Lautriv Mitelob - BV003

Page 1

lautriv-mitelob: a-z :boletim-virtual.pdf

cod.

003 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

SOL: TERTÚLIA ACADÊMICA No Rio, Silvino Olavo manteve uma vida social bastante ativa. Era convidado para jantares e festas, e participava de algumas agremiações. Era o presidente da delegação parahybana de futebol, e também frequentava a Academia de Letras e Ciência integrada por nomes de peso, como Sergio Buarque de Holanda e Afonso Arinos. Na “Tertúlia Acadêmica” – sociedade litero-científica que se reunia no Instituto Nacional de Música, e que tinha sede social na rua Rodrigues Silva – recebia os estudantes dos Estados, oferecendo-

sexta-feira, 19 de julho de 2013 (formatado para encadernação)

lhe as boas-vindas dos acadêmicos. Além de SOL, participavam Caetano Galhardo, João Celso, Mauricéa Filho e Coelho de Almeida. Nas palavras do presidente, a “Tertúlia” foi a “semente lançada por meia dúzia de mãos felizmente em campo fértil, e que em breve rebentará humilde e tenra, para logo crescer a árvore e estender os ramos, tornar-se frondosa e opulentar-se de frutos, um dos quais era o livro de versos do Sr. Silvino Olavo”. Em maio de 1923, a agremiação realizou uma sessão solene em homenagem ao ilustre Rui Barbosa, usando da palavra o vate esperancense

para exaltar a “obra jurídica, literária e política do grande brasileiro” (Jornal do Brasil: 13/05/1923). Na reunião de setembro foi em homenagem a SOL, que por ocasião do encontro apresentou o seu livro de versos (Cysnes) a ser publicado em breve. O órgão também realizava soirées dançantes, cursos e congressos, notadamente aquelas realizadas em 1924, a exemplo dos encontros no Centro Pernambucano, o curso de esperanto, o congresso dos estudantes de medicina e os recitais poéticos, sobressaindo o nosso poeta em todas as apresentações. (http://historiaesperancense.blogspot.com.br)

(130715, Rau Ferreira)

_____________________________________________________________________________________________

E, NESSAS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ, AS BENZEDEIRAS DE ANINHA Li no blog do Rau Ferreira e Evaldo Brasil, um artigo sobre as benzedeiras de Esperança. Ah, Rau, quem já não foi a uma? Na Rua do Cemitério onde morei a infância e depois de casada voltei a morar, havia uma senhora muito simpática, era D. Terezinha. Ela benzia a meninada toda contra mal olhado, ventre caído e mais um monte de coisas. Nos meses que se antecediam ao Dia de Finados ela fazia flores de plástico com um cordão de pendurar no pescoço, as cores eram sempre as mesmas, azul, lilás e branco. No dia, ela vendia essas flores para os visitantes do cemitério. Eu particularmente nunca gostei de lilás, lembrava sempre de perdas e dias de finados. Ao chegar nesse estado da alegria chamado Bahia, essas flores ganharam novas configurações. Aqui as mesmas flores, confeccionadas do mesmo jeito são usadas no pescoço em dias de festas como as micaretas e

carnavais. Eles são mais coloridos, afinal é festa. As festas coloridas são mais marcantes, eu acho, e os colares de flores hoje não lembram mais enterros e funerais, mas lembram micaretas e carnavais. E assim como lá, cá também tem benzedeiras, acho que mais numerosas. Essas mulheres de fé são realmente fascinantes. D. Terezinha estava sempre com a casa aberta, disposta a ajudar quem a procurasse. Hoje vendo essas mudanças e como elas são vistas com maus olhos pela sociedade em cidades grandes, e como são valorizadas em cidades pequenas onde a fé e a busca por curas diversas se resume a benzedeiras e não a hospitais. Esses dias uma senhora de idade foi agredida física e verbalmente, por grupos religiosos aqui no bairro pelo simples fato de benzer contra o mau olhado crianças da periferia, e também pelo fato de ser do gênero feminino, a

classe média não aceita que pessoas com baixa escolaridade e sem atendimento adequado médico, venham aos bairros sofisticados em busca de benzedeiras, é inaceitável para a maioria intolerante. Ao ficar ciente dos fatos, me sinto como uma sucuri que engoliu um boi informacional. Fica difícil digerir tanta ignorância. Por que o preconceito com pessoas que só querem fazer o bem? E nessas voltas que o mundo dá. A gente percebe que a árvore que dá frutos é sempre a que mais recebe pedradas. (http://deboramascarenhas.blogspot.com.br/) (130713, Ana Débora Mascarenhas)

_________________________________________________________________________________________________________________________________________ FOTO: Acervo de Rau Ferreira.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.