ALEXIA CRISTINE - ESCRITO

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No ano de 1943, nascia Benedito Nascimento. Fruto do amor de Leonardo Motta e Horácia Carlos Nascimento, Benedito nasceu na cidade de Pariqueraaçu, no segundo dia do mês de outubro, sendo o segundo filho do casal. Era normal naquela época a família demorar a registrar os filhos, o que fez com que Benedito viesse a ser registrado apenas no mês seguinte, no dia 13. No total, o casal de Leonardo e Horácia geraram 6 filhos, dos quais hoje em dia, apenas 4 estão vivos. Benedito e sua família moravam no bairro “Braço Preto”, e enquanto seus pais trabalhavam na lavoura, os filhos iam para a escola que ficava a cerca de 5km do sítio. Na época, a escola era mista, ou seja, haviam alunos de todos os anos. Ele frequentou essa escola até os 9 anos, e então seus pais decidiram se mudar para a cidade de Registro, no antigo bairro “Campo de Experiência”, hoje renomeado como bairro “Nosso Teto”. Quando completou 12 anos, passou a ajudar na lavoura quando voltava da escola. Por conta da busca de melhores condições de vida e trabalho, mudaram várias vezes, de uma fazenda para a outra. Até de 20 anos de idade, Benedito e sua família mudaram de cidade 5 ou 6 vezes. Em sua juventude, mais precisamente aos 16 anos começou a trabalhar como servente de pedreiro, e 3 anos mais tarde Benedito conheceu Maria Salustiana na fazenda em que sua família trabalhava. Ela era mais nova, tinha 14 anos, e era costureira. Namoraram por um ano, e quando Maria completou 15 anos, ela e Benedito se casaram na igreja. Por conta idade de Maria, ainda não era possível casar no civil. Ela trabalhava em casa como costureira e ele saía todos os dias para trabalhar na roça. Aos 18 anos se alistou no exército, e hoje possui a carteira de reservista. Durante os anos na ditadura, morou no sítio, mas ainda se lembra de como as coisas funcionavam naquela época. “Era um regime autoritário, depois das 11 horas da noite ninguém podia andar pela cidade. Não tenho muito o que falar dessa parte. A gente morava no sítio. em 70, veio a época do Lamarca. Era de casa pro serviço e do serviço pra casa, não podia andar na cidade muito." Voltando ao ano de 1960, ainda morando em Registro, ele começou a trabalhar na fazenda onde era produzido o Chá Braz, onde ficou até 1969. Em 70, entrou na CESP (CENTRAIS ELÉTRICAS DE SP) como auxiliar de eletricista. Depois de 3 meses como auxiliar, fez os treinamentos necessários e foi pulando


de função e cargo, o que era comum na época. Trabalhou na empresa por 25 anos, sendo seu único emprego formal. Quase no final da carreira, perto de aposentadoria, virou encarregado de equipe, mas aposentou como encarregado de manutenção de redes e linhas. O treinamento como eletricista dentro da própria empresa, fez com que ele mudasse constantemente de cargo, e por consequência, mudava sempre de cidade também, e os seus 6 filhos e a esposa sempre o acompanhavam. Da cidade de Registro, mudou para Iguape, onde ficou por 3 anos, depois mudou para Pariquera-açu (sua cidade natal, onde permaneceu por apenas 2 anos). Em 1983 mudou-se para Juquiá onde permanece até hoje. Em 1994, aos 52 anos de idade se aposentou pela CESP. Em 1996 para ter uma renda extra e ajudar os filhos nos estudos, Benedito montou um mercadinho na cidade de Juquiá, com o nome de “Oikibon”, e o manteve até 2006. Felizmente, a ajuda funcionou, e hoje todos os filhos possuem curso superior completo. E por falar em filhos... Benedito e Maria tiveram 6. Respectivamente: Aparecida, Irene, Valdecyr (que infelizmente faleceu em 83, quando tinha apenas 14 anos), Adenilson, Eliane e Benedito Jr. Em 1985, adotaram Márcia, que era filha do irmão de Maria. Ou seja, Márcia é biologicamente sobrinha de Maria. Lino, o irmão, era autônomo e passava por muitas dificuldades financeiras. Ele tinha muitos filhos e o casal resolveu adotála para cuidar dela. Mesmo com apenas 1 ano e meio de vida, ela passou a conviver com Benedito e Maria, e hoje em dia Márcia os reconhece como pai e mãe. No ano de 2004, novamente Benedito e sua esposa adotaram outra criança. Proveniente de uma família onde sofria maus tratos, por uma determinação do Juiz, os pais de Ellen perderam a guarda dela e de todos os filhos, e Ellen passou a morar com Benedito. A intenção era que a guarda ficasse com o casal provisoriamente, mas com passar do tempo ela acabou ficando e hoje além da guarda permanente, a Ellen é um membro da Família Nascimento. Atualmente, residindo na cidade de Juquiá, todos os domingos Benedito Nascimento vai a igreja, tocar na missa junto com sua equipe de canto. Criou os


filhos, ajudou a criar os netos e hoje desfruta de uma vida tranquila numa cidade pacata. Benedito é um exemplo de pai, avô, marido e ser humano. Ele é bondoso, divertido e está sempre disposto a ajudar quem precisa. E embora faça dois aniversários no ano, celebrar a vida dele nunca vai ser demais.


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