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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
participações. Logo, esta pesquisa baseia-se na teoria do newsmaking que aborda as rotinas de produção. Segundo Wolf (1999 p.180), a abordagem do newsmaking “é constituída pelos estudos que analisam a lógica dos processos pelos quais a comunicação de massa é produzida e o tipo de organização do trabalho dentro da qual se efectua a construção das mensagens”. Já Pena (2005, p.130), se utiliza dos estudos da socióloga Gaye Tuchman para elucidar que a produção de uma notícia passa por uma organização como a de uma rotina industrial que tem seus limites organizacionais, ou seja, nem sempre a vontade do profissional será determinante na filtragem da notícia. Assim, a partir do objeto estudado, pode-se observar o newsmaking na forma como o cada informação é emitida ao público através das notícias e os debates acerca delas. Ademais, também à recepção do público ao receber informações, que mediante a isso interage e opina nas redes sociais do pro-
grama.
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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Criado em 1896 pelo italiano Guglielmo Marconi, o rádio é um dos veículos mais presentes na vida das pessoas, e desde a sua criação propaga informações, forma opiniões e gera entretenimento aos ouvintes. A escrita é vista como uma revolução na comunicação, pois permitiu ao homem que fosse registrado ideias e memórias, entretanto “a invenção do rádio (no final do século XIX ou início do século XX), massificou a comunicação, facilitando a disseminação de informações” (SALEMME, 2016, p.21). "O rádio propiciou a primeira experiência maciça de implosão eletrônica, a reversão da direção e do sentido da civilização ocidental letrada" (McLUHAN, 2011, p.337). A afirmação de McLuhan indica a força do rádio no modo como influencia a sociedade:
O rádio afeta as pessoas, digamos, como que pessoalmente, oferecendo um mundo de comunicação não expressa entre o escritor-locutor e o ouvinte. Este é o aspecto mais imediato do rádio. Uma experiência particular. As profundidades do rádio estão carregadas daqueles ecos ressonantes das trombetas tribais e dos tambores antigos. Isto é inerente a própria natureza deste meio, com o seu poder de transformar a psique e a sociedade numa única câmara de eco (MCLUHAN, 2011, p. 336 e 337).
Segundo Ferraretto (2007, p.23), o rádio é um meio de comunicação historicamente caracterizado pela transmissão de conteúdos para uma audiência ampla, heterogênea e anônima, assim podendo ser definida como uma mídia de massa. Desde os seus primórdios, o rádio carrega consigo um potencial interativo e essa ideia é apontada desde
os anos 30 pelo ensaísta Bertolt Brecht. Segundo Ortriwano (1998, p.13), Brecht já antecipava que o ouvinte tinha um anseio do que hoje chamamos de interatividade. O alemão via o rádio como um veículo de dupla mão-de-direção, sendo capaz de emitir e receber informações, principalmente de seus ouvintes. Ao longo dos seus quase 100 anos de existência no Brasil, o rádio está sempre buscando novas saídas para se adaptar as novas tecnologias que vão surgindo. Há anos se discute a sobrevida para o veículo, entretanto ele “ressurge das próprias tecnologias que poderiam sufocá-lo enquanto veículo de comunicação” (NEUBERGER, 2012, p.133). Segundo Martins (2008, p.2), a história do rádio é marcada por dois momentos que se debate acerca de sua existência no futuro: o advento da televisão e da internet. Com o surgimento dessas tecnologias forçaram o rádio a redefinir o seu modo de linguagem e como se relacionar com os ouvintes. Como indicam os estudos da área de convergência, de acordo com Jenkins (2009, p. 41-42), o avanço tecnológico não culmina na substituição dos meios de comunicação tradicionais, como é o caso do rádio, mas à transformação e introdução de novas tecnologias. Nesse atual contexto, as emissoras buscam explorar de recursos de comunicação em rede, tornando-se hipermidiático que “vai além da transmissão em antena, ampliando sua produção através da internet e dos dispositivos de rádio digital, mas que ainda mantém sua raiz no conteúdo sonoro” (LOPEZ, 2010, p.140). Em comparação com outros meios de comunicação, como a televisão ou o jornal, o rádio é o veículo mais democrático e permite que o ouvinte seja mais que um receptor, pois é nele que o público pode exercer sua cidadania, fazer reclamações, denúncias, emitir uma opinião e ter sua proximidade como ouvinte. O rádio sempre esteve próximo, receptivo ao ouvinte. Segundo Ferrareto (2021)8, a ideia de conexão entre ouvinte e emissora existe desde o início do rádio, pois já no primeiro programa organizado no Brasil, o “Cazé”, os ouvintes tiveram a atitude de ligar e reclamar sobre o tipo de música que era tocado na rádio. Logo, é possível notar que a relação ouvinte e rádio não é algo atual. Com o avanço da tecnologia, o rádio se tornou ainda mais popular e mais interativo. A afirmação de Salemme aponta sobre esta interatividade:
No rádio, a relação vai além de um veículo de comunicação que informa e entretém. Neste caso, é propício o uso da palavra companheiro para interpretar o relacionamento entre as ondas sonoras e o ouvinte, tal a
8 Entrevista concedida à autora em 23/09/2021