Lautriv Mitelob - BV038

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Bole m Virtual lautriV miteloB

Fundado em Junho de 2013 | Banabuyê de Esperança - Parahyba - Brasil Arte, Cultura e a História da Nossa Gente | Nº 038 - FEV16 Editores: Evaldo Brasil e Rau Ferreira | Conteúdo: Blogs, Sites; e inédito.

De 15/01 a 15/02 E no BV038-Extra veja as presenças e leia, da ata às obras de arte do Sarau PreVendo Carnaval

Há 70 anos, p03

Carnaval de Pierrô e Colombina P05: Tempo P10: Poemas P06: O grande esconde-esconde P07: Lança-perfume símbolo dos antigos carnavais

(ou, O Conto da Ala-ursa),

p02

P04: Galeria 1 Contemporânea P09: Galeria 2 Arqueológica

Pós Vendo Carnaval 2016 p12 (


Carnaval de Pierrô e Colombina

O Conto da Ala-ursa A tradicional festa pagã em nossa terra tem um a n o d e preparação; mal se colocam as cinzas da quartafeira e os foliões já estão pensando no próximo carnaval. O catecismo de ontem nos ensinava que até dia de Reis ainda era Natal. Assim antes de seis de janeiro não se desarma a árvore nem se guardam os enfeites natalinos. Porém, em Esperança, a Ala-ursa e seus afiliados já nesse dia ganham as ruas, saindo da Comunidade S. Francisco com os seus mascarados. O batuque ganha a S. Sebas ão, Sete de Setembro e Patrício Firmino Bastos, sobre pela Silvino Olavo por onde se chega ao centro. É grande a aglomeração de pessoa em torno daquela figura mís ca. Os “ursos” no carnaval têm origem nos ciganos europeus, que percorriam as vilas com seus animais presos em correntes e dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas. 2

Homem, menino e criança brincam fantasiados, sem qualquer discriminação. As roupas simples, os instrumentos que se fazem ou se compram barato, aproveitados até mesmo do desfile cívico, servem de incen vo ao bailado da “Ursa”. Ritmos como o samba e o frevo só tocam nos salões e nas casas de algum figurão. Aqui nas ruas, o que se ouve é o tum-tumtum do pandeiro, repique e do bombo compassadas pelas piruetas da ala-ursa ves da de retalhos e desacorrentada para estremecer o menor desavisado. Sim, essa indumentária ainda mete medo em muita criança e até adulto se vê às pampas com o velho urso. Já foi o tempo do papa-angu de chicote, de couro de bode, de pai de chiqueiro. Já foi o tempo do capote, da porca, do lobisomem, do zorro e do homem-nu. O que está em alta é a “La ursa”, recém elevada a condição de símbolo carnavalesco esperancense. Houve um tempo que Luiz Doido fabricava o apetrecho com barro. Alguém aprendeu a técnica e passou a aplicar em papel cartão, jornal e outros materiais, passando a cola-grude no molde para formar a feição pretendida. Um certo Evaldo adquiria essa habilidade, tornando-se hors concours na modelagem. Ora, a regra é o Zé Pereira anunciar na madrugada que antecede o carnaval a sua abertura. A exceção fica por nossa conta! As caprichadas máscaras ensaiam o desfile para o concurso que virá. Com tudo isso, cheguei a (in)feliz conclusão: o carnaval de Pierrô e Colombina foi engolido pela Ala-ursa; quem será então o caçador que lhe abrirá a barriga, para de lá re rar o espírito alvissareiro como naquele conto de fadas?

RAU FERREIRA: historiaesperancense.blogspot.com.br

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Há 70 Anos

Desde 1945, o presépio de Inacinha Celestino homenageia Jesus Cristo

POR RAU FERREIRA Há 70 anos uma família esperancense ganhava algumas peças da representação natalina. A dona da casa fez a ornamentação com as imagens do Salvador e da família sagrada. O seu esposo atento àquela abnegação da mulher providenciara a iluminação. Era o Natal de 1945. O menino Jesus nascia em Esperança em plena efervescência mundial. Na mensagem evoca va: Gloria in Excelsio Deo. E naquele lar, Deus era sim glorificado. Dona Júlia era uma mulher santa, e com muita razão chamada de “a mãe dos pobres”. Seu Ti co também não ficava para trás, musico e inventor estava sempre disposto a ajudar quem precisasse. A “Lapinha” estava pronta para receber as primeiras visitas. De portas abertas, de coração aberto as pessoas prestavam homenagens ao “menino” que seria o Leão de Judá. Mas coube a filha Inacinha dar con nuidade a tradição que se renova ano após ano. Com o tempo foram sendo acrescentadas novas figuras. Algumas imagens vieram da Bahia e tem pintura italiana, e hoje o acer vo se encontra completo.

APOIO CULTURAL

O “presépio” tem em torno de um metro de altura e ocupa uma área de 16m². A gruta é composta de papel madeira, formando os contornos das Inacinha Celes no e sua lapinha. p e d r a s . A s s u a s Fonte: A Tradição das Lapinhas em Esperança, por João de Patrício. imagens reproduzem Em revivendoesperancapb.blogspot.com.br os animais e de sexta-feira, 19 de dezembro de 2014. personagens bíblicos, como os Reis Magos. Possui ainda um lago feito de espelho. A ornamentação é de plantas naturais, cul vadas pela própria filha do casal. Já a cor na de fundo é obra do ar sta Chico Pintor. Desde 1988, este cenário não é desmontado. Durante o ano, costuma receber inúmeros turistas e curiosos que fazem questão de fotografar aquela cena do Menino Jesus. Há 70 anos uma família presta homenagem ao Criador, louvando a data de seu nascimento. 3


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Galeria Contemporânea

Emerson Santos, do perfil no facebook

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ANA DÉBORA MASCARENHAS asvoltasqueomundodar.blogspot.com.br

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E nas voltas que o mundo dá...

Tempo

A Camila Flor que tem flor até no nome, sugeriu que falasse do tempo. O Rau me perguntou o que eu sei ou lembro de Silvino Olavo, o poeta da minha terra. Pois bem, do Silvino eu nada sei, infelizmente, também sei mais da história da cidade que vivo do que da que nasci, sei mais agora por causa do Rau que tem feito lindos posts falando da terrinha e sua história. Mas do tempo, todo mundo tem algo a falar. Já disse antes que o vejo como um menino traquina ou como um velho, depende muito da minha idade no dia, tem dias que sou idosa, tem dias que sou criança. Hoje sou idosa e para mim, o tempo no meu calendário imaginário já correu muito. Fez com que pessoas queridas se fossem, me trouxe outras pessoas amadas, deixou saudade de algumas, de outras, apenas alívio, me fez crescer, judiou, mas agora já não dói mais. Já disse Heráclito de Éfeso que: "O tempo é como um rio, não se pode entrar no mesmo rio duas vezes", vejo o tempo como um ciclo, onde de vez em quando se fecha e outro é criado. O tempo afasta pessoas, aproxima outras, faz com que umas pessoas e coisas sejam esquecidas ou perdidas, costuma nos presentear com surpresas, rugas, quilos a mais ou a menos, cabelos brancos, flacidez, mostra a alma da pessoa. E nessa hora, mesmo com todos esses defeitos que o tempo tratou de moldar em nós, há sempre algo novo a ser aprendido. Ele é o grande professor que cedo ou tarde todos a ele se renderão. Ah, tempo, só você pode ser medido! E nas voltas que o mundo dá, aprendi com o tempo que a verdade às vezes cria buracos no coração, machuca, mas é bom, que assim seja, para que as borboletas possam entrar e metamorfosear as cicatrizes em lindos mosaicos de cores diversas...

COMENTÁRIO Lindíssimo texto, Ana. Parabéns!! Agradeço a menção, para mim honrosa, da lembrança deste amigo, e do poeta S i l v i n o . O te m p o é m e s m o e s s e con ngente, hora a nos lembrar do que já fora, e do que ainda há por vir. As borboletas?! Estas sempre fervilham, no meu velho Lyrio Verde. Um forte abraço, Rau Ferreira. 5


O grande esconde-esconde da Lua e do Sol Já era de tardezinha, o sol já vai ser pôr. A linda menininha olhando com sua mãezinha a bela passagem deste reamanhecer. A mãe pergunta a filha: - Você sabe, porquê, o sol se pôr? - Não... Por quê? – Pergunta a menina super curiosa, que se chama LARA. - Vou lhe contar uma lenda que minha mãe contava para mim: - O sol e a lua são os melhores amigos. Eles brincam toda hora de esconde-esconde. - Nem param para comer e ir ao banheiro? – Pergunta Lara. - Nem para isso! – Responde sua mãe. - O sol se esconde junto com as nuvens. E a lua se esconde com as estrelas. Quando esta de dia, o sol vai se esconder e a lua procurar, e por isso que ele roda todo o céu... - Para procurar? – Pergunta Lara. - Sim, exatamente. – Responde a mãe. 6

- Mas, quando está de noite significa que a lua vai se esconder, e ela faz que nem o sol: roda todo o céu. - A lua e o sol encontram um lugar? – Ela pergunta. - Mais ou menos. – responde a mãe. E o sol já encontrou a lua? – Ela pergunta. - É claro! E quando se encontram se chama “Eclipse Lunar e Solar”. E eles fazem outra rodada e começa tudo de novo. - Eles nunca se cansam, é?! – Afirma a filha. - Nunca! – Responde a mãe rindo. - Mãe, que legal esta história queria ser a lua ou o sol. – Afirma ela – Conta mais vezes, por favor!. É claro filha, vou contar mais vezes. - Que bom... Uau! – Ela boceja. - Você está cansada! Vamos dormir. – Afirma a mãe. Boa noite, filha. - Boa noite, mãe. - Deseja Lara à mãe.

HAUANE MARIA: hauanepoe sa.blogspot.com.br

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lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ JOÃO DE PATRÍCIO revivendoesperancapb.blogspot.com.br

O lança-perfume: símbolo dos carnavais brasileiros

Michelo, esposa e lho, com lança: assim era o Carnaval das décadas de 50 e 60 na nossa cidade. Chico Braga e familiares, também

A

pesar de não exis r clube social na época para brincar o Carnaval, todas as festas carnavalescas eram realizadas no recinto do an go Grupo Escolar Irineu Jofilly. Porém, os carnavais em Esperança, nunca deixaram de ser animados, espalhandose por toda a região a fama dos bons carnavais esperancenses. Nas fatos acima apresentadas constatamos o uso do lançaperfume que era o marco dos velhos carnavais. Posso afirmar com toda a certeza que era o símbolo dos carnavais brasileiros. Carnaval sem lança-perfume não era carnaval. Para os que não alcançaram aquela época de bons carnavais, fiz questão de publicar a foto do lança-perfume, metálica, da marca Rodouro. Como todos sabem, meu pai era comerciante de miudezas em Esperança. Todos os anos, nas proximidades do Carnaval, viajava até

Recife, com a única finalidade de comprar lança-perfume. Lembro-me que já estavam previamente vendidos, encomendados pelos grandes foliões. Dentre eles estava o Sr. Teotônio Tertuliano da Costa, que não relaxava em todos os seus bolsos, um lança em cada. O lança-perfume era cheiroso e refrescante, nha aspecto gelado por conter éter. O Laboratório Rhodia (empresa francesa) foi quem primeiro produziu o produto, trazendo-o para o Brasil, através de sua filial na Argen na, tendo aparecido no Carnaval do Rio de Janeiro de 1904, sendo rapidamente incorporada aos festejos em todo o Brasil, principalmente nas batalhas de confete e serpen na, nos corsos de ruas e nos bailes. Esse produto só seria fabricado no Brasil, em 1922. Assim tornou-se símbolo do carnaval brasileiro. Mas, o produto foi ex nto dos carnavais por ato do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, através da Lei nº 5.062, de 04 de julho de 1966. 7


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Nos caminhos da arqueologia, um olhar atento pro passado

H

á alguns dias, caminhando para o canteiro onde lentamente se está construindo a Vila Olímpica de Esperança, dois amigos, Rau Ferreira e Evaldo Brasil, se depararam com uma gravura numa das pedras do caminho. Na ocasião, o primeiro, cuidou de registrar o achado, postando fotografia em uma rede social. A postagem gerou comentário de Vanderley de Brito, pesquisador e membro da Sociedade Parahybana de Arqueologia/SPA, de que poderia ser um antropomorfo, resultado de uma produção centenária naquele granito. A inscrição supostamente rupestre lhes tomou de assalto, provocando a curiosidade. Com efeito, o município de Esperança, em priscas eras, foi habitado por aborígenes da Nação Cariry. Os Índios Banabuyés, assim ba zados pelo etnólogo José Elias Barbosa, se concentraram no an go lajedo do Araçá, não obstante se tenha no cias de sua presença em Lagoa de Pedra, Lagoinha das Pedras, na Serra do Urubu (imediações do Britador) e nos Caldeirões, divisa com Alagoa Nova. Em pelo menos dois desses pontos, os silvícolas deixaram a sua marca, já catalogadas. Supõe-se, ainda, que os habitantes da an ga Pedra do Caboclo (Algodão de Jandaíra) foram remanescentes deste povo, quando de sua expulsão do que hoje forma o território esperancense. Hipótese delineada por Saro Amâncio, em conversas a respeito dos indígenas locais. 8

Diante disso, a dúvida fez os arqueólogos amadores retornarem àquele local. Brito ponderou que “antropomorfo” em questão, em seu fei o, lembrava o uso de óxido de manganês e que tais pinturas na Parahyba, nessa tonalidade, eram raras. Aguçado ainda mais o afã dos amadores, incursionaram de volta aquele lugar, cercado de pedras que afloram da terra. A expecta va era de averiguar a auten cidade da inscrição e, quiçá, de outros sinais eventualmente existentes. O desenho parecia ter sido feito por uma criança, usando recurso semelhante ao que se pra cava no passado, afinal, o homem se expressa conforme os materiais e limites de que dispõe. Chegando lá na extrema do Portal, junto a casas recém-construídas, onde se observa, ainda, um curral de animais bastante rús co, inves garam a pedra e, infelizmente, a “ nta” largava facilmente ao esfregar dos dedos na super cie. Nesse mesmo dia, via telefone, Brito foi informado das impressões: Concluiu-se que não passava de um falso an go. De certo, alguma brincadeira pueril, consciente ou não das reações dos olhares atentos. O antropomorfo foi reduzido a um rabisco contemporâneo. Contudo, o “achado moderno” reforça no âmago o desejo pelas descobertas e um amor pela arqueologia. por Rau Ferreira & Evaldo Brasil


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Galeria 2

Rau Ferreira & Evaldo Brasil

Nos caminhos da arqueologia, um olhar atento pro passado LEIA EM: h p://www.historiaesperancense.blogspot.com.br/ 2016/01/nos-caminhos-da-arqueologia.html 9


Nas Vias do Absurdo 2 (Se ainda fosse sábo!)

Quero Mais é persistente! Morro do Piolho agita!

Migué vem fazer mascara - Máscara de ala-ursa, tio!

É madrugada agora Amenhã terá rojão Manhã de índjo na rua Adepois blocos de Lia Vai ter João de Maria E travestido -nega nua! Precedeno o arrastão A escola em boa hora...

Segunda tem Maria Bunita Mulé Macho Vai ter Maria de João Travestidas –bigó de tinta À tarde a praça se pinta De ala-ursa em multidão Feito macaíba no cacho - Lá vem arrasto, vigia!

Terça torço pra cedo Cedere a um bom senso E as criança saíre Sem tanto sol assolano Por aqui eu vou cano E se as cinzas caíre Depois de esfregá o lenço Venho contá um segredo.

IREI TE ILUDIR

Anal, Você merece ser iludida Pois já iludiu muitos Dos teus amores Em vários encontros Que zestes Na tua vida. 10

BIANCA DUARTE

Mesmo você pensando [que não Mas irei te iludir. Sempre te iludi!

Versos de Versos de Zé Limeira João Benedito "Um General de Brigada, Eu não digo por ser crítico E nem por vir combate ao assédio Mas isso aqui serve de remédio Até o mais pior paralítico. Faz o novo car forte E o velho virar criança Bebendo o vinho de Esperança Da fábrica Leão do Norte

Com quarenta graus de febre, matou um casal de lebre Prá comê uma buchada... Quando fez a panelada Morreu e não logrou dela, Porco que come em gamela Prova que não tem fastio, Peixe só presta de rio, Piaba de tromba amarela."

SILVINO FERRABRÁS

poemas

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EVALDO BRASIL evaldobrasil.blogspot.com.br

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Pós Vendo Carnaval Minha história da festa de 2016

D

e longe se ouvia a ba da ritmada. Será U-Pereira? Mas já é quarta-feira de Cinzas! O ritmo foi ficando mais forte e nada o quebrava. Sem alteração de tempo, compasso, altura... parecia um mantra. Destacavam-se ritmistas, Bin Laden, Michael Jackson e uma Girafa circulando por Esperança, na esperança de um Carnaval 2017 maior e melhor. Antes, gritos, risos e garrafas se quebrando em choque com o asfalto caracterizavam a algazarra pica da volta pra casa depois da festa no corredor da folia, depois do arrasto do bloco da saudade, precedido das concentrações em casa, sedes e nas casas de polí cos. A passagem do bloco foi tranquila, o asfalto não rachou embora o piso de madeira do meu castelinho tenha tremido, como sempre, desde o advento da baianização do nosso Carnaval. A 5ª Onda havia me rado do foco, estava renovado. Campina Grande me recebeu com um pouco de chuva, depois de ter ficado por dez, quinze minutos esperando o arrasto das crianças na manhã da terça, já era tarde para o ônibus sair. A manhã foi de ala-ursas pelas ruas do Catolé de São Francisco, pres giando seus moradores, subindo e descendo por suas ruas e ruelas estreitas e onduladas. Os moradores corriam, os cães pareciam entrar no ritmo. Depois centro, com bela demonstração de interação na praça da cultura, principalmente com as crianças que exercitavam o desassombro.

Nas quebradas do trio, o atraso imprevisto que não incomodou quem massa de dentro e ajudou a quem público refle r e fazer escolha, ainda dá pra esperar ou vou pra casa? Era segunda, quando o meu Carnaval acaba. O concurso de Ala-ursa não se aperfeiçoou como desejava: dificuldade de diálogo, indefinição de papéis... como se as coisas acontecessem por osmose. 58 brincantes ves dos para a festa, sendo 42 a caráter, 15 diversificados e um hors concour foram as estrelas que brilharam à tarde, enquanto centenas compunham as batucas da Ala-ursa do Beco, do Morro do Piolho e do Catolé de São Francisco. Correu a boca miúda que um Mestre Brincante teria lacrado a sede e impedido das suas ala-ursas par ciparem. Certo é que houve quem preferisse não comparecer, escolha a ser respeitada. Um novo mestre brincante começou a se destacar, iden ficado pelo apelido da avó dona Malala. Na manhã daquele dia Mulher Macho circulou de arrasto, como nessa prá ca, aumentando as vendas de protetor solar. Mas a alegria e lizada ou não era maior que o incômodo da exposição ao deus sol. Rei Momo não se rende a ele, apesar do granizo que relembrou 74 ou 73. Mas teve Escola de Samba Quero Mais, abrindo alas por onde passava, fazendo o corredor da folia em sen do inverso, pela João Mendes e Manoel Rodrigues, quando meninas em sua maioria brincavam sob os olhares de mães e irmãs mais velhas, principalmente. No desfile, estandarte com a campanha Por uma Infância sem Racismo, do Unicef, parceria local entre a Prefeitura Municipal e a Associação Afro-cultural Quero Mais/AAQM. 11


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O arrastão do domingo me rou do descanso. A tarde me foi pesada. Depois de muito tempo sem beber, havia tomado três bavarias lata verde e muito sol, acabei ficando em casa quando por aqui passava no bloco das Lias. O Super Saiajeans não aguentou a batalha. Na praça e no trajeto, até a bateria arriar fiz em torno de 200 fotografias entre 3x4 e 10x15 das brincantes. Os índios haviam invadido as ruas. Nem pude cumprir compromisso de úl ma hora. O arrastão de abertura me impediu de ver ouvir os Pereiras. Se passaram por aqui não sei. Só podemos dormir bem depois da passagem do trio e nem ouvi os de volta pra casa. O sono era também de cansaço depois de três dias trabalhando na oficina do Mestre Brincante Marquinho Pintor. Os úl mos detalhes do bloco dos 12

Bonecos são dados quando seus tripas vestem pernas, entram no tronco. Ajusta aqui, amarra ali e eis que chega o carro de som para conduzi-los até a praça da cultura. Mas quem disse que U-Pereira abre o Carnaval de Esperança está equivocado, senão atrasado uma década, pelo menos. Vi e registrei nos úl mos anos, não uma, mas várias vezes as Ala-ursas durante todo o janeiro e até brinquei com o Mata-oVelho nos sábados anteriores. Nove edições do concurso de Ala-ursas desde a d u p l a M a rq u i n h o & M a r i e te até a oficialização, pelo menos dois por Mariete & Fernando, o de Fernando este ano e as notas do concurso no Portal e nas escolas, contabilizo pelo menos 15 edições.


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