Dieter Rams: dez princípios para um bom design
Vitsœ’s designer, Dieter Rams. Photograph by Abisag Tüllmann
Com base na minha experiência como designer, eu destilei a essência da minha filosofia de design em dez princípios. Mas esses princípios não podem ser gravados em pedra, porque, assim como a tecnologia e cultura estão em constante evolução, também estão as ideias sobre um bom design.
Um bom design é inovador
As possibilidades para inovação não estão, de forma alguma, saturadas. O desenvolvimento tecnológico sempre oferece novas oportunidades para um design inovador. Mas o design inovador sempre se desenvolve em paralelo à tecnologia inovadora, e nunca pode ser um fim em si mesmo.
Um bom design é estético
A qualidade estética de um produto é parte integrante da sua utilidade, pois os produtos que usamos em nosso diaa-dia afetam a nossa pessoa e o nosso bem-estar. Mas somente objetos bem executado podem ser belos.
TP 1 combinação rádio/vitrola, 1959, por Dieter Rams para Braun
RT 20 rádio de mesa, 1961, por Dieter Rams para Braun
Um bom design é discreto
Produtos que satisfazem um propósito são como ferramentas. Eles não são objetos de decoração nem obras de arte. Seu design deve ser neutro e contido, para deixar espaço à auto-expressão do usuário.
Um bom design é duradouro
Ele evita estar na moda e por isso nunca parece antiquado. Ao contrário do design de moda, dura muitos anos – até mesmo na atual sociedade do descarte.
T 2 isqueiro cilíndrico, 1968, por Dieter Rams para Braun
620 cadeira Programa, 1962, por Dieter Rams para Vitsœ
606 sistema de estante universal, 1960, por Dieter Rams para Vitsœ
Um bom design é amigo do meio ambiente
MPZ 21 multipress citrus juicer, 1972, por Dieter Rams e Jürgen Greubel para Braun
T 1000 receptor mundial, 1963, por Dieter Rams para Braun
L 450 altofalante plano, TG 60 gravador de rolo e TS 45 unidade de controle, 1962-64, por Dieter Rams para Braun
ET 66 calculadora, 1987, por Dieter Rams e Dietrich Lubs para Braun
O design tem uma importante contribuição na preservação do meio ambiente. Conserva os recursos e reduz a poluição física e visual durante todo o ciclo de vida do produto. L2 caixa de som, 1958, por Dieter Rams para Braun
Um bom design torna o produto útil
Um produto é comprado para ser usado. Ele tem de satisfazer determinados critérios, não apenas funcionais, mas também psicológicos e estéticos. Um bom design realça a utilidade de um produto sem desrespeitar nada que possivelmente possa afastar-se disso.
Um bom design torna o produto compreensível
Um bom design esclarece a estrutura do produto. Melhor ainda, pode fazer o produto falar. Na melhor das hipóteses, é auto-explicativo.
Um bom design é honesto
Não se faz um produto mais inovador, poderoso ou valioso do que ele realmente é. Ele não tenta manipular o consumidor com promessas que não podem ser cumpridas.
Um bom design é minucioso até o último detalhe
Nada deve ser arbitrário ou deixado ao acaso. Cuidado e rigor no processo de design, mostram respeito para com o consumidor.
Um bom design é o mínimo design possível
Menos, porém melhor – pois se concentra em aspectos essenciais, e os produtos não estão sobrecarregados de supérfluos. De volta à pureza, de volta à simplicidade.