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RIO PINHEIROS E A RETIFICAÇÃO

O crescimento populacional exacerbado no final do século XIX e início do século XX, muito por reflexo de imigrantes que vieram à São Paulo em busca de novas oportunidades de emprego, não foi acompanhado por medidas eficazes no planejamento urbano. Trazendo consequência de um aumento na densidade demográfica e agravando condições insalubres de moradias sem tratamento de esgoto ou de água. Todo esse esgoto sem tratamento era jogado nos rios como forma de escape. O rio Tietê e seu principal afluente, o rio Pinheiros, eram rios meândricos, sinuosos e com grandes áreas de inundação com cheias frequentes (ver mapa 1). Suas várzeas eram evitadas pela elite paulistana, e quem ocupava eram operários que trabalhavam em indústrias que também ocupavam essa área, como é o caso do processo histórico dos bairros da Barra Funda, Brás, Mooca, Bom Retiro, Jaguaré, entre outros. Todo o esgoto das residências próximas dali desembocavam nos rios, além de todos os dejetos das indústrias, tornando-os poluídos. No final do século XIX, haviam estudos sobre a retificação dos rios Pinheiros e Tiête, que tinham como pretexto a higienização da cidade, para evitar possíveis surtos epidêmicos. Porém há discussões também sobre a especulação de terras e interesses do mercado imobiliário e mercado automobilístico que se beneficiaram do processo de retificação.

Além dos interesses da indústria imobiliária e automobilísticas, havia também o interesse da Light, empresa privatizada que fornecia energia para a cidade de São Paulo, em retificar o rio Pinheiros com intuito de controlar o rio para a geração de energia. Foi decidido que a empresa Light executaria as obras de retificação e em troca receberia todas as terras abaixo da cota máxima de inundação do rio - há discussões sobre um evento em particular em 1929, sobre uma das maiores enchentes na história de São Paulo que foi manipulada pela Light para adquirir mais áreas, que futuramente iriam se tornar sua propriedade. (FALCÃO, Denise apud SEABRA, 1987, p. 54). Os rios eram usados para o lazer, pesca, agricultura, banhos e lavagem de roupas, mas foi interrompido o uso em 1944, por conta da grande contaminação das águas. Na realidade, o rio era usado até pouco tempo atrás, e é possível perceber que a degradação do rio foi mais abrupta e recente do que imaginamos.

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A partir do levantamento Sara Brasil, feito entre 1928 e 1932, é possível identificar a mancha urbana que se formava entre os rios Tietê e Pinheiros, e os rios antes do processo de retificação, mostrando suas características meândricas, sinuosas e não retilíneas.

Mapa 1 - Mapeamento Sara Brasil - 1930 Fonte: GEOSAMPA (http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx)

Já no levantamento do Mapeamento VASP, de 1954, que apesar de ter trechos incompletos, conseguimos identificar os rios Tietê e Pinheiros retificados, e parte do processo de expansão da mancha urbana. A obra de retificação teve seu início em aproximadamente 1928, e a finalização da obra se deu por volta da década de 50, entre pausas, por troca de gestões e por motivos relacionados com o exterior, como a crise de 1929, que viria a interromper o processo também.

Mapa 2 - Mapeamento VASP Cruzeiro - 1952 Fonte: GEOSAMPA (http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx)

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