UNIVERSIDADECRUZEIRODOSUL CURSODEJORNALISMO LUISFELIPERODRIGUESROCHA JORNALISMODIGITAL:QUALASUAIMPORTÂNCIANO COMBATEÀSFAKENEWS? SãoPaulo 2021 UNIVERSIDADECRUZEIRODOSUL
JORNALISMODIGITAL:QUALASUAIMPORTÂNCIANO COMBATEÀSFAKENEWS?
CURSODEJORNALISMO
Monografia desenvolvida como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.
LUISFELIPERODRIGUESROCHA
2021
SãoPaulo
pensando em tudo que aconteceu, não apenas comigo, mas em todo meu entorno. Desde a situação da Covid-19 que se intensificou bastante, até questões pessoais e problemas de saúde. Por conta disso não poderia deixar de agradecer aqueles que me deram suporte durante essas adversidades. Primeiramente agradeço minha mãe pelos incentivos e por sempre estar ao meu lado, assim como minha irmã Flávia, que apesar da pouca idade foi de extrema importância me ajudando ao ler meus textos e ouvir minhas explicações. Também não posso deixar de agradecer aos meus amigos, Ariane Lima e Gillis Santos, que de diferentes formas contribuíram muito para este momento. Assimcomominha avó, Emília. Com um valor sentimental muito grande, ofereço esta monografia ao meu falecido pai,quesemprealmejouestemomentoparamim.Porfim,façoumamençãohonrosa também ao meu professor de filosofia do ensino médio, Ari e asuacolega, PolianaCarlech, que me apresentaram o jornalismo de uma outra forma, e possuem uma parcela nesta
Obrigadoformação.
NesteAGRADECIMENTOSúltimoanomepeguei
Thismonographaimstodiscusstheroleofdigitaljournalismvehicles,especiallythose belongingtoGrupoGlobo,incombatingfalsenewsthat,inadditiontomisinformingsociety, oftenenduppolarizingthepoliticalenvironmentevenfurther.Wearecurrentlyinasociety immersedinaprocessofuninterruptedpoliticalandelectoraldisputes.Evenwiththeelected presidentin2018,misinformationcontinuedtoplayacentralroleinconductingachaotic mandate.Ontheeveofthe2022elections,theproblemcontinues.Amidstthissituation,bots andtrollsfindmoreandmorespacetospreadfalsenewsandincreasinglymisinformationin society.Itisimportanttoemphasizethatinordertounderstandhowthisphenomenonworks andhappens,wemustfirstunderstandthefunctioningandthewaysusedbydigital journalismtocombatthesemisinformationtools.Inadditiontodiscoveringthefunctionof algorithmsinthisscenarioandfinallyarrivingatthereactionsofinternetuserswhoconsume thenews.
Keywords: FakeNews.DigitalJournalism.Politics.Algorithms.Bots.Trolls
Esta monografia pretende discutir a função dos veículos de jornalismo digital, sobretudo como os pertencentes ao Grupo Globo no combate anotíciasfalsasque,alémdedesinformar a sociedade, muitas vezes, acabam por polarizar ainda mais o ambiente político. Atualmente nos encontramos em uma sociedade mergulhada em um processo de disputa política e eleitoral ininterrupta. Mesmo com o presidente eleito, em 2018, a desinformação continuou desempenhando papel central na condução de um mandato caótico. Às vésperas daseleições de 2022,oproblemasegue.Emmeioaessasituação,osbotsetrollsencontramcadavezmais espaço para disseminar notícias falsas e aumentando cada vez adesinformaçãonasociedade. É importante salientar que para entendermos como este fenômeno funciona e acontece, precisamos antes entender o funcionamento e os caminhos utilizados pelo jornalismo digital para combater estas ferramentas de desinformação. Além de descobrir qual a função dos algoritmos neste cenário e por fim chegando às reações dos internautas que consomem as notícias.
RESUMO
ABSTRACT
Palavras-chave:FakeNews.JornalismoDigital.Política dosAlgoritmos.Bots.Trolls
SUMÁRIO
2.1 - O funcionamento do jornalismo digital; 16
2.2 - Os portais do Grupo Globo e como atuam hoje; 29
4.2 - Uma imprensa descredibilizada? 51
3.1 - Como funcionam os algoritmos? 39
1. INTRODUÇÃO 7
3.2 - Jornalismo e a sua relação com os algoritmos 43
CAPÍTULOI
CONSIDERAÇÕESFINAIS 60
CAPÍTULOII
2.JORNALISMODIGITAL 10
3.OSALGORITMOS 35
4.TROLLS,BOTSEFAKENEWS 44
4.1 - As técnicas e motivações das Fake News 47
REFERÊNCIAS 66
Figura8-BannoFacebook 40
Figura9-AlgoritmoseaComunicação 42
Figura12-TorreEiffeleEmpireStateBuilding 57
Figura10-Jornal-Sensacionalista 46
Figura11-Memesfeitospordeepfake 50
Figura3-Perfilde“OGLOBO”divulgamatériasobreo7desetembro 18
Figura2-EfeitosespeciaisdeSonic:Ofilme 16
Figura5-Utilizandoohiperlink 27
Figura1-BlackMirror:Bandersnatch 15
ListadeFiguras
Figura6-QuantidadedepostsdoperfildoG1noTwitter 30
Figura7-PesquisadoGoogle 37
Figura4-HomepagedoG1nodia15/out/2021 20
Tabela1-Crescenúmerodebuscaporinformaçãoconfiávelnainternet 32 Tabela2-OstiposdefakenewsdeacordocomClaireWardle 45 Tabela3-Relatóriodeviolênciaàjornalistas-FENAJ 54
ListadeTabelas
Se voltarmos um pouconotempo,quandoaex-presidenteDilmaRousseffsereelegeu em 2014, pôde-se notar,naquelemomento,oiníciodeumadivisãomaisradicalnopaís,entre os representantes em ascensão da extrema-direita e à esquerda em geral. Entretanto, foi nas eleições de 2018 que a situação foi totalmente exposta ao conjunto da sociedade. Após a publicação da matéria do jornalFolhadeSãoPaulo,quedenunciavaousodetrollsebotspor parte de apoiadores do até então candidato à presidência, Jair Bolsonaro, iniciou um movimento intenso de hate nas redes sociais contra a oposição e especialmente contra os1 jornalistas. Ao fim das eleições de 2018, Bolsonaro foi eleito, e o resultado dessaeleiçãofoi muito além do triunfo do até então candidato do PSL. Isso porque, com a vitória da extrema-direita, o até então "pacto" conciliatório dos governosdeesquerdaencabeçadospelo Partido dos Trabalhadores (PT) foi rompido, e as discussões e debates que antes já eram muito raros, se tornam quase impossíveis de acontecer. Esta circunstância fortaleceu a massificação de notícias falsas, principalmente pelo descrédito que o próprio governo começouaimporàimprensatradicional.
1. INTRODUÇÃO
Flertando com a insanidade e o fanatismo, hoje a política brasileira demonstra cada vez mais intolerância. A situação tem sido tão extrema, ao ponto que jornalistas foram agredidos simplesmente por fazer parte de um determinado grupo de comunicação ou denunciar alguma atitude ilícita na política. Este cenário pode até mesmo ser comparado à rivalidade que se vê entre torcidas de clubes de futebol. Nos bastidores de toda esta polarização estão os bots etrollsque,atravésdeportaiseperfisemredessociais,disseminam informaçõesfalsasetravamumaverdadeiraguerradainformaçãocomojornalismodigital.
Isso porque com o advento da massificação de informações, uma multiplicidade de "gatekeepers" gerou uma multiplicidade de agendas noticiosas (MIGUEL, 2019). O que podemos enxergar como algo muito positivo, afinal é mais informação para o público geral. Entretanto, istotambémfazcomquediferentesgruposnãoestabeleçamcomunicaçãoentresi, elevando os conceitos de bolha social ao máximo. Tendo como principal consequência, a polarização de uma sociedade. É exatamente com base neste conceito, que atuam os
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1 Açãodeinternautascomoobjetivodeatacarouofenderalguémnomundovirtual.Essesusuários costumaminiciarseusataquesmirandoumassuntoouumapessoaespecíficacomintuitodedestruira reputaçãodigital
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tradicional.Mas
qual seria o motivo para estas ferramentas agirem em favor da desinformação?
Como o jornalismo digital pode combater o uso destes instrumentos? Devido ao poder e alcance da internet, a massificação de informações traz à tona a condição de fortalecer a credibilidade dos portais jornalísticos perante os internautas. Entretanto, o ponto chave deste cenário todo de desinformação é justamente o recebimento de informações por parte de grupos das, principalmente quando levamos em consideração as “redes de informação” internas que estes grupos acabam por aderir É exatamente neste campo que os bots e trolls atuam, disseminando muitas informações incompletas ou até mesmo falsas. Por outro lado, neste mesmo campo, é onde o jornalismo digital acaba encontrando brechas para combater
Aplicativoquepossibilitaoenvioerecebimentodediversosarquivosdemídia:textos,fotos,vídeos, documentoselocalização,alémdechamadasdevoz
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chamados trolls e bots . Graças ao poder da internet, hoje, todos podemos ser produtores de2 conteúdos e informação. A instantaneidade dos aplicativos de mensagem e das redes sociais tornaram-se instrumentos de comunicação de massa quase ou até tão eficientes quanto os veículos profissionais de notícia. Afinal quem nunca ouviu que recebeu no Whatsapp uma3 notícia falando mal oubemdealgumpolítico,ouatémesmodeumacuramilagrosaparauma doença, como as contemporâneas receitas anti-Covid. É importante ressaltar que esta velocidade de informações também se aplica à imprensa digital, afinal os portais das empresas jornalísticas também sãomuitasvezesatualizadosminutoaminuto.Comachegada do ambiente digital, tudo se transformou na nossa sociedade, diversas áreas tiveram que se adaptar, entre elas, uma das áreas que mais sofreu com mudanças foi a da comunicação. A velocidade de informação e a capacidade de se publicar umanotíciaquandoedeondequiser transformaram a forma de se fazer jornalismo. Além de estreitar o relacionamento com os leitores, a internet facilitou as coberturas jornalísticas dos portais com atualizações minuto a minuto. "O internauta é bombardeado 24 horas por dia e sete dias por semana com informações e dados, que podem ser arquivos de texto, áudios, vídeos ou imagens" (FERRARI, 2003). Sendo assim, podemos perceber que o usuário encontra ao entrar na internet uma verdadeira guerra de informações, onde temos, de um lado, aqueles que agem por meio do compartilhamento de desinformação, e de outro os veículos da imprensa
Diferentedosbotsquesãorobôsqueatuamporalgoritmos,trollssãousuáriosreais,ambosagemcomo intuitodecriarconfusõesnoambientedigital
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Os jornalistas recém formados ou mesmo os que estão estudando para exercer a profissão não podem ignorar a enorme transformação conceitual e organizacional pela qual a comunicação vem passando, já que sites convivem lado a lado com blogs, redes sociais, entretenimento no YouTube eumaavalanchedeconteúdosque semisturamcomovizomasnosolo.(FERRARI,2003,p.80)
O longo alcance da internet, juntamente comapopularizaçãodoacessoàinformação, trouxeram à tona a necessidade de se fortalecer a credibilidade dos portais jornalísticos aos internautas. Essa massificação de informações que a variedade de conteúdos dentro web trouxe -, também faz parte do ponto chave deste cenário todo de desinformação, principalmente levando em contasituaçõespolarizadas,ondeasnotíciaschegamapenaspelas “redes de informação”. É neste campo que os bots e trolls costumam atuar, com a disseminaçãodeinformaçõesincompletasouatémesmofalsas.
Para que seja possível chegar a resultados concretos, esta pesquisa se baseará nas formas de pesquisa qualitativa, passando brevemente pelo método quantitativo através de dados e gráficos, por meio da pesquisa empírica. É importante ressaltar que a pesquisa em geral é uma análise de discurso danarrativade“guerra”entreosveículosdeimprensa neste caso, em especial os do Grupo Globo, e os perfis usados para disseminar informações falsas ou mesmo meias verdades que possam favorecer certos interesses políticos, que em sua maioria acabam por levar ao aumento da polarização da nossa sociedade. Sendo assim, os métodos aplicados neste estudo facilitarão a compreensão da atuação destes mecanismos de fake news, além de tentar entender qualopapeldojornalismodigitalemtodooprocessoque vemacontecendonopaís.
Desde 2018, intensificaram se os ataques contra a imprensa Temos cada vez mais uma realidadeparalelamoldadapelasredessociais Comauxíliodebotsetrolls,que insuflamvozesmaisradicaisdasredesecontaminamoresto,épossível,numestalar
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toda essa desinformação. Com o objetivo de analisar os conteúdos dejornaispertencentesao Grupo Globo (Valor Econômico, O Globo e Portal G1)easreaçõesdosseusseguidores,este estudo irá apresentar uma perspectiva de como os veículos de jornalismo digital podem combater a desinformação espalhada na internet pelosbotsetrollsqueinflamoscomentários negativos a respeito de determinados assuntos. É importante salientar que, de uma maneira mais específica, o aprofundamento buscado por este estudo serve para entendermaiscomoo jornalismo digital funciona e como as publicações de matérias falsas podem influenciar movimentossociaisinteiros.
Capítulo I - Jornalismo Digital
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de dedos, transformar uma reportagem em opinião paga pela esquerda, escrita por jornalistas “comunistas” E fazer da Folha de S Paulo um “jornal financiado pelos PT”.LogoaFolhaquerevelouaexistênciadosítiodeAtibaiadeLula,omensalãoe causou a queda do então ministro Antônio Palocci por faturar milhões ilegalmente comconsultoria (MELLO, 2020,)
Parte desta problemática é possível devido a essa bolha social criada intragrupos, afinal eles acabam por se restringir apenasàsinformaçõesquerecebem.Poroutrolado,neste mesmo campo, é onde o jornalismo digital também pode achar algumas brechas para combatertodaessadesinformação.
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Antes de tratarmos da desinformação e como o jornalismo digital é necessário parao combate das fake news, precisamos entender a função da internet no nosso sistema de comunicação, e para isso é necessário que assimilemos dois conceitos: a forma como a internet foi introduzida no nosso país e a comunicação de massa, que inclusive antecede a própria rede.Éprimordialque,antesdefalardainternetedojornalismodigital,comecemosa entender o funcionamento da comunicação de massa na nossa sociedade. Além de facilitar o entendimento do funcionamento das fake news, este assunto que é muito mais antigo doque se aparenta e tem relação direta com a revolução comunicacional que a internet trouxe. Os meios de comunicação anteriores à internet nasciam com a função de fortalecer determinada linguagem, seja ela audiovisual e oral,ouescrita.Exatamenteporistoqueatelevisão,emsua era de ouro, deu às linguagens audiovisuais (novelas, filmes e programas) total destaque, principalmente pelo fácil acesso à grande massa. Do outro lado, a chegada da internet veio com uma inovação sem precedentes, pela primeira vez na história, um sistema integrava as modalidades escritas, orais eaudiovisuaisdacomunicaçãohumana.Baseando-senaspalavras de Castells (2016,p.414),aintegraçãodoselementosdacomunicaçãoemumasórede,muda de forma fundamentalocaráterdacomunicaçãoe,comoconsequência,acabaportransformar nossa cultura. “Afinal nossa realidade é nossa linguagem, as nossas linguagens são nossos meios de comunicação, nossos meios de comunicação são nossas metáforas e nossas metáforas criam a nossa cultura” (Castells 2016, p. 414). Em outros termos, quando as linguagens convergem em uma só rede, a nossa cultura se converte em uma nova forma cultural. Por isso os costumes, tradições, crenças e códigos têm se transformado desde a chegada da internet. Essa convergência pode ser notada na forma como as mídias se transformaram,comoapresentaJenkins:
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2.CAPÍTULOI-JORNALISMODIGITAL
O comercial de 30 segundos morreu A indústria fonográfica morreu As crianças não assistem mais à televisão. As velhas mídias estão na UTI.Masaverdadeéque continuam produzindo música, continuam veiculando o comercial de 30 segundos, [ ] As velhas mídias não morreram Nossa relação com elas é que morreu (JENKINS,2006)
De acordo com Jenkins (2006), a chegada da internet gerou uma colisão entre as velhas e novas mídias, fazendo com que o poder da mídia e do consumidor interajam de diversas maneiras imprevisíveis, e porissoatémesmoaformacomoencaramosnossacultura se transformou. É válido dizer que essa colisão entre mídias vem de uma produção de
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conteúdos multiplataformas, como acontece com os programas jornalísticos, por exemplo. É comum que este tipo de conteúdo antigamente distribuído apenas por conglomerados específicos, hoje seja entregue ao público em diversos formatos, como os podcasts por exemplo, que são produzidos na forma de áudio para os aplicativos de streamings, mas também em audiovisual para oYoutube,fazendoassim,acontecerumacolisãoentreorádioe a internet, que convergem em um novo produto comunicacional. Entretanto, a colisão entre diferentes mídias, ou a geração de novos produtos comunicacionais, não foi a principal mudança gerada por esta nova formadeinteraçãoentreasmídias.Oquetornaestefenômeno uma transformação é justamente a participação extremamente ativa dos consumidores no geral. O público passou a ser muito incentivado a procurar por novas informações, provocando assim uma transformação cultural, tudo sempre sendo sustentado pelo rigoroso sistema de redes que só poderia funcionar através da internet. Essa ideia de incentivo por novas informações passa por um individualismo contemporâneo que, de certa forma, vem se enraizando na nossa sociedade, principalmenteporqueavelocidadedasrelaçõespessoaistem sidocadavezmaior,diminuindoaintensidadedosvínculossociais.
Por exemplo, relacionamentos que outrora eram muito duradouros, passaram a ser mais curtos para acompanhar a velocidade cotidiana da sociedade,velocidadeessaquegerou as condições perfeitas para a comunicação digital se inserir na nossa cultura. Conforme Luis Mauro Sá Martino(20,p.127)ressalta:“emummundoconfuso,fragmentadoedesconectado, a internetprovidênciaformasdiversasdeconexãoesociabilidadeadequadasaessecontexto”. Desta forma, mesmo que o sistema de redes não faça tanto sentido e se apresente como um sistema de organização ultrapassado, devido à extrema velocidade no processamento de informações que possui a internet, ele se torna um sistema viável e eficiente. Pois a quantidade imensa de dados processados permite que ela se organize de tal maneira. Um detalhe importante é que a comunicação é feita sem fio e de maneira totalmente horizontal, introduzindo uma multiplicidade de padrões. O que, segundo Castells (2016), por estar na base cultural da sociedade, à medida que foi fundamentado, durante oprocessocriou-seuma nova dimensão na nossa realidade,essanovacamadafoichamadadevirtualidade.Postoisso, podemos dizer que a sociedade passou a ser moldada em novos padrões e costumes, todos girando em torno de uma cibercultura, que, em linhas gerais, trata da união de diferentes relações sociais em um único ambiente. Apesar de trazer toda essa transformação na cultura comunicacional do mundo, a internet quando foi criada em 1969, pelo Advanced Research
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JornaldiáriointernacionalemlínguainglesasobrenotíciaseconômicasequemantémsedeemNova York,EstadosUnidos
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4 Produçãodemonstrativadeumdeterminadoproduto Écomumadistribuiçãoparatestesantesdo lançamentooficialdealgumproduto
Project Agency (ARPA Agência de Pesquisa e Projetos Avançados), uma organização do Departamento de Defesa dos EUA, tinha a intenção de criar uma rede deinformaçõesparao serviço militar A Arpanet servia como um sistema de comunicação emergencial, mais especificamente, no caso de ataques ao solo americano, sobretudo por parte dos soviéticos. Seis anos após o início dos testes da nova rede, o número de tráfego de dadosentreusuários cresceu exponencialmente. Entre os principais navegadores, estavam novos usuários e pesquisadoresuniversitáriosnaáreadesegurançaedefesa.
A cultura de massa virou uma cultura participativa e por isso se tornou necessário rever as maneiras de se produzir informação, afinal, 26 anos após o primeiro portal jornalístico do Brasil ser lançado na internet, a rede já conta com mais de 152 milhões de
Devido a necessidade de transferir arquivos cada vez maisextensosecomumamaior velocidade, naturalmente a rede se expandiu mais e mais. Em 1980, Tim Berners-Lee escreveu o Enquire um programa que organiza diversas informações, inclusive as que possuíam link, dando inícioaumaversãodemo doprogramaquemudariaaformadomundo4 se comunicar e consequentemente de se informar. O projetofoiconcluídonofimdadécada de 80 e recebeu o nome de World Web Wide , mais conhecido como WWW Exatamente5 neste mesmo período a internet chegava ao Brasil. Os anos seguintes ao nascimento da rede serviram de aprimoramento, que aconteciam desde a transformação do ambiente gráfico World Web Wide à atualização de softwares. Em 1995, o número de usuários já era considerável, inclusive foi neste exato ano que surgiu o primeiro jornal online, o Personal Journal, uma versão online do The Wall Street Journal . Aqui no nosso país, também no6 mesmo ano, nascia o JB Online, variantedoJornaldoBrasil.Outrodetalhemuitorelevanteé o rápidocrescimentodaredeWWW,apenasanoapósacriaçãodoprimeiroportaljornalístico do mundo, ela já contava com mais de 50 milhões de usuários no mundo. Entretanto, a chegada da internet e, consequentemente dos jornais online, não trouxe apenas inovações na forma consumir e armazenar dados ou informações. Conforme o tempo avançava, esta nova forma de comunicação deu ao público a oportunidade de alcançar um status de participante diretodasnotícias,emalgunscasosatémesmodeco-autor
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5 Sistemainterligadodearquivoseinformaçõesexecutadosnainternet
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Naturalmente asempresasjornalísticasmaistradicionaisaindaprezampelaautonomia que possuem durante a produção de notícias. Sendo assim, a relação entre pessoas e a mídia no geral passou a se basear em trocas e presentes, por exemplo, você comenta nossos materiais e aparece durante nossa programação, como é o caso do SPTV e outros jornais, criando uma divisão subentendida entre produtor e consumidor. Deixando bem claro que existem diferentes graus de influência entre os consumidores que passaram a participar da mídia. Um ponto importante para entendimento é que neste conceito, interatividade e participação, apesar de apresentarem significados parecidos, eles são totalmente distintos, sendo considerado interativo toda ação que as novas tecnologias têm para responder o consumidor, ou seja como aquela tecnologia é planejada para receber e devolver ofeedback. A vantagem de se possuir uma mídia mais interativa é justamente a gama de possibilidades existentes na hora de criar um produto, como na TV e no rádio, onde o espectador pode sintonizar em outro canal até encontrar algo que satisfaça sua necessidade e os games que permitem os usuários interferirem no universo representado. Já quando se trata derestrições, os produtos interativos se limitam ao que pode ser feito em um ambiente previamente determinado por um designer, por exemplo, no ano de 2018, a Netflix lançou em sua plataforma, um filme interativo sob o nome de Black Mirror: Bandersnatch, nele, os
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usuários somente no nosso país. O cenário comunicação é totalmente interativo, onde os diferentes tipos de mídias não só se comunicam, como produzem conteúdos que possam transitar em diversas formas de comunicação. Esta nova realidade da comunicação informativa traz a necessidadedequeosjornalistasnãosócompreendamofuncionamentodo jornalismo digital, mas também que se preparem para saber produzir conteúdos com uma estrutura transmídia, pois a maneira da sociedadecontemporâneaseinformarsetransformou, e a necessidade de modelos mais modernos para espalhar a informação correta se dá pelo grande número de pessoas que usam meios mais alternativos da internet para se atualizar sobre os últimos acontecimentos da sociedade. Isto porque na nova realidade, o consumidor passou a recusar somente o que lhe é dado, para exigir uma participação mais ativa na produçãodasinformações,comoexplicaJenkins:
Se, como já se afirmou, o surgimento dos meios de comunicação de massa modernos decretou o fim de importantestradiçõesculturais[...]omomentoatualde transformação midiática está reafirmando o direito que as pessoas comuns têm de contribuirativamentecomsuacultura (JENKINS,2006)
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O outro lado desta moeda é a participação, que é adequada de acordo com os protocolos culturais, regionais e sociais. Sendo assim, a permissão para conversar nocinema ou durante um programa de TV ao vivo, é determinada em sua maior parte, mais pela tolerância da plateia, do que por uma propriedade inerente às mídias em si. Ou seja, a participação se torna ilimitada e o controle estabelecido pelos produtores de mídia é quase inexistente, afinal quem tem o controle de fato é o consumidor. Afinal, a chegada do computador em si, já apresentou uma gama maior de possibilidades de interação com as mídias, entretanto, até esse pontoerarelativamentefácilparaasempresasdemídiamanterem o controle do que acontecia. Porém na web, o jogo virou e a participação do consumidor se tornou muito mais ativa, incluindo até mesmo maneiras não autorizadas e não previstas de relação com os conteúdos midiáticos. Isso naturalmente transformou não só a facilidade de acesso à comunicação, mas como mudou o mercado de mídias, pois as empresas precisaram se adaptar às novas demandas e exigências dos consumidores. Já que “permitir aos
espectadores podem decidir o rumo da história de acordo com uma série de escolhas, entretanto, independente das escolhas que você faça, não existe um final único para cada pessoa, todos foram previamente programados para acontecer quando a ordem correta daquelefinalforescolhida.
Figura 1 - Black Mirror: Bandersnatch
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consumidores interagir com as mídias sob circunstâncias controladas é uma coisa; permitir que participem na produção e distribuição de bens culturais seguindoasprópriasregras é totalmenteoutra.”(JENKINS,2006).
7 Imagens geradas por computador,otermoépopularmenteconhecidocomoefeitosespeciais A siglavemdoinglêscomputer generatedimagery;
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Figura 2 - Efeitos especiais de Sonic: O filme

Capítulo I - Jornalismo Digital
Hoje é possível notar que essa cultura de participação está totalmente instalada em nossa sociedade, e as pessoas passaram não só a criticar, mas opinar em como as mídias devem se comportar, como as cobranças para os jornais serem isentos - quando eles estão apenas informando um fato que aconteceu -, ou mesmo em casos benéficos, como, por exemplo, em “Sonic: o filme”, as comunidade de fãs do personagem, criticou fortemente o CGI apresentado no primeiro trailer do filme, além das críticas,acomunidadeinformouque7 caso os produtores não alterassem o design do personagem, haveria um grande boicote ao filme, o que levou a um atraso na produção, que simplesmente reeditou o design inteiro do Sonic, o deixando muito mais próximo do personagem de videogame que todos conheciam.
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Capítulo I - Jornalismo Digital
Mas como todas estas transformações afetam a forma de sefazerjornalismo?Emais, como o jornalismo brasileiro recebeu cada metamorfose introduzida com a chegada da internet? Essas com toda certeza são questões que devem ser levadas em conta ao falarmos sobre jornalismo digital no Brasil. Pois, certamente todojornalistavailhedizerqueaprendeu a fazer jornalismo nos deadlines apertados de umaredação.SejanaTVounamídiaimpressa tradicional, o sufoco para o fechamento do jornal é sempre igual. Entretanto, ao nos referirmos ao meio digital temos uma certa peculiaridade, afinal, por diversas vezes iremos chegar na redaçãocomumapautazerada,eoutrasvamoscontarhistóriasincríveisempoucos minutos. Isto porque o conceito de um jornalismo digital te imerge dentro da informação de maneiramuitointensa.Aautoradolivro,PollyanaFerrari,deixaissomuitoclaro.
Você percebe que está imerso no mundo virtual quando, ao dirigir seu carro em direção ao supermercado, ouve pela rádio a notícia de um acidente com avião na pista do aeroporto e, imediatamente, estaciona para ligar do celular para o plantonista da redação Dita anotíciaqueanotounaquelebloquinhosempreàmãoe indicaumavisitaaossitesdetrânsitoparaverificarseaáreafoiisolada (FERRARI, Pollyana,2003,pg13 14)
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Este caso sódemonstraaforçaqueosconsumidoresganharam,sejanocampodanotícia,seja no entretenimento. Hoje não é mais possível fazer a achar queelesirãosimplesmenteaceitar o que receberam,oquereforçaaindamaisaideiadefortaleceracredibilidadejornalísticados meios de informação, afinal, a mídia alternativatemcrescidomuito,easpessoasquebuscam porpraticidadetemaderidoaelas.
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Diferente dos Estados Unidos, onde o surgimento dos portais decorreudaevolução dos sites de buscas que recorreram ao conteúdo como estratégia de retenção do leitor , no Brasil os sites de conteúdo nasceram dentro de empresas jornalísticas Alguns deles nem tinham a concepção de portal e evoluíram posteriormente parao modelo.(FERRARI,Pollyana,2003,pg.25)
2.1OFUNCIONAMENTODOJORNALISMODIGITAL
Hoje este processo é muito mais rápido que no início do jornalismo digital, pois através de ferramentas como Whatsapp, é possível enviar suas anotações para o plantonista, ouquiçávocêmesmoescreverepublicarnoatravésdeumsmartphoneounotebook.Porém,é de grande relevância ressaltar que o funcionamento do jornalismo digital no Brasil não é muito diferente da forma como ele era feito antes da internet, porque o mesmo continua sendocomandadoporverdadeiroscoronéisdainformação,comoexplicaFerrari:
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Figura 3 - Perfil de “O Globo”divulga matéria sobre o 7 de setembro de 2021:
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Quando olhamos para a história do nosso jornalismo, e a maneiras como produzimos informação ao longo do tempo, um padrão sempre se repete, as mídias são compostas por conglomerados,namaioriadoscasos,derivadosdeempresasfamiliares,comooGrupoGlobo da família Marinho e o Grupo Bandeirantes de Comunicação, pertencente a família Saad. Com o digital não poderia ser diferente, afinal os grandes jornais já existentes entenderam a necessidade futura de se obter informações cada vez mais rápido, e migraram suas mídias para o online. Apesar de no início empregar aos conteúdos digitais a função de entregar o máximo de informações para os leitores, porém sem aprofundar os acontecimentos das notícias, com o intuito de levar os usuários a consumirem os seus principais produtos. E mesmo as mídias digitais conquistando cada vez mais seu espaço, até assumindo um certo protagonismo nas informações diárias de uma parte da sociedade, ainda existe a cultura de linkar um produtoaoutrodemaisrelevância,essapráticaémuitocomumdeserveremredes sociais,porexemplo.
A principal diferença a ser notada pela entre os meios anteriores e o digital, pode ser notada na formacomoosdonosdosgrandesserviçosdeimprensadonossopaíscomeçarama conduzir seus produtos. O primeiro ponto que fortalece essa mudança de padrões é que financeiramenteojogoéoutro,eporissoénecessárioseadequaraosmoldesdainternet,caso contrário, seu portal pode não ter a relevância esperada, por exemplo, a inserção de publicidade dentro de um site é muito mais simples queadeumjornal.Issosemfalarqueos portais jornalísticos concorrem com os outros portais, muitos deles focados em

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9 Star Wars: FranquiadotipospaceoperaestadunidensecriadapelocineastaGeorgeLucas
entretenimentoequecomcertezaterãomaistráfegoqueosfocadoseminformação,porissoa necessidade de se adequar aos moldes. Além da mudança nos paradigmas financeiros deste modelo de negócio, com a massificação deinformações,osusuáriospassaramanecessitarde conteúdos com maior qualidade, fazendo com que as empresas abandonassem o modelo que utilizavam os materiais digitais para linkar com seus os principais produtos, para produzir com mais qualidade, com um design mais acessível e claro, que seja financeiramente mais8 viável. Como foi citado anteriormente, a internet fez os usuários se tornarem mais críticos, exigindo maior qualidade, eumadasfontedestecomportamentovemdaculturaparticipativa, onde o público-alvo de um determinado produto fica tão emergido nele, que começa a participar dos processos de produção dele. Isso não quer dizer que eles estejam produzindo para o desenvolvedor daquele produto, mas que, eles começam a criar suas própriasversões. É importante salientar que a criação funciona de maneira bem mais livre em outras áreas, comoocinema,porexemplo.
8 Aconcepçãodeumproduto(nestecasoumproduto dacomunicação),ousejanoqueserefereàsua formafísicaefuncionalidade.
De acordo com Jenkins (2006) “os fãs sempre foram os primeiros a se adaptar às novas tecnologias de mídia.” Claro que neste caso ele se refere a estrutura de produção do cinema, em particular ao casode Star Wars (1977),ondejovensquecrescerammaravilhados9 pelos personagens do longa, quando cresceram desenvolveram suas próprias versões de GuerranasEstrelas.Ointeressanteéqueaculturadeparticipativanãoserestringesomenteàs produções cinematográficas,hojeémuitocomumquenotíciasdegrandesportaissejamvistas em mídias alternativas, a conectividade gerada pelo mundo digital permitiu a inserção do internauta,atémesmonojornalismo.Afinal,ésupercomumabrirmosoTwitter,oFacebooke até mesmo o Instagram que normalmente é voltado para lifestyle e nos depararmos com perfis de pessoas comuns informando acontecimentos com base no conteúdo publicado nos grandes portais. No quebra-cabeça dofuncionamentodojornalismodigital,éexatamenteeste conceitoquechamaatenção,aorganizaçãoemportais.Deumamaneirabemsimples,paraser considerado um portal, um site precisa atender alguns seguintes requisitos, como a inserção de fóruns, pesquisas onlines e chats, alémclarodosconteúdoscomunsemsites,comotextos, imagens, vídeos e etc. Este é conceito que tem muita relação com o senso de comunidade, um grande site pode não serumportal,simplesmentepornãopossuiressaconectividadecom
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QuesãotemasbaseparaosconteúdosaprofundadospelojornalValorEconômico,que além da versão impressa conta com uma digital, e utiliza um modelo vertical, ou seja,
Os portais verticais nasceram em 1999, em busca do usuário interessado em conteúdo e serviços personalizados como, por exemplo, a livraria virtual [ ] são a melhor alternativa estratégica para que as empresas de mídia enfrentemosgrandes sites horizontais, donos dos maiores volumes de tráfego (FERRARI, Pollyana, 2003,pg 33 34)
Figura 4 - Homepage do G1 apresentando os principais assuntos do dia 15/out/2021:
Analisando desta maneira, pode-se notar que o “jornalismo mainstream” comumente está habitando osportaishorizontais,afinalelescostumamdiscutirtodosostiposdeassuntos. Normalmente o aprofundamento de umamatériafeitaporestetipodeportalnãoétãointenso quanto o de uma feita por um portal especializado naquele assunto. Por exemplo, o Grupo Globo possui o G1, um site que costuma abordar diversos conteúdos, de diversas áreas, inclusiveeconomia.
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Capítulo I - Jornalismo Digital
seu público. Esta concepção se divide em duas frentes, os portais horizontais, que buscam abordartodasosassuntospossíveiseosverticais,comoexplicaPollyanaFerrari:

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totalmente focado em assuntos sobre economia. Sendo assim, o modelodejornalismodigital que conhecemos hoje, é uma construção dos pontos citados anteriormente, como a cultura participativa, as mudanças financeiras no negócio da comunicaçãoeamultimidialidade com o conceito de portais onlines. Onde a notícia e os sites precisam possuir um conteúdos que sejam atraentes e até mesmo interativos com o consumidor final da informação. Quando analisamos os conteúdos impressos, por exemplo, a resposta a um leitor é muito lenta, é necessário aguardar a próxima edição daquele jornal ou revista para ter um questionamento respondido. O mesmo aconteceu com a televisão, que dominou o mercado comunicacional por quase 50 anos. Antes da massificação da internet era muito comum chegar do trabalhoe ligar a televisão, entretanto a chegadadodigitalalterouatémesmoaconfiguraçãodesefazer televisão. Quase não se tinha troca entre a mídia televisiva e os telespectadores, era uma relação muitoautoritáriaporpartedatelevisão,ondeelaapenasdistribuíaosseusconteúdose passiva por parte dos espectadores, que apenas consumiam o que era exibido. Hoje por exemplo temos o “Big Brother Brasil” da TV Globo que deixa nas mãos de seus consumidores o rumo do programa, e no caso mais específico do jornalismo podemos citar outro produto da Globo, o “SPTV” 1ª e 2ª edição, que contamcomaparticipaçãototalmente ativa dos telespectadores, que através de hashtags e comentários respondem pelas redes sociais às matérias que foram transmitidas naquela edição, e até denunciam situações parecidas.Este fator acontece porque no online, o que predomina é a instantaneidade, a velocidade da informação e da resposta. Quando se vincula um produto, principalmente os que possuem um teor jornalístico, tem que se entender que as respostas e questionamentos para o que está sendo reportados serão instantâneos, afinal agora a sociedade está a todo instante conectada e atenta aos principais acontecimentos. Esta forma de fazer jornalismo tornou-se um padrão entre as empresas jornalísticas que atuam no digital, por essa razão, é comum ver que dois portais jornalísticos não só abordam o mesmo assunto, mas como acabam por relatar a mesma história, às vezes possuindo até projetos gráficos similares. De modo habitual as únicasdiferençasquepodemosversãoostítulosealgumasvezesoenfoque principal da matéria. Um comportamento que por parte das empresas pode ser atribuído à forma como os internautas absorvem o conhecimento passado pelas notícias. Deacordocom Pollyana Ferrari (2019), como o aprendizado na internet normalmente não vem de um processo de reflexão assim como acontece com os livros, e também não vem da influência
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Isso sem falar da possibilidade de comentários de leitores complementarem o que foi noticiado, além de apresentar uma outra perspectiva do fato. O que tornou a experiência de cobertura jornalística muito mais rica e dinâmica. Afinal, o acesso aumconteúdodigitalnão significa que você estará lendo algo. E se anteriormente os moldes jornalísticos exigiam que um repórter, por exemplo, dominasse a mídia para qual ele prestava serviço seja impresso,
Este cenário criou fortes brechas para criação de informações falsas ou meias verdades, os famosos click-baits, que não se importam em sensacionalizar uma informação, desde que haja maior tráfego de usuários em seu portal. O verdadeiro paradoxo desta situação, é quevinteanosatrás,aprioridadedojornalismodigitaleratrazerinformaçõesmais completas o possível, pois assim era assegurado que os internautas passariam mais tempo utilizando os seus portais. Até mesmo o costume de linkar matérias foi adaptado, através do uso de hyperlinks, assim os internautas se mantém em um determinado site e navegam no assunto sem a necessidade de procurar matéria por matéria. Isso fez com que a criação de conteúdos fosse as palavras-chave desta nova tendência comunicacional, ao menos no seu início, como explica Pollyana em seu livro, Jornalismo Digital (2019) “é em busca de conteúdo mais até mesmo do que de serviços queaspessoasacessamamaioriadossites”. Tendo isso em mente é possível afirmar que os principais elementos que normalmente compunham uma matéria jornalística textos, fotos e gráficos -, a partir da inserção do digital neste meio, se tornaram apenas opções disponíveis paraapresentarumfato.Tantoque o comumente hábito de escrever novos textos ou matérias para atualização dealgumassunto deixou de ser absoluto, afinal agora outros elementos como, assequênciasdevídeo,imagens eatéilustraçõesanimadaspodiamintegrarumanotícia.
dos fatos divulgados -, ele pode ser colocado como um aprendizado superficial, afinal o compromisso que o leitor tem com essa realidade, de certa forma é raso. Essa a falta de absorção de conhecimento por parte dos internautas, gerouomodelodeproduçãoatual,onde o que realmente tem importado não é o conteúdo em si, mas a maneira como transmitimos este conteúdo. Ou seja, você é o primeiro jornal a dar aquela informação? É o portal mais confiável a falar sobre este assunto? Entre outrosquestionamentosqueganharammuitaforça desde o início da pandemia do Covid-19. Outro fator determinante para este modelo é que devido as coisas acontecem de maneira extremamente rápidas no ambiente virtual, os cibernautas possuem pouca atenção, por isso é necessário queelessejamimpactadosdecara, nãoimportandoseoseuconteúdorealmenteébomounão.
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A velocidade de informação de hoje pode ser vista até mesmo observando os aparelhos levados por um repórter, quando o mesmo sai a campo. Apesar de um notebook poder fazer parte do kit, um celular é o que basta para que ele produza umaboareportagem, basta inclusive entrar ao vivo ou gravar uma passagem que pode ser anexada à matéria. Isso porque a comunicação com a redação já não é mais problema, pois os aplicativos de mensagensdisponíveisquetemoshojesãoinstantâneos,comoéocasodoWhatsapp,também não é mais necessário andar com câmeras digitais ou gravadores, pois os smartphones também possuem tal função. Tudo com o objetivo de agilizar o processo de produção das notícias, esta evolução transformou o funcionamentodojornalismodigital,queseexpandiue agora saber como escrever um bom texto não é o suficiente para fazer funcionar a grande máquina da informação. A figura do jornalista passou a precisar possuir o domínio de apetrechos que nunca fizeram parte do seu cotidiano, e que muitas vezes nem são de fato objetos, mas conhecimento em programas anteriormente não eram obrigatórios para o jornalista, como o Photoshop e o Premiere, ambos pertencentes a desenvolvedora Adobe. Também se fez necessárioestarsemprecomolhardeumeditordefotografia,poisimagensse tornaram a maneira de contar o que um texto não pode, além de ter uma agilidade na publicaçãoqueparaojornalismoimpressosemprefoiimpensável.
“Além da necessidade de trabalhar com vários tipos de mídia, o jornalismo multimídia precisa desenvolver no repórter uma visão multidisciplinar [ ] Para se ter uma ideia dessa mudança do fazer jornalístico, o portal G1 prepara o repórter para ir a rua com um notebook, ummodemwirelessparaacessoàbandalarga,uma máquina fotográfica digital, um gravador de áudio digital eumradiocomunicador.” (FERRARI,Pollyana,2003,pg 40)
Claro que para atuar como um jornalista não é obrigatório ter conhecimento nestas áreas, porém cada vez mais é necessário que jornalistasotenhamdevidoarapidezdomundo digital que exige uma versatilidade dos profissionais que atuam nele. Um bom exemplo de adaptabilidade à velocidade de informação de jornalismo foi durante o atentado do 11 de setembro em 2001. Enquanto jornais impressos e a maior parte dos grandes portais jornalísticos publicavam matérias diariamente, o portalTerraaoinvésdefazerumamanchete novaacadanotícianova,elesimplesmentefezumprocessodeatualizaçãoaovivo.Apesarde
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radiofônico ou televisivo -, agora existe uma multimidialidade, e entender sobre todas as formasdemídiaénecessárioparaproduzirumaúnicamatériaparaumsite.
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Porém, devemos dizer que existe um ponto que jamais muda no jornalismo, independente da mídia que o reproduz, o mais importante é o fato emsi,eacredibilidadede um jornal e de uma informação passa pela maneira na qual ela é apresentada ao leitor, não adianta eu ser o primeiro a publicar, se eu entregar uma notícia incompleta ouescritaerrada, oserrossãocompreensíveiseirãoexistir Porcontadisso,foidesenvolvidoumacertatécnica, que virou alternativa para a falta de profundidade das atualizações. Como a publicação de
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simples, foi um procedimento extremamente inovador, e também muito facilitador para os usuários. Pois com este sistema, a necessidade de alternar entre matérias de um determinado site tornou-se inexistente, e emumúnicoportalestavadisponível,todasasinformaçõessobre o assunto. O grande paradigma quebrado é, que a eficácia desta técnica facilita nãoapenaso dinamismo da leitura do internauta, como também torna a escrita muito mais prática para os jornalistas, já que trata-se de uma atualização constante sobre um determinado assunto, eliminandoanecessidadedesemprecriarnovasmatérias.
Ou seja, ao invés deredigirumamatériasobrealgumadescobertadesobreviventesou mesmo o número de vítimas, agora o jornalista possuía a liberdade de apenas atualizar os fatos com novas informações. A recepção por parte dos consumidores foi tão positiva, pois poupava o tempo do leitor, que poderialertudoquequeriadeumasóvezeseguirnavegando na internet, fazendo com que o modelo utilizado pelo Terra fosse adotado por muitos outros portais posteriormente, que utilizam tal técnica até os diasdehoje.Devidoaincorporaçãodo modelo de atualização ao vivo, o jornalismo digital precisou ficar cada vez mais rápido, consequente o caminho para publicar uma notícia tambémseencurtou,desdeaconcepçãode uma matéria, até a publicação, as vezes o tempo de reunião de pauta não chega aos 10 minutos, principalmente quando falamos da editoria de “últimas notícias”, onde o tempo é ouro. E como boa parte dos grandes jornais onlines trabalham com o método de atualização ao vivo, não é incomum que as matérias sejam publicadas contendo erros de apuração ou mesmodeortografia,afinalcomocitadoanteriormente,amoedahojenãoéoconteúdo,masa maneira como você apresenta ele. Ser o primeiro a publicarumanotíciapodeacabarfazendo uma grande diferença no número de tráfego diário do seu portal, principalmente quando falamos os horizontais. Por conta disto que erros se tornam comum e de certa forma aceitáveis, até porque o curto tempo de espaço torna o ato de fazer um pente fino no texto muito complexo, e como existe a ferramenta de atualização ao vivo, nada impede que a correçãosejafeitaemminutosouquiçásegundosapósapublicação.
No geral, écomoseoleitorestivesseemumagrandebibliotecadigital,ondeeletema suadisposição,umimensoacervodeimagens,textos,vídeoseatédiálogosparaqueelepossa se informar sobre algum assunto. O que permite que ele configure os conteúdosnoquepode ser útil, e o que não pode, tudo de acordo com seus hábitos e preferências. Justamente neste ponto que entram os hiperlinks, afinal, assim como aTVmonitoraquaisosprogramasfazem mais sucesso através do IBOPE, na internet épossível saberondeosmeusleitoresclicamou ficam mais tempo. No caso específico dos jornais online, este monitoramento mostra qual o perfil dos leitores que acessam aquele jornal, permitindo que eles insiram links em suas matérias para que as pessoas permaneçam interagindo com o conteúdo de um determinado site/portal. Por conta disto adotou-se o empacotamento de notícias, retirando a produção dos fatos em si dos exercícios de escrita de um jornalista. Ou seja, ao invés do jornalista em si iniciar a produção das informações, ele recebe ummaterialpronto quenamaioriadoscasos são de agências de notícias e simplesmente adapta para o formato do seu portal. Por conta disto, que, assim como o jornal impresso, a versão digital também conta com as famosas editorias. Como as notícias no seu formato bruto são as mesmas que estão em outrossites,o leitor necessita de uma forma de facilitar a procura de conteúdos específicos. Ter editorias também auxilia os jornalistas que estão redigindo, afinal é mais simples possuir um controle
Nainternetnãonoscomportamoscomoseestivéssemoslendoumlivro,com começo,meioefim.Saltamosdeumlugarparaooutro sejanamesmapágina,em páginasdiferentes,línguasdistintas,paísesdistantes,etc[ ]queseexpandeese contraiconformeassolicitaçõesdoleitor (FERRARI,Pollyana,2003,pg 44)
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notícias urgentes exige rapidez para garantir acessos, não é possível que os redatores se aprofundem muito em um tema, afinal isso acabaria deixando ele preso em uma única matéria, diminuindo o número de notícias publicadas. Para este tipo de situação é sempre foram criado os hiperlinks, que de maneira mais simples, trata-se de um conjunto de informações que estão conectadas e tornam os conteúdos sobre um determinado mais completos, assimoleitorentendequenecessitademaisinformações,podeavançareentender melhor como funciona aquele acontecimento. Além da superficialidade dos conteúdos de homepage, que estão sempre sendo curtos devido ao modelo no qual são publicados, a concepção por trás dos hiperlinks também tem forte relação com a maneira como nos comportamosnainternet,comoexplicaPollyanaFerrari:
Por exemplo, o Oscar, maior prêmio do cinema, possui pelo menos seis prêmios considerados principais pelo público, entre eles estão os de “ Melhor Ator Coadjuvante” e “Melhor Atriz Coadjuvante”, consegueentenderoparalelo?Noexemploquefoidadosobrea inflação, ela ainda é relevante, pois se não fosse informado este aumento, pode ser que não houvesse greve, sendo assim, para que um leitor entenda os motivos que levaram os caminhoneiros do exemplo a se manifestarem, ele precisa entender como funciona este aumento da inflaçãoecomoelaestáafetandoaquelaclasse.Oshiperlinkscriamessaconexão entreassuntos,etransformamoaprendizadoqueanteseralevianoporpartedolegente.
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do que está acontecendo ou sendo falado quando se divide as informações em nichos, por exemplo, eu até posso informar os convocados para seleção brasileira na minha homepage principal, mas é necessário pensar “este assunto étãorelevantequantooanúnciodeelevação dainflação?”.Apesar de sabermos que existe procura em ambos assuntos, assim como no jornal impresso as homepages precisam manchetar os principais assuntos, a diferença aqui se encontra na atualização, pois minutos após a divulgação doaumentodainflação,pode-sepor exemplo, iniciar-se uma greve como a dos caminhoneiros, o que faria o aumento dainflação deixar de ser a informação principal. Exatamente por conta dessa imprevisibilidade que é necessário utilizar os hiperlinks, afinal como no exemplo dado, uma informação pode passar de protagonista do dia para coadjuvante em questões de minutos, mas isso não significa que estainformaçãonãoérelevanteparaonossodia-a-dia.
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Figura 5 - Um exemplo de utilização do hiperlink na homepage.
Assim o leitor que mal aprendia sobre um assunto, passa a entender todos os funcionamentos dele. Com as informações circulando pela sociedade numa velocidade extremamente rápida, e o próprio jornalismo assumindo que precisa de publicações quase instantâneas. A conexão criada pelos hiperlinks funciona como um gancho, afinal, neste ambiente virtual super acelerado é quase impossível aprender de fato algo numa leitura. Até porque, o ato de aprender requer tempo, paciência, e calma, e esse mecanismo permite que você de fato navegue em uma informação por longos períodos apesar do ambiente digital apresentar notícias que são mais superficiais. Como tenho apresentado durante toda a monografia, não é novidade que a inserção da internet transformou ojeitoemqueaspessoas se comunicam ou se informam. Por exemplo, a geração de jornalistas nascidos na “era millennial"- Pessoas que nasceram entre os anos 80 e o final do Séc. XX é formada por comunicadores que nem sequer cogitam um mundo onde não exista o Google, uma geração inteira que é totalmente inteirada nas mais variadas redes sociais, como o Facebook, Instagram, TwittereoTikTok.Oprincipalponto,éaevoluçãodastecnologiasdeinformação
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com que as teorias clássicas do jornalismo sejam "abandonadas", e novas concepções sejam criadas para o compreendimento do jornalismo em si, até porque muitos dos jornalistas digitais, principalmente os repórteres, sequer saem a campo para apurar suas matérias, pelo menos não de forma física. E nem precisamos voltar muito no tempo para encontrarmos exemplos, a própria pandemia de COVID-19demonstroucomoacomunicação está imersa no mundo digital, não é à toa que as pessoas passaram a consumir produtos digitais durante a crise sanitária. Com o “abandono”dasteoriasmaisclássicasdojornalismo também surge uma pergunta, como preparar meu leitor para receber informações que podem ser lidas de diferentes formas? Esta é uma questão de muita importância, pois como falado antes, se as teorias antigas já não conseguem explicar o funcionamento do jornalismo, é preciso que novas sejam criadas, ou que no mínimo um novo protocolo exista para que facilite a compreensão do fazer jornalístico, afinal nesta nova maneira de produzir informações, os conteúdos e informações andam lado aladotendoumapequenadiferençade funções entre eles, como explica Pollyana Ferrari (2019, pg. 84) "A distinção fundamental que está em jogo é a de que a comunicação tem a ver com conteúdos e que a informação refere-se ao modo como os conteúdos entram em circulação, ou seja na rede". E natentativa de compreender tais processos, é possível analisar que existem algumas características essenciais no jornalismo digital, como a hipertextualidade e a multimidialidade. De acordo com Conde (2013) essesaspectosestãoligadosahierarquizaçãodeinformações,constituindo
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#PrayForHaiti.Issofaz
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de comunicação, ou simplesmente TICs, transformaram não somente a forma como a sociedade interage, mas a forma como a mídia tradicional produz. Por conta disto, os sites e portais desde a última década têm buscadofazercomqueosconteúdosquesãoentreguespor eles sejam muito atrativos e informativos ao mesmo tempo. E a necessidade de se trabalhar assim passa pela facilidade de acesso que as pessoas possuem hoje. Seja através de um computador, de um smartphone ou mesmo por uma simples logada no twitter, os leitores estão sempre informados, ao ponto que o ato de seguir uma hashtag (#) em uma rede social, pode angariar a popularidade positivaounegativadeumafigurapública,como,porexemplo, a famosa tag que chegou a ser Trend Topics do Twitter principais assuntos da rede social #EleNão que iniciou diversos movimentos contra o atual presidente, e figura ainda hoje nos principais protestos contra Bolsonaro. Pode impulsionar um movimento que incentiva a doação de alimentos para um país que foi vítima de terremotos, como é o caso da
Acessoem:12denovembrode2021
O Grupo Globo hoje possui uma grande gamadepossibilidadesquandooassuntosão portais, as opções vão desde os portais de fofocas, até os de áreas específicas do jornalismo, alguns são apenas reproduções digitais de produtos pertencentes ao grupo, como a Revista Galileu por exemplo. Também não é nenhuma novidade que eles figuram entre os principais sites jornalísticos do Brasil, por conta disso escolhi analisar três portais que possuem até formas de atuar muito similares, além de estarem entre os principais produtos digitais da companhia, eles são, G1, O Globo e Valor Econômico. Esta parte do capítulo terá oobjetivo de apresentar osportaisescolhidos,alémdeapresentarosfuncionamentosdelescombasenos conceitosdeportalapresentadosanteriormente.
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O maiorportaldenotíciasdoBrasil,estáonlinenomercadohá15anos,hojeeleconta com mais de 400 jornalistas que estão espalhados em 52 redações em todos os estados do país. O G1 nasceu na manhã do dia 18 de setembro de 2006, e ao longo de sua história se10 destacou pela longa série de reportagens de cunho delator, principalmente em relação a assuntos que pouco se falava naquele momento, como “Amazônia, e eu com isso?”, “Meu celular, minha vida”, e “A voz das mulheres”. Outra grande característica do G1 são as coberturas ao vivo feitas pelo site, podemos citar como exemplo as últimas eleições americanas, ou mesmo as polêmicas eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República. Além disso, o site conta com um públicode66milhõesdeusuários por mês. Em 2020, o jornal digital conquistou o Prêmio CICV de Cobertura Humanitária uma iniciativa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para dar voz às vítimas, e ao mesmo tempo reconhecer o trabalho de jornalistas e veículos de comunicação brasileiros que se dedicam à cobertura de temas humanitários -, na categoria Acnur 70 anos, com a reportagem especial publicada em 2019, “Saí para salvar minha vida”, que retrata as
10 Disponível em: https://g1globocom/g1 15 anos/noticia/2021/09/18/g1 faz 15 anosghtml
elementos que possam apontar semelhanças na estrutura da notícia digital, a um ponto onde seja possível classificá-lasporsuasformasdeapresentação,peloseuconteúdoouestruturade escrita. Visto que as notícias podem assumir a função de produto, unidade discursiva, comunicaçãoeinformaçãooumesmodeumsimplesrelatopublicado.
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2.2.OSPORTAISDOGRUPOGLOBOECOMOATUAMHOJE
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dificuldadesenfrentadasporrefugiadosaochegaremnoBrasil.Noquesedizrespeitoaforma de atuação do G1, por ser um portal gratuito, ele é principalmente atuante na forma horizontal, entretanto, como o produtoédivididoemdiversascategorias,como,porexemplo, sites regionais, editorias, blogs e conteúdos espelhados dos telejornais do Grupo Globo. Em virtude disso, ele constantemente está transitando entre os modelos horizontais e verticais, e por este motivo eu acredito que a melhor classificação para o funcionamento deste portal é híbrida. Característica essa quepodesercolocadacomoumdosmotivosparaossucessodele, pois o usuário não precisa buscar outras fontes de informaçãosequiserseaprofundaremum assunto, já que ele lidacomreportagensespecíficaseespeciais,omesmoacontececomquem procura apenas estar informado do que aconteceu sem muitas informações, pois ele também traz as coberturas em tempo real, como citado anteriormente. Por se tratar de um jornal de acesso gratuito, é natural que ele circule entreasgrandesmassas,issoexplicatambémaforte atuaçãodoportalemredessociaiscomooTwitter,porexemplo.
Figura 6 - Quantidade de posts do perfil do G1 no Twitter

Apesar de ser gratuito, a credibilidade do G1 dificilmente pode ser colocada em xeque, além dos vários prêmios conquistados pelo portal, como o “Prêmio CICV” que foi citado anteriormente, o próprio portal é um forte combatente das fake news, através da editoria “#Fato ou #Fake!”, que tem a função de monitorar e esclarecer notícias de cunho duvidoso que são disseminadas na internet. Outro ponto muito importante neste modelo é o design da homepage do G1, normalmente, é dividida entre as principais notícias dodia,uma aba de opções, onde o usuário pode escolher navegar entre as editorias, osblogs,asmatérias dos telejornais e as versões regionais do site. Também é possível acessar as matérias destaques da semana e as últimas notícias. Todo este modelo apresentado pelo G1 pode ser explicado pelo fato das mídias digitais terem adquirido muita força no cenário comunicacional,comoexplicaFerrari:
O G1entendeuqueofuturodacomunicaçãoemsiestánasrelaçõesdigitais,porconta disso, o portal tem se tornado cada vez mais ativonasredessociais,nãoéàtoaquesomando todas as contas, o jornal digital possui mais de 30 milhões de seguidores. É claro que este modelo de informação também tem seus prós e contras, como, por exemplo, por ser muito ativo, o G1 é muito maisbombardeadoporcomentáriosqueoutrosportais,comentáriosesses que geram grandes debates entre usuários que defendem ou atacam a empresa. Num sentido empresarial, o modelo de negócio do G1 é muito eficiente, afinal por se tratar de uma empresa relacionada a tecnologia ela provavelmente vai estar se reinventando e se recolocando no mercado. Eu diria um lado negativo disso é a competição que o portal tem para com sites que mesmo que não sejam voltados para isso, acabam por divulgar informações, como é o caso do YouTube, por exemplo. Já quando se trata do jornal “O Globo” a situação é um pouquinho diferente, isso porque, apesar de ter um modelo parecido com o G1, este site também é uma reprodução da versão impressa de mesmo nome. Muito mais focado no modelo horizontal de portais, o site que está no ar desde julho de 1996, tem uma característica que foi trazida diretamente do jornalismo impresso. Para ter acesso aos conteúdos publicados pelo jornal, é necessário que vocêadquiraumaassinaturaquevariaem valores e benefícios. Apesar de parecer menos atraente, afinal trata-se de um serviço pago,
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O impacto que a web esuasinúmeraspossibilidadesneobarrocasdeconvivência causou na maneira como pessoas, empresas e instituições passaram a se relacionar desperta reflexões e indagações incessantes, pois vivemos em uma era em que a mídiasocialengoliuacomunicaçãodigital”(FERRARI,Pollyana,2003,pg 93 94)
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Variação
PageViews Browsers Session Desktop 33% 37% 39% Smartphones 47% 44% 37% Tablets 37% 31% 34% Outros 17% 18% 23% Todosdispositivos 42% 42% 46% 32
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que um produto da mesma empresa também presta, as assinaturas de jornais onlines cresceram muito na pandemia, afinal as mais diversas fake newsforamcriadassobreovírus, e informação correta passou a ser um caso de vida ou morte, saber quais medidas foram tomadas ou como utilizar a máscara, são exemplos de informações quedeterminaramounão a morte de uma pessoa, tendo em vista que durante este período, o canal oficial de comunicação do Governo Federal, por meio do atual Presidente, Jair Bolsonaro, divulgou diversasinformaçõessemqualquerbasecientífica.
PageViews Browsers Session
Smartphones 598.543.994 305.304.827 435.687.310 Tablets 7.112.423 5.331.060 3.784.644 Outros 93.927 35.043 47.974 Todososdispositivos 940.380.864 375.345.211 537.322.479
Desktop 334.630.520 67.348.002 97.802.561
8a14demarçode2021
Gráfico / Tabela 1 - Cresce número de busca por informações confiável na internet
Por conta do risco de vidas que a desinformação apresentou, a sociedade em geral passou a buscar por informações que ao menos pareçam o mais confiáveis possíveis, pelo menos durante o período de pico da pandemia. Entre as principais consequências desse comportamento, com certeza, a mais visível foi o aumento do na procura de informações confiáveis. O número de acessos por intermédio de um computador atingiu um crescimento de 33% no número de usuários no período de uma semana, como demonstra apesquisafeita pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação) que relata o aumento da procura por informações confiáveis na pandemia, sendo dividida em duassemanas de8a14demarçoe 15 a 21 de março -. Quando levamos em conta que o númerototaldeacessosémaiornouso de smartphones, ou seja 47% dos usuários utilizam o celular para se informar, consequentemente,essesnúmerosabrembrechasparaaentradadestesjornaisnouniversodas redes sociais de maneiras mais ativas, inclusive fazendo linkando com seus produtos comunicacionais já existentes. Independente se é ou não pago, afinal se as pessoas estão dispostas a pagar,desdequeobtenhaminformaçõesconfiáveis.Principalmentequandosefala de perfis horizontais de portal até porque já seesperaqueexistamassinaturasparajornaise revistas que abordam temas específicos, como por exemplo, a revista “Quatro Rodas”, queé denominadacomomaterialvertical-,comoéocasode"OGlobo".
Os indivíduos têm maior chance devoltaraumportalquandooendereçoeletrônico passa a sensação de conforto; quando faz o usuário sentir se parte de uma comunidade [...] Focados em um assunto específico ou um conjunto de assuntos
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Com um design azul e branco, o jornal digital busca sempre apresentar uma versão muito próxima da versão impressa no seu site, sem falar na possibilidade de ler a edição do dia, no mesmo formato que vai para as bancas, só que através de um smartphone ou computador. Já a homepage, é muito próxima do modelo apresentado pelo G1,comumaaba de navegação que permite acesso às editorias e outros produtos do jornal, como podcasts e vídeos, por exemplo. Além de trazer as principais notícias do dia.Amaiordiferençaentreos dois modelos, é que O Globo busca manter a identidade visual da versão impressa, afinal como frisado anteriormente, ele é uma versão digital. Assim como o G1, ele também é extremamente ativo nas redes sociais, contendo mais de 6 milhões de seguidoressomenteno Twitter. Outro ponto que é importante ser evidenciado é o acesso às colunas do jornal, que também estão disponíveis na homepage do site, facilitando para os leitores, o acesso às opiniõesquesãopublicadasdiariamentepeloscolunistas.
para uma comunidade de interesses comuns , os portais verticais representam o perfeito casamento entrecomunidadeeconteúdo (FERRARI,Pollyana,2019,page 33 35)
De acordo com a pesquisa do IVC apresentada anteriormente, o jornal teve um crescimento de 80% no número de assinantes nos últimos cinco anos. Obviamente temos como figura principal deste crescimento, as fake news que se tornaram cada vez mais numerosas durante a pandemia, porém o fatodeserespecializadoemumassuntoespecíficoneste caso a economia -, colabora muito para este fenômeno. Pois se as informações estão sendo questionáveis, buscar uma fonteespecializadapodesersimumaboaalternativa,afinal, é natural que o leitorsesintamaissegurocomumainformaçãoquevenhadeumespecialista, o que normalmente um portal genérico ou mesmo os horizontais não possuem. Um bom exemplo, seria a facilidade que o Valor Econômico tem em discutir sobre criptomoedas, diferente de G1eOGlobo-quetambémpossuemeditoriasfocadasemeconomia-,opúblico do Valor é formado por pessoasqueatuamnestaárea,ouseja,elesnãoprecisamcontornaros termos para que o seu público entenda o assunto. Por conta disso, é normal que exista uma credibilidade grande,vistoqueacomunidadedeeconomiaconsomeasinformaçõesdoportal. No que se diz respeito ao design do site, ele mantém a identidade visual construída pela versão impressa, além de possuir abas com acesso às editorias, como por exemplo, Agronegócio, Finanças e outros. Fora isso, ele é muitosimilaraomodeloapresentadopeloO Globo, onde o design é feito para aproximar a leitura da experiência oferecida no jornal impresso.
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Seguindo numa linha editorial muito próxima, temos o Valor Econômico, um jornal totalmente focado nas principais notícias financeiras,ativoamaisde20anosnomercado,ele também apresenta fatos que sejam relevantes para o mundo dos negócios, como decisões políticas ou acontecimentos externos que podem afetar valores e preços como é o caso da crise hídrica que tornou as contas de água e luz mais caras, e consequentemente afetou as produções agropecuárias, por exemplo. Assim como ‘O Globo” ele também possui uma versão impressa, porém sua versão digital contém a diferença de ser um portal totalmente vertical,OValortambémutilizaomodelodeassinaturaspagasparaobteracessoaoconteúdo, e apesar da popularidade e número de seguidores serem menores nas redes sociais, o Valor Econômicotemsemostradoumafontedeinformaçãomuitosegura.
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Capítulo I - Jornalismo Digital
Timeline: Linhadotempodasúltimaspublicaçõesdosusuáriosaqualvocêsegueouinterage;
--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
Enquanto você está on line, o Google coletainformaçõesdossitesquevocêvisitae usa esses dados para decidir que anúncios lhe mostrar Faça uma pesquisa sobre a Espanha e nos próximos dias você verá opções de viagens para lá Procure por futebol e mais sites de apostas aparecerão na sua tela. Procure por links sobre os perigos da caixa preta dos algoritmos e lhe oferecerãoumaassinaturadoNewYork Times (SUMPTER,2018)
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3.CAPÍTULOII-OSALGORITMOS:
Os algoritmos setornarampartedanossavida,estandopresenteatravésdecadaconteúdoque consumimos, na forma que interagimos com a moda e até mesmo na maneira que nos alimentamos, isso sem contar a diminuição de privacidade que a internet proporciona, basta que compartilhemosalgoousimplesmentetomemosaatitudedecurtirumasimplespostagem para que opiniões ou afinidades sejam expostas. Direta, ou indiretamente, eles ditam nosso comportamento social e principalmente digital, e esse mecanismo tão influente, também dita os direcionamentos e ações das empresas, afinal aformaqueosalgoritmosagemnomercado influencia diretamente nas ações de uma empresa. Por exemplo, uma publicação no Twitter ou Instagram nãopodeserfeitademaneiraleviana,énecessárioquesejafeitoumaanálisedo
Que a internet proporcionou uma nova maneira de nos comunicarmos, isto é um fato incontestável,afinal,alémdafacilidadedeacesso,opróprioconsumodeinformaçõesgerados por ela aumentou exponencialmente. O que obrigou a criação deformasúnicasdeentendere saber como atingir o público-alvo deumconteúdo,comoéocasodautilizaçãodealgoritmos sequências de ações pré-programadas para realizar uma tarefa, comoprincipalobjetivode oferecer aos usuários da internet informações específicas sobre um determinado conteúdo. Apesar de não ser possível afirmar que um conteúdo será bem aceito pelos usuários, através deles é possível fazer com que a publicação se engaje muito, afinal hoje a internet é pré-programada para distribuir informações de acordo com interesses. Por exemplo, jánotou que toda vez que você pesquisa por um destino de viagem famoso, como Nova Iorque, por exemplo, consequentemente diversos anúncios aparecem te oferecendo promoções em passagens aéreas? Obviamente isso não é coincidência, masatuaçãodestesalgoritmosdentro da área de marketing e publicidade. O mesmo acontece emplataformascomoYouTubeenas redes sociais,como,Facebook,InstagrameTwitter,ondeosconteúdosdatimeline epáginas11 de busca são sempre relacionadoscomseusinteressesnarede,quesãocaptadospormeiodas suascurtidaseinteraçõescomaqueletipodeconteúdo.
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--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
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que o algoritmo tem recomendado para seu nicho, sobre quais assuntos tem estado em alta, para assim diminuir a possibilidade daquele conteúdo flopar Assim como alguém de12 extrema relevância não pode simplesmente falar o que pensa sem filtros, pois pode gerar danos financeiros imensos, por exemplo, recentemente o atacante do Manchester United e astro mundial do futebol, Cristiano Ronaldo protagonizou uma certa polêmica ao trocar uma garrafa de Coca-Cola por uma de água. A atitude do jogador além de figurar entre os principais Trend Topics do Twitter, resultou em uma grande quedamomentâneadasaçõesda empresa de refrigerantes. Apesar de ter sido rápido como todos os acontecimentos na internet -, esta ação de Cristiano foi o suficiente para aumentar a procura e produção de conteúdosrelacionadosaoestilodevidamaissaudável.
Com isso, podemos afirmar uma coisa, os algoritmos não podem mais ser ignorados pela comunicação, sejanocampodepesquisas,sejanapráticadiária,ouqualqueroutraforma que se relacione com o ambiente digital. Afinal, este mecanismo de mediação tem ocupado na comunicação, um posto inevitável de grande relevância. (RAMOS, 2017). Os algoritmos também são fundamentais para formação de opinião dentro dos cidadãos, afinal dentro da sociedade, existem cada vez mais pessoas assumindo a posiçãode“influenciadoresdigitais”, termo utilizado para descrever pessoas que atingem um grande número de pessoas pela internet, sobretudo através da utilização dos algoritmos. Exemplos não faltam para explicar como estas pessoas podem liderar movimentos fortemente engajados dentro de uma bolha social, seja para o entretenimento, como fazem Whindersson Nunes, Tatá Werneck e Maísa, ou mesmo criticando abertamente o atual governo, como fazFelipeNeto,queporintermédio das redes sociais, principalmente o Twitter, manifesta suas opiniões sobre o mandato de Jair Bolsonaro. O ponto chave é que não é culpa do Felipe Neto ou do Whindersson que as pessoas sejam influenciada por eles, mas simdoalgoritmoquepredominanaplataforma,que faz com que os usuários vejam apenas aquilo que tem interesse ou que tenha muito engajamento, neste contexto, o papel dos influenciadores é entender como funciona essa distribuiçãoparasaberjustamentecomoalcançaromaiornúmerodepessoas.
12 Flopar: Se hitar significa fazer sucesso, flopar quer dizer o contrário: fracassar Essetermoé muitoutilizadonasredessociais,paradescreverfaltadeengajamentoemumapublicaçãoouvídeo;
--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
Este tipo de atuação dos algoritmo pode ser visto também fora das redes sociais, como é o caso da ferramenta de pesquisa do Google, que pré-determina os principais assuntos para você, isso sem contar que ao acessar suas configurações de controle de anúncios, você irá perceber que a empresapossuiumverdadeiroarsenaldeinformaçõesarespeitodasuavida,e apesar de parecer assustador tanta informação ser pública desta forma, porém pensandonum sentido organizacional, ele é fundamental e muito positivo, afinal constitui a própria rede, gerando a direção correta que você pretende navegar na internet, com palavras mais diretas, seria impossível navegar na internet sem eles, seria como ir para o mar sem um mapa ou bússola. O verdadeiro perigo que deve ser analisado não se encontra na falta deprivacidade, masnapoucafiltragemdoquesepodeserpublicado.
Como esse mecanismo pode ser aplicado em diversas áreas, existem algumas formas de utilizar os algoritmos, entretanto, o foco deles sempre será o mesmo: gerar e organizar informações que te interessam. Apesar disso, o seu funcionamento pode acabar variando bastante de plataforma, para plataforma, por exemplo, o Youtube trabalha com sugestões, baseando-se no que você assistiu anteriormente, desta forma ele cria uma comunidade interessada naquele conteúdo, o que faz o próprio conteúdo rodar pela comunidade.
3.1.COMOFUNCIONAMOSALGORITMOS?
Figura 7 - Sugestão de pesquisa Google
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Este conceito é chamado de algoritmo de aprendizado, pois a programação vai aprendendo cada vez mais sobre algo, até que ela possa te recomendar exatamente o tipodeconteúdoaqualvocêse interessa;
13 animaçõesdeorigemjaponesa;
Diferentemente do Tik Tok, sensação entre asúltimasredessociais,possuiumacaracterística única, afinal, você pode até curtir as mesmas coisas que outra pessoa, porém o seu feed de explorar sempre será singular Isso porque os vídeos são totalmente filtrado de acordo com suas preferências, por exemplo, um usuário da rede social que pertence a comunidade de animes , que não curte Naruto , porém se interessa muito por Dragon Ball , não receberá13 14 15 conteúdos gerais sobre animes, mas somente aqueles quesãofocadosnasuapreferência.Isto valeparatodososconteúdos,inclusiveosjornalísticos.
--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
Isto acontece por conta da maneira a qual a inteligência artificial é programada, ou seja, os algoritmos do Tik Tok são feitos para aprender sobre os seus gostos, assim facilitando na16 hora de você receber sugestões da rede social e interagir com as publicações feitas na plataforma, transformando seu feed único. O Google poroutrolado,constróiumquadrocom todos os interesses que você tem, classificando cada umdeles,porémesteprocessoéfeitoao longo do tempo que você utiliza o site. É possível acessar a quantidade de dados que a plataforma possui através das configurações de anúncio do site, onde as informações ficam divididas de acordo com os temas que você interage e aqueles que opróprioGoogleentende que você pode ter interesse por ser similar com o que já costumaconsumir Mesmopodendo acessar as configurações de anúncio, e até podendo vetar alguns deles, as sugestões de informação, no entanto, são filtradas somente pela plataforma. Isso porque, “mesmo quando usamos nossas configurações para informar ao Google quais anúncios queremos e quais não queremosver,eletomasuasprópriasdecisõessobreoquenosmostrar.”(SUMPTER,2018)
Além do Google, outras grandes empresas de serviços da internet também atuam com a construção de um quadro personalizado com seus interesses, como é o caso do Yahoo, da Microsoft, da Apple Inc. e do Facebook. Este último inclusive, com toda certeza é o local onde mais se pode ver a atuação em tempo real dos algoritmos, o ato de curtir uma publicação, faz com que o algoritmo da rede social entenda o que você consome, e automaticamente, o Facebook passa a sugerir conteúdos parecidos, ao mesmo que apresenta
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Criado por Akira Toriyama, a história relata a jornada do garoto Son Goku em busca das esferasdodragão;
14 A obra ficcional criada por MasashiKishimotoedistribuídapeloEstúdioPierrot,relataavida deumjovemninjachamadoNarutoUzumaki;
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É exatamente neste ponto que existe a falta de filtros, pois para a empresaadministradorade umdeterminadositeouredesocialtantofazquemestácorretonadiscussão,poucoimportase existem xingamentos ou ofensas racistas, mas sim a angariação de espectadores para aquele assunto, fazendo com que ele circule por cada vez maisperfis.Porexemplo,noanode2016, a MicrosoftcriouumperfilnoTwitterparasuainteligênciaartificial,aTay,comopartedeum projeto que possuía o objetivo de interagir com jovens e adolescentes ativos na plataforma.
anúncios de produtos relacionados as suas preferências. Como dito anteriormente, o maior problema do funcionamento desses algoritmos é justamente a falta de filtros no que se pesquisa, pública ou comenta. Essa falsa liberdade de expressão permite que diversas situações de cunho criminosos aconteçam, principalmente porque o engajamento das publicações não é baseado na quantidade de comentários ou avaliações positivas recebidas, massimnonúmerodeacessosquevocêrecebe,sejanoseuvídeo,postousite.Ouseja,desde que vocêrecebamuitosacessos,nãoimportasevocêtomamuito hate oumuito like ,afinalo17 querealmenteinfluencianoengajamentoéavisualizaçãodoconteúdo.
Em menos de 24 horas ativos na rede, a inteligência artificial foi retirada do ar, pois por se tratar de um algoritmo de aprendizado, aquele robô começou a aprender costumes e falas nazistas, racistas e até sexistas. Em uma das publicações feitas pela Tay, a IA chegou a declarar que odiava judeus ou mesmo que Hitler nunca esteve errado. Como resultado, a Microsoft desativou o projeto e afirmou que só iria reativar quando puder anteciparebarrar este tipo de aprendizado que fere os princípios e os valores humanos. ApesardocasodaTay ser mais escancarado do que o normal, diversas atitudes como era acontecem na internet, comorelataSumpter:
No entanto, as conclusões que os algoritmos tiram a nosso respeito podem ser discriminatórias Para investigar preconceitos de gênero, Amit e seus colegas inicializaram 500 agentes “masculinos” (que tiveram seu sexo configurado como sendo masculino) e 500 agentes “femininos”, quenavegaramemsitesprede finidos relacionados a empregos Depois dessas sessões de navegação, eles analisaram os anúncios mostrados aos agentes Apesar dos históricos de navegação parecidos, os homens tiveram mais chance de receber um anúncio específico do site careerchange.com quetinhaachamada:“empregoscomsaláriosapartirdeUS$200 mil somente executivos” As mulheres tiveram mais chances de receber ofertas para sites de recrutamento genérico Esse tipo de discriminação é descarada e potencialmenteilegal.(SUMPTER,David,2018)
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--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
17 Like: Sistema de avaliação de uma publicação nas redes sociais, onde o usuário pode deixar umlikenocasodegostardoconteúdoeumdeslikenocasodenãocurtir
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Este tipo de caso só escancara como a produção de informação na internet possui pouquíssimos ou mesmo nenhum filtros, e essa falta de filtragem gera uma grande margem para trolls pessoas má intencionadas que geram esses conflitos, geralmente com o objetivo de atacar alguém que contraria suas ideias, distrair a massa ou mesmo iniciar uma divisão, sempre trabalhando para atrapalhar discussões importantes atravésdepostsquenormalmente levarão a uma resposta maisemocional.Comumente,estetipodepessoaentendemuitocomo funcionam e como os algoritmos dentro de uma determinada plataforma atuam, e utilizam esse conhecimento para manipular de fato os acontecimentos digitais, mesmo que os algoritmos não estejam sob seu comando. Por conta disso, os desenvolvedores principalmente das redes sociais -, mesmo que tardiamente começaram a inserir filtros em seusalgoritmosparaqueelespudessembarrarcomentáriosoupostagensofensivas(Figura8). Também foi adicionado punições aos usuários, como bans temporários ou mesmo proibição deaçõesfeitasporaqueleperfil.
Figura 8 - Ban no Facebook
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3.2.JORNALISMOEASUARELAÇÃOCOMOSALGORITMOS
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Conforme já foi apresentado, a versatilidadedosalgoritmospermitequeelessejamutilizados de muitas maneiras, desde a aplicação em sites de pesquisa aos sistemas de redes sociais. Dentre as possibilidades que este mecanismo proporciona, temos a produção de conteúdos, onde podemos destacar o jornalismo algorítmico, um processo similar a uma fusão entre a imprensa e a tecnologia de dados, onde diferentemente do jornalismo de dados que é muito mais uma especialidade do jornalismo que reflete o crescentepapeldosdadosnuméricosque são usados naproduçãoedistribuiçãodeinformaçõesnaeradigital.Ojornalismoalgorítmico se trata de uma maneira automatizada de se produzir notícias, ou seja informação produzida por robôs. Apesar de muitos aspectos sobre esta nova vertente do jornalismo serem incertos, existem aqueles que acreditam que este é o futuro da comunicação e produção de notícias, e que a automatização dos procedimentos jornalísticos, além de diminuir os custos, poderia aumentar a velocidade de distribuição das informações. Por outro lado, existem também
Esta realidade também é muitopresentenoBrasil,umdosmaioresexemplosdefaltadefiltro dos robôs aconteceu no caso Maju Coutinho, em 2016, quando a jornalista da Rede Globo sofreu diversos ataques racistas através de redes sociais como: Facebook, Instagram e até mesmo Twitter Os algoritmos também podem ser trabalhados através de bots, ou seja robôs que são nadamaisquealgoritmosprogramadosparaautomatizaralgunsprocessos.Deacordo com umamatériadivulgadapelaBBC ,pesquisadoresdaCalifórniaedeIndiananosEstados18 Unidos estimam que em 2017 no Twitter haviam entre 9% e 15% de robôs ativos na plataforma, essa facilidade é justamente porque a natureza da rede social muito mais aberta que as outras, por exemplo, durante a criação de conta, o Facebook lhe pede um e-mail verificado e “nome real”, o que não acontece no Twitter Isso sem falar que não existe uma proibição de contas automatizadas, o que facilita o aumento deste tipo de ferramenta na plataforma. É claro que nem todo boténecessariamenteruim,entretantoexistemaquelesque são totalmente programadoscomobjetivosmaliciososoumesmoparabenefíciospróprioem, um bom exemplo aconteceu durante as eleições de 2018, onde foram feitos disparos em massa no Whatsapp como forma de campanha eleitoral para o até então candidato Jair Bolsonaro,queposteriormenteseriaeleitoopresidentedaRepública.
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18 Disponível em: https://wwwbbccom/portuguese/brasil 42172154 Acesso em: 15 de novembrode2021;
DuranteumaentrevistacomarevistaForbes,MathiasDoepfner,CEOdaAxelSpringer-uma das maiores editoras digitais da Europa, dona de diversas marcas de mídia, como o Bild, maior jornal da Alemanha -, disse: “O uso do jornalismo automatizado, em que artigos são gerados por inteligência artificial, não representa um risco ao trabalho dos jornalistas ”. De19 acordo com ele, muitos jornais já utilizam esse método para produzir artigos que contém dados muito extensos, ou mesmo para notas e notícias mais curtas.OpróprioBildfazusoda tecnologiaparacobriraspartidasdefuteboldasligasalemãsinferiores.

19 RespostadadaaForbes;Disponívelem: https://forbes.com.br/negocios/2018/06/jornalismo automatizado nao ameaca profissionais/ Acessoem:16denovembrode2021;
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aqueles que relutam na utilização de robôs dentro do jornalismo, principalmente quando se levaopontodevistadamanutençãodoempregodojornalista.
--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos ---------------------------------
Figura 9 - Algoritmos e a Comunicação
Entretanto, esta não parece ser uma tendência a ser adotadapelasprincipaisempresas jornalísticas do Brasil. Além de poucas pesquisas acadêmicas, os diretores dessas
Observando pelo ponto apresentado pelo autor da pesquisa, fica mais evidente o porquê ao invés da inclusão desta nova tecnologia, as empresas estão focadas em se movimentar para conquistar a credibilidade nas redes sociais. Pois as mesmas enxergam muito mais potencial de crescimento a curto prazo,issosemfalarnocustomaisbaixodoque incorporar uma nova tecnologia, que demandaria, além do investimento para a instalação, a preparação dos profissionais para operarem neste novo sistema. Outro ponto abordado pelas empresas foi a questão de notícias falsas, os diretores apontaram que os algoritmos apenas recolhem as informações disponíveis na web e as distribuem sem que haja qualquer tipo de apuração se os dados recolhidos são verídicos. Écompreensívelqueexistaesteentendimento por parte destas empresas, afinal as fake news ganharam proporções de compartilhamento absurdas, sendo espalhadas pelosmaisdiversosmeiosdecomunicação,desdeasredessociais aos portais independentes. Isso reforça abuscapelacredibilidadedeinformações,nãoapenas por parte dos leitores, mas também por parte dos gestores dos veículos midiáticosquetemos nopaís.
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--------------------------------- Capítulo II - Os Algoritmos --------------------------------companhias, olham para a inclusão da tecnologia nos procedimentos de produção do jornalismo com muito ceticismo, mesmo que entendam que a incorporação de algoritmos dentro do jornalismo é algo bastante promissor De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Metodista de São Paulo (ARAÚJO, 2017), os gestores destas empresas de mídias entendem que a utilização dos algoritmos se dá muitomaisparacompreenderoqueo consumidor deseja adquirir, e não para dizer o que ele deve consumir. Ou seja, no entendimento deles, os algoritmos são mais uma ferramenta para vender mais os seus produtos ou mesmo para aumentar a audiência, já que é possível saber o que o seu público quer consumir Outro ponto que leva a descrença deumpotencial crescimentoacurtoprazo, é justamente os custos e as questões legais. Além do custo elevado, alguns gestores destacaram questões legais e normativas, já que a tecnologia algorítmica altera substancialmenteosistemaprodutivodenotícias(ARAUJO,2017).
20 Em sua etimologia, apalavra“NOTÍCIA”,destaca senolatimcomonotitia,relacionando sea notus como particípio doverbonoscere,queremeteàideiadeconhecer,comraiznoindo europeu*gno , noquedizrespeitoasaberalgo;
4.TROLLS,BOTSEFAKENEWS
Seja no universo digital ou fora dele, um dos temas mais discutidos atualmente na mídiaeporgrandepartedasociedadesãoasfakenews.Podendoseratreladaadiversasáreas, como: saúde, política e economia, este tipo de notícia tem se propagado cada vez mais, ao ponto que o termo foi considerado a palavra do anoem2017,eacabouporseradicionadoao dicionário da editora britânica Collins. Mas o que são de fato as fake news? Para entender o que são, seus funcionamentos e o porquê delas existirem, primeiro é necessário entender o que de fato são notícias. O termo que vem do latim notitia , possui como significado,20 notoriedade, conhecimento e reputação, interpretando de maneira mais abrangente, podemos dizer que, notícias são informações sobre algum acontecimento ou assunto que interesse à população. Elas podem ou não ser disseminadas através de um meio de comunicação. Também é importante esclarecer que existem casos onde a informação não está correta, porémnãosetratadenotíciasfalsas.
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---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ----------------------------
Por exemplo, erros de ortografia podem acabar mudando um sentido de uma frase, e erros acontecem, porém, o fato determudadoosentidonãosignificaquefoifeitodemaneira intencional para alterar a composição original da notícia. Consequentemente é correto presumir que, asfakenewssãonotíciasquepossuemacaracterísticasdeserintencionalmente falsas, e de serem produzidas a fim de enganar o público leitor. De maneira mais específica, as fake news tratam-se de notícias distorcidas ou mesmo criadas para desinformar, nem sempre estando ligadas a notícia verídica. De acordo comajornalistabritânicaClaireWardle (2017),asfakenewspodemserdivididasemsetecategorias.
1 SÁTIRA
2 CONTEÚDO
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3 FALSOCONTEXTO 4 MANIPULAÇÃODE CONTEÚDO 5 FALSACONEXÃO 6 CONTEÚDOIMPOSTOR 7 CONTEÚDO
Tabela 2 - Os 7 tipos de fake news segundo Claire Wardle (2017)
A variação entre os tipos apresentados pela autora também se dá na nocividade que representam. Por exemplo, as sátiras e paródias são notícias que possuem um tom de humor inseridas em seu texto, não são produzidas com intuito de espalhar notícias falsas, mas também podem acabar desinformando algum leitor que não entenda a proposta deste tipo de notícia. Um bom exemplo de utilização desta categoria é feita todos os dias pelo Jornal Sensacionalista, que através do humor faz críticas ácidas em formato de sátira utilizando de acontecimentosreais,comodemonstradonafigura10.
---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ----------------------------
TIPOSDEFAKENEWS OUPARÓDIA ENGANOSO FABRICADO
Figura 10 - Jornal Sensacionalista
Diferente das sátiras que não possuem um teor malicioso, os “conteúdos enganosos” são totalmente produzidos para difamar ou descredibilizar conteúdos ou mesmo pessoas. É um comportamento que é muito comum de se ver nas redes sociais, sobretudo no Twitter. Também muito presente nas plataformas digitais, a categoria “Falsa Conexão” se trata de manchetar sem qualquer ligação com o conteúdopublicado.Rotineiramentevistonainternet, no mundo virtual esta categoria é mais conhecida como clickbait Ou seja, aquelas notícias21 que na manchete apresentam umaideia,entretantoamatériaemsinãopossuinadadoquefoi dito no título, além do Youtube, é um tipo de caso comumente visto no Facebook, outras redes sociais e alguns sites. A autora tambémencaixadentrodasclassificaçõesdefakenews, os conteúdos descontextualizados, que são matérias ou publicações onde as informações até são verdadeiras, porém o compartilhamento daquele assunto é feito totalmente fora do contexto original, a fim de gerar mais desinformação ou mesmo alavancar os acessos aquela matéria. Com uma maior dificuldade de se identificar do que as demais, os conteúdos de
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---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ----------------------------
21 Termo que se refereaconteúdodainternetqueédestinadoàgeraçãodereceitadepublicidade on line,normalmenteàscustasdaqualidadeedaprecisãodainformação,pormeiodemanchetes

Quando se trata do mundo digital, as fake news possuem alguns caminhos fixos de propagação, elas podem ser compartilhadas por trolls que atuam principalmente dentro das redes sociais, onde também temos a divulgação de fake news por usuários comuns, embora seja bem provável que até mesmo isso seja organizado para acontecer, essas pessoas que acreditam que estes portaissãoconfiáveis,sãotãovítimasquantoquemapenaslê.Existemos divulgadores oficiais de fake news, que geralmente são influenciadores digitais ou mesmo deputados que organizam grupos ou páginas em redes sociais, as notícias falsas também podem acabar sendo disparadas por bots, ou seja softwares programados para distribuir em massa uma informação. Para compreender totalmente o funcionamento de toda essa rede de fake news, é necessário assimilar as maneiras pelas quais as matérias são divulgadas. Comecemos pelos bots, hoje é uma maneira muito comum de compartilhamento dentro das redes,porémessasferramentastambémsãoproduzidasparaoutrosfins.
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---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ---------------------------impostores se classificam como notícias apropriadas por sites, que foram publicadas anteriormente em outros sites jornalísticos de credibilidade, como Folha de S. Paulo e G1. Porém, a ideia principal é utilizar as marcas e nomes já consolidados no mercado da comunicaçãoparacompartilharinformaçõeseafirmaçõesirreais.
A atuação destes impostores costuma apresentar diversas semelhanças com os sites originais, inclusive imitando o design, aproveitando-se do uso de fontes de texto, identidade visual e até mesmo organização da escrita. Tudo para fazer o conteúdo queéfalso,parecero mais verídico possível. A manipulação de conteúdo é uma classificação muito próxima dos falsos contexto, entretanto a verdadeira diferença para a descontextualização,sedánousode ferramentas de edição para alterar imagens ou vídeos. Estas notícias são distorções dosfatos verdadeiros que forameditadosparaenganaropúblico.Eporúltimoenãomenosimportante, temos a notícia com conteúdo fabricado,entreasseteclassificaçõesapresentadaspelaautora, certamente este é o método mais utilizado pelos produtores de fake news. Como o próprio nome sugere, tratam-se de informações cem por cento falsas, que são inventadas com a finalidadedeespalharboatosoudestruirumareputaçãoporinteiro.
4.1-ASTÉCNICASEASMOTIVAÇÕESDASFAKE NEWS
Por exemplo, como o ato de atender uma ligação é muito incomum, as empresas de telemarketing passaram a trabalhar com robôs que disparam informações sobre os produtos que aquela empresa vende. Este seria um caso de uso positivo desta tecnologia, já o outro lado do uso de bots hoje podemos dizerqueéumadasmaneirasmaiseficazesdepropagaras fake news. Isso porque os robôs são algoritmos programados com base no conceito de machine learning , que permite o software se camuflar entre os usuários, facilitando o22 espalhamento das notícias e dificultando o rastreio das contas automatizadas.Asplataformas deatuaçãomaiscomunsdessesprogramassãooTwittereoFacebook.
Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News
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Pesquisadores das universidades doSuldaCalifórniaedeIndianaestimamquehaja entre9%a15%derobôsnoTwitter Aredetemumtotaldecercade330milhõesde usuários portanto, ao menos 29 milhões deles são robôs,segundoolevantamento O Twitter informa que a falsa identidade é uma violação de suas regras As contas do Twitter que representem outra pessoa de maneira confusa ou enganosa poderão ser permanentemente suspensas de acordo com a Política para Falsa Identidade do Twitter Se a atividade automatizada de uma conta violar as regras doTwitterouas regras de automação, o Twitter pode tomar medidasemrelaçãoàconta,incluindoa suspensãodaconta.(GRAGNANI,2017)
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Conforme os dados apresentados pela autora, podemos notar que a como é extremamente comum a atuação destes robôs em diversas redes sociais. Afinal, quatro anos atrás, o número de bots dentro do Twitter já era imenso. Hoje a porcentagem de atuaçãodos robôs na plataforma com certeza aumentou, um exemplo quereforçaestaideiafoiapesquisa feita pela Carnegie Mellon University durante a pandemia de Covid-19. De acordo com os dados apresentados pelos pesquisadores, 82% dos retweeters mais influentes são bots e 100 narrativas diferentes sobre o Coronavírus. O estudo analisou cerca de 200 milhões de tuítes quediscutiamoassuntonaplataformaparachegaraestaconclusão.Combasenestesdados,é possível afirmar que tanto os “robôs bons” quanto os com finalidades maliciosas estão totalmente espalhadospelainternet.Entretantonemtodososalgoritmossãoautomatizadosou atuamatravésde machine learning,existemaquelesquesãooperadosporsereshumanos,eles são conhecidos como cyborgs, em alusão à figura mitológica dos homens que são metade humano,metademáquina.
Tecnologia onde os computadores tem a capacidade de aprender de acordo com as respostas esperadas por meio associações de diferentes dados, os quais podem ser imagens, números e tudo que essatecnologiapossaidentificar;Fonte:IBM
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24 Técnica de síntese de imagens ou sonshumanosbaseadaemtécnicasdeinteligênciaartificial, é usada para criar vídeos falsos, mas realistas, de pessoas fazendo coisas queelasnuncafizeramnavida real;
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Também chamados de trolls, a estratégiadessesindivíduosébemsimples,consistena utilização de algoritmos programados para disseminar as notícias falsas. O detalhe mais importante sobre este tipo de prática se dá no rompimento da automatizaçãoeda“rotina”do bot, que são causados pela intervenção humana. Isto complica não apenas o rastreio da origem das fake news, como também a identificação do usuário como um propagador Até porque, essas operações normalmente são feitas por empresas especializadas na criação de informações não verídicas e por gerenciar esse tipo de usuário dentro da plataforma. O próprio comportamento do troll é uma barreira para descoberta destes perfis, “os trolls, imitam de forma mais semelhante um perfil real, o que facilita desenvolver um círculo de amizades nas redes sociais e criar uma reputação, o que traz maior credibilidade as publicações compartilhadas através dos bots”(SERRA,2018).Comoumavariaçãodoserviço de troll temos os bots políticos, que em resumo, trata-se de perfis reais que autorizam a utilização dos mesmos para curtir e compartilhar conteúdosdecampanhapolíticaou fanpage de candidatos à eleição de maneira automática. Vale a pena mencionar as publicações que23 são feitas e compartilhadas por pessoas que não estão envolvidas na produção, porém acreditam que aquelas notícias são verídicas, sendo assim acabam por passar adiante as informações da matéria falsa. Apesar de ser muito mais obra da desinformação do que parte da organização dos produtores de fake news, podemos também dizer que eles possuemparte neste fenômeno, afinal isso só acontece por conta da desinformação gerada pelas notícias falsas. Faço também uma menção a técnicas de fake news aplicada em imagens, como é o caso das deepfake e edições de vídeo que alteram totalmente o contexto apresentado pelo24 materialoriginal.
Página dentro de uma rede social com o objetivo de criar um canal entre fãs e marcas, empresas, blogs ou outros; A interação com o público através desta ferramenta se tornou tão indispensávelqueamaioriadasestratégiasdemarketingincluemautilizaçãodela;
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Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News
Certamente existem muitas maneiras de se produzir fake news, porém a verdadeira questão é: qual a motivação para gerar desinformação na sociedade? As motivações podem ser diversas, assim como a resposta para essa pergunta, entretanto é possível apresentar as principais que podem ser encontradas através da leitura das notícias falsas que foram produzidas, tendo como estímulo desde atos para incitar a descredibilidade da imprensa à produção para tirar vantagem econômica. As motivações podem inclusive ser relacionadas à classificação apresentada anteriormente, de acordo com Claire Wardle (2017), que catalogou em sete os tipos existentes de fake news. Sátira ou paródia, conteúdo enganoso, falsos contextos, conteúdo impostor, conteúdo produzido, manipulação deconteúdoefalsaconexão (clickbait). Entre as justificativas mais comuns estão: jornalismo sem profissionalismo, paródias feitas para humor, partidarismo, propagandas ou mesmo influência política. (MORAES; MERELES, 2017). Com isso podemos concluir que não apenas a variedade de técnicas de produção, mas também a indústria das fake news tem crescido cada vez mais, tendo como motivações os mais diversos objetivos. Entretanto, nãosãoapenasastécnicasde
Figura 11 - Memes feitos com deepfake

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---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ---------------------------produção que evoluem ao passar dos anos, os métodos de se descobrir uma fake news também tem acompanhado a progressão dos produtores, eelespassamdesdeachecagemdos fatos e fontes na produção da notícia por parte do autor, até o leitor que por sua vez deve procurar se informar se o autor é confiável e se o portal para qual ele escreve possui sua credibilidade.Paraisso podem ser utilizadas ferramentas criadas com o objetivo de verificar se as notícias são falsas ou verídicas, “áreas como mineração de dados, aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural e inteligênciaartificialestãodesenvolvendoferramentas capazes de identificar fake news”. (SERRA, 2018), como é o casodasferramentasutilizadas no fact-checking , que é uma forma de qualificar o debate público por meio da apuração25 jornalística. Sendo assim,chegamosaoutraquestãoaserrespondida:Quemlêessasnotícias? Segundo (Sumpter, 2018) “como nas teorias da conspiração, fake news têm seus perpetradores e seguidores, mas uma vez que elas crescem, são frequentemente desafiadas”.
Ou seja, esse tipodenotícianãoésimplesmentejogadonainternetparaopúblicogeral,antes elas são cultivadasdentrodeumacomunidade,explorandomuitooconceitodebolhasocial , 26 e uma vez que essas notícias se tornam extremamente grandes e relevantes dentro daquele círculo social, ela fura essa bolha e chega à sociedade com uma certa credibilidade, como explicaDavidSumpter:
Começou dentro de uma câmara de eco de simpatizantesdeextremadireita,masse tornou tão grande queultrapassouoslimitesdogrupousualdeopiniõesextremistas. Vários simpatizantes de Trump acharamqueela“faziasentido”eacompartilharam [ ] O algoritmo do Google deixou se levar comacelebraçãodavitóriaecolocoua publicaçãocomonotíciadeprimeirapágina (SUMPTER,2018)
O autor exemplifica este fenômeno de bolha social com um experimento deformigas colocadas dentro de um balde feito na Universidade de Bristol, que foi conduzido pelo biólogo, Nigel Franks. Este exemplo é muito consistente em explicar como funciona a disseminação de fake news. Pois formigassãoanimaisextremamentecomunicacionaisecom
26 uma bolha social é entendida como um grupo de pessoas que se unem por interesses semelhanteseacabamporexcluiraparticipaçãodequemtempensamentoscontrários;
25 Ferramentas utilizadas na checagem de fatos, isto é, um confrontamento de histórias com dados,pesquisaseregistros;Disponívelem: http://wwwobservatoriodaimprensacombr/checagem de informacoes/o que e fact checking/ ; Acessoem:22denovembrode2021
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um forte senso de comunidade, podendo transmitir mensagens sobre melhores locais para adquirir alimento, como voltar ao ninho ou mesmo se a outra formiga deve acelerar ou diminuir a velocidade de seus passos. Sumpter explica que durante a pesquisa, foi possível notar que ao serem colocados dentro de um balde, as formigas andam em círculos, e através de feromônios espalhavam para as outras formigas queestavamatrásdizendoquepoderiater algo de interessante a frente.Istofezcomqueavelocidadedetodasasformigasnorecipiente fosse a máxima. A analogia apresentada casa justamente o conceito de bolha social, isso porque as formigas apresentaram-se completamente “cegas” e confiantes nas primeiras mensagens recebidas, e por conta disso sequer cogitaram que nãohavianadadeinteressante, ouquepoderiamsertomadasoutrasrotas.
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27 Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News é uma comissão com integrantes da Câmara dos Deputados e Senado Federal, criada no Brasil para investigar a existência de umarededeproduçãoepropagaçãodenotíciasfalsaseoassédiovirtualnasredessociais
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Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News
Um processo semelhante acontece com bolhas sociais, principalmente quando o assunto é política. Como a própria definição apresenta, trata-se de pessoas unidas por interesses comuns e que excluem pensamentos contrários ao do grupo. Consequentemente, a fonte de informações daquele grupo se limita aoqueéjulgadocomocorretoedeacordocom o pensamento apoiado pelos membros, abrindo a brecha para as fake news se proliferarem. Hoje podemos utilizar com um ótimo exemplo de atuação de fake news dentro de bolhas sociais, os casos de notícias envolvendo bolsonaristas, que se fecharam contra os principais veículos de informação e passaram a receber informações que circulam entreeles.Apesarde estarem abertos a todas notícias que circulam, o grupo adotou uma postura dedeclararcomo fake newstudoqueforcontrárioaosideaisdeles.Nãoéatoaquemuitodestesgruposcontém seus produtores de fake news, de acordo com os relatórios apresentadospelaCPMIdasFake News . 27
Apesar da descredibilização da imprensa não ser algo exclusivo da era digital, é justamente no digital que vemos sua atuação em tempo real. Ao pensarmos com base na
4.2.UMAIMPRENSADESCREDIBILIZADA?
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definição da palavra descredibilizar podemos perceber que este fenômeno não só consiste28 em fazer da imprensa um órgão não confiável na distribuição de notícias, mas também em afastar asociedadedefontesdeinformaçãoseguras.Pode-seatédizerqueestaéumamaneira que os governos encontraramparacombateremideiascontráriasàssuassemanecessidadede um golpe de estado. Afinal não existem mais a necessidade de censurar de maneiraexplícita os veículos de comunicação para inibir as suas críticas ou ideias, “basta inundar as redes sociaiseosgruposdeWhatsAppcomaversãodosfatosquesequeremplacar,paraqueelase torne verdade” (MELLO,2020). É importante também entender que o processo de descredibilização não é feito somente através da publicação de fake news, ela é apenas um fragmento de todo o procedimento, que é realizado com a construção de diversas ações. Por exemplo, o assassinato de reputação ou mesmo as agressões virtuais que em alguns casos podem chegar ao ambito físico e numa extremidade levar a morte-,émuitorecorrentecomo partedoprocessodetransformaraimprensaemmentirosa.
De acordo com dados apresentados pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entre todos os casos envolvendo um tipo de violência à jornalistas, 35,51% deles foram para descredibilizar as informações trazidas pela imprensa profissional, 17,76% foram relacionadoscomagressõesverbaisevirtuaise19,86%doscasosforamdecensura.
28 ato de fazer com que algo ou alguém deixe de ser crível, confiável; deixar de possuir credibilidade,confiança;
ATAQUESCIBERNÉTICOS 6 1,40%
IMPEDIMENTODOEXERCÍCIOPROFISSIONAL 14 3,27%
ATENTADO 1 0,23% CENSURAS 86 19,86%
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AMEAÇAS/INTIMIDAÇÃO 34 7,94%
AGRESSÕESVERBAISOUVIRTUAIS 76 17,76%
LIBERDADEDEEXPRESSÃO/AÇÕESJUDICIAIS 16 3,74% DESCREDIBILIZAÇÃODAIMPRENSA 156 35,51%
RACISMO/INJÚRIASRACIAIS 2 0,47% SEQUESTRO/CÁRCEREPRIVADO 2 0,47% VIOLÊNCIACONTRAOSINDICATO 6 1,40%
Tabela 3 - Relatório de Violência à jornalistas - Fonte: FENAJ
Um exemplo violência realizada a fim de descredibilizar a imprensa que não se limitou apenas ao método das fake news, foi a situação passada pela jornalista Patrícia Campos Mello. A jornalista, que écolunistadaFolhadeS.Paulo,sofreudiversosataquescibernéticos após publicar uma matéria que denunciavaousoderobôsdedisparoemmassaviaWhatsapp para efetuar ataques ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad. A notícia foi ao ar 10 dias antes das eleições de 2018, e descrevia umesquemacomandadopor empresários apoiadores de Bolsonaro, configurando o crime de “caixa dois” durante a campanha e ferindo a lei Nª13.488/2017 que proíbe a contratação pessoas ou mecanismos com fins de ofender a honra ou prejudicar a imagem de um candidato ou partido. Foram necessárias algumas horas depois da publicação, para a jornalista começar a sofrer com uma
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TIPOSDEVIOLÊNCIA
NªDECASOS %
ASSASSINATOS 2 0,47% AGRESSÕESFÍSICAS 32 7,48%
Uma vizinha, moradora do prédio aoladodomeu,nomesmoconjunto,abriaajanela e gritava, quando eu estava na portaria: “Chupa, petista! AêêêBolsonaro!”.Ligaram no meu celular: “Sua vagabundapetistamentirosa Vounasuacasadestruirsuacara” [ ] Em alguns dias, deixei de ser conhecida só no meu meio, por reportagens internacionais de guerra, refugiados e ebola, e passei a ser uma pessoa odiada e xingada.(MELLO,2020)
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Recebi milhares de mensagens ofensivas no Facebook, no Twitter e no Instagram. Fechei todas as minhas redes sociais Em uma delas, o Facebook, um fulano afirmava: “Se vocêquerasegurançadoseufilho,saiadopaís Nãoéumaameaça,é um aviso” [ ] Hackearam meu celular Textos a favor de Bolsonaro foram disparados a partir da minha conta no WhatsApp. Várias mensagens sumiram (por sorte eu tinha backupdetudooqueimportavaparaamatéria) Eme mails,eleitores de Bolsonaro passaram a ser convocados a aparecer em eventos de que eu participaria As mensagens traziam data, horário e endereço e diziam:“Ajornalista petistavai.Vãolá”.Tivequecancelartudoporummês.(MELLO,2020)
enxurrada de ataques cibernéticos e verbais, recebendo inclusive ligações e xingamentos de vizinhosdemoradia,comoelamesmorelataemseulivro:
Quem também desempenha papel importante neste processo são as redes sociais, pois o caráter de imediatismo das redes criaram dois comportamentos que facilitam muito a descredibilização da imprensa. Dentro de plataformas como Facebook e Twitter, os usuários possuem duas reações ao que circula pela sua timeline: compartilhar o conteúdo porque concorda com o que foi expresso nele, independente de ser ou nãofalso.Eporcontadafalta de tempo ou da velocidade que as coisas acontecem no mundodigitalcompartilharoquelhe parece ser mais verídico. “Se umapessoaacessouumlinkparaseinscreveremumgrupo,ela
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De acordo com a autora, o extremismo desta situação a abalou tanto que elapassouasairna rua somente com guarda-costas, algo que ela relata não ter cogitado nem mesmo durante a cobertura da guerra na Síria. (MELLO, 2020) Este tipo de situaçãonãopodeserconsiderado exceção, pois como demonstrado na tabela 3, diversos outros casos aconteceram. Orelatório da FENAJ 2020 também aponta que 428 casos de violência contra jornalistas foram registrados, aumentando em 105,77% em relação ao ano anterior. Entre os principais agressores estão: políticos, servidores públicos, internautas, juízes e procuradores e o presidentedaRepública,JairBolsonaro.
tende a ter umviésdeconfirmação ,ouseja,estápredispostaaacreditarnoconteúdoquevai29 receber”. (MELLO, 2020) Também podemos apontar como um participante influente as companhias de telefonia no Brasil, que através de planos que oferecem custo zero no uso de redes sociais como: Whatsapp, Facebook, Instagram e Twitter, acabam indiretamente forçando a sociedade a consumir apenas as notíciasquecirculamporessasplataformas,local que conforme apresentado anteriormente, as fake news e a desinformação no geral possui bastante engajamento.Alémclaro,dadificuldadedesefiltrarosconteúdos,oquetornamuito difícil não apenas para o jornalismo que precisa entrarnestesegmentoparaconquistarmais credibilidade -, mas também para os usuários que se deparam comdiversasinformaçõessem apossibilidadedechecarseelasdefatosãoverdadeiras.
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29 Viés cognitivo faz com que a pessoa descuidadamente procure informações que confirmam suas crenças e opiniões, consequentemente obrigando ela a descartar aquelas que não o fazem. Esse comportamento também afeta os dados de que você se lembra e a credibilidade que você dá às informaçõesquelê
Por conta disso, em alguns dos casos o jornalismo sequer tem chances de combater as fake news, pois são disseminadas em ambientes no qual o jornalismo não se encontra - como é o caso dos disparos por Whatsapp. Entretanto, uma maneira do jornalismo responder e combater as fake news é através das agências de checagem, um braçodoprópriojornalismo, que se dedica totalmente ao combate da disseminação deste tipo de notícia. Afinal, estes acontecimentos não se restringem a acontecimentos passados, recentemente duranteoDiada Independência do Brasil 7 de setembro -, diversas fake news rondaram a internet, e os conteúdos foram desde notícias criadas como éocasodanotíciaqueafirmavaqueaPolícia Militar teria feito uma estimativa de cerca de 86 milhões de apoiadores nos atos pró-presidente -, até mesmo deepfakes e montagens, como por exemploaspublicaçõesfeitas por páginas bolsonaristas de que a Torre Eiffel, principal cartão postal de Paris e o Empire State Building, em Nova Iorque foram iluminados com as cores verde e amarelo em
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De acordo com uma pesquisa Datafolha de outubro de 2018, 46%daspessoasliam sobre política e eleições pelo WhatsApp; também 46% das pessoas se informavam pelo Facebook Entre os eleitores que se serviam do WhatsApp, 47% acreditavam, muito ou um pouco, nas notícias que recebiampeloaplicativo Entreoseleitoresde Bolsonaro, 52% acreditavam, muito ou um pouco, nas notícias que chegavam pelo aplicativo,contra44%dosquevotavamemHaddad.(MELLO,2020)
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Toda esta desinformação não é simplesmente jogada na rede, as ferramentas de marketing que impulsionam as publicações são fundamentais para a construção da popularidade destas narrativas, “no Facebook e no Instagram, por exemplo, é possível pagar para que um conteúdo atinja mais pessoas, seja visto maisamiúdeoualcancecertospúblicos (segmentados por idade, gênero, localização e outros parâmetros)”. (MELLO, 2020) Tendo dito isso, e tendo em mente como as fábricas de fake news estão presentes, além do quejáé feito, surge uma questão: quais as estratégias para combater essa onda de desinformação e conquistar mais credibilidade dentro do espaço digital? Primeiramente é necessário entender que a internet certamente democratizou muito as informações, entretanto, essa democratização ainda não atinge 100% da população brasileira, e que também formaram se diversas bolhas sociais, que agem de acordo com seus vieses de confirmação. Tendo dito isso, qual seria a função do jornalismo neste cenário? O primeiro passo éjustamentefuraras
homenagem ao feriado brasileiro, além da utilização de imagens de anos anteriores para apresentarqueumagrandequantidadedeapoiadorestiverampresente.

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Figura 11 - Torre Eiffel e Empire State Building
bolhas com conteúdo que sejam relevantes a todos os tipos de público, pois é através delas queseiniciaomovimentodedesinformação.
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Que acaba trazendo como uma consequência um grande movimento de polarização, que devido a intensidade que passou a se viver nas redes sociais, aumentou exponencialmente. Até porque, independente do seu posicionamento político, hoje a sociedade num todo é muito mais engajada em questões de agenda pública, atividade que antes era apresentada exclusivamente pelo jornalismo. Porém existem alguns pontos que podem nos deixar esperançosos de uma recuperação da credibilidade jornalística, podemos dizer com um certo otimismo que este combate não é somente feito por jornalistas, a democratização de informação que a internet trouxe, citada acima tornou a sociedade ao menos um pouco mais crítica no que sedizrespeitoarealmenteprocurarinformações.Como podemos ver na recente pesquisa feitapelaAgênciadeNotícias,Reuters,queindicaque84% dos brasileiros ativos na internet se preocupam fortemente com as fake news Estes dados30 indicam uma mudança no comportamento dos consumidores, tornando muito mais difícil a produçãodenotíciasfalsas.
Um ponto que precisa ser agilizado urgente de maneira oficial é a regulação mais efetiva na filtragem de conteúdos que circulam por estas redes, como por exemplo,osfiltros aplicados no Facebook, Instagram e Twitter, que incluiam umselodeaprovaçãodoconteúdo quando se tratava da Covid-19, no caso das informações serem falsas, a publicação era bloqueada e excluída é uma opção bastante viável de evitar a disseminação e facilita a filtragem por parte dos usuários. A ampliação da informação é uma das mais importantes armas que o jornalismo possui no combate às fake news. Quando digo ampliar, me refiro ao sentido de ensinar verdadeiramente como funcionam as mídias. Ou seja, educar midiaticamente a sociedade, afinal, as atualizações constantes de ferramentas e sistemas digitais são difíceis de serem acompanhadas, ainda mais porumpúblicoquenãofoieducado para lidar com o acessodestaformadecomunicação.(MENEZES,2020)Emoutraspalavras, ensinar a população como identificar notícias fakes, ergueria a credibilidade dos veículos
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https://reutersinstitutepoliticsoxacuk/sites/default/files/2020 06/DNR 2020 FINALpdf ; Acessoem:24denovembrode2021;
30 Disponívelem:
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jornalísticos, que por sua vez precisam se colocar de maneiramaisativasnasmídiasqueesta populaçãoseencontra,comoéocasodasredessociaiseplataformasdigitais.
Este tipo de estratégia é fundamental para evitar outra onda de notícias falsascomoa que aconteceu nasmanifestaçõesdodia7desetembrode2021.Atéporque,em2022teremos novas eleições presidenciais, e tendo em mente que durante as últimas eleições para o cargo de chefe máximo do poder executivo, houverammilharesdenotíciasfalsas,émuitoprovável que um movimento similar se repita. Afinal, uma das peças centrais para essa recente popularização das fake news é justamente o atual presidente que em seu mandato caótico teve diversasdessasnotíciasatreladasasuafigura-,equeestarápresentecomocandidatonas próximas eleições. Este éumpontodeextremaimportância,poissejanacampanha,durantea pandemia ou mesmo no último Dia da Independência, Jair Bolsonaro sempre manteve a postura de defender seus vieses de confirmação, independente se as suas afirmações fossem ou não falsas. O presidente manteve cada uma delas enquanto lhe convinha, podemos citar como exemplo, o caso em que Bolsonaro ridicularizou o Coronavírus", ao declarou que a Covid-19 não o mataria devido ao conta de seuhistóricodeatleta,afinalnãopassavadeuma "gripezinha", ou mesmo as indicações do uso de Cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamentodadoença,voltandoatrásdizendoquejamaisteriadadoestetipodedeclaração.
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Local onde, os produtores de notícias falsas, quesempreestiveramocupandoumlado mais obscuro da informação, assumiram o protagonismo e passaram a atuar nele com cada vez mais força, desenvolvendo novas técnicas de proliferação para a disseminação de fake news.
CONSIDERAÇÕESFINAIS
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Dentro deste cenário, também temos a atuação direta e indireta dos algoritmos, que desempenham um papel fundamental na construção de engajamento dentrodasredessociais, isso porque as sequências de ações pré-programadas, acabam beneficiando muito mais
A fim de entender qual a atual posição do jornalismo neste cenário e como ele pode ser relevante no combate às fake news, este trabalho buscou através de uma pesquisa empírica entender os funcionamentos dojornalismodigitalemsi,qualopapeldosalgoritmos nasociedadeecomoàsfakenewsinterferemnotrabalhojornalísticos.
Durante o estudo percebemos que apesar da internet ter facilitado o acesso à informação para todos, e do jornalismo estar nela a um certo tempo, é fato que ele demorou um pouco para se adaptar a essa nova era digital que é encabeçada pelas redes sociais. No processo para entender como o jornalismo digital funciona, foi apresentado umpoucodasua história e como três dos jornais mais acessados do Grupo Globo deComunicaçãotrabalham, passando pelo tipo de portalqueelesseencaixam(FERRARI,2003),eapresentandotambém odesignearegularidadedessesjornaisnasredessociais.
Conforme analisamos, podemos chegar a conclusão de que o processo de disseminação de fake news, além de possuir diversas motivações que podem ir desde vantagem política a benefícios financeiros -, as etapas do processo possuem um objetivo em comum, descredibilizar a imprensa, a fim de alavancar os próprios conteúdos falsos. Para isso, os produtores de fake news se valem de todos osmétodospossíveis,chegandoaoponto deseutilizaremdeviolênciaverbaledigital(MELLO,2020)
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Sendo um dos termos mais utilizados por jornalistas, jornais e governantes, as fake news se tornaram um fenômeno com uma proliferação tão intensa, que podemos inclusive compará-la com um vírus. Somente neste ano de 2021, além das diversas informaçõesfalsas sobre a Covid-19 tivemos uma grande quantidade deste tipo de conteúdo circulando pelas redessociaisdosbrasileirosnodia7desetembro.
O próprio Google é uma plataforma muito recorrente no uso de algoritmos de aprendizado, quando o assunto é propaganda, afinal basta que você pesquise algum assunto nunca pesquisado antes para diversos anúncios relacionados com a pesquisa aparecerem duranteasua Atravésnavegação.dapesquisa também percebemos que nem todo uso debotséruim,equeesta tecnologia não se encontra somente nos sites e redes sociais, mas também em muitas outras áreas, como é o caso dosdisparosdeligaçãotelefoneeSMSdotelemarketing,edoschatbots utilizadospelasempresasparafiltrarqualanecessidadedocontatofeitopelocliente.
No que se diz respeito aos algoritmos, ao menos durante a pandemia, pode-se notar uma filtragem de conteúdo por parte dasredessociais,nãonosentidodecensura,massimde verificação da veracidade daquelas publicações, o que com certezapodeserlevadocomoum pontopositivoparaacomunicaçãoeojornalismo.
E que a relação dos algoritmos com o jornalismo, tem aumentado bastante, ao ponto de seoriginarumaáreadeespecializaçãodojornalismorelacionadaautilizaçãoderobôspara automatizarosprocessosjornalísticos.
Processos esses,quejásãobastanteutilizadosemoutrospaísesparalidarcomnotícias e artigos que contenham uma quantidade massiva de dados, ou mesmo para redigir notas e notícias mais simples. Mas que aparentemente não é de tanto interesse dos principais conglomeradosdacomunicação,quehojebuscampelavoltadacredibilidadedeseusjornais.
---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ---------------------------conteúdos pelo fato de serem populares. Entretanto, esse engajamento não possui filtros de regulação, no que se diz respeito a conteúdos inverídicos, dando abertura para os produtores defakenewsdisseminaremseusconteúdosàvontade.
Os resultados deste estudo demonstram tambémqueojornalismonãopodemaisfugir da necessidade de se encontrar presentemente ativo nas redes sociais, pois essa é uma forma deaomenosequilibrarabalançadeinformações.
Ainda sim, precisamos ser realistas e entender que o processo para alcançar a credibilidade dos veículos de informações dentro dessas plataformas tende a ser muito complicado, visto que os perfis dos usuários são moldados deacordocomsuas preferências, fazendo com que não apenas se formem mais bolhas sociais, como também haja grande atuaçãodoviésdeconfirmação.
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Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News
Além disso, ressalto a importânciadaimplementaçãodeumensinomidiático,ouseja, a criação de uma forma de ensinar as pessoas como lidar com as novas mídias que vem surgindo.Afinal, como apresenta (MENEZES, 2020) o público não é educado para lidar com este tipo de acesso acomunicação,aindamaisselevarmosemcontaaconstanteevoluçãodas ferramentas digitais. Levar uma educação midiática, além dificultar para os produtores de fakenews,ergueacredibilidadedojornalismodigital.
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Entretanto, um lado esperançoso que podemos ter desta situação é osensocríticoque aumentou com a chegada da internet. Como apontado durante o estudo, 84% das pessoas ativasnainternetpassaramasepreocuparcomaquestãodasfakenews.
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---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ----------------------------