Lautriv Mitelob - BV040

Page 1

40

Bole m Virtual lautriV miteloB

Fundado em Junho de 2013 | Banabuyê de Esperança - Parahyba - Brasil Arte, Cultura e a História da Nossa Gente | Nº 040 - ABR16 Editores: Evaldo Brasil e Rau Ferreira | Conteúdo: Blogs, Sites; e inédito.

REGISTRO 2016

O Amor é Vital (pág.2) Galeria PAIXÃO DE CRISTO Um Cordel de Esperança, uma paixão pra lá de Nordestina (págs. 6 e 7)

100 Anos da “Caza”

PAROQUIAL POR RAU FERREIRA - Este ano mais um prédio histórico completa seu centenário, dentre aqueles que ainda restam da an ga Banabuyé: a “Caza” Paroquial. Estabelecida na Rua Monsenhor Severiano, próximo a Igreja Matriz, a Casa Paroquial é a residência oficial dos padres de nossa Paróquia. Verdadeiro patrimônio histórico, é uma das construções mais an gas do município e, apear de algumas reformas, mantém a sua fachada original em es lo colonial, com cinco janelões e um círculo no alto, que registra a sua data inaugural (1916). Con nua na página 3.

e-Brasil2014

Galeria pág.4 | Poemas Cine São José APOIO CULTURAL

c

24|ABRIL|16 Sarau do FIC! Ano 2

LUTO

pág.5 pág.10

Radiodifusão de Esperança silencia mais uma vez: Falece Otílio Rocha Saiba mais em: http://www.historiaesperancense.blogspot.com.br/ 2016/03/otilio-rocha-in-memorian.html

LUTO 21/02/55 - 23/03/16


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

POR FLÁVIA FERREIRA O que vovô pedia era pra irmos almoçar aos sábados na casa dele. Também, uma vez ou outra, depois da aula, queria que fossemos brincar lá… Com a chegada do Alzheimer, eu que, ingenuamente não percebia, descobri que ele só queria que eu fizesse por ele o que ele me dava: Amar! Foi só depois da vida adulta, que percebi esse jeito que meu avô tem de criar seus laços, jeito divino, pois como diria santo Agos nho: “Deus só pede o que dá”. Ele tem esse dom de nos fazer entender sobre o amor. A sua vida tem sabor de evangelho, de boa no cia, deve ser por isso que escrevendo sobre ele, me flagrei pensando em Jesus… Deus se manifesta su lmente. Em detalhes, no bem que v o v ô s a b e s e r, n o a m o r q u e e x i s t e incondicionalmente.

Ao meu vô Basto, por me ensinar que o amor é vital.

Gosto dessa descoberta: Avô é capricho de Deus. É afeto. É gente que não saí da gente. É razão de viver. E é sempre amor.

2

FLÁVIA FERREIRA chaodesonhos.tumblr.com

O Amor é Vital

Chão de Sonhos


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A Casa Paroquial comemora um século

CONTINUAÇÃO Sua construção teve início em 1914, por inicia va do pároco José Vital Ribeiro Bessa (1913/1922) e demorou cerca de dois anos para ser concluída. Pouco tempo após a sua edificação, ainda em 1916, abria as suas portas para receber Frei Mar nho Jansweid, o frade alemão que percorria a Parahyba em sua Santa Missão. Vindo de Alagoa Nova, onde pregara para uma enorme mul dão, chegou em nossa Vila no dia 21 de setembro daquele ano, onde fora recebido com uma salva de fogos e aclamações de todo o povo. O Padre Zé Vital ficou encarregado de prestar-lhe as boas vindas. Esse fato foi marcante na história daquela residência, já que muitos nham o frade na conta de um santo. Ao Frei Mar nho é atribuída a construção da Igreja do Rosário, na Capital Parahybana. Em 1939, o Padre João Honório de Melo realizou grandes melhoramentos na estrutura da residência oficial: “No presente ano, voltei, também, as minhas vistas para a Casa Paroquial, que estava a carecer de grandes melhoramentos, dado o seu estado de má conservação. Removi todo o piso interno, calçadas da frente e lateral, forrei em grande parte e procedi uma limpeza geral interna e externa. Nestes serviços, foi despendida a verba de quase 3 contos de réis. (...) ainda são necessários outros serviços que serão atendidos com brevidade, logo que o permi r a situação financeira da Freguesia. Nos referidos trabalhos, além das esmolas do povo, apliquei

o rendimento do patrimônio, correspondente ao ano. Ad rei memorian. Padre João Honório – vigário. 20 de setembro de 1939” (Livro Tombo, Nº. 01). O vigário ainda construiu uma cisterna e melhorou as instalações sanitárias, despendendo cerca de Cr$ 150.000,00 na época. No seu interior havia um auditório, denominado de “Salão Paroquial”, onde se davam as reuniões pastorais, catequeses e apresentações dos paroquianos. Hoje em dia essas a vidades são exercidas em um espaço especialmente d e s n a d o p a ra e sta fi n a l i d a d e , conhecido por “Centro Pastoral”. Nas suas dependências, funcionou o an go “Pré-seminário”, cujo obje vo era impulsionar as vocações religiosas. Assim, concluídos os estudos no an go Ginásio Diocesano, e em vista das dificuldades dos esperancense, muitos deles de baixa renda, poderia dar con nuidade, abraçando o sacerdócio. Registre-se, ainda, que muitas vezes o Bispo Dom Aurélio dormiu em seus aposentos, quando aqui comparecia para celebrar missas e realizar comunhões e crismas. O prédio está muito bem conservado e recebe reparos anualmente. Sem dúvida, é uma das mais belas edificações da cidade, dentre as atuais e as que resis ram às ações do homem no cenário urbano. (Saiba mais sobre a nossa história em www.historiaesperancense.blogspot.com.br) 3


Galeria

Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Rau Ferreira

Hauane Maria

4

E , os ativistas culturais da cidade de Esperança e fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Esperança, Rau Ferreira e Evaldo Brasil, foram notificados da presença de uma inscrição antropomorfa numa pedra situada próximo do local onde se está construindo a Vila Olímpica de Esperança, próximo ao Campus do também em construção IFPB. Os pesquisadores foram até o local, mas verificaram que a tinta escura com a qual o desenho foi feito não se assemelhava a uma inscrição rupestre, se desfazendo facilmente e, portanto, seria uma brincadeira recente feita à carvão. Não era nada de relevância histórica, mas congratulamos os estudiosos Rau e Evaldo pela importância que deram ao fato e pela diligência, pois é importante haverem interessados em patrimônio nas cidades interioranas, esquecidas dos órgãos fiscalizadores, que lutem pela preservação e zelo do patrimônio históricocultural local.


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

AMAR É SERVIR O amor ensinado é consolo Para a alma dos a litos Para todo ser humano Que retenha os seus gritos E se os gritos sã o de dor De tamanho imensurá vel Relembrem o ser-Amor Que nos veio tã o saudá vel E se a saú de é bem celeste Que a mereçamos desde já Só depende do que vestes Do que trazes para dar Do que fazes desta vida Do servir a que te prestes! (18/03/16 – SEEE)

RIACHO AMARELO Oh Riacho Amarelo! Tributá rio do Riachã o... Umas vezes tã o belo, Hoje apenas tens o chã o! Oh Riacho Amarelo, Que crueldade lhe izeram??

Rau Ferreira

novos poemas

DAS SETE CORES II

Queria construir um castelo Para guardar-te no coraçã o... E para lhe ser sincero, Te resguardar das má goas que ainda virã o!! Oh Riacho Amarelo, Que crueldade lhe izeram!! Recordar-te agora é o que mais quero.

Vermelho é fogo que queima Laranja nã o é coisa minha O Amarelo ofusca e teima O Verde estimula a rinha. O Azul do cé u se manté m E o Anil me deixa no bem Mas Roxo é a cor Belinha. Evaldo Brasil, 24/02/16

NA JANELA Estava na janela Final de noitinha Olhando a chuva Caindo bonitinha Chuva, chuva, chuva Caem as gotinhas Chuva, chuva, chuva Ela é tã o bonitinha! Heloíse Maria, (6 anos)

5


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PAIXÃO DE CRISTO

6

Um Cordel de Esperança,


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

paixão pra lá de Nordestina

7


Para José Leal (in memoriam)

A desventura de um jornalista esquecido

POR P. S. DE DÓRIA Nascido por desígnios da providência em 20 de dezembro de 1924 na pequena cidade de Alagoa Nova/PB, (poderia ter sido em Esperança/PB), José Leal da Silva foi o primogênito da geração de sete irmãos, filhos do casal João Gomes da Silva e de dona Maria dos Santos Leal. De família humilde, seu pai era funcionário público do Estado e servia como cobrador de impostos naquela cidade, função que hoje conhecemos como agente fiscal ou "Fisco". À época, o Estado, como em dias de hoje, já não remunerava o servidor tão bem, e aquele po de a vidade ainda não conseguira o privilégio da remuneração dos dias atuais. Naqueles idos, o servidor dessa função não se demorava muito na mesma cidade, razão para num espaço curto de tempo a família ser transferida por algumas vezes, até a defini va estadia em Esperança, onde o seu genitor permaneceu até completar o tempo da sua aposentadoria e onde, também, outra parte da família nasceu e/ou viveu por longos anos. Quem ainda não ouviu falar de Benito (ex-locutor do serviço de alto falante do an go cinema de seu Ti co), João, Socorro ou Pedro Leal (Pepê)? 8

As dificuldades financeiras eram constantes. O seu pai estava sendo transferido da cidade de Alagoa Nova para o vilarejo de Lagoa do Remígio, e o fato das repe das transferências ladeadas à falta de escolas e de bons professores noutra localidade, fizeram-lhe decidir que o menino permanecesse em casa dos avós e um o, naquela cidade, para que não ˝A dor eleva, a dor exalta, a dor diviniza!˝ ficasse sem estudar. O Clodomiro, seu o, (Guerra Junqueiro) era um professor de muito conceito na precocidade no aprendizado, pouco tempo cidade de Alagoa Nova e gozava de ó ma depois passou a auxiliar o o professor tanto reputação moral, porém, aos 29 anos foi nas a vidades escolares como em outras de acome do por uma paralisia nas pernas, o cunho pessoal que o mesmo não podia que o impossibilitou de con nuar a sua realizar: Fazia uma espécie de "auxiliartrajetória no magistério. Impossibilitado de camareiro" junto ao o. se locomover, pouco tempo depois resolveu Algum tempo depois, quando nha abrir em sua própria casa o “Externato apenas nove anos, aconteceu o falecimento Epitácio Pessoa”, uma escola par cular onde da sua avó que era o pivô da organização da lecionava aulas nos três horários e em família em todos os sen dos. Foi um grande diversos graus para alunos interessados, choque! filhos das famílias da pequena população. Saiba como termina essa história em: Num ambiente familiar normal, José Leal era h p://historiaesperancense.blogspot.com. muito bem aceito pelos seus avós, pessoas já br/2016/03/a-pedido-requiem-para-josebastante idosas e que o tratavam com certo leal-p-s-de.html. carinho. E assim, o menino se fez, também, Copie e cole o link em seu navegador. um aluno do “Externato” e que, por sua

FOTO: O Globo, 16-07-1956

Réquiem

Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A

l g u n s p o u c o s c a s a r õ e s e construçõ es antigas compõ em o nosso patrimô nio histó rico, apenas, a exemplo do Solar dos Delgado, da Casa Paroquial, da Secretaria de Educaçã o, na atual Manoel Rodrigues. A maioria delas encontra-se nesta rua principal (antiga Epitá cio Pessoa, popular Chã da Bala). Mas, há alguns exemplares na rua Nova (Joã o Pessoa) e na do Sertã o (Solon de Lucena). Na rua de Baixo (Dr. Silvino Olavo), a ú ltima casa do beiral de brancas e baixinhas, remanescente da inspiraçã o do poeta, há muito deixou de ser uma casinha de porta e janelas, sofreu mudanças e se encontra fechada, sem moradores, até vir um novo pré dio comercial sobre ela. P e q u e n a s c o m o a q u e l a o u grandes, as belas construçõ es de antigamente cedem espaço a lojas e pontos comerciais. O mercado – mola propulsora da Banabuyé que evoluiu para uma Esperança apá tica – trouxe muita coisa boa, mas nos deixou em um saudosismo ı́mpar. A inexistê ncia de uma legislaçã o especı́ ica resulta na destruiçã o desse registro do nosso passado glorioso. Dentre as que sobrevivem a especulaçã o imobiliá ria, ao avanço do c o m é rc i o e à fa l t a d e l e g i s l a ç ã o

SOLAR DOS DELGADO

O mais antigo e preservado da cidade

especı́ ica, destacamos neste artigo, o casarã o dos Delgado, solar que garante a beleza da Vila Antô nio Calô . A sua construçã o remonta ao o Sé culo XIX em estilo neoclá ssico que, à é poca, era arquitetura sım ́ bolo de poder ou posiçã o social. (...) O Solar dos Delgado, como tem sido chamado, ocupa uma á rea nobre da cidade. Em priscas eras, nã o havia nenhuma residê ncia em seu entorno. Este icava no inal da “Chã da bala”, pró ximo a propriedade de Manuel Rodrigues, nosso primeiro prefeito, que cederia espaço para a construçã o do Giná sio Diocesano (atual “Escola Dom Palmeira”), na dé cada de 50. Nã o apenas a sua fachada é larga, como també m no comprimento, por pouco nã o chegando à rua paralela. O seu proprietá rio, o patriarca da famı́lia Delgado, Antô nio Carolino ou Antô nio Calô (1888-1970), foi um pró spero comerciante em nosso torrã o. Na platibanda daquela residê ncia está registrado o ano de 1925, possıv́el

ACERVO: Professor José Coelho Nóbrega, 1933

FONTE: Perl Rafael Gomes, no facebook, 2014.

data da ú ltima grande alteraçã o na fachada, de sua conclusã o ou, talvez, um registro da emancipaçã o da cidade. (...) Saiba mais no blog H i s t ó r i a E s p e r a n c e n s e . S i g a o l i n k : http://www.historiaesperancense.blogspot.com.b r/2016/03/solar-dos-delgado-o-mais-antigoe.html 9


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Memórias do Cine São José” POR JÚLIO CÉSAR* Há uma sé rie de TV chamada “todo mundo Assisti muitos ilmes de Bruce Lee naquela tela ao lado da odeia o Cris” que relata a vida de um jovem garoto na pré turma e havia um colega que era fã de Punhos de Ferro de um jeito adolescê ncia dos Estados Unidos no ano de 1984. Em alguns intenso, que protagonizou ao meu entender, a criaçã o do primeiro casos, a sé rie consegue passar um comportamento que me parece Cosplay (imitaçã o de personagem) da Paraıb ́ a, quando apareceu ser generalizado daquela geraçã o e acaba me para assistir o ilme praticamente levando a Esperança dos primó rdios dos anos vestido como o personagem, para 80. motivo de gargalhadas e no mın ́ imo Fora as partidas do Amé rica que uma semana de piadas dos colegas. animavam as tardes do domingo a outra opçã o Eram ilmes violentos com muita de lazer da cidade era assistir algum ilme no pancada e sangue e alguns com Cine Sã o José . Havia as matiné s da tarde que à s censura para 18 anos, nã o por haver vezes disputava pú blico com os jogos de futebol cenas mais picantes, mas por causa e havia as secçõ es noturnas para quem nã o da intensidade das cenas de sangue. quisesse icam sentado no calçadã o à noite. O Mesmo assim, ningué m saia depois Cine Sã o José nã o vivenciava mais seus famosos querendo bater ou matar ningué m anos de gló ria as pelıćulas se revezavam em ou muito menos reproduzir aquelas ilmes de Faroeste, Bruce Lee, Shaolin, Punhos c e n a s n a v i d a r e a l , c o m o de Ferro, Chaplin ou algum ilme semi-pornô Montagem e-Brasil2007; originais: Acervo Jodeme supostamente acontece hoje em brasileiro. As vezes um ilme icava em cartaz O cine seria demolido junto com o casarão de Manoel Rodrigues dia. quase um mê s com pú blico praticamente zero Um dia voltei para Campina para assisti-lo e isso nã o ajudava muito a Grande para passar uma semana na melhorar o cinema, pois a garotada logo “abusava” do ilme e nã o casa de meu tio e quando retornei soube que o cine Sã o José tinha pisava mais no cinema. fechado de initivamente suas portas e nã o deu outra, foi uma A coisa para os lados do Sã o José andava tã o precá ria que questã o de tempo para vê -lo cair para dar lugar à progressiva na necessidade de dinheiro o pessoal já nem levava tanto em agê ncia do Banco do Brasil. conta a questã o de censura dos ilmes e muito garoto se aproveitava dessa fase frá gil da antiga casa para cometer seus (*) O autor é jornalista e cartunista, residiu em Esperança, na rua delitos de adolescente. de Areia; atualmente pesquisa sobre o futebol paraibano. 10


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.