobramentos e a possibilidade de serem reaplicadas em outros projetos. No momento em que ocorre a reaplicação de tecnologias sociais através da plataforma virtual, estes projetos estão sendo reterritorializados. A respeito desse fenômeno, apresenta-se a relação entre desterritorializar e reterritorializar, para Gilles Deleuze: (...) construímos um conceito de que gosto muito, o de desterritorialização. (...) precisamos às vezes inventar uma palavra bárbara para dar conta de uma noção com pretensão nova. A noção com pretensão nova é que não há território sem um vetor de saída do território, e não há saída do território, ou seja, desterritorialização, sem, ao mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar em outra parte. (DELEUZE, 2001, em entrevista em vídeo)

Há quem considere a desterritorialização como marca registrada das sociedades contemporâneas, dominadas pelo nomadismo permitido pela tecnologia e por um desenraizamento de origens culturais. Entretanto é preciso interpretar como funciona essa sociedade em rede que não se instala em um local fixo. Na medida em que, cada ato “desterritorializante” implica na reconstrução de novas territorialidades móveis, descontínuas e difíceis de interpretar. Essa é a chamada “reterritorialização”.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Em primeiro lugar, este projeto faz uso do conceito filosófico de rizoma, fundamentado na obra de Gilles Delleuze e Feliz Guattari. Ressalta-se que "Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo "ser", mas o rizoma tem como tecido a conjunção "e... e... e..." Há nesta conjunção força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser. (DELLEUZE, GUATTARI, 1995)


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A denominação de um caule de planta pode nos ajudar a pensar o mundo contemporâneo e a internet. Coloca-se abaixo mais um interessante trecho de Deleuze sobre este conceito, em entrevista publicada no jornal "Liberácion", em 23 de outubro de 1980: O que Guattari e eu chamamos rizoma é precisamente um caso de sistema aberto. Volto à questão: o que é filosofia? Porque a resposta a essa questão deveria ser muito simples. Todo mundo sabe que a filosofia se ocupa de conceitos. Um sistema é um conjunto de conceitos. Um sistema aberto é quando os conceitos são relacionados a circunstâncias e não mais a essências. Mas por um lado os conceitos não são dados prontos, eles não preexistem: è preciso inventar, criar os conceitos, e há aí tanta invenção e criação quanto na arte ou na ciência."

Em suma, um dos aspectos do conceito deleuziano de rizoma é este: ele é um sistema conceitual aberto. Uma vez que o projeto proposto visa publicar na internet os métodos de projetos sociais em um sistema acessado por todo e qualquer indivíduo, refere-se ao rizoma como conceito chave. Na obra Design de Interação. Além da interação homem-computador os autores Preece, Rogers e Sharp conceituam um tipo específico de sistema de computador que tem ganhado cada vez mais notoriedade nos últimos 5 anos, os softwares colaborativos, ou groupwares. Para estes autores, um software deste tipo é um "sistema baseado em computador que auxilia grupos de pessoas envolvidas em tarefas comuns (ou objetivos) e que provê interface para um ambiente compartilhado(PREECE, ROGERS e SHARP , 2005). Estas interfaces, Segundo os autores, apresentam ferramentas de interatividade entre os usuários que tornam a sua experiência com o software mais convidativa e inovadora. Lembrase neste momento, algumas ideias de Pierre Levy, autor anteriormente citado neste projeto. Levy afirma que no momento que as ferramentas possibilitam novas interações dos usuários entre si e não somente do homem com a máquina, estas se tornam uma virtualização da própria comunicação, trazendo ao usuário funções sociais cognitivas que sem o meio virtual ele não teria acesso. Para se conceber um software colaborativo, Preece, Rogers e Sharp definem uma metodologia pontuada em três categorias: “1. O uso de mecanismos conversacionais para facilitar o fluxo da conversa e ajudar na superação de falhas durante a mesma; 2. O uso de mecanismos de coordenação para permitir que as pessoas trabalhem juntas e interajam; 3. O uso de mecanismos de percepção (awareness) para descobrir o que está ocorrendo, o que os outros fazem e, da mesma forma, para permitir que os outros também saibam o que ocorre. (PREECE, ROGERS e SHARP , 2005, p.126):


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Provavelmente, o mais importante mecanismo de interação é a comunicação dos ambientes colaborativos, sejam aqueles que possibilitam o diálogo ou como sugerem os autores, a “conversa”. Precisa-se compreender, em primeiro lugar, que os meios pelos quais esses diálogos ocorrem também são variados, e mediados ou não (pessoalmente, telefone, correspondências, e-mails, etc.). Eles podem acontecer de forma síncrona ou assíncrona. Essa diferença diz respeito à construção temporal causada pela mediação e que implica na expectativa do interator em relação à resposta de uma mensagem. (RECUERO, 2009). Uma comunicação síncrona é determinada pela sua ocorrência em tempo real, na qual os interatores recebem uma resposta imediata para suas mensagens enviadas. Os sistemas de chat projetados para interação entre 2 usuários são os tipos mais comuns desta comunicação, esteja ele inserido em uma plataforma mais abrangente (como no caso do Facebook), ou num software específico de conversação em tempo real (Skype, Windows Live Messenger, etc.) A comunicação síncrona é determinada pela sua ocorrência em tempo real, na qual os interatores recebem uma resposta imediata para suas mensagens enviadas. O chat do Facebook exemplifica este modo de comunicação entre membros que fazem parte da mesma rede, ou seja, tem uns aos outros marcados como amigos na plataforma disponibilizada.

Figura 03 – Aplicativo de chat integrado ao Facebook.


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Alguns recursos geralmente são utilizados neste tipo de sistema, como os indicadores de status. Estes recursos são essenciais para o acontecimento da comunicação síncrona, pois são eles que informam ao usuário se o mesmo está disponível para converser em tempo real. Lembra-se que no caso de alguns sistemas, como o próprio Facebook, no momento que o usuário está “ausente” ou “offline”é possível enviá-lo uma mensagem para ser respondida depois. Nesse caso, o aplicativo de chat do Facebook é um sistema híbrido de comunicação síncrona e assíncrona, pois dentro da mesma plataforma o usuário pode enviar e receber mensagens instantâneas ou trocar correspondências virtuais a serem lidas posteriormente. Ressalta-se também que, apresar de instantâneos, os diálogos síncronos não ocorrem entre muitos interatores, como uma sala de bate-papo na web onde é possível reunir diferentes interatores simultaneamente. Observa-se na Figura 03 que somente uma janela do chat está aberta, pois o sistema não permite que o usuário abra mais de uma conversa simultaneamente. Os sistemas de mensagens como e-mail, fóruns ou os comentários de posts em blogs são exemplos de comunicação assíncrona. Os interatores nesse modo não possuem uma expectativa de resposta imediata e fazem uso de marcadores de tempo para que tenham retorno do destinatário. Neste quesito, é importante apresentar ao usuário o registro temporal de suas mensagens. Marcadores que indicam quando uma determinada mensagem foi publicada, podem, se necessário, ser cuidadosamente pontuais. Exemplos: “Rafo Barbosa enviou esta mensagem ás 12 horas, 13 minutos e 43 segundos no dia 1 de junho de 2011”.


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Figura 04 – Tela do Twitter. Outro recurso interessante utilizado em websites caracterizados como redes sociais é a apresentação do meio utilizado pelo o usuário para publicar as mensagens. Os groupwares atuais possibilitam ao usuários diferentes formas de publicação de um mesmo conteúdo. Por exemplo, no caso do sistema de micro-blogging Twitter, o usuário pode escrever tweets (publicação de no máximo 140 caracteres) não somente através do site oficial, mas também via softwares instalados em seu próprio computador, aparelhos celulares e gadjets variados, como tablets e video-games portáteis. A figura 04 apresenta um tweet com a seguinte indicação: "1 jun via Twitter for BlackBerry", este tipo de marcação trás novas informações ao conteúdo publicado. Pode-se presumir, por exemplo, que o usuário em questão estava twittando(ato de publicar um tweet) fora de casa, pois ele utilizou um aparelho smartphone (BlackBerry) para publicar o conteúdo. As atualizações propostas pelos membros deste tipo de plataforma social enquadram-se no modo assíncrono, uma vez que podem ser lidas instantaneamente ou ficar gravadas para posterior consulta e seu conteúdo não depende necessariamente de uma réplica nem foi publicado com a intenção de receber uma resposta imediata. Ressalta-se que esse tipo de interação permite o aparecimento de uma comunicação que surge especialmente nos meios digitais. Segundo Raquel Recuero, no livro Redes Sociais na Internet:


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“Há multiplicidade de ferramentas que suportam essa interação e o fato de permitirem que a interação permaneça mesmo depois do ator estar desconectado do ciberespaço, permite, por exemplo, o aparecimento de interações assíncronas que só acontecem em meios virtuais específicos.” (REQUERO, 2009, p.32),

Faz-se necessário compreender como a comunicação assíncrona muda a forma como nos relacionamos diariamente. De acordo com Preece, Rogers e Sharp(2005) estes mecanismos promovem o diálogo que é fundamental para interações sociais, porém ainda existem muitos desafios a fim de se obter um diálogo no meio on-line tão efetivo quanto a “conversa real”. A maneira como esta conversa real é realizada ainda é, e talvez sempre constituirá, uma parte fundamental da coordenação de atividades sociais. Ao compreender estes fundamentos, encontra-se um conceito fundamental para este projeto: o da virtualização.Para Pierre Levy, as ferramentas utilizadas nos processos de virtualização não substituem o estado atual dos mecanismos a serem virtualizadas, mas sim, os complementam, trazendo novas funções, desdobramentos e possibilidades de multiplicação. Além das possibilidades de comunicação síncrona e assíncrona, este projeto também utiliza como referência o uso de "mecanismos de coordenação" (PREECE, ROGERS e SHARP, 2005, p. 126). Esses mecanismos são usados para otimizar a experiência do usuário nos meios virtuais. As atividades colaborativas que ocorrem dentro de uma plataforma virtual presumem coordenação já que uma tarefa deve ser realizada em conjunto, em modo síncrono ou não.


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Figura 05 – Adicionando tags a um documento no Academia.edu Os mecanismos de coordenação podem abrangir ou limitar a inserção de informações do usuário na plataforma virtual. No exemplo acima (Figura 05) observa-se a inserção de palavras-chave (tags) em documentos do site Academia.edu, plataforma virtual de compartilhamento de conteúdos acadêmicos. Observa-se que ao começar a escrever uma tag, o usuário recebe automaticamente sugestões de palavras-chave já usadas por outros usuários, esse mecanismo é muito útil para a otimização do sistema de indexação dos arquivos através de tags e, consequentemente, para a navegação do usuário. Através do recurso de sugestão de palavras-chave, o sistema influencia o usuário a utilizar termos já escolhidos por outros usuários para demarcar o mesmo assunto, diminuindo a inserção de muitas palavras diferentes para um mesmo conteúdo. Essa ação resulta em uma indexação mais precisa e simples sobre os documentos compartilhados no site.


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Figura 06 – Cadastro no SIMI - Sistema Mineiro de Inovação Outro exemplo de aplicação de sistemas de coordenação é a página de cadastros do website do SIMI - Sistema Mineiro de Inovação. A rede social do SIMI é um ambiente virtual formado por empresários e pesquisadores de diferentes setores da economia alinhada com os conceitos de colaboração e participação coletiva, nela os usuários interagem abertamente para a promoção da inovação – articulando o conhecimento gerado nas universidades com as necessidades tecnológicas das empresas (integração entre demandas e ofertas tecnológicas). Ao se cadastrar no site www.simi.org.br, o usuário passa a integrar uma rede de pesquisadores, empresários e agentes de fomento e apoio. Para isto ocorrer de forma efetiva, ao se registrar, o usuário precisa marcar qual o seu tipo de perfil: "Ofertante", "Demandante" ou "Agente de Apoio". Sem marcar uma das três opções, o usuário não consegue continuar o cadastro. Esse tipo de sistema de coordenação é útil à plataforma oferecida pelo SIMI, pois o sistema orienta a navegação do usuário de acordo com o seu perfil escolhido.


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A respeito da aplicação de sistemas de coordenação, lembra-se que o objetivo deste recurso é tornar a experiência do usuário mais efetiva em uma plataforma virtual específica, sendo assim o uso de mecanismos de coordenação podem limitar ou abrangir as possibilidades de interação do usuário. Os autores de Design de Interação - Além da Interação Homem-Computador afirmam: "Quando se projetam mecanismos de coordenação, é importante considerar quão socialmente aceitáveis eles são para as pessoas. Uma falha quanto a esse aspecto pode resultar em usuários não utilizarem o sistema da maneira pretendida ou simplesmente o abandonarem. Um ponto fundamental consiste em obter o equilíbrio certo entre a coordenação humana e a do sistema: muito controle deste e os usuários irão rebelar-se; pouco controle e o sistema falhará."(PREECE, ROGERS e SHARP, 2005, p. 142)

Outro conceito interessante à este projeto e talvez o mais importante, é o uso de "mecanismos de percepção" (awareness) (PREECE, ROGERS e SHARP, 2005, p. 147). É de conhecimento mútuo, principalmente para profissionais das áreas de web, que a busca por maior eficiência na solução de problemas complexos fez com que as atividades passassem a ser resolvidas em grupos, com o objetivo de fazer com que a produção do grupo todo supere a de cada membro isolado. Entretanto, cooperar não é algo fácil, principalmente em sistemas groupware. A simples definição de "trabalhar ou agir em conjunto para um objetivo comum" não apresenta vários aspectos dificultadores desse processo. Um dos aspectos dificultador é a falta de contexto sobre as atividades dos colegas e do grupo, a qual pode gerar redundâncias, inconsistências e contradições dentro do trabalho do grupo. Isso pode gerar um trabalho truncado, sem coesão de ideias, ou incompleto, prejudicando o seu resultado em qualidade e eficiência, podendo até não atingir seus objetivos. Para evitar este tipo de situação, é necessário dar aos usuários do groupware acesso a este contexto, ao que se dá o nome de awareness ou percepção. Manuele Kirsch Pinheiro, no artigo "Awareness em Sistemas de Groupware" afirma que: Awareness é o conhecimento geral sobre as atividades e sobre o grupo. É o conhecimento sobre o que aconteceu, o que vem acontecendo, o que está se passando agora e o que poderá acontecer dentro das atividades do grupo, e sobre o próprio grupo, seus objetivos e sua estrutura.


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Figura 06 – Página "perfis" no site Overmundo Uma aplicação interessante de awareness é a página de perfis do Overmundo. Este site é uma paltaforma colaborativa voltada para a cultura brasileira e a cultura produzida por brasileiros no mundo, em especial as práticas, manifestações e a produção cultural que não têm a devida expressão nos meios de comunicação tradicionais. A página de perfis permite ao usuário visualizar o que outros usuários estão publicando sem necessariamente estar conectado a eles como amigos. A página permite que seja visto todo o conteúdo publicado no site através da indexação de estado e munícipio.

7. FUNDAMENTAÇÃO METODÓLOGICA 7.1 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO A elaboração desse projeto se iniciou através da experiência do aluno no Programa ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra, o que permitiu uma imersão


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aprofundada no tema e a realização de pesquisas úteis ao projeto. O território da Favela da Serra, foi o marco inicial para a pesquisa teórica, realizada através de uma análise sobre os ambientes ali encontrados, através de registros fotográficos e em vídeo e de entrevistas com moradores da favela e profissionais de projetos que tinham o Aglomerado como local de trabalho. Ressalta-se que a participação no Programa ASAS foi essencialmente importe para a compreensão do tema, uma vez, que um dos objetivos do Programa é a apresentação de idiossincrasias típicas e únicas da favela. Também foram analisada obras específicas do assunto. Ressaltam-se aqui alguns livros que foram essenciais para o projeto: Um Século de Favela (ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos.) e Cidade Partida (VENTURA, Zuenir). Estas obras permitiram a compreensão sobre o contexto histórico extremamente complexo acerca das favelas brasileiras. Devido a notoriedade das favelas cariocas, foram visitados dois projetos realizados na Rocinha, maior complexo de favelas do Rio de Janeiro. Foram eles: X-Tudo Cultural e Museu de Rua, estes projetos auxiliaram a compreender metodologias variadas de tecnologias sociais. A leitura de bibliografias abrangentes sobre o design gráfico, como o livro Textos Clássicos do Design Gráfico (BIERUT, HELFAND e POYNOR, 2010) permitiu definir a justificativa do projeto e a análise de obras específicas da área de concentração possibilitou a definição de aspectos de inovação na plataforma "aglomere.se". Entre as principais obras analisadas de Design de Interação está o livro de Jennifer Preece, Yvonne Rogers e Hellen Sharp: Design de Interação: Além da Interação Homem-computador. Com o objetivo de compreender os conceitos definidos pelos autores estudados, também foi feita uma pesquisa em plataformas virtuais. Foram analisados os sites: Twitter, Facebook, Overmundo,academico.edu e SIMI - Sistema Mineiro de Inovação. O estudo das áreas de concentração desse projeto foram feitos também a partir de matérias e artigos encontrados na internet, principalmente nas bibliotecas virtuais da UFMG e da UFRJ, além de um artigo encontrado no site Academico.edu. Ressalta-se que na maioria destes artigos a autora Raquel Requero foi utilizada como fundamentação teórica. O uso das obras de Felix Guattari, Gilles Deleuze e Pierre Levy foram fundamentais para elaboração do conceito do projeto. Destaca-se o livro O Que é o Virtual de Levy.

7.2 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO O primeiro referencial estético deste projeto é composto por características próprias do Aglomerado da Serra. Tipografias escritas manualmente, gambiarras, rachaduras


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em paredes, fios elétricos expostos e outros aspectos da favela fazem parte dessa estética vernacular típica da cidade informal.

Figura 07 – Janela com sacola plástica.


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Figura 08 – Manuscrito usado como sinalização na favela.

Figura 09 – Manuscrito usado como sinalização na favela.

Figura 10 – Varal improvisado em meio a fios expostos.


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Este referencial será usado para contextualizar os territórios do Aglomerado da Serra. Ressalta-se que o projeto gráfico se dará na releitura de imagensque traduzem a estética da favela. Estas iconografias serão projetadas através de elementos gráficos variados, como ilutrações minimalistas ou elementos tipográficos. As imagens produzidas serão apresentadas em mapas que tem a função de geo-localizar e contextualizar os projetos apresentados, reafirmando o conceito proposto pelo projeto, o de territorialidade. A respeito destes mapas, apresentam-se aqui, outros referenciais para o projeto:

Figura 10 - Mapa criado por Paula Scher para ilustrar um Tsunami.


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Figura 11–Detalhe de mapa criado porPaula Scher.


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Figura 12 - Mapa de Paula Scher de regiões norte-americanas e asiáticas. As imagens apresentadas nas figuras 10, 11 e 12 são criações de Paula Scher, artista e designer gráfica americana que ganhou notoriedade na década de 70 pela criação de de capas de albuns de bandas populares da época e logotipos de grandes corporações multinacionais, como CityBank e Bausch & Lomb. Scher ficou reconhecida também por ilustrações de mapasem que traça o mundo através de críticas implícitas e explícitas, utilizando de letras escritas manualmente e cores escolhidas de acordo com cada território marcado.Usando mapas reais como referência, Scher faz ilustrações que permitem releituras inusitadas sobre os territórios mapeados. A artista redefine as funções objetivas dos mapas atribuindo-lhes subjetividades. Para isso, ela mistura as delimitações territoriais reais com as culturais. As obras apresentadas são referenciais para o projeto “aglomere.se” porque são trabalhos de reatribuição de significados sobre os espaços geográficos através do design gráfico. A medida que Scher ilustra o mapa com grafismos que lhe concedem novos sentidos, a artista realiza uma desterritorialização do espaço geográfico e uma territorialização de subjetividades inventivas e imaginárias.

7.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO A execução deste www.projetoasas.org/aglomere.

projeto

pode

ser

acompanhada

Realizou-se e publicou-se neste site, os seguintes trabalhos:

no

website


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Figura 13 - Fluxograma dos web-serviços em que o ASAS está inserido (em execução).

Figura 14 - Gráfico que explica a base elementar dos projetos envolvidos no Programa ASAS.

Figura 15 - Gráfico que explica como se relaciona a equipe executora (gestores) do Programa ASAS (em execução).


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Figura 16 - Gráfico que explica como se relaciona a equipe executora (gestores) do Programa ASAS e a comunidade atendida (beneficiários) através da Internet. Grafico interativo disponível em http://projetoasas.org/blog/2011/11/15/fluxograma-da-gestao-do-programaasas/

Figura 17 - Fluxograma que explica a relação TEMPO x EXPERIÊNCIA dos bolsistas do programa ASAS (gráfico em execução)


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Figura 18 - Gráfico gerado pelo Facebook Pages, sistema automatizado para criação de websites na plataforma Facebook.

Figura 19 - Screenshot do Facebook Pages, mostrando a interação entre diferentes serviços na web que conversam entre si através de sistemas automatizados.


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