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4.3 IDENTIDADE VISUAL

4.3 IDENTIDADE VISUAL

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Construção da história

O ser humano sempre teve a necessidade de se comunicar, por isso a linguagem existe desde os primórdios apenas evoluindo a cada época. Para a linguagem audiovisual essa virtude também procede existindo formas variadas de se compor uma obra, sendo elas na estética, nos aspectos artísticos desenvolvidos para enriquecer a narrativa, nas formas textuais de se conta-la e até mesmo nas classificações de gêneros e formatos que servem como um “mapa” de características para a composição.

Diante disso a melhor forma de se estruturar uma narrativa é através dos roteiros, os documentos onde contamos e apresentamos nossa história, segundo “Syd Field” um roteirista estadunidense e considerado por muitos o responsável por disseminar a teoria básica para a elaboração de um roteiro, em seu livro “Manuel do Roteiro”, ele cita: “Um roteiro é uma história contada com imagens. É como um substantivo: Isto é, um roteiro trata de uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivenciando a sua “coisa” . Com isso ele expõe a essência de um produto audiovisual e como ela deve ou não funcionar. Além disso, ele apresenta a organização de arco, atos, ponto de virada e o conflito essencial que deve ter. Tendo em perspectiva estas ordenações ao se pensar em escrever uma história é possível criar brechas e formas para se ter um roteiro diferente que converse diretamente com o tipo universo criado.

E é por isso que existem as variações em determinadas narrativas, existem filmes que não seguem uma linha linear e trabalham em cima de algo não cronológico, metalinguagem, entre outras.

Existem exemplos na literatura de não se concentrar em algo com início, meio e fim, fazendo com que a estrutura desses tempos se misture e provoque uma reflexão ou até mesmo confusão no leitor.

Um exemplo cinematográfico disso é no filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” , onde O filme todo é retratado através da metalinguagem, sendo que a história não é contada de forma linear misturando as memórias do personagem principal com o ambiente exterior à mente, além de introduzir passado e presente em diferentes linhas do tempo. A roteirista “Linda Aronson” , define esse tipo de estrutura como “narrativas separadas que correm em paralelo, geralmente envolvendo não linearidade, saltos no tempo, elencos grandes, ou tudo isso junto. ” Já outros autores acreditam que seja um recurso para se contar sobre algo social ou colocar em perspectiva reflexões sobre a complexidade do comportamento humano.

Retomando as diferentes formas de se compor uma obra audiovisual citada anteriormente, ainda existem os recursos visuais que conversam diretamente com o roteiro e com a visão prévia do roteirista, juntamente com o diretor e a equipe artística, uma delas é a fotografia, é como vamos apresentar as nuances do roteiro de forma visual e quase poética, pois se trata de uma linguagem que contribui para composição geral.

O diretor de fotografia “Vittorio Storaro” , que trabalhou no filme “Último Tango em Paris” , diz que a fotografia em um filme é como “Escrever histórias com a luz e a escuridão, com o movimento e as cores. É uma linguagem com seu próprio vocabulário e com ilimitadas possibilidades de expressar nossos pensamentos e emoções.” Portanto, é a extensão das personagens e seus conflitos de forma visual para o espectador, ela é aliada direta da construção da narrativa e das modalidades artísticas que podem ser seguidas nisso e se alinhar a paleta de cores, a usar fotografia em película ou digital, nos enquadramentos ou planos. Outra forma de darmos mais fundamento é através da escolha do gênero para guiar a história, podem ser seguidos a risca, com mudanças ou incorporados mais de um. Um desses gêneros que acabou se perpetuando ao longo da existência do mercado audiovisual são os “Road Movies” ou os “Filmes de estrada” , eles se caracterizam por trabalhar com personagens solitários, que estão passando por algum estado emocional e precisam de alguma forma viajar seja para reencontrar algo ou descobrir o desconhecido.

No filme “Paris, Texas” do diretor “Wim Wenders” exemplifica isso de forma perceptível em seu personagem protagonista e em como seus sentimentos são trabalhados como ponto principal no filme, deixando as grandes reviravoltas e acontecimentos como “plano de fundo” para o grande protagonismo que é trabalhar nos conflitos de seu personagem. Outro diretor que percorre por esse gênero e usa dessa temática é o cineasta “Karim Ainouz” . Em sua filmografia sempre encontramos alguém que está buscando algo, aquela “sensação de ser estranho, de vir de fora ou até mesmo pertencer a outro lugar” .

Em síntese os “Filmes de estrada” trabalham com a busca de algo, uma possibilidade de redenção e a viagem de alguém que está transitando de um ponto para outro e principalmente uma viagem com o íntimo daquele indivíduo explorado na narrativa.

Desse modo, existem muitos caminhos em que se pode percorrer ao construir uma obra audiovisual, os motivos para tais composições das linguagens abordadas são de extrema importância para tornar o seu trabalho com fundamentação e coesão, além de transitar pelas diferentes artes de se contar uma história.

Direção de Arte

Para a direção de arte, que é tudo aquilo que envolve a parte estética do produto, tem como objetivo usar cores neutras e azuladas nos cenários, figurinos e paleta de cores para pós-produção, sendo a melhor forma de uma comunicação não verbal, garantindo que seja estimulada a sensação e o sentimento adequado para os telespectadores durante o decorrer de nossa história.

A escolha dos tons neutros tem como foco transmitir a sensação de estabilidade, estando mais presentes em cenografia e nos figurinos. Já os tons azuis aparecem para passar o sentimento de calma e tranquilidade para a história e para quem acompanha o curta-metragem “Florescer” .

Paleta de Cores

As cores que fazem parte da paleta, são baseadas nas cores escolhidas pela diretora de arte Inbal Weinberg, que dirigiu artisticamente o filme “A filha perdida” da Netflix, uma das referências audiovisuais para o curta-metragem.

As cenas são trabalhadas através dos sentimentos que as cores conseguem transmitir, percorrendo os tons escuros, médios e claros da nossa paleta de cores. Buscando sempre os sentimentos descritos no roteiro.

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