The Red Bulletin Fevereiro De 2015

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BRASIL

ALÉM DO COMUM

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TÓQUIO E M F E S TA Dias e noites na Red Bull Music Academy

Anos de YouTube

PISANDO FUNDO A

FEVEREIRO DE 2015

1.600 KM/H Andy Green acelera rumo ao recorde mundial de velocidade




A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

lime

BlueBerry

www.redBull.com.Br


O MUNDO DE RED BULL

30

JACARÉ PROFISSIONAL

Fique por dentro do mundo dos bodysurfers – atletas que encaram ondas incríveis apenas com o corpo

SHAMIL TANNA (COVER), CHRIS BURKARD, EUDES DE SANTANA

BEM-VINDO O ano acaba de começar e já está a mais de mil por hora – literalmente. O tenente-coronel da Força Aérea Britânica, Andy Green, pode confirmar: ele está prestes a acelerar um carro especial no deserto e quebrar o recorde m ­ undial de velocidade em solo. A expectativa é que Andy quebre a marca de 1 600 km/h. Essa é talvez a velocidade em que o coração de Carlos Miguel está batendo: o goleiro do sub-20 do Red Bull Brasil, que disputa a Copa São Paulo em janeiro, está pronto para integrar o time principal da equipe de Campinas. O Toro Loko, como o time é conhecido, vai debutar na série A do Paulista em fevereiro. É teste pra cardíaco! THE RED BULLETIN

A liderança está no gol CARLOS MIGUEL, PÁG. 46

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FEVEREIRO DE 2015

NESTE MÊS GALERIA

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10 As melhores fotos do mês

BULLEVARD 16 NA TELA  Comemoramos 10 anos de YouTube

COULTHARD ESTÁ DE FOLGA

DESTAQUES

Levamos o piloto para dirigir a mais nova criação da Mercedes-Benz

24 Andy Green

O homem que está prestes a quebrar o recorde mundial de velocidade

24

30 Bodysurf

Mergulhamos no mundo aquático dos surfistas que surfam sem prancha

42 Lemawork Ketema

A história e as dicas do campeão

44 Dorian Concept

O cara que faz jazz com um teclado de brinquedo

42 O etíope que venceu a Wings For Life World Run no ano passado: correndo 18 km, ele dá as dicas para a vitória

70

FESTA NO JAPÃO

Fomos a Tóquio para contar como foram os dias e as noites de pura badalação da Red Bull Music Academy 6

Conheça os caminhos de uma das promessas do Red Bull Brasil

ANDY GREEN

O homem de 1 609 km/h: a missão mais difícil para o tenente-coronel da Força Aérea Britânica será em solo

66

É UM PÁSSARO?

Pular de paraquedas é o primeiro passo. Depois de alguns saltos, você já está apto a encarar um novo desafio no ar

54 David Coulthard

Testamos o mais novo carro esportivo da Mercedes num autódromo de F1

AÇÃO! 64 65 66 67 68 70 76 77 79 84 87

EM FORMA  Treino de surfista MINHA CIDADE  Brisbane, Austrália MALAS PRONTAS  Wingsuit GAMES  O retorno dos zumbis RELÓGIOS  Fusos no pulso VIDA NOTURNA  RBMA Tóquio BALADA  The Underground MÚSICA  TV On The Radio MOTOS 2015  De 15 a 310 CV NA AGENDA  Dicas de fevereiro MOMENTO MÁGICO  Rei da moto

THE RED BULLETIN

BERNHARD SPÖTTEL, PHILIP PLATZER/RED BULL CONTENT POOL, SHAMIL TANNA, SUGURU SAITO/RED BULL CONTENT POOL, STEPHEN BOXALL/ZERO-G EXPERIENCE®

LEMAWORK KETEMA

46 Carlos Miguel



NOSSO TIME QUEM FEZ A EDIÇÃO DESTE MÊS “É surreal a transparência da água. É bom demais para ser verdade.“ Chris Burkard sobre sua viagem ao Taiti, onde fotografou alguns dos melhores bodysurfers do mundo (pág. 30)

FERNANDO MELLO

CHRIS BURKARD

BERNHARD SPÖTTEL

Aos 32 anos, Fernando é um apaixonado por futebol que já escreveu para publi­ cações como Lance!, GQ e ­Brasileiros. Para o Red Bulletin, ele acompanhou o goleiro Carlos Miguel, do sub-20 do Red Bull Brasil, para saber como é a vida de um jogador em desenvolvimento no ­Brasil no pós-Copa. “Os 7 a 1 foram só o primeiro capítulo”, ele diz, pessimista. “Quem comanda o nosso futebol ainda acredita na mística da amarelinha no campo e no improviso na ­gestão fora dele.” Confira na pág. 46.

O fotógrafo californiano ­passou muito tempo tirando fotos tradicionais de surf (ele é fotógrafo da revista Surfer), mas para a repor­ tagem “Corpo ao Mar” (pág. 30), sobre bodysurfers no Taiti, ele teve que segurar a respi­ração e fotografar debaixo d’água. “É surreal a transparência da água”, diz Burkard. “É bom demais para ser verdade – até que você se corta numa cabeça de coral e acaba no hospital com uma infecção que demora dois meses para curar. Mas vale a pena o esforço.”

O fotógrafo alemão Bernhard Spöttel e o piloto David ­Coulthard se encontraram pela primeira vez há dez anos em uma corrida em Istambul. Desde então, Spöttel elogia o “profissionalismo, humor e características marcantes” de Coulthard durante as ses­ sões de foto. Neste mês, ele fotografou David Coulthard pilotando o AMG GT, novo carro da Mercedes. Spöttel ficou fascinado. Sentou no cockpit e lamentou ao cons­ tatar que seus equipamentos de foto não cabiam no carro. Confira na pág. 54.

THE RED BULLETIN PELO MUNDO

O Red Bulletin é publicado em 11 países. Acima, a capa da edição francesa

BASTIDORES

Rápido e natural

por Shamil Tanna Ele já fotografou grandes estrelas como Pelé e Lady Gaga. Mas fotografar o homem mais rápido num automóvel foi a primeira vez. “Ele foi um piloto de guerra, eu não sabia direito como lidar com isso”, diz Shamil Tanna. “Mas ele tem um dom natural para a coisa.”

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Nosso homem de capa, Andy Green, durante a sessão de fotos em Bristol, Inglaterra

Andy Green posou com o Bloodhound SSC para o fotógrafo Shamil Tanna, em Londres. Assista ao making of no site: www.redbulletin.com

THE RED BULLETIN



O C E AN O ATL ÂNTI CO

VOLTA AO MUNDO A Volvo Ocean Race é a regata à vela mais difícil do mundo. A rota: partindo de Alicante, Espanha, uma volta ao mundo passando pela África do Sul, Nova Zelândia, Brasil até o porto de Estocolmo. As sete tripulações precisam de quase nove meses para os 70 mil quilômetros. A bordo do iate de 66 pés, somente velejadores experientes como Justin Slattery, do Abu Dhabi Racing Team (foto). Essa é a quinta participação do irlandês na prova. www.volvooceanrace.com Foto: Matt Knighton/Abu Dhabi Ocean Racing

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B OVEC , E S LOVÊN IA

PASSAGEIRO “Mid-air Touchdown” é como o aventureiro da asa-delta Matjaž Klemencˇicˇ (à esq.) e o piloto Nejc Faganelj nomearam sua acrobacia na qual a asa-delta pousa sobre o planador em pleno voo. A dificuldade neste caso? “Dosar a velocidade”, diz Klemencˇicˇ. “Manter o planador imóvel”, afirma Faganelj. Qual a sensação de estar sobre a asa de um avião em pleno voo? “Intensa”, continua Klemencˇicˇ. “Consegui ficar três segundos, mas o risco valeu a pena.” www.redbull.com/adventure Foto: Samo Vidic/Red Bull Content Pool

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RUTH I N , PAÍ S D E GALE S

SAÍDA DE EMERGÊNCIA No quesito desafios, o site da World Rally Championship alerta para um trecho de “caminhos escorregadios no bosque” e “ilhas de gelo isoladas” na etapa do País de Gales. O que isso significa na prática foi comprovado pelo bicampeão mundial Jari-Matti Latvala (foto) no nono percurso cronometrado. O finlandês escorregou numa curva no km 6,8, perdeu o spoiler traseiro e aterrissou no oitavo lugar. O consolo: na abertura do WRC 2015, em Monte Carlo, dia 22 de janeiro, não tem bosque. www.wrc.com Foto: Jaanus Ree/Red Bull Content Pool

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10 ANOS DE YOUTUBE

E E 15 D 5 DESD O DE 200 O. REI R O M U N D E V E N F O, E NTE SÁ R I PRES Z ANIVER E! I L B U FE YOUT

LET’S PLAY!

O gigante PewDiePie só queria jogar. E acabou batendo todos os recordes Um sonho de criança se tornou realidade: Felix Kjellberg vive de jogar videogames. Ou melhor, de ser visto ­jogando. Mais de 32 milhões de assinantes – o maior ­número do YouTube – mal podem esperar pelo próximo vídeo do sueco de 25 anos. E quem conhece o canal do PewDiePie e seu excesso de energia transformado em ­vídeo está se perguntando: como vocês conseguiram essa foto dele parado?

“YouTubers são pessoas esquisitas que encontraram um canal de expressão.” PewDiePie


YouTube: há 10 anos conosco

Ela não dá dicas de maquiagem

O MELHOR DO YOUTUBE

Você se lembra? De dedo dolorido a ouvidos doloridos: oito vídeos que fizeram história no YouTube

2005

JORGE SOLORZANO/MAKER STUDIOS, GYSLAIN YARHI/CAMERA PRESS/PICTUREDESK.COM, YOUTUBE.COM(4), GETTY IMAGES, CORBIS(2), RED BULL STRATOS/RED BULL CONTENT POOL, UNIVERSAL MUSIC(2)

Eu no zoológico Os primeiros 18 segundos de vídeo no YouTube: Jawed Karim, um dos fundadores do site, no zoológico.

2006 Toque de craque Propaganda viral: o genial comercial da Nike com ­Ronaldinho é visto mais de 1 milhão de vezes.

2007 Mordida Ai! O conflito entre irmãos mais conhecido no mundo (desculpem, Caim e Abel). Visto 800 milhões de vezes.

2009 Fred Figglehorn Com sua voz de esquilo, foi o primeiro a conquistar mais de 1 milhão de assinantes.

2010 “Baby” O hit de Justin Bieber foi o mais visto durante dois anos e tem até hoje o recorde de dislikes. 1:13 / 4:50

2012 “Gangnam Style” Ocupa o topo até hoje com mais de 2 bilhões de visualizações. E: 8 milhões viram o Red Bull Stratos ao vivo.

RAINHA CASEIRA

Vamos tocar meu vídeo? Através do YouTube, Lana Del Rey revolucionou a indústria da música. Até hoje, nenhum clipe caseiro chegou aonde o seu “Video Games” chegou. Pura magia de sedução. Play. Assine o Red Bulletin

72.500.000 ••• Mais

2.800.000

Principais comentários Lana Might Say “Se tivesse imaginado que tanta gente ia gostar do vídeo, teria caprichado mais.”

THE RED BULLETIN

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2013 “Harlem Shake” De repente, todos enlouqueceram: do exército norueguês ao próprio YouTube. O poder da multiplicação.

2014 “Happy” Pharrell Williams espalha alegria e faz o mundo ­inteiro dançar. 24 horas a fio!

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DENTRO DO SERVIDOR DO YOUTUBE

Aqui fica o seu gatinho Esta é a nuvem retumbante e verde na qual você passa seu tempo Uma visita a uma das torres de ventilação do centro de dados do Google no Condado de Mayes, Oklahoma (EUA). Então é aqui que ficam guardados nossos queridos vídeos da GoPro, videocassetadas e vídeos de gatinhos. O Google comprou o YouTube em 2006 por R$ 4 bilhões. E, desde então, precisa dar conta de quantidades colossais de dados. Os usuários sobem centenas de horas de vídeo por dia, e a definição deles só aumenta. O que você não vê na foto: o barulho ensurdecedor dos milhares de ventiladores. Eles mantêm as luzinhas do servidor acesas e contribuem para a atmosfera verde.

Mais recentes Adjustin Bieber Eu não leio os seus comentários chatos. Por quê? Porque sim: Hide YouTube Comments (Chrome), No YouTube Comment­s (Firefox), A Cleaner YouTube (Safari).

“Há dois refúgios das misérias da vida: música e gatos.” Albert Schweitzer (gênio universal)

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CONNIE ZHOU/GOOGLE/ZUMAPRESS.COM/PICTUREDESK.COM, UNIVERSAL MUSIC


10 ANOS DE YOUTUBE: Os mais bem sucedidos são as... videocassetadas!

COMO TORNAR-SE UMA ESTRELA

Bombe no YouTube Os vídeos mais famosos têm mais audiência que muitos canais de TV. Como eles conseguem?

Faça contato visual Olhe para a câmera. A objetiva é sua melhor amiga. Hipnotize o ­público ou ele vai ­clicar em outro lugar.

Não seja chato Um vídeo tem que causar um sentimento para ser compartilhado.

Incomode Force o público a assinar o seu canal e a curtir os seus ­vídeos, mesmo que eles não te curtam.

Seja sincero O espectador sente quando a sua paixão é verdadeira. Emo­ ções simuladas já ­existem na TV.

Encontre uma linha própria Dê notícias regular­ mente, no mesmo ­formato e de uma perspectiva parecida.

Abra-se Sacrifique a sua ­privacidade – é a coisa mais interessante que você tem. Mesmo que você a ache chata.

Compartilhe os fãs E compartilhe com eles. Dê-lhes acesso a outros vídeos legais. Assim se ganham fãs fiéis.

Quem consegue fãs suficientes no seu canal pode se tornar sócio do YouTube. E ganha: lucros dos comerciais e assinaturas e know-how exclusivo em seminários

Seja persistente Seus primeiros vídeos são só para você. Quando você tiver fãs, vai produzir vídeos para não perdê-los.

Escolha as palavras certas Use tags eficientes. Elas ajudarão você a ser encontrado e recomendado.

A evolução do vídeo

Seja verdadeiro Seu alvo não é a massa, mas a sua multidão particular. Por isso, SkyDoesMinecraft tem 10 milhões de fãs.

O 2 X 1 DO KAINRATH

Você pode mostrar tudo

Passo a passo Um usuário mostra o caminho mais ­rápido para terminar um videogame. ­Atenção: pode ­destruir sua digni­ dade como gamer.

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Desembrulhar O que é melhor do que abrir o produto que você acabou de comprar? Fazer isso na frente de milhares de pessoas que têm o mesmo fetiche.

Machinima Fãs acessam o sis­ tema de um jogo e o reproduzem em um curta-metragem. O resultado é às ve­ zes alucinante. Às vezes, perturbador.

O futuro da televisão

O fim da televisão

THE RED BULLETIN

DIETMAR KAINRATH

Entre um bilhão de usuários aparecem ideias bem loucas


10 ANOS DE YOUTUBE: Música

FENÔMENOS DO YOUTUBE HOJE

O que aconteceu...? A história dos 15 minutos de fama: no YouTube ela é praticamente literal

Antoine Dodson

“Hide yo kids, hide yo wife!” A estrela da “Bed Intruder Song” agora tem mulher e filho, ­depois de declarar em 2013 que não, não era gay.

Rebecca Black

“A pior música de todos os tempos” foi uma das designações mais bondosas para “Friday”. Mesmo assim, todos escutaram. E quem riu por último foi Rebecca: seu canal no YouTube tem mais de 1 milhão de assinantes.

YOUTUBE EM NÚMEROS

Reis do IBOPE As emissoras de TV não podem nem sonhar com tais números

1

bilhão de pessoas usam o YouTube por mês

50% dos acessos são feitos em aparelhos móveis

400 anos de material de ­vídeo são varridos por dia por reclamações de direitos autorais

> 1

milhão de pessoas ganham ­dinheiro com o pro­ grama de parceria do YouTube

Música na tela

Jukebox pelo mundo

CORBIS, PICTUREDESK.COM, CHARLIE SCHMID, GETTY IMAGES

O YouTube está mudando a maneira como ouvimos e fazemos música. Os prós e contras

Assista e toque: um bom tutorial e qualquer um vira músico.

Filmar durante o show só para ser o primeiro a postar no YouTube.

As bandas não precisam pagar horrores para ter seu vídeo exibido.

Festas onde o DJ só toca YouTube e os convidados competem com os vídeos.

Dá para encontrar pra­ticamente tudo de música.

A qualidade de áudio piorou ainda mais.

DJs têm no “YouTube Mix” o crossfader para trocar as faixas de maneira suave.

A falta de imaginação das músicas cover.

Só são parodiadas as músicas que merecem ser.

THE RED BULLETIN

O novo streaming de músicas do YouTube está incomodando as gravadoras.

Keyboard Cat!

Em 2007, o gato músico Fatso se tornou celebridade na internet. O próprio gato não viveu a fama. O vídeo havia sido gravado em 1984 e Fatso morreu em 1987.

Principais comentários

Bars Ulrich Já que não ­compram minha música, que seja streaming. Querem ouvir ­direto no minuto 2:40? Digitem #t=2m40 no ­final do link.

300

horas de vídeo são ­adicionadas por ­minuto no YouTube

90 milhões

de visualizações por dia vêm da Arábia Saudita – o país que mais ama o YouTube

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10 ANOS DE YOUTUBE: Amor proibido

CENSURA

Os vídeos que devem desaparecer

O YouTube é o segundo maior site de buscas do mundo, mas a censura dos governos e os direitos autorais locais obstruem a liberdade total

Dominic Gagnon. O artista digital canadense coleciona os vídeos que o YouTube deleta

Não é proibido proibir

Você vai procurar este vídeo em vão no YouTube: “Pieces and Love All to Hell” mostra clipes que o YouTube considerou fortes demais, mesmo sem pornografia. Discursos inflamados contra a dominância masculina, por exemplo. Ou dicas de sobrevivência de mulheres com um bebê em um braço e uma arma no outro. Dominic Gagnon foi atrás de vídeos que ­foram denunciados por usuários e em seguida deletados. Suas ­perguntas não-respondidas são: o que é deletado? Por quê? E, principalmente, quem decide o que é bom e o que não é? O vídeo de Gagnon é sombrio e angustiante; na melhor das hipóteses, excêntrico, mas prova algo: memória de dados infinita coisa nenhuma. A internet tem é ­memória de passarinho.

Este vídeo não está disponível no seu país. Desculpe.

bloqueados no momento bloqueados no passado

TURQUIA O chefe de Estado Erdog˘an não gosta de críticas. Por isso, man­ dou bloquear o YouTube. Uma decisão da Corte Constitucional o colocou novamente online.

ALEMANHA

COREIA DO NORTE

No conflito entre o Google e a agência de direitos autorais GEMA, quem sofre são os ale­ mães. O que é protegido não está sendo visto por ninguém.

Só se pode ver o canal do ­Estado Uriminzokkiri: ele traz Kim Jong-un, propaganda de guerra e culinária. Quer mais o quê, camarada?

IRÃ O YouTube está offline desde 2012. Novidades como “Happy” chegam ao país de qualquer maneira, mas os dançarinos podem ser castigados.

BRASIL A ex do Ronaldo conseguiu um bloqueio temporário do YouTube em 2007 depois que um vídeo seu com cenas de sexo foi publicado. Foi você, Ronaldo?

Fontes: Google Transparency Report, Wikipedia – Censorship of YouTube; acesso em nov/2014

Principais comentários

DIÁLOGO DAS LATAS

Kim Dot-un PQP!! Quem se im­ porta com fronteiras nacionais? Drible o bloqueio. Já ouviu ­falar de servidor proxy e VPN? Pergunte ao Google. Ou ao DuckDuckGo se preferir. É fácil.

Alternativas ao YouTube

Olho na tela Nem sempre acha o que está procurando? Tente aqui: Wimp Vídeos escolhidos a dedo: conteúdo liberado para qualquer idade e sem sensacionalismo. Vimeo Plataforma de streaming de vídeos com alta qualidade artística.

Nesse caso, só um vídeo de gato ajuda.

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Este homem acredita que as mulheres salvarão o mundo. O YouTube deletou

Dailymotion O primo francês do YouTube: nasceu na mesma época, mas ainda não decolou.

THE RED BULLETIN

VITHEQUE.COM, GETTY IMAGES, YOUTUBE.COM

CHINA Na China, é impossível aces­ sar o YouTube ou o Google. Em compensação, o site chinês Youku tem de tudo: de Breaking Bad a Homeland.


10 ANOS DE YOUTUBE: O que disse a raposa? – Procure a resposta!

GUIA DE TV

O que está passando?

Fred Bull Duas dicas pelo preço de uma: veja todos estes vídeos em redbulletin.com. Ou melhor, assine The Red Bulletin e veja todos os vídeos no futuro.

Nós organizamos o caos dos canais. Veja o que o YouTube tem para oferecer de mais surpreendente e excêntrico. Mantenha a agenda

00:00 – 06:00

YOUTUBE.COM(8)

20:00  – 00:00

18:00  – 20:00

15:00  – 18:00

12:00  – 15:00

06:00  – 12:00

A melhor programação ATUALIDADES

ESPORTE/JOGOS

TRASH

Cansado da camiseta? Este se chama “Four in hand” ­apesar de a gravata ter só duas pontas. Curso rápido para dar nó.   How to tie a tie – Quick and Easy

À espera... sim! Das compras iJustine se tornou estrela no ­YouTube esperando nas filas. Em vez de reclamar, ela noticiou.   First in line for iPhone 6 – The Story

O gato que aterroriza cachorros Garotinho vem na bicicleta, ­cachorro vem atrás. Final feliz: ­garoto salvo pela Tara...   Hero Cat Saves Boy From Dog Attack

Wow! Do que somos capazes! A loucura é relativa. Aqui a loucura leva à admiração da espécie humana.   People Are Awesome 2014

Câmera escondida O elevador do hotel da dupla norueguesa de come­diantes Ylvis fala com você. Escolha uma língua!   The Intelevator Episode 1

Super Mario vive Mario na vida real? Ótimo! Mas ele deixou de fazer o que eu mando.   Super Mario Bros. Parkour

Vestido de noiva não é árvore E é possível voar mais longe do que você imaginava.   The Ultimate Fails Compilation

Sucesso da Pop Art Vídeos dinamarqueses fazem sucesso pela quantidade de ação.   Warhol Eating a Hamburger (1981)

Lésbicas ou ménage à trois? Você sempre quis saber o que sua querida quer de verdade? OK. Você alcança o top 3.   Top 10 Porn Searches for Women

A mão é o instrumento Gerry Phillips peida com as mãos os maiores sucessos. Precisou de 40 anos de prática.   Manualist Plays Tijuana Brass “Spanish Flea” on His Hand!

Químico da pesada “Eu conheço alguém que conhece alguém...”   Best lines from Breaking Bad

Jogo bonito 1 840 modelos nuas num estádio de futebol. Dá para ver o jogo?   Spencer Tunick Vienna

Vídeos que viciam Nunca teríamos provado aquela do xixi de rena com cogumelo. Nunca.   10 Dumbest Ways People Have Tried to Get High

Antes de Jason O primeiro filme de terror, com 119 anos de idade. Do pioneiro dos efeitos especiais Georges Méliès.   The Haunted Castle (1896)

O que disse Malala? A mais jovem premiada com o Nobel da Paz leva um susto. Veja a sua resposta.   Entire Nobel Prize Speech

O trabalho pode te fazer feliz? 71% estão insatisfeitos com o trabalho. Este vídeo muda tudo.   Re-Imagining Work

Você pode trair seu país? Professor de Harvard se encontra com o delator.   Lawrence Lessig Interviews Edward Snowden

DICA

Fronteiras? Era uma vez. Com um skate sobre a Grande Muralha da China.   Danny Way Jumps the Great Wall

!

Sem vergonha de ser inteligente O nosso planeta é bem mais que uma cebola recheada de magma.   The Structure of Earth

O seu mundo dos brinquedos Veja como Danny pedala pelos brinquedos de sua infância.   Danny MacAskill’s Imaginate

FIFA vs. futebol Sátira sobre a organização provavelmente mais poderosa do mundo.   Last Week Tonight with John Oliver: FIFA and the World Cup

Ninguém joga com homens... ...porque eles podem ser fortes, mas são lentos como lesmas.   If Gamer Girls Acted Like Gamer Guys

THE RED BULLETIN

ALTO NÍVEL

O que é de verdade? O poder da imagem: você vai ter medo de altura sem tirar os pés do chão.   Best of 3D Street Art Illusion

DICA Steve Jobs contra Bill Gates Romeu e Julieta contra Bonnie e Clyde. Rasputin contra Stálin. Os grandes duelos da história.   Epic Rap Battles of History

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!



O HOMEM DE 1 6 0 9 K M / H Em 1 997 A ndy Green quebro u a bar reira do so m . N ão e m um avião. N um veíc ulo. N o c hão. M as esse re co rde não é suf ic iente. Ag o ra el e quer atingir as 1  000 m ilhas po r ho ra Por: Anth ony Row linson

Fotos : S h a m i l Ta n n a

25


C

abeça erguida, alto, magro, ­cabelos muito curtos, postura ereta, passos ­decididos, olhos tranquilos: Andy Green, 52 anos, tenente-coronel da RAF, Força Aérea Real Britânica, é o homem mais ­rápido do mundo. E se vê na sua aparência. Em 1997, ele quebrou o recorde de velocidade em solo com o Thrust SuperSonic Car (SSC) no Lago Salgado no Deserto de Black Rock em Nevada, EUA, num veículo

bimotor que ele pilotou para romper a barreira do som. No final, os instrumentos mostraram uma velocidade média de 763,035 milhas por hora para o percurso de 1 milha. Isso são 1 227,986 km/h. Agora Green tem um novo objetivo: ­alcançar a marca das 1 000 milhas por hora com todas as rodas em contato com o solo. Isso são cerca de 1 609 km/h. O veículo que ele pilotará, o Bloodhound SSC, é propulsionado por uma turbina e um foguete. O projeto chega a valer R$ 165 milhões e conta com o patrocínio de gigantes como Rolex, Rolls-Royce e Castrol. Os primeiros testes estão marcados para 2015. A marca das 1 000 milhas é o objetivo para 2016.


Ao quebrar esse recorde, o Bloodhound estará a uma velocidade superior à de uma bala de revólver

STEFAN MARJORAM

Um avião a jato, só que sem as asas: Bloodhound SSC é o nome do projétil que deverá alcançar as 1 000 milhas por hora no solo da África do Sul em 2016

Segundo os cálculos, a velocidade máxima alcançada durante a façanha deverá ser de 1 050 milhas por hora, quase 1 690 km/h. O Bloodhound estará a uma velocidade superior à de uma bala de revólver.

A

ndy Green é mais um numa tradição de aventureiros a desafiar os limites da velocidade. Em 1947, Chuck Yeager foi o primeiro homem a romper a barreira do som no Bell X-1, seu pequeno avião laranja propulsionado por foguetes e, com seus modos elegantes de West Virginia, comunicou à equipe de solo: “Favor anotar. Tem alguma coisa ­errada com esse maquímetro aqui. Ele

e­ nlouqueceu completamente”. Mais tarde, em 1983, Richard Noble cravou um novo recorde de velocidade no solo a bordo do Thrust 2, movido a turbina, na marca das 633 milhas por hora. O seu lema: “For Eng­land and for the hell of it”. [Pela Inglaterra e só por fazer.] Agora, Noble é o coordenador do projeto Bloodhound de Green. Ainda assim, Green afirma que em um ponto importante não faz parte dessa tradição. Formado em Matemática em Oxford e piloto experiente da RAF, Green sabe que tentar quebrar o recorde de velocidade no solo hoje em dia não é mais coisa para valentões destemidos e aventureiros, mas sim o resultado 27


No combate, o piloto de caça Andy Green foi atingido. “Não foi nada. Eles estavam bem equipados.”

Os primeiros testes no local deverão acontecer em 2015. A proteção do piloto ficará por conta de um cockpit de alta tecnologia


Até o momento, a equipe de enge­ nheiros sediada em Bristol já investiu mais de 10 mil horas de trabalho no pro­jeto. O custo total está avaliado em R$ 165 milhões

da combinação de ciência e tecnologia e de racionalismo frio e fundamentado em dados. O seu motor será movido a cérebro, não com o coração, afirma Green. “Quebrar esse recorde é uma questão técnica e não emocional. Eu sou um dos membros de uma equipe de testes de desenvolvimento tecnológico. Não sou piloto de corridas. Sou piloto de testes.” Claro que Andy Green conhece os ­riscos. As simulações em computador podem prever como o Bloodhound vai se comportar a 900 milhas por hora. Mas ele é quem vai sentir como a máquina se comporta nos seus limites. E é só ele quem poderá reagir se algo sair errado durante todo o processo.

STEFAN MARJORAM (2)

A salvo: na moderna cabine do Bloodhound SSC, o piloto Andy Green (à esq.) está blindado à prova de balas para evitar acidentes com pedras que possam voar em sua direção ou mesmo pássaros. Uma situação assim pode matá-lo

E

le conta com um sangue-frio ­impressionante sobre como foi ­atingido por um foguete do inimigo há 20 anos quando era comandante das forças da RAF no Iraque. “Eles simplesmente estavam melhor equipados. Seu sistema de armas era melhor. Na verdade, não foi nada.” Green também impressiona pela ­forma racional como fala de emoções. “Quem é muito emocional provavelmente não terá um grande futuro como piloto de caça. A falta completa de emoções também é prejudicial nessa profissão. As emoções são necessárias, mas elas têm que estar sob controle. No final, a razão tem que ter mais peso que as emoções na hora de tomar decisões.” Sangue-frio é do que o piloto e sua equipe – composta principalmente de militares britânicos em missão no Afe­ ganistão que foram designados para o projeto – vão precisar no ano que vem na província do Cabo Setentrional na África do Sul, no Deserto de Hakskeen Pan, onde o trajeto já foi preparado. O lugar foi encontrado pelo doutor Adrian Luckman da britânica Swansea University, depois que as localidades candidatas de Black Rock em Nevada

e Bonneville Salt Flats, no estado de Utah, EUA, ­terem sido descartados por terem pouco espaço e um relevo ­relativamente acidentado. Quando Green der a partida no seu veículo de 7,8 toneladas que parece um avião militar só que sem as asas, o trajeto de 19 quilômetros de comprimento e 500 metros de largura será ­certamente o pedaço mais plano e limpo da Terra: um exército de algumas centenas de voluntários foi recrutado entre a população das redondezas para retirar manualmente até mesmo as menores pedrinhas do local. O Deserto de Hakskeen Pan tem ­várias vantagens, mas também alguma desvantagem óbvia: o solo só pode ser duro o suficiente para este projeto em um lugar onde não chova nunca. A equipe do Bloodhound percebeu logo que o que era o ideal para o solo neste caso era um problema para os participantes do projeto. A solução? Construíram um sistema de abastecimento de água com a ajuda do governo local. Com o belo efeito ­colateral de que, depois do projeto, os ­agricultores da região poderão gozar de um abastecimento de água até então impensado na região.

P

or que uma pessoa tão racional se arrisca numa aventura que muitos considerariam pura loucura? Para Andy Green a resposta está na ­ciência e na crença inabalável de que é necessário fazer algo extraordinário que possa inspirar toda uma geração de jovens cabeças a seguir seus próprios sonhos. (O projeto está associado a uma série de iniciativas nas escolas britânicas.) Nem um pouco de medo na hora da largada? “Nunca fiquei nervoso ao pilotar ­jatos. Nunca fiquei nervoso em missões militares”, diz. “E o mesmo vale para Bloodhound. Eu conheço cada detalhe da máquina e os padrões de segurança segundo os quais ela foi construída. Por que eu deveria me preocupar?” “Vamos todos precisar de um belo descanso depois disso tudo? Isso sim. Com certeza”, afirma. “Eu tenho a grande sorte de ter uma esposa absolutamente fantástica que adora velejar quase tanto quanto eu. Não há nada melhor que ­diminuir a marcha da mente, cruzar os mares a cinco nós, depois parar para comer algo num porto pequeno, com o barco ancorado na frente do pub.” “É assim que imagino a minha vida”, diz. “Daqui a três anos.” www.bloodhoundssc.com

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Mark Cunningham desliza sobre a água na temida onda de Teahupo’o, no Taiti, uma das mais perigosas do mundo devido à sua força, pouca profundidade e bancada de corais cortantes.

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POR: STEVE ROOT FOTOS: CHRIS BURKARD

CORPO AO MAR


“ BODYSURFERS COSTUMAM SER

OS MAIS EXPERIENTES NO MAR E TAMBÉM OS MENOS RESPEITADOS.”


S

em prancha para ficar em pé ou bodyboard para ­surfar deitado. Não existem cordinhas para ligar o atleta ao equipamento – que, por sua vez, também não existe. Não tem jet ski para dar aquela força motorizada para surfar ondas gigantes. Aqui o que você precisa é de apenas um par de pé de pato, uma onda e uma injeção de pura adrenalina. “O bodysurf [versão arrojada do nosso conhecido jacaré] é a forma mais minimalista e direta de se ­experimentar o oceano”, diz Chris Burkard. Ele sabe do que fala, já que registrou surf trips extremas para Rússia e Islândia e mais uma dezena de expedições. Mas é a emoção de estar entre ondas taitianas saídas do apocalipse capturando imagens dos torpedos ­humanos que faz seu coração pulsar. Burkard se juntou ao cineasta e surfista de ondas gigantes Keith Malloy em sua viagem global para Califórnia, Havaí, Nova Zelândia e Taiti para fazer o filme Come Hell or High Water (2011) e o livro de fotos da produção, The Plight of the Torpedo People. Foi um projeto afetivo realizado em parte para criar o tipo de arte que é vista nestas páginas e, por outro lado, uma forma de expandir os limites dos atletas que se dedicam a este esporte subestimado que,

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de uma forma ou de outra, tem sido praticado desde que homens e ondas coabitam no planeta. “Se você algum dia pisou em um oceano ou pulou uma onda”, diz Burkard, “você pegou jacaré. Todo mundo já fez isso em algum momento.” Todo mundo, talvez, mas apenas uns poucos e bons o fizeram no nível de habilidade e ousadia como no caso do lendário barqueiro e salva-vidas da Costa Norte Mark Cunningham, do bodysurfer profissional Mike Stewart, do engenheiro e surfista Chris Kalima e de Dan Malloy, um surfista de ondas gigantes e irmão do produtor Keith. “Quem pega jacaré geralmente é quem tem mais experiência no mar”, diz Burkard. “E também são os menos respeitados. São pessoas que têm conhe­ cimento das correntes, do sol, da maré. É uma tremenda sinergia com o mar. Pode soar exotérico, mas é verdade: você precisa estar em sintonia com o que está acontecendo para não se machucar feio.” Isto é especialmente verdadeiro no Taiti, lugar em que a onda sobe em mares muito profundos e quebra muito no raso, numa bancada de coral extremamente afiada. “É um bloco enorme de água que quebra em cima dos corais”, diz. “É incrível. É tipo a pior onda para você pensar em pegar jacaré. A pior. Mas esses caras queriam ver se daria para encarar. Eles queriam testar os limites. Foi uma emoção.” De fato, Burkard teve o privilégio do melhor ­cenário do lugar para o projeto. “A água era a mais limpa que eu já vi em toda a minha vida. Eu pegava um ar e mergulhava para tentar pegar os caras enquanto eles deslizavam de costas para a onda. Eu perdia a noção de quanto tempo estava debaixo d’água e subitamente me dava conta de que estava sem fôlego e precisava subir. Mas não queria perder um único momento, porque aquilo era muito único e abstrato.” E por isso o termo “torpedos humanos”. “Quando os caras estão com os braços colados ao lado do corpo, nadando na direção da superfície, eles parecem um torpedo”, diz Burkard. Quando o mar subir e você quiser rasgar as ondas, lembre-se de que os torpedos estarão por perto. chrisburkard.com

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Você não consegue chegar mais perto de uma onda do que dentro dela. Aqui, o bodysurfer Keith Malloy sente o poder de uma parede taitiana. Abaixo, o mergulho no mar com o único equipamento necessário para o esporte, um par de pé de pato. É só isso e uma onda perfeita para ganhar o dia.


“EXISTE UMA ­SINERGIA COM O MAR. VOCÊ PRECISA ESTAR EM SINTONIA COM O QUE ACONTECE OU VAI SE ­MACHUCAR FEIO.”

No topo: o salva-vidas californiano e bodysurfer Mark Cunningham é metade homem, metade peixe. Acima, no detalhe: Durdam Rocherolle, de San Diego, pagou com seu sangue por cair nos corais. À esquerda: Chris Kalima se joga em uma onda tubular durante o final de tarde.

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Chris Kalima diretamente do fundo para a superfície, dando o verdadeiro significado ao termo “torpedo humano”.

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“ É UM BLOCO ENORME DE ÁGUA

QUE QUEBRA EM CIMA DOS CORAIS. É TIPO A PIOR

ONDA PARA VOCÊ PENSAR EM PEGAR JACARÉ. A PIOR. MAS ESTES CARAS QUERIAM VER SE

DARIA PARA ENCARAR.” 38

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“ QUANDO OS CARAS ESTÃO COM SEUS BRAÇOS COLADOS AO LADO DO CORPO, NADANDO EM DIREÇÃO À SUPERFÍCIE, ELES SE PARECEM COM TORPEDOS.”


A equipe sai em busca de ação (acima), enquanto Chris Kalima lança seu olhar de peixe sobre Mike Stewart pegando a melhor onda. Queimado de sol, com cortes infeccionados pelas pedras, um HD cheio de imagens épicas, o fotógrafo Chris Burkard arruma suas coisas depois de registrar os torpedos humanos.

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“Este ano você conse­ guirá os 100 quilômetros, Lemawork Ketema?” Ketema, 29, da Etiópia, vai defender o título na Wings for Life World Run – mesmo em condições nada favoráveis. Mas ele afirma que serão no mínimo 78 quilômetros desta vez

the red bulletin: Então, 100 quilômetros são um objetivo realista? lemawork ketema: Realista sim, mas, se são possíveis, aí depende de alguns ­fatores que não se pode controlar, como o tempo, por exemplo. Estou fazendo de tudo para, este ano, estar em melhor forma do que estava na última vez. Você vai correr na Áustria outra vez. Por quê? Sou requerente de asilo e não posso sair do país. Até recebi convites para grandes maratonas, mas neste momento não posso sair. O processo do asilo já foi iniciado, mas estamos aguardando a decisão. (Nota da redação: neste meio tempo, a esperada decisão sobre o requerimento de asilo saiu: positivo!) Onde você vive? Em uma moradia para refugiados em Greifenstein an der Donau. Divido o quarto com mais três pessoas, o que nem sempre é fácil, principalmente quando se quer descansar. Mas não vejo isso como problema. O que importa é correr. Você é a estrela da moradia? Alguns me admiram. Outros têm inveja dos meus tênis, das minhas roupas. ­Quando estou treinando, são as pessoas locais que me saúdam e me incentivam. Sempre paro para falar com um pescador no Danúbio. Ele diz que cada vez que paro perto, um peixe belisca. Às vezes, ele me dá algum de presente. Você dá dicas para corredores? Claro! Principalmente para jovens. Correr é muito fácil se você fizer isso da maneira correta. Como é a sua rotina diária? Levanto às 6 e faço meu primeiro treino: 25, às vezes 30 quilômetros. Depois vou para Viena, onde faço um curso de alemão. 42

À noite, treino novamente. Depois, ­massagem ou, melhor ainda, fisioterapia quando é possível. Você estuda enquanto corre? Sim. Às vezes anoto vocabulário na palma da mão. O que faz no tempo livre? Tenho pouco. Gosto de trabalhar. O que seu nome, Lemawork, significa? “Lema” significa verde, mas também belo. E “work” é trabalho, como em inglês. Belo trabalho no verde. Tá certo. Sim. Em Greifenstein isso é realidade. É o que penso cada vez que saio pela ­porta para treinar.

“Correr é muito fácil se você fizer isso da maneira certa.” Você quer ficar na Áustria? Sim. A todo custo. Como era a sua vida na Etiópia? A escola ficava a 7 quilômetros de casa. Eu sempre fazia o percurso correndo. ­Minha mãe trabalhava como massagista em um hospital. Hoje nos falamos uma ou duas vezes por semana. Minha mãe é muito importante para mim. Também aprendi a fazer massagens e trabalhei com maratonistas que faziam tempos na casa de 2h04m. Conhecia bem o físico deles, os problemas e suas técnicas de corrida. Conhecimento muito útil até hoje. Qual seu melhor tempo na maratona? Nada demais: 2h14m. Fiz essa marca há bastante tempo e em altitude elevada.

Como os maratonistas veem a Wings for Life World Run? De formas diferentes. Alguns medem ­nossa velocidade por quilômetro e acham que estamos passeando. Para ­outros, 78 quilômetros ou mais é muito. A dificuldade para o maratonista é a ­falta de uma linha de chegada, porque ­assim também falta uma divisão das ­etapas da corrida. O segundo lugar do ano passado, o peruano Remigio Quispe, também vai correr na Áustria este ano. Isso é bom ou ruim? Uma enorme vantagem. Junto com alguém você acaba forçando mais. A grande desvantagem na Áustria é que faltam grupos de treinamento. Eu corro ou sozinho ou alguém me acompanha na bicicleta. Mas é assim que as coisas são no momento. Eu não reclamo. Tem alguma dica para corredores ­amadores que querem chegar mais ­longe este ano? Treino diário! Correr uma vez por semana não faz progredir. É o mesmo comigo no curso de alemão: melhorar requer muita dedicação. Como você se sentiu no dia seguinte à Wings for Life World Run? Acordei com um sorriso no rosto. Foi maravilhoso. Eu tinha alcançado meu objetivo. E fisicamente? Não foi mal. De verdade. No dia 3 de maio deste ano será dada a largada ao mesmo tempo em 35 cidades em 33 países para a Wings for Life World Run 2015. Quem será o último a ser alcançado pelo catcher car? Informações e ­inscrições em: www.wingsforlifeworldrun.com THE RED BULLETIN

PHILIP PLATZER/RED BULL CONTENT POOL

Entrevista: Werner Jessner


Nome Lemawork Ketema Nacionalide Etíope Nascido em 22 de outubro de 1985 Vitórias Primeiro lugar na Wings for Life World Run 2014 com 78,57 quilômetros (largada em St. Pölten, Áustria); ­primeiro lugar na Maratona de Graz, Áustria, 2014


DORIAN CONCEPT

“Eu sou o cara com o teclado de brinquedo” O que importa não é qual instrumento você toca, mas como você o toca. É assim com o austríaco que faz sucesso na cena de jazz eletrônico com seu tecladinho

O microKORG parece um sintetizador de brinquedo: teclas de plástico estreitas, botões com luzinhas coloridas e mostra­ dor digital antigo com três algarismos. Nas lojas, ele custa R$ 950. A maioria dos músicos profissionais não colocaria um instrumento como esse nem no seu quarto. Dorian Concept o transformou em sua marca registrada – e passou a brilhar na cena eletrônica. Desde o lançamento de seu primeiro álbum, When Planets Explode (2009), o austríaco não para. Ele se apre­ senta em casas de show entre Mumbai e Los Angeles. Em 2010, tocou no Royal Albert Hall em Londres. Os vídeos de ­Dorian são vistos por milhões de pessoas. O radialista britânico Gilles Peterson o considera o “novo Joe Zawinul”. the red bulletin: Por que tocar jazz com um teclado de criança? Dorian Concept: O microKORG tem a fama de ser mais ou menos o pior sin­ tetizador de todos os tempos, mas é isso que eu acho interessante. Então é o desafio? Exatamente. Quando era garoto, ia muito a sessões de jazz ao vivo, e a habilidade daqueles músicos me fascinava, assim como a dedicação para estudar seu ins­ trumento cinco horas por dia para serem bons de verdade. Eu também fazia aulas de piano. Mas percebi logo que só técnica e conhecimento não bastam. Muitas vezes é preciso esquecer tudo aquilo que foi aprendido na aula e se aproximar do ­instrumento de uma maneira completa­ mente nova. Encontrar a sua linguagem musical própria. Como soa a sua linguagem? Eu uso o microKORG de forma errada de propósito. Não como um sintetizador. 44

Improviso com ele como se fosse um saxo­ fone. Toco as melodias com a mão direita e com a esquerda vou usando os botões dos efeitos. Fui provavelmente o único que quis explorar todas as possibilidades desse brinquedinho barato. Quando foi que você percebeu que essa antiabordagem ia dar em algo? Em 2006, procurei vídeos no YouTube com o microKORG para ver como outros faziam. Mas não encontrei nada interes­ sante. Então gravei cinco vídeos curtos. Em pouco tempo os vídeos tinham mais de 1 milhão de visualizações.

“Uso o microKORG de forma errada de propósito. Eu improviso com ele como se fosse um saxofone.” Quatro anos depois, você estava ­tocando no famoso Royal Albert Hall em ­Londres. Para 5 mil pessoas. Uma ­subida meteórica. Quem me convidou foi a Cinematic ­Orchestra. Eles são meus ídolos, foi ótimo. Apesar de eu me sentir um pouco esquisito nos grandes shows e grandes festivais de jazz. Depois que sai uma banda toda pomposa de jazz, eu entro com meu minissintetizador. Como os seus colegas o veem? No meio eletrônico eu sou o geninho ­virtuoso e no jazz eu sou o cara esquisito

com o teclado de brinquedo. Eu não ­pertenço bem a nenhum grupo, mas gosto disso. Como você explica o seu sucesso? Hoje ser original é mais importante que tudo. Você tem que fazer algo extraordi­ nário. Algo como um jazzista que toca um teclado de brinquedo, por exemplo. Como você define o seu estilo? Uma vez um jornalista disse que a minha música soava como um concerto de jazz em um salão de jogos japonês. Eu curto música colorida que está sempre em ­movimento. Tem a ver com ser uma ­pessoa que não consegue se concentrar por muito tempo. Quando era criança, gostava mais dos intervalos comerciais que do filme em si. Quantos microKORGs você já teve ao longo de sua carreira? Três. Um quebrou, o outro eu perdi, mas o terceiro ainda está muito bom. Apesar de faltarem seis teclas. E você ainda o usa nas suas apresentações? E você compra um cachorro novo só ­porque o seu está ficando velho e já não pode andar direito? Comparação interessante... Eu vejo as teclas que faltam como um ­desafio. Você é forçado a criar melodias diferentes. Não aquelas que são óbvias. E assim nascem coisas novas. E para continuar no mesmo tom: ­quantas teclas têm que faltar para que você sacrifique seu microKORG? Quando faltarem sete a coisa começa a complicar. Ele tem só 37 teclas. Então, logo vai chegar a hora de encontrar um novo companheiro, ainda que seja difícil me separar do velho. Joined Ends é o novo disco de Dorian Concept THE RED BULLETIN

PHILIPPE LEVY

Entrevista: Florian Obkircher


Data e Local de Nascimento 16 de setembro de 1984, em Viena Novo Álbum Em Joined Ends, Dorian toca principalmente o e-piano Wurlitzer. “Ele tem mais teclas que o microKORG”, diz. “Quero me concentrar mais em tocar” Show No dia 23 de novembro, Dorian apresentou seu novo álbum pela primeira vez com uma banda no Red Bull Music Academy Weekender, em Viena, Áustria. ­Detalhes sobre o evento no: redbull.at/rbma (em alemão)


SONHO VIVO

No vestiário do Centro de Formação de Atletas do Red Bull Brasil, em Jarinu: dias de treino antes de começar o ano jogando a Copa São Paulo


CARLOS MIGUEL JÁ VESTIU A AMARELINHA NAS CATEGORIAS DE BASE, É TITULAR DO RED BULL BRASIL NA COPA SÃO PAULO E DEVE INTEGRAR O TIME NA SÉRIE A DO PAULISTÃO POR: FERNANDO FIGUEIREDO MELLO FOTOS: EUDES DE SANTANA

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“SAÍ DO PARANÁ POR ALGO MAIOR. EU QUERIA MUITO ISSO PARA MINHA VIDA, E, QUANDO A OPORTUNIDADE APARECEU, NÃO PODIA PERDER.”

E m novembro passado, no Estádio Municipal Doutor Novelli Júnior, em Itu, garotos do Ituano e do Red Bull Brasil entraram em campo para disputar as quartas de ­final do Campeonato Paulista sub-20. Entre eles estava o goleiro Carlos ­Miguel. Desde a chegada ao clube, em janeiro de 2011, o jogador de 1,90 m teve bons resultados: foi titular do sub-15, chegou às semifinais do Campeonato Paulista e já naquele ano se tornou o único jogador de todas as categorias do Red Bull Brasil a vestir a camisa da Seleção Brasileira. Contra o Ituano ele pode carimbar o seu lugar no time principal, que disputa em fevereiro a série A1 do Campeonato Paulista. A partida termina em 2 a 2, com o placar agregado de 5 a 4 para o Ituano, o que elimina o Red Bull Brasil da competição. Carlos sai de cabeça erguida. Ele sabe que o trabalho não para por aí. O ano de 2015 começa com duas competições importantes para o arqueiro: a Copa São Paulo de ­Futebol Júnior, a Copinha, que termina 48

em 25 de janeiro, e o Campeonato Paulista, que começa em 1º de fevereiro. Aos 18 anos, Carlos tem muita personalidade. E sua história deixa isso claro. O goleiro cresceu numa cidade distante dos grandes centros, na pantaneira ­Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, a 437 km da capital Campo Grande. Ele é o mais novo de quatro filhos e o único a deixar a cidade até hoje. Não conheceu direito seu pai, que faleceu quando Carlos ­tinha 5 anos, e saiu de casa aos 12, ­primeiro para morar em Campo Grande e depois em Curitiba, onde iniciou a carreira no Paraná Clube. Na capital paranaense, o jogador passou a morar dentro do Centro de Treinamento da base do clube. A boa estrutura o acolheu e o ajudou a se desenvolver tecnicamente. “O que me ajudou nesse começo difícil foi a vontade de estar ali. Eu queria muito isso para a minha vida e, quando a oportunidade apareceu, eu disse para mim mesmo: não posso perder.”


Carlos Miguel saiu de Mato Grosso do Sul aos 12 anos e nunca mais voltou


Dia de treino no CFA de Jarinu: Carlos Miguel não teve férias – ele passou dezembro e janeiro treinando debaixo do sol de verão


Sua perseverança e talento o levaram à Seleção Brasileira apenas seis meses ­depois da chegada ao Paraná. Aos 13 anos, Carlos Miguel foi convocado para a equipe sub-15 – foi a primeira de suas duas ­convocações até hoje.

A

“ T EMOS UM PROCESSO ORGANIZADO DE TREINAMENTO, DE FORMAÇÃO DE ATLETAS. TRABALHAMOS COM PROFISSIONAIS QUE SABEM O QUE HÁ DE MAIS ATUAL NO FUTEBOL.”

o retornar, teve experiências malsucedidas no São Paulo e no Desportivo Brasil e até pensou em desistir, mas voltou ao Paraná Clube, onde conheceu uma pessoa fundamental para sua evolução como ­jogador: o preparador de goleiros ­Marcelo Gimenez, que, em 2011, o levou ao Red Bull Brasil. “Saí do Paraná por algo maior e, ­quando entrei no Red Bull, vesti a camisa. A formação de atletas aqui é diferente. Nosso pensamento é espelhado na Europa. A conduta dentro e fora do campo é muito rigorosa, questão de comportamento. Você se torna uma pessoa aqui.” A estrutura da nova casa impressionou o goleiro. Ele acompanhou todas as melhorias do Centro de Formação de Atletas (CFA), em Jarinu (a 76 km de São Paulo), onde mora com cerca de 80 atletas das categorias sub-15, sub-17 e sub-20. O cuidado visto no Red Bull Brasil é o mesmo que muitos clubes brasileiros ­estão buscando hoje em dia. Após o fiasco do projeto da CBF na Copa do Mundo, as chagas do futebol brasileiro ficaram ­escancaradas, e a estrutura foi abalada. Novos jogadores, como Carlos Miguel, ­vivem sua profissionalização diante ­dessa reformulação estrutural dos clubes e da própria Seleção. “Temos um processo organizado e ­metodológico de treinamento, de formação de atletas”, diz Thiago Scuro, diretor esportivo do Red Bull Brasil. “Nós já trabalhamos com profissionais com capacitação e estimulamos para que eles constantemente se capacitem para saber o que há de mais atual no futebol no mundo.” O dirigente do time de Campinas ­acredita que diminuir a lacuna entre a base e o profissional seja fundamental, e diz que há muito debate e preocupação dos clubes, da CBF e das federações. Há 11 anos dentro do futebol, Thiago afirma que a modalidade no Brasil não possui um processo de capacitação dos profissionais de forma organizada, sistematizada, com progressão e iden­ti­ dade. “A gente vive em um mercado 51


e­ xtremamente desorganizado nesse ­sen­tido, ­alguns lugares até têm a base ­organizada, com trabalhos bem desenvolvidos, mas sem integração com o time profissional de maneira sistematizada.” Sandro Orlandelli, chefe geral de scout do Santos, que trabalha com todas as categorias de base e mais o profissional, com larga experiência na Europa, onde trabalhou muitos anos no Arsenal, sabe da importância de um processo de longo prazo. “Nossa característica, do sul-­ americano, é emocional. O inglês, o alemão, é mais racional. Há um tempo para se desenvolver o projeto. No Brasil, há a cultura do imediatismo”, afirma. “Se a gente puder ter o equilíbrio, pegar o que é bom feito lá fora, o dinamismo e a intensidade de treino aliados a esse poder de alternância de ritmo e criatividade, a gente 52

Carlos Miguel tem gênio forte. Por esse motivo, ele assume a postura de líder, mas também enfrenta turbulências

vai voltar à hegemonia do futebol mundial”, prevê o dirigente do Santos. Carlos está galgando seu espaço, passo a passo. Atualmente como titular na Copinha, ele ajuda seus companheiros com a experiência de suas convocações para a Seleção Brasileira – a última em 2012, quando foi chamado pelo técnico Alexandre Gallo para defender o Brasil no Sul-Americano sub-17. THE RED BULLETIN


CARLOS MIGUEL FOI O CAPITÃO NA DECISÃO DA OTTEN CUP, NA HOLANDA. ELE LIDEROU O TIME NA VITÓRIA POR 3 A 0 SOBRE O LIVERPOOL

O jogador tem personalidade forte, diz o que pensa, é articulado e se expressa com clareza. Não é à toa que exerce uma liderança dentro do grupo sub-20 do Red Bull Brasil. Quando erra, admite o erro. Quando os outros erram, não se cala. O jeito assertivo, no entanto, trouxe também uma pequena turbulência em sua segunda passagem pela Seleção. A poucos dias da competição, Tiago, o terceiro goleiro, se machucou. John foi chamado para ocupar a vaga e, na teoria, Carlos Miguel seguia como ­reserva imediato do titular Marcos. Foi então que este também se machucou e o escolhido para o posto foi John, para ­espanto do ­goleiro sul-mato-grossense, que não ­escondeu a insatisfação. Mesmo sem abrir publicamente sua opinião, ­Carlos diz que acabou se isolando do ­grupo. ­“Fiquei superchateado, porque eu não ­esperava. Queria muito jogar”, ele conta, dois anos após o ocorrido. Hoje, com mais calma e serenidade, tem a certeza de que tirou grandes lições desse episódio. “Olho para trás e me arrependo. Acho que a gente tem de aceitar as decisões. A única coisa que a gente tem de ­fazer é respeitar, afinal seu companheiro também trabalha para isso. Não pensei no grupo, pensei só em mim.” Depois que voltou da Seleção, Carlos passou a ser mais compreensivo e tranquilo antes de emitir qualquer opinião. Uma prova de seu amadurecimento aconteceu em agosto último, quando o time sub-20 do Red Bull Brasil conquistou na Holanda um torneio organizado pelo PSV Eindhoven, a Otten Cup. No final do jogo semifinal, contra o Real Madrid, que estava empatado em 0 a 0, Carlos foi sacado pelo técnico Leandro Mehlich, pois o reserva, Kaíque, é especialista em pegar pênaltis. “Eu estava quase explodindo de raiva na hora que saí. Mas pensei melhor e ­respeitei. Felizmente, o Kaíque pegou um pênalti e a gente se classificou para a final”, lembra. A postura foi elogiada pelo técnico, que acabou escalando Carlos Miguel como o capitão na decisão. Ele ­liderou o time ao título e ergueu junto com seus companheiros a taça de campeão após derrotar o Liverpool por 3 a 0. No ano que está começando, toda atenção de Carlos está voltada para o estado de São Paulo. A Copinha é o maior ­torneio júnior do país, e na sequência o passo será ainda maior: tudo indica que o goleiro irá integrar a equipe principal diante dos maiores clubes de São Paulo na série A1 do Campeonato Paulista. Isso é só o começo. Confira tudo sobre o Red Bull Brasil em: redbullbrasil.com.br

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DC VAI DE

GT

Uma Mercedes como nenhuma outra: o nome correto ĂŠ AMG GT. Mas a estrela ĂŠ a mesma


Colocamos o vencedor de 13 GPs diante dos 510 CV de potテェncia do AMG GT no Red Bull Ring, em Spielberg, na テ「stria. No traテァado de 4,32 km, por 4 horas, David Coulthard acelerou. E como! Por: Werner Jessner Fotos: Bernhard Spテカttel

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“QUANDO VOCÊ TEM 16 ANOS, ATÉ PODE FAZER BESTEIRA. MAS COM 43 NÃO TEM MAIS DESCULPA.”

A face de um lutador: David Coulthard continua rápido em qualquer máquina


Ergonomia perfeita. O volante esportivo é acha­ tado na parte inferior. Atrás dele: as borboletas do câmbio. No meio do painel: muito ar fresco

avid Coulthard, qual é o seu ­carro fora das pistas? “O último que comprei foi um Smart na versão esportiva Brabus. Ele é prático, bom de estacionar, perfeito para levar meu filho de 6 anos à escola. Além dele, tenho um Mercedes SL 280 azul-claro que consegui comprar quando ainda estava no início da carreira.” A modéstia impressiona, mas ele continua: “Na minha casa de férias na Suíça tenho um Mercedes classe M. Estou com ele há oito anos e não tenho motivos para trocá-lo. Tudo está funcionando ainda”. Coulthard disse isso um dia antes de encarar um AMG GT branco pérola, feito para chegar a 310 km/h, e que oficialmente ainda não existe. Ele só espera que faça bom tempo.

Choveu durante a noite. O asfalto do Red Bull Ring ainda está molhado. Agora é necessário ter ­paciência e deixar o sol austríaco agir. “Este carro vai levar muita gente que até agora pilotava o ­Porsche 911 a refletir sobre algumas coisas. A BMW, a Audi, a Porsche e a Mercedes AMG se destacam por construir automóveis para correr nas pistas, mas que também funcionam no dia a dia. Este é, na verdade, o maior desafio.” O leitor identifica aqui a voz adulta do homem cuja frota privada não tem espaço para carros de ­diversão. A lógica da sua explicação surpreende ­ainda mais: “Eu fui uma das poucas pessoas neste mundo que tiveram o privilégio de correr na Fór­ mula 1. É o topo. Então, não vejo graça em dirigir em alta velocidade nas estradas. Para dirigir um ­carro como o AMG GT eu teria que ter uma pista de corrida privada no quintal da minha casa. Mas eu moro em Mônaco. Por isso tenho um Smart”. Aos poucos o asfalto do Red Bull Ring vai secando, e Coulthard entra no carro. Um momento de adaptação. Ele ajusta o assento, puxa o volante com base achatada e com cobertura de couro o máximo em sua direção para ter controle total: bração se reconhece pelos braços esticados no cockpit. 57


NA SAÍDA DO BOX, COULTHARD ATRAVESSA NA PISTA: “NÃO DISSE? ISSO ESTÁ LISO COMO SABÃO HOJE.”


Suspense no Red Bull Ring: o AMG GT faz o reconhecimento da pista na noite anterior

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Isso é pior que segurar o smartphone com o ombro. Finalmente um toque no botão no amplo console cen­ tral desperta o motor V8, que murmura baixo, domado e obediente, força controlada. Um homem. Um motor: todo o conjunto propulsor no AMG é montado por uma única pessoa, do começo ao fim. No nosso caso, quem montou foi Jens Mueller. Um gênio, com certeza. In­ formações gerais: versão S. Com 510 CV em vez dos 462 normais. Se algo saísse errado, o cliente saberia com quem reclamar, não é, sr. Mueller? Pensou bem antes de colocar sua assinatura na capa de carbono?

U

m botão giratório ao lado do joelho direito ­permite escolher entre algumas configurações: conforto, normal, esportivo ou esportivo plus. Com a pista molhada, Coulthard escolhe o modo esportivo. Nele as curvas características entre motor e transmissão não são tão agressivas como no modo esportivo plus. O Red Bull Ring é famoso por escolher suas vítimas inclusive entre os pilotos mais experientes. Mas com um carro novíssimo que na verdade ainda nem existe, com valor de seis dígitos, isso não é uma alternativa possível: “Quando você faz besteira aos 16 anos, dá para ­desculpar: sabe como é, ele ainda é inexperiente. Mas, aos 43, já não há desculpas”. 60

Quando Coulthard sai do box, o carro fica atra­ vessado na pista e ele tem que retomar o controle ­sobre 1 570 kg de peso vivo com um movimento ­rápido no volante. “Não disse? Liso demais.”

O

capô se estende massivo e longo à frente do cockpit, provavelmente a maior diferença para o piloto que esteja acostumado com um Porsche 911. O AMG GT se lança na subida para a curva Remus. Um toque na borboleta direita atrás do volante e a troca de marcha: “Não tão rápi­ do como na Fórmula 1, mas imensamente melhor e mais rápido que qualquer câmbio manual. Você pode se concentrar totalmente no traçado”. O traçado aqui está estranho. Coulthard corre exa­ tamente onde um leigo não correria. “Este é o traçado de chuva. Nessas condições, os resíduos de borracha tornam o traçado ideal praticamente inviável.” DC demonstra o que quis dizer: na reta Schoenberg, ele coloca o AMG GT exatamente no traçado onde o Zé Piloto Normal o colocaria. O velocímetro mostra 240 km/h na subida em direção à curva Schlossgold. Coulthard diz com a maior tranquilidade do mundo: “Aqui se você perder a aderência no eixo dianteiro quando frear, você só a encontra de novo na brita”. É o que infelizmente vai acontecer agora. Como era

Pilotos de corrida e como eles veem o mundo: “Construir um carro só para corridas é fácil. A única preocupação é a p­erformance. Já conseguir adicionar a isso o conforto necessário no dia a dia é um desafio muito maior”

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Fique atento se por acaso esta fera aparecer no seu retrovisor

a intenção, freamos – aparentemente sem controle – saindo do traçado. No asfalto intacto, o cupê recupera o contato. É o suficiente para o mestre mudar a direção do carro, passar novamente sobre o traçado e ­encontrar aderência do outro lado, quase na margem da pista, e agora o carro finalmente mudou de ideia. Aqui o amador pensa: “Isso para quem disse que não quer andar a altas velocidades”. O profissional diz: “O correto teria sido o contrário: perder velo­ cidade na entrada da curva para poder retomar

“COM OS RESÍDUOS DE BORRACHA, O TRAÇADO HOJE É PRATICAMENTE INVIÁVEL.”

o mais cedo possível na saída dela. Teria custado uns 5 ou 10 km/h”. O leigo só achou uma coisa: “Wow!” O mestre diz: “Impressionante como o carro é bem equilibrado”. O AMG GT também está equipado com ESP, ­sis­tema contra derrapagens. E não há como desligá-­ lo completamente. O que não significa que seja impos­sível se jogar fora da curva se você for besta o suficiente – o que é bem fácil numa máquina com 510 CV. Já os grandes pilotos atuam no espaço entre o carro e a eletrônica: “Eu uso freio motor para aliviar a parte de trás do carro e estabilizar o eixo tra­ seiro com os recursos disponíveis – pressão do freio, direção – da mesma forma como você equilibraria um lápis na ponta do dedo. O ESP só serve como orientação para saber onde está a traseira”. Traduzindo: onde o ser humano normal percebe, no máximo, que acabou de dar um furo, o mestre se envergonha como se acabasse de limpar o nariz na toalha da mesa.

A

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EDITOR

ILLUSTRATOR

pesar de as condições da pista hoje não ­permitirem jogar no limite, Coulthard deixa o carro voar nas próximas voltas e não dá para imaginar onde ele poderia ter sido mais rápido. O relógio da igreja de Spielberg mostra que o meio-dia se aproxima. O calor aumenta. Na entrada nos boxes dá para ouvir como os ventiladores refrescam generosamente o motor 4.0. “E o mais impressionante: os freios se mantiveram constantes do ­começo ao fim.” Ao meio-dia a encantadora esposa de Coulthard, Karen, chega para buscá-lo. “Que bonito!”, diz, ­referindo-se ao AMG GT. “Posso entrar?” Ela passa tempo demais experimentando, ajustando sua posição no cockpit. No final, abre até o porta-malas. Está claro que aí há bem mais do que só demonstrar interesse por educação. “E você ia mesmo levar as crianças para a escola neste carro, baby?”, pergunta, divertido, o marido. Ela deixa entender que não é tão pragmática como ele em todas as questões.

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GRAB YOUR PIECE OF THE ACTION


Aonde ir e o que fazer

Não parece, mas este alto-falante é muito inteligente MÚSICA, pág. 77

AÇ ÃO !

RYAN MILLER/RED BULL CONTENT POOL

V I AG EM / R ELÓ G I O S / TR EI N O / M Ú S I CA / FESTAS / C I DA D ES / BA L A DAS

Na onda ESTE É MICK FANNING, TRICAMPEÃO MUNDIAL DE SURF. ELE NOS CONTA OS BENEFÍCIOS QUE UMA RUPTURA NA MUSCULATURA DA COXA PODE TRAZER EM FORMA, página 64

THE RED BULLETIN

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AÇÃO!

EM FORMA Mick Fanning encara uma onda em Haleiwa, no Havaí

Duro como a prancha  SURF  O AUSTRALIANO MICK FANNING DEVE SUA BOA FORMA A UM ACIDENTE GRAVE

O australiano Mick Fanning, 33, é tricampeão mundial da ASP World Tour

mickfanning.com.au

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O CAMPEÃO APOSTA NA IOGA E NA TÉCNICA CORRETA DE RESPIRAÇÃO

“Alongamento e ioga são constantes do meu treino diário. Alguns clássicos da ioga como ‘a árvore’ ou ‘o barco’, por exemplo, são ótimos para o equilíbrio. O que teve resultados incríveis para o surf foram vários exercícios de respiração. Quando você consegue respirar corretamente durante o treino ou na competição, isso tem um efeito positivo enorme ­sobre o seu controle do corpo e da mente.”

Ideal para surfistas: o exercício dinâmico simula viradas repentinas e fortalece tronco e pernas. O melhor é repetir 3 x 25

1 Segure a bola sobre o joelho direito, com o peso sobre a perna direita; gire o corpo e coloque o peso sobre a perna esquerda

2

Com os braços esticados, ­jogue a bola na parede, ­pegue-a quando retornar e volte à ­posição inicial

THE RED BULLETIN

HERI IRAWAN

EXERCÍCIO O R I E N TA L

“ C O R TA R M A D E I R A ”

RYAN MILLER/RED BULL CONTENT POOL, DAMIEN BREDBERG/RED BULL CONTENT POOL, FOTOLIA

“Um forte estalo e dores insuportáveis. Em 2004, minha carreira de surfista tinha acabado”, diz Mick Fanning. Quando estava surfando na Indonésia, o australiano, hoje com 33 anos, sofreu uma ruptura na musculatura da coxa, que se separou do osso. “Durante cinco ou seis semanas após a operação, eu não podia nem me sentar. Mas hoje reconheço que a recuperação, que levou quase seis meses, foi a coisa mais importante para a minha carreira. Aprendi muitíssimo sobre meu corpo – inclusive quais são os músculos específicos que tenho que treinar para melhorar minha performance no surf. Desde então, trato de manter a força da musculatura do tronco, e a força, flexibilidade e resistência das pernas. Meu treinamento também exige flexibilidade, pois ele depende da qualidade das ­ondas – não tem melhor treino que surfar. Quando as ondas estão pequenas, me mantenho em forma com três a quatro sessões de treinamento por semana.”


AÇÃO!

MINHA CIDADE E RAC

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Pete Milroy, 24, vocalista da banda Hey Geronimo, de Brisbane

Onde a Austrália sai de férias

BRYCE JARRETT, FOTOLIA(3)

BRISBANE  BOLICHE AO AR LIVRE, PRAIAS COM CIDADE E DOMINGOS PREGUIÇOSOS – BEM-VINDO À CAPITAL DO SOL NA AUSTRÁLIA “Brisbane tem 1 milhão de habitantes, mas, ainda ­assim, dizemos que é a maior cidade provinciana da Austrália”, conta Pete Milroy, nascido no local e vocalista da Hey Geronimo, a banda indie mais ­inovadora do país. Brisbane não é tão populosa, tem mais natureza e é mais tranquila que Sydney ou Melbourne e é por isso que ela atrai cada vez mais australianos para passar as férias ou ficar de uma vez. O que concretamente atrai os aussies em Brisbane? Clima subtropical com 300 dias de sol por ano, praias com o panorama da cidade ao fundo, pubs com música ao vivo em cada esquina, inúmeras galerias de arte e as pessoas que não perdem a tranquilidade por nada neste mundo. Sem falar na contagiante vontade de viver. Ou seja: “No worries, mate!”

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O MELHOR DE BRISBANE

1 BLACK BEAR LODGE 322 Brunswick St. Brisbane tem a melhor vida ­musical do país. Esta é minha dica secreta. Aqui tocam os ­caras que estão para bombar. Gotye e Sia também tocavam aqui antes da fama.

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AULAS DE HELICÓPTERO Alguma vez sonhou em pilotar um helicóptero? Aqui você faz um curso rápido e já pode levantar voo com o seu.

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tem o deckchair Sunday: o campo se torna palco para músicos locais, e os fãs curtem a música em cadeiras de praia.

4 BURGER URGE

Sete endereços em Brisbane Por que recomendo a cadeia de hambúrgueres? Pelo seu marketing genial e controverso. As campanhas com imagens de camisinhas ou do Vladimir Putin sempre causam polêmica. E os hambúrgueres são ­simplesmente deliciosos.

ESCALADA Escale paredões erodidos com 20 metros de altura nos arredores de Brisbane. Todos os graus de dificuldade e também à noite. riverlife.com.au

DENTRO DO DRAGSTER

2 BRISBANE POWERHOUSE

119 Lamington St. Uma antiga usina transformada em centro cultural. Sempre tem exposições de fotos, de arte ou sessões ao vivo de jazz. E a maioria de graça. 3 WESTERN MAGPIES CLUB

41 Chelmer St. Tradicional clube de futebol australiano. Depois de cada jogo

5 MERTHYR BOWLS CLUB 60 Oxlade Drive Das pessoas que vivem em Brisbane, 99% bebem algo ao ar livre depois do trabalho. O melhor lugar é o boliche ao ar livre. Peça uma XXXX Gold gelada e jogue, descalço, algumas bolas no gramado perfeito.

De 0 a 100 em dois segundos. Depois de uma volta nos bólidos com 850 CV, você sabe como se sentem os pilotos de dragster. adrenalin.com.au

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AÇÃO!

MALAS PRONTAS

FLÓRI DA COM TUDO DEPOIS DO WINGSUIT, TEM MAIS AVENTURA

CORRA Que tal correr pelo autódromo num stock car ­dirigido por um profissional? Você vai passar de 230 km/h na Walt Disney World Speedway, em Orlando. drivepetty.com

W INGSUIT  AMANTES DA ADRENALINA AÉREA NÃO PERDEM A CHANCE DE VOAR COMO O SUPERMAN Navegar pelos ares em alta velocidade um dia já foi privilégio dos super-heróis. Mas, graças ao wingsuit, qualquer um com experiência em paraquedismo pode entrar nesse equipamento e planar como um pássaro em velocidades superiores a 360 km/h. Um wingsuit é uma roupa de salto com tecido entre as pernas e debaixo dos braços. Depois de algumas horas de instrução na Skydive City, em Zephyrhills, Flórida, qualquer um com 200 saltos de paraquedas pode fazer uma queda livre de maneira completamente nova. Os princípios de controle do equipamento são ensinados em solo em exercícios de treino. Depois de três horas, você é levado com um avião modelo Twin Otter para um voo a 3 660 m com um instrutor que dá os comandos por linguagem de sinais. “Antes do voo, tem muito treinamento de memória muscular para ajudar o corpo a ficar na posição correta”, diz o instrutor Travis Mickle. “Quando isso começa a ficar natural, você pode se concentrar em aprender as manobras.” Depois de dois voos assistidos, o terceiro é solo. “Você precisa processar, reagir e se ajustar muito mais rápido do que quando está no salto de paraquedas”, diz o publicitário inglês ­Jonathan Francis, 25 anos, que fez sua primeira experiência com o wingsuit em 2010. “Em uma fração de segundo você consegue abrir centenas de metros de distância e acelerar. A emoção é simplesmente incrível.” Os preços partem de US$ 100 (R$ 260): skydivecity.com

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É um pássaro ou um avião? Não, é um cara voando de wingsuit

AVISO DE QUEM SABE OLHE PARA AS ALTURAS “Se você mantiver a posição do corpo correta, não vai exigir muito dos músculos”, diz Tony Uragallo, o patrocinador do voo por wingsuit que testa todos os designs na zona de pousos da Skydive City. “Controlar o nervosismo, combater a sensação de que ‘é perigoso’, é o maior problema para quem está começando. Relaxe!”

FLUTUE Vença a gravidade em um Boeing 727 especialmente ­modificado para vencer a gravidade. Suas 15 manobras parabólicas criam de 20 a 30 segundos de ­sensação gravitacional zero. gozerog.com

Lá do alto: pronto para voar?

Nas nuvens

“Fica muito mais divertido voar com o wingsuit no meio das nuvens”, diz Uragallo. “Quando você aprende a controlar, pode ficar uns três minutos ou mais furando os mais diferentes tipos de nuvem, tentando nunca tocá-las. Isso é um barato.”

SOBREVIVA Sinta o frio na ­barriga de estar frente a frente com tubarões no Aquário da Flórida. Saia da jaula e ­mergulhe junto com um instrutor no meio deles. flaquarium.org

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STEPHEN BOXALL/ZERO-G EXPERIENCE®, FOTOLIA

Intrépidos voadores


AÇÃO!

GAMES

Nação zumbi: a sua chance de brilhar em Dying Light

OLHO N O i PA D JOGOS ÓTIMOS QUE PASSARAM BATIDOS

THE SILENT AGE: EPISODE 2 Um jogo de aven­ tura com enigmas para serem solu­ cionados pelo ­herói que viaja no tempo. Volte você mesmo no tempo e jogue também o Episódio 1. thesilentage.com

Mortos muito vivos

TH EY ’ R E A LIVE! MAIS QUATRO JOGOS DE ZUMBIS

D YING LIGHT  JÁ ZEROU TODOS OS JOGOS QUE GANHOU NO NATAL PASSADO? ESTE ÉPICO ZUMBI VAI SATISFAZER SEUS ANSEIOS Há uma teoria que procura explicar por que zumbis são tão ­populares. A série Resident Evil deixou uma marca muito ­importante em uma geração que depois produziria seus livros, quadrinhos, filmes e atrações de TV sobre algo que ficou guardado em suas cabeças. E hoje os novos games de zumbi refletem essa cultura. Dying Light tem uma cara de The Walking ­Dead, mas não muito. O título do jogo indica uma de suas excelentes ideias originais: ele se transforma radicalmente quando cai a noite. Enquanto o sol está brilhando, você joga como um sobrevivente da maldição, procura por toda a cidade por armas e suprimentos debaixo dos narizes de outros companheiros desesperados, para usar em sua luta pela sobrevivência enquanto combate os zumbis. Você pode tanto sair para atacar quanto construir armadilhas e defender seu território. O game capricha atualizando as armas de maneira realista, com acendedores e arame farpado. Outro elemento de inovação é o modo “Be the Zombie”. Jogando online, você pode mudar o ponto de vista e se tornar um dos mortos-vivos que tentam livrar a cidade dos malditos humanos. Tem também a opção de jogar entre quatro simultaneamente no modo online. Só tenha cuidado com o que – ou quem – você morde. Dying Light será lançado no mundo inteiro em 27 de janeiro para Xbox One, PlayStation 4 e PC. Dying Light pode ser seu no final de janeiro

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dyinglightgame.com

QUETZALCOATL

Resident Evil Resident Evil: Revelations 2 O vovô está de volta: são quatro episódios sema­ nais para jogar, ambientados entre RE5 e RE6.

Outra daquela ­longa série de ­joguinhos vician­ tes e fáceis, com 180 tarefas para desafiar o cérebro. Os grá­ ficos são simples, mas instigantes. 1button.co

Dead Island 2 Um jogo para oito jogadores. Ação e aventura numa Califórnia isolada em quarentena.

SPACE AGE

State of Decay State of Decay: Year One Survival Edition A versão para Xbox One do game focado mais na sobrevivência que na ação. Human Element Um jogo de zumbis em dois níveis: o principal em PC e consoles, missões paralelas em tablets.

Um jogo de ficção científica no qual você lidera uma equipe de explo­ radores. Daqueles com muito texto engraçado – que não se faz mais hoje em dia. spaceageapp.com

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AÇÃO !

RELÓGIO

N ÃO É A MES MA C OI SA

Montblanc Heritage Spirit Orbis Terrarum Mostra a hora local nos 24 fusos horários principais. Olhando de cima do Polo Norte, uma placa escurece a parte do planeta onde é noite.

FUSO HORÁRIO É DIFERENTE DE HORA LOCAL. ABAIXO, UM PEQUENO GLOSSÁRIO:

ESTE FOI O PRIMEIRO O Patek Philippe 542 HU de 1937, o primeiro heure universelle, foi um divisor de águas.

A hora mundial no seu pulso

SABER PARA ESNOBAR

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uem teve a ideia de há uma mudança de uma hora ­dividir o planeta em ­inteira. Claro que, na prática, se 24 fusos horários foi respeitaram fronteiras geográfio engenheiro cas e naturais a fim de não ferroviário canadense gerar fusos horários ­arbitrários. O sistema Sandford Fleming. de Fleming foi adoPartindo do ­meridiano 0 em tado em 1883, priGreenwich, Inglameiro no Canadá e depois nos EUA. terra, ele repartiu Em 1893, na Europa, os 360º da circunfea Alemanha adotou rência da Terra em 24 fusos horários. a ideia. Em 16 de ou­Dividindo-se 360 por tubro de 1937, Patek NOMOS 24 obtém-se o número Philippe apresentou ZÜRICH WELTZEIT o projeto da heure de meridianos em Nas viagens, se acerta cada fuso horário: a hora local por um botão universelle (HU). a cada 15 meridianos, Com base em uma que salta hora a hora 68

i­ nvenção do relojoeiro de Genebra Louis Cottier, ele foi o primeiro relógio de pulso com um ponteiro que mostrava a hora local nos principais fusos horários. No ­bezel giratório do Patek Philippe 542 HU estão gravados os nomes de várias cidades importantes. Com a ajuda desse bezel, pode-se compensar a diferença em relação ao GMT. Um ponteiro movido pelo mecanismo do relógio mostra a hora nas diferentes cidades. A hora local se lê nos ponteiros das horas e dos minutos. Depois de 1939, outros fabricantes também adotaram, pouco a pouco, o sistema da heure universelle.

HEURE UNIVERSELLE GMT/UTC Um relógio heure universelle mostra, ao mesmo tempo, a hora local e a de 23 fusos horários. Um relógio GMT/UTC só pode mostrar uma segunda hora local, que pode ser escolhida livremente (veja os três relógios da direita).

THE RED BULLETIN

ALEXANDER LINZ

HEURE UNIVERSELLE  SURFE NO SEU PULSO PELOS FUSOS HORÁRIOS DO MUNDO

Um relógio com um “segundo fuso horário” não existe. Os termos fuso horário e hora local são confundidos constantemente. Em um fuso horário, vigora uma hora local. Um relógio pode mostrar uma ou mais horas locais, nunca um fuso horário.


HISTÓRIA

Sua Majestade Hayek JOE THOMPSON CONTA COMO O FUNDADOR DA SWATCH SALVOU A INDÚSTRIA RELOJOEIRA SUÍÇA

Joe Thompson é o redator-chefe da revista WatchTime, dos EUA

Os relógios suíços são muito cobi­ çados: marcas como Rolex, Patek Philippe e Omega são símbolos de status em todo o mundo. Em 2014, a indústria relojoeira suíça apre­ sentou recorde de receitas pelo ­terceiro ano seguido. Mas, alguns anos atrás, a mesma indústria era tida como fracasso mundial e vergonha nacional. No começo da década de 1980, os mo­ dernos, precisos e finos relógios quartz da Seiko, Citizen e outros produtores asiáticos se tornaram a sensação do mercado relojoeiro. Os produtores suíços ficaram para trás com seus medidores de tempo

Nicolas G. Hayek nasceu em 1928 no Líbano, cresceu como fran­ cês e se tornou cidadão suíço pelo casamento. Sua vida e a vida da ­indústria relojoeira suíça mudaram muito depois que os grandes ban­ cos pediram sua ajuda. Com a fu­ são de duas empresas precárias (a origem do atual Swatch Group, que contabilizou uma receita de R$ 23,4 bilhões em 2013), Hayek anunciou a mudança nos rumos da indústria. Manteve a produção dentro do país, colocou os relógios Swatch no mercado e revitalizou marcas então decadentes, como a Omega, Longines e Breguet. Hayek liderou o grupo como pre­ sidente do conselho de administra­ ção desde sua criação em 1985 até sua morte em 2010, com 82 anos de idade. (Hoje, a filha Nayla e o filho Nick conduzem a empresa.) Por mais de 25 anos, Hayek foi a personalidade mais importante na indústria relojoeira suíça: in­ fluente, direto, controverso, extra­ vagante (ele levava sempre de dois a quatro relógios ao mesmo tempo nos pulsos) e engraçado: com uma piscada de olho ele dizia que as iniciais originais do Swatch Group – SMH Ltd. – queriam dizer “Sua Majestade Hayek!”

NA LISTA DE DESEJOS

Horas locais A SEGUNDA HORA LOCAL NUM PISCAR DE OLHOS: TRÊS RELÓGIOS ESPORTIVOS GMT/UTC DAS ÚLTIMAS TENDÊNCIAS Rolex GMT-Master II Em 1955, o GMT Master foi o primeiro relógio a mostrar uma segunda hora local de maneira simples. Um segundo mostrador de 24 horas independente e uma escala de 24 horas no bezel faziam o serviço. Não surpreende que o Rolex GMT Master e, agora, o GMT Master II sejam os mais vendidos e mais amados em sua categoria. rolex.com

Panerai Luminor 1950 3 Days GMT 24H Um Luminor com um opcional realmente útil para quem viaja muito. O mostrador de 24 horas ajustável permite ver uma segunda hora local com ajuda de uma escala de 24 horas no aro. panerai.com

Alpina Alpiner 4 GMT

antiquados, estavam falindo e ­dependiam dos planos de emer­ gência dos bancos da Suíça. Num dos piores momentos de seus 450 anos de história, as institui­ ções de crédito, em seu desespero, se voltaram ao mais famoso ­con­sultor externo para salvar a indústria... o que ele fez. THE RED BULLETIN

À esquerda: Nicolas G. Hayek na apresentação do Swatch número 333 000 000, em Lugano, 2006 Acima: o visionário sempre levava mais de um relógio nos braços. Houve momentos em que chegaram a seis

No Alpiner também se pode configurar uma segunda hora local através de um mostrador de 24 horas com base vermelha. Para ler, se usa a escala de 24 horas no aro. As divisões no bezel não têm nada a ver com isso. Elas são uma rosa dos ventos. alpina-watches.com

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RED BULL MUSIC ACADEMY EM TÓQUIO: 30 JOVENS MÚSICOS DO MUNDO INTEIRO ENCONTRAM HERÓIS DOS GAMES PERSONIFICADOS, DESCOBREM O BLUES NO RUÍDO, E OS PRIMOS DO DAFT PUNK ATACAM UM URSO PANDA POR: FLORIAN OBKIRCHER

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­ róximos de seus grandes ídolos. p ­Desde 1998, o bass camp, espécie de acampamento musical, reúne a cada ano dois grupos com 30 jovens talentos da música de todo o mundo por duas semanas em um lugar, Nova York, Londres, São Paulo. A progra­ mação é sempre a mesma: um edifício antigo no centro da cidade é escolhido para ser renovado, estúdios e um auditório são construídos dentro. Durante o dia, há palestras de grandes ídolos da música. À noite, os profissionais e os participantes vão juntos para os estúdios criar música ou se apresentam nos melhores clubs da cidade. No último outono, a Red Bull Music Academy organizou seu quartel-general

em Tóquio. São 14 dias e 14 noites, 28 palestras, 25 shows, muitas festas.

Saindo da zona de conforto

Chelsea Jade, 25, rosto delicado, ­cabelo loiro comprido, subiu uma demo em seu site há três anos. Sem compromisso. Um ano depois, ela ­ganhava o prêmio de música mais importante de seu país, a Nova Zelândia. Desde então, ela tem sido tratada

“A MÚSICA DOS BOREDOMS É NOSSO BLUES.” THE RED BULLETIN

SUGURU SAITO/RED BULL CONTENT POOL, DAN WILTON/RED BULL CONTENT POOL (2), SO HASEGAWA/RED BULL MUSIC ACADEMY (2), YUSAKU AOKI/RED BULL MUSIC ACADEMY

rês anos atrás, aos 18, King Bruce tomou uma decisão: deu adeus à carreira de jogador de futebol profissional e partiu para carreira de músico. Ele queria produzir faixas como seu ídolo Carl Craig, a lenda de Detroit, que espalhou o techno pelo mundo e criou as bases do drum’n’bass em 1993 com “Bug in the Bassbin”. Agora King Bruce está sentado do lado de Carl Craig em um estúdio com 10 metros quadrados no bairro de Shibuya, em Tóquio. São 2 da madrugada e os dois passaram as últimas seis horas gravando uma faixa. “Agora está pronto, não?”, diz Craig, camiseta preta, calça de couro preta, tênis pretos e óculos escuros pretos. “Vamos ouvir.” Bruce clica uma vez com o mouse, e as batidas explodem nos falantes. Craig balança a cabeça, satisfeito. Alguns minutos depois, King Bruce faz uma pausa e pega uma garrafa de água da geladeira no corredor do estúdio. “Se, um ano atrás, alguém tivesse dito que passaria uma noite inteira no estúdio trabalhando com Carl Craig, eu acharia que ele estava louco”, conta o sul-africano de 21 anos. “Foi tudo muito tranquilo. Como sair com um amigo. E, ao mesmo tempo, provavelmente nunca aprendi tanto sobre ­música como naquela noite. É incrível o que Carl sabe sobre música.” Bem-vindo à Red Bull Music ­Academy. Em nenhum outro lugar os jovens talentos podem ficar tão


Na noite de shows “Chaos Conductor”, Yamantaka Eye, o mestre do barulho ­japonês, rege uma ­orquestra de laptops (acima) composta por participantes da Red Bull Music Academy, como Chelsea Jade (centro à esq., com ­ca­saco cinza). Na noite seguinte, o compositor de trilhas de videogames Hirokazu Tanaka, 56, toca ao vivo no Club Womb (centro à dir.). No repertório, estão suas melodias mundialmente conhecidas, como os temas de “Tetris” e “Super Mario Bros”. Abaixo: os gigantes ­metálicos dançantes do Roboter Restaurant

como a próxima grande atração da música neozelandesa – a sucessora de Lorde, com quem ela já trabalhou. Agora ela está sentada em um sofá cinza no lounge da Academia, olhando para uma folha de papel cheia de símbolos que mais parecem o alfabeto em grego. “É o manual de instruções para o show dessa noite”, explica. Esta noite, Yamantaka Eye, o líder da banda de rock Boredoms, sucesso no Japão, vai dirigir um concerto. Há 30 anos, o músico de 50 vem fazendo música que soa como um ritual de exorcismo com guitarras elétricas. Há sete, ele fez um concerto com 77 bateristas. Na Red Bull Music Academy, ele vai ser o maestro de um show com 30 laptops. Atrás dos teclados: os participantes da academia. Para dar suas instruções, Eye criou um sistema de símbolos que contém 30 gestos diferentes. “Onde Eye coloca um gesto da paz, devemos subir o oscilador”, explica Chelsea. Chelsea está acostumada a trabalhar com sintetizadores. Mas participar de um concerto com laptops é terreno novo para ela. “Mas é exatamente isso que eu gosto aqui”, diz. “Você é obrigado a sair da zona de conforto.” Quatro horas depois, o show ­começa em um salão de bailes construído há 50 anos. Paredes vermelho-­ escuras, garçonetes vestidas de azul com gravatas-borboleta. O palco fica no meio do salão e o público variado se espalha em volta dele. Cerca de 500 pessoas: hipsters, engravatados, senhoras elegantes.

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Um deles nos explica que no Japão a música de Eye não é considerada ­barulhenta. “O ruído está em todas as partes de Tóquio. A música dos ­Boredoms é nosso blues.” Eye sobe ao palco, seguido dos ­músicos. O maestro se senta na cadeira giratória no meio, os jovens músicos se sentam em um círculo ao redor dele com os laptops sobre as pernas. Todos os olhos em Eye. Como um manipulador de fantoches ele levanta a mão esquerda. Rooooaaaar! Os graves reverberam no salão. Eye levanta os braços para o alto e as caixas bombardeiam agudos ­estridentes. Uma experiência física ­radical: o zunido agudo penetra no ­cérebro como agulhas enquanto os graves massageiam o estômago. Depois de 30 minutos, Eye deixa o tronco cair para a frente num gesto teatral. O ruído esvanece. A plateia aplaude.

As noites são longas na Red Bull Music ­Academy: na foto acima, o participante da África do Sul, King Bruce (à dir.), joga videogame com seu colega japonês Albino Sound no Club Womb. Abaixo: trabalhando no estúdio com a lenda Carl Craig (à esq.) e o músico ­paquistanês Tollcrane (à dir.)

Caramba!

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os primos do Daft Punk atacam o urso panda que cavalga a vaca gigante na passarela ao som da música-tema de Jurassic Park. Um tanque de guerra ­recoberto de luzes coloridas é levado ao palco. Sobre ele, dez dançarinas de biquíni sambando. O espetáculo dura 30 minutos. “Caramba!”, diz Willis, com cara de quem não está acreditando no que acaba de ver. “O que foi isso?” No caminho de volta à Academia, os três participantes ainda estão um pouco atordoados. Ataques de riso, olhares incrédulos. “Como estar den­ tro de um videogame”, diz Valesuchi. “Acho que o show explodiu algumas de minhas sinapses.”

Gotham City sem Batman

Os oito estúdios no quarto andar do quartel-general da Red Bull Music Academy são minúsculos, mas têm os equipamentos mais modernos. À noite, depois das palestras do dia, os estúdios despertam. O andar se transforma num verdadeiro formigueiro de criati­ vidade. Produtores correndo de um ­estúdio para outro com drum machines e fones de ouvido embaixo do ­braço, DJs mostrando os discos raros que acabaram de ­comprar em algum sebo, na minúscula cozinha do estúdio, dois cantores ­estão debruçados sobre folhas de ­papel, sussurrando melo­ dias, riscando palavras, rabis­cando ­novas letras.

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SUGURU SAITO/RED BULL CONTENT POOL, SO HASEGAWA/RED BULL MUSIC ACADEMY (2), DAN WILTON/RED BULL CONTENT POOL

Próximo dia, próxima noite, a terceira da Academia. O britânico Joe Willis e o chileno Valesuchi conversam du­ rante o jantar sobre o que já tinham visto de Tóquio até o momento e a conclusão é unânime: muito pouco. Fora os clubs onde os eventos acon­ tecem, viram só o caminho entre o ­hotel e a Academia. “Está na hora de mudar isso”, diz Willis. Ele pede uma indicação do ­colega japonês Albino Sound. ­Albino diz: “Se vocês quiserem expe­rimentar algo fora do comum, vamos ao ­Roboter Restaurant”. Meia hora depois, Willis, Valesuchi e Maxwell estão em um bar que parece um cenário de Kubrick decorado pela Swarovski. Tudo é reluzente, desde as poltronas em forma de caracol até o minivestido da cantora do bar, que sussurra a versão japonesa de “My Heart Will Go On”. Uma voz anuncia pelos alto-falantes em inglês: “O show vai começar. ­Dirijam-se aos seus lugares”. As luzes se apagam. Um grito de guerra: Uuuuahhh! Em meio a uma tempestade de raios laser, guerreiros-robôs dançam com dragões japoneses. Um cavalo ­reluzente de 2 metros é levado até o palco. Na sela, uma garota altiva canta uma música da Lady Gaga. Dois Power Rangers com luvas de box lutam acir­ radamente. Robôs que parecem ser


OS ESTÚDIOS NÃO TÊM HORA PARA FECHAR. NINGUÉM TEM HORA PARA DORMIR

A Red Bull Music ­Academy incentiva a população de Tóquio a também fazer música: num sintetizador de 2 metros e meio de ­altura numa calçada no meio do bairro Shibuya (à esq.). Quem passa não deixa de experimentar os botões do ­tamanho da palma da mão e arrancar sons espaciais do grande armário preto

No estúdio 4 está Tollcrane, par­ti­ cipante do Paquistão, trabalhando em uma peça techno estrondosa. Para o garoto magricela de bigodes, a Academia é uma coleção excitante de primeiras vezes: é sua primeira vez em outro país. Quatro dias atrás ele esteve pela primeira vez em um club onde dividiu a pick-up com seu ídolo, o DJ da Radio BBC Benji B. E o mais importante: pela primeira vez em seus 28 anos ele tem a chance de fazer ­música com outros artistas como ele. “A minha cidade natal, Karachi, é como Gotham City”, ele diz. “Só que sem Batman.” É como ele define viver num país onde o governo proíbe sites como o YouTube. Onde no caminho do trabalho para casa você tem que ­estar atento para não entrar em uma briga. “Dedicar-me exclusivamente à música por duas semanas é o maior luxo que eu posso imaginar”, afirma. Tollcrane produziu três faixas em cinco sessões e participou de mui­ tas outras. Ele gravou os vocais para uma austríaca e a linha de baixo para King Bruce. “Quando o trabalho em­ perra em algum dos meus tracks, dou uma volta pelos estúdios, vejo o que os outros estão fazendo e trabalho com eles de forma espontânea.” Não há algo como uma quantidade mínima de música que os participantes têm de produzir. E os estúdios também não têm hora para fechar – o que acaba refletindo nas horas de sono dos parti­ cipantes. Na noite anterior, Tollcrane saiu do estúdio às 7 horas da manhã para estar de volta, quatro horas de sono depois, a tempo para a palestra do ídolo do reggae Jah Shaka. “Já estávamos preparados para isso”, diz Tollcrane. “O coordenador da Academia, Torsten Schmidt, já mencionou o fato no discurso de ­boas-vindas. Ele disse para não tentar entender a Academia. Para simples­ mente fazer o melhor dela. E não ­dormir muito. Porque dormir é para os fracos.” www.redbullmusicacademy.com

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AÇÃO!

BALADA

BAIXE A BOLA AINDA ESTÁ MUITO ACORDADO E QUER RELAXAR? ESSAS MÚSICAS VÃO AJUDAR VOCÊ

BRIAN ENO

Billy Dec (à dir.) com Lil Jon e Jaslene Gonzalez; com Miley Cyrus (foto do meio)

Festa no subsolo   C HICAGO  FREQUENTADORES FAMOSOS E DESCONHECIDOS FAZEM DESTA UMA DAS MELHORES BALADAS DOS EUA

THE UNDERGROUND 56 W. Illinois St. Chicago, IL theundergroundchicago.com

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MARCONI UNION

DESBRAVE AS DICAS DE COLIN REBEY, O DJ PHENOM, PARA O VALENTINE’S DAY NA CIDADE

BONS DRINQUES O Rodan é a pedida com seus DJs ou o mix de ­atrações que vai de The ­Knife a A Tribe Called Quest. Os coquetéis são coisa de outro mundo. TEQUILA! O Ay Chiwowa é bom para jogar fliperama, ouvir um rock e ver pessoas bonitas. A tequila é uma boa pedida. NO GELO O Millennium Park é para patinar no gelo. Nada supera ver seus amigos arrasarem ou caírem. PARA XAVECAR No Smart Bar ou no Spybar. Com luzes fracas e house music.

Weightless A banda seguiu o conselho dos estudiosos do sono e, em 2011, produziu a música para dormir definitiva. Não ouça dirigindo!

ADELE

Skyfall A cada dois anos, a rede hoteleira Travelodge per­ gunta a 2 mil ­clientes qual é sua música prefe­ rida para dormir. Atualmente, os hóspedes ­preferem essa.

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JENNIFER CATHERINE, OH SNAP BRITOGRAPHY

Imagine uma festa em que Kanye West, R. Kelly e o elenco do seriado Glee se re­ vezam berrando ao microfone. Na The Underground, em Chicago, isso rola pra­ ticamente todas as noites. O lugar abriu em 2007, em um porão de um antigo prédio abandonado, e ajudou na revita­ lização de uma região degradada, que acabou virando point noturno. A boate com temas pós-apocalípticos e militares foi um sucesso desde o começo, atraindo famosos como Miley Cyrus, Katy Perry, Skrillex e Mark Ronson. Quando o pro­ prietário Billy Dec decidiu expandir e ­renovar o negócio, ele assumiu o risco e fechou a lojinha para reformar. Uma ­Underground mais moderna surgiu, mais uma vez, como um enorme sucesso. Ele se orgulha de não ter camarote. A Miley ficou tímida no começo, “mas ela sempre volta”, conta Dec. Ele e sua equipe devem estar acertando de alguma maneira.

1/1 Eno compôs ­esta em 1978, ­inspirado nos sons monótonos do ­Aeroporto de Bonn, na Alema­ nha. Uma sofis­ ticada música ­ambiente.


AÇÃO!

MÚSICA

ES C UTE BEM O quarteto nova-iorquino deixou o mundo da música admirado com seu álbum de estreia Desperate Youth, Blood Thirsty Babes em 2004. A banda mostrou um gosto refinado para misturar estilos que eram considerados incombináveis até então: vocal gospel vis­ ceral, guitarras punk, linhas de baixo funk e ­bateria eletrônica. David Bowie gostou tanto do que ­ouviu que quis cantar no ­segundo álbum da banda. Outros fãs, como Liam Gallagher e ­Scarlett Johansson, quiseram ter seus discos produ­ zidos pelo líder, David Sitek. Ele também foi responsável pelas gravações do quinto e mais pop dos álbuns do TV On The Radio: Seeds. O baterista Jaleel Bunton revela as cinco músicas que inspiraram a banda.

Jaleel Bunton, 39, baterista do sucesso do TV On The Radio

“ A estrela é a música”  PLAYLIST  MELHOR SOLO, MELHOR COVER, MÚSICA PREFERIDA MAIS EMBARAÇOSA: JALEEL BUNTON E CINCO MÚSICAS QUE MARCARAM SUA VIDA

1 Nina Simone

2 Jimi Hendrix

3 Lianne La Havas

Um desses ­casos raros em que o cover é melhor que o original. Foi na voz de Nina que a ­letra de Leonard Cohen ­ganhou vida. Em uma versão ao vivo, ela faz a banda repetir tudo do começo. Ela diz: “Calma, não toquem nem uma nota a mais que o necessário”. Um bom conselho para qualquer músico: a estrela é a música, não você.

Como fã de Hendrix, é muito difícil escolher uma de suas músicas. Escolho “One Rainy Wish” porque essa costuma ficar esquecida entre tantos outros ­sucessos. É impressionante o que ele pôs nesses três minutos. Da introdução brincalhona, passando pelo refrão agressivo até o fim psicodélico. Dá para fazer um disco inteiro com tanta ideia.

O maior fã da jovem ­britânica é Prince, que fez um concerto na sala de estar dela no ano passado. Eu venho atrás de Prince. Esta música é uma ­verdadeira obra de arte. No começo, ela se disfarça de pop clássico, mas o refrão se ­revela sinistro. Se tivesse uma balada onde pusessem esse tipo de pop, eu seria um frequentador.

4 Tears for Fears

5 The Deftones

Provavelmente envergonho os colegas da banda por escolher justamente essa música, mas é um clássico atemporal. Claro que ela foi tocada à exaustão nas festinhas com tema anos 1980. Mas o solo de ­guitarra continua sendo um dos melhores de todos os tempos porque ele não se destaca, mas se ­encaixa perfeitamente na música.

Essa entra para a categoria “música preferida mais embaraçosa”. Não sou fã de metal puro, mas essa ­música do Deftones conseguiu algo extraordinário. Guitarras duras e um cantor que grita como se fosse um guerreiro com sede de sangue em um filme de ficção. É meio ridículo, mas nenhuma outra ­música me motiva tanto na academia.

“Suzanne”

“Everybody Wants to Rule the World”

VICTORIA WILL

www.tvontheradioband.com

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“One Rainy Wish”

“My Own Summer (Shove It)”

TODA CRIANÇA CONHECE OS HITS DOS BEATLES. MAS AS HISTÓRIAS NEM SEMPRE SÃO LIBERADAS. TRÊS EXEMPLOS:

TICKET TO RIDE O título era o apelido que se dava em Hamburgo ao atestado de ­saúde que as prostitutas tinham que apresentar para trabalhar. “Ride” era uma gíria para relação sexual.

“Forget”

LOVE ME DO John e Paul escreveram a música quando passeavam num bosque da ­Inglaterra. Diz-se que a inspiração veio do cadáver de uma raposa que encontraram à beira do caminho.

S O M ES PERTO GADGET DO MÊS

PRIZM O som em forma de prisma encontra a música certa: ele se conecta por bluetooth com os celulares de todo mundo presente no local. De acordo com o número de pessoas e suas preferências musicais, o Prizm toca uma playlist gerada pelo Spotify. Perfeito em qualquer festa. www.meet prizm.com

I AM THE WALRUS É sobre uma aventura sexual de um amigo de John, Eric “Egg Man” Burdon: uma mulher quebrou um ovo sobre ele e lambeu a gema no seu umbigo.

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MOTOS 2015 O HOMEM COSMOPOLITA ANDA DE MOTO – E ESTE ANO AINDA COM MAIS FREQUÊNCIA E MAIS ENTUSIASMO DO QUE NUNCA. VEJA NOSSA SELEÇÃO DE DIVERSÃO SOBRE DUAS RODAS ENTRE 15 E 310 CV

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MOTOSTYLE

K AWA S A K I N I N JA H 2 R

POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Compressor, 310 CV. A moto de série mais forte de todas. Quer mais?

Lugar de honra na sala de estar, digno de uma obra de arte.

Se for para usar: alguém que saiba muito bem o que está fazendo.

4 CILINDROS, 998 CC, 310 CV, 216 KG

ESPORTIVAS

À SUA FRENTE, CURVAS; ATRÁS, NINGUÉM MAIS: QUANDO VOCÊ ACELERA UMA DESTAS MOTOS, ABREM-SE AS PORTAS DO SEU PRÓPRIO MUNDO. SEGURE FIRME!

DICA

!

SHOEI X-TWELVE YA M A H A Y Z F R 6 POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Ícone das pistas de corrida. Mais potente e rápida que nunca.

Como o “R” no nome diz: nas pistas de corrida.

Os com melhores tempos por volta. Os mais rápidos do mundo.

4 CILINDROS, 599 CC, 124 CV, 189 KG

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Respeito você conquista – ou compra A réplica do capacete com o qual o gênio do ­MotoGP, Marc Márquez, já ganhou dois campeonatos mundiais torna você mais rápido mesmo parado. Ajuste perfeito, qualidade excepcional, cinco anos de garantia.

S U Z U K I G SX-S 1000/ 750 POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Parece uma naked, mas tem os genes de superesportiva.

Entre as pernas de um piloto experiente e descansado.

Qualquer um que goste de ser o primeiro a chegar.

4 CILINDROS, 999 ou 749 CC, 213 KG

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MOTOSTYLE

CIDADE VAGAS SÃO RARIDADE, NÃO DÁ PARA PERDER TEMPO: COM ESTAS ­MÁQUINAS IMBATÍVEIS, VOCÊ ÉP ­ ARTE DA SOLUÇÃO E NÃO DO PROBLEMA DAS CIDADES. DIVERSÃO GARANTIDA

P I AG G I O BV 35 0 POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Scooter grande, rápida, além de bonitona.

Na rodovia entre a cidade e a casa de campo.

Engravatados que não podem perder tempo procurando vaga.

1 CILINDRO, 300 CC, 27 CV, 177 KG

D E S P E R TA DO R V E S PA

K T M F R E E R I D E E-S M

Como começar bem o dia: primeiro, quem vai de Vespa pode dormir 10 minutos a mais que os que vão de carro; segundo, o despertador agrada tanto aos olhos com o design do ícone cult como aos ouvidos. Rádio AM/FM, display iluminado.

DICA

!

H O N DA F O R Z A 125

POR QUE É I N C R Í V E L?

O NWDOE ECSO LHOI NCGÁ-E LHA? ÖRT

PA R A QUEM?

POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

A arma mais afiada, estreita e radical na selva de pedra.

Devido ao motor elétrico, perto de uma tomada.

Pioneiros, amigos do meio ambiente, primeiros no trânsito.

Esperta e ainda com lugar para duas pessoas e bagagem.

Entre os carros no trânsito, na frente de casa. Procurar vaga? Jamais!

Para quem quer fazer algo bom para si ­mesmo e para o meio ambiente.

MOTOR ELÉTRICO, 22 CV, 108 KG

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1 CILINDRO, 125 CC, 15 CV, 162 KG

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MOTOSTYLE

POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Design italiano, paixão e resistência na estrada.

Nas montanhas com sua infinidade de curvas e geada no inverno.

Motoqueiros ­assumidos que amam conforto e desempenho.

DU CAT I M U LT I S T R A DA 1200

2 CILINDROS, 1 198 CC, 160 CV, 232 KG

TODO TERRENO FRONTEIRAS SÓ EXISTEM NA MENTE: O OBJETIVO É O PRÓXIMO POSTO DE FRONTEIRA, UMA DUNA, UM POSTO DE COMBUSTÍVEL (NA EMERGÊNCIA, O RESTAURANTE MAIS PRÓXIMO)

DICA

P O L A R IS R Z R -X P 1000 POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Porque a liberdade sobre quatro rodas também é possível às vezes.

Nas dunas, nas fazendas. Onde haja muito espaço.

Viciados em natureza e adrenalina, heróis ao ar livre, drifters.

2 CILINDROS, 1 000 CC, 110 CV, 625 KG

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!

CONTINENTAL TKC 70 Você roda principalmente no asfalto e às vezes num trecho de terra: o Continental combina no novo TKC 70 as vantagens de um pneu de asfalto silencioso com uma banda de rodagem para terra. Além disso: excelente desempenho na chuva.

B M W S 1000 X R POR QUE É I N C R Í V E L?

ONDE C O L O C Á- L A?

PA R A QUEM?

Combina os talentos de naked, enduro e de estrada.

Na estrada para longas viagens. Com acessórios, também a dois.

Colecionadores de quilômetros que colocam o prazer em primeiro lugar.

4 CILINDROS, 999 CC, 160 CV, 228 KG

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CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA

A ÚNICA CORRIDA EM QUE A LINHA DE CHEGADA ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ NO MESMO DIA EXATAMENTE NO MESMO HORÁRIO EM TODO O MUNDO

3 DE MAIO DE 2015 BRASÍLIA, 08:00

INCREVA-SE AGORA!

A TAXA DE INSCRIÇÃO SERÁ 100% DESTINADA À PESQUISA DA MEDULA ESPINHAL

WINGSFORLIFEWORLDRUN.COM


AÇÃO!

NA AGENDA

28/2, em Belo Horizonte

Super Enduro Lama, motores barulhentos, cheiro de gasolina e muita, mas muita adrenalina. É mais ou menos esse o ambiente de uma etapa de Super Enduro. O Brasil foi o primeiro país do mundo a sediar uma etapa fora da Europa, em 2014, quando ­reuniu mais de 10 mil pessoas no ginásio do ­Mineirinho, em Belo Horizonte. A experiência foi um sucesso – e é por isso que em 2015 o campeonato está de volta: o Mundial de Super Enduro vai acontecer novamente em BH, no dia 28 de ­fevereiro. Será a penúltima etapa do circuito, que acaba em 14 de março, na França. www.enduro-abc.com

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As motos vão invadir Minas Gerais

28/2, no Canal Combate

Disputa do cinturão O lutador brasileiro Vitor Belfort vai desafiar Chris Weidman pelo cinturão dos pesos-médios no UFC 184, no Staples Center, em Los Angeles. O evento será transmitido pelo Canal Combate, e a expectativa é de uma luta ­pesada entre o brasileiro e o algoz de ­Anderson Silva. Weidman, por sua vez, já declarou mais de uma vez nas redes sociais que está pronto para acabar com Belfort. Só os fortes sobreviverão! ufc.om

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De 16 a 22/2, no Rio

FO LI A CAM PEÃ

Rafa in Rio Rafael Nadal voltará ao Rio de Janeiro em feve­ reiro. O tenista espanhol foi confirmado no Rio Open pelo segundo ano consecutivo. O torneio acontecerá novamente no Jockey Club Brasileiro, com disputas simultâneas de um ATP World Tour 500 e de uma etapa do WTA Internacional.

MOMENTOS IMPERDÍVEIS

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rioopen.com

FEVEREIRO

SÃO PAULO

Nadal venceu em 2014

A partir de 17/2, no Rio

#VaiPraRua Carnaval é motivo para muita festa, suor e cerveja. E é por isso que nessa época do ano, debaixo de um calor ­senegalês, a melhor coisa a se fazer é ir pular Carnaval com os melhores blocos de rua do Rio de Janeiro. Tem os moderninhos, como é o caso do ­Sargento Pimenta (foto), formado em homenagem aos Beatles, e antigos, como o Bola Preta. rioguiaoficial.com.br

21

1º/2, em São Paulo

FEVEREIRO

LUKASZ NAZDRACZEW/RED BULL CONTENT POOL, DIVULGAÇÃO (2), GETTY IMAGES, MAURO HORITA

Paulistão

RIO Terra nobre do Carnaval ­brasileiro, nosso Rio de Janeiro. Anote na sua agenda o dia do desfile das cam­ peãs: 21 de feve­ reiro. Lembre-se de que a essa ­altura você já vai estar na folia há uma semana.

O Campeonato Paulista coloca a bola para rolar no dia 1º de ­fevereiro. Entre as novidades neste ano está a ascensão do Red Bull Brasil, que disputará a série A1 do campeonato pela primeira vez. A estreia do Toro Loko de Campinas será contra o Capivariano, no dia 1º. O primeiro clássico acontece na Vila Belmiro: Santos e São ­Paulo. A primeira fase do torneio vai até o dia 8 de abril. O campeão sai em maio. fpf.org.br 28 e 29/1, em SP e no Rio

5/2, no Rio

26 e 27/2, em SP e no Rio

7/2, em São Paulo

Sublime

É frevo!

Ringo Starr

Noite hip hop

Os sons praianos, roqueiros e regueiros do Sublime vão agitar as plateias do Rio e de São Paulo durante a passagem da turnê que tem o vocalista Rome no lugar do ex-líder e fundador da banda Bradley Nowell. Esteja pronto para ­ouvir hits como “Badfish” e “What I’ve Got”, clássicos es­ critos pelo falecido vocalista. ticketsforfun.com.br

Geraldo Azevedo, um dos grandes nomes da música brasileira, esquenta o começo do mês do Carnaval com o show “É Frevo! É Brasil! É Geraldo Azevedo”, no Circo Voador. São frevos contagiantes, vindos direto de Pernambuco. A farra promete abalar as estruturas do circo mais famoso do Rio. circovoador.com.br

Serão dois shows no Brasil em fevereiro. As apresenta­ ções estão confirmadas em São Paulo e no Rio. Beatle­ maníacos de plantão podem esperar por hits do quarteto de Liverpool, como “Octopus’s Garden”, e da carreira solo, como “Photograph”, escrita por George Harrison e dada de presente ao baterista. ingressorapido.com.br

A noite black paulistana tem uma festa que se destaca: a Chocolate. Em fevereiro, ela recebe um convidado especial, o rapper Black Alien, que foi do Planet Hemp e hoje é considerado um dos melhores rappers do país. A noite acontece no Audio, na região central da cidade de São Paulo. audiosp.com.br

THE RED BULLETIN

O Anhembi vai ­reacender uma semana depois dos primeiros des­ files para coroar as campeãs do Carnaval de São Paulo. Os ingres­ sos costumam ser mais baratos e a festa não deixa nada a dever aos primeiros dias.

24 FEVEREIRO

BAHIA Ainda tem for­ ças? Vá para ­Salvador explodir de alegria sob o comando de Bell Marques e seu Bloco Camaleão. Só os guerreiros aguentam até a última noite no circuito Barra-­ Ondina. Haja axé!

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Diretor de Redação Robert Sperl Redator-Chefe Alexander Macheck Editor de Generalidades Boro Petric

Diretor de Criação Erik Turek Diretor de Arte e de Criação Adjunto Kasimir Reimann

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Diretores Executivos Christopher Reindl, Andreas Gall

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MOMENTO MÁGICO

Está escrito

REPSOL HONDA/RED BULL CONTENT POOL

Quando Marc Márquez venceu a última cor­ rida da temporada de 2014 de MotoGP, ele não se sagrou campeão mundial. Ele já havia conquistado o título na 15ª das 18 corridas, no Japão. As 13 vitórias na tem­porada, ­incluindo as primeiras dez em sequência, são um recorde. Com 21 anos, sua lista de “mais jovem vencedor” é impressio­nante­ mente longa. Sempre foi assim: há 12 anos ele venceu a Open RACC 50, uma série de seis corridas do Campeonato Catalão. marcmarquez93.com/en

“ Durante a corrida, às vezes, eu pensava no meu irmão”, disse Marc Márquez, em Valência. O irmão mais novo dele, Álex, de 18 anos, venceu o título de Moto3 um pouco mais cedo naquele dia, no mesmo circuito

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SAI NO DIA 11 DE FEVEREIRO 87

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