Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2020
“MARIA, MÃE DA PALAVRA E MÃE DA ALEGRIA” O lema da vida da Virgem Santíssima não é outro senão aquele “sim” que nos garantiu a salvação: “Faça-se em mim segundo a Sua palavra”.
“M
ater Verbi et Mater laetitiae” – Mãe da Palavra e mãe da alegria –, com essas palavras, o papa Bento XVI encerrou a exortação pós-sinodal “Verbum Domini” sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, em 2010. O papa emérito, fazendo-nos olhar para a Mãe do Senhor, recordou a todos que existe uma íntima relação entre a Palavra de Deus e a verdadeira alegria. Onde Deus é ouvido; onde os Seus planos prevalecem; onde a fé é alimentada pelos decretos e promessas do céu, aí há uma transbordante e renovadora alegria, capaz de contagiar a muitos. Segundo o papa emérito, toda a vida de Nossa Senhora foi uma expressão dessa profunda realidade.
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A saudação de Isabel, por ocasião da Visitação, é a primeira “bem-aventurança” que, na vida de Maria, une a escuta e a obediência à Palavra ao fruto da alegria: “Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1, 45). As proféticas palavras de Isabel manifestam um padrão da vida espiritual, que todos nós podemos
experimentar: há uma felicidade profunda, uma satisfação íntima, reservada àqueles que aprendem a esperar nas promessas de Deus. Enquanto esperam, o Espírito Santo os cumula de contentamento e renova suas forças. Onde existem mentes e corações cuja pauta é determinada pela Palavra de Deus e não pelas expectativas do mundo, aí há santo e revigorante preenchimento interior. Nesse sentido, nossos Grupos de Oração devem ser Cenáculos de Alegria, lugares onde somos desintoxicados da amargura do mundo e aprendemos a conhecer, esperar e praticar a Palavra do Senhor. A temperatura espiritual de nossos Grupos não é aumentada em nem um grau pelo ritmo musical de nossos louvores ou pelo volume da voz dos servos, nem sequer por táticas de propaganda ou novidades de qualquer tipo, mas pela ardente fé na Palavra e na sua proclamação com poder. Manifestando mais uma vez a relação íntima entre acolhida da Palavra e alegria, o papa Bento XVI recordou-nos passagens nas quais Jesus faz referência à verdadeira
grandeza de Maria, abrindo também para nós a possibilidade de uma nova intimidade com Ele. Em Lc 8, 21 e Lc 11, 28, Jesus nos ensina que “felizes são os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática”. Além disso, alarga as fronteiras da Sua família, para incluir-nos nela, ao dizer que “minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Todas essas palavras, que revelam um mistério de escuta e alegria, presente na vida de Maria e de cada cristão, são um estímulo para aumentar em nós a fome pela Palavra e o desejo de obedecê-la. Esses são os laços mais fortes que prendem uma alma ao Cristo: a reverência e a obediência à vontade do Pai revelada. Por causa disso, Nossa Senhora surge para toda a Igreja e para cada cristão como um modelo perfeito de correspondência a Deus. Ela é inspiração para compreendermos a maravilhosa obra que o Senhor deseja realizar em todos nós. Por Padre Antonio José Assessor espiritual do Conselho Nacional da RCCBRASIL