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Fundado em Junho de 2013 | Banabuyê de Esperança - Parahyba - Brasil Arte, Cultura e a História da Nossa Gente | Nº 038 - Extra - FEV16 Editores: Evaldo Brasil e Rau Ferreira | Conteúdo: Registro do Sarau do FIC 2016.1

Deixa a vida me levar Esperança Carnaval 2025 Carnaval no Banabuyê Evocação nº 1 Galeria As ô p02 de Puxinanã O Carnaval de Seu Jacinto Carnaval de Todos os Tempos 2

PreVendo Carnaval

APOIO CULTURAL

Foto oficial do encontro de artes e reflexões, registro dos que ficaram até o final


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Fórum Independente de Cultura | ATA SARAU 2016.1

A

ta do Sarau do Fórum Independente de Cultura-FIC, Edição 2016.1, em 30 de janeiro de 2016, denominado “Pre-Vendo Carnaval”, na Câmara Municipal de Esperança. Após a úl ma das assinaturas dos presentes, lavraremos esse registro. (Ass).

PreVendo o Carnaval

culturais em Esperança; informando que já estamos cadastrados como Ponto de Cultura em www.culturaviva.gov.br, ao lado do Grupo Teatro Jesus de Nazaré-GTJN, que faz a “Paixão de Cristo”, dentre outras montagens, apontando o desejo de que todas as inicia vas locais se c a d a s t r e m , p a ra q u e t e n h a m cer ficação federal. Lembrando que o sarau tenta a pontualidade britânica e começa com quatro, dez, vinte e já contou ao final com mais de cinquenta par cipantes, sem a preocupação de se tornar evento de massa, bastando ser encontro de púbico, Brasil Ivanildo Xavier dá sinal durante fala de Rau Ferreira informou a programação deste dia. A abertura se deu por Evaldo Brasil, Ato con nuo, após diferenciar massa e que fez a apresentação do FIC com um público, Brasil fez a leitura da ata anterior, do retrospecto das a vidades deste Fórum, há Sarau do FIC Verde, realizado na comunidade quase dois anos desenvolvendo a vidades de Timbaúba¹. Em seguida, teve início o ciclo 2

de conversas sobre o Carnaval. Tomando a palavra, como programado, Rau Ferreira faz um histórico do tríduo momesco, especialmente em Esperança. Marquinhos Pintor, presidente da AAQM (Associação Afroc u l t u ra l Q u e ro M a i s ) , fa l o u d e s e u envolvimento com a festança, desde a infância ao lado do pai, o popular “Moleque”,

Marquinho Pintor conta sua história de carnaval


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Adelson dos Santos contribui na discussão

Evocação Nº 1

mostrou conhecer o tema, fazendo menção a alguns blocos da Cidade; Ivanildo Xavier, que chamou a atenção para a importância da Alaursa, pois em Campina Grande, onde reside, não se tem mais essa figura, enquanto que em Esperança, muitas pessoas ainda não lhe dão o devido valor. Brasil, Carlos Almeida, Severino do Ramo, dentre outros pontuaram ao longo das falas. Às 21 horas, a segunda parte do Sarau, teve início com os poemas “Carnaval de Seu Jacinto, em homenagem ao jornalista esperancense Jacinto Barbosa”, em três cordéis (E. Brasil). Almeida relembrou o seu Recife, disse e cantou, à capela, “Felinto” (Evocação Nº 1, de Nelson Ferreira). Fernando Virtuosi, Severino e quem se dispôs a usar dos

NELSON FERREIRA, 1956

Severino, Fernando... atração-plateia-público

Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon Cadê teus blocos famosos Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apôs-Fum Dos carnavais saudosos Na alta madrugada O coro entoava Do bloco a marcha-regresso E era o sucesso dos tempos ideais Do velho Raul Moraes Adeus adeus minha gente Que já cantamos bastante E Recife adormecia Ficava a sonhar Ao som da triste melodia

h p://www.vagalume.com.br

dos irmãos e da irmã, passistas da “Úl ma Hora”, discorrendo de como eram feitos os instrumentos, de maneira artesanal; fala dos papangus, do Zé Pereira, das Escolas de Samba e dos Índios até chegar à “Ala-ursa”, cujo resgate nos úl mos 10 anos vem sendo promovido pela “Quero Mais”, cuja a realização do atual concurso oficial começou sob a organização dele, com patrocínio e par cipação da a vista Mariete Delon. Dentre as ponderações do públicoplateia-atração presente, duas se destacaram: Adelson dos Santos, evangélico,

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Banda de Pau e Corda

Esperança instrumentos disponíveis, executaram “Acorda Maria Bonita”, do cancioneiro popular, com flauta doce e percussão. Rau Ferreira, por sua vez, falou da dualidade que há entre poesia popular e clássica, dizendo que cada uma tem sua beleza, e que entre erudito e popular há muita afinidade. Após as ponderações de Brasil e de Ivanildo Xavier, a despeito de não serem critérios de valor, mas apenas didá cos, Ferreira recitou versos de Zé da Luz: “As flô de Puxinanã” (pág. 7). Em seguida, disse “Joaquim Tomaz”, versos de repente de Silvino Olavo, em resposta a um desafio. Almeida, lembrando fala de Severino sobre as Muriçocas do Miramar, à capela cantou música do seu torrão, tulada 4

h ps://www.letras.mus.br/

Severino Farias, Iordan Carneiro, Jerimum, Fernando Virtuosi e Marquinho Pintor tocam “Acorda Maria Bonita”

Quem nunca viu regar uma plantação Há rios de suor neste nosso chão Se a chuva não caiu do lado de cá Regar com água do corpo E não esperar O tempo aqui não mudou Só o vento soprou devagar Pra que esperar se não vem Pra que dar se não tem, nem pra olhar Mas há de vir tempo bom Aliviando essa dor Pois quem cultiva a esperança Rega em seu peito uma or Lalalaia lalaia lalaia lalaia lalaia (2x) Mas há de vir tempo bom Aliviando essa dor Pois quem cultiva a esperança Rega em seu peito uma or Lalalaia lalaia lalaia lalaia lalaia(2x) “Esperança”, de Val nho (Banda Pau de Cordas). Diante das referências a Pernambuco,

suas cidades e ar stas referenciados no Sarau, Brasil trouxe para o debate Antônio Nóbrega, que resgatou dentre outras, marchinhas e frevos em seu trabalho, especialmente no CD “Na pancada do ganzá”, contando do saber da avó materna de “Truléu da Marieta” e suas variações. Iordan Alves Carneiro fez alguns versos de improviso, falando dos ancestrais que estavam presentes na memória dos carnavais e que encontram em Esperança o seu lugar. Ele ainda tomou do pandeiro trazido por Severino para cantar “Deixa a vida me levar” (Zeca Pagodinho), acompanhado em coral por todos.

Iordan, sinaliza seu improviso e canta Zeca Pagodinho


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Deixa a Vida me Levar

Zeca Pagodinho

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Eu já passei por quase tudo nessa vida Em matéria de guarida espero ainda minha vez Confesso que sou de origem pobre Mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez E deixa a vida me levar (vida leva eu) Deixa a vida me levar (vida leva eu) Deixa a vida me levar (vida leva eu) Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu Só posso levantar as mãos pro céu Agradecer e ser el ao destino que Deus me deu Se não tenho tudo que preciso Com o que tenho, vivo De mansinho, lá vou eu Se a coisa não sai do jeito que eu quero Também não me desespero O negócio é deixar rolar E aos trancos e barrancos, lá vou eu E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu E deixa a vida me levar (vida leva eu) Deixa a vida me levar (vida leva eu) Deixa a vida me levar (vida leva eu) Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu

Severino reforça as falas de Pernambuco e cita as Muriçocas do Miramar

Enquanto se espera mais alguém soltar a voz, Brasil disse o “Carnaval 2025”, de como ele se projeta para o ano do Centenário da nossa emancipação polí ca (Cordel 49176, pág. 7). Logo após, Severino fala do Carnaval de Bezerros/PE – o carnaval de máscaras – onde os blocos concorrem a melhor máscara a cada ano, dizendo que aquele município também tem outra a vidade, que é a xilogravura sendo, portanto, considerada a cidade do cordel. Na ocasião, Brasil contou uma história

vivenciada por ele em Triunfo/PE, onde foi confundido, numa brincadeira entre ar stas locais, com o cantor Nando Reis, onde se encantou com a referência aos Caretas do Carnaval. Beilza Pessoa falou do carnaval do mela-mela em Macau/RN, onde o mel se mistura ao calor e ao sal. Lá, a tradição são as festas de clubes, mas o “Bloco do Mel”, sem avisar, saia de algumas ruas e ruelas, e invadem o corredor da folia; seus componentes empurram carros de mão com tonéis de mel, passando a lambuzar as 5


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Parte dos presentes ao Sarau

pessoas. Pe r n h o d o fi n a l d e ste S a ra u , Juscelino Cavalcan comentou o contraste entre público e massa, louvando a inicia va do FIC. Disse que é comum “valorizar setores da mídia que não vão agregar sabedoria e conhecimento”. Feita foto oficial, como de costume, Rau Ferreira ainda fez a leitura do seu poema “Carnaval de todos os tempos”. Ao final, Fernando Virtuosi e Severino do Ramo (flauta doce e percussão) tocaram a conhecidíssima “Anunciação” (Alceu Valença) e Asa Branca, imortalizada pelo rei do baião Luiz Gonzaga. Finalizado os trabalhos, formaram-se rodas de amigos para as despedidas, já convocando para o próximo encontro, que será no mais tardar em março. E para constar, lavramos esta ata a quatro mãos, Rau Ferreira/Evaldo Brasil. 6

Evaldo Brasil diz três poemas pra Jacinto

Rau Ferreira diz As Flô de Puxinanã

Seu Jacinto então me diz Pra continuar com essa luta Permanecendo em labuta Lembrando de ser feliz... (Em memória de Jacinto Barbosa) Outros soldados de arguta Os papangus que circularam Por lá, lembra-se de avaliar Memória que não se insulta No Carnaval de Seu Jacinto Causa, efeito e aprendizado Tão bem fazem do que z. Festejam em outro recinto Sem melindre, nem acuado Espere que a intelligentsia Por aqui só apalavraram. Todo modo de festejar. Supere a herança maldita Por isso eu vou reetindo Aqui agente não consultado Assuma o que se acredita Vendo Sonhador assistindo Pires na mão e prostrado Sem cair em negligência... Festança dos que caram. Continua o seu rastejar. E no sangangu* do crioulo Por lá, comovente belez Por lá, só o valor celestial Doido papangu meio tolo Toma conta da iluminada Naturalmente segue regra Se revele na impotência. Praça ao bem consagrada... E o pensamento se integra Deixe que o tempo imperioso Por aqui, mais da realeza Num novíssimo Festival. Se encarregue da mudança De se repetir um formato Por aqui outros valores Reconstruindo toda aliança Sem se preocupar, de fato Ditam as tinturas e cores Pelo coletivo sonho precioso. Com mudar para a clareza. Que atingem o Carnaval. Quem se faz obra de amor Nunca perderá o seu valor * Desordem, conflito, rolo; mexerico, intriga, fuxico, trança. Leia os cordéis II (129) e III (130) em www.evaldobrasil.blogspot.com.br Está sob a luz do Valoroso.

CORDEL 49-128

O Carnaval de Seu Jacinto


C49-176

Carnaval 2025 Das Ala-Ursas As notícias do futuro Já começam a ser contadas É verdade, eu te juro Nas que já são praticadas. Veja o caso das Laúnça' Que começou na bagunça Hoje estão organizadas. II Um zilhão de brincantes Concorrendo a uma motoca Coloriram os horizontes Vinh' aos monte', das maloca' Na tarde deste domingo* Atraindo até os gringo' Gerando muita fofoca. III Os critérios mais que claro' Mas nem todos obedece' Fazem as coisas no faro E no rebaixo padece' Todo ano tem um caso Jogo fundo, jogo raso Nesse laço todos cresce'. IV Ursa extinta está presente Nessa representação Urso primo se esquente Tem lugar nessa função Coala, panda e negra Até uma espécie grega De joelho', em oração.

A máscara mais barata Foi a grande campeã Uma com rabo de rata Dançando feito cancã Na motoca não voltou Mas uma TV ganhou Como vice-campeã. VI Unidos da General Ganhou como Coletivo E o Morro do Carnaval Levou seu aperitivo A melhor coreograa Em respeito à alegria Aos Filhos do Juvenal. VII Unidos da Quero Mais Chegando meio por fora A turma que sabe e faz O GRES da Última Hora Mostrando que é capaz Voltando com muita paz No Conjunto chega à glória. *16 de fevereiro de 2025.

Evaldo Pedro da Costa Brasil, em 13 de março de 2014 (De como me projeto ao Ano Centenário)

EVALDO BRASIL evaldobrasil.blogspot.com.br

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As ô de Puxinanã Três muié ou três irmã, três cachôrra da mulesta, eu vi num dia de festa, no lugar Puxinanã. A mais véia, a mais ribusta era mermo uma tentação! mimosa ô do sertão que o povo chamava Ogusta. A segunda, a Guléimina, tinha uns ói qui ô! mardição! Matava quarqué cristão os oiá déssa minina. Os ói dela paricia duas istrêla tremeno, se apagano e se acendeno em noite de ventania.

A tercêra, era Maroca. Cum um côipo muito má feito. Mas porém, tinha nos peito dois cuscús de mandioca. Dois cuscús, qui, prú capricho, quando ela passou pru eu, minhas venta se acendeu cum o chêro vindo dos bicho. Eu inté, me atrapaiava, sem sabê das três irmã qui ei vi im Puxinanã, qual era a qui mi agradava. Inscuiendo a minha cruz prá sair desse imbaraço, desejei, morrê nos braços, da dona dos dois cuscús!

Zé da Luz 7


Carnaval de Todos os Tempos 2

Carnaval no Banabuyê

As Alas Ursas já prenunciavam o carnaval... E as bonecas de Léro, esperando o matinal. Samba Hits já chegou, partido alto dos Borós. Espalhando o rumor, os Nós cegos não estão sós. E Hoje o Carnaval é o dos que retornam, Bloco da Felicidade as ruas adornam... Já teve o Zé Pereira no despertar da madrugada. Do domingo das Lias desnorteadas. Misteriosa Morena Menina, minha rainha. Na puxada elétrica, nunca esteve sozinha. Não foi destaque na escola de Marré Não deslou nas fantasias de Mariete Atração principal, top, ela não se atinha. No balanço das marés, dobradiça se alinha. Não foi acadêmica, esteve de Última Hora. Amores de carnavais, no verão sempre se evapora... Restou a paixão, nascida nas margens do Banabuyê E o que queria tanto com você, foi essência da abdução. 8

Arthur Richardisson

Já teve o Baile de Fantasia e até o Matinê, No frevo todo mundo pagou até para ver, O Bloco de Novo, os Bonecos de Olinda. Mas foi na charanga que encantou menina linda.

O carnaval antigo se destacava A simplicidade e a brincadeira Nada de violência ou bebedeira O povo se fantasiava Saia às ruas na zoeira E em todo canto se alegrava. O mela-mela e o pó de arroz pairava' E não terminava na terça-feira O bloco de Léro passava E levava toda a canseira. E os carros na principal deslavam E as meninas todas faceiras A todos meninos encantavam Numa tremenda brincadeira.

E no alto da ribeira A orquestra que tocava Era seu “Boneco” e a cabeleira Do Zezé eternizava. No CAOBE a soleira Do palco também vibrava Ao som do frevo e na folia do “cheira” O perfumo dominava. Até quem não tinha eira O carnaval festejava Pois mesmo sem beira O povo as ruas ganhava.

Às quatro saia o Zé Pereira Depois o “Bumba” de Marcolino dançava E a “Boneca” de Léro já na soleira A sua vez esperava!

E todos faziam carreira Quando a Ala-ursa avançava Com seus modos e cara feia Até “papangu” se respeitava.

Na rua havia cachoeira De baldes d'agua que deitava As pessoas das casas inteiras Por sobre quem passava.

O carnaval era brincadeira Que a todos conjugava Pra pedir na quarta-feira Cinzas a Padre Palmeira.

Esperança, 14 de fevereiro de 2009.

AINDA NO SARAU:

RAU FERREIRA: historiaesperancense.blogspot.com.br

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