Lautriv Mitelob - BV010

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Direção e Redação: Evaldo Brasil e Rau Ferreira Contato: kaquim@gmail.com Conteúdo: De blogs, sites; e inédito.

Boletim Virtual

lautriv.mitelob

BV010

09/10/13 (formatado para encadernação) Esperança/PB Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

De-vez-em-quandário chega ao nº 10 (Editorial P02)

O mundo e suas voltas Doces lembranças

Do Cine São Francisco para a TV Tupi P04 P05

A passagem de Frei Damião por Esperança

P03 Por Ana Débora Mascarenhas

Leandro Brasil e Silvino Ferrabrás P08

Es erancenses

Augusto dos Anjos P06/07

Marcos e Maria Girão, administradores do Grupo

mundo

mais um mosaico resgatando a nossa história

P02

Por Rau Ferreira

p pelo

Eu vi a dor chorar!


02 ‐ Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Por Rau Ferreira, em h p://historiaesperancense.blogspot.com.br/

Ningué m decantou melhor a d o r e o s o f r i m e n t o h u m a n o ; ningué m falou dos vermes, da carne, da ossaria... Augusto dos Anjos teve a coragem de exaltar o que para muitos era repugnante, mas fê -lo em tal harmonia com o universo que foi chamada de poesia nata. A u g u s t o d e C a r v a l h o Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau D'arco, na Parahyba, ilho de Alexandre e D. Có rdula. As primeiras letras aprendeu com o pró prio pai. P u b l i c o u o s primeiros poemas em 1900, no Almanack da Parahyba, e tornou-se colaborador de jornais em Pernambuco. Trê s anos depois matricula-se na Faculdade de Direito, do Recife/PE. Em 1908 retorna ao seu Estado de origem e participa do NONEVAR – jornal da festa das neves. No ano seguinte, publica trê s poemas n'A Uniã o: Budismo moderno, Misté rios de um fó sforo e Noite de um visioná rio. Encontra o amor na jovem Ester Fialho, com quem se casa em 04 de julho de 1910. Ainda nesse ano, a venda da sua fazenda obriga-o a partir para o Rio, deixando o Lyceu

Eu vi a dor chorar!

lairo de Estamos na 10ª edição deste lautriv.mitelob, um bole m virtual que se dispõe a dedicar‐se, especialmente, à arte, à cultura e à história da nossa gente, daí da nossa terra. A princípio, reunindo elementos dos não tão diários eletrônicos tão em moda atualmente (os blogs), e sites feitos por esperancenses do mundo todo. E até daqueles que se afinam conosco em ideias e ideais, mesmo não nascidos aqui. Dedicando‐se também à publicação da literatura inédita dos novos amantes das letras e, aqui ali, pequenos registros de atos e atores que se vinculam a essa causa. Se antes o jornalismo tupiniquim podia ser chamado gilete‐press, hoje mais ágil é ctrl+c/ctrl+v (leia h p://lianavidigal.blogspot.com.br/200 7/11/do‐gille e‐press‐ao‐ctrlc‐ ctrlv.html), agora importam o foco, o propósito e o devido crédito. Em princípio, sem fins lucra vos, vez que pra camente sem custos. Afinal, n ã o i m p re s s o, exc e to e m có p i a s individuais e caseiras, conforme queira o leitor. Começou para matar a saudade dos tempos do Novo Tempo e da Revista da Esperança, do fanzine A tude e do recém Bole m da História Esperancense. Apesar de tudo, devemos permanecer um de‐ vez‐em‐quandário.

Parahybano para ensinar em outras praças. Conclui, com a ajuda do irmã o Odilon, a impressã o do seu livro EU, em 06 de julho de 1912. A obra repercutiu no cená rio nacional, sendo alvo de crıt́icas e elogios nas academias e nos jornais cariocas. Augusto era – no dizer de Hermes Fontes e Antô nio Torres – s i n g u l a r e p l u ra l : “ P l u ra l n a qualidade dos poemas. Singular na quantidade de poetas com P maiú sculo” (Linaldo Guedes, Nomes do Sé culo – A Uniã o: 2000). A seu respeito escreve – o també m poeta – Silvino Olavo, em artigo de luxo: “Augusto dos Anjos é, antes que tudo, um poeta cosmogônico. Por seu verbo falam, de uma maneira balbuciante e primitiva, todas as energias poderosas e obscuras que detêm o segredo do eterno mistério, a cujos umbrais parece ter chegado, atirado um grito e recolhido, com o eco de sua própria voz” (Um gê nio parahybano – A Uniã o: 1928). Faleceu em 12 de novembro de 1914, vı́ t ima de pneumonia, deixando para nó s o seu grande legado poé tico.


Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente ‐ 03

O mundo e suas voltas

Doces lembranças Sábado, 14 de setembro de 2013 Postado por Ana Débora Mascarenhas

h p://deboramascarenhas.blogspot.com.br

Havia já um tempo que eu não frequentava mais a feira da cidade. Hoje fui em busca de novidades para adoçar o cardápio das crianças. A cidade que moro é referência na fabricação de biscoitos e doces. Tem um local na feira só pra vender essas guloseimas, além de muitas lojas especializadas em biscoitos tradicionais daqui. É uma variedade de sabores tamanha que a gente se perde. Os mais tradicionais são os chimangos, os avoadores com erva doce e tudo o mais. Em meio a prova esse, prova aquele, achei um sequilho que derrete na boca, com pedaços de coco que me levaram em uma transmutação direto para Esperança.

Um comentário: Rau Ferreira, 15 de setembro de 2013 02:04 «Muito bom, este vai para o BlogHE. Esquecestes apenas do pão doce de Zé Caetano, era o que nha mais coco! Um forte abraço, Débora.» Leia também: Liberdade, liberdade... h p://deboramascarenhas.blogspot.com.br/ 2013/09/liberdade‐liberdade.html

Lembrei que em outras ocasiões passar pela padaria de seu Zé Caetano e não comprar aqueles bolinhos de goma que derre am na boca, não era um passeio bom, e passar na Rua João Pessoa e não comprar aquele doce do pai de Marcos, não seria a mesma coisa. Achei guloseimas semelhantes por aqui. Apresentei aos meninos e logo se encantaram com os sabores e as histórias de minha vida adocicada pelos bolinhos de goma da padaria de seu Zé Caetano. Tive sucesso na empreitada de trazer novidades para o lanche da tarde. E, como a primavera se aproxima, nada como trazer algumas rosas vermelhas para enfeitar a casa. Todas produzidas na lagoa das flores, por famílias que buscam a sustentabilidade ambiental. E nas voltas que o mundo dá, flores, doces e frutas coloridas são essenciais para viver bem, lembrar coisas boas e ponto, o resto são detalhes.


04 ‐ Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente

«O homem que veio do Céu» chamada de capa da edição anterior para a matéria de Rau Ferreira

«Salathiel Coelho, dos céus de Esperança para as terras gerais» recebe aqui, da pesquisa de João Batista Bastos, João de Patrício, uma espécie de continuação: Dados de sua atuação no Cine São Francisco, de Seu Titico, da sua família, da profissão e da aposentadoria, bem como o seu aspecto atual.

Do Cine São Francisco para a TV Tupi Salathiel Coelho

Anos 50, no vigor de sua juventude: Sonoplasta de renome internacional

Esperança tem uma gama de filhos famosos, alguns mais próximos de sua terra natal, outros, em plagas mais distantes, não puderam voltar ao s e u to r rã o, p o r c i rc u n stâ n c i a s

Atualmente aos 81 anos de Idade: Aposentado, residindo em Minas Gerais. Foto: Jéssica Balbino/G1

profissionais, por isso, tornaram‐se desconhecidos para as camadas mais jovens de sua terra. Assim aconteceu com Salathiel Coelho que, nos anos 50, como locutor

do saudoso Cine São Francisco, o querido cinema de Ti co, como era popularmente conhecido, deixando sua terra natal para o Sudeste do país, com a esperança de galgar os degraus da vida e vencer no seio do mundo ar s co, como sonoplasta, criando trilhas sonoras das famosas novelas apresentadas na TV. Salathiel, é filho de Antonio de Bastos, irmão de Patrício Bastos, que negociava com uma pequena lanchonete, vendendo, também, caldo de cana. Hoje, reside em Poços de Caldas, sul de Minas, aposentado. Postado por João Ba sta Bastos, às 07:26 em h p://revivendoesperancapb.blogspot.com.br/, quinta‐feira, 19 de setembro de 2013


Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente ‐ 05 Por Rau Ferreira, em h p://historiaesperancense.blogspot.com.br/

A passagem de Frei Damião por Esperança Fotos do Arquivo de Rau Ferreira: Autor e personagem desta história.

Esta é uma passagem de nossa história memorável. Há dias a cidade se preparava para receber o Frei Damião de Bozano. As beatas comentavam a todo instante. Pessoas compravam terços, velas e imagens que seriam bentas pelo frade. O comércio aquecia as suas vendas. Nos nosocômios, os doentes faziam prece na esperança de receberem a cura de seus males. Em casa, papai e mamãe comentavam a todo instante. Diziam da sua importância e san dade; falavam da sua pregação e da mul dão que acorria em todo canto por onde passava.

«Meu pai me colocou nas costas e fomos ver o missionário capuchinho.» Lembro‐me que era pequeno, nha perto de 8 anos. Meu pai me colocou nas costas e fomos ver o missionário capuchinho. Na época, não entendia o que se passara; uma mul dão aglomerada em frente a Igreja. Papai me disse que era um "santo" e o povo todo assim o nha. Chegamos o mais próximo possível, uns cinco metros, e o que me impressionou foram as vestes e de como aquele religioso, já gasto pelo tempo, abarcava mul dões. Não entendia a homilia, mas rezei o

Pai Nosso como todos os que estavam assis ndo a pregação. Foi um momento de muita fé e devoção para todos. Olhei a redor e percebi que todos prestavam a atenção. O calçadão estava repleto, a Rua Manuel Rodrigues parecia um mar d e g e n te . H av i a p e s s o a s n a s calçadas, nos postes e nas varandas das casas. Fiz meu pedido em silêncio. Naquele instante ve a certeza de que a fé remove montanhas. Monsenhor Monsenhor Palmeira Palmeira recebe recebe Frei Frei Damião Damião


06 ‐ Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

Esperancenses pelo Mundo !!! Administrado por Marcos e Maria Girão, ele português radicado em Natal/RN, ela esperancense que o traz aqui, vez em quando, o grupo aberto Esperancenses pelo mundo !!! (h ps://www.facebook.com/groups/135020780039930/) se divide conforme estamos vendo:

Aos amigos do grupo fiquem à vontade e têm toda liberdade de publicar assuntos, e fotos relacionadas com os mesmos e com Esperança. Eventos & Álbuns: Como o blog Esperança de Ouro, o forte do Grupo Aberto Esperancenses pelo Mundo!!! é o registro fotográfico. Acessado em 19 de setembro, não possuía evento para o dia. Sobre:

Marcos Girão é artista plástico

Como grupo aberto, se apresenta nos deixando à vontade, com «toda liberdade para publicar assuntos, fotos relacionadas» conosco e com Esperança.

Recortes das subpastas do GA‐Esperancenses pelo mundo !!!, no Facebook.


Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente ‐ 07

mais um mosaico resgatando a nossa história Dentre as postagens, destacamos a de Marco Porto, cuja legenda é seu texto, abaixo. Aos poucos, os recursos oferecidos pela rede social tende a ser melhor aproveitados. No item Arquivos, é possível criar documentos, bem come fazer upload de arquivos, carregando‐os de modo a disponibilizá‐los entre os membros do grupo aberto. No momento, nenhum resultado.

«Luiz, era de Esperança e era querido por todos, então, publiquei no mural de ''esperancenses pelo mundo'' espero que gostem, abraços» Marco Porto


08 ‐ Bole m Virtual 010 ∙ Esperança/PB ∙ Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente

Só pra ter o seu sorriso

Inéditos Letra e música: Leandro Brasil

sotidénI Pri iro sigui o repente do cantadô Nordestino

Tudo começou tão bom Você era tão feliz Quando toca o nosso som Eu ainda peço bis Não sei mais o que dizer Pra poder te entender Não há paz sem teu amor Só lembrança é que ficou Refrão Por que aconteceu assim? Por que aconteceu comigo? Se colhi flores no jardim Foi só pra ter o seu sorriso Quero tanto te dizer Que eu gosto de você Minha voz já se cansou O nosso tempo já passou (Refrão) Não consigo compreender... por quê? Mas eu gosto de você... e eu Eu preciso te dizer, te dizer... (Refrão)

IV II Num vi ninguém me parino O juiz mim deu sentença Disse: “vai virá agente” Ni'mim um fogo ardente Eu nem sabia esse ofiço Ninguém me via surrino Aceitei num derrepente Enquanto nascia os dente Pois foi a voz de Javé Da capela decorei o hino I Que mim apontô a fé Quage sumo em desa no Fui abadonado minino Deixado in'frente da igreja Mar nunca saiu da mente: Doi rumo, um só decente: Prifiro sigui o repente Prifiro sigui o repente A porta foi‐se abrino Do cantadô nordes no. No abraço doce e quente Do cantadô nordes no. Tudo belo, tudo lindo! V III Na carta dum indigente Hoje tô aposentado O pádi mim deu um sino Leu o vigáro descrente: Trabalhano só a mente Prifiro sigui o repente Disse: “toque alegremente” Verso aqui verso acolá Do cantadô nordes no. Eu num queria esse dis no ‐ num quiria nem sê gente ‐ Perante todo oponente Só em mulé num bato E pra vivê um desalim Num sô burro nem sô pato Inspirado em passarim Perante o onipotente: Risurvi fazê diferente: Veja Leandro Brasil no Youtube: Prifiro sigui o repente Prifiri sigui o repente Só pra ter o seu sorriso: h p://youtu.be/28mqRoMuSRA Beijos de Hortelã: h p://youtu.be/41HqOY6W90U Do cantadô nordes no. Do cantadô nordes no.

Melô do Têro‐têro: h p://youtu.be/DJ6C‐na3jk0 Ou no canal: h p://www.youtube.com/channel/UCQlYMSwctDwIUclRnTJSIMQ Copie o link e cole na barra de navegação

(...)

(Silvino Ferrabrás)


P09

Direção e Redação: Evaldo Brasil e Rau Ferreira Contato: kaquim@gmail.com Conteúdo: De blogs, sites; e inédito.

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Esperança/PB Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente.

CORDEL 49‐016 Por Evaldo Brasil

I Nas noites de lua cheia Todo mundo se arrepiava Esfriava o sangue na veia Quando coruja cantava: Era agouro, assombração, Um sinal, manifestação, Aviso que nos abalava.

II Era um Lobisomem, a fera. Que assim se transformava Em currais, onde se esmera, A bem do que ele sonhava: Dizem que branda figura, De fina estampa — cultura, Feito burro, ele se espojava.

III A mulher até teria, à noite, Seguido o cabra e achado A prova do seu pernoite E viu o ritual encantado: Na camisa, sete nós cegos, Em cada sapato, sete pregos, Sete giros no chão enluarado.

IV Mas menino é bicho ruim Certa feita andando armados De balinheiras pra caçar Ficaram uns oito acampados. De bala de barro cozido Os guris, tudo escondidos, Atacaram um encapuzado.

V Era um barbeiro, o coitado. Daí, quando na barbearia, Deixavam todo encabulado O rapa‐queixos. Diziam: – É medo do fio da navalha Ou algo que assim o valha De por ele ser sangrado.

VI As unhas de um cidadão Se compridas, um perigo, Se cortadas, um disfarce, Orelhas de um Papa‐figo: Se assim nos me a medo Já não ficava em segredo A mão em vermelho figo.

A Capelinha, em destaque na tela O Lobisomem de Esperança, de Renato Rocha

De como um Lobisomem se transformaria

VII Assim se mostrava suspeito Em nossa fér l imaginação Mas nunca se viu o conjunto Em ninguém, a combinação, Era só nas cabeças da gente Que pairava medo inocente… Uma parte da nossa formação. (080123)



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