Isto é Várzea - 8½ Produções

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Universidade Cruzeiro do Sul Rádio, TV e Internet

Breno Menezes de Macedo Gabriel Nunes Nogueira Gustavo Galvão Yuri Rozendo Monteiro

Isto é Várzea Documentário

São Paulo 2022


Breno Menezes de Macedo Gabriel Nunes Nogueira Gustavo Galvão Yuri Rozendo Monteiro

RGM: 2114286-6 RGM: 2043716-1 RGM: 2122144-8 RGM: 2084834-0

Isto é Várzea Documentário

Trabalho de Curso apresentado à Universidade Cruzeiro do Sul, do curso Rádio, TV e Internet para banca de qualificação do projeto. Orientador: Henrique

São Paulo 2022

Me.

Alexandre


Folha de Qualificação Projeto aprovado em ___/___/____ pela banca de qualificação do projeto de Rádio, TV e Internet.

Banca Examinadora do Projeto

Orientador Me. Alexandre Henrique


Dedicamos este trabalho aos torcedores que se definem apaixonados por suas equipes e todos os amantes de esporte, seja ele amador ou profissional


“A prática do futebol de várzea aparece como um fenômeno que resistiu, e ainda resiste às fortes tentativas de segregação e exclusão da elite.” Rafael Fermino Beverari


Agradecimentos Expressamos nossa gratidão ao orientador Alexandre Henrique, que nos guiou e indicou o melhor caminho para percorrer. Também agradecemos aos torcedores e diretores dos times Marcone FC, Vem Ki Tem FC e Danúbio Azul FC pela atenção e disposição para contribuir diretamente com o documentário. E finalmente, agradecemos a psicóloga Laura Domingues, pela disponibilidade e contribuição vital para a obra.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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1.0 A Produtora 1.2. Escolha do Nome 1.3. Logo da Produtora 1.4. Missão, Visão e Valores 1.5. Carômetro 1.6. Organograma 1.7. Portfolio

10 10 10 11 12 16 17

2.0 Fundamentação Teórica 2.1 Fundamentação Teórica do Gênero 19 2.1.1 O Documentário 2.1.2 Os Modos de Documentário 2.2 Fundamentação Teórica do Tema 2.2.1 O Futebol 2.2.2 O Futebol no Brasil 2.2.3 O Futebol de várzea 2.2.4 Os Times Amadores 2.2.5 As Torcidas 2.2.6 A Paixão e o Fanatismo

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3.0 O Projeto Isto é Várzea 3.1 Explicação do Título 3.1 Sinopse 3.3 Objetivo Geral 3.4 Objetivos Específicos 3.5 Argumento ou Descrição do Formato 3.5.1 Visão Original 3.5.2 A Proposta 3.5.3 Eleição e Descrição dos Objetos 3.5.4 Eleição, Justificativa e Simulação das estratégias de abordagem 3.5.5 Sugestão de Estrutura 3.6 Público Alvo 3.7 Veiculação ou Distribuição 3.8 Classificação Indicativa

33 33 34 34 34 34 34 35 36 37 39 41 42 43

4.0 Referências Estéticas e Sonoras

43

5.0 Justificativa

47

6.0 Desenho de Produção 6.1 Plano de Produção 6Error! Bookmark not defined.Pré-Produção

49 49 49

19 23 24 24 26 27 28 29 31


6.1.1.1 O Processo 6.1.1.2 Equipe e Gravações 6.1.1.3 Abordagem 6.1.2 Produção 6.1.2.1 Equipamentos 6.1.2.2 Equipe e Planejamentos 6.1.3 Pós-produção 6.2 Cronograma de Atividades Desenvolvidas 7.0 Orçamento 7.1 Orçamento Previsto 8.0 Comercialização 8.1 Campanhas para Divulgação 8.2 Receitas Considerações Parciais Referências Bibliográficas Argumento Plano de Captação Anexos

49 50 50 50 51 51 52 52 56 56 57 58 58 59 62 64 65 66


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INTRODUÇÃO Para a realização deste projeto, a produtora 8½ Produções se uniu para abordar um tema de interesse comum aos integrantes e que procure ter relevância social e transmita sensações boas ao espectador. Após debates e pesquisas, definiu-se que seria abordado a paixão dos torcedores de clubes de futebol amador e um documentário seria perfeito para tal tema. Bill Nichols é a grande referência base do projeto para o entendimento e a produção do documentário, porém nos baseamos em João Moreira Salles, renomado documentarista brasileiro, para buscar uma fórmula de apresentação do tema. “A fórmula tradicional do documentário pode ser resumida a eu falo sobre você para eles. Existe o documentarista, eu, existe o personagem, você, e existem eles, os espectadores.” (Salles, João Moreira. "A dificuldade do documentário." O imaginário e o poético nas ciências sociais. Bauru: EDUSC (2005): 57-71.)

O documentário Isto é Várzea é um projeto experimental que propõe a fórmula: vocês (personagens)

falam

de

vocês

(personagens)

para

nós

(espectadores

e

documentaristas), com o intuito de demonstrar uma visão de dentro para fora sobre a cultura e a vivência de torcedores e jogadores de alguns times amadores da cidade de São Paulo, se tornando assim as grandes personagens do documentário. As personagens contarão suas histórias e vivências com o clube através de uma breve entrevista com o diretor, mas o lado observacional também é de grande força nessa obra, de modo a fazer com que as imagens relatem fatos de maneira mais impactante e que às vezes a descrição falada não consegue transmitir. A narrativa se volta ao ambiente e as experiências vividas perante a paixão envolvida quando se trata do futebol amador em São Paulo, e alguns relatos e imagens servirão como uma amostra geral e exemplo, mas de maneira nenhuma generalizando como cada torcida trata ou deveria tratar seu time do coração. Vale ressaltar que o futebol amador é amplamente popular em periferias e regiões mais carentes da cidade e ganhou o apelido de “futebol de várzea" por terem suas primeiras equipes tendo como campo de jogo as várzeas (terrenos planos e cultiváveis) ao lado dos rios, além de também ser relacionada a uma nomenclatura de bagunça ou desordem, pois após


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enchentes essas várzeas ficavam repletas de lixos e detritos, tal qual o preconceito existente na sociedade por tudo que abrange as populações menos enriquecidas. Essa obra audiovisual não busca contar a história do futebol de várzea e nem percorrer sobre as diversas variáveis da palavra paixão, mas sim com pequenas amostras, quebrar alguns paradigmas e retratar uma cultura extremamente popular no Brasil, e como esse esporte muda e é necessário na vida de pessoas desde décadas passadas. A produção conta com participação de alguns membros da torcida do time Marcone FC, time popular da zona norte da cidade de São Paulo, e de membros da torcida do time Vem Ki Tem FC, localizado em Guarulhos, além da contribuição da psicóloga Laura Domingues, onde explica de um modo geral onde a paixão afeta ou pode afetar a vida dos seres humanos. Isto é Várzea exibe um retrato de como a vida é, mas de modo a ser construída para retratar o jogo de futebol como algo além do campo, e os protagonistas da história estão fora das quatro linhas, nos quais podem até passar despercebidos, mas cada indivíduo tem sua vivência e seu porquê de estar ali presente faça chuva ou faça sol para apoiar incondicionalmente uma equipe que sequer é profissional, fazendo assim uma multidão de contextos individuais se unirem e formarem um conjunto só com o mesmo intuito: demonstrar todo seu amor aquele time. Os capítulos que este documento disseca a seguir, impõe os processos e estratégias para adquirir o produto final. O capítulo 1 retrata a apresentação da produtora e sua identidade organizacional, além de detalhar os documentaristas por trás deste projeto e as funções executadas por eles. O capítulo 2, fundamenta o gênero audiovisual escolhido (documentário), explicando suas definições e o contextualizando. Este capítulo também fundamenta o tema central e desmembra-o explicando seus pontos vitais para melhor entendimento do mundo histórico da ótica abordada. Os demais capítulos explicam detalhes do projeto, tais como processo criativo, público-alvo, planos para produção, referências, roteiro, orçamento e tudo que foi necessário para a execução do produto final.


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1. A Produtora A produtora se forma de uma junção dos membros que ficaram após um desmembramento da antiga produtora Purple Vision, devido a isso não havia sentido manter os trabalhos da antiga produtora sendo que as essências de seus participantes originais já não faziam mais parte dela, porém como a amizade e o entrosamento ao trabalhar juntos ainda segue vivo, optou-se pela criação de uma nova produtora apenas com os quatro integrantes. 1.2.

Escolha do Nome

Quando a produtora se formou com apenas os quatro integrantes, escolheu-se um nome de caráter sentimental para nós, e como se tratava apenas de um pequeno grupo de pessoas com características comuns, o nome “8½ Produções” se deu devido a uma expressão, ou gíria, criada por um antigo membro e essa expressão foi utilizada por muito tempo entre nós, o que fez com que ela fosse a primeira a ser pensada quando escolhemos o nome. 1.3.

Logo da Produtora

Em nossa logomarca optamos por realizar a escrita em números e símbolos para que não haja uma confusão com o nome e sermos chamados de “oitenta e seis Produções”.


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1.4. Missão, Visão e Valores


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1.5. Carômetro


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1.6. Organograma


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1.7 Portfolio


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2. Fundamentação Teórica Neste capítulo é abordado o que é fundamental compreender sobre o que caracteriza esta obra e descreve pontos importantes para o entendimento do projeto, tal qual seu gênero audiovisual e tema central, previamente baseado em pesquisas e estudos.

2.1 Fundamentação Teórica do Gênero O gênero escolhido para a realização do projeto é documentário, e para melhor entendimento do que se trata este gênero, abaixo são descritos pontos importantes sobre sua definição e seus tipos.

2.1.1 O Documentário O documentário tem como definição ser um gênero audiovisual com foco em documentar fatos e pessoas reais, mas não simplesmente uma amostra da realidade autêntica, e sim um ponto de vista artístico que o diretor decide abordar, além de escolher uma montagem que define se o entendimento geral se torna subjetivo ou não. Ao escolher uma história a ser documentada, o diretor analisa o que quer extrair e enfatizar, assim dando uma ótica própria. Esse tipo de gênero audiovisual tem consigo suma importância no estudo e em visitas ao campo de gravação, pois se ambientalizar e entender todo o contexto do local faz o diretor se entregar de fato aquela história. Taís Marcato cita em seu artigo científico um grande exemplo disso, e cita como Flaherty em Nanook, o esquimó (1922) retrata aquilo que é radicalmente diferente dele, a rotina de uma família esquimó. “Sempre há a ideia de uma viagem, de um deslocamento. O documentarista sai do seu mundo e vai para um outro contar a história que não é a dele.” (de MEDEIROS MARCATO, Tais. "O sujeito no documentário torna-se o sujeito do documentário: um estudo sobre a autobiografia em Santiago.” pág. 439).

Essa prática cinematográfica está em constante evolução e de acordo com Bill Nichols (2005, p.26) em seu livro Introdução ao Documentário, "todo filme é documentário". Ele ainda define que documentário não é um gênero, e sim uma representação do mundo ou uma obra e o divide em duas categorias: (1) Os documentários de satisfação e desejo. Neste estão os filmes de ficção com objetivo de entreter e criar sensações no espectador e é aberto um leque maior de possibilidades e segundo ele, esse tipo de filme expressa aquilo que desejamos ou tememos que a realidade possa vir a ser. Nichols também define os documentários de representação social (2), ou seja, os de não ficção, no qual aborda aspectos e


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contextos sociais do mundo. Nesse tipo de filme são representados aspectos de um mundo já ocupado e compartilhado por nós e expressa a compreensão sobre o que a realidade foi, o que é e o que poderá vir a ser. Apesar dessas diferenças, ficção e não ficção possuem práticas semelhantes, como cita Nichols (2005, pág. 17): “Alguns documentários utilizam muitas práticas ou convenções que frequentemente associamos à ficção, como, por exemplo, roteirização, encenação, reconstituição, ensaio e interpretação. Alguns filmes de ficção utilizam muitas práticas ou convenções que frequentemente associamos à não ficção ou ao documentário, como, por exemplo, filmagens externas, não atores, câmeras portáteis, improvisação e imagens de arquivo (imagens filmadas por outra pessoa).” (NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág. 17)

Nos filmes de ficção a relação diretor e ator é bem definida, na qual parte por conta de um contrato e o diretor tem por direito receber a performance adequada para cada cena de sua obra e o ator, por sua vez, é valorizado pela qualidade e veracidade de sua atuação e tem por direito ser remunerado por tal. Nos documentários a relação é diferente, e os “atores sociais", como define Nichols (pág. 31), levam a vida da maneira em que sempre vivem e o diretor tenta extrair o que pode disso. Além da não remuneração, estes atores sociais obtêm seu valor à medida que são mais espontâneos e naturais e o diretor tem o dever de deixá-los confortáveis para que a complexidade seja semelhante àqueles atores de ficção. Outro desafio que o cineasta tem de percorrer é a decisão de como documentar e interagir com o seu ator social, pois à medida que o documentarista decide representar uma pessoa desconhecida e extrair dela um conhecimento específico que fortaleça seu ponto, tem o risco de estar explorando-a. Caso decida optar pelo lado observacional e deixe a fluidez tomar conta, o risco se torna a possibilidade de alterar seu comportamento e perder a naturalidade. Estes pontos estão dentro das chamadas "questões éticas” e o cineasta tem que ter cautela já que os efeitos de um documentário, ou de qualquer gênero audiovisual, são imprevisíveis e podem ter consequência na vida dos participantes da obra e de seus espectadores. Nichols retrata bem este assunto e também aborda que é de extrema importância o consentimento da pessoa que será gravada, e direito dela saber do que se trata, mas cabe ao cineasta entender até onde deve explicar para que não altere o comportamento natural da personagem, mesmo que intencionalmente. Um exemplo disso se dá durante uma visita de nossa equipe a um dos jogos de futebol amador, no qual abordamos alguns torcedores que tocavam pela bateria da equipe e


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informamos que seria gravado um documentário, além de solicitada a autorização. Após a afirmativa por parte deles, foram feitas diversas perguntas sobre onde este documentário seria exibido e se eles ficariam famosos. No nosso caso, era simples negar e explicar que farão parte de um projeto acadêmico, porém se nossa obra fosse de uma emissora de TV aberta ou até da indústria cinematográfica, sabe-se lá se o material gravado ficaria natural. Outro exemplo disso são os acontecimentos durante uma partida amadora, pois quatro garotos gravando um material acadêmico não tem suma importância na vida dos jogadores, mas se lá está uma grande mídia, comportamentos dentro do campo certamente mudariam e movimentos antinaturais aconteceriam. Não nos cabe julgar o comportamento alheio, visto que ali pode estar a oportunidade da vida de alguma pessoa, mas deve-se analisar até onde explicar detalhes da gravação influencia na veracidade e qualidade da obra, desde que a possibilidade de uma grave consequência seja remota e não influencie de maneira direta a vida do ator social. Bill Nichols (2005, pág. 40) cita uma forma que cineastas escolhem para representar o chamado “outro” e aborda a interação tripolar. De acordo com ele, este modo é constituído de uma aliança de: de (1) cineasta; (2) temas ou atores sociais; (3) público ou espectadores. E uma formulação verbal clássica é: Eu falo deles pra você Eu: O cineasta conduz a história usando sua própria voz ou alguma voz marcante em off screen, atuando como se fosse um “Deus”. O diretor também pode aparecer em frente às câmeras e se tornar um real participante da trama. “A ênfase pode se transferir da tentativa de persuadir o público de um determinado ponto de vista ou enfoque sobre um problema para a representação de uma opinião pessoal, claramente subjetiva.” (NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág. 41)

Falar de: Este o cineasta representa outras pessoas e a ideia é abordar um tópico ou assunto, uma pessoa ou indivíduo. O objetivo é transmitir uma informação e o ponto de partida é a pergunta “Que história vou contar?”. “Falar de alguma coisa pode incluir a narração de uma história, a criação de

um estado de ânimo poético ou a construção de uma narrativa, a exemplo da história de como o correio chega a seu destino [...]. (Nichols, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág. 41)


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Eles: Esta é definida a separação entre quem fala e de quem se fala. É perceptível em documentários observativos, no qual ainda abordaremos, e é uma ilustração ou manifestação de algum acontecimento mundial. " [...] “eles” permanecem a distância, sem ser representados para nós com a complexidade que encontraríamos na ficção. Para alguns, isso diminui o prazer do documentário; no mínimo, sugere que busquemos prazer e satisfação em outras partes da representação documental.” (NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág 42)

Você: Por último, este é determinado que o cineasta fala e o público vê. Pessoas com algum conhecimento especializado são abordadas e os assuntos abordados contrastam ou se igualam a do espectador e o filme passa a sensação de estar conversando com quem assiste. ““Você” é ativado como público quando o cineasta transmite a sensação de que está, de fato, falando conosco, de que o filme nos atinge de alguma forma. Sem essa sensação, podemos até estar presentes, mas não assistimos ao filme.” (NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág. 43)

Quando o assunto é a execução de um documentário, é comum a discussão sobre se eles prescindem ou não de um roteiro. Alguns renomados documentaristas como Jean-Louis Comolli, Consuelo Lins, Eduardo Coutinho e João Moreira Salles acreditam e realizam seus documentários sem a necessidade de um roteiro, mas sim hipóteses. De acordo com Alfredo Dias (2009), os críticos determinam que o roteiro num documentário é como uma camisa de força e impede que o imprevisível aconteça, algo que é a alma de um documentário. "se tudo correr bem, você volta para casa com um filme que você não supôs que pudesse fazer. Não porque ele é melhor ou pior, mas porque você não podia imaginá-lo de antemão. Você não sai com o roteiro, você não tenta adestrar o mundo. O mundo ocorre e você o aceita do jeito que ele acontece." (João Moreira Salles, em entrevista a Neusa Barbosa, 2003)

Para outros documentaristas, inclusive o próprio Alfredo Dias, todo documentário necessita de um roteiro, alguns mais abertos e outros fechados. Um roteiro de documentário sempre tem de estar apto a mudanças e adequações à medida que as gravações acontecem e sua versão inicial certamente não será a mesma da versão final, o que difere também dos filmes de ficção. Até mesmo aqueles que dizem não utilizar um roteiro, tem consigo uma série de planos, sequências e cenas mentalmente já descritas e planejadas, ou seja, é um roteiro mental. Alfredo Dias (2009, pág 13) ainda cita que “um documentário é determinado pelo embate do olhar do realizador,


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do assunto, e das condições de produção, além da busca de um equilíbrio entre os conceitos e métodos pré-estabelecidos e estruturados". Essa parte de pré-produção é crucial em um roteiro que determinará o caminho para essas etapas. Ele ainda utiliza uma metáfora e brinca com aqueles que imaginam que documentários se bastam de uma ideia e câmera na mão, e afirma que é muito difícil tirar coelhos da cartola quando não se tem nem ideia do que se deseja fazer.

2.1.2 Os Modos de Documentário Cada documentário tem sua particularidade e linguagem original dependendo da ótica que o diretor decide abordar, mas ainda sim, de acordo com Bill Nichols (2005, pág. 135) existem estruturas e subgêneros dentro do gênero documentário, e elas ditam um modelo a ser seguido dependendo da proposta do cineasta, são eles: poético,

expositivo,

(cronologicamente

na

observativo, ordem

de

participativo, surgimento).

reflexivo Cada

e

performático

subgênero

tem

sua

particularidade e determinam uma forma de amostragem das imagens captadas, e gera no espectador uma expectativa de encontrar o que deseja consumir. Nichols ressalta que esses modos de documentários podem ser mesclados perfeitamente, mas sempre é necessário que exista um modo dominante e que dá estrutura ao filme. Na página seguinte, ele também afirma que o surgimento de um modo é necessário para curar carências deixadas por outros, mas que não os torna melhores, apenas diferentes. “Modos novos surgem, em parte, como resposta às deficiências percebidas nos anteriores, mas a percepção da deficiência surge, em parte, da ideia do que é necessário para representar o mundo histórico de uma perspectiva singular num determinado momento.” (NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. pág. 137)

Abaixo segue um pequeno resumo da estrutura de cada modo baseado no livro de Bill Nichols (2005), porém descrito da nossa maneira em que acreditamos ser mais didática: Modo Poético: Este é um modo bastante expressivo, no qual a construção da narrativa fica em segundo plano e não é seguida uma lógica linear, transformando assim as imagens no grande foco, para que desse modo consigam transmitir sensações e emoções. Modo Expositivo: Este modo tem como principal característica a presença de um narrador com voz em off screen para conduzir a trama, e as imagens são um


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instrumento usado para reforçar o argumento dele. Esse narrador utiliza uma linguagem direta ao espectador e são mais utilizados em documentários de cunho didático e científico. Modo Observativo (Câmera Escondida): Este modo é baseado na não interferência direta do documentarista com o meio observado, e é basicamente demonstrar a vida como ela é e a câmera serve como uma lente ocular, transmitindo a sensação de estar ali presente apenas observando. Modo Participativo: Este modo enfatiza a interação do cineasta com o tema. A filmagem acontece em entrevistas ou outras formas, com possibilidade do envolvimento ser ainda mais direto e o documentarista aparecer de frente à câmera como uma personagem. Uma grande característica é obter equipamentos leves para serem utilizados nas gravações e principalmente a fé na testemunha, no qual o cineasta crê que poderá tirar um bom relato para reforçar sua história. Modo Reflexivo: Este modo busca transmitir um conteúdo que aguce a dúvida e a reflexão do espectador com relação ao tema apresentado, onde tem por característica representar a realidade com uma construção auto reflexiva que a questione ao mesmo tempo. Modo Performático: Este modo de documentário mostra a visão do documentarista com uma condução emocional e que gere impacto no público, além de ter por intenção abordar temas mal representados como o de racismo, homossexualidade, machismo e etc.

2.2 Fundamentação teórica do tema O tema central do documentário é a paixão dos torcedores de equipes de futebol amador e como pode também se transformar em motivação. Abaixo está descrito um resumo sobre a história do futebol e alguns pontos importantes para se compreender toda a temática pretendida aqui.

2.2.1 O Futebol O documentário Isto é Várzea retrata a realidade do futebol amador na cidade de São Paulo, mas para existir o amador, é necessário entender o que é o futebol e como foi moldado com o tempo. Antes mesmo da invenção do nome futebol, por volta de 2.600 a.C., existiam diversos rituais em vários pontos do mundo. Na china, era um


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ritual de celebração e demonstração de força, onde era utilizada a cabeça decapitada de inimigos; No Japão, era utilizada uma bola com o objetivo de obter um controle sobre ela, e praticada como forma de disciplina; Na Grécia e na Itália surgia um primeiro modelo mais próximo de como é conhecido hoje, onde o objetivo era levar a bola até o campo adversário e fazer com que a mesma atravesse as traves. Mas o modelo tradicional que é conhecido mundialmente até os dias atuais teve seu início na Inglaterra em 1863, quando enfim é fundada a The Football Association (FA), uma associação que formulou as regras oficiais do futebol profissional, nas quais foram alteradas com o tempo e definiram uma diferença clara entre futebol e rugby, dois esportes que eram bastante similares. Anos depois, em 1883 é fundada International Football Association Board (IFAB), autoridades responsáveis pelas regras e sobre quaisquer mudanças que possam surgir, mas pouco depois, em 1904 é fundada na França a Fédération Internationale de Football Association (FIFA), principal instituição que organiza o futebol profissional e todas as federações em torno do mundo. A partir do surgimento dessas entidades, ficou delimitado que para uma equipe se tornar profissional, deveria antes se licenciar, e para isso o clube tem de seguir os padrões mínimos exigidos pela FIFA, que são eles: a) Critérios Desportivos; b) Critérios Administrativos e de Capital Humano; c) Critérios de Infraestrutura; d) Critérios Jurídicos; e) Critérios Financeiros. Além da burocracia para o licenciamento, definiu-se também as principais regras e dimensões padrão para uma partida ser executada, sendo estas as mais básicas: ● O campo deverá ter dimensões mínimas de 45 m x 90 m, e máximas de 90 m x 120 m; ● Cada equipe será composta por 11 jogadores titulares; ● As partidas duram 90 minutos divididos em dois tempos de 45 minutos; ● Proibido o uso de mãos. (Apenas o goleiro é permitido, e somente dentro de sua área já delimitada); ● Uma equipe de arbitragem supervisionará o jogo e será responsável pelo cumprimento das regras. Dentro do futebol existem dezessete regras principais, e dentro de cada regra existem ramificações que especificam situações recorrentes em jogos, porém nos tempos atuais e desde a antiguidade, todo entorno das partidas é repleto de polêmicas em relação ao cumprimento dessas regras.


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2.2.2 O Futebol no Brasil . A data da chegada do futebol no Brasil é um tema delicado e diversos artigos e sites não chegam a um consenso, porém de acordo com o Museu da Seleção Brasileira, sua chegada é datada em 1894. O desporto chega às terras tupiniquins através de Charles Miller, brasileiro e filho de ingleses, que ao voltar de Southampton trouxe consigo duas bolas e foi responsável pela apresentação do esporte para os brasileiros. Mas a história não é tão simplória, o futebol era marcado por ser praticado apenas por elites e pessoas de pele branca, mas com o tempo era comum identificar alguns negros em algumas equipes, já que suas capacidades atléticas eram claras e evidentes, todavia tornou-se de praxe passar pó de arroz em seus rostos para que servisse como disfarce, disfarce esse que pouco durava, pois com o suor logo era desfeito. A popularização do futebol no Brasil começava a atrair populações mais carentes e sua massificação fez com que logo fosse um instrumento para interesses políticos, o que ajudou a alavancar ainda mais o esporte, principalmente na Era Vargas com incentivos e principalmente com a construção do estádio do Maracanã no Rio de Janeiro e recebimento do principal evento futebolístico mundial denominado Copa do Mundo, realizada em 1950. Vargas utilizava do futebol como um dos símbolos para tornar a população mais patriótica. “O samba, nascido no morro, conquistava as classes altas. O futebol, que tinha seu berço brasileiro coberto de ouro, era a maior paixão das camadas populares. Ambos, no entanto, compunham a descrição do que era a prioridade sempre presente, que estimulava e justificava todas as realizações do estado. Para o governo Vargas, a formação da grande nação brasileira era um dever patriótico de todos.” (COSTA, Maurício da Silva Drummond, 2006, p. 108)

O esporte profissional então já era consolidado desde esta época, mas e o amador? Como o próprio texto de Maurício Costa diz, o futebol estava estreitamente associado aos ricos, então os populares já sabendo da cultura desse esporte, criavam seus times e jogavam nas várzeas dos rios, onde havia terrenos planos e cultiváveis. Com as fortes chuvas, essas áreas alagavam e enchiam-se de entulhos e detritos, o que logo era associado com desordem. Para aqueles que usufruíam desses terrenos isso não era um problema, mas assim como grande parte da cultura praticada por negros e pobres, as várzeas ganharam a fama de desorganizada e um local perigoso, como forma de diminuir aqueles que nela jogavam.


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2.2.3 O Futebol de várzea Como já visto, o futebol nas várzeas era dominado por pessoas com menos capacidade financeira, aqueles que estão excluídos à margem da sociedade. Mas também era comum trabalhadores italianos, alemães e portugueses participarem dessas equipes, e com isso molda-se uma cultura diferente daqueles que disputam o esporte elitizado e a “rua” passa a ter sua própria linguagem onde só atende aqueles que a ela pertence. João Guilherme Magnani cita em seu artigo que os espaços delimitados para as partidas define bem essa linguagem e dita um código comum estabelecido pelos participantes, no qual a rua é um local de estranhamento e impessoalidades e os locais privados são dependentes de laços já estabelecidos previamente, mas um local intermediário a isso está nessa apropriação desse espaço urbano e a várzea se torna um lugar dos “colegas e dos chegados” e não precisa de interpelação, tendo em vista que todos sabem de onde vêm, quem são e do que gostam. Outro fator que dita bem essa linguagem, é que nos times amadores não existe uma hierarquia de poderes. Existem nomenclaturas que servem para o time se organizar, como treinador, diretor, e etc. e praticamente toda decisão se diz respeito ao que a grande maioria dos integrantes decide, pois é uma situação igualitária de poder. Essa situação descrita varia dentre os times, onde cada um tem seu modo de funcionamento, mas essa é uma visão bem habitual nos times amadores, principalmente pelo que separa o amador do profissional de acordo com Arlei Sander Damo em seu artigo: “o termo profissional é identificado com predicados do mundo do trabalho e dos negócios, tais como competência, seriedade, esforço, dedicação e bom desempenho, entre outros. O termo amador, em contrapartida, associa-se àquele que faz sem esperar recompensa ou simplesmente faz de qualquer jeito, sem o empenho, a disciplina e a performance do universo das coisas sérias”. (Damo, Arlei Sander. "Monopólio estético e diversidade configuracional no futebol brasileiro." Movimento (Porto Alegre) 9.2 (2003): 129-156.)

E de acordo com essa definição, é fácil compreender um pouco da fama de desorganizada que o futebol de várzea tem, já que o compromisso é exclusivamente por livre e espontânea vontade e o jogador decide se vai comparecer ou não a determinado jogo. Para que os campeonatos amadores tenham uma boa regularidade e consigam ter início, meio e fim, são criados regulamentos e cada torneio define suas


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regras básicas para que aceite determinada equipe que deseje se inscrever. Algumas regras delimitam número mínimo de participantes de cada time nas partidas, determinam uniformes padronizados e os campeonatos mais rígidos determinam que o clube tenha registro, mas isso logo será abordado. Os campos várzea tem por sua essência serem de grama, mas com o tempo as metrópoles e moradias foram tomando conta desses terrenos e com isso a várzea é obrigada a se adaptar e começar a ir em busca de campos de terra, os chamados “terrões”. Isso não agradou a classe média, que em busca de mais conforto e segurança criou ramificações para se praticar o futebol. São criados estilos de jogos diferentes e em locais privados, onde para jogar é necessário o pagamento de aluguel do campo ou quadra, o que afastou os periféricos. Essas ramificações se tornaram extremamente populares, que são elas: ● Futsal (Ou futebol de salão): Menos jogadores e é praticada em quadras e com algumas regras específicas para esse estilo de jogo. ● Futebol Society: É maior que o futsal, porém menor que os campos tradicionais. Jogam 6 ou 7 jogadores por time e sua característica é ter a grama artificial. ● Futebol de areia: O campo são praias ou locais privados e a grande característica é a dificuldade da bola rolar pelo chão, dependendo assim de mais habilidade do jogador para conduzi-la pelo alto.

2.2.4 Os Times Amadores Como já visto, o comando de alguns times de várzea tem como principal característica a forma igualitária de ser conduzida, mas ainda sim, existem aqueles mais respeitados e aqueles que têm em si o instinto natural de liderança, estes por sua vez, podem vir a ser denominados diretores desta equipe e isso acarreta em algumas responsabilidades como lavagem de uniforme, gerenciamento da economia, planejamento de cerimônias e de festas, porém o poder de decisão fica a cargo do grupo de forma democrática. De acordo com o artigo científico de Rafael Fermino Beverari existem dois tipos de diretor: ● Diretor de direito: Este é escolhido para registrar o time e ter seu nome vinculado à diretoria para que a equipe participe de campeonatos.


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● Diretor de fato: Este é o idealizador da fundação do time ou então aquele com mais tempo e identificação com o bairro e a equipe. Também é comum este ser aquele que tem uma condição financeira melhor. E quando o assunto é a economia dos clubes, existem funcionalidades que variam dentre as equipes. Alguns times cobram mensalidades para os jogadores, isso apenas para garantir o mínimo funcionamento, porém outros são dependentes de rifas, doações, patrocínios e bingos. Também é comum alguns times serem financiados pelo tráfico local ou até mesmo através da venda de votos para políticos, que em troca podem financiar uniformes, chuteiras, dentre outros. Ainda abordando a economia, outra característica que difere o amador do profissional é o objetivo que conduz o time e seus jogadores, no qual as equipes profissionais visam o lucro e o bom resultado, mas em contrapartida, os amadores visam laços e a sobrevivência, pois manter a equipe em funcionamento significa manter seu bairro em evidência.

2.2.5 As Torcidas Ao abordar o tema futebol, a torcida é uma coligação que se faz presente de imediato e o documentário tem como objetivo transformar em personagens centrais aqueles que estão fora das quatro linhas do campo. O pulso das arquibancadas interfere diretamente no rendimento dos jogadores, sejam eles profissionais ou amadores, como explica o psicólogo especializado em esporte Bruno Vieira em uma entrevista para a revista Placar: “O atleta de alta performance está acostumado à cobrança e tem basicamente dois estímulos: os internos, como sua ambição de ser campeão, e os externos, como o apoio da torcida. O fato de jogar em casa gera uma espécie de crença, o atleta tira uma força que talvez nem exista, e o efeito contrário ocorre no visitante, que inconscientemente se retrai. Agora, sem a vibração da torcida, o visitante se encoraja e as forças se igualam.” (CASTRO, Luiz Felipe. O destino do “efeito casa” em jogos sem torcida nos estádios. Placar, 2020.) 1

Durante a pandemia de COVID-19 os estádios em torno do mundo não puderam receber torcedores, e os atletas jogam “às moscas”. De acordo com uma pesquisa realizada pela revista Placar sobre o principal campeonato alemão, em 2020, antes

1

Disponível em: <https://placar.abril.com.br/esporte/o-destino-do-efeito-casa-em-jogos-sem-torcida-nos-estadios/>. Acesso em: 22/04/2022.


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da paralisação, até a 25ª rodada o aproveitamento dos mandantes era de 43% de vitórias, 22% de empates e 35% de derrotas. Sem público, o quadro se inverteu: os visitantes venceram 44% dos jogos, com 32% de reveses e 23% de igualdades. Tendo explicada a importância da torcida em prol do futebol, é preciso analisar do que é formada uma torcida. Cada ser humano tem sua história de vida independente da classe social ou nacionalidade, mas a partir do momento em que ele escolhe seu time do coração, seja amador ou profissional (ou ambos), aquela história de vida individual se mistura com milhares outras vivências e ele passa a se tornar parte de um grupo de torcedores. Existem torcedores “de sofá” (aqueles que assistem de casa), torcedores organizados e diversas outras definições, mas o que todas têm em comum é o amor por aquele time. O que faz um torcedor escolher para qual equipe torcer varia muito, mas em grande maioria isso é definido enquanto criança, sendo passado de "pai para filho”. Também é comum identificar crianças que escolhem torcer pelo time que está na crista da onda e sendo vencedor dos principais torneios, ou então sendo influenciado pelos amigos em seu colégio. Outro motivo que faz um ser humano escolher uma equipe de coração é mais fácil ocorrer já na parte de sua adolescência, no qual o jovem se identifica com uma determinada equipe, pois acredite ou não, times têm personalidades próprias. “A personalidade de uma marca é um processo longo de construção e, no caso dos clubes de futebol, está ligada a diversos fatores, além dos resultados em campo: história do time, origem do time, perfil dos torcedores, características de personagens importantes (jogadores, presidentes, torcedores famosos, etc.), localização do time (cidade e região dentro da cidade), etc..” (GONÇALVES, Emerson. A personalidade das marcas dos clubes de futebol. Globo Esporte, 2011.) 2

Outra semelhança entre os times amadores e profissionais é a presença de uma torcida organizada, um conjunto de apaixonados que têm seu próprio nome e busca representar o time em todos os jogos, seja onde for. Outra característica das torcidas organizadas é a criação dos cânticos para apoiar a equipe, e quando popularizado, as canções reverberam até pelos torcedores “comuns”, fazendo o ambiente do estádio se tornar quase que uma orquestra e milhares de histórias individuais cantam junto em prol de apoiar o seu grande amor dentro de campo.

2

Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/platb/olharcronicoesportivo/2011/11/10/apersonalidade-das-marcas-dos-clubes-de-futebol/>. Acesso em: 22/04/2022.


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2.2.6 A Paixão e o Fanatismo Onde há torcida, há paixão. E qual o limite para que essa paixão não se torne fanatismo cego e violento? Redden e Steiner (2000) em seu artigo descrevem que “um torcedor passa a ser fanático quando o objeto de devoção domina as atitudes” , e Aristóteles defende que “a paixão é provocada pela presença ou imagem de algo que nos leva a reagir, normalmente de improviso.”, como numa comemoração de um gol e suas infinitas e imprevisiveis formas de agir. Aristóteles também define um dos pontos em que demonstra que a paixão irracional e o ser humano vivem em conflitos para definir quem se sobressai, mas para ele essa luta com o sentimento não necessariamente precisa ser abolida, mas apenas controlada com razão e passividade.

Ele prossegue afirmando que "o homem

virtuoso, ou bom, não é aquele que renuncia a suas paixões, mas aquele que age corretamente em harmonia com suas paixões, porque ele as dominou." (Paulo Pereira Cáceres, 2010). Descartes, Lebrun e outros filósofos defendem pontos diferentes referente a paixão e suas variáveis, porém o foco dessa dissertação é enfatizar a paixão como forma passiva e desvinculá-la do lado fanático e agressivo. De acordo com o dicionário Dicio, a definição de paixão é “Um sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento, o pensamento etc; amor, ódio ou desejo demonstrado de maneira extrema.” Uma das formas extremas que a paixão condiz com o futebol principalmente amador é em forma de motivação, pois como já visto, jogadores e torcedores de times de várzea não tem uma clara e evidente justificativa para dedicar seu tempo livre e esforços para algo com retorno baixo. O que explica essa dedicação é a paixão e a motivação que servem de combustível e conduzem times à sobrevivência por décadas e décadas apesar de todos os “perrengues” que passam. Para quem olha de fora, talvez seja difícil compreender o sentimento trazido por representar seu bairro, ou sua “quebrada” em forma de um futebol aos fins de semana, mas quem está presente na várzea sabe que lá a coisa é séria e relatos como “O Tabajaras é minha vida” (Seu Osvaldo, torcedor do Tabajaras da Mooca) são comuns em todo o Brasil.


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Quem não frequenta a várzea, tende a imaginar um ambiente violento e hostil. Mas a realidade é que com o passar dos anos os campeonatos e times amadores vem se organizando cada vez mais, e a festa das torcidas organizadas é muito mais enfatizada nos estádios, onde ocorrem até premiações para aquela que fez a melhor festa. Como todo evento de massa, como carnaval, futebol, carreatas, etc. a chance de haver confusão é elevada, mas tudo depende da ótica que é analisada: Para alguns carnaval e futebol são sinônimos de festa, inclusive como diz na música de Claudia Leitte “Paz, carnaval, futebol; Não mata, não engorda e não faz mal” e cabe a torcida dominar seu lado irracional e violento, e apenas esbanjar alegria e amor, pois é isso que determina o futebol.


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3. O Projeto “Isto é Várzea” Antes e durante a produção de uma obra audiovisual, elementos são construídos e todo um corpo do projeto é moldado durante o processo. Esse corpo está dividido em vários subtítulos nos quais explicam significados e justificativas para certos moldes do documentário.

3.1 Explicação do Título Ao assistir uma obra audiovisual, o telespectador tem um prévio objetivo do que deseja, seja ele entreter-se, aprender, relaxar, inspirar, etc. e o diretor de um documentário sabe o que quer transmitir para aqueles que decidem gastar seu tempo com ele. “Isto é Várzea" deseja responder a dúvida e passar uma visão para o público que gosta e disfruta do futebol profissional, porém pouco sabe sobre o amador. O título traz um ar de apresentação sobre o tema, mas não revela seus segredos, então para aqueles que desejam descobrir o que é futebol de várzea, terão de assistir e se entregar durante cada minuto transmitido na obra. A escolha do título do documentário tem como inspiração o documentário “This Is Football”, onde aborda algumas linguagens e sensações que o futebol em geral pode transmitir na vida de cada indivíduo, seja ele jogador, torcedor, admirador ou até daqueles que não entendem do assunto, mas estão inseridos por conta da grandeza do esporte mais popular do mundo. Ao terminar de assistir essa obra, consegue-se sentir um ar de entendimento e ter a sensação de enfim descobrir o que é futebol. Esta

é

uma

das

sensações

que

esse

Logo Autoral

documentário

deseja

transmitir.


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3.2 Sinopse Este documentário tem como principais personagens os torcedores e admiradores de times amadores no Brasil, e isso é documentado em alguns jogos realizados na grande São Paulo. A paixão pela popularmente chamada “varzéa” passa por décadas e tudo vai bem além do futebol dentro das quatro linhas, pois na várzea estão presentes amigos, vizinhos, primos, irmãos e todo tipo de afeto que um ser humano possa ter por outro, inclusive o orgulho de representar o seu bairro, ou sua "quebrada”. Portanto, o assunto abordado vai além do campo e bola, e o foco passa a ser quem está nas arquibancadas e todo o sentimentalismo que a cultura do esporte amador traz para seu espectador.

3.3 Objetivo Principal Contar e mostrar histórias de torcedores de times amadores da capital paulista que servirão para exemplificar a paixão pelo futebol de várzea para um público não inserido nesse meio.

3.4 Objetivos Secundários ● Abordar a paixão como forma de motivação para cada indivíduo; ● Mostrar o clima e toda festa que se torna um dia de jogo na várzea; ● Inserir uma visão imersiva e que ambientalize a realidade vivida por torcedores e jogadores; ● Desmistificar o preconceito envolvido com o futebol de várzea.

3.5 Argumento ou descrição do formato Neste capítulo são abordados elementos que constroem a narrativa e de que forma são escolhidos para tal, de uma forma onde cada conteúdo descrito aqui tenha sua importância para moldar a linguagem e os atos para produção do documentário.

3.5.1 Visão Original O principal objetivo de um documentário é contar uma história da forma que seu diretor deseja mostrá-la ao público, se tratando de um documentário com o tema


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futebol de várzea as pessoas podem pensar, o que seria tratado como uma inovação nesse tema? Diferente de projetos como “Futebol de Várzea, Uma paixão Nacional na Prática", “Futebol e Sonhos”, entre outros documentários destinados ao tema, a linha que escolhemos para dar seguimento ao trabalho não fala sobre a modalidade amadora em geral, escolhemos o futebol de várzea como arena para atingir o foco que é tratar a paixão do ser humano e como ela o motiva em sua vida, e por se tratar de um esporte não profissional, ainda revela como é uma cultura que transcende o lado racional. Nosso plano de produção utiliza de escolhas de entrevistas e imagens que demonstram como as pessoas agem ao estarem apaixonadas pelo esporte, como elas se portam, como elas vibram e o quanto estão inseridas na modalidade mesmo não sendo jogadores ou pessoas diretamente relacionadas com os clubes que acompanham. A linha principal que o documentário explora é de abordar torcedores de alguns times de várzea da cidade de são paulo e revelar que histórias e vivências diferentes têm em comum o amor ao seu time, independentemente dele ser amador, uma visão pouco explorada no mercado, no qual aborda algumas visões de torcedores específicos ou unem o amor ao campo. Na nossa obra audiovisual, os torcedores são o centro da história e não importa sua região ou idade, o amor é o que une o esporte. Mostramos a visão que foge do âmbito do campo e bola, e inclui como principal elemento da narrativa a verdadeira razão das equipes amadoras resistirem às adversidades, seus torcedores e moradores dos bairros onde os clubes se localizam fazem parte de um conjunto que cerca o time de muito apoio e orgulho e para isso, deixamos que sua ações tomem conta da narrativa.

3.5.2 Proposta A proposta que este documentário traz é de abordar uma ótica diferente sobre o futebol, cujo é o esporte mais popular do mundo, e tratar dos times amadores, mas não somente isso, o foco está fora do campo e se encontra nas arquibancadas, onde se encontram os torcedores desses clubes. O documentário busca enfatizar a paixão que estes torcedores têm por suas equipes e a forma como isso os motiva a acompanhar em todos os campeonatos, mesmo com o retorno sendo apenas sentimental e por se tratar de algo que não tem estrutura profissional e sua sobrevivência é dia após dia. Ao realizar o projeto e preparar as estratégias de


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filmagem, é esperado que o produto final passe a sensação das arquibancadas pulsantes e represente o amor perante aos clubes para os espectadores que não conhecem esta cultura que é praticada no Brasil todo durante décadas.

3.5.3 Eleição e Descrição dos Objetos CDCs Os Campos da Comunidade (CDC) são de suma importância neste documentário, pois grande parte dos campeonatos realizados na várzea se utilizam deles como arena central. Esses campos são de posse da prefeitura, com união da comunidade local e as equipes locais, e sua principal função é incentivar a prática de esportes gratuitamente para associados. Serão visitados os CDCs Dorotéia (Diadema), Magnólia (Vila Maria, em São Paulo) e Mooca (zona leste de São Paulo). Marcone FC Time está localizado na zona norte da cidade de São Paulo, mais especificamente com a sede no parque Vila Maria, ao lado da comunidade da Marcone. O time tem 20 anos de fundação e tem uma grande e apaixonada torcida. Atualmente participam da Supercopa Pioneer, um dos torneios mais renomados do futebol amador e que acompanhamos nesse documentário. Danúbio Azul FC Esta equipe é de longe a mais antiga que estamos acompanhando, tendo sua data de fundação em 1947 no bairro da Mooca, em São Paulo. Atualmente o time é dividido em três categorias: time veterano (Os mais velhos); time B (Idades medianas) e time A, este sim o time principal onde estão os melhores jogadores e jogam os campeonatos, porém atualmente o Danúbio só participa de amistosos e festivais e não está inscrito em nenhum campeonato, mas temos maior facilidade de acesso ao campo, então esta equipe servirá como uma grande fonte de imagens sobre o jogo de futebol. Vem Ki Tem FC Time está localizado na cidade de Guarulhos, no Jardim Cumbica, e foi fundado em 2012. Essa equipe participa de alguns campeonatos atualmente, mas o de grande expectativa está na Copa Cecap, principal torneio da cidade de Guarulhos, onde


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atualmente o time está na fase de mata-mata. Outro campeonato importante que estamos acompanhando é a Copa 9 de Julho, realizada no CDC Magnólia. Torcedores Ainda a serem definidos, alguns torcedores e diretores do Marcone FC e Vem Ki Tem FC serão entrevistados com o intuito de revelar suas experiências com a equipe e todo o amor que tem envolvido. Festa das arquibancadas O documentário busca expor a festa que os torcedores fazem nas arquibancadas, para isso, são utilizados bandeirões, cânticos organizados, sinalizadores e a bateria dedicada a conduzir a torcida. Nas arquibancadas também é esperado ser o palco de entrevistas e expressões dos torcedores enquanto reagem a partida. Psicóloga Uma psicóloga disseca algumas informações referentes a palavra paixão e sobre como pode ser utilizada como motivação para os seres humanos. Será uma especialista para introduzir o tema e fazer o espectador se contextualizar sobre o que será mostrado no documentário. Sons O som ambiente do estádio é algo imprescindível neste documentário, pois ambientalizar o espectador e fazê-lo se sentir dentro do estádio consegue passar de fato um pouco do sentimentalismo envolvido por aqueles torcedores, além de que um jogo de futebol é repleto de comunicação entre jogadores e treinadores, discussões entre equipes, o som da batida na bola e principalmente, as reações dos torcedores, que muda toda a perspectiva de uma partida.

3.5.4 Eleição, Justificativa e Simulação das estratégias de abordagem Personagens reais As imagens e os áudios são captados de forma a não interferir diretamente com o personagem e dessa forma, trazer um relato fiel do que é o ambiente do futebol de várzea, com pessoas e atos reais. Quando ocorrem entrevistas com torcedores e


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especialistas, enfim o documentarista interfere no ambiente, porém, com perguntas mais amplas, estes atores sociais poderão ter liberdade para percorrerem como desejam em sua história, sendo apenas direcionados a entregar o que o cineasta deseja. Estádios de futebol ou CDCs Os estádios de futebol e CDCs são cenários principais para a gravação do documentário, principalmente quando analisado que um indivíduo que se coloca em uma arquibancada para torcer para uma equipe e acaba se juntando a um grupo com o mesmo objetivo, normalmente tem atos diferentes do que em seu habitat natural no cotidiano. Nas arquibancadas existem médicos, advogados, professores e etc, mas isso não importa nesse ambiente, todos ali são iguais e por isso esse ambiente é transformador e de extrema importância para as gravações. Ali cada um se sente livre para

gritar

e

cantar

todo

seu

amor

livre

de

julgamentos.

O método de gravação nesse cenário é interferir o mínimo possível e deixar que a torcida se sinta à vontade e não cercear essa sensação de liberdade, para assim, fazer um jogo de imagem como desejado. Planos detalhes, primeiros planos e planos abertos são muito utilizados para conquistar boas imagens que ambientalizem o espectador. O jogo no campo aparecerá em poucos momentos através de inserts durante as falas dos entrevistados, porém em alguns momentos é perceptível que o gramado vire um plano

de

fundo

para

imagens

dos

torcedores

assistindo

a

partida.

Torcedores Estes são os protagonistas, então a maior parte do documentário é composta por eles, que com entrevistas terão abertura para contar suas experiências individuais, mas imagens com planos abertos trarão um contraponto, e definirá que mesmo apesar das experiências de cada um, ali dentro de um mesmo conjunto são todos iguais para demonstrar seu amor. Para que se sintam confortáveis durante as entrevistas e gravações em seus momentos íntimos com seu clube, primeiramente é feita uma conversa e explicação do que se trata o projeto, mas algumas vezes, apenas deixar o ambiente te conduzir acaba sendo a melhor solução para trazer a melhor imagem e os documentaristas passem despercebidos para não inibir o torcedor.


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Portanto, as imagens desses torcedores estarão no início, meio e fim do documentário, e de algumas formas diferentes conforme é decidido na edição, nas quais poderão tanto ser plano de fundo quanto foco principal na cena. Cânticos e bandeirões A captação sonora também é crucial para a execução do documentário, os cantos organizados empurram o time e empolgam quem está no ambiente e é exatamente essa a sensação que desejamos passar. Gritos de incentivo, de tensão e de intimidação são normais nesse ambiente, e não serão censurados. Os bandeirões por si, enriquecem as imagens e casam perfeitamente com o que está sendo ouvido das arquibancadas. A ideia, portanto, é utilizar os áudios também como uma trilha sonora para certos momentos, mas principalmente, como forma de mostrar o que o torcedor expressa durante a partida, e os bandeirões por sua vez, estão presentes em grande parte dos inserts em que a torcida é mostrada, inclusive ganhando foco principal em determinados

momentos.

Especialista Uma estudante de último semestre de psicologia abre e introduz o documentário para explicar de forma mais ampla o comportamento humano quando está entregue pela paixão e está motivado por ela, dessa forma, o espectador entende o tema que será tratado, para não ser “jogado” para um tema sem antes saber do que se trata. Será utilizada uma estratégia de inserts de imagens da torcida para reforçar o imaginário do espectador enquanto ela disseca o assunto, mas também intercalado com uma imagem da especialista, para o espectador compreender de que se tem um estudo por trás do que foi dito.

3.5.5 Sugestão de Estrutura Isto é Várzea é um documentário que aborda a paixão de torcedores amantes do futebol amador, e sua forma de abordar é deixando que alguns indivíduos contem sua própria história sobre o tema, mas que quando dentro daquele determinado contexto se tornem um conjunto de torcedores, nos quais as atitudes dentro das arquibancadas


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são puras e sinceras. Por isso, a estrutura montada é importante para o completo entendimento disso. Abertura - Visão da psicologia sobre a paixão Uma psicóloga explica pontos sobre o sentimento que é a paixão e algumas de suas variáveis na visão dos estudos de psicologia, de forma a introduzir o espectador a entender a mente do ser humano e o que será documentado a seguir. Enquanto ela fala sobre o assunto, inserts de torcedores nos estádios aparecem, como forma de reforçar o argumento da psicóloga. Etapa 1 - A paixão falada e sentida Após o início com introdução sobre o tema, o espectador entrará de fato na perspectiva do mundo do futebol de várzea, no qual aparecem inserts de diversas imagens da festa produzida pelos torcedores nos estádios, festas essas que independem de resultados da partida. Entrevistas com alguns membros da torcida ou membros do clube também ocorrem e a imprevisibilidade de encontrá-los em meio a multidão é saborosa, tendo em vista que todos ali tem algo a ser dito, porém alguns tem contos melhores que outros. Em forma de diálogo simples, os documentaristas tentam extrair o melhor do ator social e conduzi-lo para contar sua história perante àquele clube e o amor que é indondicional pelo mesmo. Etapa 2 - A Festa Para ilustrar melhor o sentimento do torcedor e enriquecer o documentário, o conjunto de torcedores toma conta da tela e a festa armada por eles antes e durante a partida ganham grande foco nesse bloco. A beleza e o impacto visual causado por bandeirões, sinalizadores e faixas enriquecem a obra audiovisual e toda emoção repassada dos torcedores para a tela é conduzida pela banda da torcida organizada. A grande sensação é que nesse ambiente, a liberdade e a emoção tomam conta e todos unem suas forças em prol da paixão por seu clube. Encerramento - Quem realmente está envolvido Após o último bloco, desta vez a última etapa é contada por alguém que faz parte da organização de algum clube e vive na pele cada desafio passado pela equipe, tanto desportivamente, quanto para resistir e seguir existindo para manter a tradição do bairro. Nessa entrevista, seguirá sendo uma conversa informal com o documentarista, porém o que difere das outras é o ambiente, pois o local é mais calmo (diferente das entrevistas feitas no dia das partidas) e quem conta suas experiências é alguém que


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é mais do apenas um torcedor comum. Menos inserts são utilizados e o ator social conduz o documentário para seu fim, no qual encerra-se com créditos finais e mais ilustrações das grandes festas que o futebol várzea proporciona.

3.6 Público Alvo Ao analisarmos o cenário das torcidas em território brasileiro chegamos a conclusão que a média de idade que gostaríamos de atingir trata-se de jovens entre 17 e 25 anos, majoritariamente homens, que consomem conteúdos de futebol e sem classe social definida. Segundo uma pesquisa do GE (Globo Esporte) realizada em setembro de 2019 o percentual de idade dos torcedores vem oscilando muito com o passar dos anos em vista que determinados segmentos do esporte já não se mostram tão interessantes aos mais jovens. Times históricos como o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha e o Fluminense de Carlos Alberto que antigamente trouxeram uma grande massa de espectadores aos estádios e criaram a paixão pelo esporte na população, hoje em dia já não se mostram grandes referências quando o assunto é cativar os mais jovens.

Fonte: Autoral de acordo com dos dados apurados pela ESPN

Como foi apontado em uma pesquisa da ESPN no ano de 2017 realizada com cerca de 42,8 milhões de brasileiros, 40% das pessoas têm certo interesse por futebol em geral, esse dado se aplica também quando o assunto é o lado amador do esporte, porém com uma margem menor. Outro apontamento importante é o fato de que os


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jovens que têm o sonho de se profissionalizar, acabam passando pela várzea para realizarem sua inserção no meio. Outro fato importante é analisar que alguns dados lançados pela Folha de São Paulo no ano de 2019 falam sobre a idade em que as pessoas mais tem curiosidade em ter contato com novos conhecimentos e aprendizados está no período entre infância e adolescência (entre 11 e 17 anos), e com a crescente da internet e levando em consideração que 82,7% das pessoas em cenário brasileiro tem acesso a internet em seus residências, levando em questão todos esses dados podemos alinhar que a idade escolhida é a que melhor alinha os interessados pelo esporte e as pessoas que buscam esse tipo de informações.

3.7 Veiculação ou Distribuição Com o intuito de atingir em cheio o público-alvo e acreditar que a linguagem da obra audiovisual casar com com a plataforma, optamos pela escolha de reprodução do documentário “Isto é Várzea” ser realizada exclusivamente pela internet em decorrência de que nosso público-alvo estar em sua grande parte localizado nesses meios.

Fonte: Google imagens

O Youtube será nossa forma de veiculação, e segundo o blog de estatísticas “Rockcontent” atualmente a plataforma é o segundo site mais acessado em todo o planeta, perdendo apenas para o buscador Google. Ele conta com cerca de dois bilhões de usuários mensais e mais de um bilhão de horas de conteúdo são consumidos diariamente. Um outro ponto importante é a relação dos mais jovens com a plataforma, muitos pesquisadores relatam que nos encontramos na “geração do Youtube”, pois as crianças começam cada vez mais novas a assistir vídeos na plataforma, além de que cerca de 500 horas de novos materiais são carregados no site a cada minuto, e dentre esse conteúdo, os canais focados em futebol tomam uma


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boa parcela disso, tendo diversos canais com milhares de inscritos, sendo o canal Desimpedidos o maior do Brasil, com quase dez milhões de assinantes. Além disso, essa plataforma vem se mostrando a ferramenta mais eficiente para alinhar lazer e aprendizado, o que abre uma boa oportunidade para os documentários. Após isso analisado, podemos concluir que essa plataforma seria ideal para que possamos atingir o maior número possível de espectadores dentro do público-alvo para o nosso documentário, sendo que esses já possuem uma linha de pensamento cada vez mais acostumada a buscar conteúdos e aprendizados via internet e Youtube.

3.8 Classificação Indicativa

Fonte: Google imagens

De acordo com o manual ClassInd atualizado em 2021, o documentário Isto é Várzea se enquadra na classificação indicativa não recomendada para menores de 12 anos exclusivamente por conta de palavrões e ofensas, atos recorrentes nas arquibancadas de jogos de futebol. O intuito do documentário em mostrar estas palavras de baixo calão é especialmente para não censurar algo que sai espontâneo de algumas pessoas durante as partidas, além de ser uma forte demonstração de emoção, seja ela de alegria, tristeza, raiva, etc.

4. Referências Estéticas e Sonoras Para a produção deste documentário, utilizamos principalmente fontes que abordam uma temática semelhante ao nosso, principalmente em busca de formas para enquadrar cenas, relatos e como utilizar uma boa trilha sonora que conduza a trama.


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O Coração Chegou - SPFCTV e BRAHMA

Fonte: SPFCTV

Documentário produzido pela Brahma juntamente com o Canal SPFCTV com relatos da comissão técnica, jogadores e torcedores do São Paulo Futebol Clube ao serem campeões do Campeonato Paulista de 2021, além de mostrar toda a preparação para a decisão. O documentário tem os torcedores e jogadores como protagonistas e mostra como o título serve de inspiração para glórias futuras. Neste documentário foi utilizado como referência estética a forma enquadrar e de absorver excelentes imagens dos torcedores que demonstra a emoção do momento juntamente com uma imagem esteticamente bonita. Primeiros planos, planos detalhe e em determinados momentos o plano aberto, conduzem a trama e o documentarista utiliza a imagem a favor do que deseja repassar. Sonoramente também é uma referência importante, pois sua trilha sonora varia entre momentos felizes e tensos, de uma forma que determina o sentimento que a cena deverá afetar o espectador, além da forma em que captura muito bem os áudios dos cânticos dos torcedores, no qual não gera ruídos e enriquece o documentário.

Fonte: SPFCTV


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Neymar: O Caos Perfeito - NETFLIX

Fonte: Netflix

Documentário sobre um astro aclamado e criticado pelo mundo todo: Neymar compartilha os altos e baixos de sua vida pessoal e da brilhante carreira no futebol. Esta série documental traz entrevistas com grandes craques, como Lionel Messi, Kylian Mbappé e David Beckham. Com esse documentário pegamos referências sonoras com os cânticos e principalmente com as vaias sobre o personagem principal do documentário gerando tensão entre os dois lados servindo como trilha sonora. Esteticamente foi utilizado como referência o plano detalhe e primeiro plano que o documentário usou nas entrevistas, a fim de extrair o melhor ângulo do entrevistado.

Fonte: Netflix


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This is Football - Amazon Prime Video

Fonte: Amazon Prime Video

Um emocionante documentário de seis partes que mostra o impacto extraordinário do futebol no mundo. Das ruas de Délhi aos campos da Ruanda pós-guerra, até os lances da Liga dos Campeões, esta série conta uma história única do esporte e de seu poder de unir países, inspirar gerações e cativar bilhões ao redor do globo. Documentário que pegamos referências importantíssimas na parte sonora, neste documentário passa a emoção de você estar em um estádio com os torcedores entoando os cânticos das torcidas, faz você estar lá. Sua trilha sonora repleta de emoção e conduz o espectador a sentir sensações independentemente da imagem que é mostrada. Bastidores de partidas do São Paulo Futebol Clube - SPFCTV

Fonte: SPFCTV

Pequenos vídeos bastidores mostrando cenas dos torcedores do São Paulo Futebol Clube em jogos da equipe. Documentário que mais foi utilizado para adquirir referências estéticas, pois o foco é exatamente documentar a ação dos torcedores.


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Esteticamente o documentário usou muito bem o plano detalhe e primeiro plano para passar e demonstrar a emoção inúmeras emoções: felicidade, tristeza, tensão, medo, etc.

5. Justificativa O documentário Isto é Várzea traz a óptica de olhar uma partida de futebol além do jogo e mostrar que não são somente os jogadores os protagonistas desse esporte. O documentário dá foco e importância para quem está de fora do campo no sentido literal, mas se faz presente em cada jogada com suas reações e gritos sempre espontâneos. Quando o documentário foi planejado, buscou-se dar ênfase nas histórias de pessoas comuns que acabam passando despercebidas por se encontrarem em meio a uma multidão de torcedores, e que apesar de todas suas diferenças, algo une todos aqueles presentes. Quando abordado o tema futebol de várzea, é quase que de imediato a ligação com as periferias e seus moradores, esses que perante a sociedade estão acostumados a serem calados e menosprezados, tendo que fazer o dobro para ganhar a mesma oportunidade que a elite. Esse assunto vai além da meritocracia, e até quando abordamos o tema sobre o preço do ingresso dos jogos de futebol profissional, a segregação está cada vez mais evidente e com preços cada vez mais abusivos, algo que afasta os torcedores de baixa renda. Clubes que têm apelidos indicando ser “o time do povo” como Flamengo e Corinthians, também usam e abusam de preços exorbitantes e de acordo com o "Diário do Fla”, site focado em acompanhar o Flamengo, diz que em 2021 esse clube cobrou seus ingressos 173% mais caros após a pandemia 3. O campeonato mais importante de clubes da américa do sul, a Libertadores, também segrega seu público a partir da escolha feita em 2019 de definir ter suas finais em jogo único em determinados países do continente, o que afasta aqueles que não tem condição de viajar para fora do país para acompanhar seu clube. Documentar a várzea e as pessoas que lá frequentam, é uma forma de extrema importância para parar de “esconder” essa população e enfim os dar a sensação de serem ouvidos e incluídos. Quando aparecemos com uma câmera nos jogos, diversos torcedores ficam felizes com nossa presença e pedem inúmeras fotografias, mesmo

3 Disponível em: <https://diariodofla.com.br/ingressos-cobrados-pelo-flamengo-sao-173-mais-carosdo-que-antes-da-pandemia/>. Acesso em: 19/05/2022


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que praticamente nenhum busque saber como ficou na foto ou onde a encontrar, eles buscam apenas serem vistos e ficam satisfeitos com isso. Outra forma que o documentário busca quebrar paradigmas é de quebrar a fama da várzea de ser um local desorganizado e perigoso. Nas periferias diversas regras éticas são impostas e você as aprende logo quando criança, e todos sabem que aquele local é um local de relaxamento e diversão, apesar de suas exceções, que também ocorrem em âmbito profissional. Por isso, o tema central do documentário é enfatizar o amor e o lado emocionante presente nesse local, o que explica o porquê da escolha do público-alvo ser daqueles que desconhecem esta cultura. Os campeonatos escolhidos também não são por acaso, buscamos documentar alguns dos maiores campeonatos amadores pois sua infraestrutura e organização mostram uma realidade que talvez algumas pessoas não consigam imaginar, além da capacidade que um torneio amador tem de ter premiações de até 50 mil ou mais para o vencedor. A exclusão social e a ilusão de um mundo meritocrático causa muitos danos para populações periféricas, e assim como samba, funk, rap e entre outros, o futebol de várzea persiste resistindo e mostrando que está ali presente na vida e no cotidiano dessas pessoas, inclusive abrindo portas e retirando-as do mundo criminal e até mesmo trazendo oportunidade de tirar toda sua família da pobreza. O Brasil é um país rico de culturas e que tem grande parte de sua população com baixa renda, a união desses meios é encontrada através do futebol de várzea e milhares de pessoas estão ali vivendo e desejando expressar sua voz. Todos esses motivos abordados nesse texto revelam justificativas para a escolha do tema e do contexto do documentário, e todos esses âmbitos (esportivos, financeiros, comunitários, sociais) e isso precisa ser documentado.

Fotos: Autoral


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6. Desenho de Produção No desenho de produção explicamos os processos para produzir o documentário e o plano definido pela equipe. Também define-se o cronograma das etapas e os documentos necessários para que o projeto se torne realidade.

6.1 Plano de Produção Neste capítulo, está dividido em três processos e etapas principais para a produção deste documentário, que são a pré-produção, produção e pós-produção de maneira mais detalhada.

6.1.1 Pré-Produção Pré-Produção é um processo no qual é feito o planejamento e toda a preparação para o projeto. São feitas visitas técnicas, define-se estratégias e planos para as gravações. Este é um processo crucial para o andamento do projeto.

6.1.1.1 O Processo Durante o processo de desenvolvimento do que seria abordado em nosso documentário, surge o tema sobre a paixão das torcidas do futebol várzea, um ambiente comum no meio dos integrantes da produtora, porém que pouco é abordado no nosso cotidiano, mesmo estando envolvidos. Essa ótica de fugir do tema central que é o campo e bola durante uma partida de futebol é o grande diferencial, e então o projeto toma rumo para entender qual forma será desejada para documentar. Através de pesquisas e reuniões, ficou definido um modelo tradicional de documentário, com claro objetivo em deixar que os próprios torcedores envolvidos na trama contem suas histórias para exemplificar um conjunto inteiro denominada torcida. O jogo de futebol e as festas nas arquibancadas naturalmente são enriquecidos de boas imagens, estas que ilustram bem o que desejamos. Após definir o público-alvo e a estratégia que será utilizada, uma grande parte do projeto se dá por conta de pesquisar equipes que desejaríamos acompanhar no processo, e os critérios para isso são: qualidade da equipe (costumam ir longe nos campeonatos), localização da equipe, se a torcida é empenhada e a organização do time referente a redes sociais e planejamento de jogos. Ao final desse processo, definiu-se quatro equipes para serem analisadas, todas essas participantes de


50

diferentes campeonatos e de diferentes regiões, e então a equipe de produção iniciou o processo de estudo a campo e identificou os elementos que são de suma importância documentar.

6.1.1.2 Equipe e Gravações A equipe necessária para a realização do projeto foi dividida em funções, tais como diretor geral, auxiliar de direção, diretor de fotografia, produtor executivo, operador de câmera,

técnico

de

som,

editor,

diretor

de

arte,

e

roteirista.

Também na pré-produção foi definido quantas visitas a campo seriam feitas e a quantidade de dias de gravação será planejada, e assim ficou definido que como todos os integrantes já obtinham conhecimento prévio sobre a ambientalização nos estádios, grande parte das visitas seriam para reconhecimento do local e verificar se seria possível gravar um bom material, além das visitas à sede dos clubes, quando permitida por eles, para se familiarizar com a direção das equipes e perceber quem poderia ser essencial para as gravações. As redes sociais também auxiliam muito no processo de visita ao campo, pois pela internet é possível verificar fotos dos locais para um possível descarte imediato e facilita para os contatos iniciais com integrantes do clube escolhido. Os dias “D” de gravação, por sua vez, ficou definido como primeira competição a Super Copa Pioneer, principal torneio amador de São Paulo, e a partir disso verificar a quantidade de relatos e imagens realizadas conforme desejadas, para assim complementá-las na Copa Cecap, principal torneio da cidade de Guarulhos, e segundo local para a realização das gravações. Após a gravação destes dois dias, o planejamento segue com mais dois: mais uma vez na Super Copa Pioneer e na Copa 9 de Julho, totalizando quatro diárias de gravação, mas sempre com outras datas como plano B.

6.1.1.3 Abordagem A abordagem e ambientação dos locais de gravação são de suma importância no processo, então na pré-produção define-se como extrair o melhor do local e do ator social. Para extrair o máximo do local, é importante que no dia de gravação esteja um clima agradável com sol e com forte presença do público nos estádios, e para isso são feitas pesquisas para tentar diminuir a imprevisibilidade. O sol e a grande quantidade de espectadores trará uma boa sensação para quem assiste e trará vida


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para as imagens captadas. O registro sonoro também é essencial quando o assunto é futebol, e para isso o documentarista precisa estar inserido nas arquibancadas para captar o melhor áudio possível e trazer imersão para quem assiste. Durante as entrevistas, a abordagem informal promete trazer tranquilidade e fluidez na fala do entrevistado e com perguntas mais amplas, porém direcionadas, tentar extrair o desejado com ele naquela oportunidade.

6.1.2 Produção Neste processo são feitas as gravações de fato. A equipe se move ao campo de gravação e coloca em prática tudo que foi planejado na pré-produção e é de extrema importância organização e um bom planejamento para facilitar a pós-produção.

6.1.2.1 Equipamentos Na produção, a estratégia mais recomendada para uma gravação num estádio de futebol são equipamentos leves e pequenos, para isso foram utilizados tais equipamentos: Câmera T6i: Leve, recursos de ajustes manuais, pequeno porte e lente com altíssima qualidade. Gravador e Microfone Rode com Boom: Juntos, estes equipamentos potencializam o som e trazem uma possibilidade maior de amplitude de captação sonora para ambientes abertos, mas em contrapartida, são elementos mais complicados de serem carregados. Microfone Lapela: Microfone individual, que conectado com o gravador possibilita uma qualidade maior de áudio quando apenas um indivíduo está falando, como na entrevista com a psicóloga.

6.1.2.2 Equipe e Planejamentos Diferentemente da pré-produção, no dia da gravação a equipe é menor e menos funções são exigidas, no nosso caso foram a campo de gravação: Diretor, operador de câmera, operador de som e produtor executivo. Com um bom trabalho na pré-produção, é otimizado o trabalho na produção e o diretor já sabe o que quer captar, o operador de câmera já sabe o enquadramento, o


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operador de áudio já sabe se deseja um áudio mais amplo ou mais fechado e o produtor executivo sabe quais equipamentos levar e quais pessoas falar no local. Outros cuidados e planejamentos são necessários no dia de gravação, como: Organização: Horário do evento, horário de encontro, local de encontro, transporte, separação de equipamentos, autorizações de uso de som e imagem, além do orçamento. Cuidados: Bolsas e mochilas com travas, pausas para alimentação e verificação da segurança do local do evento.

6.1.3 Pós-produção Na pós-produção, o editor e o diretor serão os encarregados de finalizar o projeto, mas isso também é dividido por etapas, e tudo tende a facilitar se o trabalho de préprodução e produção foram bem planejados e executados. A primeira etapa é a decupagem de todas as imagens gravadas, nas quais serão analisadas e selecionadas de acordo com o roteiro previamente definido ou até mesmo conforme conforte o diretor no momento. Vale ressaltar que também é verificada a qualidade da imagem, seu enquadramento e seu áudio, para assim, produzir uma obra de mais qualidade e menos amadora. A segunda etapa é a montagem, nesta etapa tudo que foi selecionado na decupagem é colocado e montado seguindo o roteiro e de modo que o corpo do documentário ganhe forma. A última, mas não menos difícil etapa é a finalização. Esta por sua vez, após a montagem de cenas, é feito o tratamento de imagens, correção de cores, design, elementos visuais, tratamento sonoro e os créditos finais. Esta etapa permite mais criatividade e habilidade do editor, porém atuando de acordo com o desejado pelo diretor.

6.2 Cronograma de atividades desenvolvidas Cronograma de Pré Produção

Mês Junh Julh Agos Sete Outu Nove

Atividades 2022 Criação da produtora

Março

Abril Maio o 14/03

o

to

mbro bro

mbro


53 Reunião:

Brainstorm

e

Tipo

de

Producão

15/03

Reunião: Modo do documentário e Tema central

16/03

Reunião: Desenvolvimento da ideia e Escolha

dos

times

que

acompanharemos

17/03

Definicão de funções e sinopse

22/03

Definição do cronograma geral

23/03

Reunião: Público-alvo

24/03

Entrega da ficha e publico alvo

25/03

Missão visão e valores

26/03

Separação de tarefas da biblia de produção Reunião:

28/03 resumo

dos

livros

e

documentarios

29/03

Reunião: sobre roteiro e analise SWOT

30/03

Logo e artes da produtora

31/03

Apresentação

dos

resultados

de

pesquisa

01/0 4 01/0

Começo do argumento

4 04/0

Definição do plano de gravação Definição

do

cronograma

4 de

gravação e orçamento

06/0 4 07/0

Definição dos dias de gravação

4 08/0

Reunião com Orientador Visita

Tecnica:

Danúbio Azul

Jogo

4 amistoso

10/0 4


54 11/0 Busca de psicologas Reunião:

sobre

enquadramentos

4 a

+

arte

e

estratégia

de

gravação

12/0 4 15/0

Reunuião com Orientador

4

Reunião: entrega do roteiro e plano de produção

20/0 4 22/0

Reunuião com Orientador

4

Gravação: Super Copa Pioneer Marcone FC x Gaviões EC

01/0 5 03/0

Reunião: Verificar conteúdo gravado

5

Gravação: Copa CECAP quartas de final - Vem Ki Tem FC x AC Vasco

5

Reunião: Entrega da parte do projeto completo na biblia

orçamento técnica

10/0 5

Reunião: Entrega de cronograma e

Visita

15/0

19/0 5

CDC

areião

-

Associação Esportiva Condor

22/0 5 22/0

Visita técnica Copa CECAP semi final

5

Entrega das cópias para a Banca

23/0

de Qualificação

5 30/0 5

a

Gravação: Final da copa CECAP -

06/0

Vem Ki Tem FC

6 11/0 6

a

24/0 Bancas de Qualificação

6


55 01/0 6

a

Gravação: Super Copa Pioneer -

30/0

Oitavas de Final - Marcone FC

6 01/0 6

a

08/0 Gravação: Psicóloga

6 01/0 7

Gravação:

Entrevista

com

Torcedor Icone

a

30/0 7 01/0

Reunião: Produção da biblia

7 01/0 8

a

30/0 Decupagem e edição

8 31/0

Entrega da primeira versão editada Reunião: Publico alvo assiste e dá

8 01/0

opinião

9 01/0 9

a

08/0 Ajustes na edição

9 10/0

Entrega Biblia e produto Entrega das cópias para a Banca

9 13/0

da Versão Preliminar

9 20/0 9

a

Bancas da Versão Preliminar do

24/0

Produto ou Texto

9 15/1

Impressão da Biblia

0


56 Entrega dos exemplares para a

08/1

distribuição à banca

1 21/1 1

a

05/1 Bancas Públicas

2

7. Orçamento Nesse trecho informamos em relação ao orçamento previsto na realização do projeto, utilizamos o site Sindcine para obter as informações de valores para desenvolver nosso projeto.

7.1 Orçamento Previsto Equipe Profissional

Tempo

Quantidade

Valor da Unidade

Valor Total

INSS

IR

Diretor

6 diárias

1

R$700,00

R$4.200,00

R$504,00

R$378,00

Assistente de Direção

6 diárias

1

R$290,00

R$1.740,00

R$208,80

R$156,60

Produtor

6 diárias

2

R$196,00

R$1.176,00

R$141,12

R$105,84

Diretor de Arte

6 diárias

1

R$427,00

R$2.562,00

R$307,44

R$230,58

Diretor de Fotografia

6 diárias

1

R$427,89

R$2.567,34

R$308,08

R$231,06

Roteirista

1 mês

1

R$36.280,83

R$36.280,83

R$4.353,69

R$3.265,27

Design

2 semanas

2

R$1.670,94

R$6.683,76

R$802,05

R$601,53

Editor

1 mês

2

R$3.995,26

R$7.990,52

R$958,86

R$719,14

Operador de Som

6 diárias

1

R$3.000,00

R$360,00

R$270,00

Operador de Câmera

6 diárias

1

R$450,00

R$2.700,00

R$324,00

R$243,00

Pesquisador

3 meses

4

R$4.217,00

R$50.604,00

R$6.072,48

R$4.554,36

R$500,00


57 R$122.071,79

R$14.340,52

R$10.755,38

Equipamentos Objetos

Quantidade

Valor da Unidade

Valor Total

Câmera Digital EOS REBEL T7 Canon - Comprada

1

R$3.698,57

R$3.698,57

Lente 18-55mm F/3.5-5.6 IS II Canon - Comprada

1

R$1.872,10

R$1.872,10

1

R$470,00

R$470,00

1

R$1478,00

R$1478,00

Tripé Câmera Profissional 1,80 Mts - Canon - Comprado

1

R$174,00

R$174,00

Cabo Microfone Xlr - Canon Comprado

2

R$30,00

R$60,00

Gravador de voz digital ICD-PX240 de 4 GB - Sony - Comprado

2

R$299,00

R$598,00

Vara de Boom 1,65m - Luz de Cena - Comprado

1

R$299,00

R$299,00

Cartão SDXC SanDisk 128Gb Extreme PRO 170Mb/s UHS-I V30 Comprado

2

R$268,99

R$537,98

Microfone VideoMic GO - Rode Comprado Microfones de lapela Alcance de transmissão - Zwbfu SYNCO Comprado

R$9.187,65

Valor Total do Projeto

R$131.259,44

8. Comercialização Neste capítulo são descritas as estratégias de divulgação e como buscamos gerar receita com o documentário, e para isso foi utilizado de base a faixa etária do público-alvo e de acordo com nossas experiências de mundo.


58

8.1 Campanhas para Divulgação Baseado na faixa etária do público-alvo e seus interesses, a grande força de divulgação do documentário se encontra na internet e redes sociais. Hoje em dia, um conteúdo pode facilmente ser viralizado e ter diversos compartilhamentos, numa forma que a informação é divulgada gratuitamente pelas pessoas sem qualquer combinação, mas para isso acontecer não basta uma simples propaganda, tem de ser

algo

chamativo,

criativo

e

que

desperte

curiosidade.

Portanto como carro chefe de divulgação, a rede social Tik Tok (na qual é gratuita e possui mais de 1 bilhão de usuários ativos) pode ser um grande porta voz e seu entrosamento com o futebol já é algo bem definido e a plataforma inclusive faz transmissão de algumas partidas profissionais, além de ser popular em todas as classes

sociais.

Já pensando nas propagandas tradicionais, o Youtube entra com força nesse quesito, já que é uma plataforma mais consolidada e o documentário já está dentro da mesma, um simples anúncio com um trailer e um link fácil pode ser alvo de milhares de cliques. A plataforma também permite que determinado anúncio só seja vinculado nos canais desejados, portanto, visando o público-alvo, as propagandas usariam os canais dedicados ao futebol como seu meio de divulgação. O meio de marketing físico também é de interesse, porém uma maneira mais objetiva seriam alguns banners nos abrigos de ônibus, pois flyers são facilmente rejeitados e geram muito mais detritos.

8.2 Receitas Como forma do documentário ter um retorno financeiro, uma grande oportunidade está no chamado “adsense” do Youtube , que através de anúncios e cliques, geram dinheiro para o criador de conteúdo. O Tik Tok também procura ter uma boa relação com seus criadores e também poderia ser uma fonte de renda. O tema do documentário e sua importância social podem abrir muitas portas para parcerias e chamar anunciantes que desejem ter sua marca associada a uma cultura enraizada

no

Brasil

e

nas

periferias.

Como vendas de produtos, o documentário não teria grande força, porém, é uma grande porta de entrada para futuras criações audiovisuais que possibilitem este


59

desejo. A fortificação da marca da produtora e possíveis conteúdos futuros sobre a Várzea podem acabar gerando renda também, porém sempre visando produtos mais baratos para abranger os atores sociais que são tão importantes para a documentação das cenas.

Considerações Parciais Breno Menezes Esse semestre se propôs um grande desafio não só para mim mas acredito que para todos os alunos da faculdade, como agir com a volta à "normalidade" após dois anos de pandemia, tantos membros valiosos em nossa produtora já não estarem mais conosco para a realização de nosso projeto, entre outros desafios propostos, como motivar um pequeno grupo a estar 100% focado a realizar o melhor projeto possível? A resposta dessa pergunta se alinha perfeitamente à temática de nosso documentário, resolvemos trabalhar com paixão, e não só a nossa, a de milhões de brasileiros, o futebol de várzea. Após decidirmos qual seria o tema que gostaríamos nos organizamos para alinhar qual seria a melhor maneira de mostrar ao telespectador a história que desejamos passar a eles, preparamos uma rotina onde todos os membros tinham tarefas a realizar todos os dias da semana, isso combinado a reuniões dentre o grupo e com nosso professor orientador nos deu a luz que precisávamos para saber como dar andamento ao projeto e estar o mais inserido nele possível. Descobrindo que para realizar um bom projeto o documentarista necessita estar o mais inserido possível no seguimento que deseja relatar, assim começamos uma rotina de acompanhar jogos e fazer visitas às sedes dos clubes que pretendemos retratar no documentário, ao acompanharmos os torcedores podemos sentir na prática a influência que o torcedor tem na modalidade e como a paixão deles afeta não só o time mas todo o entorno, estando com torcidas diferentes tivemos um sentimento praticamente igual que foi a vontade de apoiar o clube mesmo ele não tendo grande influência em nossa realidade antes de estarmos lá para acompanhar, vivemos na pele o que desejamos passar a nosso espectador, após todas essas empreitadas conseguimos idealizar bem a ideia que pretendemos mostrar a quem assista nosso projeto, de agora pra frente é trabalhar duro para que consigamos


60

passar ao público o mesmo sentimento que tivemos e que todos deveriam ter ao se deparar com a paixão de um jeito tão genuíno.

Gabriel Nunes Na produção desse documentário estou vendo que o futebol tão clichê que conhecemos tem muita coisa para oferecer e dar para o povo que é apaixonado e para aqueles que não são muito fã do futebol também, tivemos muito contato com as pessoas que jogam na várzea e vemos que eles são fascinados nos times, por conta de vários motivos, algum parente jogou ou até mesmo ainda joga, por ser o time do seu bairro e a pessoa ter essa sensação de poder estar defendendo o seu time do bairro, e por essa paixão que iremos entender com o documentário. Já na parte de produção estou ganhando muita experiência e gostando muito de fazer as filmagens por ser planos de eu particularmente nunca tinha gravado e por gostar deles, que são primeiro plano é o plano detalhe, para mim o plano detalhe bem executado traz a emoção e você sente o que está acontecendo na própria cena.

Gustavo Galvão Neste documentário, há muitas reflexões de como vemos o amor, ele nada mais é que a necessidade de algo, colocando em prática e vendo de perto, reforça ainda mais o que esse sentimento consegue fazer, proporcionar, e o que ele é para nós. Nós abre uma visão no geral para realmente sentir qual o impacto disso na vida das pessoas, muitos nascendo e crescendo com este amor, outros com o tempo chegando mais e mais perto. Um documentário que, quando produzido por nós, nos fez enxergar de outra forma e visualizar cada coisa importante que tem este sentimento e suas vertentes.

Yuri Monteiro Ao me deparar com o desafio de produzir uma obra audiovisual para meu trabalho de conclusão de curso, milhares de ideias passaram pela minha cabeça e desde o primeiro dia sempre desejei entregar um produto de qualidade, independentemente do gênero mas com algum projeto grande. O semestre se iniciou e minha antiga produtora se desfez, então com uma nova e menor produtora, o grande objetivo era


61

entregar um trabalho que me orgulhasse e que mostrasse que superei as adversidades, e para isso em consenso com a equipe, definiu-se que seria um documentário. A partir do gênero, o que documentar? Qual história contar? Recorremos a um tema de comum aceitação por todos, que é o futebol. Mas além disso, a nossa vivência nos fez buscar o futebol amador, pois sabemos de sua grandeza e riqueza de histórias existentes ali. A grande dificuldade no meu ponto de vista, seria a bíblia de produção, tendo em vista que não temos tanta familiaridade com a parte escrita, porém aceitamos o desafio e baseado em erros já cometidos em semestres anteriores, a principal solução para nosso problema seria um planejamento perfeito. Para isso, me dediquei mais do que pude e a cada horário de almoço no meu emprego me planejei para produzir cronogramas de produção individuais e em grupo, visando extrair 100% dos meus companheiros. Com o passar do tempo o cronograma foi seguido e junto às orientações do professor o trabalho foi ganhando corpo e a confiança aumentou. Após diversas reuniões (quase diárias) com meu grupo, as pesquisas e produções se mostraram bem adiantadas e o grande sentimento que sinto nesse momento é de esperança de concluir meu objetivo. O semestre que vem tende a ser menos trabalhoso, pois grande parte da bíblia de produção está pronta e parte das gravações também estão feitas, porém o medo do produto final ser amador demais ainda percorre meus pensamentos a noite, mas assim como o futebol de várzea vem me ensinando, ter esperança, empenho e resistência é a chave para seguir em frente.


62

Referências Bibliográficas Bezerra, Juliana. História do Futebol. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/história-do-futebol/>. Acesso em: 22/03/2022 BRAGA, Daniel. Futebol, 150 anos. Folha de São Paulo, [S. l.], p. 1, 27 out. 2023. Disponível em: http://arte.folha.uol.com.br/esporte/2013/10/27/futebol-150-anos/. Acesso em: 20 maio 2022.

Cáceres, Paulo Pereira. "Fanatismo e paixão: A experiência de consumo de torcedores porto-alegrenses de futebol." (2010). CASTRO, Luiz Felipe. O destino do “efeito casa” em jogos sem torcida nos estádios. Placar, 2020. Disponível em: <https://placar.abril.com.br/esporte/o-destino-do-efeito-casa-em-jogos-sem-torcidanos-estadios/>. Acesso em: 22/04/2022 CLASTRES, Pierre. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac Naify, 2004 COSTA, Maurício da Silva Drummond, 2006 Damo, Arlei Sander. "Monopólio estético e diversidade configuracional no futebol brasileiro." Movimento (Porto Alegre) 9.2 (2003): 129-156. Folha de São Paulo. Futebol 150 Anos. Disponível em: <http://arte.folha.uol.com.br/esporte/2013/10/27/futebol-150-anos/>. Acesso em: 22/03/2022 FUTEBOL DE VÁRZEA: Berço de insubordinações RAFAEL FERMINO BEVERARI GONÇALVES, Emerson. A personalidade das marcas dos clubes de futebol. Globo Esporte, 2011. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/platb/olharcronicoesportivo/2011/11/10/apersonalidade-das-marcas-dos-clubes-de-futebol/>. Acesso em: 22/04/2022. Lebrun, Gérard. "conceito de paixão." Sentidos da Paixão (1987). Medeiros Marcato, Tais. "O sujeito no documentário torna-se o sujeito do documentário: um estudo sobre a autobiografia em Santiago.” (pág 439) NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005

Oliveira, Michelle. Marques, ESPECIFICIDADES. (2017).

Edmilson.

O

DOCUMENTÁRIO

E

SUAS


63

Pinheiro, Paulo Henrique. Licenciamento da CBF para clubes de futebol. Disponível em: <https://leiemcampo.com.br/licenciamento-da-cbf-para-clubes-de-futebol/>. Acesso em: 23/03/2022 Redden, J. e Steiner, CJ (2000), "Consumidores fanáticos: rumo a uma estrutura de pesquisa" Roteiro para documentário: uma obra que não se fecha em si mesma - Alfredo Dias Salles, João Moreira. "A dificuldade do documentário." O imaginário e o poético nas ciências sociais. Bauru: EDUSC (2005): 57-71. São Paulo, Esporte e Lazer. Perguntas Frequentes. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/esportes/cdcs/. Acesso em: 23/03/2022 Significados, Significado de Várzea. Disponível em: <https://www.significados.com.br/varzea/>. Acesso em: 18/03/2022 VENTURA, Marisa. A motivação nasce da paixão. Motivação, [S. l.], p. 1, 22 abr. 2020. Disponível em: https://marisaventura.com.br/a-motivacao-nasce-da-paixao/. Acesso em: 20 maio 2022.


64

Argumento Primeira Etapa: O documentário se inicia com a psicóloga Laura Domingues abordando a paixão e algumas variáveis de acordo com os estudos da psicologia. Enquanto ela fala em voz over, inserts de torcedores gritando, torcendo, e fazendo uma linda festa aparecem, porém chegando ao fim da fala, corta-se a imagem para psicóloga a fim de comprovar que as informações ditas são de uma especialista. A trilha sonora desta cena será com tons mais calmos e inspiradores, a fim de trazer emoção. Para a entrevista será priorizado o plano médio e/ou primeiro plano.

Segunda Etapa: Imediatamente após a fala da psicóloga, é inserida a vinheta de início do documentário com o logo “Isto é Várzea”. Após a vinheta, roda a primeira entrevista com um torcedor de algum time da várzea, enquanto é intercalada com gravações da torcida e de imagens do jogo. Após o primeiro entrevistado, são inseridos mais alguns relatos intercalados com mais imagens, a fim de contar diferentes histórias mas que tem o mesmo significado, que é o amor. Para os relatos, serão priorizados os planos médio e primeiro plano.

Terceira Etapa: Após os primeiros relatos, uma terceira etapa se inicia e terá todo foco em captar a emoção através das imagens adquiridas nas gravações. Será priorizado uma trilha sonora que combine com as imagens, que serão das lindas festas e das demonstrações de amor da torcida com seu clube. Plano aberto, plano médio, primeiro plano e plano detalhe serão os planos priorizados nesta etapa.

Quarta Etapa: Após a terceira etapa, a última parte do documentário entrevista um membro vigente de algum clube, seja ele membro de torcida organizada, jogador ou membro da comissão técnica. Será feita através de um diálogo a fim de trazer um relato de alguém que está diretamente inserido no meio e tem aquele clube carregado em suas veias. Nesta etapa, busca-se relatos mais fortes e impactantes, portanto a trilha sonora fica em segundo plano e o ambiente de gravação imagina ser a sede ou algum local mais calmo para que traga outra perspectiva. O plano médio e primeiro plano serão priorizados nesta questão, e não ocorrerão inserts nesta etapa. Este entrevistado encerra sua fala com alguma frase que imaginamos impactar e definir o documentário, e os créditos finais sobem.


65

Plano de Captação

● GRAVAÇÃO DE ENTREVISTAS - Com torcedor do Marcone Fc - Com torcedor do Vem Ki Tem Fc - Com algum torcedor ícone/jogador/membro da comissão técnica - Psicóloga ou estudante de psicologia ● GRAVAÇÃO DE IMAGENS DE APOIO - Campo e Jogo - Estádio do lado de fora - Torcedores tensos - Torcedores felizes - Torcedores cantando - Torcedores nervosos - Banda tocando - Plano detalhe na torcida - Plano aberto na torcida - Comemorando gol (Se possível) ● GRAVAÇÃO DE ÁUDIOS - Cânticos da torcida - Banda


66

Anexos


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