Lautriv Mitelob - BV035

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Editores Evaldo Brasil e Rau Ferreira Origem do Conteúdo Blogs, Sites; e inédito.

Esperando

90 Anos 1º DE DEZEMBRO

Anos

90

Esperança

Bole m Virtual lautriV miteloB

Banabuye de Esperança - Parahyba - Brasil Arte, Cultura e a História da Nossa Gente. Fundado em Junho de 2013 Nº 035 - OUT/NOV15

POR ANA DÉBORA MASCARENHAS O Rubem Alves certa vez escreveu uma crônica onde afirma que “a vida é feita de espera”. Eu, na minha insana urgência nunca gostei de esperar, não tenho paciência para muita coisa, tudo tem certa necessidade de ser vivido, ser visto ser saboreado. Lembro-me de certa vez quando adolescente uma de minhas irmãs me disse “a vida não vai acabar amanhã, deixe de ser vexada!”. Hoje ela está aniversariando, fui a primeira a ligar, e ela disse logo: “ nha que ser você a primeira”. É Rubem, pra mim a vida sempre foi de urgência. Por mais que eu queira, não deixo nada pra amanhã. Quero meu café quente agora, quero os beijos e os abraços, os afagos e todos os tropeços da vida pulsando todos os dias. Não vou esperar que as coisas aconteçam pra ser feliz, meu presente é agora. Lembrei-me de uma das minhas pressas. Certa feita, cismei de viajar pra ver minha mãe e, como é urgente, larguei tudo no meio da semana de provas das crias e viajei, não sabia eu que era o nosso úl mo encontro. E nas voltas que o mundo dá, aquele velho ditado: “não deixe pra amanhã o que pode fazer hoje” tá valendo. Por que amanhã pode ser tarde pra muita coisa. Naquela ocasião abracei tanta gente, e duas delas já par ram para o andar de cima. Não sabia eu que seria o úl mo abraço, mas quando me lembro deles, ah, lembro o cheiro, o aperto, a risada e sou feliz com minhas urgências, por que a vida corre feito um rio, não tem como voltar e entrar nele duas vezes. Ele já passou. E contrariando você, Rubem, só espero quando tenho que ir ao banco e fico na fila, ou ao médico, essas coisas são sempre esperar, no mais são urgências escandalosas.


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O Barbeiro, uma das profissões em ex nção revivendoesperancapb.blogspot.com.br

POR JOÃO B. BASTOS A modernidade faz desaparecer fatos, coisas, e, ele, também, era perfumado, bem penteado, sem esquecer que se transforma a vidades informais e apaga certas imagens que vivemos usava brilhan na, enquanto que, hoje, usa-se creme de pentear das no passado, não existem mais como fato concreto, nem na nossa mais diversas marcas e finalidades. lembrança. Havia, nessa época, em As fotos resgatam esses fatos, Esperança, várias barbearias e nos levam ao passado, mas é preciso nenhum salão de beleza feminino. preservar como documentos, não Havia os barbeiros mais conhecidos e apenas como lembranças. A foto acima mais famosos em que elite é uma das milhares escondidas nos frequentava. Entre esses mais famosos baús de muita gente. Era a década de posso citar alguns: Zé Costa (o da foto), 60, ainda não havia chegado à nossa Josias, Luiz Barbeiro, Severino de dona sociedade salões de beleza, "Chiu". Cada pessoa nha o seu barbeiro requintados, movidos à internet, aos preferido. Chico Braga era cliente de Zé utensílios eletrônicos, ao ar Costa, como vemos na foto. Um fato condicionado e às ornamentações interessante é que o barbeiro já sabia exó ca s q u e s ã o c h a m a d a s d e que po de corte de cabelo cada modernas. cliente gostava. A imagem que vemos retrata a O barbeiro Zé Costa nha um época român ca do uso de barbearia, cliente especialíssimo. Ia cortar o em que só os homens frequentavam cabelo do padre na casa paroquial. O para fazer a barba, cortar o cabelo e O Barbeiro Zé Costa padre daquela época era Manoel ajeitar o bigode. O barbeiro não fazendo a barba de Chico Braga Palmeira da Rocha. Que privilégio! recebia o nome de cabeleireiro. UsavaOutros cortavam o cabelo do Juiz se a espuma de barba, a loção pósde Direito, a exemplo de Josias barbeiro. Esse é um dos fatos ou um barba, a tesoura apropriada para barbeiro, a navalha era importada, dos detalhes da historia de Esperança que poucas pessoas podem de preferencia da marca alemã. contar. O barbeiro era bem ves do, usava roupa esporte fino, gravata 2


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Reminiscências...

Poesia Contemporânea

POR P.S. DE DÓRIA No ano de 1955, a cidade de Esperança-PB, muito jovem ainda, com apenas trinta anos de e m a n c i p a çã o p o l í ca e co m u m a população, portanto, bem pequena, já se destacava pela cultura da bata nha e (Para ser cantado em ritmo de xote) como exportadora desse tubérculo, até para fora do Estado. Desde o começo você traz a sua luz A cada dia você é nova pessoa Diante de outros municípios Para acender aqui, ali, quando quiser Essa pessoa só você sabe o que é fronteiriços vivia uma boa fase Mas o que é que você tem iluminado Mas o que é que você faz dessa pessoa econômica, pois deslanchava naquele ano Para seguir o Mestre de Nazaré? Para evitar o fraquejar na sua fé? um promissor e crescente comércio do Mas o que é que você tem iluminado Mas o que é que você faz dessa pessoa sisal (a agave), que a par r do início da Para seguir o Mestre de Nazaré? Para evitar o fraquejar na sua fé? década de 60 já nha à frente como comprador dos produtores daquela fibra, O seu caminho você faz pelas escolhas Desde o começo você traz a sua luz (NOGUEIRA & CIA), empresa pertencente A sua escolha faz você ser o que é Para acender aqui, ali, quando quiser ao ilustre esperancense e empresário, o Mas o que é que você faz em seu caminho Mas o que é que você tem iluminado senhor Antônio Nogueira dos Santos. Para evitar o calejado no seu pé? Para seguir o Mestre de Nazaré? Mas o que é que você faz em seu caminho I n sta l a ra - s e ta m b é m , a nte s Mas o que é que você tem iluminado Para evitar o calejado no seu pé? Para seguir o Mestre de Nazaré? daquele ano, uma próspera fábrica de redes que agregava um vasto número de Desde o começo ... (Evaldo Brasil, 23 de agosto de 2015, teares artesanais, empreendimento este Sl 106, Bl BG, UFCG, durante o Concurso IFPB) pertencente a um dos pioneiros e conhecidíssimo homem de visão, o senhor Pedro Calixto do Nascimento, FIC atento: Sarau do FIC Verde, 29 de Novembro empregando um número considerável de De 15 às 17h30 na Comunidade de Timbaúba famílias da cidade. (...) Leia mais em: h p://www.historiaesperancense.blogspot.com.br/2015/10/reminiscencias-p-s-de-doria.html 3

Para seguir o Mestre de Nazaré


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O Ginásio Diocesano de Esperança historiaesperancense.blogspot.com.br

POR RAU FERREIRA O Ginásio Diocesano foi obra do Monsenhor atestado de vacina e de boa conduta, João Honório de Melo com o fim especial de proporcionar à devendo o educando apresentar juventude esperancense “uma instrução sólida e educação religiosa, ainda dois pares de sapatos, um par cívica e sica”, preparando a mocidade para os grandes e nobres de chinelos, um guarda chuva, uma ideais de Deus e da Pátria. Sua pedra fundamental foi lançada em bacia e um jarro além de objetos necessários à higiene pessoal. Havia 1945, mas com a transferência do pároco mo vada por questões dois uniformes, um para uso diário e outro para os dias fes vos, polí cas, coube ao jovem padre Manuel Palmeira da Rocha a sua sendo que todo o vestuário deveria ter a marca da escola. conclusão oito anos depois. Digno de nota é a expressão Situado no ponto mais elevado da con da em seus estatutos: “Para que os cidade, contava com salões de aula, educandos aprendam a manter em toda dormitórios e áreas para recreio. a parte a posição de destaque que lhes Segundo uma publicação da época: “Tudo impõe a condição de jovens civilizados, a o que a higiene e o conforto exigem para o Diretoria exige ainda o asseio e o arranjo completo bem estar dos educandos, o da 'Toile e'”(Em 16/11/1951), pois a Ginásio pode proporcionar, dadas as suas h i g i e n e p e s s o a l e ra co n s i d e ra d a instalações e o clima salubérrimo de que condição indispensável para a formação gosa a cidade” (D.O.E., 18/05/1952). intelectual do aluno. Dispunha o educandário de A escola era dirigida pelo Padre Primário (seriado em quatro classes), Manuel P. da Rocha e secretariada por Complementar ou de Admissão (em um Severino Torres, par cipando ainda da ano) e Ginasial (seriado de acordo com o administração um conselho fiscal de programa oficial do ensino secundário). notáveis da sociedade. O Ginásio Os dois primeiros cursos admi am alunos Diocesano durante muitos anos foi de ambos os sexos, sendo que as aulas referência para a educação O Diocesano visto no 7 de setembro de 2015 eram ministradas em turnos diferentes. esperancense, formando a sua primeira durante o hasteamento das bandeiras Para a admissão era necessária turma do Ginasial (atual Ensino Médio) cer dão de ba smo, registro civil, em 10 de dezembro de 1961. 4


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Galeria Contemporânea

by Emerson Santos no perfil no facebook Vale a pena uma visita!

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Um pouquinho do meu aprendizado POR HAUANE MARIA Era tarde de um sábado, no ano de 2013. Na pra mim e como eu rar um dez em matemá ca, superar barreiras manhã seguinte seria o dia das mães. Eu estava pensando em fazer etc. um texto para dar a minha mãe, e foi exatamente o que eu fiz. Minha prima quer roubar minhas poesias. Uma vez eu fiz uma E m u m a fo l h i n h a b e m com ela e combinamos que aquela simples (aquela que arrancamos do OI, poesia seria das duas, mas quando caderno), quando meus pais e Estou na esculta do programa (que você pai participa), gosto muito de eu vi nha o nome dela. Outro dia minha irmã decidiram visitar a você, tenho orgulho. Que lógica, porque não ter? De um pai bom como parei e pensei que há no mundo minha avó Glória e me levaram esse. Meu professor de história, que me ajuda quando eu não entendo u m m o n te d e g e n te a s s i m , também. Eu apenas entrei para nada e faz me tirar um 10 nesta disciplina. Não se esqueça: que todo aproveitadora! Meu coração dói mundo erra. E quando você ficar triste, pai, lembre que eu te amo! pegar a folha e um lápis e pedir a com isso. Beijinhos. benção à vovó. Larguei os jogos porque Fiquei lá no terraço percebi que os livros e DEUS são as pensando o que eu ia escrever. Eu melhores companhias. Os livros, No úl mo dia 30/10, a pequena ouvinte do quadro Esperança na dançava, cantava, fazia de tudo história, da Ban FM, postou numa rede social o comentário acima, pra mim, são como se es vesse para as ideias chegarem. E elas entrando em outro mundo, em que ressalta o seu aprendizado, enchendo de orgulho o velho pai. chegaram. uma historia real. Cada pouquinho Quando saímos, eu já nha tomado um café e feito a “poesia”. que leio, imagino até os pequenos detalhes. E DEUS está para me Meus pais e minha avó leram e disseram que ficou muito lindinho, e aconselhar, no que seja bom ou ruim. Não apenas DEUS, mas a minha suspeitavam que eu nha pegado da internet. Mas, eu disse naquele mãe, os anjos e Jesus. instante que foi eu quem fiz e falei a verdade. Percebi que a música pop me completa. A música é um show Naquele dia, eu havia procurado inspirações de manhã para para a imaginação. Os amigos também podem ser uma das melhores fazer aquela poesia, como... Eu procurei na internet: poesias para coisas da vida. mães. E não encontrei uma que meu ver fosse perfeita e foi ai que eu Isso tudo nos completa! Pois, em cada dia aprendemos um descobri que a poesia perfeita teria que vir do seu suor. E eu a chamo pouquinho e é esse pouquinho levamos para toda a vida. Viva. de “especial”. Por quê? Pois, para mim ela vale ouro, me dá orgulho. Divirta-se. Por quê? Não sabemos o dia de amanha. Em dez minutos, Fui eu quem fez! criei este texto. E em dez minutos você também pode fazer Isso pode ser besteira pra você, uma leseira ou cha ce. Mas, maravilhas! 6


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CRÉDITOS *1 e 5: Jônatas Rodrigues; *3, 4 e 6: Pedro Gazeano; e *2: Esperança de Ouro

Primeiro desenho do Sobrado de Didi de Lita Neste edi cio funcionou o *1 C o m e rc i a l S a n ta Te re z i n h a , pertencente a seu Lita e que depois passou para o filho Didi. Vendia miudezas e perfumarias, era muito conhecido na cidade. Na lateral que abre para a Rua do Sertão (Dr. Solon de Lucena), *3 *4 onde hoje é uma f a r m á c i a , funcionou a Loja Brasil de Dogival C o sta , reve n d i a tecidos, chapéus, guarda-chuvas etc. Em cima, seu Dogival fazia funcionar um Clube Dançante que nha até Jazz Band. Quando a feira funcionava na Rua Grande, os comerciantes armavam barracas na frente daquela loja. À época, a rua principal era bastante arborizada, funcionando não apenas o centro comercial, como também o centro polí co, já que o Paço Municipal (*4) ficava na esquina oposta, em frente à Igreja Matriz. Até o início da década de 30 era apenas um prédio simples, mas em 1935 o seu

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proprietário já havia construído o primeiro andar onde o piso é de taco (madeira), desde então. É hoje uma das edificações mais an gas da cidade, patrimônio histórico que ainda permanece preservado, a despeito de outros cuja fachada foi significa vamente alterada ou destruída inteiramente, apagando assim as marcas da arquitetura da época.

Através das mãos habilidosas, Jônatas Rodrigues Pereira conseguiu reproduzir este ponto comercial tal qual já fora um dia, com riqueza de detalhes, onde se pode ver as pla bandas, os arcos superiores e as janelas com seus encostos. O ar sta preferiu produzir isoladamente este edi cio, mas essa construção era ladeada por dois outros tão an gos quanto, a saber o Ideal Cinema de seu Ignácio Rodrigues (*1, à esquerda) e uma loja de fogões (direita), nas esquinas das ruas Epitácio Pessoa (atual Manuel Rodrigues) e do Sertão (*6). Em seu perfil no Facebook, Jônatas tem publicado várias *6 imagens de prédios de grande importância para a nossa Parahyba. Vale a pena conferir. *2 Outra reforma, até hoje! 7


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Banho Solidário levado ao centro da cidade asvoltasqueomundodar.blogspot.com.br

PORA ANA DÉBORA MASCARENHAS Existe uma diferença significa va em ser mulher e se sen r mulher. Uma das minhas alegrias é ver na cara das clientes a sa sfação com os serviços prestados. A gente gosta de se sen r gente. Compar lho essa experiência por um único mo vo, quem pra car vai saber do que falo. Peguei uma bolsa que já não fazia uso, nela, coloquei produtos de higiene pessoal e ín ma, absorvente, desodorante, creme dental... e levei para uma senhora que mora na rua. Ela, feliz, disse que agora se sen a mulher. O empresário Cláudio teve uma ideia muito mais linda e grandiosa, criou o banho solidário. Todas as terças feiras ele deixa seu “banheiro” na rua disponível pra os moradores de rua terem a dignidade de um banho quente, escovar os dentes e ter noções de higiene pessoal.

“Banho Solidário” é levado ao Centro de Vitória da Conquista/BA

“O banho, além de deixar a pessoa limpa, dá a conversa. Eles se sentem aconchegados com esse 'abraço' que a gente dá com o banho”, descreve. Cláudio é dono de 8

uma loja de energia solar em Conquista e montou o “Banho Solidário” a fim de oferecer atenção e melhores condições de saúde. Uma vez por semana, ele estaciona o veículo, levado por uma caminhonete, no centro da cidade. A estrutura foi montada com recursos próprios, com custos que ele prefere não revelar. “O veículo foi feito exclusivamente para isso. Temos um banheiro masculino e outro feminino. A água, que vai em uma caminhonete, é de poço artesiano, não é da Embasa, é sustentável. O descarte é feito igual à água de chuva e vai para o esgoto. É um banho de hotel, com água pressurizada. É um jato gostoso. Além do banho, tem shampoo, fica com cheiro agradável”, explica. E nas voltas que o mundo dá, precisamos de mais Cláudios no mundo. Feliz por ver essas pessoas lindas fazendo diferença na cidade. Essa linda senhora que logo, logo estará aniversariando.

(Foto: Arquivo pessoal do Cláudio)


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