JORNALISMO AMBIENTAL E A SUA RESPONSABILIDADE NA CONSCIENTIZAÇÃO DO PÚBLICO

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE SUA RESPONSABILIDADE NA CONSCIENTIZAÇÃO DO PÚBLICO

São Paulo 2021

JORNALISMOBÁRBARAJORNALISMOLIRALOPESAMBIENTALEA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BÁRBARA LIRA LOPES

São2021Paulo

Monografia (ou Relatório de Fundamentação Teórica e Metodológica) apresentada ao Curso deJornalismo daUniversidadeCruzeirodo Sul, como requisito para obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

Orientador(a): Prof. Nivaldo Ferraz

JORNALISMO AMBIENTAL E A SUA RESPONSABILIDADE NA CONSCIENTIZAÇÃO DO PÚBLICO

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me permitir realizar esse trabalho, foi ele quem me capacitou para chegar até aqui. Dedico também a minha mãe Glória que sempre esteve ao meu lado e jamais me deixou desistir. Além disso, dedico especialmente ao meu grande tesouro, Penélope que foi a minha expiração para começar esse projeto.

“Trabalhecomoquevocêamaenuncamaisprecisarátrabalharnavida”. Confúcio

Palavras-chave: Jornalismo ambiental; Veículos de notícias; Meio ambiente; Responsabilidade social; Crimes ambientais.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é entender o papel que o Jornalismo Ambiental ocupa dentrodasociedade, compreenderdequemaneiraas informações dos veículos denotícias podem influenciar tanto o público como as autoridades públicas que exercem papel de prevenção, cuidado e punição para crimes de cunho ambiental. É intuito do projeto analisar as ações e relevâncias dadas a esses assuntos ambientais e as consequências que negligenciá los pode acarretar.

ABSTRACT

The objective of this work is to understand the role that Environmental Journalism occupies within society, to understand how information from news vehicles can influence both the public and public authorities that play a role of prevention, care and punishment for environmental crimes. The aim of the project is to analyze the actions and relevance given to these environmental issues and the consequences that neglecting them can entail.

Keywords: Environmental journalism; News vehicles; Environment; Social responsibility; Environmental crimes.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2 Peixes mortos decorrentes do rompimento da Barragem em Mariana.......... 30

Figura 4: Balsas ilegais de garimpo são queimadas em operação da Polícia Federal em (AM) ...40

Figura 3 Emissões de gases de efeito estufa subiram 1,65 ao ano entre 2008 e 2017 38

Figura 1 O caminho da lama: do Distrito de Mariana até Linhares (ES) 28

Tabela 1 Danos causados pelo rompimento da Barragem em Mariana 28

Figura 5 Tempestade de areia na cidade de Franca, interior paulista, no início de outubro Figura.........................................................................................................................................476Quaisfatoresfavorecemosurgimentodedoençaszoonóticas?57

GEE gases de efeito estufa

COP Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas

PF Polícia Federal

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

ATL Acampamento Terra Livre

APIB Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

AFP Agence France Presse

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

IPSOS Instituto de Pesquisa

LISTA DE SIGLAS

ONU Organização das Nações Unidas

STF Supremo Tribunal Federal INPE Instituto de Pesquisas Espaciais

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 2. ASPECTOS METODOLÓGICOS 9 3. CONCEITO DE JORNALISMO 10 4. O QUE É JORNALISMO AMBIENTAL?............................................................. 14 5. O PAPEL DO JORNALISTA AMBIENTAL........................................................ 20 6. A TEORIA DO AGENDAMENTO ....................................................................... 25 7. A EXPLORAÇÃO GARIMPEIRA E AS CONSEQUÊNCIAS PARA OS HABITANTES LOCAIS 8. JORNALISMO AMBIENTAL X REDES SOCIAIS............................................. 39 9 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE 50 9.1 COP26........................................................................................................................50 10. PANDEMIA X MEIO AMBIENTE....................................................................... 56 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 59 12 REFERÊNCIAS 61

4 1. INTRODUÇÃO

O mês de maio marcou mais um recorde negativo. Foi o pior índice desse período, desde o início da série histórica, em 2016, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). É o terceiro mês seguido de recorde de destruição da floresta em 2021.

Diante desta e de outras crises criadas atualmente sobre as questões ambientais, é necessário que o jornalismo se posicione pela informação e conscientização dos cidadãos brasileiros. Mas o que se vê em muitos veículos jornalísticos é o que chamamos de “jornalismo declaratório”, reproduzindo somente as falas do ministro, do presidente, de representantes de órgãos ou autoridades. Alguns canais de imprensa acabam por abafar o real motivo de se noticiar problemas ambientais. Jornalisticamente, a pauta é quente, os dados são atuais e a oportunidade de reproduzir reportagens sobre o assunto é evidente. Mesmo assim, muitos canais de comunicação não enxergam a relevância de tais assuntos.

Em 2021, fomos informados mais uma vez sobre a devastação e desmatamento na Amazônia, esse é um problema recorrente que apesar das inúmeras políticas públicas segue sem uma solução definitiva. Dessa maneira, a pergunta que fica é: está faltando um compromisso maior por parte do governo em priorizar esse problema aparentemente sem fim? Qual o papel da imprensa diante do cenário atual?

A maioria dos brasileiros vive longe da Amazônia, muitos nem conhecem o local, senão pelas mídias. Logo, informar essas pessoas sobre a gravidade que 1000 km2 de desmatamento em 15 dias pode representar em suas vidas é sim parte do papel do jornalismo, que em sua missão maior consiste informar. Também é obrigação do jornalismo levar as pessoas a compreenderem como esses fatores ambientais podem influenciar em suas vidas. O que o desmatamento tem a ver com as secas frequentes? Com o aumento das temperaturas? Com a falta de água nas torneiras do sudeste? Como interfere nos mananciais das águas e assoreamento dos rios? E para os que moram na Amazônia, o que esses números representam? O que isso significa para as famílias extrativistas, tradicionais e indígenas? Que impactos essas atividades tem na região e na emissão de gases poluentes? Como nós, através dos produtos que consumimos, estamos contribuindo com esse desmatamento? Essas são algumas questões que nos surgem quando vemos dados sobre desmatamento na Amazônia que precisam ser respondidas pelos meios de comunicação para que a sociedade brasileira compreenda o tema e se posicione de forma cidadã.

Desde o século XVII a floresta Amazônica vem sendo objeto de abordagem de viajantes e exploradores, em grande escala brasileiros. A difusão das impressões decorrentes expressas em registros iconográficos ou por meio de crônicas, cartas e romances acabou por contribuir para a formação do imaginário brasileiro sobre a região (BUENO, 2002; SOUBLIN, 2003).

A “liberdade” em entrar na área da Amazônia e a falta de fiscalização mais comprometida por parte das autoridades, assim como, uma menor visibilidade de nossas mídias nas ilegalidades ocorridas no local, é o que destaca o atual cenário de terror e incertezas que cada um de nós vivemos. Pensar no amanhã aparentemente não era uma preocupação dos que iniciaram essa crise ambiental, talvez imaginavam a Amazônia como a forte potência que resiste a tudo e todos, inesgotável, imortal. Os pioneiros nesta “exploração pela Amazônia” já não podem ser responsabilizados por suas ações, seu legado de negligência, egoísmo e inconsciencia ambiental tem perdurado por séculos, e tem testado os limites ecológicos do território brasileiro, que em sua reação vem vislumbrado um final catástrófico cada vez mais paupavel a todos nós.

Em consequência da ação de jornais, televisão e dos outros meios de comunicação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os meios de comunicação incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importânciaquerefletedepertoaênfaseatribuídapelosmeiosdecomunicação aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas. (SHAW apud WOLF, 1999, P.144).

Como porta voz de um acontecimento a mídia tem a obrigação de repensar e estudar suas técnicas e relevâncias de uma notícia antes de repassá las adiante. O público considerará cada assunto de acordo com a importância que o canal midiático o apresentar,

Aprincipalviolaçãoqueacontecenosterritóriosda florestaAmazôniasãoatravés de garimpos, extração de recursos naturais em excesso, caça ilegal e frequente exploração com foco em queimadas, derrubada de árvores e contaminação dos rios, causando graves consequências e uma impossibilidade de recuperação da Amazônia.

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Assim, segundo sugere SOUBLIN e afirma REIS (1982), ao passo que se fortaleceu a ideia de grande riqueza explorável e, contudo, inexplorada, consolidou se em proporçãodiretaacrençadequeaAmazôniaconstitui seempatrimônioaserconquistado e soberanamente mantido, o que serviu de base para as primordiais ações portuguesas contra holandeses e ingleses na região19 e, ainda, propiciou o suporte para a formação e o fortalecimento da crença de cobiça internacional.

Horkheimer, Adorno, Marcuse e outros referiram se com o termo indústria cultural à conversão da cultura em mercadoria, ao processo de subordinação da consciência à racionalidade capitalista, ocorrido nas primeiras décadas do século XX. Em essência, o conceito não se refere, pois às empresas produtoras, nem às técnicas de comunicação. A televisão, a imprensa, os computadores, etc., em si mesmos não são a indústria cultural: essa é, sobretudo, um certo uso dessas tecnologias. Noutras palavras, a expressão designa uma prática social, através da qual a produção cultural e intelectual passa a ser orientada em função de sua possibilidade de consumo no mercado. (RÜDIGER, 2001, p. 138).

Rüdiger (2001) diz ainda que os que controlam a mídia manipulam a consciência e que essa possibilidade só existe porque, embora tenham objetivos distintos, os que controlam a mídia não são, em geral, diferentes dos que a consomem. A discursividade midiática repete textos historicamente produzidos sobre a Amazônia. Sendo assim, esta é culpada por eternizar conceitos antigos sobre índios, caboclos e florestas.

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dessa forma é como se o jornal fosse responsável pela ação ou falta de ação por parte da sociedade. Há muitos fatos que o público desconhece e que apenas a mídia pode mostrar, por outro lado, se não há compromisso social e com a veracidade dos fatos, mas sim, um temorpolíticooueconômicoquemanipulaeditaasdiretrizesdeumaempresadenotícias, então é como esperar um cenário ainda mais preocupante. Eventos que destaquem desastres naturais, porém não incentive nenhuma ação de combate ou recuperação ambiental.

Nesta concepção é mais “facil” explorar os recursos da Amazônia sem se sentir culpado ou responsável, uma vez que a própria mídia se permite ignorar os efeitos de tais ações e simplesmente oculta fatos graves que a longo prazo trarão cobranças a toda a sociedade que hoje, em sua maioria nada mais se procupa em ir ao mercado e recolher o que já está pronto, sem sequer questionar a procedência daquele produto e muito menos nademandade consumoquecadaindivíduo provocananatureza.Sendo essecrescimento demográfico um dos principais causadores de efeito estufa, contaminação do ar, e exploração demasiada de recursos naturais provenientes principalmente da região Amazônica.Osdiscursos midiáticos acerca da Amazônia chegam aos receptores de maneira bela e encantadora. A região exótica e habitada por povos indígenas e ribeirinhos está em constante ameaça: esse é o discurso que está no imaginário da maioria da população brasileira. Desmistificar essa visão distorcida da região amazônica e do povo que nela habita torna se tarefa fundamental para os meios de comunicação em geral, visto que são

Pesquisas em todo o mundo indicam que as pessoas ficam expostas em média de três a quatro horas diárias à televisão. Outras revelam que a exposição aos meios, incluindo a mídia impressa, cobre a terceira parte do tempo dos seres humanos nas sociedades industrializadas, perdendo apenas para “dormir” e “trabalhar”. (BACEGGA, 2000, p. 100).

7 esses, na maioria das vezes, que formam as ideologias da população, e não o contrário (MARIN,Diante2009).deste

cenário a mídia representa papel mais que opcional na sociedade. Ela é fundamental para conscientizar o público em geral, não basta apenas reproduzir uma notícia para “cumprir” uma agenda jornalística, não basta apenas seguir o fluxo noticiário dos concorrentes para desencargo de consciência, assim como, não é suficiente repassar um fato através de outros canais, sem antes apurar melhor as informações e atualizar os cidadãos assiduamente. A ideia de jornalismo não é simplesmente informar, sua essência integra conscientizar as pessoas e provocar ações de reflexão e responsabilidade social. Entretanto, a partir do momento que o canal midiático se torna mais um objeto de consumo, dirigido por um país capitalista, é a população que sofre com as manipulações que favorecem os poderios, mas cegam os que estão no último ponto dessa “hierarquia”, a população.Para

Desta forma, é inaceitável que os donos de canais de notícia se deixem manipular pela política que envolve contratos de interesse pessoal que escondem os reais fatos e manipulam as informações a seu favor. Que distorcem as informações durante uma campanha política, ou escondem práticas ilegais de suas empresas, desrespeitam os

televisão ainda é principal divulgador de notícias que faz parte do dia a dia dos brasileiros. Mesmo com o avanço da tecnologia, o canal televisivo para muitos ainda é o único meio de informação, os jornais, as novelas, o entretenimento para essas pessoas se torna verdade absoluta, pois é o local onde cada uma delas usa para conhecer os acontecimentos, fatos ao redor do mundo, para muitas dessas pessoas esse canal midiático é o pão com manteiga que inicia o seu dia, e o arroz e feijão que encerra a sua noite.

Mattos (2002) o desenvolvimento dos veículos de comunicação está diretamente relacionado com o contexto socioeconômico e político do país e, como resultado disso, qualquer medida adotada sempre vai gerar um reflexo nos meios de comunicação.Logo,a

8 cidadãos, erram einduzem outrosaoerro.Éverdadequeváriosdessescanais jornalísticos sobrevivem de patrocinadores, a maioria deles é bastante conhecida e faz parte da rotina de consumo de milhões de brasileiros. Essa atadura empresas mída, mídia política tem provocado consequências sociais, econômicas, e principalmente ambientais, causas de poluição da atmosfera (ocasionadas por gases poluentes provenientes de processos de industrialização). De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) em diversos países o nível de poluição do ar está acima do considerável aceitável, na lista dos que liberam a maior quantidade de dióxido de carbono, o Brasil está entre as primeiras colocações. Parte deste resultado é a falta de fiscalização das autoriades nestas empresas, assim como das políticas públicas, entretanto, é necessário citar a responsabilidade de cada indivíduo diante desse agravamento ambiental. O consumo desenfreado é um dos vilões da natureza, em um país onde as pessoas estão acostumadas a andar de carro, ônibus e outros transportes públicos não é de estranhar o desencadeamento de tantos problemos ecológicos. Se a maioria optasse por transporte alternativo, como bicicleta ou mesmo caminhada, esses efeitos no meio ambiente diminuiriam. O consumo de produtos industrializados é outro ponto dessa cadeia de consequências graves contra o meio ambiente. Porém, como dito anteriormente é dificil conscientizar uma sociedade em que osprópriosmeiosjornalísticosnãoseconscientizam,ondeamaioriasimplesmenteexerce uma profissão, sem nenhum compromisso com o que fala e como fala, e tampouco se preocupam em alterar padrões de conduta que poderiam refletir em mudanças socioambientais, econômicas e políticas.

A relevância a ser considerada é aquela que afeta a sociedade em um todo e não de maneira isolada. Logo, cuidar dos assuntos ecológicos é zelar pelo futuro das espécies, dentre elas o ser humano. A partir do momento em que a mídia esconde, manipula as notícias, ela está tirando o direito do cidadão de escolher o caminho mais funcional e também reconhecer o seu papel nos acontecimentos. Os indivíduos se tornam marionetes de uma mídia manipuladora, que por sua vez também é manipulada.

A redação tem a dificil missão de entender a expectativa do leitor e, ao mesmo tempo, incluir na pauta assuntos que aparentemente não têm a simpatia do leitor mas que são importantes para a sociedade.

Como pressupõe Sorhuet Gelás (2003), o jornalista é o mediador social por excelência, e seu trabalho deve ser comprometido. A relação com as fontes e a maneira como esse profissional do jornalismo lida e explora as informações, está ligada a maneira

A Metodologia utilizada neste estudo consiste em pesquisa qualitativa e alguns apontamentos quantitativos para expressar informações de dados que possam ilustrar a explicação do conteúdo, através da pesquisa empírica.

9 como ele também vai reproduzi las. Através da qualidade dos questionamentos, o jornalista consegue criar uma mediação entre o público e as fontes.

De acordo com Crespo (2003) para muitos ainda persiste a ideia de “ecologia” como sinônimo de fauna e flora. Esse conceito cria uma perigosa inclinação dos indivíduos a observarem apenas objetos que remetem a natureza; como as árvores e os animais. Entretanto, uma análise mais ampla do assunto ecologia deve ser considerado e entendido por todos os cidadãos, as causas de efeito estufa, o aquecimento global, a escassez de produtos nos comércios; tudo faz parte de uma cadeia estruturada que não pode ser individualizada, tratada de maneira singular, pois engloba inúmeros pontos interligados.Emresumo,

cada um tem papel específico em uma sociedade. A mídia é responsável por cobrir e mostrar os acontecimentos, levando assim o público a questionar as causas e efeitos dos fatos. Já os cidadãos tem a obrigação e o direito de cobrar as políticas públicas medidas de combate, resgate e recuperação do meio ambiente, também é dever do cidadão assumir a sua parte no combate a tantos desastres ecológicos, isso inclui a conscientização no consumo de produtos industrializados, o uso de transportes alternativos, que diminuem a agressão ao meio ambiente, a preservação do habitat dos animais, e reeducação ambiental no descarte de produtos biodegradáveis, reciclagem de lixo e etc. E por fim temos o papel da política que aplica todas essas responsabilidades através dos recursos monetários que podem frear o caminho de contaminação ambiental e assim montar possibilidades de recuperação e quem sabe de um futuro menos incerto.

Segundo John (2001) cabe ao jornalista ambiental explicar novos conceitos, técnicas e tecnologias e descobrir que relação elas têm com a destruição ou preservação dos recursos naturais; com a integridade e funcionamento dos ecossistemas ou meio ambiente urbano. Também cabe ao jornalista ambiental acolher e investigar denúncias e disseminá las no meio mais adequado, provocando reações locais ou globais.

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS

O Universo é dinâmico. E cada peça do tabuleiro interage com as outras. Compreender e praticar a visão sistêmica são rudimentos importantes no exercício do jornalismo. E essa predisposição em enxergar sistematicamente será de grande valia na descoberta de novas pautas ou na abordagem mais completa dos mesmos assuntos. Em última instância, o que se pretende é qualificar o trabalho do jornalista não apenas para denunciar o que está errado, mas também para sinalizar rumo e perspectiva para a sociedade, através das histórias que conta ou escreve. (TRIGUEIRO, 2005)

A objetividade desse papel está ligada ao comprometimento que essa profissão exige. Há algo que não pode ser revertido, uma vez que já foi exposta, assim é a palavra. Nem todos sabem como dirigir as falas, são poucos os que conseguem expressá las de

aqui estudado facilitará a compreensão do papel destes grupos jornalísticos nas suas funções de informar e conscientizar a população sobre as questões ambientais que tem início nas decisões de cada cidadão e assim se transforma em uma responsabilidade de todos, ensinando a cada espectador a importância de se envolver diretamente como problemas ambientais e ecológicos que afetam o bom funcionamento do país, através de instabilidades no clima, efeito estufa, queimadas, desmatamentos, poluição e etc.

3. CONCEITO DE JORNALISMO

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Esseéum trabalho deanálisedos conteúdosdas matérias do RepórterEco e Globo Ecologia, no período de 2013 e 2021 com finco na relevância e periodicidade abrangidas por esses meios a fim de passar por trabalho comparativo entre os dois veículos absorvendo assim o máximo de informações que possam definir as similaridades e diferenças dos Portanto,meios.ométodo

Ser detentor da notícia, ser muitas vezes o personagem externo mais importante dentro de uma história. Conduzir informações, manuseá las, editá las, determinar a sua importância e relevância, assim como, assumir o papel de orador e apresentador de fatos, nem sempre agradáveis. Mostrar, denunciar, enfatizar, apurar, selecionar, buscar alternativas, se arriscar, se envolver, se expor, basicamente se comprometer, essa é a essência do jornalismo.

Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens.

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Essa participação do jornalismo é feita a partir de vários canais, sejam de rádio, televisão, jornais etc. E toda essa particularidade exige um processo bem arquitetado dentro de uma redação, essa envolve profissionais qualificados que iniciam, coordenam, apuram, editam e definem as notícias, cada um exerce um papel, com o único objetivo de levar os fatos para o público. A estrutura desse canal designa a função e obrigação de cada profissional, a chamada hierarquia que compõe um meio jornalístico passa por etapas diárias, onde se define o destino de cada informação.

forma a sugestionar quem ou quienes. Uma vez dita, as palavras percorrem sentidos, mentes, interpretações variadas e, ao mesmo tempo induzem possíveis consequências a algo ou alguém.

Quando o jornalismo iniciou as principais funções dentro de uma redação eram:

Redator: esse era responsável por cuidar da padronização e zelar pelo estilo do texto assegurando que esse se adeque ao tom da publicação. Ele também fazia a revisão gramatical, com o tempo essa profissão se tornou obsoleta, tendo sido retomada nos últimos anos devido ao crescimento da tecnologia, que trouxe consigo as redes sociais. Hoje, esse profissional é quem adapta textos produzidos por veículos de comunicação para a linguagem online, o que leva esse trabalhador a acumular muitas vezes a função de reportagem com Videorrepórter:redação.équem produz material jornalístico para portais de notícia e algumas emissoras de televisão, por muitas vezes ele grava, faz a entrevista e edita seu próprio trabalho.

Mas uma batalha nem por isso menos importante do ponto de vista político e social, o que justifica e explica as imensas verbas canalizadas por governos, partidos, empresários e entidades diversas para o que se convencionou chamar veículos de comunicação de massa. (ROSSI, 1980).

A partir desse ponto de vista, entendemos o quão presente o jornalismo está na sociedade. Ele desempenha função elementar nos principais meios relacionados a uma comunidade,assimtambém,conduzoscidadãosaanalisaraseficiênciasdeseuspolíticos, autoridades, chefias. Guia as pessoas a desenvolverem olhar crítico, preocupado e envolvido com os interesses de toda uma nação, a maneira como entender as leis, os direitos, deveres e, a forma de cobrar a execução de cada uma delas.

Editor de fotografia: é quem atribui as pautas para a equipe de fotógrafos, sua função está ligada com a do redator chefe ou editor do jornal. O editor de fotografia observa todo o trabalho feito na rua, recebe as imagens enviadas pelos fotógrafos e edita todo o material a ser postado.

Editor de imagem: seleciona e monta visualmente a reportagem televisiva. Trabalha em conjunto com o operador de VT, que opera o equipamento de vídeo tape.

Produtor: na rádio ou na TV esse profissional ocupa papel importantíssimo. Ele cogita assuntos para as reportagens, corre atrás de histórias, busca contatos com fontes e agenda as entrevistas para os repórteres. As vezes atua com multitarefas, fazendo também reportagens. Em revistas e alguns cadernos específicos de jornal, o produtor se responsabiliza por escolher material para fotos produzidas em estúdios, assim como, providencia todo o material necessário para desenvolver a notícia.

Repórter: representador da notícia, esse jornalista é quem revela através da reportagem os anais ligados a notícia, para chegar ao enfoque, ele precisa ir a campo investigar, falar com pessoas na rua, apurar os mínimos detalhes de uma fala, correr atrás de fontes, estar comprometido, deve enxergar além da pauta, pois o trabalho que ele desenvolver será entregue ao editor. O repórter também escreve o texto em off, que é a narração que acompanha a imagem de uma reportagem, se tiver olhar crítico pode encontrar informações que mude o rumo de uma matéria.

Repórter cinematográfico e fotográfico: não apenas seguram as câmeras, mas também enxergam pontos as vezes considerados banais, também com perfil investigativo, essesprofissionais conseguem através defotos,imagens, representarcom mais relevância uma notícia, ou mesmo o desenvolvimento dela.

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Chefe de reportagem: é quem coordena a equipe de repórteres, define as pautas que cada um vai executar, assim como acompanha o trabalho de produtores e pauteiros.

Rádio escuta: é uma função que, nas TVs e jornais, durante muitos anos foi fundamental para gerar pautas. Nas emissoras de televisão, esse profissional passava boa parte do tempo ouvindo notícias na rádio em busca de pautas quentes, uma vez que essas chegavam primeiro no rádio. Hoje, além do próprio rádio, portais de notícias, TVs all news e mídias sociais também são fontes de pauta.

Pauteiro: aquelequedesenvolveumapossível investigaçãoatravés deum assunto. Na rádio e televisão ele indica as pautas com assuntos para os repórteres investigarem, é necessário que o pauteiro esteja sempre bem informado sobre o tema que será trabalhado.

Redator chefe ou editor chefe: se reporta ao diretor de redação e lidera a equipe de editores, que comandam áreas específicas como, economia, política, esportes, cultura, cidades e outras que forem de interesse do veículo. Antes de qualquer publicação tudo passa por ele e pelo diretor de redação, o editor chefe e o redator são quem definem a ordem das reportagens publicadas ou que vão ao ar, chamado de “espelho” no jargão jornalístico, essa sequência de assuntos fica na responsabilidade desses profissionais.

Diretor de redação: ele está afrente do trabalho com as diretrizes do grupo ou dono da empresa de comunicação. Ele define o conteúdo e abordagem das notícias veiculadas no jornal, revista, telejornal, rádio e portais. Ele responde por tudo e conta com ajuda do redator chefe e editores.

Gerente de jornalismo: Em emissoras de televisão com afiliadas esse gerente responde pelo funcionamento delas, coordenando os programas e o conteúdo jornalístico produzido pelas mesmas. Nas redações de revistas e jornais, o comando das sucursais fica ao encargo do redator chefe ou do secretário executivo.

Assim era construída a estrutura de um jornal, cada um designado a um papel, trabalho alinhado de todos para um só propósito, informar. Porém, ao longo dos anos essas funções se acumularam, com a diversidade de canais de informações e a notícia se tornando rapidamente “velha” se apresentou a necessidade de autonomia para cada um dessesprofissionais. Hoje,muitos precisaram se emancipardeum títuloparajuntarvários outros, assim, o profissional que antes escrevia a matéria, agora também apura, grava, desenvolve, redige, edita e em alguns casos (como exemplo os profissionais autônomos) também divulgam a matéria. Essa autonomia trouxe boas e más consequências, isso porquê para os mais antigos, se adaptar a essa junção de cargos tem sido uma dificuldade grande, pois exige uma facilidade com as novas ferramentas de pesquisa, como as redes socias, por exemplo.

Editor executivo: em um telejornal, coordena e supervisiona a equipe técnica e operacionalquandooprogramavai aoar.Durante aprogramaçãoaovivoficaresponsável por controlar da sala operacional, conhecida como switch, e se comunica com o âncora a partir de ponto auditivo caso necessário.

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Editor de texto: é quem edita os textos desenvolvidos dentro de um jornal, revista e portal de notícias, trabalha em concordância com o redator chefe, alinhando as reportagens a serem feitas, coordena os repórteres e edita as matérias. Na rádio ou TV é quem descreve os textos que os âncoras leem durante o jornal, o editor cuida dos mínimos detalhes para evitar possíveis gafes dentro da rádio ou TV.

4. O QUE É JORNALISMO AMBIENTAL?

O fazer jornalismo é algo que o profissional da área aparentemente compreende, mas o que cada um deles de fato necessita entender é que a informação prestada deve ser acompanhada de compromisso não apenas com a verdade, mas também com o resultado que essa informação trará.

Assim sendo, é importante entender quando o jornalismo ambiental passou a ser pauta nas rotinas dos jornais. Para isso, destaco a Conferência de Estocolmo, evento realizado em 1972, na capital da Suécia, entre os dias 5 e 16 de julho. Também conhecida como Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o Meio Ambiente Humano, esse fato marcou para sempre a história relacionada ao meio ambiente, pois pela primeira vez um acontecimento conseguiu reunir autoridades do mundo inteiro, para discutir o tema ambiental.

Para Salaverría (2010) esse fenômeno afeta todos os meios de comunicação, sem exceção. Imprensa, rádio, televisão, agências e internet, tanto públicas quanto privadas, sofrem nos últimos anos de um denominador comum preocupante: a degradação incessante das condições profissionais de seus jornalistas. Isso porque com a chegada da tecnologiamuitasexigênciassurgiramepoucoapoiofoidado.Asexigênciasrelacionadas a competências singulares com as novas redes tecnológicas, porém com poucos recursos para treinar os da velha guarda, levando a uma substituição desigual que afeta também a muitos que sonham entrar no mercado jornalístico.

(SALAVERRÍA, R. 2010, tradução pessoal)

Muitos são os culpados por essa erosão. Grande parte da culpa reside, é claro, nas empresas jornalísticas que, guiadas por critérios quase exclusivamente econômicos, nos últimos anos têm submetido seus jornalistas a condições profissionais cada vez mais desagradável. As Faculdades de Jornalismo também são umadjunto aoproblema, umavez que sua multiplicação excessiva é lançada anualmente ao mercado de impostos volumosos de jovens jornalistas dispostos a aceitar condições de trabalho indignos em troca de uma primeira experiência profissional.

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O jornalismo ambiental considera os efeitos da atividade humana, desde a ciência e a tecnologia em particular, sobre o planeta e a humanidade. Deve contribuir, portanto, para a difusão de temas complexos e para a análise de suas implicações políticas, sociais, culturais e éticas. É um jornalismo que procura desenvolver a capacidade das pessoas em participar e decidir sobre sua forma de vida na Terra, para assumir em definitivo sua cidadania planetária. (BACCHETTA, 2000, p.18).

• Os Estados e os povos devem cooperar num espírito de parceria para o cumprimento dos princípios dessa Declaração e para o desenvolvimento do Direito

• O desenvolvimento deve ser promovido de forma equitativa para garantir as necessidades das gerações presentes e futuras;

• Notificação imediata entre os Estados sobre desastres naturais ou outras emergências que possam causar dano ao meio ambiente;

• Apoio á luta contra a poluição

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• Investimento em educação e pesquisa, entre várias outras

Esse foi o pontapé inicial que os ambientalistas precisavam para que finalmente pudessem alcançar notoriedade na mídia. Dirigentes de todo o mundo se apresentaram para expor e alinhar ideias para prevenir, tratar e minimizar desastres naturais, que por vezes tem causas na negligência de algo ou alguém.

Na Eco 92 foram estabelecidos 27 princípios básicos sobre o desenvolvimento sustentável global, dentre eles:

• As autoridades nacionais devem promover a internalização de custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando em consideração que o poluidor deve arcar com os custos da poluição;

• Melhorias das políticas adequadas dos estados membros da ONU

Com a presença de 113 países, incluindo o Brasil, e um total de 400 organizações governamentais e não governamentais, alguns pontos foram destacados:

• Descarte correto de substâncias tóxicas

Foi a partir desse marco que o mundo percebeu o quão essencial é discutir a prevenção ambiental, e os países se posicionaram através de políticas públicas para melhor desenvolver e combater práticas de agressões ao meio ambiente. No caso do Brasil, houve ainda um acontecimento na década de 90 que alterou a maneira de se falar ou tratar temas ambientais. A Eco 92, Rio 92, ocorreu em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. A Conferência reuniu ministros, chefes de estado e outras figuras importantes de diversos países. No total, cerca de 3.000 participantes estiveram no evento, no qual foram discutidos temas relacionados aos problemas ambientais e questões sustentáveis. A conferência retomou assuntos outrora abordados na Conferência de Estocolmo(1972), como efeito estufa, desmatamento, contaminação das águas, dentre outros.

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Para Evatt e Ghanem (2001), a importância social e pessoal de um assunto para um indivíduo condiciona a função da agenda. Isso significa, que aquilo que o público “comer” é o que a mídia vai cozinhar.

Qualquer pessoa que trabalhe com informação passou o último ano a observar como as mídias sociais afetam as opiniões das pessoas sobre o mundo, e como podem fechar esse mundo a opiniões dissidentes (Smith, 2017).

Internacional no campo do desenvolvimento sustentável.

Ainda não há uma definição exata do que é jornalismo ambiental e quais os elementos que afetam o seu funcionamento. Entretanto, existem casos em que ele é considerado uma especialidade ou especialização jornalística, relacionada á cobertura de temas ambientais, tendo por entendido que o jornalismo ambiental está além da ideia de cobrir assuntos centralizados do meio ambiente. O conceito é outro, que se baseia na pluralidade de vozes, pensamentos, e na visão organizada, que está distante de uma cobertura factual ou programada.

Apesar disso, muitas tem sido as catástrofes que diariamente vemos em jornais, redes sociais, televisão, etc. Então, porquê há ainda uma lacuna entre as informações e o valor devido a elas? É mais fácil de entender quando analisamos a rotina de um jornal. Todos os dias os meios de comunicação se “esmeram” para entregar notícias quentinhas em suas pautas,são elasquesustentam aprodução epagam osalário de cada funcionário. A medida que uma notícia chega ao leitor, telespectador, cada veículo entende o que é mais valorizado pelo público, e a partir desse termômetro é que o canal midiático decide as suas pautas diarimente.

Porém, como fica a responsabilidade jornalística que deve apresentar fatos, histórias, acontecimentos e suas consequências, para dessa maneira conscientizar o cidadão? Acaso não é papel do jornalismo ser portador de notícias? Então, por que se basear em um sistema capitalista que transforma informações em produto de consumo?

A necessidade de um Jornalismo Ambiental engajado é algo que se tornou emergencial, sobretudo no atual cenário de degradação e destruição ecológica. A mídia é aquela que inicia esse trabalho, é ela que desmestifica mitos, que desenvolve e atribui responsabilidades, mas isso só occore quando a mídia exerce a função real do jornalismo, que envolve informação, responsabilidade social e com a verdade, e comprometimento com a causa, do contrário é como se o jornalismo ambiental se tornasse uma coluna de entretenimento sobre celebridades, que apenas relata o acontecimento, mas não denota interesse algum em resolver a questão.

Na teoria é entendido uma formulação diferenciada do fazer jornalismo quando relacionamos ao meio ambiente, a discussão abrangente sobre a qualidade das informações ecológicas fundamenta um pensamento atrelado a visão de como relacionar a responsabilidade do jornal as consequências de negligenciar fatos ambientas

que extrapole o do jornalismo científico tradicional (comprometido com uma parcela significativa da comunidade científica que tem privilegiado a continuidade das suas pesquisas, sem contextualizar as suas repercussões), que não se confunda, em nenhuma hipótese com o jornalismo econômico (impregnado pelo canto de sereia do modelo agroexportador da revolução tecnológica a qualquer preço e da apologia das aplicações rentáveis do capital financeiro) e que não se apoie no jornalismo cultural, quase sempre tipificado pelo diálogo surdo das elites. (BUENO, s/d).

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Segundo Traquina (2005), existe um ethos que orienta as práticas e culturas presentesno campo jornalístico.Esse ethos serelacionaàteoria democrática, pois odever da profissão é um elemento essencial para garantir o exercício efetivo da cidadania. O dever do jornalista é definido pelo código deontológico, um conjunto de normas e regras que prevê conceitos como o universalismo, que submete todos os profissionais àquelas regras, o distanciamento, que impede o jornalista de agir em interesse próprio, além da “equidistância em relação aos interesses dos demais agentes sociais [...] e o ideal de serviço à comunidade” (TRAQUINA, 2005, p. 120). O jornalismo se estabilizou no cotidiano de toda uma sociedade. Entrando como o “professor” que (in)forma os cidadãos, ensinando através dos fatos e dados que influenciarão a conduta de muitos dentro da comunidade. Por sua vez, a existência do jornalismo também é resultado dos processos sociais e históricos vigentes (FRANCISCATO, 2005), uma vez que a composição dos empreendimentos jornalísticos sofrem variações de acordo com os episódios que modificam a ordem tecnológica, cultural, econômica, política, etc.

É nesse momento em que o jornalismo se torna uma representação que induz a credibilidade relacionada as notícias e apresentações dela, pois o jornalismo assume a responsabilidade de relatar os fatos e veicula los de forma atual para passar a uma comunidade. Para isso, é necessário que cada jornalista esteja inteirado com os mais diversos assuntos ao redor do mundo, que tenham conhecimentos amplos sobre determidados assuntos que serão imprescindíveis no momento de relatá los. Os valores notícia ou os mapas culturais do mundo social fazem parte do conhecer jornalístico, pois interferem na maneira como esse profissional exercirá o seu papel.

Para Traquina (2013) os valores notícia diferem o que é digno de ser noticiado em relação a inúmeras ocorrências cotidianas. Ou seja, esse paradigma controla a estrutura de um jornal, pois é ele que alimenta o desinteresse da sociedade por fatos realmente importantes e criam um estado de estagnação em cada indivíduo.

Quando há esse compromisso universal os planejamentos passam a fazer sentido dentro da sociedade. A união da mídia, da política e das empresas, como também dos cidadãos é o que inicia um compartilhamento de responsabilidades que sempre retorna á todos, ou seja, no instante em que cada um assume a sua tarefa em um mesmo obejtivo, todos se tornam uma só voz que ecoa em um só caminho, provocando o sucesso geral.

Benetti (2010) ressalta que essa lógica pode ser definida como perversa, pois, se os acontecimentos jornalísticos são definidos de acordo com o que se considera consensualmente como um fenômeno variável, o que permanece estável não aparece nos noticiários. E geralmente são os fatos que permanecem estáveis os que maior deficiência resolutiva demonstram, já que o acontecimento simplesmente noticiado, mas que não foi resolvido, em algum momento será pauta novamente, porém seus efeitos e possibilidade de resolver serão menores a cada vez que voltar aos noticiários, ainda sim, as suas consequências não tardarão em atingir os mesmos que consideraram determinado assunto,Osirrelevante.jornaislidam com relato de eventos inesperados, possíveis e/ou previsíveis. Em seu funcionamento, o discurso jornalístico insere o inesperado (aquilo para o quê ainda há memória) ou possivel / previsível (i.e, fatos para os quais se pode dizer algo porque guardam semelhanças com algo ocorrido anteriormente) em uma ordem, ou seja, organizando filiações de sentidos possíveis para o acontecimento não apenas em termos de uma memória, mas também no que diz respeito aos desdobramentos futuros. (MARIANI, 1996, p.63)

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Logo, já não é suficiente discutir os problemas ambientais, mas sim, como resolvê los. O tema ecológico está presente nos mais deiversos veículos de imprensa, tal como, em planejamentos orcamentários de algumas empresas. O tema está lá, a “preocupação” aparentemente também está, mas discutir o assunto não basta, expressar indignação dos acontecimentos, tampouco funciona. É momento de discutir as soluções práticas para esses fatos, é hora de tirar do papel as ideias e transformá las em saídas concretas para problemas ambientais.

De forma mais específica o jornalismo ambiental se destaca nesse meio. A sua possedainformaçãogeralmenteem primeiramão defineoseulugarnasociedade,através

do seu interesse e envolvimento nas questões é que se manifesta as prováveis soluções de um tema. Quando não há essa interação em mostrar as causas e as soluções do problemas ambientais, com sua pluralidade, nos diversos pontos de vista, não está presente, e os fatos são apresentados sem os seus nexos, de maneira descontextualizada, não há um jornalismo ambiental, mas apenas um jornalismo sobre o meio ambiente.

O jornalismoambiental,partindodeum temaespecífico (mastransversal),visa ser transformador, mobilizador e promotor de debate por meio de informações qualificadas e em prol de uma sustentabilidade plena. Para sua concretização é necessário buscar respaldo em olhares mais abrangentes, que possibilitem ver as conexões, superar a fragmentação reiterada. Fundem se, desta forma, a natureza do jornalismo especializado com as demandas socioambientais que acabam por compor o horizonte de reflexão dos paradigmas emergentes. (GIRARDI et.al., 2012, p.148)

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A prática do jornalismo ambiental não costuma se alinhar com os interesses de políticas e empresas. Isso porque geralmente o tema de preservação e combate de degradação ecológica bate de frente com os lucros dessas diretrizes. O interesse de

Dentre os temas abordados pela Comunicação Ambiental e pelo Jornalismo Ambiental estão o desenvolvimento da fauna e da flora; a biodiversidade; a poluição em suas várias formas (atmosférica, visual, sonora etc.); as mudanças climáticas; as condições da água e do solo; o consumo consciente; a sociodiversidade (buscando o entendimento da relação do homem com o seu entorno); os resíduos domésticos e o lixo industrial; as condições de produção de alimentos (a agroecologia, os transgênicos e os aditivos alimentares, por exemplo); a produção, conservação e utilização de energia; as condições de habitação (favelização, edifícios doentes etc.); as comunidades biológicas (os biomas e sua preservação); o crescimento e a regulação populacional; a embalagem (ecodesign) e a reciclagem; o saneamento e o tratamento de efluentes industriais; os agrotóxicos e os fertilizantes químicos em geral; a ocupação desordenada do solo urbano; o conhecimento e o saber das populaçoes tradicionais e tantos outros ligados á temática ecológica.

Bueno (2007) completa da seguinte forma:

O meio ambiente está correndo sérios riscos, pois as lacunas que o atinge são demasiadas, e para fechá las é necessário abrir mão de inúmeros conceitos e costumes de todo um planeta. Esse perigo está ligado também a falta de racionalização influenciada pela mídia nas coberturas de eventos ecológicos, onde os acontecimentos são abordados de maneira superficiais e enfoques simplificados do tema. A padronização dessas notícias pela imprensa desestimula e/ou exclui a possibilidade do cidadão em reagir corretamente diante de assuntos tão urgentes, com apontamentos isolados ou descontextualizado esses canais midiáticos praticamente tiram a chance da natureza se defender, uma vez que os temas relacionados a ela são representados de maneira fraca e desalinhada.

20 potências visa o valor econômico que em maior parte é proveniente do uso de recursos naturais ou a negligência dos ecossistemas.

Muito além de apurar os fatos e reproduzi los, o jornalista ambiental é conscientizador e influenciador de opiniões. Nas mãos dele está o “poder” de alterar a conduta de um telespectador quando a notícia é passada de maneira incisiva. Esse profissional deve estar apto não apenas em questionar um entrevistado, mas também em contextualizar sobre o assunto abordado. Pra isso, é necessário que esse jornalista seja familiarizado e preocupado de fato com as questões ambientais, é ele quem poderá apontar e criticar práticas irregulares de alguém.

5. O PAPEL DO JORNALISTA AMBIENTAL

Há diferenças entre eles e um profissional que atua com coberturas sobre futebol, eleições e entretenimento, no caso desses trabalhadores há sim o compromisso com a notícia, porém não de maneira a influenciar os que a receberem. Desta forma, seu engajamento deveseralgonatural paracomporoseudesenvolvimentonahoradenoticiar um desastre natural, crimes ambientais, todo o conteúdo ligado ao meio ambiente. Muito mais do que o “fazer” jornalista, ele precisa ser aquele que vai influenciar as opiniões não apenas do público, mas também das autoridades. Através de suas matérias, reportagens, apurações, esse periodista poderá compor projetos ativistas e até incentivar a criação, ampliação ou mesmo atualizações de políticas públicas.

O Jornalismo Ambiental abriga peculiaridades. Logicamente, segue os preceitos do Jornalismo, mas reforça a exploração de dados, a apuração, as ligações que envolvem o fato noticiado, suas consequências e origens, (...) fornece evidências, diagnósticos que ajudam na construção de um saber ambiental necessários à vida cotidiana (GIRARDI e SCHWAAB, 2008,p.17 18).

O jornalismo ambiental considera os efeitos da atividade humana, desde a ciência e a tecnologia em particular, sobre o planeta e a humanidade. Deve contribuir, portanto, para a difusão de temas complexos e para a análise de suas implicações políticas, sociais, culturais e éticas. É um jornalismo que procura desenvolver a capacidade das pessoas para participar e decidir sobre a sua forma de vida na Terra, para assumir em definitivo sua cidadania planetária. (BACCHETTA, 2000, P.18).

LEFF (2008) questiona o modelo de desenvolvimento atual que para ele é um dos causadores dessa crise do meio ambiente. O autor salienta que a racionalidade econômica baniu a natureza da esfera da produção e o resultado disso é oprocesso atualde destruição ecológica que tem como consequências mais graves as mudanças climáticas. A solução paraaquestãoambiental nãosedarámais pelo progresso técnico,substituiçãoderecursos escassos ou pelo aproveitamento de espaços não explorados, pois a degradação ambiental seria, na verdade, uma crise de civilização.

Pela primeira vez o mundo enfrenta um cenário em que o ser humano finalmente consegue entender que as suas atitudes podem sim colocar a sua sobrevivência em risco. Nos últimos anos dados divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas (ONU) trouxeram à tona a devastação humana no meio ambiente, com um quadro praticamente irreversível e que ameaça claramente a extinção não apenas da fauna e da flora, mas também humana. Portanto, essa primícia expõe a reflexão necessária que cada indivíduo deve tomar, e para isso, é importante que eles estejam cada vez mais informados para decidirem de forma bem clara e consciente Tomados por essa crise ambiental o raciocínio crítico de atitudes pessoais deve ser considerado Uma vez que a sobrevivência das espécies depende e muito de cada um de nós, informações contundentes são essenciais para provocar pensamentos que se transformem em ações contra a catástrofe ambiental.

A imprensa deve atuar como um elo indispensável entre as opiniões públicas e as instituições governamentais (BOYCE,1978). Portanto, o jornalismo alcança uma originalidade em termos de Teoria Democrática, cujo os teóricos o concebem em uma postura clara de desconfiança em relação ao poder (TRAQUINA, 2005a).

No momento em que as questões climáticas se tornam um assunto de âmbito social, cabe ao jornalismo a responsabilidade de divulgar informações as pessoas para que elas possam então tomar as decisões mais acertadas e esclarecidas sobre o assunto, e dessa maneira se prepararem corretamente para enfrentar os desafios que as questões ambientais exigem. Isso porque, dentre os regimes democráticos a prática jornalística assumiu o conceito de serviço público, cabendo a ela, neste regime político, fornecer aos cidadãos as informações necessárias ao exercício da cidadania (TRAQUINA, 2005a). Assim é apresentada a real função jornalística que a princípio esclarece as obrigações implicadas na profissão.

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Montesquieu considerava a liberdade de expressão essencial para a República, para ele essa era a melhor forma de governo. O autor defendia que a implementação de

Foi nesse contexto que surgiu pela primeira vez a designação de “quarto poder” para a imprensa no século XIX, cujo o autor foi um deputado do Parlamento inglês chamado Mccaulay (BOORSTEIN, 1971). Em uma ocasião o parlamentar apontou para onde estavam os jornalistas e os apelidou de Four Estate (quarto poder). Essa afirmação do deputado fazia referência aos três poderes (états) estabelecidos após a revolução Francesa: o clero, a nobreza e o terceiro estado (englobando a burguesia e o povo). Aliando ao ideário de Montesquieu, com a primícia de “poder controlar poder” e utilizando a democracia na forma moderna, a imprensa seria esse “quarto poder” em relação aos outros três: executivo, legislativo e judiciário.

22 boas leis seria uma garantia para o sucesso da justiça e da liberdade, mesmo assim, tentando não provocar o surgimento de ditaduras ele defendia a importância de dois fatores: a educação e a divisão do poder, ou melhor, o poder controlando o poder. Do lado jornalístico esse controle proposto por Montesquieu ganhou mais tarde outras teorias. Como exemplo o artigo 11 da Declaração do Homem e do Cidadão, aprovada em agosto de 1789, que diz: “A livre circulação do pensamento e opinião é um dos direitos mais precisos do homem. Todos os cidadãos podem tanto falar, escrever e publicar livremente, exceto quando foram responsáveis pelo abuso dessa liberdade em casos bem determinados por lei”.

Para (TRAQUINA, 2005a), o “quarto poder”, a imprensa, o jornalismo, necessitava de uma autenticidade para fundamentar o seu espaço na sociedade e dar alcance a um negócio produtivo. Segundo o autor essa autenticidade, se deu por meio de tradutores convincentes e influentes da teoria da opinião pública, fruto das filosofias liberais dos finais dos séculos XVII e XVIII.

Segundo Bentham, a opinião pública era uma parte integrante da teoria democrática do Estado. A opinião pública era importante como instrumento de controle social. Numa opinião pública esclarecida, podíamos encontrar um tribunal que reunia “toda a sabedoria e toda a justiça da nação” (TRAQUINA, 2005a, p.47).

A responsabilidade e a autenticidade do jornalismo nas democracias surgem para responder aos questionamentos decorrentes do posicionamento de Bentham: de que maneira essa opinião pública pode ser alimentada com os produtos certos a fim de influenciá las para que pudessem tomar suas decisões? Como essa opinião pública poderia pronunciar se?

Para se manifestar a democracia é necessário pessoas bem informadas, assim como a credibilidade de um jornal, assegurado pelo público. Antes mesmo de uma atividade rentável, o jornalismo precisa ser visto como um serviço público e como tal deverá orientar as suas atividades (NOBLAT, 2002). Em resumo, o jornal deve transmitir conhecimento, uma vez que do entendimento deriva o poder, a autonomia, e na democracia o poder é dos cidadãos. “A principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam para serem livres e se autogovernar”. (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003, p. 31).

A partir deste princípio pode se entender que o jornalismo contemporâneo é uma organização da cidadania e as democracias procuram preservá lo por se tratar de uma vitória da ética que busca o bem comum para todos, a emancipação capaz de construir cidadania e a crença na verdade e nas leis justas (BUCCI, 2000). A liberdade de imprensa deve ser inegociável pois exerce o papel de informar corretamente, trazendo benefícios para a sociedade democrática sem privilegiar os poderios e dando voz às inúmeras correntes de Traquinaopinião.(1997, p.123) configura como função do jornalismo dentro da Esfera

É difícil, olhando retrospectivamente, separar o conceito de jornalismo do conceito de criação de uma comunidade e mais tarde da democracia. O jornalismo é tão fundamental para essa finalidade que as sociedades que querem suprimir a liberdade devem primeiro suprimir a imprensa. (KOVACK, ROSENSTIEL, 2003, p. 31).

Democracia institui o direito de informar e de receber informações. Sendo esse, o elemento principal da vida democrática (MELO, 2009).

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Pública:A teoria democrática dá aos meios de comunicação o papel de “mercado de ideias”. Cabe a imprensa atuar como elo entre opinião pública e as instituições

A teoria democrática, inspiradas pelas as ideias de Montesquieu, reserva também ao jornalismo “num quadro de checks and balances (a divisão do poder entre poderes), a responsabilidade de ser o guardião (watchdog) do governo” (TRAQUINA, 2005a, p.23).

Para Jeremy Bentham, a resposta era óbvia: a imprensa. Com essa reflexão podemos concluir que o jornalismo só é possível e, por consequência, apto a exercer a sua função de informar os cidadãos, se for em um ambiente de liberdade. Como base histórica, vemos que a prática jornalística e democracia desenvolveram uma relação semiótica:

A mudança de interesses tanto nos jornais, quanto na sociedade, precisar ser imediata, porque no futuro (se é que teremos um), essa discussão será obrigatória, porém, com possibilidades de reversão limitadas, ou nulas. Se não discutirmos agora os problemas climáticos, de poluição, efeito estufa e etc., amanhã poderá ser tarde demais.

Figurando na história da humanidade como inovação que alterou profundamente a marcha civilizatória, a imprensa instaurou a cidadania e criou condições indispensáveis para a emergência das sociedades democráticas (MELO, 2009, p.57)

Em análise dos programas do Repórter Eco (2021) e Globo Ecologia (2012 e 2013)pode seperceberqueambasasprogramaçõesmostramdeformacríticaosimpactos ambientais que as atividades humanas causam diariamente. Com cerca de 30 minutos de duração, os shows analisados do Repórter Eco nos dias 03 de outubro, 10 outubro e 17 de outubro de 2021, falam justamente das consequências a curto e longo prazo que as ações da sociedade provocam, além disso, a sessão mostra alternativas e discursos de especialistas para reverter as catástrofes ambientais, a fim de curar o ecossistema. É um relato parecido com os do Globo Ecologia, as atrações analisadas foram ao ar nos dias 19

24 governantes e a abrir a possibilidade para haver conflitos discursivos no âmbito das matériasBaseadosjornalísticas.nosalertas feitos por LEFF (2008), assim como os dados apresentados acima através de estudos feitos pela Organização das Nações Unidas (ONU), entende se que a humanidade terá que se reeducar quanto ao meio ambiente, optando por novos paradigmas econômicos ou se adaptar ao já existente às variáveis ambientais. Essa atitude deve englobar todo o planeta, e exigirá a participação ativa e esclarecida da sociedade civil organizada e dos governos. Neste contexto, a Mídia de Massa será a principal intermediadora desse debate, e por tabela também, o jornalismo. A imprensa executará papel fundamental e ajudará na mediação das informações científicas, ao contextualizar os fatos, ao dar oportunidade para todos os discursos (sejam contras e a favor das mudanças) cheguem as pessoas e fiscalizar as ações governamentais.

Um dos maiores obstáculos para se começar a agir em relação às mudanças climáticas é que ela se tornou um clichê antes mesmo de ser entendida. O que precisamos agora é de boa informação e de um planejamento cuidadoso, porque nos próximos anos essa questão vai eclipsar todas as outras. Vai se tornar a única questão. Precisamos reexaminá la com um espírito verdadeiramente cético para ver sua magnitude e com que rapidez está avançando. (FLANNERY, 2007, p.29)

Para (McCombs, 2008) agenda é simplesmente a questão da cobertura da notícia. É ela que explora os acontecimentos ao redor do mundo, também é ela que decide o que é “necessário” informar. A partir das similaridades existentes entre Agenda pública (responsável por aprimorar a gestão pública, a governança democrática e incentivar a participação social) e a Agenda da Mídia (influenciadora de opiniões e possíveis mudanças pontuais) a pergunta que fica é: quais são os efeitos mais evidentes que podem ser percebidos no agendamento? McCombs (2008) indica que são as condições contingenciais para os efeitos, os atributos do agendamento. Ou seja, aquilo que a agenda midiática informa termina influenciando a agenda pública.

Disse se que os problemas ambientais surgem do modo como a sociedade relaciona se com a natureza. O que faltou dizer é que essa relação com a natureza nada mais é do que parte da relação que se estabelece entre as sociedades e entre os indivíduos. A relação desequilibrada que se mantem com a natureza na medida que se retira dela mais do que sua capacidade de regeneração e se lanca a ela mais do que a sua capacidade de absorção nada mais é do que o resultado da relação desequilibrada que se estabeleceu entre os seres (FERNANDEShumanos.etal,. 2008)

25 de maio de 2012 e 12 de outubro de 2013 e, é possivel ver que interage com o diálogo do Repórter Eco no que diz respeito ao discurso de cambio de conduta no intúito de minimizar as catástrofes socioambientais. Entretanto, as programações verificadas tem em média 20 minutos cada, e abrangeu temas de consumo desenfreado e saneamento básico. Um conjunto de assuntos que envolve os deveres, mas também os direitos dos cidadãos.Portanto, os programas do Repórter Eco focam mais na doença ambiental e a busca pela cura dela, já o Globo Ecologia discursa de maneira mais convidativa, apresentando elementos que podem ou não impulsionar em mudanças daqueles que assistem a Ouprogramação.seja,percebese que a mídia televisiva não está completamente comprometida em influenciar os telespectadores quanto a sua responsabilidade no agravamento de desastres ambientais e, tampouco infatizam o quão perigoso é negligenciar os fenômenos ecológicos que se apresentam diariamente, alertando para um futuro incerto, ou mesmo inexistente, culminando na extinção das espécies.

6. A TEORIA DO AGENDAMENTO

Interpretando o assunto de forma hipotética, relacionada a Teoria do Agendamento, verifica se que na definição de agenda pública interfere o eco que os problemas ambientais, durante determinado tempo, geram na comunicação social. Cottle (1993), salienta que várias pesquisas apontam para uma relação casual entre a cobertura do ambiente e mudanças nas correntes de opinião. A agenda midiática, por sua vez, interfere na agenda política. E esta, tal como a agenda midiática, condiciona a agenda pública. Isso significa, que não importa o grau de conhecimento científico e técnico da população, ou mesmo a falta dela, as questões ambientais se juntaram aos fóruns público e político que lhes assegura uma abrangência social que ultrapassa a dimensão natural, ou seja, bio física química, dos mesmos. Por isso, esses grupos de opinião relacionados ao meio ambiente e as políticas que buscam a sua resolução, bem como as representações midiáticas dessas interações, tornaram se, em resumo, parte integrante desses mesmos problemas ambientais. Portanto, ao analisar um problema ambiental deve se entender a influência que esse problema terá na opinião pública, e a maneira como os meios de comunicação lidam com ele, pois assim como ressalta McCombs (2008) uma forma de pensar sobre essa sequência de efeitos que podem terminar por influenciar atitudes e opiniões diz respeito à hierarquia de efeitos que começa, geralmente, pela atenção; e é basicamente esse efeito de atenção que o agendamento representa.

Assim, partindo da primícia de que elementos importantes na mídia, frequentemente, tornam se relevantes entre o público, tais elementos podem ser públicos ou políticos, esses objetos também podem ser atributos desses elementos, causando um efeito que pode influenciar comportamentos, opiniões e atitudes.

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Uma grande arma nessa combinação público mídia é a tecnologia, nesse ponto o Jornalismo ambiental se desenvolve em três funções básicas: informativa, pedagógica e política.A informativa preenche a necessidade que o público tem de estar atualizado diariamente com os principais temas que abrangem a questão ambiental. Nesse contexto, a tecnologia desenvolvida nas redes sociais se torna essencial para expandir a maneira como essa notícia sobre algum acontecimento ecológico, influenciará o maior número de pessoas possíveis, tendo em vista que as redes sociais se tornaram o centro de acesso principalmente de jovens entre 13 e 18 anos (dados da Nielsen Company). A função informativa deve trabalhar para conseguir impactar esses cidadãos a respeito de determinadas posturas, como hábitos de consumo, e consciência social. Identificando a responsabilidade de cada cidadão em processos que agravam problemas ambientais, por

E por fim, a função política que tem como objetivo mais amplo não apenas no sentido político partidária a mobilização dos cidadãos para fazer frente aos interesses que condicionam o agravamento da questão ambiental.

Há vários exemplos na mídia que retratam esse cenário de negligência e desinteresse empresa política.

Em 5 de novembro de 2015, o estado de Minas Gerais virou foco nas principais mídias brasileiras devido ao rompimento da Barragem do Fundão, localizada em Bento Rodrigues Mariana. O incidente causou desastres incalculáveis ao meio ambiente e, até hoje as consequências do acontecimento levantam inúmeros pontos, tanto políticos, sociais, econômicos e, sobretudo ecológicos. A Barragem em Mariana não suportou os mais de 50 milhões de metros cúbicos de lama que armazenava e rompeu. O incidente ocorreu às 16h20, e desceu o barranco destruindo tudo o que encontrou pela frente.

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De modo semelhante a função pedagógica faz referência a explanação das causas e soluções para os problemas ambientais e a indicação de caminhos (que exigem a participação dos cidadãos) para a resolução dos problemas ambientais.

exemplo (efeito estufa, poluição do ar e água, contaminação por agrotóxicos, destruição dabiodiversidade,etc.)assimtambémmodelos,comooqueprivilegiaodesenvolvimento a qualquer custo, tem sobre o meio ambiente e, por extensão, sobre a sua qualidade de vida. Para McCombs (2008) a primeira questão psicológica da necessidade por orientação, é que algumas pessoas são bem curiosas a respeito do mundo ao seu redor, algumas não têm curiosidade nenhuma.

Neste conjunto deve se incluir os interesses a ação de determinadas empresas e setores que, recorrentemente, tem agredido o meio ambiente com propósito de favorecer os seus negócios (indústria agroquímica, biotecnologia, de mineração, de papel e celulose, agropecuária, etc.). Também envolve uma dedicação maior e permanente relacionada á ação de governantes que, por negligência ou mesmo interesses pessoais em empresas ou grupos privilegiados pela sociedade, não cumprem suas obrigações políticas públicas que contribuem efetivamente para reduzir a degradação ambiental.

Tabela 1 Danos causados pelo rompimento da Barragem em Mariana Quantidade de Lama 62 milhões de m³ Cidades Atingidas 41

Peixes Mortos 14 toneladas

Índice de Desemprego na Região 23,5

Previsão de Recuperação do Meio Ambiente Ano 2032

Famílias Desabrigadas 60

Fonte: Toda Matéria

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Figura 1 O caminho da lama: do Distrito de Mariana (MG) até a cidade de Linhares (ES)

Vegetação Destruída 1469 hectares

O evento causou a destruição do meio ambiente, contaminação do rio, do solo e um saldo de 19 mortos. Por 16 dias, a lama seguiu o leito de 853km do Rio Doce e atingiu as cidades ribeirinhas provocando escassez de água, diminuição da pesca, do comércio e do turismo. O episódio chocou telespectadores do país inteiro, as imagens da lama percorrendo o território de Mariana estampavam os grandes jornais, sites de notícias e redes sociais.

Vítimas Fatais 19

Fonte: Toda Matéria

Processos Judiciais Contra a Samarco, Vale e BHP 22

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A cobertura jornalística sobre o caso de Mariana foi bastante recorrente durante algumas semanas. Os principais veículos midiáticos só abordaram esse tema em suas pautas por alguns dias. Contudo, anos se passaram desde a tragédia e dificilmente ouvimos algo sobreesse caso. Aoparecer,osistemajornalísticojá“cumpriu”oseu papel, informou e nada mais. Mas, como está o local depois de tantos anos? Como estão as pessoas daquele lugar? E o interesse público sobre as consequências que esse episódio ocasionou?Para Cohen (1963) a teoria do agendamento demonstra que a mídia pode ter efeitos diretos (não mediados), sobre as pessoas, tendo, nomeadamente, o poder de “dizer” às pessoas sobre o que pensar. Esse discurso nos mostra o quão influenciadora a mídia é, se um assunto já não está sendo discutido pelo o público, famílias, autoridades, significa dizer que não está sendo discutido pela imprensa.

Isso implica que atitudes deliberadas de canais midiáticos ao decidirem em qual momento uma notícia deixa de ser relevante e passa a ser obsoleta na sociedade, determina uma rotina de deadline que provoca de forma indireta o “desprezo” dos telespectadores a respeito de acontecimentos que tem como impacto problemas a curto e longo prazo.Bonfim (2001) explica que a redação tem a difícil missão de entender a expectativa do leitor e, ao mesmo tempo,incluir napauta assuntos que aparentemente não têm a simpatia do leitor, mas que são importantes para a sociedade.

No caso Mariana, especialistas disseram que é praticamente incalculável os impactos deixados pelo rompimento da Barragem do Fundão. A situação do meio ambiente daquela área é tão séria que pesquisadores buscam respostas para tentar compreender as consequências a curto e longo prazo que o rompimento da barragem ocasionou. Para se ter uma ideia, a lama e os resíduos percorreram cerca de 600 km até atingir o Oceano Atlântico, impactando o ecossistema marinho, principalmente a região dos corais. Algumas espécies foram extintas, quando a avalanche atingiu o mar a maioria dos peixes morreram, também algumas árvores das regiões foram arrancadas com a força da lama, ou ficaram submersas.

Fonte: Mural Virtual

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As atividades humanas levaram o planeta à beira de uma onde maciça de extinção de várias espécies, ameaçando, ainda mais, nosso bem estar. As pressões sobre o ecossistema aumentarão em escala global nas próximas décadas se as atitudes humanas não mudarem, a tecnologia e conhecimento de que dispomos hoje podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas, mas utilizá los em todo o seu potencial continuará difícil enquanto os serviços oferecidos pelos ecossistemas forem percebidos como “gratuitos” e ilimitados e não receberem o devido valor. Esforços coordenados de todos os setores governamentais, empresariais e institucionais serão necessários para que o capital natural seja mais bem protegido. A produtividade dos ecossistemas depende de escolhas concretas quanto a políticas de investimentos, comércio, subsídios, impostos e regulamentação. (PEREIRA, 2011)

Para Pereira (2011) o desenvolvimento científico não pode ser cego, pois tem, então, o risco de chegar a produzir um suicídio social, quando o risco se materializa. O desenvolvimento deve ser sustentável, tem que reforçar e não quebrar a base da nossa sociedade. Esse princípio não pode ser ignorado quando se estuda a tensão entre a busca cega da riqueza e a manutenção das condições de vida que integram o meio ambiente e que, em último caso, tornam possível a permanência da espécie humana.

Figura 2 Peixes mortos decorrentes do rompimento da Barragem em Mariana

O evento de Mariana é um entre centenas que acontecem diariamente. A insistência desses episódios demonstra uma urgência em ações de prevenção e combate dos causadores dessas catástrofes ambientais.

Alguns pesquisadores lançaram em setembro de 2018, o projeto “Rio Doce Mar”, o objetivo é reunir dados das consequências causadas ao meio ambiente desde o desastre em Mariana. A equipe fará atualizações de 6 em 6 meses sobre as possíveis reversões ou minimizações dos impactos. A Universidade Federal do Espírito Santo é quem coordenará o projeto que conta com a participação de 24 instituições de pesquisadores.

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Não há dúvida de que muitos são os que se preocupam com o bem estar da fauna e da flora, assim como, o ecossistema em geral, ainda assim, esses não reúnem recursos ou permissões suficientes para administrar uma mudança drástica nas leis. Para isso, é necessária a participação ativa de autoridades no que compete ao cumprimento da lei, assim como a aprovação ou mesmo a alteração de algumas delas, onde haja menos criminalidade ambiental. Na mesma linha de responsabilidade, entram os veículos jornalísticos que tem os meios de expor as falhas, negligências ou mesmo corrupção que afetam diretamente o bom andamento das diretrizes.

O jornal pretende ser mais útil no sentido de dar ao leitor informação que lhe ajude no seu dia a dia e capacitante garanta ao leitor informações que lhe ajude a agir como cidadão, a torná lo experto em assuntos importantes. A sobrevivência do meio jornal, depende essencialmente de credibilidade, ética, isenção, responsabilidade e estreito compromisso com a comunidade. (BOMFIM, 2001)

afirma que a manutenção desse equilíbrio é essencial para assegurar a vida no mundo, de maneira geral, a diversidade de espécies e a qualidade de vida dos seres humanos. Essa manutenção é dever de todo cidadão planetário, a conscientização, o conhecimento de cada ponto ambiental, as atitudes de combate ou mesmo de destruição, assim como, a obrigação dos setores responsáveis por impor essas ações, é um conhecer indispensável de todo indivíduo que deseja estar familiarizado no andamento do ecossistema e na sobrevivência das espécies.

Semdúvidaodesenvolvimentodasociedadeéalgobom,positivo,essencial.Lutar contra isso não é o objetivo dos críticos ambientalista, porém o custo desse desenvolvimento se tornou alto demais, provocando desestabilidade sustentável, gerando deficiêncianatural,oecossistemajánãoestánaposiçãodeprovedor,massimdereceptor. É hora de minimizarmos a utilização de recursos naturais (o quão possível) e agirmos na manutenção do ambiente. Precisamos curar as feridas, colocar ataduras, regar, limpar, disciplinaresobretudo preservaroqueaindaresta danatureza, desta forma podemos criar a ilusão de um possível cenário futuro, onde a natureza e o ser humano são sócios no desenvolvimento do planeta. Parceria que resultaria em alternativas sustentáveis para ambas asPereirapartes.(2011)

Durante o auge do evento em Mariana, bastante se falou sobre a empresa responsável pela barragem e as possíveis punições e processos ao qual ela responderia.

Segundo Bueno (2007), simplificadamente, o conceito de Jornalismo Ambiental é o processo de captação, produção, edição e circulação de informações (conhecimentos, saberes, resultados de pesquisa, etc.) comprometidas com a temática ambiental e que se destinam a um público leigo, não especializado.

A Samarco se prontificou a ajudar assim que soube do rompimento da barragem. A empresa providenciou hotéis, distribuição de água potável e mineral, resgate de animais, atendimento psicossocial e restabelecimento de acessos danificados. Pode se dizer que a instituição agiu de forma considerada com as famílias e moradores locais, entretanto, quem pode reparar a morte de 19 pessoas levadas pela a lama que cobriu quilômetros a fio? O que fazer com a mãe que perdeu o filho, a esposa que agora é viúva? Como recuperar a tranquilidade e alegria que o limo também levou? É importante reconhecer que errou, mas, é crucial saber evitar o erro.

Logo, mais uma razão para a mídia focar com mais interesse nos temas ambientais Se o leitor receber as informações da maneira correta, certamente ele tomará as atitudes relacionadas àquelas informações. Por outro lado, se há omissão, ocultação ou mesmo a falta de reprodução dos conteúdos originais, será impossível o alcance necessário do ouvinte. O caso mais representativo dessa conclusão é o da Amazônia. São recorrentes as pautas sobre o assunto, isso desde muitos anos, as queimadas, desmatamentos, e crimes de caças de espécies proibidas estão de tempos em tempos nos principais canais midiáticos. Mesmo assim, isso acontece de forma abrangente quando há

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Até hoje, a Samarco que é controlada pela Vale e BHP Billiton foi autuada em 25 infrações do Ibama, assim como, recebeu 73 notificações, somando uma multa de R$ 350,7 milhões. Desde o episódio, o Ibama segue acompanhando os avanços da tragédia A Samacro manifestou profundo lamento pelo ocorrido, como também, se comprometeu a trabalhar pela compensação e reparação dos danos causados. A mineradora afirma que o incidente trouxe mudanças na forma de atuação da companhia. Até dezembro de 2020, foram destinados R$ 11,33 bilhões para o reparo e desagravo, em negociações que estão sendo conduzidas pela Fundação Renova.

Meio ambiente é o complexo de relações, condições e influências que permitem a criação e a sustentação da vida em todas as suas formas. Ele não se limita apenas ao chamado meio físico ou biológico (solo, clima, ar, flora, fauna, recursos hídricos, energia, nutrientes, etc.), mas inclui as interações sociais, cultura e expressões/ manifestações que garantem a sobrevivência da natureza humana (política, economia, etc.).

(BUENO, 2007).

Joaquim Álvaro Pereira Leite assume a posição com inúmeros desafios pela frente. A responsabilidade é muito grande, uma vez que o Brasil enfrenta uma das piores crises ambientais de todos os tempos. Prevenir ainda parece ser a melhor estratégia, mesmo assim, há situações que já passaram desse nível, como é o caso da Amazônia.

o envolvimento de autoridades ou mesmo quando ocorrem incêndios acima do “normal”. Ainda assim, é difícil encontrar pessoas que assistem jornais diariamente e de fato entendem as causas econsequênciasdetantatragédia,esenãoháentendimento, nãopode haver interesse!Emmaiode2021,umcasochamouatenção Odoex MinistrodoMeioAmbiente Ricardo Salles. Na época Salles se tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre acusações de dificultar a fiscalização ambiental, além de envolvimento com contrabando de madeira ilegal. A denúncia veio através de carta crime apresentada pelo delegado Alexandre Saraiva, exonerado do cargo na PF do Amazonas após a denúncia. Ricardo Salles assumiu o mandato em janeiro de 2021, e desde então os números de desmatamento e problemas ambientais cresceram consideravelmente, tanto foi assim que 2021 já registrou em apenas 5 meses, recorde de desmatamento e devastação, indicando o pior resultado do ciclo, desde o começo da série marcante, em 2016, de acordo com dados do (INPE) Instituto de Pesquisas Espaciais.

O modo tradicional de considerar a relação entre jornalismo e democracia considerava que os jornalistas deveriam relatar, os cidadãos leriam esses relatos, e alguma forma de opinião pública deveria formar se, de modo a facilitar a articulação da vontade popular com ação política. (FERREIRA, 2012).

Salles pediu exoneração do cargo em junho de 2021, o ex ministro alegou problemas familiares. O cargo foi ocupado por Joaquim Álvaro Pereira Leite, atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Ricardo Salles segue sob investigação, se condenado responderá por crime de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando supostamente cometidos por agentes públicos e empresários do setor madeireiro. Os indicadores de recordes desde o início do mandato de Salles tem prejudicado a economia brasileira, sobretudo no agronegócio.

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Vivemos a era dos conflitos ambientais. Nunca se falou tanto sobre o tema e ao mesmo tempo se negligenciou mais. Ao parecer todos tem uma opinião sobre as questões ambientais, sejam civis, autoridades, empresas, enfim, mas a preocupação em resolver esses problemas é praticamente esquecida entre a maioria. Por isso, é tão crucial que cada um que realmente se envolve com questões do ecossistema não se cale, ao contrário, devem erguer sua voz para serem ouvidos.

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o Brasil recebeu a visita da ativista Greta Thunberg, a sueca ficou conhecida em 2018 quando protestou fora do prédio do parlamento da Suécia em prol dos direitos ambientais. A moça reivindicou que o governo sueco reduzisse as emissões de carbono, seguindo o Acordo de Paris. Greta se recusou a frequentar a escola, e durante o período de aula se sentou por dias em frente ao Riksdag, com o cartaz "Skolstrejk for klimatet” (de greve da escola pelo clima, em português), além disso, também é a líder do movimento Greve das escolas pelo clima. No Brasil, Greta também opinou sobre as providências exercidas pelo governo. “As coisas que os líderes do Brasil estão fazendo agora é completamente vergonhosa. Especialmente a luz da maneira como vem tratando os povos indígenas e a natureza”. A ativista fez essa declaração em uma sessão temática do Senado Federal sobre os dados do Painel Intergovernamental relacionados as Mudanças Climáticas da Organizações das Nações Unidas (ONU).

Esse pensamento explica uma espécie de alienação por parte dos cidadãos em apenas receber a informação e esperar que alguém forme uma opinião a respeito e a passe adiante. Porém, o jornalismo ambiental tem apresentado novos modelos, sobretudo com a chegada da tecnologia que permitiu a manifestação livre de pessoas ao falarem sobre o meio ambiente.Recentemente

Atualmente com 18 anos, Greta Thunberg já inspirou movimentos estudantis na luta contra o aquecimento global e em defesa da natureza. Em 2019, foi eleita personalidade do ano pela revista Time. Porém, também já foi alvo de duras críticas por partedeautoridades,comooex presidenteDonald Trump,oprimeiro ministrodaÁustria Scott Morrison, o presidente da França Emmanuel Macron, assim como, alguns comentaristas da mídia. Além de ataques pessoais, algumas críticas são de que a sueca simplifica demais as questões complexas envolvidas.

Essa nova perspectiva supõe que em uma sociedade democrática e plural há também uma constelação de sujeitos coletivos e de respectivos lugares de fala, não isolados ou encastelados em nichos corporativos, mas intersujeitos argumentativos, promotores e advogados de direitos e causas. Isso significa na verdade, promover o empoderamento de atores sociais empenhados em movimentos ou organizações da sociedade civil, com o objetivo de beneficiar

Greta Thunberg é exatamente o tipo de voz que o sistema ambiental tanto precisa, aquela que não apenas se preocupa, mas age baseada nessa preocupação, buscando resoluções para os problemas. E assim como vários outros ativistas ambientais, Greta sofre “perseguições” dos que simplesmente preferem jogar para debaixo do tapete as suas responsabilidades e empurrar com a barriga, até que o próximo venha e resolva o que eles não tiveram interesse em resolver!

• Se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, produções de alimentos, poluição, e diminuição de recursos naturais seguirem imutáveis, os limites de crescimento serão alcançados dentro dos próximos cem

Se tão somente os que estão à frente das questões ecológicas compreendessem a relevância de atuar com foco e disposição nesta luta que afeta a todos, o destino da humanidade não seria tão incerto como destacam relatórios climáticos.

Apesar da grande repercussão que a Conferência de Estocolmo teve, é importante frisar que antes disso outros debates já haviam acontecido sobre os impactos causados ao meio ambiente. Em 1968, constituiu se o “Clube de Roma”, composto por cientistas, industriais e políticos, que tinham como objetivo discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente de recursos naturais. De acordo com suas análises foi possível apontar os principais motivos: industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, deterioração do meio ambiente. Definiram que a visão era ecocentrica e que o problema final estava na pressão da população sobre o meio ambiente. No ano de 1972, um grupo liderado por Dennis L. Meadows publicou o estudo intitulado “Os limites do crescimento”, onde fazem uma projeção de cem anos para esgotar os recursos naturais como as reservas de alumínio, caso fosse mantido o ritmo de exploração daquela época (o estudo não levou em conta o progresso tecnológico e a possibilidade da descoberta de novos matérias).Ateseteve repercussão internacional e fez partedaConferência de Estocolmo que ocorreu no mesmo ano. Os apontamentos realizados pelo o grupo de pesquisadores do MIT, chefiada por Dana Meadows fez suas considerações:

Desde a Conferência de Estocolmo (1972), observou se que o meio ambiente é objeto de preocupação nos mais diversos países, e cada um desenvolve em suas particularidades, temáticas que abordem e minimize impactos, ou mesmo previna os. Se levantou importantes questões e o homem começou a perceber que a natureza não é uma fonte inesgotável, como pensara até então. Sinais como as secas dos rios, inversões térmicas, ondas de calor, extinção de espécies, diminuição de recursos naturais, etc.

35 a sociedade em um todo. Está diretamente relacionado com o poder que esses atores adquirem de promover inclusão dos temas que advogam na esfera pública, a partir de suas próprias ações e potencialidades e não mais por uma concessão de um poder midiático superior. (ROSSY).

SegundoPereira(2011)os efeitos das mudanças climáticas vêm sendoobservados tanto pelos cientistas quanto pelas pessoas comuns. Rotas de migração de animais estão sendo alteradas, as fases de crescimento e floração das plantas estão mudando, o nível dos oceanos está aumentando e recifes de corais estão se desisntegrando.

Utilizando protótipos matemáticos o grupo concluiu que o Planeta Terra não poderia suportar o crescimento populacional devido a cobrança gerada sobre os recursos naturais e energéticos, e ao aumento da poluição, mesmo levando em conta o avanço tecnológico.Apesquisa foi duramente criticada na época. Principalmente por personalidades que defendiam as teorias do crescimento. Nomes como Solow (Prêmio Nobel em Economia) e o intelectual Mahbub ul Haq que em sua tese pontuou que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial acelerado, defendiam o congelamento do desenvolvimento com a retórica ecologista, o que atingia diretamente os países pobres, que tendiam a continuarem pobres. Outros críticos disseram que a análise e as projeções do futuro apresentados se mostraram equivocadas, uma vez que nenhuma das previsões, tanto nos aspectos de esgotamento dos recursos naturais, como da evolução dos processos produtivos, se confirmaram.

• Se a população mundial se dedicar em obter o segundo resultado, em vez de visar o primeiro, quanto mais pronto iniciar o seu trabalho para alcança lo, maiores as probabilidades de conquistar.

• As predisposições de crescimento podem ser alteradas afim de gerar estabilidade ecológica e econômica conservando até um futuro remoto. O estado de constância global poderá ser preparado de maneira que as necessidades materiais básicas de cada indivíduo sejam atendidas, e que cada pessoa tenha a oportunidade de realizar sua habilidade humana individual.

A publicação vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando se o livro sobre ambiente mais vendido da história.

36 anos. Tendo como cenário mais provável, uma queda rápida e desgovernada tanto da população quanto da capacidade fabril.

Umnovo relatóriofoielaborado,o “2052 UMA PREVISÃO GLOBALPARA OS PRÓXIMOS 40 ANOS” utilizando modelos matemáticos concluíram que:

Esse conceito interage com os resultados obtidos no relatório desenvolvido pela equipe de Dennis L. Meadows. O documento trouxe os seguintes apontamentos:

Novas condições do clima atingirão a agricultura e o turismo;

O aumento de doenças transmitidas por água contaminada, também fazem parte das previsões;

Furacões serão mais intensos;

AhumanidadeesgotouosrecursosdaTerraenósvivenciaremoscolapsos locais, em alguns casos, mesmo antes de 2052”. Afirmou o coordenador do estudo, o norueguês Jorge Randers.

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O nível do mar deverá subir 50 cm;

“Todos os anos, produzimos duas vezes mais gases de efeito estufa do que aquilo que florestas e mares conseguem absorver” pontuou Randers.

De acordo com a ONU as emissões de gases de efeito estufa subiram 1,65 ao ano entre 2008 e 2017. Com as políticas atuais em vigor, o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,5°C neste século

A emissão de gases estufa deve atingir seu ápice em 2030 muito tarde para limitar o aumento da temperatura terrestre em até 2°C, algo ainda considerado aceitável;

Especialistas preveem que até 2080 a temperatura global suba 2,8 graus centígrados, o que poderá desencadear sérios problemas climáticos.

O dilema da humanidade é que o homem pode perceber a problemática e, no entanto, apesar de seu considerável conhecimento e habilidades, ele não compreende as origens, o significado e as correlações de seus vários componentes e, assim, é incapaz de planejar soluções eficazes. Fracasso que ocorre, em grande parte, porque continuamos a examinar elementos isolados na problemática, sem compreender que o todo é maior do que suas partes; que a mudança em um dos elementos significa mudança nos demais (MEADOWS et al, 1972, p.11).

O gelo do Antártico deverá desaparecer no verão;

As regiões com maiores riscos de secas são as áreas centrais dos Estados Unidos, o leste da Europa, o norte da África e a Amazônia.

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Figura 3 Emissões de gases de efeito estufa subiram 1,65 ao ano entre 2008 e 2017

O efeito estufa é um fenômeno natural de extrema importância para a existência de vida na Terra. É responsávelpor manterastemperaturasmédiasglobais,evitandoquehajagrande amplitudetérmica epossibilitando o desenvolvimento dos seres vivos.

Esse fenômeno, no entanto, tem sido agravado pela ação antrópica, que tem elevado as emissões de gases de efeito estufa à atmosfera, provocando alterações climáticas em todo o planeta. Essa grande concentração de gases dificulta que o calor seja devolvido ao espaço, aumentando, consequentemente, as temperaturas do planeta.

Apesar do Acordo de Paris que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, ou pelo menos bem abaixo de 2°C, os relatórios da ONU divulgaram que o mundo passou a última década fazendo o oposto do necessário para frear o aumento dos impactos causados pelo efeito estufa. Mesmo com os avisos nos relatórios anuais, as emissões de gases de efeito estufa cresceram a uma média de 1,6% ao ano entre 2008 e 2017. Isso significa que os esforços para diminuir esse avanço de degradação ambiental não foi alcançado, uma vez que os resultados mostraram reais motivos para preocupação relacionada a preservação do meio ambiente para o futuro do Planeta Terra.

A ação do homem nas mudanças climáticas é, entretanto, confirmada por análises e estudos realizados no âmbito do IPCC: o quarto relatório do órgão, divulgado em 2007, que evidencia o aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) principalmente o CO² na atmosfera decorrente daqueima de combustíveis fósseis e da devastação de florestas e atribui a isso a causa do aumento da temperatura do planeta, gerando uma série de mudanças climáticas. O IPCC estima que, no último século, a temperatura tenha subido cerca de 1°C, gerando consequências como elevações do nível do mar e o derretimento de geleiras. O lançamento excessivo de gases de efeito estufa na atmosfera forma uma espécie de cobertor que se torna mais quente e a radiação solar não consegue sair. É importante ter em mente, contudo, que o efeito estufa é um fenômeno natural o qual mantém o planeta aquecido, permitindo a vida. No entanto, o aumento excessivo da temperatura pode colocar a existência de seres vivos em risco. (PEREIRA, et all, 2011) 1

Foto: PNUMA

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A exploração do garimpo é um assunto antigo que aparece e desaparece dos focos noticiários em questão de horas. Segundo o dicionário Aurélio a definição de garimpo é: mina de diamantes ou metais preciosos. Local onde existem explorações diamantinas e auríferas. Pois bem, a prática de garimpo está ligada a busca por pedras preciosas que futuramente poderão ser trocadas por dinheiro, quanto maior e mais valiosa for o “produto”, mas rendimento monetário ele trará.

As leis especificam que tão prática é criminosa e passivel de multa e/ou reclusão. Ainda assim, a criminalidade proveniente de garimpos ilegais sóvem aumentando a cada ano.

7. A EXPLORAÇÃO GARIMPEIRA E AS CONSEQUÊNCIAS PARA OS HABITANTES LOCAIS

Ribeiro (2016) destaque que o aumento da mineração no Brasil reflete não apenas o aumento da demanda nacional por minérios, como também, de commodities a nível internacional. O aumento da procura por minérios tem provocado uma flexibilização das regras que regulamentam e controlam o acesso a esses recursos. Para, além disso, devido ao esgotamento das principais minas de extração de minérios localizadas no centro sul

E, caso seja explorado um patrimônio nacional sem a devida concessão configura o crime estabelecido na Lei n° 8.176/91, que define os crimes contra ordem econômica em seu artigo 2 . Ele fixa que constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo com pena de detenção de um a cinco anos emulta e incorrena mesmapena aqueleque,semautorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria prima. (ROTA JURÍDICA, 2021).

O problema é, que a atividade garimpeira é uma de tantas outras que destroem áreas ambientais em escala muito alta. Isto ocorre, pois a procura por esses metais preciosos se tornou atividade para centenas de pessoas, o que torna a exploração local ainda mais Aabrangente.atividade garimpeira requer autorização judicial prévia, mas é óbvio que a maioria que trabalha nos locais não possuem essa permissão, fazendo desta ação um crime contra o meio ambiente. A Lei n° 9.605/98 (lei de crimes ambientais) criminaliza a conduta do garimpo ilegal e determina que: “Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida com pena de detenção, de seis meses a um ano, e multa”. (Rota Jurídica, 2021).

E ainda completa:

Em novembro de 2021, após circular entre garimpeiros a informação de que havia ouro na região de Autazes (AM), mais de 300 embarcações se reuniram no local em busca do minério. A polícia federal foi avisada e iniciou a operação que ficou conhecida como Uiara, na ação mais de 60 balsas foram queimadas e as demais se dispersaram com receio das represárias. Além de ser ilegal, essa prática agride áreas ambientais e coloca em risco habitantes residentes, que por vezes acabam contaminados devido a exploração incorreta dos minérios.

Foto: reprodução

Esse é um dos rios mais importantes da Amazônia, fonte de biodiversidade, especialmente de pescado que alimenta grande parte das populações, seja na cidade de Porto Velho (RO) ou mesmo da cidade de Manaus, como também as cidades menores que ficam ao longo da calha do Rio Madeira. Nesse rio há pelo menos mil espécies de peixes já identificadas, e sua bacia contribui com 50% do total da carga de sedimentos suspensos transportados pelo rio Amazonas". (AGUIAR, Danicley, porta voz do Amazônia Greenpeace).

Os indígenas são personagens diretos atingidos por essas atividades garimpeiras. Segundo o Censo IBGE 2010, os mais de 305 povos indígenas somam 896.917 pessoas. Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país. Habitantes naturais de aldeias, em sua maioria localizadas em áreas florestais, os índios convivem diariamente com as consequências da degradação ambiental, através da criminalidade ecológica do ser humano.

40 do país, as empresas com interesses minerários têm voltado sua atenção para Amazônia que ainda não foi totalmente explorada.

Figura 4: Balsas ilegais de garimpo são queimadas em operação da Polícia Federal em (AM)

Não há como virar as costas para o que vem acontecendo há séculos no Brasil. A diversidade de culturas é o que diferencia os brasileiros dos demais povos. Cada grupo tem direito de manter suas tradições, asim como, oreservar o seu local de nascimento, onde cresceu, viveu, se formou. Nenhuma cultura deve ser colocada acima ou abaixo das outras,apartirdoinstanteemquealdeiassãoafetadaspelaexploraçãodematérias prima, em prol do consumo dos territórios urbanos, um desequilíbrio não apenas ambiental se forma, mas também, social, pois cada vez mais os indígenas se veráo obrigados a integral os cnetros urbanos, por já não terem o que cuidar ou preservar. A ação humana deve ser pensada em um todo e não em algumas porcentagens.

A exploração mineral em terras indígenas reflete aspectos éticos relacionados ao meio ambiente e à sociedade, principalmente em relação aos grupos que serão diretamente afetados pela atividade. A discussão sobre a possibilidade ou não de mineração em TIs é de extrema importância, principalmente para queogruposenvolvidoscheguememacordoemrelação aoscritériosqueserão adotados. A demarcação destas terras também é um assunto crucial para a preservação dos modos de vida na medida em que a realidade dos povos indígenas no Brasil tem sidomarcada por intensos conflitos pela posse de terra, verificando se uma relação inversamente proporcional entre a demarcação das terras e o índice de violência. Os projetos de leis, propostas de emendas constitucionais e decretos apresentam se como instrumentos que possibilitam a continuidade desses modos de vida, com o fim de se respeitar os direitos dos povos indígenas brasileiros.

Háséculos os indios batalham para manter oseu habitat, assim como, as tradições, as ancestralidades. Porém, ao tempo que o meio ambiente sofre com as interferências dos centros urbanos, os personagens inseridos no ambiente da biodiversidade também são atingidos proporcionalmente.

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Enquanto atuam de forma ilegal e irrestrita em um território onde o garimpo não é permitido segundo a legislação pertinente, os garimpeiros buscam alinhar seus interesses aos discursos do atualchefedo governofederal,que,na contramão de ambientalistas e entidades conservacionistas, se manifesta a favor do garimpo no interior de Terras Indígenas. Assim, crescem também os números de Requerimentos de Pesquisa no interior de Terras Indígenas sobrepostas a ricos subsolos,como é o caso da TI abordada, visando uma flexibilização na legislação. (MUNIZ, 2021).

42 8. JORNALISMO AMBIENTAL X REDES SOCIAIS

A chegada e avanço da tecnologia trouxe um outro olhar das pessoas em geral. Sobretudo com o acesso livre a este espaço “sem dono” que são as redes sociais. Não é intuito aqui menosprezar o valor que as novas ciências propiciam diariamente a sociedade; tampouco, criticar o desenvolvimento de vários setores devido a essa nomenclatura. Como tudo na vida, o perigo está em não saber usar algo e, assim transformar esse objeto em “rival”

A tecnologia é responsável pelo desenvolvimento de inúmeros departamentos; o político, econômico, civil, social e, claro o jornalístico. Peça quase que fundamental na sociedade, a tecnologia teve sua incorporação como algo positivo, um elemento que complementaria, melhoria as indústrias, os centros comerciais, a interação, comunicação de toda uma nação. No caso do jornalismo, a entrada da tecnologia trouxe uma abrangência maior e aparentemente melhor. A disseminação instantânea de notícias, informações, atualizações, acontecimentos, uma "aliada" forte que traz consigo a ideia de inclusão. Isto porquê, com a internet muitas plataformas foram criadas, as chamadas redes sociais que tomaram lugar na vida da maioria das pessoas em boa parte do mundo. Facebook, Instagram, Twitter, Spotify, WhatsApp e várias outras. É praticamente impossível encontrar hoje em dia, na maioria dos países, pessoas que não tenham acesso a pelo menos uma dessas plataformas. Elas são práticas, acessíveis e possuem uma metodologiaqueenvolvequem as usa,apossibilidadedeinteragircom pessoasdomundo inteiro, conhecer novas culturas, se relacionar efetivamente, criar vínculos, perceber diferenças e cultiva las. Uma dinâmica comum para os que já nasceram na era tecnológica,os quenão conheceram outrarealidadealémdaatual,inclusiveparaos novos jornalistas que se formam na faculdade já interados das alternativas e "facilidades" que as novas tendências tecnológicas podem oferecer.

Hunt (2010) afirma que vivemos um momento em que o mundo virtual tem peso cada vez mais significativo no mundo real. Em alguns casos, até o molda!

Essa ideia se concretiza a todo instante, afinal, é mais fácil encontrar pessoas dispostas a diálogos virtuais, do que os reais, os palpáveis. Antes, era necessário aguardar dias por uma resposta enviada ao correio, um telegrama, um telefonema, e essa espera fazia parte da rotina dos cidadãos, ela gerava inclusive uma ansiedade saudável, que valorizava o conteúdo esperado. Essa interação provocava um esforço maior e mais

Em contrapartida, o uso datecnologiaabreum lequedeliberdade epossibilidades. Um cidadão conectado se sente livre para expor e espalhar sua opinião como bem entender, assegurado da falta de fiscalização, essas pessoas usam as redes sociais para semear ideias, doutrinas, pensamentos, que até então eram corretos apenas para elas, mas que a partir de sua difusão se torna necessidade de verdade absoluta para eles. Assim, acontecem as perseguições étnicas, religiosas, raciais e tantas outras, que iniciam com a opinião de apenas uma criatura e, logo influencia tantas outras.

43 atraente no que diz respeito a relacionamentos afetivos, inclusive eram mais duradouros, pois a parte de escrever algo e poder rever o que escreveu, dava a chance de consertar ou mesmo apagar o discurso, elemento que evitava algumas incoerências e arrependimentos, afinal, palavras uma vez ditas, não voltam atrás.

Um marketing que tinha tudo para dar bons frutos, aproveitáveis, positivos. Ainda assim, as redes sociais também "escondem" um lado cruel que atinge pessoas, culturas, ideais, e contrariam o direito a liberdade de escolha que todo cidadão possue em lei. O artigo 19° da Declaração dos Direitos Humanos diz que:

A teoria assegura o direito de cada indivíduo em expressar sua opinião resguardado de julgamentos, perseguições e discriminação, mas a prática não exemplifica esse conceito, nunca foi uma realidade totalitária e, isso só se agravou ainda mais com a inserção das redes sociais.

A questão aqui é que com o acesso liberado a maioria, em um local praticamente sem lei , supervisão, checagem de dados e/ou informações, as redes sociais se tornaram armas nas mãosde alguns, jáquenelatodo indivíduo expõeoseu parecersem deimportar com os que pode atingir, afinal, o que vale para ele é a sua opinião, visão, ideologia e, todas as outras que não se adequam ao que ele prega são passivas de julgamento. Uma ideia perigosa que leva a atitudes de intolerância e violência, não podemos esquecer que grandes tragédias derivaram de pensamentos ideológicos que começaram com apenas um

Mas do que nunca, portanto, precisamos desenvolver, proteger, monitorar e renovarconstantementenossareputação.Indivíduosplugados,comtodasessas novas tecnologias ao seu dispor, são capazes de colocar com todas essas novas tecnologias uma reputação em xeque da noite para o dia. E é nesse território que se travará a grande batalha de marketing; é onde se saberá quem estará na liderança e quem ficará para trás. (HUNT, 2010)

Todos têm direito à liberdade de expressão, ninguém pode ser censurado ou discriminado por suas opiniões, todos têm o direito de divulga las.

(MOURA, 2016) 2

Adolfo Hitler precisava de palco, sem este holoforte o “alemão” jamais poderia alcançar todos e tudo o que alcançou. Bem, o palco hoje em dia de muitas pessoas é justamente as redes sociais, através delas os indivíduos adquirem notoriedade e incentivo para espalhar o que bem entenderem, provocando por vezes caos irreversíveis.

A tecnologia desenvolvida na internet parece estar revolucionando a comunicação social e também as relações sociais. Essa tecnologia da informação tem como principal diferencial a extrema rapidez e a vasta amplitude de operações, e neste contexto foi possível aos indivíduos externar seus pensamentos, suas opiniões, suas escolhas, e ao final externar asi próprios nas mais variadas formas no chamado ciberespaço.

Para os Judeus, anunciavam-se os horrores mais extremos, a serem perpetrados por este conquistador que se vangloriava de que seriam os judeus a sus principal vítima. (GILBERT, Martin, 2009).

A "Raça Ariana" como era chamada por Hitler, foi idealizada como a única perfeita, digna, merecedora de direitos e "regalias" e as demais eram consideradas impuras, inferiores. Isso nada mais é do que um pensamento disseminado, sim, um "homem" conseguiu se tornar lider e inserir tais ideias dentro de uma nação, que a partir de então perseguiu, humilhou, matou.

O crescente campo tecnológico também desenvolveu o ciberbullying (assédio virtual) que tem se tornado cada vez mais recorrente e preocupante.

44 indivíduo e de forma massiva se alastrou em grupos que perduram até hoje. Um exemplo desse contexto de ideais é o do nazismo, conceito idealizado por Hitler, disseminado e aceito por milhões, que culminou em uma 2ª guerra mundial e, milhões de assassinatos.

Durante a segunda guerra mundial os discursos de Hitler eram transmitidos de toda maneira possivel, ainda não existiam os conteúdos de massa (as redes sociais), mesmo assim, o Führer como era chamado, propagava sua intolerância a judeus, poloneses, e inúmeros civis que não se “encaixavam” nos padrões estabelecidos por ele. O resultado disso foram as mais de 50 milhões de mortes ocasionadas por Hitler e seu cã; o conflito durou seis anos e é considerado até hoje o confronto mais letal da história, marcando inclusive o acontecimento do holocausto(genocídio de mais de 6 milhões de judeus, durante a segunda guerra mundial).

2 Holocausto foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX, através de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista e que ocorreu em todo o Terceiro Reich e nos territórios ocupados pelos alemães durante a guerra

3 Cyberbullying O termo define práticas de violência que acontecem em ambientes virtuais, como, por exemplo, o caso de Lucas, filho da cantora Walkyria Santos. A falta de compaixão, tolerância e respeito, conforme consta da lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação, são as principais caracteristicas do cyberbullying.

Em abril de 2013, a canadense Rehtaeh Parsons, 17 anos, do estado de Nova Scotia, se enforcou por não suportar o sofrimento causado pelo cyberbullying que sofria. Dois anos antes de tirar a própria vida, Rehtaeh havia sido abusada sexualmente por quatro jovens que fotografaram o episódio e postaram imagens nas redes socais. O assunto rapidamente ganhou os corredores da escola da jovem, onde ela começou a ser xingada e a receber ameaças.

Apesar dos casos acima serem distantes de nossa realidade, de acordo com o IPSOS, Instituto de Pesquisa, o Brasil é o 2° país com mais casos de cyberbullying contra crianças e adolescentes.3 Este dado mostra que o campo das redes sociais, difundido pelas tecnologias, não são seguros, e sim, exigem leis duras que punam os que trabalham de forma ofensiva e criminosa no cyberespaço.

O discurso de ódio, originário do termo inglês hate speech, pode ser definido como conjunto de palavras que tende insultar, intimidar ou assediar pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade, nacionalidade,sexo ou religião ou que tem capacidade de instigar a violência, ódio ou discriminação contra tais pessoas. Ele é o discurso que exprime uma ideia de ódio, desprezo ou intolerância contra determinados grupos, menosprezando os, desqualificando os ou inferiorizando os pelo simples fato de pertencerem àquele determinado grupo, motivado por preceitos ligados à etnia, religião, gênero, deficiencia, orientação sexual, nacionalidade, naturalidade, dentre outros. (MOURA, 2016).

No âmbito ecológico esse discurso também se apresenta. O grande ponto de inflexão do movimento ambientalista ocorre com a constituição de fóruns e redes que têm importância estratégica para ativar, expandir e consolidar o carater multissetorial do ambientalismo. (Jacobi, 2000).

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Outro caso que chamou a atenção foi o da adolescente Rebecca Ann Sedwick, 12 anos, que se suicidou na Flórida, nos EUA, em 2013, depois de passar mais de um ano sofrendo cyberbullying. Rebecca se matou a caminho da escola. Ela pulou da plataforma de uma fábrica de cimento abandonada perto de casa. Mais de 10 meninas foram identificadas como possivelmente envolvidas no assédio à jovem, que começou devido a um relacionamento que a vítima chegou a ter com um colega de classe. Em um aplicativo de bate papo, Rebecca deixou duas mensagens para amigas e mudou seu nome de usuário para "a menina morta".

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Segundo Jacobi (2000) neste cenário a ciência tecnológica pode acessar o lado bom que impulsionou o seu desenvolvimento. Isso porquê, notícias mais apuradas por anônimos pode favorecer o conhecimento dos leigos no que diz respeito ao que está acontecendo no campo ambiental e assim juntar foças, levantar bandeiras e difundir ações de combate os desastres ecológicos. As redes se increvem numa lógica que demanda articulações e solidariedade, definição de objetivos comuns e redução de atritos e conflitos baseados numa acumulação diruptiva de problemas, considerando as características complexas e heterogêneas da sociedade.

Na era da tecnologia aliar as ferramentas disponíveis na internet com as finalidades mais importantes da empresa é um diferencial de mercado, cujo potencial cresce a cada dia. Muito além do marketing, essas ferramentas buscam atingir públicos dos mais diferentes perfis, levando informação e imagem a eles com a facilidade de um clique. Assim, além dos produtos e serviços ofertados, as redes sociais e demais ferramentas virtuais estão levando ao consumidor posicionamentos relacionados a sustentabilidade e conscientização, tanto no ponto de vista do marketing quanto do meio (DOMENESambiente. et al., 2012).

E esse posicionamento é fundamental para o desenvolvimento de novas políticas, leis e fiscalização. O governo trabalha para a sociedade, desta maneira é direito da nação exigir que as competências sejam articuladas e exercidas com eficácia para a preservação da vida humana e ambiental.

Zerar os impactos das indústrias de consumo é algo inalcansável. Contudo, essa certeza não deve de maneira alguma servir de impedimento para que as empresas buscam novas alternativas, novos conteúdos, novos ambientes. Até porque, se as diretrizes continuarem seguindo a exploração desenfreada do recursos ambientais, sem visarem outras possibilidades, em algum momento, esses recursos se tornarão escassos, levando ao aumento das despesas empresariais, ou na pior das hipóteses, os recursos naturais podem acabar defintivamente. Portanto, entendemos que a revisão de conceitos

ParaDomenes etal., (2012)sustentabilidadepodeserentendidacomoautilização de recursos naturais de maneira consciente, de modo que preocupação com a preservação ambiental e a busca por meios para a reposição desses recursos seja inserida nessa realidade.Ainda

assim, entender e se conscientizar sobre a maneira como o modelo vivido porcadasociedadeéoqueimpactanosresultados negativosecológicos,éumpapeldifícil para as diretrizes, que a princípio devem assumir a sua parcela de culpa e principalmente aceitar incorporar outras medidas que agridam menos o meio ambiente.

Imagem: Reprodução

exploráveis precisam ser expandidos, senão por consciência ecológica, então por receio de falência futura.

Evento conhecido como haboob, palavra árabe que na tradução livre significa “destruidor que se arrasta”, foi visto nos últimos meses em ao menos quatro regiões do país. Várias cidades de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Maranhão, registraram o fenômeno de terra e areia e poeira.

Figura 5 Tempestade de areia na cidade de Franca, interior paulista, no início de outubro

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A desertificação é um processo que facilita com que as tempestades e seus fortes ventos arrastem areia e poeira. Ela ocorre quando a camada natural de proteção do solo, formada por matéria orgânica, florestas e mata, é retirada, deixando a terra exposta. Sem

As chuvas voltaram, e as tempestades refluíram. mas deixaram cicatrizes profundas. Ao menos quatro mortes em São Paulo foram atribuídas às ondas que escureceram o céu nas áreas atingidas: sem visibilidade, três pessoas morreram queimadas ao tentar combater um incêndio em Santo Antônio do Arancaguá, e uma faleceu após os ventos fortes derrubarem um muro em Tupã. Estas tempestades, comuns em zonas secas e do semiárido brasileiro, têm relação com a devastação ambiental em curso no país, e também contam com a ajuda de outro fenômeno nocivo, segundo especialistas: a desertificação do solo.

Além dos obstáculos, como a consciência restrita da necessidade ambiental, é preciso também destacar as diferenças sociais e as desigualdades econômicas, além das diferenças culturais das diversas partes do mundo. Esses fatores geram consequências quando há o debate das questões ambientais, apesar de ser uma grande evolução que esses debates aconteçam, tornando as mudanças possíveis, a questão da sustentabilidade nessa variedade de leituras pode levar a uma demora na tomada de importantes decisões para o planeta. (DOMENES et al., 2012).

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A exposição desses fatores e suas causas é o que pode sugestionar a opinião pública sobre a sua conduta de consumo, preservação, responsabilidade social e ambiental. Desta maneira, o uso das redes sociais para motivar mudanças comportamentais é de essencial importância. Tanto é assim, que hoje em dia muitas notícias chegam antes no whatsapp, facebook, twitter e instagram, do que nos próprios jornais. Há pontos positivos quando se trata de empenhar um discurso espelhado de quem vive aquele acontecimento diariamente. É por meio destas plataformas digitais que mobilizações populares conseguem transceder limites geográficos. Por causa do ciberespaço conseguimos compreender o relato real de pessoas que não apenas presenciam, mas vivem os acontecimentos.

Num sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável está relacionada as relações entre sociedade humana e natureza, entre exploração dos recursos de maneira restrita e as consequências dessa exploração, como a geração de resíduos e contaminantes. Essa relação está diretamente ligada aos padrões de consumo, que determinam a necessidade do uso de recursos. Contudo, é preciso definir limites ás possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de iniciativas de uma política de desenvolvimento para uma sociedade (DOMENESsustentável.etal.,2012).

esta camada o solo fica muito ressecado, perde capacidade de absorver água, fica quebradiço epoeirento. Acontecimentos como esses expõem afragilidade doecossistema em meio a todo o abuso humano que o meio ambiente sofre diariamente. E esses eventos tendem intensificar nos próximos dias, meses, anos, em resposta a toda ação descontrolada que cada individuo exerce.

Um exemplo cultural específico no Brasil, é o movimento indígena, que há anos luta pela preservação da natureza e pela demarcação de terras, o grupo encontrou também nas mídias sociais uma parceira para suas reivindicações.

Lideranças presentes nas redes sociais como Tukumã Pataxó, o estudante de 21 anos produz conteúdos onde explica a cultura indígena, fala sobre ancestralidade e se coloca a diposição para tirar dúvidas sobre os índios. É uma forma de permitir que as pessoas de “fora” interajam com essa parte da sociedade, muitas vezes tão isolada e negligenciada.

Tukumã é também um dos colaboradores do Mídia Índia. “Somos uma das maiores redes de comunicação indígena do Brasil. Nós acompanhamos, expomos e divulgamos notícias do mundo todo voltadas às questões indígenas”, explica.

Ainda assim, o uso da tecnologia também vira motivo para alimentar preconceitos contra indígenas. Há aqueles que acreditam que os índigenas que têm acesso à tecnologia não são “índios de verdade”. Em comentário nas redes sociais de Tukumã, um seguidor diz: “Índio blogueiro? Ai, meu deus, onde que o mundo vai parar?”. O jovem conta que prefere não responder os comentários negativos. “Não adianta discutir. As pessoas não querem aprender, elas querem perpetuar o ódio mesmo”, lamenta.

De que outra forma poderíamos conhecer a fundo a cultura indígena e as dificuldades que cada índio enfrenta se não for através de um personagem inserido na realidade? E por que as novas tecnologias deveriam ser negadas à eles? Por que o centro urbano pode se desenvolver e o rural não? Perguntas irónicas, se levarmos em conta que o desenvolvimento urbano se dá principlamente por causa dos recursos rurais.

Em resumo, a tecnologia trabalha aliada com o jornalismo, principlamente o ambiental. Apesar do ciberespaço por vezes se tornar perigoso, quando exercitado por pessoas despreparadas; em sua grande maioria, creio que a intenção dos que se manifestam é para informar, conscientizar, buscar aliados, com o intuído de promover mudanças panorâmicas para um bem maior, visando a preservação do planeta.

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Não são todas as comunidades indígenas que têm acesso à internet, mas as que têm usam para disseminar sua luta, sua cultura, sua história e trajetória. Exemplo disso foi a execução do Acampamento Terra Livre (ATL) no ano de 2020. O evento é organizado anualmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e busca fortalecer a luta e a resistência dos povos indígenas de todo o país. No ano passado, os cinco dias de ATL ocorreram de forma remota.

A realidade atual exige uma reflexão dos saberes e das práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias diante da questão ambiental. A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. A complexidade desse processo de transformação de um planeta, não apenas crescentemente

Tanto é assim, que muitas personalidades, anônimas e famosas usam de sua influênciaparadisseminarnascomunidadesvirtuaiscausasdeconscientizaçãoambiental.

Multiplicar as práticas sociais, o acesso à informação e a educação ambiental, são práticas que permitem a transparência na administração dos problemas ambientais. Além das organizações não governamentais, é também de interesse público a difusão de informações sobre o meio ambiente, mesmo que estas envolvem iniciativas do governo ou empresas privadas, uma vez que o meio ambiente é um bem comum. (DOMENES et al., 2012).

Já a modelo Gisele Bündchen é tão engajada em movimentos ambientais, que em 2009 foi nomeada embaixadora da ONU para o Programa de Meio Ambiente. O projeto usa a influência da top model para alertar os cidadãos sobre o problema do Aquecimento

Esse contexto, aponta para os deveres de cada indivíduo quanto ao seu habit e também aos dos demais seres vivos. Cada vez é mais comum a presença de animais

50 ameaçado, mas também diretamente afetado pelos riscos socioambientais e seus danos, é cada vez mais notória. (DOMENES et al., 2012)

Segundo Torresi (2010) o meio ambiente deve ser um cuidado de todos com tudo. Os cidadãos devem estar permanentemente alertas para os perigos das ações mais inocentes que são realizadas no meio ambiente. A implementação de ações sustentáveis envolve atos e ações simples como ir a um supermercado, o uso racional de água nas residências, a manipulação adequada do lixo etc., mas deve envolver também atitudes radicais quanto ao consumismo exagerado.

como Leonardo DiCáprio, Kevin Costner, Bono Vox, Arnold Schwarzenegger, Isabel Fillardis, Matt Damon, e vários outros, também levantam a bandeira de conservação, prevenção e cuidado com o meio ambiente. A maioria usa os perfis nas redes sociais para promover campanhas de conscientização ecológica

Global.Nomes

9. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Sem dúvida, toda sociedade tem direito e necessidade de desenvolvimento, sejam tecnológicos, comerciais, políticos, governamentais e claro, ambiental. Mas, o desenvolvimento de uma nação não pode ser a custas do bem estar ecológico, uma vez que esse é o principal fator do desenvolvimento.

Dentre as personalidades envolvidas com movimentos ambientais temos: Marcos Palmeira, fundador da ONG “Uma Gota no Oceano”, que busca conscientizar o público sobre a preservação da biodiversidade; Maria Gadú, a jovem costuma fazer shows em prol de causas ambientais, principalmente no que diz respeito aos povos indígenas e a preservação da Amazônia;

A manutenção do meio ambiente deve ser algo imerso nas preocupações de desenvolvimento de uma política, porém, essa preocupação não deve ser de apenas um cidadão ou um governo, mas sim, de toda a nação.

Muitos destes incêndios que antecedem tragédias ambientais, estão ligados a imprudênciaefaltadefiscalização.Amaioriados atosdequeimadas,sãoilegais. Atitudes como estas geram impactos irreversíveis tanto para a fauna e flora, quanto para a própria vidahumana,masmudançaalgumapodeserfeita,senãohouveressaconsciênciainserida em cada pessoa. Os animais, as florestas, o meio ambiente, são propriedades de todos e, por sua vez, responsabilidade de todos, isso implica, que não basta a ação de um ou outro para a preservação do que é de todos.

O fato de o homem ser juridicamente capaz de assumir deveres em contraposição a seus direitos, e inclusive de possuir deveres em relação aos animais, não pode servir de argumento para negar que os animais possam ser sujeitos de direito. É justamente o fato dos animais serem objeto de nossos deveres que os fazem sujeitos de direito, que devem ser tutelados pelos homens. (DIAS, 2006).

É comum ouvir pessoas reclamando da aparição destes bichos em suas comunidades, comércios, residências. A atitude de expulsar estes animais é a mais recorrente entre os cidadãos, mas, dificilmente se encontra alguém preocupado em entender o que levou esses seres silvestres a sairem de seu confortável e seguro habitat e percorrer as ruas das cidades, colocando suas vidas em risco.

Se cotejarmos os direitos de uma pessoa humana com os direitos do animal como indivíduo ou espécie, constatamos que ambos tem direito à defesa de seus direitos essenciais, tais como o direito à vida, ao livre desenvolvimento de sua espécie, da integridade de seu organismo e de seu corpo, bem como o direito ao não sofrimento. Sob o ponto de vista ético e científico fácil justificar a personalidade do animal. (DIAS, 2006)

Entre 2020 e 2021 eventos marcaram destruição em diversas áreas silvestres do país, culminando na morte de milhões de animais e degradação das planícies ambientais.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil já registra o maior número de queimadas em áreas de Mata Atlântica dos últimos 15 anos. Ainda de acordo com levantamentos do INPE a Amazônia registrou 28.060 focos de queimadas em agosto de 2021, entre as regiões mais prejudicadas, está a Caatinga, onde o aumento no período deste ano ultrapassa mais de 100% em comparação ao ano anterior Em 2020, os registros até novembro foram de mais de 40 mil km² de devastação. Totalizando 30% do bioma devastado pelo fogo.

Comportamentos moldam acontecimentos. Esse conceito desenha os cenários tanto antigos, como atuais. Segundo dados da ONU, atualmente, o planeta conta com

51 silvestres nos centros urbanos, essa visão peculiar aponta para o quão grave tem sido a condução dos seres humanos quanto a natureza.

quase 8 bilhões de habitantes, e a estimativa é de que a população mundial deverá aumentar em 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, passando de 7,7 bilhões para 9,7 bilhões em 2050, e, pode chegar a cerca de 11 bilhões em 2100. O crescimento extraordináriopopulacional sedeuapartirdaRevolução Industrial (século XVII),edesde então só tem se expandido cada ano mais.

Nos anos sessenta, diante da constatação do significativo aumento do ritmo de crescimento demográfico nos países subdesenvolvidos, houve generalizada preocupação com tal situação, principalmente de parte da opinião pública e governos do Primeiro Mundo e dos organismos internacionais. Afirmava se que, ao contrário do ocorrido nos países desenvolvidos, não haveria porquê esperar nos países pobres um declínio natural da fecundidade que viesse diminuir as taxas de crescimento populacional. Nesses países, não se completaria a transição demográfica! Haveria a chamada explosão populacional, que impediria o desenvolvimento e causaria, mais cedo ou mais tarde, sérios problemas sociais e econômicos internos e colocaria em risco a própria ordem internacional. Propugnava se, então, por políticas oficiais de controle da natalidade, como única forma de se evitar o rápido crescimento da população e, conseqüentemente, possibilitar aos países subdesenvolvidos romper o círculo vicioso da pobreza. (CARVALHO, 2004).

A humanidade está traçando um caminho sem volta. Os dados deste trabalho não são novos, os alertas da ONU tampouco são recentes. Vozes se levantaram para clamar por socorro, mas o que está por vir é uma onda que arrastará consigo bons e maus, pois infelizmente, a ação dos maus não afetam apenas a si mesmos, mas todos ao seu redor.

A preocupação pelo crescimento da população mundial está ligada justamente as incertezas de como alimentar, sustentar, manter e cuidar de tantas pessoas. O consumo descontrolado é o que causa boa parte dos problemas ecossistêmicos, assim como, a desiguldade entre os seres.

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“Este crescimento tão drástico é devido ao aumento do número de pessoas que sobrevivem até chegar à idade reprodutiva e está acompanhado de mudanças nas taxas de fertilidade. Estas tendências terão repercussões importantes para as gerações futuras”, alerta a ONU.

Para Hogan (1993) a discussão de capacidade de suporte de distintos ecossistemas dentro do território nacional pode contribuir para uma avaliação dos ganhos e perdas envolvidos em uma política de desenvolvimento. A grande diversidade regional aponta para a necessidade para um planejamento local específico. Ao mesmo tempo, uma análise

Alinhar este percurso não é tarefa fácil. Afinal, os recursos naturias estão se esgotando, o ser humano está cada dia mais consumista e egoísta, o alicerce de uma sociedade começa com a união dela, mas o quadro do momento tem sido o pensamento individual, que fere os direitos da maioria e impossibilita uma reação da natureza.

A intensão da Conferência não foi de gerar outro acordo, mas sim, de reorientar os países sobre as questões já levantadas nos encontros anteriores, entre eles, a redução dos gaese de efeito estufa.

A pauta mais discutida foi a do clima, segundo a Onu, a década passada foi a mais quente já registrada, e os governos concordam que é necessária ação conjunta dos países, urgentemente.Valeressaltar que a COP26 estava prevista para ocorrer em 2020, porém, foi adiada devido a COVID 19.

A Conferência sobre Mudanças Climárticas da Onu ocorre anualmente, (exceto 2020, por causa da pandemia do coronavírus). Nestas reuniões, cada potência apresenta relatórios para mostrar se conseguiram ou não aplicar resoluções estabelecidas no encontroAanterior.maioriados países aderiram ao Acordo de Paris sobre Mudança Climática, que tem como objetivo a manutenção da temperatura global em 1,5 °C acima dos níveis da erapréindustrial.Contudo,seasnaçõesseguirem oatualniveldeemissõesqueprovocam a mudança climática, as temperaturas não poderão ser controladas e, seguirão subindo além de 1,5 °C, de forma a ameaçar a sobrevivência de toda vida do planeta.

9.1 COP26 Conferência das Partes

Em 2021 aconteceu a 26° Conferência sobre Mudanças Climáticas da Onu. O Evento foi sediado pela Escócia e contou com a presença de líderes de várias partes do mundo. A reunião sucedeu em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro.

53 dos determinantes e das conseqüências ambientais dos componentes do crescimento populacional permite separar os fatores significativos com respeito a problemas específicos, e oferece uma base mais objetiva para a formulação de políticas.

Para Bernardy (2011) O Brasil é um dos países que podem ser duramente atingidos pelos efeitos adversos das mudanças climáticas futuras, já que tem uma economia fortementedependentederecursosnaturaisdiretamenteligadosaoclimanaagricultura e na geração de energia hidroelétrica.

Essa discusão do Acordo de Paris tem sido pauta há anos nos eventos da Onu, ainda assim, pouco foi feito a respeito. E segundo a Organização das Nações Unidas, se algo funcional não for feito urgentemente, esse aquecimento levaria a uma “catástrofe climática”. O efeito é “um possível colapso dos ecossistemas e da vida tal como a conhecemos hoje”, afirma o secretário geral da ONU.

Os incêndios de causa humana, normalmente durante a estação seca, encontram as condições propícias como vegetação seca, umidade relativa baixa, ventos fortes e então geralmente provocam incêndios de grandes magnitudes. As queimadas além de liberar uma enorme quantidade de fumaça e partículas, aumentando o teor de gás carbônico na atmosfera e ameaçando a saúde da população, pode trazer prejuízos imensos e duradouros para as florestas atingidas. Como consequência da queimada estão a degradação do solo, que altera as características físicas, químicas e biológicas de todo o ecossistema, o empobrecimento do solo causado pela eliminação dos microorganismos essenciais para a fertilização que alteram os nutrientes, como o cálcio, enxofre e potássio. (BERNARDY, 2011).

Diversas áreas do globo já estão seriamente impactadas pelos desastres naturais, como a região sul brasileira, principalmente disparados por fenômenos atmosféricos extremos, representados em sua maioria por tempestades severas, mas nem sempre esses desastres são causadas pela ação humana, esses desastres fazem parte da geodinâmica terrestre, sendo responsáveis pela formação do relevo, manutenção dos ecossistemas, abastecimento de fontes hídricas naturais.

Governos e formuladores de políticas podem ordenar mudanças e novas abordagens para o desenvolvimento, podem começar a melhorar as condições de convívio do mundo, mas tudo isso não passa de soluções de curto prazo, a menos que a

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Referência de marco histórico ambiental, sem dúvida, está ligada a Conferência deEstocolmo,que aconteceuem 1975na cidadede Belgrado.Entretanto,pouco se estuda sobre o acontecimento no âmbito escolar. O tema não é abordado nas escolas, palestras, seminários. Como esperar que a juventude se intere dos fatos que afetam direta ou indiretamente a sua sobrevivência, se esses jovens não são alertados, conscientizados de tais movimentos? A educação ambiental deveria ser matéria primordial nos colégios e faculdades, independente do curso elegido, é importante que os cidadãos saibam que todos os cenários; políticos, comerciais, sociais, são derivados da manutenção realizada ou não no ecossistema. A Carta de Belgrado 1975 afirmou textualmente:

Esses incêndios sim abrangem territórios enormes e desmatam territórios e a vida selvagem, além da contaminação do solo e do ar.

O que se discute é o aumento e recorrências destes eventos que levam a consequências por vezes irreparáveis. As secas também são consideradas naturais, há estações que são menos chuvosas que outras, e consequentemente propiciam maiores oportunidades de desastres naturais, como as queimadas. Ainda assim, essas queimadas ocasionadas pela seca, não costumam alcançar grandes porpoções, já as intencionais sim.

Vários criminosos aproveitam o tempo seco para ocasionar queimadas ilegais.

Ainda segundo o autor

Alguns fenômenos são considerados naturais, como o efeito estufa, por exemplo.

Ambiental se faz urgente, sobretudo no atual quadro de desordem e desequilíbrio ambiental. Talvez ainda haja esperança de um futuro diferente, mas para isso, é necessário a compreensão de colocar em prática atitudes diferentes.

Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem consciência do meio ambiente global e ajudar lhes a sensibilizarem se por essas questões;b)Conhecimento:

ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemasc)Comportamento:anexos;

Essa contextualização leva ao pensamento de que toda mudança está ligada a educação que os indivíduos recebem sobre o assunto. O caminho da conscientização, transformação, preocupação e senso de responsabilidade, é traçado já nas paredes das escolas, que trabalham com o futuro não apenas de alunos, mas da humanidade.

Outro importante evento foi o da Conferência Intergovernamental de Tbilisi e a Educação Ambiental. Ocorrida em 1977, na Geórgia, ex União Soviética (URSS), entre os dias 14 a 26 de outubro, o acontecimento discutiu questões voltados especialmente à Educação Ambiental. EstaConferênciaaconteceu da uniãoentreaUNESCOeaPNUMA e, é considerada a mais importante Conferência sobre Educação Ambiental a nível intergovernamental. Reunindo 150 países, sem a presença do Brasil.

juventude mundial receba um novo tipo de educação. Esta implicará um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escolas e comunidades, e entre o sistema educacional e a sociedade em geral.

ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem se com uma série de valores, e asentirem interesse e preocupação pelo meio ambiente, motivando os de tal modo que possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio d)Habilidades:ambiente;ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais; e)Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de participarem ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas ambientais.AEducação

O evento em Tbilisi apontou 41 recomendações sobre a educação ambiental a nível mundial, dentre elas:

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É imprescindível citar o maior protagonista dos anos de 2020 e 2021, o Covid 19. A pandemia do coronavírus mudou drasticamente a rotina do mundo inteiro. Um cenário de terror e incerteza pairou inclusive nas maiores potências mundiais, e até mesmo para aquelas Nações já aconstumadas a lidar com doenças, epidemias, catástrofes.

Diante do exposto, nota se que foram várias as mudanças nos diversos âmbitos provocadaspelapandemia,como,tratando sedoambiental,afalsaideiainicial de recuperação natural de locais degradados, os ataques às políticas ambientais de maneira consentânea e o crescente desmatamento na Amazônia se mostram como exemplo de mudanças preocupantes. Além disso, foram evidenciados problemas já existentes, como a gestão falha dos recursos naturais, princípios econômicos acima dos princípios sustentáveis e a ínfima educação ambiental da população acompanhada da falta de conscientização. A situação oportuna causada pela pandemia do novo coronavírus inevitavelmente mostrou que a sistematização atual e predominante da sociedade é integralizada de falhas sociais, econômicas e ambientais. (SOUZA, 2020)

De acordo com último levantamento feito em 30 de agosto de 2021, pela AFP o mundo já totaliza mais de 4,5 milhões de mortos desde o início da pandemia. Também com base no relatório, hoje, acontecem 10.000 óbitos todos os dias. Os países com maior indíce de morte são os EUA com mais de 773.00 casos, o Brasil com 613.066 mortes, e a India que ocupa o terceiro lugar do ranking, com 466.584 óbitos.

10. PANDEMIA X MEIO AMBIENTE

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Bernardy (2011) ressalta que dessa forma acredita se que é pelo processo de ensino que o homem adquire autonomia, e é o meio pelo qual ele vai buscar o conhecimento, entender o seu papel na sociedade e perceber a Educação Ambiental como processo contínuoquevisaformarumaconsciênciaecológicaem cadacidadãobem como sua atuação, reflexão e devida aplicação dos conceitos e preceitos dessa educação no dia a dia respectivamente.

O assunto da pandemia tomou os principais focos desde sua aparição, na China, em 2019. E sim, o fator da doença precisa de atenção, afinal, são milhões de mortes no mundo inteiro, ainda assim, não podemos esquecer dos demais assuntos que também requer atenção, e um deles, é o ambiental.

Não é atípico falar de vírus, contaminações, doenças infectocontagiosas e mortes em massa pelo mundo, na verdade, esses casos sempre existiram, talvez até em maior escala. Contudo, a pandemia da Covid 19 trouxe comoção simultânea no planeta terra. Todos os países sofreram com casos da doença, alguns de forma mais implacável, , todas as potências experimentaram do panorama epidêmico.

Muito se especulou sobre a origem do coronavírus nos primeiros meses de pesquisas, ainda não se tem uma conclusão do teor do vírus, mesmo assim, é importante citarinterações do serhumanocom omeioambiente,quetalvezpossadarumanovavisão sobre oAassunto.aproximação dos seres selvagens com humanos pode trazer doenças, infecções e patologias. Por vezes, os rebanhos se tornam receptores dessas zoonoses e consequentemente transmissores. A medida que o seres humanos convivem com os animais silvestres, mais probabilidade de desenvolver enfermidades, e contrair virus que mais tarde se tornam epidemias. Essa relação com a selva é resultado da invasão dos indivíduosnohabitatdestesanimais,quandoárvoressãoderrubadas,florestasqueimadas, desmatadas, enfim, o panorama ambiental desses bichos vai diminuindo pouco a pouco, de acordo com o nível de exploração daquela área, resultando no desabrigo de espécies, quenaintençãodesalvarsuasvidasbuscamambientesseguros,eessesambientesacabam por vezes, culminando nos centros urbanos, cidades, vilas, fazendas, etc. 4

Segundo a ONU, cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais.Exemplos como, gripe aviária, o vírus Zika, e agora, o coronavírus. Todos tem ligação com a atividade humana. O surto de Ebola na África Ocidental é resultado de perdas florestais que obrigaram a vida selvagem a se aproximar dos territórios humanos; já a gripe Aviária está relacionada com à criação intensiva de aves. Casos provenientes das ações humanas na sociedade.

44 A definição clássica de zoonoses é a de doenças que são transmitidas de animais para humanos, ou de humanos para os animais.A transmissão pode ocorrer de forma direta, principalmente através do contato com secreções (saliva, sangue, urina, fezes) ou contato físico, como arranhaduras ou mordeduras. De forma indireta, pode acontecer por meio de vetores como mosquitos e pulgas, por contato indireto com secreções, pelo consumo de alimento contaminado com o agente (viral, bacteriano, fúngico ou parasitário), entre outras.Aresistência antimicrobiana (RAM) põe em risco a eficácia da prevenção e do tratamento de um número cada vez maior de infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas.

A RAM ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações quando expostos a antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti helmínticos, por exemplo). Os microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos são conhecidos como ultrarresistentes.

Figura 6 Quais fatores favorecem o surgimento de doenças zoonóticas?

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A pandemia, em suma, é negativa, porém, a partir dela podemos retirar pontos de reflexão para nosso desenvolvimento. Ela trouxe visibilidade a vários problemas sociais e ambientais e, com isso, podemos repensar nosso estilo de vida, nosso consumo, nossas relações e, inclusive, nossos privilégios. Se houver verdadeiro êxito em mudanças comportamentais generalizadas, podemos, em breve, presenciar revoluções benéficas para a vida na Terra, como por exemplo, uma revolução verde, que seria a redução geral do uso de combustíveis fósseis. Dessa forma, precisaremos buscar alternativas de recuperação da economia que tenham por objetivo o mínimo impacto ambiental possível, por exemplo, reduzir e limitar a emissão de gases. (SANTOS, 2020)

Imagem:PNUMA

O contato humano com o animal, seja direta ou indiretamente, pode provocar reações de natureza desconhecida e, ocasionar problemas de saúde, assim como, financeiros, e sociais. “Nunca tivemos tantas oportunidades para as doenças passarem de animais selvagens e domésticos para pessoas”, disse a diretora executiva do PNUMA, Inger MedidasAndersen.emergencias, com envolvimento de todas as comunidades, autoridades, países, indivíduos, é a saída mais relevante para tentar evitar um colapso ainda maior no campo da biodiversidade.

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A crise do coronavírus é apenas a ponta do iceberg, ela veio para dar um susto no planeta, alertandomaisumavez,(pois,váriosoutrosalertasforam etêmsidolançadosháséculos), para um declínio ambiental, que já não sabe mais como se manifestar.

59 11.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ser humano tende a tomar decisões de combate e não de prevenção. A maior parte dos conflitos que a humanidade já enfrentou podiam ter sido evitados, ou pelo menosminimizados. Os assuntos relevantes não formamparte da preocupação da maioria deste planeta, as pessoas aprendem desde cedo a se importar com o que vai estudar, a faculdadequefará,oempregoquevai conseguir,e osbensqueserãoconquistadosatravés doseutrabalho.Carros, casas,viagens,boaposiçãoempresarial,dinheiroe maisdinheiro, este é o pensamento de grande parte daqueles que integram uma sociedade.

Ao longo dos séculos o consumo de carne aumentou, a exploração de áreas florestais de forma ilícita também, assim como, o desejo material por carros cada vez mais potentes( e que por sua vez emitem mais gases poluentes), a busca dos empresários em aumentar o seu capital, expandir suas franquias, lucrar cada vez mais( a custa do meio ambiente). Essa busca nunca terá fim, pois vivemos em uma sociedade que trabalha para ter e para ser (rico, poderoso, possuidor de bens), e sua ambição será cada vez maior, pois a questão da obscolecência programada faz o papel de induzir essas pessoas a procurarem sempre o atual, o mais moderno, o mais caro, a tendência, a moda. Isso conduz a uma sociedade de consumo. Bauman (2008, p. 71), ressalta que esta sociedade de consumo “representa o tipo de sociedade que promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo

A humanidade está traçando um caminho sem volta. Os dados deste trabalho não são novos, os alertas da ONU tampouco são recentes. Vozes se levantaram para clamar por socorro, mas o que está por vir é uma onda que arrastará consigo bons e maus, pois infelizmente, a ação dos maus não afeta apenas a si mesmos, mas todos ao seu redor.

Somos levados por um governo capitalista que não hesita em vender metade do país aos estrangeiros, se com isso, puder lucrar e encher não os cofres públicos, mas sim, os seus próprios cofres. Com isso, os governos trabalham para não educar os cidadãos sobre os assuntos que afetam a vida da sociedade a curto e a longo prazo, como é o caso dos temas ambientais. A verdade, é que poucos estão familiarizados com os problemas que cercam as crises ecológicas. Os programas televisivos não se ocupam de educar os telespectadores sobre o meio ambiente, a escola tampouco faz esse papel, e as políticas torcem é para que os cidadãos não saibam e principalmente, não compreendam os desastres ambientais que acontecem todos os dias, bem embaixo dos nossos narizes.

Repensemos nossas atitudes, a obrigação de cuidar do planeta não pode ser delegada, cada indivíduo deve assumir a sua parcela de culpa na degradação do ecossistema, e colocar se a disposição como cidadão que gasta diariamente matérias primas que propiciam o bem estar físico e material de cada pessoa.

Oautoraindadestacaque “nasociedadedeconsumidores, ninguém podesetornar sujeito sem primeiro virar mercadoria” (BAUMAN, 2008, p. 20).

60 de vida e uma estratégia existencial consumista, e rejeita todas as opções culturais alternativas”.

Pequenas ações como economia de água (fechar a torneira enquanto escova os dentes, ou o chuveiro no momento de se ensabuar); optar por ir ao trabalho de bicicleta e não decarro(certamenteparaquem percorrepequenos caminhos, ouso alternativoda bike ajudará não apenas ao meio ambiente, mas também diminuirá o stress devido ao trânsito caótico que as grandes cidades ocasionam), reciclagem do lixo, enfim. É importante que não desprezemos os pequenos começos, seguramente temos uma grande jornada pela frente,cheiadeincertezas,sacrifícios,eajustes,alémdanecessidadedeempenhodetodas as nações, mas, tal modelo de reeducação se faz emergencial na luta pela sobrevivência das espécies.

Todos nós somos mercadoria, e nos empenhamos dia e noite para conquistar outras mercadorias diferentes das que representamos, ou temos. Neste afinco por coisas materiais que se tornam “velhas” assim que deixam a loja, ou mesmo a caixa de embalagem, é onde o meio ambiente se torna vítima principal, uma vez que, é através dos seus recursos naturais que a maioria (para não dizer todas) dos objetos de consumo são retirados.Édificil deixarhábitos, reeducar umanação,um planetainteiro, mas esta éa única opção funcional para frear as ações descontroladas que atingem o meio ambiente, digo isso, pois é possível que tal reeducação possa salvar o planeta terra e assegurar o futuro das gerações, se não houver esse freamento agora, em outro momento ocorrerá, mas não por alternativa e sim pela falta dela.

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