apresenta:
“RESSONÂNCIAS” por Patricia Mc Quade*
O espetáculo Ressonâncias faz oscilar em máxima amplitude corpos, sons, símbolos, intervalos e arquitetura. Dialoga, assim, com as frequências dissonantes naturais do público: o primeiro contato é o estranhamento. Quer dizer. Ao provocar certas vibrações de grande amplitude, abala o sistema lógico de compreensão de arte e do que chamamos realidade. Isto é. Ressonâncias é o abalo sísmico gentil que faz desmoronar de forma amorosa a compreensão ordenada da narrativa, da representação teatral, da partitura corporal, da música, da arquitetura. Ressonâncias faz desabar o senso comum do espectador ao exigir dele a reconstrução do ato cênico a partir de sua própria subjetividade. Ganha o público. Convence sem retórica. Faz bailar o instante contemporâneo, ínfimo em sua natureza, com a comoção diante da eternidade comprimida em cada segundo de existência. Há narrativa dos fatos discorridos, escorridos e distorcidos nos corpos dos bailarinos. Há disritmia musical dos signos em rotação. Nos diferentes espaços arquitetônicos onde tudo se apresenta, há uma ruptura no tempo cronológico do quando e do talvez. Ressonâncias é uma obra aberta ao público. Em duplo sentido: convida tanto à participação efetiva na cena quanto à criação de sentidos. Apresenta de forma sensível a cada sujeito uma narrativa. É singular em sua pluralidade. É a lógica onde um mais um é um! E único!
A improvisação é a linguagem lúdica de cada gesto, é composta no compasso de uma insistente mania de reinventar. Reinventar corpos, melodias. Reinventar História. Reinventar espaços ao ocupar espaços públicos. Reinventar o Recontar. Reinventar a função da rabeca, da percussão e do descompasso da dança. Obra aberta e improvisação requerem estrutura e ordem. Quanto maior liberdade de expressão, maior o rigor estético. O acaso acontece a partir da escolha do lugar. Investigação do lugar. Sentir o lugar. Dizer não à rigidez do lugar. Propor a mobilidade do lugar num jogo horizontal. Jogo das decisões inesperadas. Das razões e desrazões. Jogo do risco, do rabisco na lógica. Do propor e do topar. Do não. Do sim! Jogo que alonga o gesto cênico a fim de tocar o infinito. Jogo dos símbolos. Do deixar devir tudo o que está porvir. Do provar o improvável. Jogo do questionar o impossível. Nos diálogos propostos pelo espetáculo, o exercício do deslimite: os jogos lúdicos com a seriedade da técnica, a força invisível da poesia com a presença deslocada da música, a arquitetura urbana com seus hiatos bucólicos, as memórias do público com a memória marcada nos corpos dos bailarinos. Cada componente com sua dor, com sua falta, com sua substância, com sua história de recontar, com sua lágrima em dó sustenido. Um breve suspiro de tempo em meio ao tumulto da urbe. O riso que ocupa vazios e faz pairar estável a fugacidade. E tudo termina com a ciranda de histórias que bailam com suas memórias e as tantas alegrias agora em brincadeira de roda... ressoam... apesar de.
Fotografia: Nina Blauth | Circuito Sesc de Artes | 2011 | IguapĂŠ-SP 50x75cm
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA “RESSONÂNCIAS: OUTROS OLHARES” por Patricia Mc Quade*
A medida do amor é não ter medida. Quantas histórias Ressonâncias têm para contar? – Tantas quantas o público se propor a criar!
Aqui o espetáculo Ressonâncias se propaga num contínuo movimento de desejos. Revela a necessidade de registrar a beleza plástica do trabalho, de criar mais e mais histórias sem intenção de alcançar a completude da narrativa. Desejo de guardar para si e para o outro um recorte do tempo, num sem sentido de encontrar um sentido para o que se sente, sobre o que se vê. E é através do olhar que essas memórias se desdobram em diversas linguagens. Ao ponto de tocarem as diferentes objetivas. Anseio por tornar o fugaz eterno. Nem que seja por um fragmento do instante. E eis o olhar de quem fotografa. Piscadela pelo melhor ângulo dessas Ressonâncias. Tentativa de captura do menor gesto despercebido. Registro certo do silêncio reinante que apresenta em si sua melodia latente. Pincelada na despistada e incompreendida poesia. Ressonâncias em sua versão fotográfica é ao mesmo tempo um registro da realidade da obra e um autorretrato de quem vê através de. Um olhar intencional e ocasional ao mesmo tempo. É a objetiva que registra a subjetividade própria e alheia. Como são muitos fotógrafos, aqui há diferentes realidades, muitos autorretratos e demasiadas Ressonâncias. De dança se fez teatro, de música se fez poesia, de coreografia se fez improviso, de beleza plástica se fez fotografia. Onde um mais um segue sendo um! E único!
Fotografia: Ary Kerner | FIT-Festival Internacional de Teatro, Parque Municipal Américo Renné Gianetti | 2012 | Belo Horizonte -MG 50x50cm
Fotografia: Paula Ternoval Virada Cultural Paulista | 2013 | Assis-SP 50x75cm
Fotografia: Ilana Lansky | Inhotim em Cena, Centro de Arte Contempor창nea Inhotim | 2010 | Brumadinho-MG 50x75cm
Fotografia: Guto Muniz | FIT-Festival Internacional de Teatro, Parque das Ă guas | 2012 | Belo Horizonte-MG 50x75cm
Fotografia: Tarcísio de Paula | Mix Dança- Sesc Palladium | 2013 | Belo Horizonte-MG 50x75cm
Fotografia: Foca 43ยบ Festival de Inverno da UFMG | 2010 | Diamantina-MG 50x75cm
Fotografia: Ilana Lansky | Inhotim em Cena, Centro de Arte Contempor창nea Inhotim | 2010 | Brumadinho-MG
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