RBS Magazine ED. 30

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5°FÓRUM REGIONAL DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA COM FONTES RENOVÁVEIS

REGIÃO NORTE

Nosso objetivo é fortalecer o setor de Geração Distribuída na Região Norte do Brasil

REGIÃO NORTE

save SETEMBRO 18 e 19 the date2019 BELÉM - PA

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QUALIDADE, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

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ISSN 2526-7167

Vol. 04 - Nº 30 - SET/OUT 2019



NOTA DO EDITOR

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om esta edição me despeço da revista na função de editor, mas certo que seguirei contribuindo com artigos e no�cias do setor de energia solar e áreas afins. Da mesma forma que cheguei, saio agradecendo a mais essa oportunidade de contribuir com o setor de energia renovável brasileiro e poder acompanhar o momento histórico de 1 Gigawatt-pico (GWp) instalado em geração distribuída em meados de 2019. Deixo aqui um breve relato da história do setor, mais focado no segmento da geração distribuída e projetos que participei.

Nos meus quase 25 anos de energia solar, pude ver um pouco de tudo acontecer. Dos programas governamentais para atendimento de sistema isolados (off-grid) entre 1994 a 2003 (PRODEEM – Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios do Ministério de Minas e Energia) onde foram desenvolvidos os primeiros esforços para iniciar processo de certificação e normatização deste setor no Brasil, passando pelo programa Luz para Todos (LpT) a partir de 2003 até inicio deste ano, marcado pelas ações via concessionárias de energia, além dos programas estaduais e projetos com universidades e organizações da sociedade civil (ONGs), que seguem sendo implementados em comunidades tradicionais pelo Brasil, apoiando projetos de conservação da biodiver-

sidade, usos produtivos de energia, com foco em gênero, saúde e educação. Porém, antes de tudo isso acontecer, devemos agradecer aos pioneiros da energia solar no Brasil, que ainda na década de 70 desenvolveram as primeiras iniciativas com energia solar dentro das universidades brasileiras (USP, UFRGS, UNICAMP, UFSC, UFPA, dentre outras), gerando a competência no país para formação dos primeiros profissionais e doutores no setor, alguns são amigos de longas datas. Após década de 90 e inicio anos 2000, e depois de muitas idas e vidas a Brasília, visitando o MME, MMA, ANEEL, etc., vi o marco regulatório se consolidar e, a partir do final de 2012, o setor privado (que vai além da venda de geradores fotovoltaicos para programas e projetos de governo) assume a liderança e os projetos passam a seguir as regras de mercado, oferta e procura. Necessitando ainda alguns ajustes necessários por parte do setor público e órgão regulador. Naquele momento, após 2012, as regras mudaram e o mercado cresce num ritmo frenético, o que é bom, mas arriscado também (no que tange a qualidade dos serviços). A energia solar no Brasil deixa de ser off-grid para ser on-grid, como é mais conhecida hoje.

FRG Mídia Brasil Ltda.

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Maria Cristina Cardoso Para reprodução parcial ou completa das informações da RBS Magazine - Revista Brasil Solar é obrigatório a citação da fonte.

A revista RBS Magazine seguirá firme e forte, trazendo noticias e informações para o setor, e eu, sem dúvida, continuarei apoiado este trabalho e essa equipe dedicada. Obrigado RBS Magazine. Me afasto, sem quebrar os laços criados com o time profissional da revista, mas neste momento preciso de mais tempo para me dedicar aos velhos e novos desafios, como seguir atuando como Conselheiro do Fundo Clima para o Verde (GCF) da Nações Unidas (ONU), já são 5 anos nesta função, CEO da empresa USINAZUL, além de outras empresas que sou fundador e compartilho a responsabilidade, somado às atividades de pesquisador-colaborador no Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do IEE/USP.

Em um quarto de século foi possível ver grandes empresas entrando e saindo,

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Curitiba - PR – Brasil

e pequenas empresas ganhando espaço nunca antes visto neste setor. Foi possível ver a diversificação de modelos de negócios e oferta de produtos e serviços. Neste ano, foi possível ver energia solar comercializadas a pouco menos que setenta reais o megawatt-hora (R$70/MWh), quem imaginaria isso há cinco ou até mesmo há dois anos atrás? Sinais dos tempos e da Era Solar.

DISTRIBUIÇÃO

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DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

Empresas do setor de energia solar fotovoltaica, geração distribuída e energias renováveis, sustentabilidade, câmaras e federações de comércio e indústria, universidades, assinantes, centros de pesquisas, além de ser distribuído em grande quantidade nas principais feiras e eventos do setor de energia solar, energias renováveis, construção sustentável e meio ambiente.

TIRAGEM: 5.000 exemplares VERSÕES: Impressa / eletrônica

Aurélio Souza

Chefe de Edição Diretor USINAZUL e Pesquisador LSF-IEE/USP

PUBLICAÇÃO: Bimestral CONTATO: +55 (41) 3225.6693 +55 (41) 3222.6661

E-MAIL: comercial@revistabrasilsolar.com COLUNISTAS/COLABORADORES Marina M. Falcão, Lucas V. Bellinaso, Carlos Evangelista, Ildo Bet, João P. de Souza, José Márcio, Virmondes Cruvinel, Felipe C. Oliveira, Gabriel M. de Freitas, Uana S. B. Valtuille

Os artigos e matérias assinados por colunistas e ou colaboradores, não correspondem a opinião do RBS Magazine - Revista Brasil Solar, sendo de inteira responsabilidade do autor.

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Artigo

AGÊNCIAS REGULADORAS E O CONTROLE DA QUALIDADE DA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Marina Meyer Falcão

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reestruturação do setor elétrico brasileiro, que teve início em 1996, conferiu-se prioridade à criação e organização de órgãos reguladores de serviços públicos, dotados de autonomia, a fim de implantar a política energética nacional e estabelecer as condições para expansão dos serviços, observando os critérios de universalização, qualidade, preços justos e viáveis a usuários e fornecedores.

de universalização dos serviços pres- tratuais, um entrave a sua atuação, a preservação do equilíbrio econômico A criação da Agência Nacional tados pelas concessionárias. e financeiro do contrato, algo alheio à de Energia Elétrica (ANEEL), com De acordo com observações de prestação adequada do serviço públifuncionamento no final de 1997, deu início ao processo regulatório e à fis- Pinto Pereira (1999) que comparou co e o interesse público, algo que recalização das concessionárias de dis- três agências reguladoras: ANATEL, side na sua vontade pessoal e não na tribuição de energia elétrica em todo ANEEL e ANP, identificou-se fatores vontade fixada na lei. o País. Posteriormente, suas ativida- de autonomia que são possíveis de Por outro lado, temos também des de controle foram sendo descen- mensurar entre as agências, são eles: tralizadas para agências estaduais com canais para a manifestação dos cida- presentes nas Agências Reguladoras a intenção de implantar as práticas de dãos, clara definição dos direitos dos os instrumentos de controle, que (sefiscalização definidas pela ANEEL e usuários, publicidade das decisões, gundo Lavacek :1994) os principais pelas diretrizes do Ministério de Mi- recurso às decisões, inserção política instrumentos de controle de compee institucional, receita própria, auto- tência por parte das agências regulanas e Energia. nomia jurídica, mandato fixo para a doras são: número de ações emitidas, A entrada do ente regulador no diretoria, mandatos não coincidentes número de multas emitidas, controle setor possibilitou a verificação de duas para diretores, restrições à qualifica- sobre financiamentos estatais, confases distintas de autonomia e de con- ção de diretores, decisões colegiadas, trole sobre fusão de empresas, poder trole dos fiscalizadores sobre as con- quadro permanente de técnicos, pro- para desqualificar algum diretor, gacessionárias nos estados brasileiros: gressão por mérito, padrões de desli- rantia (de demanda razoável, tarifas, qualidade, saúde financeira da conuma fase com atuação da Eletrobrás, gamento diferenciados. cessionária) e exigência de competiorganizada sob um regime de conA autonomia do órgão regulador tividade nas compras efetuadas pelas trole centralizado, sem autonomia e com formas organizacionais tradicio- é, (Figueiredo, 2000) um instrumento concessionárias. nais e, outra, com a criação das agên- imprescindível para se evitar a captuConforme levantamento junto às cias reguladoras, caracterizadas pelo ra, principalmente por governantes controle descentralizado, com novas que, desconhecendo a importância da agências, as características de controle relações interorganizacionais e dife- atividade de regulação, agem como se encontradas são: renciadas formas de autonomia e de a fixação da tarifa fosse ato unilateral a) Quanto ao número de concescontrole sobre padrões de qualidade e seu, o respeito às regras legais e con-

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Artigo

cadores comerciais atualmente constantes dos contratos de concessão, de caráter coletivo, são: TRC (número de reclamações de consumidores por grupo de 100 mil consumidores) e PRTR (percentual de reclamações de queda de tensão). c) Qualidade da onda de tensão: conceito vinculado às perturbações na onda de tensão, envolvendo os níveis de tensão na rede, os "ocos de tensão" (afundamentos), as distorções provocadas por harmônicas (tensão senoidal cuja freqüência é um múltiplo da freqüência de 60 hertz), os microcortes, os flickers (efeito associado à impressão de instabilidade da sensação visual provocado por variações rápidas de tensão que se repetem com determinada freqüência), etc.

sionárias de distribuição de ção para mensurar a qualidade dos energia elétrica que são con- serviços de distribuição de energia: a continuidade dos serviços, a qualidatroladas pela Agência; de comercial, a qualidade da onda de tensão e universalização. Abaixo são b) Número de reclamações; resumidamente descritos esses indic) Controle de financiamento de cadores. concessionárias de fundos do a) Continuidade dos serviços: Estado ou da União; esse conceito é vinculado à duração e frequência das interrupções d) Controle técnico e comercial no fornecimento de energia elénas concessionárias; trica. Os indicadores mais tradicionais constantes nos contratos e) Tipos de sistema de controle de concessão, de caráter coletivo, em função do grau de descensão o DEC (duração equivalente tralização: que será à medida de interrupção de energia eléque a descentralização seja trica por consumidor) e o FEC maior, será necessário um (freqüência equivalente de incontrole mais formalizado. terrupção de energia elétrica por Portanto, antes de se desenhar consumidor). o sistema de controle, será necessário definir o poder de b) Qualidade comercial: conceito decisão que se transfere ao vinculado à obrigatoriedade de responsável. garantir a defesa dos consumidores nas suas relações com as emEm termos de qualidade de servipresas concessionárias de enerços, conforme Capelletto e Gastaldo gia elétrica, incluindo-se alguns (2000) na experiência internacional aspectos de natureza técnica do da indústria de energia elétrica, é laratendimento. Alguns dos indigamente aceito a seguinte classifica-

d) Universalização dos serviços: constam dos contratos de concessão os indicadores de universalização dos serviços de energia elétrica na área urbana e de universalização dos serviços na área rural. No entanto, a única variável que pode ser estudada agora é o número de domicílios (dados do IBGE) dividido pelo número de consumidores fornecidos pelas concessionárias. Fato é que as agências reguladoras de distribuição de energia elétrica no Brasil, tanto federal como estaduais, no período entre 1997 e 2000, foram implantadas sob um regime de urgência, visto que a maioria das concessionárias, que hoje são reguladas e controladas, já havia sido privatizada. Além da intensidade no tempo, havia no espaço político uma batalha de demonstração de confiabilidade e de institucionalização do novo marco regulatório brasileiro. Contudo, as conquistas desses espaços, dependiam também das formações profissionais internas, da realização de concursos públicos e de definições do tipo vinculação ou não com o Estado.

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Artigo

Dessa forma, enquanto as agências reguladoras tem destinado seus esforços para cumprir os seus deveres de regulação, ainda se discute-se o impacto das variáveis de controle e de autonomia dessas agências em relação aos resultados na qualidade dos serviços prestados por essas empresas. Atualmente com a Geração Distribuída o nível de qualidade da maioria das Distribuidoras, levando em consideração os critérios: qualidade comercial, e continuidade dos serviços, aliados à obrigação de prestarem um serviço adequado, eficaz e acessível a todos – insculpido na Constituição Brasileira, com certeza está aquém do nível desejado. Por isso o caminho almejado hoje é a competição (saudável) e não a intervenção do governo nos setores que prosperam no Brasil. Este é o caminho fundamental para a redução de custos, desenvolvimento econômico e social, em especial no setor fotovoltaico. Sendo assim crucial uma rápida mudança de atitude do nosso Ministério de Minas e Energia através da fiscalização ativa do órgão regulador (como bem observou o mestre Edvaldo Santana em seu artigo : O falso dilema da energia) para acompanhar o novo paradigma das mudanças ocorridos no setor elétrico brasileiro e pensar em regras que incentivem ainda mais a descentralização dos investimentos. A renovação do setor elétrico como um todo é urgente e necessária, e acrescento também a melhoria dos serviços prestados pelas Distribuidoras de todo o nosso país. Bibliografia BORENSTEIN, Carlos Raul et al. Regulação e gestão competitiva no setor elétrico brasileiro. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999. CAPELETTO, Gilberto J., GASTALDO, Eduardo M. Indicadores de qualidade nos serviços: instrumental auxiliar do processo regulatório. Anais do I Congresso Brasileiro de Regulação de Serviços Públicos Concedidos. Salvador, julho de 2000. CD-ROOM FIGUEIREDO, P. H. P. Da indispensável autonomia dos entes de regulação. Anais do I Congresso Brasileiro de Regulação de Serviços Públicos Concedidos. Salvador, julho de 2000. CD-ROOM. GOMES, Josir S., SALAS, Joan M. A. Controle de gestão: uma abordagem contextual e organizacional. São Paulo: Atlas, 1997. PECI, Alketa, CAVALCANTI, Bianor. A Outra Face da Regulação: o Cidadão-Usuário de Serviços Públicos no Novo Modelo Regulatório Brasileiro. Anais do Congresso ENANPAD 2001. Campinas : ENANPAD, 2001. PINTO PEREIRA, Adriano. Privatização e regulação de serviços públicos: um estudo com ênfase no risco da captura do agente regulador. São Paulo: USP, 1999. Dissertação.

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Marina Meyer Falcão é Diretora Jurídica da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída) e Diretora da Marina Meyer Advocacia Empresarial, advogada especialista em Direito de Energia. Membro representante do Estado de Minas Gerais na missão Energias Renováveis na Alemanha (Baviera) em junho de 2018 e representante de Minas Gerais nos Estados Unidos em 2016, Co- Autora de 3 Livros em Direito de Energia, com MBA em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Pós-graduada em Gestão Ambiental pelo Instituto de Educação Tecnológica - IETEC. Graduada pela Universidade FUMEC. Membro da Comissão de Energia da OAB-MG; Membro da Câmara de Energia da FIEMG; Ex-Superintendente de Política Energética do Estado de Minas Gerais (2009 a 2014); Ex-Conselheira do Conselho de Política Ambiental – COPAM do Estado de Minas Gerais (2009 a 2014); Ex-Secretária Executiva do Comitê Mineiro de Petróleo e Gás.


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A Geração Distribuída e a MP da Liberdade Econômica (MP 881)

Prof. Dr. Lucas Vizzotto Bellinaso

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setor de Geração Distribuída (GD) tem sido um dos poucos em elevado crescimento num cenário de longa estagnação econômica. Como atual coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFSM, tenho percebido que grande parte dos recentes egressos do curso está trabalhando nesse setor, nas áreas de vendas, em projeto, instalação ou na indústria, como funcionários ou com negócio próprio. Apesar de ser um setor em elevado crescimento, existem barreiras impostas pelo setor público ou pelas próprias concessionárias de energia elétrica, que acabam dificultando ou atrasando de maneira desnecessária a expansão da geração distribuída. Em junho de 2019, fizemos uma enquete com especialistas, projetistas e instaladores de geração dis-

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tribuída de vários estados do Brasil, perguntando sobre os principais problemas no setor. Os principais problemas relatados foram: 1) Exigência de licença ambiental onde não é necessário: devido a leis municipais e/ou estaduais, a licença ambiental é exigida em várias cidades até mesmo para a instalação em telhados. Foi relatado que numa UF a licença ambiental de sistemas fotovoltaicos tem as mesmas exigências e complexidade de uma usina termelétrica. Essas exigências são tidas como abusivas, visto que sistemas fotovoltaicos não geram poluentes, não têm partes móveis, não fazem ruído e ficam restritos à área privada do proprietário. 2) Exigência de dispositivos elétricos de proteção:

algumas distribuidoras de energia têm exigido dispositivos de proteção não especificados em normas, o que tem inviabilizado sistemas fotovoltaicos de minigeração da faixa de 75 kW a 300 kW. 3) Sistema paralelo de submissão de projetos: atualmente as distribuidoras de energia devem ter um sistema online para submissão de projetos de geração distribuída, a fim de reduzir a quantidade de papel. Foi relatado que algumas distribuidoras de energia estão dificultando o processo eletrônico e exigindo a submissão paralela de projetos em papel, o que contraria as normas da ANEEL. 4) Exigência de fotografia aérea do sistema fotovoltaico: algumas distribuidoras têm exigido que o sistema



A MP da Liberdade Econômica (MP 881), que foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 13 de agosto, vem para eliminar barreiras e simplificar processos tidos como desnecessários fotovoltaico seja fotografado por drone para que o acesso seja concedido. Isso é visto como desnecessário, uma vez que não deixa o sistema mais seguro. 5) Exigência de fotografia do número de série do transformador da rua: foi relatado que algumas distribuidoras têm exigido a fotografia do número de série do transformador da rua onde a Unidade Consumidora (UC) se encontra. Isso é desnecessário, pois as distribuidoras já possuem a informação do transformador no qual a UC está conectada. 6) Exigência de DPS tipo I na entrada da UC apenas quando possui Geração Distribuída: os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) são importantes para proteger os equipamentos elétricos das residências contra surtos de tensão causados por descargas atmosféricas e comutações indutivas na rede elétrica. Os DPSs tipo I são utilizados contra descargas diretas (raios) e, por isso, são os mais caros. Porém, exigir esse tipo de DPS somente quando a UC possui GD não faz sentido, a não ser que seja comprovado um aumento considerável de risco de descarga direta com a presença de GD. Em relação a pontos que não devem ser dispensados, a maioria dos especialistas relatou que deve ser exigida a Anotação de Responsabilida10

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de Técnica (ART) do CREA, a fim de responsabilização jurídica em caso de acidentes, e a certificação (INMETRO) do inversor fotovoltaico, visto que o inversor pode afetar a rede elétrica da vizinhança. Dentro dessa ideia, a MP da Liberdade Econômica (MP 881), que foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 13 de agosto, vem para eliminar barreiras e simplificar processos tidos como desnecessários. As regras da MP que poderão afetar a área de geração distribuída são: 1) Dispensa de ato público de liberação em atividades de baixo risco: é regra da MP a dispensa de ato público de liberação para atividades de baixo risco. Dentro disso, poderá ser enquadrada a dispensa de licença ambiental para instalação de sistemas fotovoltaicos em ambientes de baixo risco, como telhados e locais limpos. As regras para a definição de baixo risco serão definidas posteriormente através de ato do Poder Executivo federal na ausência de Leis Estaduais ou Municipais. 2) Isonomia obrigatória na fiscalização: essa regra poderá ser aplicada na solicitação de acesso à rede. O que for exigido para um solicitante de acesso de GD à rede elétrica deverá ser exigido para todos, seguindo os mesmos critérios anteriormente adotados. A fiscalização deverá ser isonômica, mesmo para em-

presas do grupo econômico pertencente às próprias distribuidoras de energia. 3) Liberação da atividade econômica após prazo informado: de acordo com a MP, o solicitante deve ser informado do prazo para análise de seu pedido e, transcorrido esse prazo, o silêncio da autoridade competente significa a aprovação de seu pedido, ressalvadas as hipóteses vedadas por lei. Isso poderá ser aplicado aos pedidos de solicitação de acesso, além de qualquer pedido de liberação a órgãos municipais e estaduais. Como não há lei vedando a aprovação de sistemas fotovoltaicos, essa regra provavelmente se aplicará às distribuidoras de energia elétrica, considerando os prazos atualmente definidos pela ANEEL. Na insuficiência de pessoal para a análise de projetos, as distribuidoras de energia deverão informar aos solicitantes sobre a extensão de prazo. 4) Garantias de livre iniciativa: a MP estabelece garantias de livre iniciativa. Uma delas garante que o poder público evite a exigência de especificações técnicas não necessárias para atingir o fim desejado. Isso poderá ser o caso de exigências de dispositivos elétricos de proteção não especificados em normas, exigências essas criadas a partir de uma interpretação do PRODIST e das Resoluções da ANEEL. Desse



A aplicação das regras na área de Geração Distribuída depende ainda de regulamentações da ANEEL modo, será importante atualizar o PRODIST e as Resoluções da ANEEL, com o objetivo de reduzir as possibilidades de interpretação. 5) Análise de impacto regulatório: a inclusão de novas exigências poderá ser realizada caso comprovado por análise de impacto regulatório, considerando questões técnico-econômicas. A exigência de DPS tipo I para instalações com GD poderá ser analisada dessa forma. Atualmente, não existe comprovação de que a presença de GD aumente significativamente o risco de descargas diretas, nem que a obrigatoriedade de DPS tipo I seja economicamente viável dentro de possível aumento de risco. A aplicação das regras acima na área de Geração Distribuída depende ainda de regulamentações da ANEEL, atos do poder executivo federal, 12

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além de leis municipais e estaduais. Deverá ser considerado o fato de a geração fotovoltaica ser uma atividade de baixo risco e beneficiar o meio-ambiente. Espera-se que essas regras melhorem a segurança jurídica na realização dos projetos, a relação das concessionárias com as empresas instaladoras e também reduzam os custos com exigências não definidas pela ANEEL. Assim, além de beneficiar a economia como um todo, a aplicação das regras da MP da Liberdade Econômica tende a beneficiar todo o setor de geração distribuída, contribuindo para a criação de novos empregos e para a expansão e popularização da produção descentralizada de energia elétrica. Nota: esse texto foi encaminhado para o editor da RBES antes de a MP 881 ser enviada para votação no Senado Federal, podendo a MP ter sido alterada, rejeitada ou perdido sua eficácia antes da publicação da revista.

Prof. Dr. Lucas Vizzo�o Bellinaso Foi sócio-fundador da empresa Sonnen Energia (2012-2015). Atualmente é professor adjunto da UFSM e atual coordenador do curso Engenharia Elétrica/CT/. É pesquisador do Instituto de Ciência e Tecnologia em Geração Distribuída (INCT-GD) e do Instituto de Redes Inteligentes (INRI/UFSM), onde coordena projetos de P&D com a indústria fotovoltaica. Também participa do GT Fotovoltaico para atualização das normas técnicas da ABNT. Mais informações sobre o INRI e INCT-GD: http://inri.ufsm. br/ http://www.inctgd. ufsm.br


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Entrevista

Entrevista com ILDO BET Diretor técnico da PHB

ENERGY STORAGE SYSTEM - Sistema de Armazenamento de Energia em Container, que substitui o gerador diesel de forma inteligente, além de ser silencioso!! RBS MAGAZINE: A PHB vem inovando a cada dia no setor energético brasileiro. De onde vem este “DNA” forte em inovação e tecnologia? ILDO BET - A PHB tem quase 35 anos de operação. Em todo este período, a PHB acompanhou as tendências do mercado para criar novos produtos, sempre visando a qualidade dos mesmos. A PHB foi pioneira na fabricação de fontes chaveadas no Brasil. Também desenvolveu produtos para área de telecomunicações. Em 2012 a PHB entrou com força no mercado fotovoltaico desenvolvendo soluções completas para esta área e participando ativamente na criação das normas brasileiras para sistemas fotovoltaicos. Na atualidade por meio de parceiras de pesquisas a PHB está participando no desenvolvimento de baterias de Lítio-íon no

Brasil e de soluções de armazenamento em container que irão substituir os geradores diesel. RBS MAGAZINE: Nos fale um pouco sobre o sistema de Armazenamento em Container “ENERGY STORAGE SYSTEM (ESS)”? É um sistema de armazenamento de energia em baterias, que pode ser utilizado em aplicações como backup, peak-shaving, energy time-shi�ing, serviços ancilares e microrredes. Backup – Funciona como um sistema de alimentação de emergência para cargas prioritárias, no caso de interrupção de fornecimento de energia da rede elétrica. Peak-shaving – Para consumidores com demanda contratada (grupo A), o sistema de armazenamento fornece a potência necessária à carga para evitar

“O Armazenamento de Energia é considerado o próximo passo no que se diz respeito a geração de energia inteligente e eficiente‘’ 14

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que a demanda contratada seja ultrapassada, evitando multas. Energy time-shi�ing – O sistema de armazenamento pode ser utilizado para acumular energia em horários fora-de-ponta, para utilização no período do horário de ponta, em que a tarifa da energia é mais elevada. Atualmente, essa funcionalidade é realizada geralmente por meio da utilização de geradores a diesel, que requerem manutenção frequente, consomem combus�veis fósseis e produzem elevado ruído audível. Serviços ancilares – O sistema pode ser utilizado em aplicações de suporte à rede elétrica, auxiliando no controle dos níveis de tensão e frequência, a partir do processamento de potências reativa e ativa. Microrredes – Em aplicações em que a unidade consumidora não se encontra conectada à rede elétrica, é possível a implementação de microrredes de energia, que podem ser formadas por diversos tipos de geradores (diesel, fotovoltaico, eólico, PCH, etc.) e acumuladores de energia em baterias.



Entrevista

RBS MAGAZINE: Há quanto tempo a PHB Solar está desenvolvendo este equipamento, e quais são seus parceiros neste projeto? O desenvolvimento deste equipamento teve origem na chamada para projetos de pesquisa e desenvolvimento nº 21 da ANEEL, que foi publicada em julho de 2016. Durante o desenvolvimento a PHB teve como parceiros as instituições e empresas: CPQD, IEE/USP, CTEEP e Hytron. RBS MAGAZINE: Quais os principais detalhes que você destacaria no “ENERGY STORAGE SYSTEM”? O ESS possui dois componentes principais: O PCS (Power Conversion System) e o Banco de Baterias. Além disso, é equipado com sistema de segurança patrimonial (câmeras e alarme), sistema de combate a incêndios, sistema de climatização e sistema de controle e monitoramento local e remoto (EMS – Energy Management System). O sistema é composto por bancos de baterias de lítio-íon (LiFePO4 – Lítio-Ferro-Fosfato), com sistema de gerenciamento de bateria (BMS - Battery Management System) cuja função é monitorar cada célula do banco, visando garantir a operação segura do sistema, respeitando os limites de tensão, corrente e temperatura. Outras tecnologias de baterias, como chumbo-ácido, podem ser utilizadas de acordo com as necessidades específicas de cada projeto de ESS. O ESS é fornecido em containers com dimensões de 10, 20 ou 40 pés. Cada container pode ser dimensionado com capacidade de armazenamento na faixa entre 52 kWh até 3,3 MWh, potência entre 50 kVA até 2 MVA. RBS MAGAZINE: Aponte as vantagens de um sistema de geração de energia, utilizando o equi-

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pamento de armazenamento da PHB? Fontes de energia renováveis geralmente apresentam geração intermitente, dependendo de fatores climáticos, o que confere incerteza no seu fornecimento de energia. Para amenizar esse fenômeno, o ESS pode ser utilizado em conjunto com a fonte de energia renovável, suprindo a demanda de energia nos períodos em que não há geração suficiente. Dessa forma, o ESS permite o melhor aproveitamento da energia renovável e a substituição de fontes de energia convencionais, que podem ser poluentes, ruidosas ou de operação de alto risco. Por ser um sistema “silencioso”, o ESS é ideal para aplicação em áreas residenciais, hospitais, hotéis, etc., onde, atualmente

os geradores a diesel são a principal fonte secundária de energia elétrica. RBS MAGAZINE: Na sua opinião, qual o principal papel do armazenamento de energia nos próximos anos no mercado nacional? Com o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento na escala de produção de baterias, o custo desse tipo de sistema tenderá a cair, o que viabilizará a sua implantação em centrais de geração de energia e unidades consumidoras. O resultado disso, em conjunto com o gerenciamento da energia de forma eficiente, vai ser uma maior estabilidade e segurança da rede elétrica, reduzindo a sobrecarga dos sistemas de transmissão e distribuição atuais, e permitirá maior penetração de fontes de energia renováveis, substituindo as fontes convencionais.


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Artigo

RISCOS E SOLUÇÕES DE SEGURANÇA EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONHEÇA O CÓDIGO NEC João Paulo de Souza

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omo os sistemas fotovoltaicos em países com maior maturidade e longo histórico de utilização no setor – caso dos EUA – se tornaram mais seguros para bombeiros e trabalhadores do mercado de energia solar. Fruto principalmente das últimas atualizações do código NEC (National Electric Code).

pesquisa de laboratório em seu campus em Northbrook, Illinois. A organização testou uma série de materiais para responder à emergências de incêndio em sistemas fotovoltaicos e publicou um relatório abrangente lançado em 2011. O NEC

O NEC (National Electric Code) é de propriedade da NFPA. Seu processo de elaboração reúne voluntários que O que países como os EUA fizeram para tratar dos representam pontos de vista e interesses variados para trariscos diretos e indiretos durante e após a instalação de tar sobre questões e outros problemas de segurança. Os códigos, normas, práticas recomendadas e guias da NFPA um sistema fotovoltaico? são desenvolvidos por meio de um processo consensual e Depois de receber um número crescente de solicita- aprovados pelo ANSI (American National Standards Insções de bombeiros para obter informações sobre a melhor titute). forma de se protegerem, a NFPA (National Fire Protection Association) obteve financiamento do Departamento de Segurança dos EUA para realizar um projeto de pesquisa. Um relatório publicado em 2010 descreveu não apenas os riscos, mas as melhores práticas para resposta em casos de emergência. Mas vamos lá, eis nosso primeiro questionamento.

O que são os Requisitos de Desligamento Rápido – Rapid Shutdown? O NEC adotou provisões para o desligamento rápido Um ano depois, o grupo de testes de segurança da UL (Underwriters Laboratories) seguiu com uma extensa no código de 2014. Em geral, os bombeiros são treinados 18

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para subir em um telhado e ventilar a estrutura. Eles podem criar uma abertura no telhado usando um machado, uma motoserra ou alguma outra ferramenta que permita que os gases quentes saiam. Assim, é possível analisar como o fogo está se comportando internamente ou também fornecer ar fresco para qualquer ocupante da edificação e mantê-los conscientes.

digo não anula ou substitui o outro. Como a maioria das leis americanas é de competência dos respectivos estados, portanto, a definição sobre os códigos a serem seguidos compete a cada unidade federada. O mapa anterior mostra qual código é seguido em cada estado. Como pode notar, o NEC 2017 já está em vigor em muitos mercados.

As janelas podem ser usadas para ventilação, mas uma das técnicas básicas é a ventilação da parte superior do teA figura a seguir ilustra, à esquerda, o NEC 2014: lhado. Agora, todavia, temos uma barreira física que está eletrificada quando o sol está brilhando - e com muitos condutores vivos por baixo. A razão pela qual os requisitos de desligamento rápido foram trazidos para o NEC foi para fornecer algum conhecimento sobre o que está acontecendo nesta área onde estão instalados Há uma borda de 3m ao redor do arranjo fotovoltaico. os sistemas fotovol- Ela dá uma noção ao atendente da emergência de que tudo taicos. dentro daquela fronteira pode estar energizado, com uma tensão de 600 a 1000V. Tudo fora daquele limite de 3m Todavia, para condutores, os requisitos do NEC 2014 deve ser desenergizado assim que o desligamento rápido são aplicados apenas fora do limite do arranjo fotovoltaico. for iniciado. Os condutores dentro da estrutura do telhado Então, o código NEC 2017 surgiu a partir da necessidade (até 1,5m), ainda podem estar energizados. O restante dos de se aplicar requisitos para condutores dentro e fora do condutores deve ter as tensões reduzidas a menos de 30V limite do arranjo fotovoltaico. em menos de 30 segundos. Seguem alguns dos requisitos presentes no NEC A figura dá aos bombeiros apenas algum conhecimen2017: to sobre o que está acontecendo, em vez de ser uma caixa-preta. Agora ele sabe que há uma zona com potencial 1) Seção 110.16 (B) Marcação de Risco de Arco para eletrocussão e que existe uma zona mais segura e sem potencial para eletrocussão. 2) Seção 210.8 (B) Proteção e Interrupção de Circuito de Falta à Terra (GFCI) Então, vamos passar agora para o lado direito da Figura. O que há de diferente no NEC 2017? A mesma lógica se 3) Seção 210.12 Proteção e Interrupção de Arco aplica para o novo código. 4) Seção 240.87 Redução de Energia do Arco

Temos duas zonas e sabemos o que está acontecendo em ambas. O limite diminuiu um pouco e passou de 3m Até aqui falamos que o NEC 2014 foi o primeiro có- para 30cm a partir do limite do arranjo para disponibilidigo a estabelecer requisitos de desligamento rápido para zar muito mais espaço para os bombeiros realizarem suas sistemas fotovoltaicos. Também falamos do NEC 2017, o operações. qual foi um aprimoramento. Contudo, nos EUA, um cóO limite também permite que os bombeiros saibam que aquela zona estará desenergizada quando o desligamento rápido for iniciado e, então, dentro desse limite, a tensão deve estar limitada a níveis seguros. O comprimento do condutor dentro da edificação também mudou e há um pequeno hemisfério a apenas 90cm do ponto de entrada. Portanto, fora dessa zona, tudo é essencialmente o mesmo que era em 2014, ou seja, menos de 30V em menos de 30 segundos. Embora esses requisitos tenham sido escritos no código de 2017, foi concedido um prazo para adaptação da indústria.

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Em janeiro de 2019, entraram em vigor três opções para dentro do limite do arranjo:

Conclusão

Os inúmeros benefícios que a categoria MLPE intrin1. Limitar a tensão para < 80V - Usando MLPE listado; secamente traz agregam valores que ninguém pode pagar. Quanto vale a vida do seu cliente, de seus funcionários ou 2. Obter todo o arranjo listado ou rotulado no campo da sua família? Precisamos ter que esperar que aconteça como um “arranjo fotovoltaico de desligamento rápido" alguma tragédia envolvendo um sistema fotovoltaico para por um NRTL (Nationally Recognized Testing Laborato- aprimorar nossos requisitos de segurança no Brasil? Se alries); guém lhe disser que em uma instalação de sistema fotovoltaico você poderia escolher entre ter ou não ter as seguin3. Nenhum condutor exposto ou metal a 8 pés (2,45m) tes opções abaixo: de distância de peças aterradas - BIPV (sem metal exposto) - Building-Integrated Photovoltaics. 1. Não há alta tensão durante a instalação ou manutenção; E por aqui? 2. Otimizadores de potência e cabos CC desligam auA boa notícia vem agora. No Brasil, já existem produ- tomaticamente após uma falha; tos que atendem ao NEC 2017 limitando-se à extra baixa tensão que é primeira opção. A categoria MLPE, represen3. Otimizadores de potência e cabos CC desligam autada pelos microinversores e inversores simplificados com tomaticamente quando o inversor está desligado ou desotimizadores de potência, é a categoria que atende comple- conectado; tamente aos requisitos do NEC 2017 e, consequentemente, o NEC 2014. E você sabia que a Ecori Energia Solar é uma 4. Proteção contra arco integrado (Tipo 1) em conforempresa brasileira que já nasceu com esse DNA de MLPE midade com o NEC 2011-2017 690.11; e se dedica exclusivamente à esta categoria de produtos de modo a oferecer uma maior segurança e os menores passi5. Funcionalidade integrada de Desligamento Rápivos para seus clientes? do Automático em conformidade com o NEC 2014-2017 690.12; Não é à toa que, nos Estados Unidos até o ano de 2017, a categoria MLPE representava mais de 80% das instala6. Funcionalidade de desligamento rápido automático ções fotovoltaicas residenciais e metade das instalações para suporte de energia de backup; comerciais. Ao não optarem por utilizar tecnologia da categoria MLPE, os instaladores de inversores de string 7. O desligamento rápido é iniciado automaticamente enfrentarão a maior mudança e os maiores desafios nos após a perda de energia CA; mercados fotovoltaicos de telhados. Isto porque restarão as duas outras opções citadas acima. 8. Ambos os circuitos de CC e de CA são projetados para atingir uma tensão menor que 30V em até 30 segundos; 9. Simplifica o projeto e, consequentemente, reduz os custos; 10. Permite a montagem de inversores internos ou externos; Fonte: https://www.pv-magazine.com/2018/09/20/united-states-solar-installation-costs-declined-5-to-11-in-2017-little-so-far-in-2018/

Inversores de string comerciais montados dentro do limite do arranjo podem não estar em conformidade com o NEC 2017, a menos que tenham sido “listados para fornecer proteção rápida contra desligamento.” Eles terão, por exemplo, caixas de junção de terceiros que requerem integração e listagem de módulos ou soluções autônomas de terceiros, as quais exigem testes e listagens. Além disso, todos os inversores ou módulos podem não ser compatíveis ou listados para uso. Resumindo, a mudança para otimizadores ou microinversores é o caminho mais fácil nesse mercado e os números estão aí para comprovar.

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11. Apresenta os menores passivos. Qual seria sua escolha de valor? JOÃO PAULO DE SOUZA tem Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), graduação em Engenharia Elétrica Industrial e curso técnico profissionalizante em Eletrotécnica Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Engenheiro responsável pela Ecori Energia Solar e especialista em sistemas fotovoltaicos com tecnologia MLPE. Membro do Comitê Técnico Brasileiro de Sistemas de Conversão Fotovoltaicas de Energia Solar ABNT/CB-003. Ex-sócio e fundador da LUNION Energia e Automação. Engenheiro de sistemas aeroespaciais na Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Foi pesquisador colaborador no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Trabalhou na montagem do Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação (LINCS) no IAE.


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BRASIL ULTRAPASSA 100 MIL CONEXÕES

de geração distribuída de energia elétrica O estado de Minas Gerais lidera o ranking em termos de número de conexões Carlos Evangelista

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O

Brasil conta com mais de 100 mil sistemas de micro e minigeração distribuída de energia elétrica conectados à rede, beneficiando mais de 130 mil unidades consumidoras como residências, edifícios comerciais e instalações industriais de pequeno e médio porte. Gerar energia para consumo próprio é um direito de todos os brasileiros e o número de pessoas que busca essa alternativa vem crescendo rapidamente, segundo os dados compilados pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) a partir de informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na última quarta-feira, a geração distribuída atingiu a marca de 100.829 conexões, somando 1,2 GW de potência instalada. O estado de Minas Gerais lidera o ranking em termos de número de conexões (21.917), com São Paulo ocupando a segunda posição (17.479) e, Rio Grande do Sul, o terceiro lugar (14,647). Para Carlos Evangelista, presidente da ABGD, a expansão do setor é uma tendência mundial, que o Brasil vem tentando acompanhar – mas ainda há muito a fazer por aqui. “Comemoramos os avanços, mas precisamos continuar o trabalho porque a geração distribuída ainda é pouco difundida no País; não chega a 0,15% da matriz elétrica. ”, comenta o executivo. “A GD oferece diversos benefícios ambientais, é feita exclusivamente com fontes renováveis, produz inúmeros empregos qualificados e ainda gera economia na conta de luz. Precisamos garantir esse direito de escolha aos brasileiros. ”, destaca Evangelista.


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Entrevista

Nesta edição a RBS Magazine traz uma entrevista com José Márcio “CEO da EMBRASTEC” A EMBRASTEC é um dos grandes destaques do setor de Energia Solar Fotovoltaica e Geração Distribuída no Brasil A 1ª EM DPS ANTI-RAIO DO BRASIL Após anos de pesquisas, desenvolveu o protetor ANTI-RAIO, um produto sem similares que protege qualquer equipamento eletroeletrônico contra todos os tipos de transiente.

da agora em agosto/2019, com várias configurações, as quais podem ser customizadas de acordo com a neRBS Magazine: Quais as principais li- cessidade do projeto, o que traz um nhas de produtos e serviços da empre- grande bene�cio para os instaladores. sa para o setor no Brasil? A nossa meta é atingir 35% até o final do ano de 2019.

RBS Magazine: Comente um pouco so- Temos uma busca pela verticalização bre a história da EMBRASTEC, quantos de nossa operação, industrializamos tudo internamente, desde injeção anos de mercado, fundadores, etc? plástica dos nossos gabinetes, estamJosé Márcio - Eu fundei a Embrastec po de terminais, projetos de P&D, e em 1991, juntamente com meu pai, claro a montagem dos nossos produJosé Norival Rosa, com a missão de tos. desenvolver dispositivos de proteção contra surtos. Ao longo desses quase Esse domínio do processo industrial, 30 anos nos especializamos em pro- nos dá agilidade para lançamento de teção contra descargas atmosféricas. produtos novos, acompanhando novas tendências, o que nos proporcioA Embrastec investiu em pesquisas nou iniciar a produção de DPS para o e desenvolvimento de novos mode- sistema fotovoltaico, já com uma lilos, para proteção de todos os tipos nha bem diversificada, contando com de equipamentos e redes, sempre modelos de DPS tanto no sistema buscando atender as necessidades Monobloco quanto no sistema Plugdo mercado, acompanhando as evo- -in, composto de base e módulos. luções tecnológicas, somando mais de 600 modelos de DPS industrializa- Na Linha Monobloco, temos DPS Classe I e Classe II e na linha Plug-in dos. DPS Classe II. RBS Magazine: Há quantos anos a Disponíveis nas tensões 500VDC, empresa atua no setor FV? 750VDC, 1000 VDC, 1200 VDC e 1500 Essa busca de atender as necessida- VDC. des do mercado, em 2015, fomos a primeira indústria a fabricar DPS para Contamos também com nossa Linha sistema Fotovoltaico no Brasil, hoje bem diversificada de String Box. contamos com modelos de várias tensões e correntes, inclusive Classe RBS Magazine: A empresa está preparando algum lançamento ou novidade I e Classe II. para este ano e 2020? Da nossa produção mensal, 20% já Nossa Linha de Strings Box, foi lançasão para Sistema Fotovoltaico. 24

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Inauguramos este ano também, nosso Laboratório de Alta Tensão, o que potencializou nossa capacidade de desenvolvimento de novos projetos e aprimoramento de nossa linha. Com certeza teremos novidades para o ano de 2020. Aguardem! Prometo contar aqui em primeira mão! RBS Magazine: A EMBRASTEC é Patrocinadora do Fórum Regional de Geração Distribuída e Energia Solar Fotovoltaica. Qual a importância de eventos segmentados como este para o desenvolvimento do setor? A iniciativa de promover os eventos segmentados, foi muito feliz, pois leva informação até os instaladores, onde eles estão, ao invés de trazê-los até os grandes centros. Ainda mais em um país com as dimensões territoriais do Brasil. Estamos muito contentes de participar desse grupo, que busca democratizar o conhecimento.


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Evento dedicado à geração de energia renovável movimenta mais de R$60 milhões em negócios no Centro-Oeste 4ª. edição do Fórum GD aconteceu em Goiânia e contou com quase 800 participantes O Fórum Regional de Geração Distribuída com Fontes Renováveis, que aconteceu entre os dias 14 e 15 de agosto em Goiânia, reuniu cerca de 800 integrantes entre profissionais da área, congressistas, palestrantes, autoridades e patrocinadores, e movimentou aproximadamente R$ 60 milhões em acordos e negócios na área. Os valores foram estimados pelo presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída – ABGD, Carlos Evangelista. “Foi um evento de muito sucesso, que permitiu trocas valiosas entre fornecedores, investidores, palestrantes e profissionais da área em termos de conhecimentos e experiências, além de ter possibilitado a geração de negócios no setor de geração distribuída”, explica o executivo. A geração distribuída (GD), nome técnico dado à geração de energia junto ou próximo ao consumo, é feita exclusivamente com fontes renováveis. “Este é o futuro da produção de energia, e já está acontecendo. Precisamos estar preparados”, afirma Evangelista. O Fórum GD é promovido pela associação e realizado pelo grupo FRG; além de debater os desafios de segmento, ele também tem como objetivo aproximar os diferentes elos da cadeia produtiva e promover negócios.

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A região Centro-Oeste é privilegiada em termos de fontes renováveis: é campeã nacional em geração a biomassa; tem o segundo maior potencial de captação de energia solar, atrás apenas do Nordeste; conta com recursos hídricos abundantes para implantação de Centrais de Geração Hidrelétrica (CGH) e ainda possui bons regimes de ventos. Ainda assim, o primeiro estado a aparecer no ranking dos maiores produto-

res nacionais de GD é o Mato Grosso, em quarto lugar, com 88 MW de potência instalada. Goiás está na 9ª posição, com 40 MW; Mato Grosso do Sul aparece em 10º lugar, com 33 MW; e o DF ostenta um honroso 18º lugar (considerada sua extensão territorial), com 14 MW de potência instalada. No topo da lista estão Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, com potência instalada de 248 MW, 163 MW e 133 MW respectivamente. “O Centro-Oeste tem grande potencial de crescimento com a GD, produzindo energia limpa e gerando empregos”, destaca Evangelista. A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) foi fundada em 2015 para dar legitimidade às demandas de empresas dedicadas à micro e minigeração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. A ABGD representa e defende os interesses de seus associados junto aos órgãos governamentais, entidades de classe, órgãos reguladores, agentes do setor, e mais do que isso, trabalha na difusão da GD para os diferentes setores da sociedade, incorporando os conceitos de sustentabilidade, retorno financeiro, segurança jurídica, eficiência energética e previsibilidade de gastos no que tange à geração e consumo de energia no mesmo local.


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Entrevista

A RBS traz uma entrevista exclusiva com Deputado Estadual VIRMONDES CRUVINEL, autor do Programa de Incentivo a Energia Solar em Goiás Cruvinel será um dos palestrantes do Fórum GD - Região Centro-Oeste que acontece esse mês RBS Magazine: Nos conte um pouco sobre a sua história e a sua participação na política. VIRMONDES CRUVINEL - Sou Procurador do Estado licenciado e professor universitário. Comecei na política estudantil e fui o Vereador mais votado de Goiânia em 2012. Agora estou no segundo mandato de Deputado Estadual, defendendo a educação, o desenvolvimento sustentável, o empreendedorismo e os direitos da cidadania. Presido a Comissão de Minas e Energia e sou titular da Comissão de Constituição e Justiça. Represento a região metropolitana de Goiânia e também o Oeste do Estado. RBS Magazine: A produção de energia renovável no Brasil está em crescimento. Além de ideal para a preservação do meio ambiente, ela também contribui para o desenvolvimento social e econômico do país. Na sua visão qual a importância de políticas públicas voltadas para o setor? As políticas públicas voltadas para o setor são essenciais para o desenvolvimento da sociedade, especialmente, considerando que a energia gerada a partir das fontes renováveis viabiliza a democratização para o alcance de todos, quer sejam os grandes segmentos de negócios que induzem e aquecem a economia, quer seja para o alcance das comunidades

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de baixa renda. Ao meu ver, um bom exemplo dessa realidade pode ser do em participar como palestrante e aferido com a evolução da fonte solar realço que o Fórum GD Centro-Oeste traz para Goiânia os grandes players fotovoltaica. do segmento para debater o que há RBS Magazine: Fale um pouco sobre o de inovador em todo o mercado do Programa de Incentivo ao Aproveita- setor energético. Por meio de inimento da Energia Solar em Goiás que ciativas desta magnitude, de forma regionalizada, é possível que o ecosé de sua autoria. sistema, tenha acesso às pautas inoEm verdade, o Estado de Goiás, por vadoras, emergentes e fundamentais meio de um programa instituído para a evolução necessária da cadeia por meio de Decreto, regulamentou produtiva do setor. uma política de Estado, criando condições para o desenvolvimento das Ainda, vejo com bons olhos esta persfontes renováveis, sobretudo a solar pectiva de aproximação do Executivo, fotovoltaica, como um modelo a ser do Legislativo, as entidades de classe concebido para que as demais fontes e todos os centros de inovação, pesrenováveis possam ser disseminadas. quisa e produção de conhecimento. Trata-se de uma política pública esta- Em meu trabalho parlamentar busdual que fomenta a geração e o uso co reproduzir esta visão, priorizando da energia solar fotovoltaica, quer estas mesmas frentes de trabalho, seja na Geração Distribuída ou Cen- concatenando este viés de energia também com a parte de inovação e tralizada. educação. RBS Magazine: No próximo mês Goiás recebe a quinta edição do Fórum GD - Tento caminhar pela manutenção daRegião Centro-Oeste e o senhor estará quilo que praticamos no nosso Fórum presente como palestrante. Qual a im- Permanente de Assuntos Relacionaportância de eventos como este para dos ao Setor Energético de Goiás, eso setor de Geração Distribuída e por truturado sob a governança de uma que o senhor decidiu fazer parte desta abordagem interdisciplinar, porque aproxima os interesses do segmento história? unidos na área do empreendedorisDestaco prioritariamente a importân- mo e da inovação, tendo como foco o cia do evento para a evolução dos tra- desenvolvimento regional e as áreas balhos da política pública de gestão de interesse e prospecção dentro do de energias renováveis. Estou honra- Estado de Goiás.


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CBGD 2019

abre inscrições para trabalhos técnicos Interessados devem escrever seus resumos até 20 de outubro pelo site do evento e no exterior, como WBA – Associação Mundial de Bioenergia.

Os interessados em inscrever os seus trabalhos técnicos na quarta edição do Congresso Brasileiro de Geração Distribuída (CBGD) já podem realizar a submissão através do site do evento. Com tema central “Geração Distribuída de Energia Elétrica com Fontes Renováveis”, os resumos poderão ser inseridos até dia 20 de outubro. O evento será realizado em novembro, entre os dias 13 e 14, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. A aprovação ou rejeição do trabalho acontecerá até 12 de outubro e data limite para pagamento da inscrição até dia 20 do mesmo mês. Cada trabalho deverá conter no máximo 8 páginas e serão aceitos aqueles com até três autores, devendo o autor principal se inscrever na categoria professional até dia 20 de outubro. As apresentações orais poderão utilizar mídias como vídeo ou slides digitais para projeção. As apresentações dos trabalhos aprovados, tanto em formato oral como em poster, acontecerão durante os dias do evento. Os melhores trabalhos serão publicados em anais digitais e também na Revista Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – RBS Magazine e na Revista Brasileira de Biomassa e Energia.

Este Congresso foi o primeiro evento oficial no Brasil, com apoio das Associações do setor, realizado para tratar exclusivamente dos interesses das empresas de GD – Geração Distribuída no Brasil.

Todas as informações importantes sobre os trabalhos técnicos do CBGD estão disponíveis no site www.cbgd.com.br. A versão final do trabalho aprovado deverá ser submetida até dia 31 de outubro. Congresso Brasileiro de Geração Distribuída com fontes Renováveis O 4º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída – CBGD é um evento oficial, promovido e realizado anualmente pela Grupo FRG, organizado em parceria com a Associação Brasileira de Geração Distribuída – ABGD, associação oficial de empresas do setor, que reúne provedores de soluções, EPCs, integradores, distribuidores, fabricantes, profissionais e acadêmicos do setor, e que tem em comum a atuação direta ou indireta na geração distribuída oriunda de fontes renováveis de energia. O evento conta ainda com o apoio oficial de entidades e associações ligadas ao setor de GD no Brasil

O evento será uma grande oportunidade de reunião estratégica de empresários 30

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A inserção de fontes limpas e renováveis na Matriz Energética Brasileira, é fundamental para que o Brasil possa alcançar as metas e compromissos assumidos na COP21 em Paris. Os desafios são enormes e o tempo bastante curto tendo em vista que a média de energia elétrica consumida em residências, comércios, indústrias, órgãos públicos, instituições de ensino, etc, vem aumentando anualmente mesmo com as condições da economia desfavoráveis ao crescimento. CBGD – Congresso Brasileiro de Geração Distribuída é uma excelente oportunidade para discutir os novos rumos e tendências do setor, conhecer o que está acontecendo no mercado, além de uma ótima ocasião para apresentar novas tecnologias e as pesquisas desenvolvidas pelo Setor Acadêmico. O evento será uma grande oportunidade de reunião estratégica de empresários, para juntos debaterem e discutirem os melhores rumos para um setor ainda mais forte e competitivo nos próximos anos.


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Recuperação de eletricidade com implementação de usina de biogás utilizando resíduos orgânicos provenientes do abate de bovinos em matadouros de Araguaína -TO para geração de eletricidade - um estudo de caso Felipe Calixta Oliveira1, Gabriel Meneses de Freitas1, Uana Saraiva Braga Valtuille2 1

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UNITPAC Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos/ Curso de graduação em Engenharia elétrica UNITPAC Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos/ Coordenação do curso de engenharia elétrica.

RESUMO O município de Araguaína, no estado do Tocantins, está localizado a 380 km da capital, Palmas. Araguaína é conhecida como a capital econômica do estado, uma vez que se destaca nos mais variados setores da economia, especialmente a pecuária. O atual rebanho no Estado do Tocantins é de cerca de 8 milhões de cabeças de gado em processo de engorda para abate, alcançando valores expressivos no setor de vendas, exportando cerca de 51.779.353 kg de carne por ano. No entanto, essa produção exorbitante gera impactos ambientais, como resíduos e produção de gases nocivos ao meio ambiente. Este trabalho científico apresenta um estudo de caso aplicado à cidade de Araguaína, que atualmente possui cinco grandes frigoríficos instalados em suas limitações com abate diário de cerca de 5.000 cabeças de gado. A metodologia utilizada é um estudo de caso com coleta de dados através da aplicação de formulários e questionários nos abatedouros locais para estabelecer o status quo do conhecimento sobre sistemas de recuperação de energia na região e quantificar a quantidade de resíduos orgânicos produzidos para produção de biogás. . Uma estimativa da eletricidade potencial gerada a partir desse resíduo foi feita usando um fator de conversão de biogás para eletricidade encontrado na literatura. O potencial de produção de biogás utilizando os resíduos dos matadouros foi de 2.153.017 m ^ 3 / ano. Essa quantidade de biogás pode gerar cerca de 3.074.508 kWh / ano de eletricidade. O estudo propõe a instalação de uma usina de geradora de biogás, onde os frigoríficos fornecem os resíduos aos proprietários da usina, que tem como objetivo injetar a produção de eletricidade no sistema da concessionaria de eletricidade local visando lucros. É possível concluir que o uso de resíduos de matadouros para produzir eletricidade é uma solução interessante para a gestão de resíduos na indústria de bovinos, reduzindo os custos de utilidades das empresas e os danos ambientais envolvidos. Palavras-chave. Biogás, resíduos, eficiência energética.

Delimitação Esta pesquisa é realizada nos frigoríficos da cidade de Araguaína, localizada no estado do Tocantins, norte do Brasil. Justificativa Resíduos orgânicos em sua decomposição natural por bactérias anaeróbicas geram gás metano em grandes quantidades, que quando liberados na atmosfera contribuem significativamente para o efeito estufa e, consequentemente, para o aquecimento global. Este gás tem um potencial de alta energia e pode ser usado para geração de energia elétrica. Nesse processo, o gás metano é convertido em dióxido de carbono, que tem uma contribuição muito menor para o aquecimento global. O biogás é composto de metano (CH4), dióxido de carbono (CO2 ), nitrogênio (N2), hidrogênio (H2), oxigênio (O2) e sulfeto de hidrogênio (H2S), sendo o metano 50% da composição. Inúmeras vantagens são proporcionadas pelo uso do biogás, como: redução do efeito estufa pela redução do metano liberado na atmosfera e contribuição para a minimização de resíduos sólidos urbanos, 32

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renováveis e resíduos de origem ani- fermentação anaeróbica. Como resultado dessa fermentação, o biogás e os mal (BLEY Jr., 2009). biofertilizantes são produzidos. Desta A cidade de Araguaína - TO uma forma, é concebível descrever o biodidas maiores fornecedoras de carne gestor como um dispositivo para conpara o Brasil e também para o exte- ter a biomassa e seu produto: o biorior possui cinco frigoríficos em suas gás, que pode ser utilizado de diversas proximidades. Estudar, quantificar e formas, sendo uma delas a geração de difundir a possibilidade de recupe- eletricidade (GASPAR, 2003). ração de energia a partir dos resíduSegundo Bley, Jr. (2015), o biogás os orgânicos resultantes do abate de bovinos contribui significativamente produzido em biodigestores no Brasil para a redução dos impactos ambien- tem grande potencial como energia tais dessa atividade econômica e, além renovável, pois se espalha por todo o disso, contribui também para a gera- espaço e é mais acessível em relação ção de energia renovável para matriz ao custo de operação. Tudo o que é orgânico gera o metano capaz de se energética nacional. transformar em eletricidade. Segundo a Pesquisa Pecuária MuA versatilidade do biogás é enornicipal do IBGE, no Brasil o efetivo total é de 1,634 bilhão de animais; no me como uma energia renovável, uma estado do Tocantins existem 243.744 vez que a energia mecânica é gerada a bovinos em engorda para abate e, con- partir da energia química. Utilizando sequentemente, há uma grande quan- processos de combustão controlada, tidade de esterco produzido por eles, os geradores são acionados por motores estacionários que resultam na ao longo deste ciclo de vida. conversão instantânea de eletricidade O biodigestor é o equipamento (BLEY Jr, 2009). usado para o tratamento de resíduos MATERIAIS E MÉTODOS animais para fins de uso de biogás. É constituído por uma câmara fechada A metodologia utilizada é um onde a biomassa (em geral, detritos de animais) passa pelo processo de estudo de caso com coleta de dados


através da aplicação de formulários e questionários nos matadouros locais para estabelecer o status quo do conhecimento sobre sistemas de recuperação de energia na região e quantificar a quantidade de resíduos orgânicos produzidos para produção de biogás. .Também foi utilizada a literatura para determinar o fator de conversão e a quantidade de resíduos do matadouro dos abatedouros. Dados da distribuidora local de energia elétrica (Energisa Tocantins) e da Secretaria de Planejamento do Tocantins (SEPLAN) foram utilizados para conhecer os dados de consumo de energia elétrica na cidade de Araguaína

Fonte: Adaptado da SEPLAN, Cidade dos Dados Socioeconômicos de Araguaína-To no ano de 2017.

DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO Para determinar a quantidade de biogás a ser gerada no municipio de Araguaína foi necessário aplicar um formulário que contem perguntas especificas, com finalidade de levantar dados para utilizar na equação que fornece o resultado final buscou-se determinar a quantidade de toneladas métricas de biogás / ano a partir da decomposição anaeróbia do esterco do abate, o número de animais (cabeças) abatidos por ano, o peso dos resíduos a serem utilizados no processo de biodigestão, a massa específica do biogás (1,16 kg /m3) e o volume de biogás gerado especificamente por esterco bovino foram considerados (BARRERA, 1993).

o rebanho com maior potencial de geração de biogás no Brasil é o rebanho bovino. No entanto, o rebanho bovino não é o mais eficiente no campo do biogás, o esterco bovino é cerca de 40% e 30% menos eficiente que suínos e esterco de galinha, respectivamente. No entanto, o rebanho bovino no Brasil é maior que os demais. A quantiConsiderando a operação das dade de estrume produzida pelo gado unidades, foi utilizado um total de também é significativamente maior 270 dias de operação normal por ano do que as outras, um total de 10 kg para o cálculo do matadouro anual. por dia, mas o rendimento do resíduo É possível que a capacidade anual de é menor se a relação quantidade por abate do município de Araguaína seja rendimento é realizada. (GONÇALOnde: de 1.350.000 cabeças, de acordo com VES, 2016) Et = esterco total [kg de esterco / (dia. a Tabela 1. A recuperação energética do esUnidade de energia)]; Com base nos dados de referên- terco bovino é a menos disseminada, Pb = Produção de biogás [kg de biogás cia fornecidos pelo Centro Nacional pois seu método de engorda é diferende Referência de Biomassa em 2011, te dos demais. Geralmente é criado / kg de esterco] foi possível determinar a quantidade em campos abertos, enquanto suínos Segundo BARREIRA (1993) 1m3 de biogás que pode ser gerada com o e galinhas passam pelo método de de biogás equivale a 1,423 kWh de abate anual de bovinos na cidade de confinamento. Portanto, a coleta de eletricidade. Essa relação aplicada na Araguaína, os dados estão descritos resíduos não é viável dado o tamanho do gado e os custos para construir equação 1 determina o potencial de na Tabela 2. uma estrutura capaz de segurá-los. gerar eletricidade a partir do resíduo A quantidade de biogás que pode (GONÇALVES, 2016) do processo de abate das quatro unidades localizadas na cidade de Ara- ser gerada a partir do total de animais Um sistema de recuperação de abatidos por ano em Araguaína-To guaína. com base na equação 1 pode ser veri- energia em matadouros parece ser viável, uma vez que os resíduos são obficada na tabela 1. RESULTADOS E DISCUSSÃO tidos após o abate do animal. Ele está Segundo GONÇALVES T. (2016), localizado no sistema de esgoto da inSegundo a Secretaria de Planejamento do Tocantins (SEPLAN), existem cinco grandes frigoríficos localizados em Araguaína, com capacidade de abate diário de cerca de 1.000 bovinos em cada unidade, informações confirmadas em formulário aplicado a duas empresas instaladas no município.

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dústria. Tais resíduos seriam tratados em lagoas de estabilização, sistema que ainda gera impactos ambientais e tem sua eficiência contestada. Outra grande vantagem é a quantidade de esterco proveniente do abate, enquanto o animal produz 10 kg de esterco por dia, segundo FELICIO P. (1988), o peso médio do esterco bovino pesa cerca de 50 kg, portanto fica clara a vantagem de usar resíduos do abate e não do processo de confinamento. (FELICIO P. E. 1988)

da usina por terceiros como forma de empreendimento, uma vez que o proprietário da empresa poderá injetar a produção de eletricidade no sistema da concessionaria de eletricidade local, obtendo ganhos financeiros e ambientais, uma vez que os resíduos podem ser adquiridos com baixo custo, pois representam problemas para as unidades frigorificas, agregando valor a um resíduo que até então não proporcionava nenhum benefício ou uso às unidades.

Considerando que 1.428 kWh de eletricidade podem ser produzidos com 1 m^3de biogás, foi possível determinar o potencial de geração de eletricidade a partir do abate de bovinos das unidades de matadouros de Araguaína-To. O valor encontrado é mostrado na tabela 3. A geração efetiva de eletricidade através do uso de resíduos de matadouro foi de aproximadamente 3.074.508 kWh / ano. Como o consumo total de energia elétrica na cidade de Araguaína em 2015 foi de 252.774.000 kWh, segundo a empresa local de distribuição de energia elétrica (Energisa), é possível notar o alto potencial de produção de eletricidade a partir do biogás na cidade. É importante notar que as indústrias da cidade consumiram apenas 20.726.000 kWh no ano de 2015, setor que inclui as unidades de abate de bovinos.

No Brasil, os sistemas de produção de eletricidade com biodigestores que utilizam frangos e suínos apresentam maior incidência, pois segue o sistema de confinamento, o que normalmente não ocorre na pecuária bovina. Neste setor, o gado engorda no sistema extensivo que não é viável para os sistemas de recuperação de energia, já que teria altos custos com logística, transporte e condicionamento. Essas dificuldades não ocorrem quando a matéria-prima é obtida na unidade de abatedouro, resolvendo os problemas citados acima e destacando a alternativa descrita neste artigo como alternativa viável. Referências Bibliográficas

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http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-160/topico-168/Anuario2017vf. pdf. Acesso em 10 de novembro de 2017. FELÍCIO, P.E. O pecuarista recebe pela carne, mas o boi não é feito só de bifes. C.R.M.V.-4, São Paulo, v.26 p.15-17, 1988. FOLLE, J.; SEIXAS, S.M; MARCHETTI, D. Construção e funcionamento de biodigestores. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/549425/ construcao-e-funcionamento-de-biodigestores>. Acesso em: 15 de novembro 2017. GASPAR, R. M. B. L. Utilização de biodigestores em pequenas e médias propriedades rurais com ênfase na agregação de valor: um estudo de caso na região de Toledo – PR. 2003. GONÇALVES, T. de A. C.; COUTO, M. A. P. G.; BORGES, E. R.. Avaliação do potencial energético a partir de dejetos animais. XXI Congresso brasileiro de engenharia química: Fortaleza Ceará. 2016 MMA - Programa das nações unidas para o desenvolvimento - PNDU Ministério do Meio Ambiente. Estudo sobre o Potencial de Geração de Energia a partir de Resíduos, visando incrementar o uso de biogás como fonte alternativa de energia renovável. Disponível em: <http://www.mma.gov. br/estruturas/164/_publicacao/164_ publicacao10012011033201.pdf>. Acesso em: 15 de novembro 2017. SGEE-Sistema de estimativa de emissões de gases de efeito estufa. Balanço de emissões de gases no Brasil no ano de 2016. São Paulo, SP. 2016. SEPLAN-TO- Secretaria de orçamento e planejamento do estado de Tocantins – Perfil socioeconômico do municipio de Araguaína-TO. Disponível em: https://central3.to.gov.br/ arquivo/348465/. Acesso em 4 de novembro de 2017.


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Energia Solar está se tornando a fonte mais barata de eletricidade na China Estudo destaca que avanços tecnológicos, redução de custos e apoio do governo estão entre as ações responsáveis pelo avanço renovável Um estudo desenvolvido na China ressalta que a energia solar se tornou a fonte mais barata de eletricidade no país. Uma análise realizada pelos pesquisadores mostra que todos os projetos desenvolvidos nas cidades chinesas poderiam ser construídos sem subsídios e com preços bem mais baixos do que os fornecidos pela rede atualmente. O desenvolvimento da energia solar no país deve ser impulsionar as perspectivas de energia solar industrial e comercial de acordo com a pesquisa. A expectativa é que não só a produção aumente, mas também possa competir com preços atuais da eletricidade gerada através do carvão. O estudo, que foi publicado na Nature Energy, explica que 38

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uma combinação de avanços tecnológicos em conjunto com a redução de custos e o apoio do governo chinês contribuíram para que a paridade de rede se tornasse uma realidade dos chineses hoje em dia. A indústria chinesa voltada para a produção de energia solar teve uma expansão significativa desde 1990. Atualmente o país conta com o maior gerador de energia solar e também maior instalador de energia solar fotovoltaico do mundo. O estudo mostra que a capacidade instalada do país em 2018 foi de mais de um terço do total mundial. De acordo com o especialista Kingsmill Bond, um dos responsáveis pelo estudo, a análise demonstra que a energia solar está se tornando cada vez mais

competitiva. “A conclusão de que a energia solar industrial e comercial é mais barata do que a eletricidade da rede significa que a oficina do mundo pode abranger a energia solar. Sem subsídio e seus impactos distorcidos, e impulsionados pelo ganho comercial” ressaltou ele ao jornal Carbon Brief.


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