Revista Cutting

Page 1

Belo Horizonte 23 Set 09 Ediçao n° 1

A importancia da ERGONOMIA no Design

Em Portfólio, Criações de Designers como Walciley Vieira, entre outros.

Matérias especiais esclarecendo pré impressão, processos de impressão e acabamento.



3


Notícias Gráficas

Xerox Inaugura Centro De Inovação Na Europa

O

novo Centro de Inovação dedicado à impressão em papel contínuo (Continuous Feed) da Xerox, em Villepinte, próximo de Paris foi recentemente inaugurado por Armando Zagalo de Lima, Presidente, Xerox Europe e Tadahito (Chu) Yamamoto, Presidente, Fuji Xerox. “A abertura deste centro reforça a liderança da Xerox na impressão digital, bem como o nosso posicionamento na impressão de alimentação contínua. O investimento da Xerox neste novo espaço é a demonstração do compromisso da empresa para este mercado em crescimento.” Afirma Armando Zagalo de Lima, Presidente, Xerox Europe. Equipado com tecnologia de ponta o Centro de Inovação dedicado a Impressão em papel contínuo vai poder contar com os especialistas da Xerox que vão trabalhar com os clientes para criar, testar e demonstrar o conjunto de novas e inovadoras aplicações que permitindo potenciar novas receitas a partir da impressão de alimentação contínua. Paralelamente, à última versão da tecnologia de impressão de alimentação contínua, o centro dispõe de um conjunto de tecnologias de suporte, a partir de parceiros tais como Hunkeler, Kern, Lasermax, Pitney Bowes, GMC, Solimar e CMI. É através deste tipo de parcerias que a Xerox tem vindo a desenvolver um conjunto de soluções para um vasto número de clientes Europeus. Estas soluções estão a ser usadas para uma enorme variedade de aplicações incluindo facturas, statements, mailing directo, impressão de livros e manuais. No momento da apresentação, dois clientes da Xerox apresentaram a sua visão nos seus mercados respectivos e as escolhas estratégicas necessárias para gerar crescimento. A MBA no Reino Unido investiu em quatro sistemas de alimentação contínua Xerox 490 a cores ou no negócio de impressão e mailing. “A impressão de alimentação contínua a cores não é nova. O que realmente é uma novidade é o facto dos clientes a pretenderem usar.

4

Os seus dados são melhor geridos, ao desenvolver mailings fáceis de implementar, e têm vindo a observar o aumento do ROI que a impressão a cores individualizada pode oferecer.” Afirma Bachar Aintaoui, Presidente da MBA. “Os livros digitais representam uma maior oportunidade de crescimento para a empresa, os editores reconhecem esta como uma oportunidade de reduzirem custos e aumentar o número de livros publicados.” Afirma Esben Mols Kabell, Chief Executive Officer, Scandinavian Book que investiu recentemente em dois sistemas de impressão de alimentação contínua Xerox 650. Nos últimos cinco anos a Xerox tem vindo a aumentar a sua quota de Mercado na alimentação contínua, e actualmente está no desafio para conquistar uma posição de liderança. De facto, de acordo com a Info Source1, a Xerox foi líder no Mercado europeu na impressão de alimentação contínua a preto e branco na segunda metade de 2008. “Reconhecemos a confiança que os nossos clientes depositaram em nós e no crescimento deste negócio. Perante isto temos que expressar a nossa gratidão. A Xerox está fortemente comprometida para trabalhar em parceria com os clientes de forma a apoiálos a encontrar formas de se tornarem ainda mais competitivos. A Xerox dispõe da tecnologia correcta, das parcerias indicadas e, agora o melhor centro, com o objectivo de atingir qualquer objectivo. ‘’ Afirma Valentin Govaerts, sénior vice-presidente, Production and Graphic Arts Industry, Xerox Europe. Os últimos produtos de alimentação contínua da Xerox utilizavam toner seco, imagens xerográficas e tecnologia flash-fusing – um processo único que não utiliza calor ou pressão ou qualquer contacto com o papel, permitindo ao sistema imprimir numa vasta quantidade de substratos face a concorrência. InfoSource. O Mercado de impressão de alimentação contínua a preto e branco é definido com sistemas que imprimem até 351 páginas por minuto e acima.


Tipografia

O que é tipografia?

O

termo tipografia, no design gráfico, se refere ao desenho das famílias de letras. O estudo da tipografia é muito importante para quem está começando agora no design, pois ela está em tudo, desde de simples panfletos a layouts e logotipos mais elaborados. Há vários fatores que compõem uma família de fontes, os principais a serem observados são: Fontes com ou sem serifas

A linha base (baseline) define o “chão” das fontes. Algumas letras como g, j, p, q, y, possuem hastes que descem abaixo da linha base, a linha que delimita até onde essas hastes vão se chama de linha descendente Já outras letras possuem hastes que sobem, tais hastes são delimitadas pela linha ascedente. Talvez você nunca tivesse reparado nessas tais linhas que delimitam os caracteres, pois bem, eu também não tinha. Mas elas existem, e são importante na composição de uma fonte,

sem elas as famílias de fontes não seriam padronizadas. O que são as Serifas? As serifas são pequenos traços nas pontas da letras, esse recurso de design vem desde a escrita manual, as famílias de fontes sem serifas são chamadas de sans-serif. As serifas são o recurso gráfico que mais diferencia as letras. As fontes com serifas são mais usadas em mídias impressas, como jornais, revistas e panfletos já as fontes sem serifas são mais usadas para a web. Posição do texto A posição do texto também é importante, se for um texto muito grande evite centraliza-lo pois deixa muito espaço nos lados e dificulta a leitura. Procure sempre usar textos alinhados a esquerda, com títulos logo acima. Títulos Tente sempre diferenciar o título dos demais conteúdos usando uma fonte diferente ou uma cor diferente, ou as duas coisas, mas não exagere muito. Se você usa fontes sem serifas no texto, procure usar fontes com serifas nos títulos, assim fica mais fácil distinguir os dois. Fontes para Webdesign No webdesign há uma limitação no uso das fontes que é só poder usar famílias de fontes que o visitante do site tenha instalado no seu computador, por isso devemos tomar cuidado na escolha das fontes, já que provavelmente nem todos têm as mesmas famílias fontes que você tem instaladas. Mas existe algumas fontes que vem instaladas por padrão na maioria dos computadores. São elas: Arial, Verdana, Tahoma, Comic, Courier, Georgia, Times

5


Pré Impressão

Pré Impressão

A

pré-impressão é uma fase importantíssima no processo de produção gráfica e pode ser compreendida como todo o conjunto de procedimentos e cuidados a serem adotados depois de finalizada a arte a ser impressa e antes do processo de impressão propriamente dito, ou seja, a reprodução do grafismo em seu suporte final. Os processos de pré-impressão consistem, então, na preparação de um arquivo finalizado para a obtenção de uma matriz de impressão. Durante muito tempo, quando a tecnologia ainda não apresentava tantas evoluções e o uso do computador ainda não era tão difundido, esses processos eram realizados pelo método que hoje chamamos de convencional ou mecânico. Mas como hoje em

6


so, uma pré-impressão cuidadosa pode até corrigir eventuais falhas no arquivo original e proporcionar uma impressão de qualidade superior. Um outro fator que torna imprescindível um cuidado especial nessa área é a sua característica de ser a transição entre dois processos, a “ponte” entre o processo de concepção e design e o processo de execução ou impressão. Muitas vezes, há uma confusão sobre quem deveria ser o responsável por cada etapa. É difícil precisar até que ponto o designer ou a agência pode adiantar o serviço para o fornecedor de serviços gráficos e a partir de que ponto essa “ajuda” é desnecessária ou até prejudicial, provocando retrabalho.Não há mesmo uma regra definida. O ideal é que o designer ou a agência

mantenha sempre um diálogo com o fornecedor de serviços gráficos e que ambos entrem num acordo sobre a melhor forma de se entregar o arquivo para impressão. Pelo mesmo motivo, é muito importante o acompanhamento de todo o processo por parte de um profissional específico – o produtor gráfico.

dia praticamente todos os trabalhos são finalizados por meio digital, iremos focar nossa abordagem nos processos eletrônicos de pré-impressão. O cuidado na pré-impressão é fundamental. Da mesma forma que uma préimpressão mal feita pode arruinar uma boa idéia, tranformando um bom arquivo num impresso medíocre ou até defeituo-

7


Cabeçalho

Processos Gráficos

Q

uando um projeto gráfico deve ser impresso em uma impressora comercial, será muito importante definir, antes mesmo do início do projeto enquanto arquivo digital, qual será o processo de impressão e o tipo de papel em que esse projeto será impresso. Não só por questões de orçamentos, mas também por questões intimamente ligadas à estrutura interna do arquivo. Para discutir estas questões procure a gráfica de sua preferência e exponha as características principais do projeto * tiragem * tamanho final * número de cores, etc, para que ela possa auxiliá-lo numa escolha mais adequada de processos de impressão e tipo de papel. Serão descritos um pouco dos processos de impressão existentes, principalmente o offset, e serão observados os principais tipos de papel utilizados no mercado gráfico e quais as lineaturas mais utilizadas. Escolhendo o Processo Gráfico: Existem vários processos de impressão,cada um mais adequado ao tipo de aplicação: offset, flexografia, serigrafia, tipografia, hotstamp,impressões digitais, etc. A utilização de cada um vai depender de alguns fatores, tais como: a qualidade estética final do material impresso,a resistência do material, a tiragem etc. O sistema OFFSET é um dos mais utilizados pelas gráficas, devido

8

à alta qualidade e ao baixo custo que oferece, principalmente para grandes quantidades. É um sistema de impressão indireto, conforme a palavra original inglesa, baseado na repulsão tinta-água. O offset é o resultado da evolução da litografia, resolvendo os seus problemas básicos.Sendo um processo rotativo contínuo, permite altas velocidades de impressão, o que popularizou o seu uso.A utilização de uma blanqueta para a tranferência da tinta possibilita o uso dos mais diferentes tipos de superfícies de papel. O uso de chapas metálicas , ao contrário das pedras na litografia, garantiu ao offset tiragens muito elevadas. O offset foi descoberto casualmente pelo norte-americano Rubel em 1904, quando admirado, observou a nitidez do repinte no verso de uma folha de papel produzida pelo padrão de borracha de uma impressora litográfica, quando inadvertidamente rodou a máquina sem papel. Antes de iniciar o processo de impressão, foram elabora dos os fotolitos e as subseqüentes chapas de impressão. Atualmente, existe um sistema que dispensa o uso dos fotolitos, também chamado de processo “direct to plate” (direto na chapa). A impressora é constituída basicamente de três cilindros: - Um grande cilindro no qual está colocada a chapa de impressão, que entra em contato com os rolos de umedecimento de tintagem, recebendo uma fina camada de tinta - a parte gravada da chapa retém a tinta, ao contrário da parte não gravada;


- Cilindro de blanqueta ou lençol de borracha que receberá a imagem da chapa tintada; - Cilindro impressor que irá pressionar o papel contra o cilindro de blanqueta, transfereindo a imagem deixada na blanqueta pela chapa tintada. A impressão offset é feita em folhas planas de papel ou filmes especiais (PVCvinil). O processo offset permite o uso de várias cores, retículas uniformes ou variáveis, de modo que as cópias obtidas podem ser de alta qualidade. As máquinas offset podem ser planas ou rotativas, sendo que as rotativas servem para grandes tiragens (geralmente acima de 20.000 cópias) e as planas para menores tiragens. As impressoras podem também variar quanto à quantidade de tinta que podem imprimir: existem impressoras offset que imprimem apenas uma cor e aquelas que imprimem até seis cores automaticamente (ciano, magenta, amarelo, preto e mais duas cores especiais). O sucesso de uma boa impressão depende igualmente de arquivos digitais bem construídos, fotolitos e chapas de impressão de qualidade, e de um rígido controle do funcionamento da máquina offset. Já a FLEXOGRAFIA é um processo bastante voltado para a impressão de mate-

riais contínuos, como etiquetas em bobinai. A impressão é feita por uma matriz de material sintético flexível, semelhante à borracha,na qual a imagem a ser impressa está gravada em alto relevo. As características da matriz permitem impressão sobre vários tipos de materiais, além do papel (plásticos, laminados, etc). A SERIGRAFIA (silk screen) é um dos mais antigos processos de impressão, sendo bastante artesanal. Atualmente, o seu processo é quase totalmente automatizado, sendo utilizado para impressões em papel, PVC (vinil), tecidos ou laminados. Dos fotolitos, as imagens são gravadas por processo fotográfico em telas sintéticas especiais revestidas com uma finíssima camada impermeável às tintas; as regiões gravadas com a imagem são permeáveis às tintas, ao contrário do resto da tela, que permanece impermeável; cada tela é fixada numa moldura rígida e posicionada sobre a superfície a ser impressa. A TIPOGRAFIA é um processo em que a matriz de impressão é dura e plana, normalmente de metal (clichés), na qual a imagem a ser impressa está em altorelevo. O cliché é fixado,por meio de adesivo especial, numa superfície na máquina de impressora; a parte gravada com imagens em alto-relevo no cliché

recebe uma camada de tinta de um rolo entintado e a tinta que fica impregnada no clichê é tranferida sob pressão para o material a ser impresso.Utilizadoparamenores tiragens(cartões, blocos de notas fiscais, convites de casamento, etc). O HOT-STAMP (estampa quente) é um processo semelhante à tipografia, porém o cliché não recebe tinta, sendo apenas aquecido e pressionado sobre uma fita de material sintético revestida de uma finíssima camada metálica. Quando a camada metal ica é pressionada pelo cliché quente, desprende-se da fita e adere à superfície do material a ser impresso. Esse processo só é utilizado para imprimir pequenos detalhes, produzindo efeitos metalizados. Além de todos estes processos de impressão, mais recentemente têm sido utilizadas as impressoras offset digitais, dispendando o uso de fotolitos em copiadoras coloridas (para pequenas tiragens até 200 cópias), plotters (para impressão de grandes formatos), impressoras de provas digitais e também as chamadas de impressoras digitais que imprimem grandes tiragens sem fotolitos e sem chapas de impressão.

9


Acabamento

Laminação

E

m um curto período de 15 anos, o mercado de laminação no Brasil passou por uma intensa expansão, movimento que contínua em ritmo acelerado, com a exploração de novos materiais e a definição de processos de aplicação desse tipo de acabamento, que está substituindo a plastificação método empregado pela indústria gráfica brasileira há cerca de 30 anos. A aplicação de filme plástico sobre cartões ou papéis impressos ou não é feita por meio de dois processos diferentes. Um deles é a termolaminação com filme pré-adesivado, o polipropileno bi-orientado (BOPP), transferido para o impresso por meio de temperatura e pressão. O outro é a laminação a frio também conhecida como a seco ou wet, pois nesse caso, o adesivo é colocado ao filme durante o processo. Aplicável a praticamente qualquer produto gráfico, a laminação atende a um dos principais quesitos de diferenciação no mercado gráfico, o valor agregado aos produtos finais. Em diferentes padrões, como matte, brilhante, alto brilho, prata e holográfico, os filmes para laminação podem ainda receber um tratamento que torna a superfície ideal para recebimento de verniz UV localizado ou hot stamping, o que amplia ainda mais as possibilidades de embelezamento desses impressos. Por isso mesmo, esse tipo de acabamento é empregado em materiais de pontode-venda e impressos promocionais, produtos sofisticados, como embalagens especiais, e principalmente em itens que devem atrair a atenção dos consumidores ao serem expostos nas prateleiras, como cadernos e livros produtos que também apresentam alto grau de manuseio e requerem resistência superior.

10


Portfólio

“Brasileirismos” de Thiago Gil Software utilizado: Photoshop, Illustrator Descrição da imagem: “Anuncio criado em parceria com agencia de design de Sao Paulo para divulgação de uma empresa de estampas patrocinadora do SPFW, cujo tema dos desfiles era “brasileirismos” portanto expressei o que ha de mais rico no brasil em questãod e cultura.”

11


Portfólio

“Resgate Juvenil” de Rodisney D Software utilizado: Painter e photoshop Descrição da imagem: Primeiro fiz o rascunho no photoshop, em seguida colori no painter.

12


“Olho Tribal” de Walciley Vieira Software utilizado: Photoshop CS3 Descrição da imagem: No inicio a idea era só ter um feto no olho, porém senti a necessidade de deixar a imagem mais atraente então usei alguns brushes, um pouco de Smudger Tool e muito Overlay.

13


Design e Criação

A importância da ergonomia no design

O

termo ergonomia foi criado pelo polonês Woitej Yastembowsky em 1857. Apesar disso, o estudo formal da ergonomia como um ramo de aplicação interdisciplinar da ciência surgiu quase um século mais tarde, em 12 de julho de 1949, durante uma reunião de cientistas e pesquisadores. Mas foi a partir da década de 1950, com a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra, que a ergonomia se expandiu para o mundo industrializado e, mais tarde, também passou a integrar o trabalho dos designers. Isso quer dizer que o design não se limita à função estética ou “cosmética” como afirmam alguns autores. Ainda pior é o ponto de vista de vários empresários que só contratam os serviços de designers, na etapa final de seus projetos, apenas para deixá-los “com uma aparência me-

14

lhor”. É importante salientar que esta visão equivocada é muito comum no meio empresarial, sobretudo se adicionarmos a isto o fato de ainda existirem muitos profissionais de outras áreas atuando no mercado do design. Embora seja alarmante, o quadro atual tende a mudar não somente com o aumento de profissionais com graduação em design disponíveis no mercado, e com o conseqüente aumento da massa crítica, mas também com o advento da globalização que vem provocando o rompimento de fronteiras. Não pretendo analisar se o modelo econômico globalizado é democrático ou beneficia apenas as grandes nações. Neste espaço fica apenas um convite à reflexão e a constatação de que a globalização veio para ficar. A economia globalizada fomentauma competição cada vez mais acirrada entre

os fabricantes que vivem em busca de maiores vendas e da conquista de novos mercados. Com isso, as novas tecnologias e os planos de redução de custos têm chegado ao limite. Qual será então a saída? O uso do design! Vários países já não fabricam produtos, eles fabricam design ou, como pre-ferem alguns, produzem conceitos de design. Não raro encontramos etiquetas, selos ou inscrições que anunciam “Design by Germany”, ainda que o produto tenha sido fabricado em Cingapura, por exemplo. Nestes casos, o que importa é a origem do conceito, da idéia e do design. Mas utilizar o design apenas para agregar charme – e valor econômico – às mercadorias não é sufi ciente. O design, enquanto tecnologia, num determinado quadro de relações de produção, tem a ergonomia como


parceira indispensável. O designer pode – e deve – trabalhar o projeto e, mais especificamente, a capacidade de utilização do objeto centrado no usuário. Cabe então à ergonomia o papel de combater a alienação, ao focalizar a comunicação homemtarefamáquina. Para que o design contribua significativamente para o desenvolvimento de produtos adequados para os usuários, de modo que eles identifiquem esta contribuição – reconhecendo nos produtos valores como satisfação, prazer e segurança –, é necessária a aplicação de uma metodologia adequada. Por meio dessa metodologia é possível compreender os usuários: como eles são e como as mudanças podem influenciar suas vidas. Para fazer isso, devemos dominar as noções básicas de ergonomia, o que nos possibilita conhecer uma gama maior de fatoresque influenciam os usuários potenciais dos mais variados produtos. O design é uma profi ssão eminentemente técnica e multidisciplinar. Sendo assim, a interação com a ergonomia deve acontecer de forma segura e gradual, principalmente se levarmos em conta que no Brasil todos os cursos de Desenho Industrial / Design (que formam designers) possuem no mínimo duas disciplinas de ergonomia em seus currículos. A ergonomia deve ser parte integrante do projeto e de seu desenvolvimento, sempre que houver o envolvimento entre o produto e seu potencial usuário. Em outras palavras, um projeto de produto apropriado requer interação com a prática da ergonomia. O atendimento aos requisitos ergonômicos possibilita maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, além de garantir a segurança do usuário. O uso da ergonomia também ajuda a minimizar constrangimentos e custos humanos, otimizando o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade do sistema homem-tarefa-máquina. A maioria dos produtos, principalmente os mais complexos, possui atributos que dificultam o seu uso. Esses atributos devem ser sistematicamente identificados e medidos, sempre que possível, em

termos de requisitos de desempe-nho humano. E os resultados dessa medição devem ser incorporados ao projeto do produto. Desta forma, a ergonomia ajuda a reduzir o elemento de conjectura e aumenta o nível de confiabilidade nas decisões de projeto, no que se refere à consideração de importantes fatores do ponto de vista da satisfação, segurança e bem estar dos usuários. Por tudo isso, a ergonomia deve estar presente em todas as etapas de desenvolvimento de um projeto. Em resumo, é preciso enfatizar o entendimento e a contribuição da ergonomia para a gestão do design. É necessário ter a ergonomia como parte integrante de todo processo de design. Isso contraria a atuação de alguns profi ssionais do mercado, e mesmo de alguns professores, que encaram a ergonomia como algo desvinculado do processo central do design. Isso também implica na aceitação de que as responsabilidades pelas decisões de projeto devem ser divididas entre os diversos especialistas que participam do trabalho. E as decisões devem levar em conta todos os aspectos que envolvem o produto e seus potenciais usuários.

15


Fotografia

A Fotografia Digital Em Eventos

D

igital ou analógica? Essa é a pergunta que os noivos estão se fazendo hoje em dia, ao escolher o fotógrafo de seu casamento. O que a maioria dos clientes quer é ter a fotografia digital usada em seu evento. A fotografia analógica é aquela tradicional, que todos conhecem, que usa o filme fotográfico e se baseia na tecnologia criada no século XIX. Já a fotografia digital, que é a novidade, dispensa o uso de filmes, tendo em seu lugar um sensor digital, que capta a imagem e armazena em um cartão de memória. Essa tecnologia é fruto da corrida espacial e do desenvolvimento da informática no final do século XX. Mas, para quem vai contratar um fotógrafo, como escolhê-lo? Qual é a melhor alternativa? Digital ou analógica? Vivemos uma época de muitos avanços tecnológicos, e a palavra digital vem sendo largamente utilizada. O fascínio pelo novo é geral, e parece existir a crença de que tudo que é novo é melhor. O que é “digital” então é melhor ainda. A chegada da fotografia digital é um fato, e é inevitável a substituição quase total do filme, que deverá ficar legado apenas ao uso artístico. Mas será que isso quer dizer que os clientes, como noivos por exemplo, devem exigir a fotografia digital em seus eventos?

16

O fator que o cliente deveria considerar é a qualidade das fotografias que receberá. O álbum de seu casamento não revelará que tecnologia foi usada, mas a qualidade ficará visível ali por décadas. E a qualidade muda do filme para o digital? Não necessariamente.Vamos ver o caso da fotografia de eventos, como casamentos, festas, etc. Bom, conversando com diversos fotógrafos desta área, a quase unanimidade já usa a fotografia digital! Mas eles mesmos não consideram que houve exatamente um aumento de qualidade nas fotografias. Isso, por um lado, porque a “qualidade possível” do filme ainda é maior. Por outro lado as lentes, principal fator de qualidade do equipamento, são as mesmas nos dois tipos de equipamento. Mas por outro lado a câmera digital tem a vantagem da pré-visualização da foto na própria máquina, e repeti-las se necessário, isso permite mais controle do trabalho. Porém, pode acontecer que, devido ao maior número de fotos feitas com a digital, exista menos atenção do fotógrafo em cada uma das fotos, que demandam uma seleção mais apurada. Ou seja, ao invés de 300 fotos de um casamento, o fotógrafo agora tem 2 mil, o que dará bem mais trabalho para se chegar ás fotos escolhidas.Não podemos esquecer que os sistemas digitais simulam os sistemas analógicos, ou seja, simulam o filme. As câmeras digitais funcionam básicamente da mesma forma que as “de filme”, porém permitindo mais flexibilidade e liberdade. O melhor sistema será aquele ao qual o fotógrafo está mais habituado e consegue o melhor resultado. Os fotógrafos mais novos no mercado, por exemplo, que já iniciaram seu trabalho com a fotografia digital, obtém seus melhores resultados com ela. O que realmente muda com a chegada da tecnologia digital é o fluxo de trabalho do fotógrafo ! E muda muito mesmo, fica mais ágil, mais rápido e simples, mais fácil para edição, montagem e tratamento de imagens. Alguns fotógrafos chegam até mesmo à disponibilizar as fotos na internet poucos dias após o evento. Mas, se por um lado, diminui o custo com filmes e revelações, também aumenta o custo no equipamento, torna-se necessário ter um computador, impressora, scaner, etc.., ainda é mais caro também o custo de impressão de cópias e provas, apesar que esse custo tende a cair bastante. Num futuro próximo a fotografia digital deve ficar mais barata que a analógica. Muda também o estilo das fotos, pois se bate um número maior, pode-se arriscar mais, mas corre-se o risco de ter menos atenção em cada foto, conseqüência da quantidade e da facilidade. O fotógrafo leva algum tempo para conseguir, com a digital, o mesmo estilo e qualidade que tinha com a analógica. A adaptação não é imediata, mas acontece. As mais novas câmeras digitais profissionais já tem resultados mais parecidos com as


analógicas e a adaptação assim torna-se mais fácil.Para o cliente, os noivos por exemplo, não muda muita coisa. A apresentação e a qualidade dependem mais da experiência e da formação do fotógrafo, que deve sempre ter um equipamento de qualidade, seja no processo digital ou no analógico. No início os trabalhos feito em digital custavam mais caro para o cliente, principalmente pelo custo da câmera, que por volta de 2004 era em média quatro vezes maior que uma analógica equivalente. Hoje esse custo já não tem muito peso, já que as câmeras digitais tem praticamente o mesmo preço das analógicas. Em termos de qualidade, não há obrigatoriamente mudança. A mudança será percebida mais pelo tipo de provas apresentadas, em CD ou na internet. Pode ser também um pouco menor o tempo

de entrega do serviço. Não é possível saber se uma foto é digital ou analógica ao observá-la no papel. O que interessa então é se ela está boa ou não. Para concluir, é inegável a presença da fotografia digital! Ela veio para ficar e é um processo irreversível. Da mesma forma como ocorreu com a TV à cores, o e-mail, a internet, o DVD, etc. Uma tecnologia vem substituir a outra. Mas não podemos esquecer que a tecnologia digital tem aproximadamente 15 anos, enquanto o filme fotográfico é utilizado há mais de 150 anos. Mas a fotografia digital não é uma concorrente do filme, e sim uma evolução dele. Não é uma tecnologia totalmente nova, e sim uma evolução dentro da fotografia. Não há motivo, portanto, para trauma, correria ou pânico para os fotógrafos ou clientes, que não devem se preocupar. A

mudança de sistema será gradual e, de certa forma, “natural”, não tão rápida como a mudança do VHS para o DVD, que foi quase instantânea, pois a diferença de qualidade nesse caso foi muito grande. Muitos fotógrafos já utilizam o sistema digital com vantagens, outros ainda usam filme com ótimos resultados. Pergunte ao Sebastião Salgado, o brasileiro considerado o maior fotógrafo da atualidade, se ele trocaria o filme por digital! Acho que ele nem responderia, ficaria ofendido. Enquanto, por outro lado, na área jornalística quase não se utiliza mais o filme, pela questão de agilidade. Ainda vamos conviver paralelamente com as duas tecnologias por algum tempo. Não se trata de uma mudança tanto para aumentar a qualidade ótica, mas sobretudo para tornar a fotografia mais ágil e barata, como tem se tornado mais ágil quase tudo em nossa época digital, em que tudo é imediato.

17


Ilustração

Ilustração

É

impossível negar as facilidades que a era digital trouxe ao design gráfico. No entanto, quando voltamos nossos olhos sedentos de referências para a formulação de novos conceitos estéticos no design gráfico, percebemos que as infinitas possibilidades de manipulação de imagens geraram um legado tão sedutor quanto incômodo. Sedutor por causa das inúmeras possibilidades que as ferramentas digitais oferecem. Incômodo por causa da animosidade provocada por este novo caminho entre os próprios designers. A evolução digital da fotografia, sem dúvida nenhuma, alterou significativamente a estética na criação gráfica. A era digital tornou possível utilizar imagens fotográficas com mais freqüência, sejam elas originadas de produções especialmente contratadas ou obtidas junto a bancos de imagens disponíveis via internet e em CDs. Porém, durante décadas

18

o artista gráfico teve a ilustração como alicerce de seu trabalho, fosse em anúncios ou rótulos, capas de livros ou de revistas, pôsteres ou qualquer outro produto gráfico. À medida que as tecnologias gráficas avançavam, os ilustradores também aprimoravam suas técnicas. Nos Estados Unidos - onde a publicidade iniciou seu processo evolutivo por volta dos anos de 1930 - ilustradores como Norman Rockwell retrataram o universo norte-americano de forma realista em diversas peças gráficas. No Brasil, mesmo com atrasos consideráveis em tecnologia gráfica, os ilustradores descobriram uma forma interessante de reprodução, especialmente na litogravura. Com a chegada dos anos de 1950, acompanhados pelo avanço tecnológico brasileiro, o mercado passou a exigir mais qualidade e realismo nos layouts eram apresentados pelas agências de propaganda que, por sua vez, também se espelhavam na qualidade dos trabalhos norte-americanos. Este foi o período em que os ilustradores começaram a ter importância no cenário publicitário brasileiro. Além de trabalhar nos anúncios, também passaram a atuar na ilustração de vitrines e nas lojas de departamentos que iniciavam suas atividades, criavam cenários para as emissoras de TV que começavam a surgir, elaboravam cartazes cinematográficos e desenhavam histórias em quadrinhos. Foi exatamente naquele período que, em Curitiba, Nilson Müeller começou a desenvolver seu trabalho ainda durante a adolescência. Como toda criança, adorava desenhar. Mas o que chamava a atenção era a fascinação do jovem Nilson pelos quadrinhos. Aos 15 anos, enquanto fazia estágio numa agência de publicidade, teve contato com ilustradores, muitos deles vindos da Europa. No meio publicitário, Nilson Mueller aprendeu como se fazia um layout, começando pelo desenho preciso das letras. Esta tarefa era realizada de forma manual, especialmente nos títulos das peças gráficas. Além de atuar em agências de publicidade, ele também trabalhou em lojas de departamentos na criação e execução de anúncios, vitrines e cartazes, recursos muito utilizados na promoção de produtos ou na decoração das lojas. Como a fotografia era muito pouco utilizada, a ilustração era um fator fundamental na divulgação dos produtos. Nas lojas Hermes Macedo, aprendeu a ter disciplina em seu trabalho, fator que ainda hoje considera fundamental para um ilustrador. Nilson conta que, desde cedo, viu nos livros um importante suporte para o desenvolvimento de seu trabalho. Por isso, apesar dos preços elevados, tinha o habito de comprar livros. No ano


de 1961, passou a trabalhar em emissoras de TV, criando e ilustrando cenários para programas. Depois de um tempo, decidiu abandonar a TV e dedicar-se às histórias em quadrinhos, seu sonho desde criança. Paralelamente, como forma de manter seu sustento, começou a prestar serviços como free-lance para as mais importantes agências de publicidade de Curitiba. Entre as diversas agências, atuou na Equipe Propaganda, de Norberto Castilho, onde insistia na utilização das ilustrações, prática que começava a ser substituída, aos poucos, pelas fotografias. Apesar de desenvolver um trabalho gratificante e reconhecido na área publicitária, a vontade de fazer quadrinhos profissionalmente continuava a ser o seu grande desejo. No final dos anos de 1980, esse desejo tornou-se ainda maior quando viajou aos Estados Unidos e visitou o Art Directors Club de Nova Iorque. Lá, por intermédio de Miran que conhecia um dos diretores do clube, teve contato com ilustradores e conheceu diversos trabalhos realizados por importantes profissionais da ilustração. Ainda naquele período, assim que retornou a Curitiba Nilson Müeller conheceu Maurício de Souza. O criador da Turma da Mônica ficou tão encantado com o trabalho de Nilson que o indicou a Joe Kubert, um executivo da Marvel Comics nos Estados Unidos. Essa indicação possibilitou um encontro entre os dois. O trabalho do brasileiro foi muito bem aceito pela Marvel e logo começaram algumas negociações com personagens que seriam criados por Nilson Müeller. Infelizmente, mudanças do direcionamento dos negócios da empresa norteamericana impediram a concretização da parceria. Mais uma vez, o sonho de Nilson Müeller teve de esperar. Ainda hoje, ele continua criando e desenhando seus personagens, aguardando uma oportunidade de publicação. Ele aposta em quadrinhos que tenham uma identidade brasileira, diferente da tendência norteamericana voltada para os super-heróis ou do modelo japonês no qual predomina o hiper realismo. De qualquer forma, independente da publicação ou não de seus venerados quadrinhos, Nilson Müeller já inscreveu seu nome na história das artes gráficas do Brasil. A ilustração manual, que ele tanto defendeu e executou com maestria, conferiu uma aura romântica às artes gráficas, fosse a bico-de-pena ou em grossas pinceladas de guache. O talento e a beleza das peças era tamanho que ficava difícil definir o limiar entre as artes plásticas e as artes gráficas: layouts que mais pareciam obras-de-arte, tipos desenhados com tamanha fidelidade e cuidado que denunciavam a finalidade das peças.

Sem dúvida, não se pode querer voltar atrás. Afinal, vivemos em um mundo veloz e a tecnologia é o combustível que move a nossa era. Este artigo não sugere uma volta ao passado, mas tem o objetivo de jogar luz no caminho que desenvolvemos hoje e que nos levará a desenhar o futuro. Ao resgatar o trabalho e o incontestável valor de um profissional cada vez mais raro no mercado, que atuou de acordo com um modelo praticamente extinto, o que se pretende é lembrar que a tecnologia jamais irá substituir o talento. Assim como Nilson Müeller, milhares de profissionais em todo o Brasil deixaram suas marcas. São trabalhos extraordinários que nos alertam para a busca do equilíbrio entre a tecnologia de ponta e o mais puro exercício do talento, construindo as artes gráficas de maneira autêntica e genuína, com um olho na história e o outro na inovação

19


Cabeçalho

Design, o poder do belo

S

ó as pessoas fúteis não fazem julgamentos baseados na aparência. O verdadeiro mistério do mundo são as coisas visíveis, não as invisíveis.” A frase acima, escrita pelo autor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), atravessou um século sendo repetida apenas como uma provocação e soando para muitos quase como um insulto. Pois bem, neste começo de século e milênio ela define uma atitude que tem enorme peso nas relações pessoais e que é fundamental na definição de sucesso ou fracasso de carreiras, empresas e produtos. A arte de fazer coisas belas, o design, tornou-se um componente vital da economia moderna. O termo design, da língua inglesa, está dicionarizado em português e definido pelo Dicionário Aurélio como “concepção de um projeto ou modelo”. No mercado de trabalho em empresas de ponta e altamente competitivas, os designers são hoje mais bem pagos e admirados do que os engenheiros e administradores. Um dos primeiros estudiosos a detectar e explicitar essa tendência foi o guru econômico americano Tom Peters. Diz ele: “Posso escrever sem esforço uma centena de situações em que o design é decisivo no mundo. Ele varia da aparência física de um quarto ao artista que faz a maquiagem de um apresentador de televisão. As pausas e os improvisos brilhantes nos discursos de Winston Churchill e os computadores da Apple são materializações de excelência no design. O design é tudo aquilo que torna uma coisa cotidiana mais usável ou desejável. Eu diria que viveremos daqui para a frente em um mundo em que a forma das coisas adquirirá mais e mais poder”. Ao americano Steve Jobs, o chefão da empresa de computadores Apple, citada por Tom Peters, atribui-se o feito de ter salvado sua companhia da falência simplesmente desenhando produtos irresistíveis. O mais recentes deles, o iPod, um pequeno tocador de músicas em MP3, tornou-se uma mania mundial e a grande fonte de receita da empresa de Jobs, superando os computadores

20

Mac em unidades vendidas. Jobs tem uma definição de design que resume como poucos sua importância no mundo atual: “O design é a alma das criações humanas”. Pode ser um sacrilégio, mas, se não é a alma, o desenho de um produto tornou-se nos dias de hoje o principal componente de sua trajetória no mercado. A elevação de uma peça qualquer à condição de ícone e sonho de consumo ou seu esquecimento nas prateleiras das lojas depende muito mais da forma que de outras características. Diz Peters: “O design já foi apenas um departamento das indústrias onde se dava o acabamento aos produtos. Hoje ele é, ou pelo menos deveria ser, o centro das atenções de todos. O desenho da gravata do executivo principal, a forma da linha de montagem, a capacidade de comunicação da logomarca da companhia ou a sinalização das portas de emergência fazem parte da mesma mensagem que a empresa emite para o público externo. É por esses sinais aparentes que ela será julgada”. Até pouco tempo atrás, a palavra design evocava produtos de aparência extravagante e, sobretudo, caros. O conceito está hoje totalmente mudado. Pela primeira vez na história, o cuidado estético com objetos, aparelhos, prédios e ambientes não está restrito a uma elite social econômica ou artística, limitado a alguns segmentos da indústria, nem está sendo feito, usado ou adquirido para passar a idéia apenas de refinamento. O apelo estético está em todos os lugares, em todas as coisas e, felizmente, se tornou acessível a quase todos. A origem dessa popularização repousa, em boa parte, numa mudança de percepção por parte da indústria e do comércio. Tradicionalmente, a forma de um produto era mero complemento de sua funcionalidade. No desenvolvimento de um objeto utilitário ou um aparelho, apostavam-se todas as fichas em sua qualidade, eficiência e durabilidade – a aparência era um detalhe adicionado no fim do processo. Criar produtos nos quais a probabilidade de surgir defeitos era próxima de zero foi o mantra entoado pelas corporações. O resultado é que, em inúmeros segmentos, os produtos concorrentes ficaram muito semelhantes. Como se diferenciar e chamar a atenção do consumidor para determinada marca? Resposta: fazendo com que o produto, além de cumprir bem sua função específica, atraia pela beleza, ou pelo estilo inusitado, ou por uma aparência identificada com o próprio jeito de ser e de pensar de seu usuário. Em suma, pelo design. Essa nova configuração é a economia do design. Apesar do nome, não se trata de um mero fenômeno industrial e comercial, e sim de uma inédita confluência de tecnologia e cultura. A própria expressão design superou a definição original, ligada a peças únicas de decoração, e abrange agora um espaço amplo.


Serve para tornar os ambientes de trabalho mais prazerosos, melhorando a produtividade das empresas. Também está presente no hermético desenho dos circuitos eletrônicos no chip de memória dos computadores. “Foi o design que conseguiu comprimir dentro de uma ambulância e, mais tarde, de um helicóptero os aparelhos imprescindíveis para emergências médicas”, diz Flávio Murachovsky, vice-presidente de tecnologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Os objetos de design passaram a ser consumidos em larga escala, tornando o cotidiano das pessoas mais agradável. “Depois de passar um século focados em outros objetivos, como resolver problemas de fabricação e baixar custos, estamos cada vez mais engajados em tornar nosso mundo especial, e o design é fundamental para isso”, pondera a filósofa americana Ellen Dissanayake, da Universidade de Maryland. Se antes o design era uma criação de ateliês, hoje ele representa o bom gosto em escala industrial. No novo xadrez da economia do design, os jogadores são as grandes corporações, como a Philips e a Sony. Mesmo os grandes designers que antes desenhavam para poucos clientes endinheirados, como o francês Philippe Starck e o americano Michael Graves, hoje trabalham para empresas que fabricam suas criações em grande escala e as distribuem para lojas de departamentos e supermercados – e, graças à escala, com preços em conta. Com sua popularização, o design tornou-se um combustível de peso das economias. Os designers são a parte mais visível de uma nova e cada vez mais influente categoria de profissionais, a daqueles que usam a criatividade como fator-chave nos negócios, na educação, na medicina, no direito ou em qualquer outra profissão. Autor de The Rise of the Creative Class (A Ascensão da Classe Criativa), o americano Richard Florida, professor de economia na Universidade Carnegie Mellon, diz que são eles que estão dando forma ao modo como trabalhamos, aos nossos valores e desejos – ou seja, tornaram-se a grande “filosofia visual” do nosso cotidiano. “Como essa criatividade é o motor do crescimento econômico, em termos de influência a classe criativa está se tornando a classe dominante em nossa sociedade”, escreveu Florida. Nos anos 20, a presidência das grandes corporações era em geral ocupada por um engenheiro. Nos anos 50, o posto muito provavelmente caía no colo de um dos administradores mais brilhantes da empresa. Os advogados reinaram nas décadas de 60 e 70. Nos anos 80, foi a vez dos homens de marketing. Hoje, o líder empresarial precisa ter sólido vínculo com o design e o processo criativo – de outra forma, sua empresa arrisca-se a perder a sintonia fina com o mercado. O aumento na oferta de produtos com desenho inovador acabou

por criar uma via de mão dupla: o consumidor também passou a exigir objetos mais bonitos e com os quais se identifique. “Vivemos uma época única, em que a estética se tornou prioridade porque ficou mais fácil enfeitar nosso dia-a-dia, nossa vida, e desejamos fazê-lo”, disse a VEJA a jornalista americana Virginia Postrel, autora do recém-lançado livro The Substance of Style – How the Rise of Aesthetic Value Is Remaking Commerce, Culture & Consciousness (A Essência do Estilo – Como a Valorização da Estética Está Mudando o Comércio, a Cultura e a Consciência). Virginia chama atenção para o fato de que a revolução do design se deu não apenas nos produtos industriais, mas também nos ambientes que freqüentamos e nos quais vivemos. Foi justamente ao compreender o papel vital do ambiente na experiência do consumidor que a IDEO, baseada na Califórnia, se tornou a mais inovadora e requisitada empresa de seu ramo nos Estados Unidos. Além de criar produtos e embalagens, ela se especializou em organizar espaços físicos. Uma de suas experiências mais interessantes ocorreu com a maior rede de hospitais americanos, a Kaiser Permanente. Para resolver uma série de queixas e problemas ligados ao atendimento, os executivos da Kaiser viam a necessidade de construir novos e caríssimos edifícios. Para ajudá-los a projetar as novas instalações, contrataram a IDEO e logo tiveram uma surpresa. A firma redesenhou os espaços, criando salas de espera mais confortáveis e consultórios menos gélidos. O problema da Kaiser foi resolvido sem a construção de um único prédio novo. “A IDEO nos mostrou que precisamos construir experiências humanas e não edifícios”, disse Adam Nemer, da Kaiser, à revista Business Week, que estampou a IDEO na capa de uma de suas últimas edições.

21


Artigo Técnico

Criatividade e seus mitos

J

á foi comprovado que o incentivo à uma cultura empresarial baseada em inovação é fator critico para o sucesso de um negócio. Uma recente pesquisa realizada pela organização americana Boston Counsulting Group cobrindo vários segmentos empresariais em mais de 50 países, mostrou que nove em dez executivos acreditam que a geração de valor através da inovação é essencial para suas empresas. O desenvolvimento de idéias para novos produtos, serviços e processos têm sido apontado como uma das principais características dentro de uma cultura organizacional na busca pela vantagem econômica. Consequentemente, sendo a criatividade uma das premissas básicas para o desenvolvimento da inovação, ela ganhou imensa importância da discussão econômica atual. Mas como a criatividade pode ser incentivada e sustentada dentro de um ambiente de trabalho? Certamente não existe uma fórmula mágica que faça com que a empresa modifique sua cultura e passe a atuar criativamente em um curto espaço de tempo, mas o estudo de alguns mitos em relação ao tema, pode nos ajudar neste processo. Teresa Amabile, uma pesquisadora sobre criatividade na Harvard Business School, identificou através de uma recente pesquisa 6 grandes mitos sobre a criatividade:

1. Criatividade é uma qualidade das pessoas criativas

A pesquisa mostra que qualquer pessoa com um nível normal de inteligência é capaz de desenvolver algum grau de criatividade no seu trabalho. Criatividade depende de diversas questões: experiência, incluindo conhecimento e habilidades técnicas, talento e uma habilidade de pensar através de novas formas. Auto motivação também é extremamente importante, uma vez que pessoas apaixonadas pelo que fazem, trabalham de maneira mais criativa.

2. Dinheiro é fator motivante para criatividade

Bônus e planos de remuneração variável de acordo com a performance podem ser um problema, uma vez que as pessoas associam cada ação tomada com sua influência na compensação financeira. Nestas situações, as pessoas tendem a ser adversas à riscos. É claro que é essencial que as pessoas se sintam bem remuneradas, mas a pesquisa de Amabile mostrou que as pessoas conferem maior valor a um ambiente de trabalho onde criatividade é incentivada, valorizada e reconhecida. Pessoas buscam oportunidades para um profundo envolvimento com seus projetos para desta forma, desenvolverem progressos reais.

3. Pressão de tempo é um incentivo à criatividade

Pessoas tendem a acreditar que são mais criativas quando estão sobre a pressão de tempo. No entanto, o estudo em questão mostrou exatamente o oposto. Pessoas são menos criativas quando estão brigando com o relógio. Na verdade, foi identificado uma certa ‘ressaca’ associada à pressão do tempo. Quando as pessoas estão trabalhando sobre uma forte pressão de prazos, sua criatividade é reduzida não só naquele dia, mas também nos dois dias posteriores. A pressão de tempo reduz a criatividade porque as pessoas não podem se envolver profundamente com os problemas. Os profissionais precisam de tempo para identificar o problema e deixar as idéias aparecerem naturalmente.

4. Ansiedade auxilia na quebra de barreiras

O estudo mostrou que, dos diversos sentimentos que uma pessoa pode experimentar ao longo do dia: medo, ansiedade, tristeza, raiva, felicidade e amor, alguns são associados à criatividade de maneira positiva e outros negativa. Criatividade é positivamente associada com felicidade e amor e negativamente relacionada com raiva, medo e ansiedade. Curiosamente pessoas estão felizes quando tem uma idéia criativa, mas só conseguem quebrar as barreiras e romper paradigmas se tiverem sido felizes no dia anterior. A felicidade de um dia normalmente favorece a criatividade no dia seguinte.

22


Saga

Amanhecer

Jรก nas livrarias


D e s i g n & F o t o g r a fi a daianyjc@hotmail.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.