Lautriv Mitelob - BV005

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005 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

sábado, 10 de agosto de 2013 (formatado para encadernação)

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P5 E AINDA: Sombra Iluminada, o Samba Enredo; O Cisne Dourado e Soneto de Esperança.

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Boletim Virtual 005 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

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udo que existe do mundo da cultura, artificial, criado pelo homem, existiu antes no mundo das ideias, do pensamento, virtual por excelência. Depois de ver Sociedade dos Poetas Mortos, o filme, fui movido a escrever Sociedade dos Poetas Vivos, o soneto, em 28 de março de 1991. Vivia a tristeza de ver a página dedicada às artes ser substituída por anúncios no antigo A Folha. Hoje, os poetas esperancenses, em sua maioria, da nova geração, se agregam no mundo virtual com seus blogs e páginas no facebook. Arthur Richardson, Bruno Rodrigues e Bruno Mota gerenciam a Sociedade dos Poetas Esperancenses, grupo aberto no facebook1; página que já conta com 29 membros. Dentre eles, Roberto Cardoso e João Delfino; Adriano Vital e Rau Ferreira; André Medeiros e Anderson Hirota caracterizam três gerações de membros. Dentre as mulheres, Ramona Louise e Malu Oliveira; da imprensa, Joseilton Belarmino, Isabele Rakel e Andrade Notícias. Visitando a página para esse registro, encontramos de novembro passado pra cá 12 postagens de Rau Ferreira; 10 de Erik Kleiver; 5 de Arthur Richardson; 2 de Thalles Raphael; 1 de Malu Oliveira, 1 de Bruno Rodrigues, 1 de Pedro Henriques, uma nossa.Das publicações mais recentes, Erik Kleiver nos apresenta o blog Na Capa Dura 2, no qual encontramos o poema Se o fim fosse assim, postagem de 02 de agosto, além de seu Caderno de Desenhos. Thalles Raphael nos brinda com seus Devaneios Maçantes. Saiba mais em 1 (http://www.facebook.com/groups/140799789391284/) 2

_DEVANEIOS MAÇANTES_ Recomendo a solidão, no vazio diluído, recomendo compaixão, nesse caso perdido, minha dança mental, teu cristo esquecido, essa é a modernidade, tudo nada vivido. (Thalles Raphael) -----------------------------------------


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SE O FIM FOSSE ASSIM por Erik Kleiver, em (http://duracapa.blogspot.com.br/)

Se fosse simples viver Seria vivo o dizer Mas como não é Viva o simples. Se fosse apenas um dó Um dó no desatar do nó O soar do som profundo Do dó maior pra um dó menor Aquela tristeza repentina Veria fundo na retina Que o dó menor sempre foi um só.

Se a prece fosse cerca de fio elétrico Se apresse pra correr até o fim Pra eletrocutado não sofrer desmaio múltiplo Nem perder os sentidos Nem estático ficar em choque Mesmo que foque no fim Ninguém leva choque longe do fio.

_PORTA-LUVAS_ Dentro do porta-luvas Carrego uma esperança Levo luvas Uvas Passas e passadas Levo trevo Seco Prontos para serem tragados Dentro do Porta-luvas Carrego uma Esperança

_SOCIEDADE_ Negro, mestiço, ou não Amarelo, alvo ou anão Novo, velho ou ancião Aprendiz, educador ou educação Musicista, vendedor de flores ou ladrão Experiente, bom ouvinte ou sem informação Desvairado, comum ou sem noção Presente, futuro ou geração Diferença, respeito ou compaixão Sociedade, cores, dias ou simulação? Vidas, pessoas ou ficção? (Malu Oliveira) -----------------------------------------------------

Levo o vento Lento Com gosto de fim Levo um doce de coco Com gosto pra saborear Dentro do Porta-luvas Carrego uma Esperança Armada

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Com calibre 38 Para saborear A lentidão Do vento No trago Do meu trevo Queimando Minhas luvas No fim. (Bruno Rodrigues)


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quem os fizesse algum mal. A figura daquele jovem franzino, alvo como a areia representava a própria inocência. Quantas lições o poeta não tirou daquele encontro, que ele próprio considerou uma aventura? Talvez não por acaso escrevesse em SOLILÓQUIO DE UM SUICÍDA: “Que tenebroso mal, é o da existência! E os pobres homens estão sós no mundo!!!”. Sujeitas as têmperas sazonais, a agricultura e os agricultores sofrem alegremente a sua condição de homens e de seres. E se harmonizam. O poema deslumbramento (in: Sombra Iluminada) retrata um pouco desse quadro tenebroso que as secas provocam, mas também o amor do vate pela sua terra natal. Fora ao tempo do surgimento de Cysnes (1924), quando tomado de tamanha nostalgia, em conversa com Pádua de Almeida, confessou Silvino (o Olavo) aquela passagem de sua vida, concluindo que apesar de tudo estremecia de felicidade, se ficasse eternamente ali, no seu sertão coroado de sol e algodão. Com a voz embargada de saudade, recordava os parentes e a “solidão ingenuamente vigorosa das matarias”, evocando “o panorama calmo do vilarejo em que nasceu”. Naquela oportunidade, declarou acerca de sua tristeza: “Ah! Meu amigo! Foi a cidade com sua irradiação perversa, os seus deslumbramentos venenosos, que me fez a alma tão desiludida das coisas” (Fon-Fon, Ano XVII, N° 29).

POR RAU FERREIRA

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uero falar agora de dois Silvinos que tiveram uma grande presença em nosso torrão, Esperança. O primeiro é poeta, ajudou-nos na emancipação e segundo os críticos é o maior representante do Simbolysmo Parahybano. O segundo mitificado pelo ícone de Robim Hood compareceu várias vezes nestas plagas para “arrecadar” dinheiro. O que os une não é só a Esperança, mas a esperança de dias venturosos. Há também um elo próprio denominado SILVINO. Silvino Olavo da Costa (ao lado) dispensa qualquer apresentação. Seu nome é constante em nossas publicações e conhecido dos nossos leitores. Manoel Batista de Morais – cujo epíteto era Antônio Silvino, abaixo – foi objeto de estudo quando da plaqueta “A passagem de Antônio Silvino por Esperança” e que está ancorada no IHGP. Não bastassem aquelas notas sobre hoje se nos abre mais uma página da história esperancense. Pois bem. Certa feita, SOL foi encarregado por seu pai – Manoel Joaquim, um próspero Fazendeiro de Banabuyé – de entregar uma determinada quantia “a fim de livrar das ameaças do famigerado cangaceiro” que vociferava invadir a casa grande. Separou uma pequena soma, fruto da venda de algumas cabeças de gado, e entregou ao garoto mediante recomendação de ir correndo a tal lugar. menino atendeu prontamente a solicitação do seu genitor, tomando rumo por entre os algodoeiros. Caminhou meia légua até se deparar com o “Capitão” e seu bando: um homem alto, montado num cavalo e cercado de outros igualmente armados; vestidos de couro e “rifle pendente do arção”. O poeta fitou-lhe nos olhos e era um misto de espanto e entusiasmo; aquele momento ficou gravado na sua retina enquanto o cangaceiro estendia a mão para receber do pequenino um maço de réis. Como é de nossa ciência, o Antônio respeitava moças e crianças e não tolerava

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Quanto ao outro Silvino (o Antônio), rendido anos depois cumpriu pena no Recife e veio residir em Campina. Faleceu na Campina Grande em 1944. Saiba mais: Arção: Peça de madeira que estrutura a sela em formato de T, e que serve para fixar a montaria ou as cangalhas dos animais. http://historiaesperancense.blogspot.com.br/ http://tokdehistoria.wordpress.com/2010/12/29/as-grutas-da-fazenda-colonia-2/ 4


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FRASES DE KARL MARX

POR ANA DÉBORA MASCARENHAS

O Advogado e poeta Karl Marx Valentim Santos ensaia já há algum tempo o exercício da palavra. Recentemente, entrou no mundo virtual e está com seu blog no ar. As frases são a essência, mas também há poemas. Veja a seguir algumas de suas reflexões e reflita junto. Se quiser ver (sim, ver) ele costuma associar a imagens e publicar no facebook, confira! O link está logo abaixo. SÍNDROME DE DOWN “Não é preciso muita coisa para mudar a vida, basta só um cromossomo, no entanto não se pode deixar o cromossomo mudar o amor que devemos sentir pelo próximo”. AMOR “O amor não pisa o coração, conforta-o”.

A

figura paterna é interessante, a psicologia se retrata sempre a mãe e pouco ao pai. Do meu lembro pouco, a imagem que tenho foi formada pela ótica dos meus irmãos e irmãs que com ele conviveram. E é linda. Um homem forte, sábio e autodidata, (aprendeu a ler sozinho), filantropo e pessoa de personalidade forte e, sobretudo, um empreendedor de sucesso. Hoje me veio a memória a sua história, acho que é por que tá chegando o dia dos pais, agora que não tenho pai nem mãe. Me cabe ser mãe. E eu adoro essa função. Se é verdade que os filhos herdam características paternas, acho que tenho algumas que lembra ele (isso é o que dizem). O jardim que ele fez pra minha mãe era lindo, um presente para ela que gostava de bichos e plantas como eu. Gosto de contar as histórias dele pra meus filhos, eles terão a mesma imagem que tenho. E nessas voltas que o mundo dá, filho de peixe as vezes peixinho é. Não calço as suas sandálias, mas me esforço pra ser um pouco do que ele já foi um dia.

FALA “Quando o homem falar para multidões, deve falar de paz, pois a guerra fala por si só”. CONSUMO “O consumo precisa mais de matéria-prima do que do próprio consumidor, pois se esvaziar a fonte produtiva o consumidor desaparece”. SUBIR “Cair não representa fracassar. Fracassar é cair e não se levantar quando ainda há possibilidade de ficar de pé”. ENIGMA “Você acorda e descobre que está vivo, mas o direito de acordar não lhe dá o direito de descobrir se você estará morto mais tarde”.

Foto: “Pai na rua do cemitério e seu feijão pra secar” Acervo: Evaldo Brasil, copiada de monóculo. Saiba mais: http://deboramascarenhas.blogspot.com.br

Saiba mais: http://frasesabertas-frases.blogspot.com.br/ 5


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O CISNE DOURADO

“SOMBRA ILUMINADA”

SONETO DE ESPERANÇA

(Dedicado a Silvino Olavo)

(Dedicado a Silvino Olavo)

(Dedicado a Silvino Olavo)

Nas mansas águas do lago Esperança vai-se em reflexos o cisne luzindo; o seu contorno n’água refletindo a imagem da pureza de uma criança

Canto a tristeza como quem canta a morte para a morte, como quem perde o norte em busca de uma alegria santa!

E o seu canto ao longo se ouvindo em voz espectral nos traz à lembrança os velhos encantos da vila Esperança que o tempo nefasto acabou destruindo

E ela fulminante se impõe, desafinando a voz sem piedade, impedindo a luz da realidade semear razão no que se sonhe...

A sua vida – sempre reluzente – faz fulgurar, ao longo, este lago através de seu canto e verso encantados É esta ave de penas fulgentes, cuja beleza está em seu brilho mago o mais precioso dos cisnes dourados.

Claudionor Vital Pereira (Revista da Esperança, pág. 14, 3ª Edição, 1997)

Jayme Gonçalves de Lima (Samba enredo do GRES Última Hora, 1981) Como podemos ver a memória de Silvino Olavo, de tempos em tempos, é reverenciada. A figura mostra a partitura que o maestro João Veríssimo preparou para o Carnaval de 1981 da Escola de Samba Última Hora. Herdeiro de Jayme Pedão, o irmão Marcelo Marré Gonçalves de Lima, mantém a chama acesa nos Carnavais. Quem sabe um dia possamos brindar à gravação deste e doutros da Última Hora.

Mas eu me encontro com o sorriso dando vez e voz ao meu cantar para ter valor minha alegria pois há crescimento e energia a suprir meu justo caminhar para construir o sonhado paraíso.

Evaldo Brasil (Revista da Esperança, pág. 15, 3ª Edição, 1997)

Saiba mais sobre Silvino Olavo e Esperança em: http://historiaesperancense.blogspot.com.br/ 6


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