PERÍODO PERSA

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O fim do Império Babilônico...................................................................................... 4 Ciro II, ou Ciro, o Grande........................................................................................... 5 A sociedade persa....................................................................................................... 7 O retorno do povo de Israel........................................................................................ 8 O que o cativeiro ensinou aos judeus?...................................................................... 10 Referências................................................................................................................ 12


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O fim do Império Babilônico Após a derrota assíria, em 612 a. C., quando uma coalizão de povos medos e caldeus saqueou Nínive, a Babilônia voltou a ser a cidade mais importante da Mesopotâmia. O Império foi reconstruído e viveu um novo apogeu com Nabucodonosor no século VI a. C. O novo imperador empreendia várias campanhas militares que lhe rendiam muitas riquezas. A sublevação do reino de Judá, entretanto, obrigou-o a manter uma guerra que durou de 598 a 587 a. C., quando ele conseguiu destruir Jerusalém e deportou milhares de judeus – acontecimento chamado de Cativeiro da Babilônia. Os assírios, antigos

dominantes,

tinham uma rígida política de controle marcada pelo terror: torturas, amputações e castigos variados aos povos vencidos. Os babilônios, contudo, “levavam todos os

Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor. Pintura de William Brassey Hole.

cativos para sua metrópole, onde viviam agrupados em bairros, com liberdade de cultuar o seu Deus e praticar todos os seus costumes, ou seja, eles [os judeus] levaram consigo e preservavam suas tradições históricas” (TOGNINI, 2009, p. 55). Os exiliados continuaram executando, por exemplo, ainda que com dificuldades, as atividades sacerdotais, a circuncisão e a guarda do sábado. As riquezas babilônicas adquiridas com a expansão territorial contribuíram com a construção de obras grandiosas como templos, jardins suspensos e suntuosos palácios. Todavia, após a morte de Nabucodonosor, cujo nome na forma aramaica é, provavelmente, a palavra acadiana Nabukudurri-usur, que significa “Nabu protegeu por herança” (Nabu era um dos deuses babilônicos), as lutas internas enfraqueceram a região, como também as rebeliões, algumas causadas pelo alto custo da manutenção da cidade. A Babilônia foi, então, derrotada por Ciro, comandante persa, em 539 a. C.


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Ciro II, ou Ciro, o Grande Segundo

Campos

e

Garcia

Miranda (2010), Ciro, o Grande, comandando os persas, povo indoeuropeu1, conquistou as terras que estavam entre os rios Nilo, no Egito, e Indo, na Índia. No período aproximado de 550-525, fenícios2, hebreus3 e mesopotâmicos4 foram dominados. Os persas foram os responsáveis pela junção de todos os povos do Oriente Próximo e suas culturas e tradições em um mesmo império. Ciro II “era um gênio notável, Imagem representativa de Ciro II. Foto: Reprodução / National Geographic

além de um guerreiro magnânimo e justo. Ele vivia para lutar, lutava para

conquistar e conquistava para libertar. Ele foi, sem dúvida, um célebre libertador” (TOGNINI, 2009, p. 65). Deus, por intermédio do profeta Isaías, falou sobre ele: “[...] Que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado” (Isaías 44:28). Isaías continuou transmitindo as palavras do Criador acerca do rei persa: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir adiante dele as portas, que não se fecharão” (Isaías 45:1). No período do Cativeiro da Babilônia, os judeus tiveram a esperança messiânica reavivada em seus corações. Esperavam, de fato, um libertador. Alguns, inclusive, chegaram a dizer que Ciro II era o Messias, pois ele libertou os filhos de Israel que 1

Grupo de povos ou provável grupo étnico da Europa e da Ásia que falam línguas indo-europeias, cuja família linguística abrange os principais idiomas da Europa, Irã, norte da Índia, Anatólia e Ásia Central. 2 Fenícia foi uma civilização que, na Antiguidade, se localizava no norte de Canaã, ao longo das regiões litorâneas de territórios hoje chamados de Líbano, Síria e norte de Israel. 3 Hebreu é uma das formas de se referir aos israelitas, usada com frequência por estrangeiros no período do Antigo Testamento. Heb, do termo Hebreu, vem de Héber, da descendência de Sem, filho de Noé. 4 Mesopotâmia é a área do sistema fluvial Tigre-Eufrates, que, atualmente, corresponde à maior parte do Iraque e Kuwait, e também partes da Síria e de regiões ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque.


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estavam cativos em solo babilônico e em outras regiões. O rei persa tinha em seu coração alguns ideais, dentre eles os de não tirar nenhum povo de sua terra e libertar todos os cativos. Foi, então, proclamado o famoso Decreto de Ciro: “os judeus que livre e espontaneamente desejassem voltar à sua pátria poderiam contar com as garantias do rei” (TOGNINI, 2009, p. 66). Além de garantir o retorno dos judeus à Jerusalém, Ciro devolveu a eles os utensílios do templo, os quais Nabucodonosor tinha levado à Babilônia, em 586 a. C. Ciro II, ou Ciro, o Grande, reinou na Pérsia de 559 a 530 a. C. Incorporou a Média aos seus domínios, conquistou Lídia, Síria, Babilônia ou Caldeia e outras nações. Fundou uma dinastia que durou até Alexandre, o Grande5, conquistar a Pérsia, em 336 a. C.

Fonte: Atlas Histórico Escolar. Rio de Janeiro: FAE, https://livros01.livrosgratis.com.br/me001601.pdf > Acesso em: 28 jan. 2022.

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1991.

Disponível

em:

<

Foi rei do antigo reino grego da Macedônia. Era filho de Filipe II e, com o falecimento de seu pai, assumiu o trono com vinte anos de idade. Na infância, aprendeu retórica e literatura com Aristóteles, este também responsável por despertar no jovem o interesse em ciências, medicina e filosofia.


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A sociedade persa O Império Persa, administrativamente, era dividido em 20 províncias, também chamadas de satrapias. Cada uma era dotada de relativa autonomia e um surpreendente sistema de comunicação postal. As satrapias eram administradas por um governador (sátrapa) que prestava contas ao imperador, no caso Ciro II. Além dos sátrapas, com o intuito de se proteger contra a subversão, o imperador contava ainda com agentes especiais, que eram incumbidos de supervisionar a atividade dos governadores. Com relação à união do Império, era utilizada um único idioma por parte dos funcionários governamentais e pelos comerciantes – o aramaico, língua dos arameus da Síria. Além das questões comunicacionais, a rede de estradas e o sistema comum de pesos e medidas e de cunhagem

de

moeda,

o

Este relevo de duas figuras podem ser vistas na antiga capital aquemênida de Persépolis, que hoje é Shiraz, no Irã. Fonte: National Geographic. Disponível em: < https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/persian-empire/ > Acesso em: 28 jan. 2022

dárico, eram elementos unificadores, válidos em todo o território persa. A civilização persa, em sua maioria, era adepta do masdeísmo, uma religião fundada por Zaratustra, ou Zoroastro, em grego. Tal seguimento era caracterizado pela dualidade entre o bem e o mal. As forças eram representadas por dois deuses: AhuraMazda (ou Ormuz-Mazda) e Arimã (ou Angro Mainyush), respectivamente. A divindade suprema era chamada de Aura Mazda (a luz). Segundo as tradições, os persas entendiam que as pessoas tinham liberdade de escolha com relação ao que iriam seguir. Eles também acreditavam em vida após a morte, logo, para os bons, a recompensa seria a vida eterna em um paraíso; e o comportamento oposto herdaria reino de trevas e sofrimento.


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O retorno do povo de Israel Após o decreto de Ciro, que dava liberdade ao povo de Israel de voltar à sua terra, Zorobabel, da linhagem real, e Josué, da linhagem sacerdotal, retornaram à Jerusalém com quase cinquenta mil pessoas, entre judeus e servos. Edificaram um altar, o culto a Deus foi reestabelecido e lançaram os alicerces do templo. Todavia, as coisas não foram fáceis para os que optaram pela volta ao lar. Os judeus precisaram guerrear contra alguns povos, entre eles, por exemplo, filisteus, edomitas, moabitas, amonitas e samaritanos, os quais estabeleceram moradia no país. Tabela 1 - Povos Povo gentio originário de Creta (Egeu) que residia na planície da costa sul da Palestina. Invadiram a

FILISTEUS

costa marítima de Canaã no século XII a. C. Oprimiram Israel na época dos juízes e de Saul. Foram subjugados por Davi. Desapareceram no tempo dos Macabeus. Eram um povo semítico descendente de Esaú, que se estabeleceu no sul da Palestina e da Transjordânia por volta do segundo milênio a. C. Seu reino era cercado ao norte pelo deserto da Judéia, pelo Mar Morto, e pelo Zerede; a leste pelo

EDOMITAS

deserto Sírio; a oeste pela Península do Sinai; e ao sul, pelo Golfo de Ácaba. Figuram de forma proeminente na Bíblia, frequentemente no papel de oponentes dos israelitas. O primeiro contato entre os dois povos ocorreu quando os israelitas estavam avançando na Palestina a partir da península do Sinai. "Moabe" e "moabita" são intrínsecos. Eram um país e um povo do leste do mar Morto. Segundo

MOABITAS

Gênesis 19:30-38, eles descendiam de Moabe, filho de Ló, que era sobrinho de Abraão. Sua cultura era muito semelhante a dos cananeus. Havia adoração à natureza, cultos de fertilidade, orgias, adoração a Baal-Peor, etc.


9 Povo descendente de um filho de Ló através de sua filha mais jovem, que deu à luz Ben-Ami em uma

AMONITAS

caverna próxima a Zoar. Sua nação ficava entre os rios Arnom e Jaboque, a nordeste de Moabe, protegida por uma forte parede do seu lado norte. Em 721 a. C., o rei Sargão, da Assíria, destruiu Samaria, a capital do Reino do Norte de Israel. Ele levou a população para a Assíria e trouxe estrangeiros para viver nessa terra. Com o passar do tempo, esses estrangeiros se casaram com os poucos judeus que haviam ficado, produzindo uma raça mestiça. Ao longo da história aconteceram

SAMARITANOS

algumas desavenças entre judeus e samaritanos, como, por exemplo, durante a construção do templo após o retorno à Jerusalém. Havia rivalidade comercial e preconceitos raciais e religiosos entre eles. É válido dizer também que até hoje os samaritanos guardam como sagrado apenas o Pentateuco. Nada foi acrescentado. Excluem os Profetas por verem que é dada proeminência a Judá no confronto com Israel.

Fonte: BEERS, 2013; TOGNINI, 2009; Wycliffe Bible Dictionary, 2000; O novo dicionário da Bíblia Vida Nova, 2006. A Bíblia da Mulher, SBB, 2014.

Mesmo com o decreto de Ciro permitindo o retorno dos israelitas à Jerusalém, nem todo o povo quis deixar a terra onde viveu cativo. O fenômeno ficou conhecido como A Dispersão Judaica. "Os judeus desfrutavam de completa liberdade sob os medopersas" (TOGNINI, 2009, p. 69) e muitos preferiram ficar por conta de assuntos comerciais, por exemplo, que foram estabelecidos ao longo dos anos. "Isto os levou a importantes centros econômicos do mundo, e, assim, a maioria das grandes cidades tinha uma colônia judaica" (Wycliffe Bible Dictionary, 2006, p. 568). É válido lembrar que os judeus tiveram liberdade de culto com Ciro, Assuero e outros poucos líderes persas. Todavia, Ocus, também chamado de Artaxerxes III, reivindicou direitos da nação dominante e perseguiu o povo de Israel. Foram massacrados e tiveram o templo profanado. Inúmeros judeus morreram e outros foram banidos para as terras próximas do mar Cáspio.


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O que o cativeiro ensinou aos judeus? No Pentateuco, precisamente em Êxodo 20:3-5, Deus, por intermédio de Moisés, disse: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”. Os

mandamentos

acima

foram

descumpridos pelos israelitas em muitos momentos.

Praticaram

a

idolatria,

se

envolveram com a tradição imoral dos cananeus e, consequentemente, sofreram a ira Estátua de bronze de Baal, no Museu do Louvre, na França. A obra foi encontrada em Ras Shamra – antiga Ugarite – próximo à costa da Fenícia, e é datada dos séculos XIV-XII a. C.

do Senhor. Pecaram, mas não por falta de aviso. Em Deuteronômio 6:4 está alicerçado o pilar do monoteísmo: “Ouve, Israel, o Senhor,

nosso Deus, é o único Senhor”. Com a escravidão, o cativeiro e a separação forçada de Jerusalém, podemos ver, entretanto, o quanto as situações adversas forjaram o caráter religioso dos judeus. Como disse Enéas Tognini, “o cativeiro babilônico curou para sempre os judeus do pecado da idolatria” (2009, p. 72). O autor pontua alguns exemplos: Daniel e seus companheiros, o heroísmo macabeu e o apóstolo Paulo, que afirma: “[...] sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8:4). Além de cessarem as adorações a ídolos, o exílio também serviu como termômetro para os judeus. Perceberam, enfim, o quanto estavam longe da Lei de Deus. Quando se viram escravos, “queriam obedecer ao Senhor em tudo. Assim, a Lei teve um lugar todo especial no coração e na vida dos israelitas” (TOGNINI, 2009, p. 75). Com esse


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sentimento, nasceu o escribismo, responsável por reconduzir o povo à Escritura, que tinha pouquíssimas cópias. Os primeiros passos como copistas foram dados pelos sacerdotes. Em seguida, “surgiu um grupo de leitos consagrados que começaram a copiar a Lei. Escrevendo-a, foram se familiarizando com ela e tornaram-se intérpretes da Lei. Eram também designados “doutores da Lei” e constituíam [na época de Jesus] um partido ao lado dos fariseus” (TOGNINI, 2009, p. 75). Com o desejo de cumprir a Escritura e prestar culto ao Senhor, os judeus, no cativeiro, passaram a se reunir na casa de uma família para ler o Antigo Testamento, orar, adorar a Deus, cantar salmos e, ao final, ouvir um comentário da Lei. Assim surgiram as sinagogas. Ademais, a esperança messiânica foi restaurada. A crise espiritual, as derrotas civis e militares e a escravidão levaram os olhos dos judeus à promessa acerca do Messias, conhecido como o Libertador. Como dito no capítulo dedicado a Ciro II, alguns judeus cogitaram ser ele o grande nome. A comunidade esperava um rei glorioso durante os períodos de opressão. Atualmente os judeus continuam esperando o Messias, agora como restaurador.

Jerusalém. Pintura de Alex Levin. Disponível em: < https://www.pinturasdoauwe.com.br/2018/09/alex-levin-pinturada-cidade-jerusalem.html#.W5ahChOXRpk.pinterest > Acesso em: 30 jan. 2022


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REFERÊNCIAS TOGNINI, Enéas. O Período Interbíblico: 400 anos de silêncio profético. São Paulo: Editora Hagnos, 2009. BEERS, V. Gilbert. Viaje Através da Bíblia. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2013. A Bíblia da Mulher – Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Sociedade Bíblica do Brasil, 2014. CAMPOS, Flávio de; GARCIA MIRANDA, Renan. A Escrita da História. São Paulo: Editora Escala Educacional, 2005. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2006. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Editora Vida Nova, 2006.


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