Lautriv Mitelob - BV001

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cod.lautriv-mitelob:abcdefghinjokvlomtneompoqdresntouvowxyz:boletim-virtual.pdf 001 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Não é notícia nem jornal: apenas Boletim Virtual Carentes de dedicação às coisas de valores universais, tais como arte, leitura, tradições e memórias; carentes de política cultural; carentes de agentes dedicados a causas sem fins lucrativos, mas das vocações outras que não a comercial... surgimos e ressurgimos em fases cíclicas.

Nino Pereira, João de Deus, João de Patrício, José Régis, José Torres, Inácio Gonçalves... Egberto Vital etc. etc. etc.

Rau Ferreira hoje, Evaldo Brasil ontem, Roberto Cardoso anteontem. Sonhos, ideias, desejos, projetos, realizações, frustrações. E a peleja continua com e depois de

Tantos somos, tantos queremos e estamos tolhidos pelos agentes das circunstâncias, pelo materialismo, imediatismo, modismos e comodismos fatais.

Tantos foram e quiseram, mas não ousaram ou foram tolhidos pelas forças das circunstâncias, pela conjuntura, pelo descaso.

(Evaldo Brasil, pelos Ativistas).

DAS ARTES A Fotografia como olhar Conceituar não é fácil e não há consenso apesar de algumas coisas já estarem bem definidas, como a relação com o belo, apesar de mais das vezes representar coisas feias e tristes; e a representação, apesar das vezes que é mais realista que a realidade.

Pois que muitas coisas podem ser questionadas, mas não se dê espaço a questões por preconceito ou por ignorância, sendo esta mais rapidamente tratável. Creio. Dentre as diversas vertentes: a fotografia. Recomendo ver as fotos que Mércio Araújo tem postado no facebook. Procure Mércio Esperança. Evaldo Brasil, (13 06 02


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DA HISTÓRIA

A Tradição das Rezadeiras em Esperança olho mau, invejoso. O ventre caído ou virado é uma doença que acomete as crianças. Causa mal-estar, vômitos e diarreias. A benzedeira vira a criança de cabeça para baixo e bate com a palma da mão nos pés do infante. Espinhela caída ou lumbago é uma doença que causa dor na boca do estomago e nas pernas, e sensação de cansaço. Fogo selvagem ou pênfigo é uma doença que faz nascerem bolhas na pele e nos casos mais graves erupções internas. No momento da reza ninguém pode passar em frente, nem pegar no ramo depois, pois os fluídos são absorvidos pela planta que deve ser jogada fora. As crianças são as principais freguesas das rezadeiras, mas adultos também se submetem a seus mistérios. Fala-se muito em mulheres, mas há homens que também rezam. Não e muito comum, devemos admitir, mas fazem com igual competência. Em nosso município, as principais benzedeiras são: Josefa, Severina, Maria, Pedro e Ciça. Por questão de privacidade, preferimos omitir os seus sobrenomes, mas quem não conhece em sua rua ou bairro uma velha rezadeira? Com a palavra o caro leitor... Entretanto, os pais desconhecem o poder da bênção aos filhos. Trazemos ainda a mácula do pecado original, mas como batizados renascemos para a vida em Cristo. Os pais têm sim o poder de orar e rezar pelos seus filhos afastando o mal e curando-lhes de alguma doença espiritual, inclusive impondo-lhes as mãos. Em qualquer caso, poderá pedir a intercessão de Jesus sobre a criança que certamente a graça será alcançada.

A data é imemorial. Ninguém pode precisar quando se iniciou essa prática religiosa. Alguns poderão afirmar que é resquício da Idade Média e outros que a crendice popular veio ao Novo Mundo trazido pelos colonizadores, silvícolas, aventureiros ou imigrantes escravizados. Mas o fato é que a tradição das rezadeiras e benzedeiras faz parte da nossa cultura. Ela pode se contrapor a fé -dirão alguns-, mas não queremos adentrar neste mérito em respeito à liberdade religiosa. Itapuan Bôtto Targino foi quem melhor definiu essa manifestação popular: “representa a liderança mística do povo que, com seus recursos, procura minimizar a dor e o sofrimento de sua carência, substituindo e assumindo a função de terapeuta da alma e do corpo” (Saberes e Fazeres do Povo: Resgate da Cultura Popular na Paraíba. Revista AMPB. Gráfica JB: 2008.). O ensinamento é repassado pela oralidade. As mais velhas ensinam as mais novas a “reza” que mistura elementos religiosos e conhecimento empírico. Santos são chamados e os passos de Jesus na terra lembrados. “Mandai para as águas profundas do mar”, dizem. A característica principal das benzedeiras é a fé inabalável. Em segundo lugar, elas costumam cultivar plantas em seus quintais, de onde tiram ramos e folhas para as suas rezas. Espanta-se mau olhado, inveja e ambição “nas carnes e no espírito”. Raízes e folhas são adicionadas e quando o ramo resta murcho é porque as forças eram muito negativas. As doenças espirituais mais conhecidas são espinhela caída, ventre caído ou virado e fogo selvagem. O quebranto só é curado depois de três dias consecutivos de oração. O mau olhado vem do

(Rau Ferreira, 13 06 02 http://historiaesperancense.blogspot.com.br).

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DO MOVIMENTO

DAS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ: Uma nova onda que pode virar tradição Blogs e páginas nos sites de relacionamento virtual pipocam a todo instante. Dos daqui, além dos consagrados e que estão a derramar o sangue para manter-se, encontrei no feriado de Corpus Christi um blog de uma esperancense: http://deboramascarenhas.blogspot.com.br. Memórias e reflexões de quem, como tantos, não reside mais aqui e por aqui vem e vinha para ter com a mãe, recém desencarnada, e mantem o vínculo especialmente pelos fios da virtualidade internética. REVIVENDO ESPERANÇA “Este blog é para publicar fatos históricos da cidade de Esperança/PB, bem como, inserir no contexto histórico pessoas e famílias que contribuíram para o crescimento do município de Esperança”. Assim se define o espaço ao qual se dedica João Batista Bastos, o João de Patrício. Eis a sua última postagem, de 18 de abril, em http://revivendoesperancapb.blogspot.com.br.

Quem conheceu Professor Delfino jogando futebol?

Era a prática de esportes, às vezes, brincadeira, distração e nunca um caráter sério de profissionalismo. Os peladeiros de fim de semana. O time não tinha nome, inventavam qualquer nome, qualquer um valia. Em Esperança, a juventude sempre primou pela prática de esportes, principalmente, o futebol. Na década de 60, a cidade não tinha espaços reservados para a prática de esportes. Não havia um compromisso dos governantes com o incentivo e o desenvolvimento da prática esportiva, como existe hoje. Para quem conhece Esperança, desde as mais remotas décadas, ou, aqueles mais jovens, com certeza, jamais conheceram um cidadão como João Delfino Neto praticando futsal. É mais fácil conhece-lo hoje, como ex-professor do Colégio Estadual, dentista, político, ex-prefeito, etc. Recordar é sempre bom, salutar, resgatar personagens e vultos que contribuíram com a história de Esperança. De pé: Chiquinho, Zezinho e Delfino. Agachados: Goteirinha, Careca e Antonio de Pádua.

A Arte, a Vida e os Artistas A vida é uma escola e viver é uma escolha que precede ao nascimento. Bonito, feio, abastado ou no miserê, não importa. É preciso saber viver, como diria o poeta popular.

brincante junino de primeira, dá seus pulos, anima, marca e segura o ritmo. Ambos fazem pareia, aqui ali estão juntos.

Aqui estão dois caras que sabem disso. Gasparzinho, o cara das mil caras, de prenome, nome, e sobrenome Edivando Augusto Ribeiro dos Santos, e Júlio Vanderlâneo Alves Fernandes, o se vira nos 30. O primeiro se faz palhaço pra ganhar o pão e vive de criar e recriar personagens, o segundo,

Você pode não ir com a cara deste ou daquele, mas não pode ignorar suas qualidades. Nossa homenagem. Evaldo Brasil (13 06 02) pelos Ativistas

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CORDEL 49-34

A poesia de Silvino Olavo I I O soneto é a estrela da poesia Montado numa forma provocante Cujo rigor pode causar arritmia A quem nunca bebera nessa fonte. Duas estrofes formam quartetos, Duas outras informam tercetos, Completo em caráter circundante.

IV Seus pais e irmãos: lembrança Da infância entre jogos e arroubos Alegria e choro marcariam a sina De quem vivera a vida entre lobos. Mas preferiu ser um observador Das andorinhas em festivo rumor Na aparente sonolência dos bobos.

VII Ó vida boa de ócio ingênuo, puro, E lindo galope ladino pra Capital, Ao recordar-te vem-me agora, juro, Um enorme desejo alegre – nau. De chorar sorrindo diante da luz Que reflete no espelho e me seduz Para me libertar, enfim, do banal. (080319, Evaldo Brasil)

RETORNO

Revisitando o Retorno do Poeta II Eu vejo a terra, onde em criança, Também joguei meus jogos pueris, Retomar o encanto, a esperança, Da vila onde o poeta vivera feliz. Como palhaço a desatar em cena, Choro achando, já não vale a pena, Trazer à tona um sentimento gris.

V A menina, a que mais bem quis, Ao poeta, em sua vida dramática, Foi seu batismo de sangue e dor Ante a face da lua morta e apática. Abandonado pelo espelho do sol, O negrume sufocando o arrebol, Anoiteceu, em depressão lunática.

III Fecha o ciclo, vida de ócio, boa, O poeta, o gênio numa grave lira, O castanheiro, sua sombra mansa, E a imagem para onde se mira. Sua casinha com portas e trancas Visava o beiral de casas brancas À sombra da Matriz o poeta delira.

VI Mas o festivo rumor de andorinhas É imagem de espírito em liberdade Diante do agito enquanto se dorme Perante os gorjeios dessa lealdade. Somente presença fiel dessas aves Podia levá-lo, volátil em suas naves: Tristeza, alegria, a dor e a saudade.

Revejo a terra onde vivi criança Onde joguei meus jogos pueris A encantadora Villa de Esperança Cuja recordação me faz feliz.

Meu castanheiro e sua sombra mansa Minha casinha perto da matriz Meus pais e meus irmãos, quanta lembrança! Minha menina – a que mais bem me quis! Beiral de casas brancas e baixinhas Onde se agitam, quando a gente dorme Num festivo rumor, as andorinhas Ó vida boa de ócio ingênuo e lindo, Ao recordar-te vem-me agora um enorme Desejo alegre de chorar sorrindo...

FOTOS: Cena da Paixão de Cristo 2010, GTA Jesus de Nazaré: Mércio Esperança; Delfino Jogador: João de Patrício; Gasparzinho e Júlio Vanderlâneo: Internet; Silvino Olavo, o Poeta dos Cysnes: Rau Ferreira, acervo 4

Cisne & Sombra Iluminada, reedição. Roberto Cardoso e Marinaldo Francisco, 1985


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