A MULHER DE CLAUDIA NA DÉCADA DE 1960: uma análise discursiva entre gênero e saúde mental.

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A MULHER DE CLAUDIA NA DÉCADA DE 1960: uma análise discursiva entre gênero e saúde mental

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LARISSA LOURENÇO DA MATA

São2021Paulo

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO

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CURSO DE JORNALISMO

São

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

2021Paulo

A MULHER DE CLAUDIA NA DÉCADA DE 1960: uma análise discursiva entre gênero e saúde mental

Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.

LARISSA LOURENÇO DA MATA

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e pelo privilégio em me alinhar com as pessoas certasparao desenvolvimento destapesquisa. Aosmeuspais, porsemprepoiaremmeussonhos. Aos meus amigos e familiares, e a todos que contribuíram de alguma forma para que essa pesquisa fosse

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que estiveram na orientação desta pesquisa durante as aulas e aos finais de semana pelo e mail, emespecial a Profa Dr. MirianMelianipela condução durante todo o período, pela paciência, contribuição de ideias e principalmente por depositar força em ambos projetos elaborados.

À Fundação Biblioteca Nacional por prestar serviços à distância, deixo o meu mais sinceroobrigada. Aaproximação como objeto deestudo, proporcionou umenriquecimento que se desdobrou na pesquisa.

Ao grupo Rede de Apoio, agradeço a oportunidade de crescimento conjunto, através de ideias, amparo e amizade dentro e fora da faculdade. Acredito que nossa paixão pelo projeto desencadeou muita voz para a marca, obrigada por dividirmos esse espaço juntas.

Agradeçorealizada.aosprofessores

Meu voto de gratidão a Alice Bettencourt, que compartilhou comigo seu acervo bruto com as edições da revista Claudia, por dedicar seu tempo separado o material, além de um cuidado em sugestões e conselhos.

AGRADECIMENTOS

A minha avó Conceição, de que tem todo o meu amor, e gratidão para sempre.

4 SUMÁRIO1.INTRODUÇÃO......................................................................................................52.APRESENTAÇÃO.................................................................................................73.REFERENCIALTEÓRICOMETODOLÓGICO...........................................104.RESULTADO.......................................................................................................135.CONSIDERAÇÕESFINAIS..............................................................................176.RESULTADOS.....................................................................................................187.APÊNDICE:ProjetoExperimental....................................................................198.CRONOGRAMA..................................................................................................369.INVESTIMENTO.................................................................................................3610.ANEXOS................................................................................................................38

Larissa Lourenço da MATA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP

Esta pesquisa tem o intuito de mostrar como o debate sobre saúde mental feminina veiculada pela revista Claudia, durante os anos 1964 a 1968, se faz tão presente até os dias de hoje. Além de mostrar como um espaço na imprensa favorece o diálogo sociopolítico entre as mulheres, na luta por seus direitos e na contribuição jornalística para a emancipação da mesma.

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Foi na década de 60 que a imprensa feminina cautelosamente tomou força e se posicionou diante das questões sociais, políticas e até sexuais. Não foi diferente em Claudia, durante esse período, o periódico ficou marcado como a era ‘A dona de casa

1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.

RESUMO

PALAVRAS CHAVE: gênero; discurso; saúde mental; revista Claudia.

INTRODUÇÃO

A mulher já havia sido introduzida na sociedade de consumo, cada um dos periódicos destinados ao público feminino trazia páginas e mais páginas sobre culinária, beleza, moda, belas artes e matérias ensinando a comprar o melhor eletrodoméstico. Partimos do pressuposto de que a reprodução desses artigos estimulava a retratação da mulher domesticada sempre mais ao coletivo do que ao individual, ou seja, sempre existiam outras dela, a mulher é então condicionada a pensar e agir como querem que ela aja.

A presente pesquisa tem por objetivo analisar discursivamente os sentidos sobre saúde mental feminina contidos em cinco artigos da revista Claudia, que foram veiculados no intervalo compreendido entre 1964 a 1968, período que antecede a reforma psiquiátrica no Brasil. Abordaremos o marco histórico de Carmenda Silva na revista, a fim de identificar a construção do discurso e relação de poder em um contexto sociocultural. Para facilitar este processo, tomamos como base teórica que o discurso é efeito de sentidos entre interlocutores (Pêcheux Orlandi), e que as elaborações discursivas são constituídas historicamente, com base nisso, levantamos a seguinte hipótese: apesar da revista Claudia pautar saúde mental, os discursos acerca do tema são sustentados por sujeitos padronizados que não dão conta das múltiplas características e problemas feminino.

A mulher de Claudia na década de 1960: uma análise discursiva entre gênero e saúde mental1

2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: larissadamata17@gmail.com

6 insatisfeita’, contando com uma grande colunista, Carmen da Silva, que atuou 22 anos com artigos fundamentados na psicologia. Não foipreciso muito tempo paraadquirir reputação entre as leitoras, tornando se a “pensadora feminina” entre o público. Apesar de uma abordagem voltada à política e aos direitos sociais femininos, Carmen dialoga com suas leitoras incitando o autocuidado em três sentidos da saúde mental: ansiedade, estresse e depressão.

Para tal, o conjunto da pesquisa delimitou como recorte da análise os cinco trechos do que se entende por saúde mental: depressão, estresse e ansiedade, entre os anos da década de 60 em Claudia. E para essa análise, utilizamos a filosofia de gênero de Judith Butler (2003); os aspectos sobre critério de noticiabilidade de Gaye Tuchman (1980); conceito de jornalismo de revista de Marília Scalzo (2011) e a imprensa feminina e feminista abordada por Constância Duarte (2016) e Dulcília Buitoni (2009).

A pesquisa em seus objetivos, procurou entender qual o foco editorial da primeira década de Claudia, tais como o gênero, relação de poder e construção do discurso em um contexto sociocultural. Entender qual o discurso utilizado para dialogar sobre saúde mental atribuída ao gênero feminino, parece ser o objetivo específico dessa análise. De modo a responder a seguinte dúvida: qual foi a contribuição da revista Claudia para os avanços psiquiátricos no Brasil? Seguimos com a seguinte hipótese: apesar da revista Claudia pautar saúde mental feminina, os discursos acerca do tema são sustentados por sujeitos padronizados que não dão conta das múltiplas características e problema feminino.

Neste trabalho analisamos esses artigos de Claudia baseando se em dois pontos (a) saúde mental e (b) gênero, discorremos a obras de filósofos, psicólogos e comunicólogos que investigaram as relações entre esses pontos. Destaca se também, que por anos os discursos sobre saúde da mulher tiveram a histeria como alvo de estudo, considerado um mal procedente do útero, intensificando a culpa e moral que a loucura obteve na época clássica, quando perdeu seu sentido de erro e aproximou se de doença. Com o passar dos anos, é possível compreender a influência desses discursos aos atuais sobre saúde mental feminina.

Para dar início a tal reflexão, está pesquisa apresenta uma visão geral sobre os cuidados com os portadores de distúrbios psíquicos em um período que era comum a internação em manicômios para tais curas, além de uma pequena introdução da mulher na imprensa diária no jornalismo brasileiro. E como complemento fundamental dessa pesquisa, a atuação de Carmen da Silva no periódico da Claudia. Ademais esse trabalho tem a intenção de atingir um resultado quanto ao discurso utilizado para dialogar sobre saúde mental relacionada ao gênero

7 feminino, sobretudo tenha um indicativo sobre como a revista Claudia atuou na revolução do quadro psiquiátrico no Brasil.

No passado, a assistência aos portadores de distúrbios baseava se nos princípios da hereditariedade, acreditava se que a doença mental passava de geração em geração; da institucionalização o tratamento só poderia ocorrer através da internação e exclusão da sociedade em manicômios; da periculosidade todos os “loucos” eram agressivos e perigosos, e da incurabilidade a doença mental não tinha cura. Dito isso, a motivação desta pesquisa fundamenta se nas mudanças do exercício da psiquiatria assegurada pela Lei nº 10. 216/2001 de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, alocando as no Centro de Atenção Psicossocial (CAPs).

Quanto à imprensa brasileira, Plancher publicava a primeira revista para o público feminino em 1827 1828 O Espelho Diamantino mesmo ano que foi editada a Lei de Instrução Pública que estendia às mulheres o direito à alfabetização. Nesse contexto, Nísia Floresta (1810 1885) conhecida como a primeira na educação feminista no Brasil, com protagonismo em letras e nos movimentos sociais, atribuiu à instrução pública a responsabilidade da modernização e da civilização, promovendo debates sobre a educação primária feminina, com o intuito de humanizar e uniformizar a sociedade. Posteriormente ela também atuou na imprensa, com ênfase no caráter educativo que os periódicos do século XIX desempenharam na sociedade brasileira. Portanto, podemos perceber que a abertura de escolas primárias para as mulheres, significa para além do letramento, traz a elas um espaço de expressão e resistência, primeiro dentro dos jornais, posteriormente em periódicos.

[...] Quando as primeiras mulheres tiveram acesso ao letramento, imediatamente se apoderaram da leitura, que por sua vez as levou à escrita e à crítica. E independente de serem poetisas, ficcionais, jornalistas ou professoras, a leitura lhes deu consciência do estatuto de exceção que ocupavam no universo de mulheres alfabetas, da condição subalterna a que o sexo estava submetido, e propiciou o surgimento de escritos reflexivos e engajados, tal a denúncia e o tom reivindicatório que muitos deles ainda hoje contêm. Mais do que os livros, foram os jornais e revistas os primeiros e principais veículos da produção letrada feminina, que desde o início se configuram em espaços de aglutinação, divulgação e resistência. (DUARTE, 2016, p.6).

APRESENTAÇÃO

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O direito à alfabetização abre, então, uma porta pela luta aos direitos igualitários entre os gêneros, dentre eles o direito ao voto, lícito em 1927. O passo seguinte seria direito à alfabetização, no fim do século XIX, as mulheres pouco apouco começam a ocupar os bancos de universidades. Paralelo o acesso à pílula anticoncepcional, propiciando o ingresso da mulher ao mercado de trabalho. Todas essas transformações sociais ocorreram também por parte da disseminação da informação, ou seja, pelo desenvolvimento dos meios de comunicação de massa que refletem o universo feminino e, ao mesmo tempo, influenciam as mulheres. O que antes se limitava a “romances açucarados”, culinária e questões relacionadas à educação dos filhos, com o decorrer do tempo, ganhou força transformando se nos diversos interesses femininos, como: beleza, moda, comportamento, sexo, independência e autocuidado.

Essas revistas que estabeleceram por tantos anos relação de companheirismo e que viraram muitas vezes objeto de coleção entre as leitoras, cresceram com a consolidação na imprensa feminina. Criada em 1961 com o slogan “a revista amiga”, Claudia se afinava com os ideias de modernização e com a expansão do capitalismo. Segundo Sodré (1999), a imprensa nasceu e acompanhou o desenvolvimento da sociedade capitalista, por isso deve se segmentar para gerar produto de venda também. Apontada como a primeira grande revista feminina do país, e uma das mais antigas a circular ininterruptamente, buscava atingir mulheres da classe média, público alvo preferencial para consumo da crescente produção de bens. Apesar de ter sido criada nos moldes das mulheres dos anos 50, quando os aspectos mais importantes da vida feminina ainda eram a família, marido e filhos, a publicação mensal da Editora Abril se colocava como uma revista moderna um tanto à frente de seu tempo. E de fato o era, Claudia abriu espaço para diversos assuntos polêmicos, comportava opiniões diferentes e mantinha um diálogo mais intimista com as leitoras.

Em 1963, mais do que um recorte do real: Carmen da Silva chamava atenção na Claudia para a insatisfação da dona de casa, chamando a de

Umadasprotagonistasdessa modernidade foi Carmen daSilva, marcando uma novaera no jornalismo feminino dentrodarevista Claudia em1963, naedição nº 24,quando acapadeixa de ser desenho para ser uma foto de duas manequins (depois, quase sempre, a foto é de uma só mulher (BUITONI, 2009). Ela passa a assinar a coluna “A arte de Ser Mulher”, que quebrou tabus e se aproximou de forma inédita das mulheres, trazendo temas até então intocáveis, como solidão no casamento, machismo, mercado de trabalho feminino, alienação das mulheres, orgasmo e sexo. Em uma década em que propusemos estudar, foi de rápida captação, compreender que as questões sociais femininas corriam risco não apenas pela questão política da Ditadura Militar, como também moralista do patriarcado enraizado na sociedade.

salientar que Carmen dentro do veículo, instaurou um estilo sério e bastante pessoal diante dos textos sobre a condição feminina. “Foi, portanto, uma pioneira, nessa fase já de comunicação de massa, ao desenvolver um trabalho periódico e constante, bem diverso de outros artigos “psicológicos” ou de fundo psicológico, a maioria impessoal, meras traduções [...]” (BUITONI, 2009, p. 112). Segundo a autora esses textos eram adaptados de materiais estrangeiros, de pouco semelhança com o público dirigido mulher brasileira tornando agenérica e enquadrando a na categoria universal, semclasse, nacionalidade ou solta no tempo e Comespaço.essa conquista na imprensa feminina, em um espaço de grande público com as colunas assinadas por Carmen, produzimos uma reflexão da forma que o jornalismo pode vir a corroborar determinados preconceitos, quanto ao discurso utilizado entre as narrativas de saúde mental em referencial ao gênero feminino, empregada na revista Claudia. Identificar qual o foco editorial da primeira década de Claudia, tais como gênero, relação de poder e construção do discurso em um contexto sociocultural. Realizamos um levantamento quanto aos artigos e que dissertaram sobre saúde mental, com isso reunimos o número para análise discursiva a fim de responder à seguinte questão: qual foi a contribuição da revista Claudia para os avanços psiquiátricos no Brasil, em especial no campo da saúde mental feminina?

O golpe de 1964 e o governo militar repuseram em pauta a discussão sobre uma identidade nacional. Segundo Maria Mira (1997), o que se reproduziu nos discursos e práticas jornalísticas com o abrasileiramente de fórmulas estrangeiras. Apesar da censura existir desde o seu início, é fortalecida a partir do AI 5 emitido em 1969, mais intensificada na década seguinte. É importante frisar também que Claudia, por ser uma revista tradicionalmente internacional, em seu plano político e social tratava com mais frequência dos temas que vinham de fora do país, do que propriamente as brasilidades e barbaridades que ocorriam naquele contextoCumprepolítico.nos

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“pequena rainha triste”. Alguns textos discutiam o direito da mulher ao prazer, e a palavra orgasmos começava a ser impressa numa ou noutra revista. Parece tão longínquo esse tempo em que não se permitia usar determinadas palavras relacionadas ao sexo... A censura não era só política: era também moralista. (BUITONI, 2009, P.13).

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dos assinantes de Claudia

Fonte: elaborado pela editora Abril (2021)

A mídia é parte importante nas relações de poder e nas cristalizações dos discursos. Os meios de comunicação de massa produzem e reproduzem dizeres que são transmitidos a um grupo, queapesar de segmentado, é enorme e múltiplo. Tomamos como notaos conceitos sobre revista de Marília Scalzo (2011), que ela chama de modelo de negócio. Para a autora tudo depende da construção de um relacionamento com seu leitor para a partir disso criar uma definição do que realmente é o veículo, compondo a personalidade, isto é, estabelecendo identificação e sensação de pertencimento a um determinado grupo para experienciar o foco editorial e produzir a sua mensagem.

Figuraabaixo:1Perfis

3 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3E5GGJr. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

Esse modelo de negócio influencia diretamente em transformação os discursos e práticas, alémde reproduzir dizeres estabilizados na sociedade. Para Buitoni(2009) “as revistas já existentes também são pesquisadas e redimensionadas de acordo com as expectativas do público. [...] o problema cultural é meramente secundário; as necessidades reais vêm atrás das necessidades artificialmente criadas pelos meios de comunicação.” Deste modo, compreendemos então, que a teoria culturológica e a newsmaking são alvo de pelo menos uma parte de nosso problema, já que a mulher periférica não tem espaço na capa de Claudia e as narrativas atendem apenas a mulher de classe A e B desde aquela época e se estende dessa forma até os dias de hoje, contrapondo a ideia dos ‘femininos plurais’, apresentado no próprio Mídia Kit3 da revista, veja

REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

Então partimos do pressuposto de que a indústria cultural influencia nossos comportamentos e estilo de vida. Para Edgar Morin (1962), somos padronizados em uma única específica mulher nas publicidades, filtradas no caráter de noticiabilidade, gerando capital para esses veículos, segundo Gaye Tuchman (1980). Passamos por um processo de produção da notícia planejada como uma rotina industrial, com procedimentos próprios e limites organizacionais como qualquer outra empresa. Portanto, para Felipe Pena (2020) “embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo.” É dessas práticas que se ocupa a teoria do newsmaking, trabalhamos longos meses para romper com a teoria através da nossa análise cautelosa do compilado documental de Claudia, uma revista segmentada segundo Scalzo (2011), que ocupa a maior fatia do que se entende sobre o mercado do jornalismo de revistas femininas.

“Consultório sentimental” matériacríticaescrita porCarmendaSilva, responsável por “A arte de ser mulher” da revista Claudia (Carmen diz que a maioria dos consultórios sentimentais são deotimismo cego e um rançoso convencionalismo: e que ela, na Claudia, vinha tentando substituir o consultório sentimental pelo consultório de orientação psicológica).” (BUITONI, 2009, P.105).

Esse consumo de dizeres está ligado diretamente nas posições de relações de poder, o gênero, que se insere em um determinado discurso desde o seu nascimento. Dessa forma contamos com o apoio de Butler (2003) sobre as relações de gênero e identidade, e partimos para a ideia final de propor se a discutir as condições de saúde mental e diagnósticos destinado às mulheres. Para discutir como as condições de saúde mental têm afetado a maior proporção das mulheres, em uma época como aquela, é preciso antes, entender poder e discurso na sociedade moderna ocidental. Para nortear essas discussões além de ponderar os aspectos históricos, políticos, e sociais que colocam a mulher em uma condição de maior suscetibilidade, nos chamou atenção também que talvez “os diagnósticos estejam sendo perpassados por um processo de gendramento, ou seja, patologias que incluem como critérios

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Paraisso, entendemoscom Scalzo (2011) quearevistaéumproduto queofereceserviço a suas leitoras. Fortes pautas como beleza e moda foram sustentadas em revistas tradicionais por longos anos, e é possível perceber que temas como saúde se misturavam a essa editoria, assim como narrativas de comportamento com dizeres sentimentais. Carmen da Silva chega na Claudia para tirar esse tom de consultório sentimental para o de orientação aberta sobre saúde mental.

Dessa forma, entendemos que trazer diversos campos de visões para a construção da análise empírica, reforçará as definições e conceitos do que temos em mãos, além do senso crítico nas teorias da comunicação em diálogo constante com a produção jornalística que padroniza seu público perfile lucra por cima disso, na maneira emque os indivíduos consomem e se identificam com esses padrões, denominando se esse espaço a identidade e gênero. É

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Utilizamos a análise de discurso para compreender a relação entre doença empregada no gênero feminino. Neste caso, existe uma ligação entre a análise de conteúdo e a análise de automática do discurso (AAD), por Michel Pêcheux, que estabelece uma ligação entre as condições de produção do discurso e sua estruturaorganizada. Sua hipótese geralconsidera que um discurso é determinado pelas suas condições de produção e por um sistema linguístico. Através de uma análise da superfície semântica e sintática deste discurso, esboçamos a ideia de que o mesmo discurso pode ser constituído por uma construção ideológica, como argumenta Figaro (2012, p. 23):

Como método de análise do objeto de estudo, acreditou se que a análise de conteúdo ocupa o peso de melhor metodologia. Baseando se nessa escolha, para uma pesquisa qualitativa, organizamos três autores de análise de discurso, conforme nossa delimitação para entender os pontos entre (a) saúde mental atribuída ao (b) gênero feminino. Para Michel Foucault (1979, p. 12) a verdade não existe fora do poder ou sem ele, e é regulamentada, pois “cada sociedade tem seu regime de verdade, sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros”. Entendemos dessa forma que o discurso de Claudia, funciona também por causa de sua segmentação, o discurso é coeso e dialoga diretamente com quem está recebendo do outro lado essas narrativas. Já para Roseli Figaro (2012, p. 22): “[...] com a ideia de heterogeneidade, reconhece se que a linguagem não é transparente, mas marcada por uma opacidade em que se abrigam vários sentidos, podendo conotar esquemas, ideias, valores e crenças semanticamente opostos.”

diagnósticos sintomas mais tipicamente aceitos em mulheres, como choro e sensibilidade”, podem estar sendo diagnosticadas a partir de uma avaliação pautada em questões de gênero e não, necessariamente, sobre a real presença da patologia (ZANELLO, 2012).

Por formações ideológicas entende se o conjunto complexo de atitudes e representações que não são nem individuais nem universais, mas dizem respeito, direta ou indiretamente, às posições de classe social, política, econômica de onde se fala ou escreve e têm a ver com as relações de poder que se estabelecem entre os indivíduos e que são expressas quanto interagem entre si, cada formação ideológica pode compreender várias formações discursivas em interações.

Fonte: Claudia março 1964 p.92

O primeiro enunciado mapeado é de 1964, quando a palavra “ansiedade” ganha sentido de enfermidade. Percebemos nas reportagens quanto ao termo ansiedade, que a revista não faz uso da palavra “doença” tornando usual nesses casos a palavra “transtorno”. Percebemos também que o guia traz a exemplificar os significados e sintomas do transtorno como critério de autoajuda serviço que a própria Claudia procura oferecer adotando esse estilo de texto, nesses discursos é comumressaltar a importância de conversar comamigos ou familiares sobre os sentimentos. Mas nos chamou atenção que o artigo aponta que a mulher estaria se sentindo dessa forma pela opinião que cria de si própria, veja o trecho na figura abaixo:

Figura 2 Guia Médico para o Lar

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através dela que o sujeito se reconhece na memória e é reconhecido pelo mundo em que vive (BUTLER, 2003), e por fim, o discurso diagnóstico que constituem a memória do dizer sobre o que é ser uma mulher com depressão, estresse e ansiedade.

No enunciado da(Fig. 2), é possívelperceber que discursivamente não existe mensagem neutra,o jornalismo é inserido no artigo como “efeitodeevidência” incapacitando muitas vezes queasquestõesdegênero fossemlevantadasparaalémdo feminino. As mulheressão colocadas emuma espécie de vala comum a da ‘coisa de mulher’, discretamenteo artigo aponta ser mais

RESULTADOS

Muitos estudos brasileiros que pesquisam a relação entre comunicação e gênero, privilegiam as representações da mulher na publicidade e no cinema. Quando tratadas sob a ótica do jornalismo de revista, mais especificamente revistas femininas, os estudos majoritários abordam as temáticas sobre sexualidade e beleza. Esses temas são de extrema relevância, mas a relação entre saúde da mulher e imprensa é igualmente importante. Pensando nisso, trouxemos com essa pesquisa as complexas relações de poder entre gênero e saúde mental na revista Claudia.

Ao longo do artigo (Fig.3) analisamos que além das definições, a autora da coluna traz as leitoras como pode acarretar, os sintomas e diversas analogias exemplificando o tema que parecia não novo ao se sentir, mas ao se veicular. Identificamos, em outros textos, alguns depoimentos de personagens leitoras para ilustrar a matéria. Mesmo em seus dizeres, elas parecem não saber ao certo o que sentem, reforçando mais uma vez o caráter de Imprensa Feminina como ‘remédio’ instalado em Claudia. No texto da psicanalista e jornalista, percebemoso uso de“o solitário”substantivo queserveparaambosgêneros, apesar do primeiro parágrafo iniciar com dizeres sobre as cartas que ela tem recebido das leitoras se queixando

Figura 3 A arte de ser mulher Solidão, tristeza que tem fim

comum ansiedade em mulheres. Além disso, o Guia (Fig. 2) comete o erro problematizado por Butler (2003), quando afilósofacriticao uso dapalavra “mulher”emconsiderar mulherescomo uma categoria unificada de sujeitos. Para a autora, gênero deve se relacionar com raça, classe e outras especificações. Apesar de já termos identificado o grupo pertencente a classe média burguesa predominantemente branca pois esse é considerado o público do objeto da pesquisa, já que o conteúdo é sobre e para essas mulheres.

Diferente da primeira análise, no enunciado de 1965 da coluna ‘A arte de ser mulher’, identificamos que a depressão enquadrada na categoria doença, é discursivamente narrada em terceira pessoa, esse tom tem por objetivo trazer a sensação de pertencimento do “eu” para o “nós”, um grupo que sofre da mesma enfermidade mental, propiciando profundas reflexões sobre o que Carmen da Silva chama de ‘mecanismo psicológico’ quando sentem que vão perder o amor e a segurança. Apesar da revista dialogar diretamente com a mulher solitária, no decorrer do artigo é possível perceber os pronomes “indivíduo” e “pessoa” ao se referir ao assintomático predominam que a doença possa ser desenvolvida em qualquer um dos gêneros.

Fonte: Claudia janeiro 1965 p.107

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15 sobre se sentir só, o texto se estrutura sabiamente em tom imparcial do jornalismo. Para Zanello, o que Butler (2003) afirma como desconstrução entre sexo e gênero, ela entende como desordens mentais da qual o ser é base “Pensar a implicação das relações de gênero na saúde mental leva nos a refletir como os valores e papeis de gênero participam da constituição subjetiva do sujeito, não apenas no modo como ele se expressa, mas também como sofre” (ZANELLO, 2014, p.45).

Fonte: Claudia maio 1966 p. 200

4 Mãe ansiosa, filho infeliz

Nossa próxima análise é de 1966, o artigo ressaltou um grande ponto que levantamos desde o início da pesquisa: saúde mental e maternidade. Neste artigo, apesar de escrito por Tânia Quintiliano, é possível perceber as raízes patriarcais instaladas no discurso, como a criação dos filhos ser de responsabilidade exclusiva da mãe. Veja abaixo como o título da chamada já é um tanto

provocativo:Figura

A ideia de “mãe problema” se justifica no texto como a figura mãe que desenvolveu ansiedade e, com ela pode gerar conflito para o desenvolvimento de seu filho. Esse raciocínio cruza diretamente com o que Foucault chamou de biopoder, um processo de normalização social e medicalização da vida privada. Nesse processo, o gênero foi um marcador bastante relevante, e os principais personagens foram mulheres e crianças (FOUCAULT, 2014). O núcleo da família burguesa é a primeira instância da medicalização dos indivíduos. A saúde da criança se torna uma das obrigações da família, principalmente da mulher, a mãe educadora. Nesse contexto, o artigo (Fig. 4) discorre sobre as preocupações exacerbadas da mulher mãe que insinua a todo momento uma subjeção para o filho, a palavra “ele” (filho) é repetida mais de vinte vezes no artigo, dando um ar pretensioso à mensagem do artigo. Também reparamos que diferente do enunciado “depressão” que conota na revista o sentido de doença, a

“ansiedade” vem assumindo nessa década um sentido de temperamento. Ou seja, não possui um caráter de doença e sim descreve como a mulher está se comportando. Já nos anos 1967, identificamos que a ansiedade apareceu como sintoma de outras doenças, entre as enfermidades estão a neurose e TPM. A palavra “ansiedade” foi relacionada com o medo, em um parêntese colocado pela própria revista (Fig. 5), essa emoção é por algumas teorias considerado o ponto de partida para desencadear a neurose. Também é de se notar em um dos dizeres que a gravidez “é um ponto crucial” que pode desencadear a síndrome. A falta de preparo, náuseas violentas e medo de parto podem ser motivos para que o marido leve a mulher ao psiquiatra. Aneurose vira umsimbolismo daquilo que conhecemos e lemos da época clássica, quando os sentidos da loucura feminina engoliram as mulheres com os diagnósticos de histeria, a neurose vem desse recorte já que foi exacerbada dos traços e atribuída discursivamente às mulheres em um geral no artigo. O mais interessante da análise foi perceber que o respaldo é de um psiquiatra homem e no intertítulo o autor afirma que a neurose está na moda.

Para finalizar nossas análises no artigo de 1968, uma única ocorrência sobre o sentido de “estresse” chega aos discursos de Claudia, relacionando situações de estresse com pseudo frigidez, pauta de um texto que descreve sobre frigidez, uma disfunção sexual que pode atingir tanto homens quanto mulheres a atingir a satisfação sexual, neste caso, o artigo retrata sobre a frigidez feminina, por dialogar com esse público. O artigo é bem direto e

Figura 5 Você precisa de um psiquiatra?

Contraditoriamente no mesmo artigo, o psiquiatra aborda sobre o combate à depressão através de medicamento adequado, medicamentoso ou psicoterápico. Fica só o conselho do médico sobre a visita da mulher ao psiquiatra, deixando no ar qual seria o tratamento para as mulheres que sofrem de neurose.

Foto: Claudia junho 1967 p.142

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Durante a análise, reparamos que os discursos, em sua maioria, empregados no gênero femenino, trazem os senidos de depressão, ansiedade e estresse como uma justificativa do comportamento de mulheres, revelando formações discursivas dominantes na memoria discursiva da saúde mental; portanto, sugerem medicalização dos comportamentos mencionados. Além de ser perceptível a influência da loucura femenina na época clásica, a pressão por umcasamento perfeito, pela beleza perfeita e uma vida social perfeita não só forçou como estimulou por longos anos a trajetória femenina. Através delas, colhemos as consequências, essa mulher deve se conhecer muito bem, ter boa autoestima, se manter calma e ficar longe do Identificamosestresse.que as formações discursivas sobre o gênero femenino são carregadas de valores morais na revista. O sentido de culpa que Foucault identificou atribuído às desordens mentais aparece atravesando os discursos que responsabilizam a mulher pelo sofrimento psíquico. E comprovamos a hipótese da pesquisa, os sujeitos presentes são padronizados e não atendem a todos os problemas de saúde, já que cada interlocutora é um caso único e diferente da homogenidade que os discursos se criam na revista.

17 desmistifica os tabus acerca da sexualidade, como alguns pontos motivadores do transtorno, estão os momentos de estresse, dentro ou fora de casa. O artigo não apresenta a frigidez como umtranstorno, apesar deser, enemabordasobreo estresse, apenasécitado como um dos causadores da frigidez feminina, que é dividida em duas categorias: orgânicas e psíquicas; ou seja, se não físicas, podem apresentar traços de medo de engravidar, religião mal compreendida e até o complexo de Electra.Figura

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 A pseudo frigidez

Foto: Claudia fevereiro 1968 p.50 51

As relações de poder são múltiplas e estão presentes em toda a sociedade, penetrando em diversos aspectos da vida dos indivíduos, às veces de forma quase imperceptível. Esse discurso é efeito de sentidos entre as interlocutoras que prestigiam e trocam cartas com o veículo. Entre tantas editorias e pautas generalizadas, está a saúde dessa mulher.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2003.

Entendemos que o primeiro artigo analisado não se expressa como os demais artigos opinativos que percorremos, mas com um único enunciado da (Fig.2) foi possível reparar a forma que ele normaliza o comportamento feminino para que continuem atendendo a chamada ‘coisa de mulher’. Em destaque de textos, Carmen da Silva, ajudou a transformar o lugar ocupado pela mulher na sociedade, pois a psicanalista colocou se à disposição para incentivar as mulheres a serem protagonistas da própria vida e com tom de amiga aconselhou esse público sobre a sua saúde que é tão importante quanto seus demais direitos.

Seria interessante um desdobramento sobre as diferentes vertentes dos autores analisados, no sentido de comportamento feminino relacionado à ansiedade, depressão e estresse. Identificamos abordagens diferentes entre as autoras, carregadas muitas vezes de moralismo da revista, uma análise minuciosa por essa vertente trata mais indicativos sobrea questão do sofrimento psíquico da mulher de Claudia.

DUARTE, Constância. Imprensa feminina e feminista no Brasil: Século XIX 1. Belo Horizonte. Ed. Autêntica, 2016.

REFERÊNCIAS

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FOUCAULT, Michel. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro. Ed. Edições Graal, 2014.

BOUITONI, Dulcília. Mulher de papel: a representação da mulher na imprensa feminina brasileira. São Paulo. Ed. Summus Editora, 2009.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro. Ed. Edições Graal, 1979.

MIRA, Maria. O leitor e a banca de revistas: o caso da Editora Abril. 1997. 359 f. Tese (Doutorado em Sociologia) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

Por fim, a contribuição de Claudia para os avanços psiquiátricos no Brasil foi por sua vez pautar os temas de saúde mental feminina, criando espaço de troca e significados para com as interlocutoras, uma vez que muitos veículos não abdicavam das pautas de beleza e moda, Claudia falou de saúde mental com sua leitora, mas também se colocou como remédio muitas vezes a essas mesmas leitoras.

MORIN, Edgar. Cultura de Massas do século XX O Espírito do tempo. 9. Ed. Forense Universitária, 2009.

ZANELLO, V. ASaúdeMentalsobo viésdo gênero: umareleitura gendrada daepidemiologia, da semiologia e da interpretação diagnósticas. In: ZANELLO, V.; ANDRADE, A.P.M. Saúde Mental e Gênero: diálogos, práticas e interdisciplinaridade. Curitiba: Appris, 2014.

TUCHMAN, Gaye. Making News: a study in the construction of reality. Macmillan. Ed. The Free Press, 1980.

A) Produto Experimental

Marília. Jornalismo de revista. São Paulo. Ed. Contexto, 2014.

3. Sinopse

1. Título do produto Eu, favelada.

A linguagem deverá ser acessível para o público de mulheres plurais que estão nas periferias na capital de São Paulo. Esse vocabulário fluirá entre a juventude e a terceira idade para que acolha mulheres de diferentes gerações.

4. Descrição do projeto Linguagem

2. Área e formato Área: Formato:impressa.revista híbrida digital e impressa sobre a saúde da mulher periférica.

Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo. Ed. Contexto, 2020.

Salve minas, mães, avós e mulheres das periferias de São Paulo. Essa revista é para você que sente falta de se ler. Aqui é seu espaço, com linguagem fácil, do dia a dia para entender e conhecer mais sobre sua saúde.

PÊCHEUX, Michel. Discurso. Estrutura ou Acontecimento. São Paulo. Ed. Editora Pontes, PENA,1997.

APÊNDICE

ROSELI, Figaro. Comunicação e análise de discurso. São Paulo. 1. Ed. Editora Contexto, SCALZO,2012.

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Número de páginas/caracteres:

“Eu, favelada” é uma revista digital, que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e contará com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar a menina, mãe e mulher periféricas. Acreditamos na simplicidade e atuamos em favor do bemcomum, da pluralidade e da interculturalidade, para construir relações de respeito. Temos o objetivo de atingir regiões da periferia da capital de São Paulo e região metropolitana para construir um relacionamento sólido com nosso público alvo. Considerando que nosso projeto é amplo e abraço diversas pautas e idades, construímos manuais de redação4, tanto para o modelo online da revista quanto para a edição especial impressa5, nele todas as regras de padronização de texto, palavras e termos vetados que discriminam grupos, além de missão e valores da marca.

4 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3FUALHE. Acesso em: 27 de novembro de 2021

Tipologia/Identidade Visual:

A tipografia Good Brush será utilizada para títulos, Coolvetica simples para subtítulos e Coolvetica Condensed para o corpo do texto da revista impressa e site. Todas foram escolhidas pensando na legibilidade acessível para mulheres de todas as idades. Para a Identidade visual dos projetos gráficos de revista impressa e digital foram selecionadas as cores complementares roxo e amarelo, como as principais do projeto. A escolha desta paleta foi definida por transmitiremas sensações decriatividade e otimismo, respectivamente. Entretanto, a identidade visual não se limitará exclusivamente a essas duas, contemplaremos cada reportagem com liberdade artística. Esse material foi acordado e planejado através do nosso manual de identidade visual6 do projeto Eu, favelada.

5 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3rc9LiU. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

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Considerando o Regulamento do Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, pela Universidade Cruzeiro do Sul, foi estabelecido queo produto revista eletrônica deve possuir de 20 a 30 mil caracteres com espaço. Já a revista impressa contará com 24 páginas, contento 80 mil caracteres, com espaço, abrangendo três reportagens extensas.

Linha editorial

Função individual

6 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3o0uK64. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

7 Conteúdo disponível em: https://www.instagram.com/eufavelada. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

Print do site “Eu, favelada” Home page

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Para o projeto experimental, a equipe se dividiu em alguns “setores” para o gerenciamento da revista. Estou responsável como Social Media, visto que a revista conta com uma página no Instagram7 e no Facebook (@eufavelada)8 como plano estratégico de divulgação da marca para manter um contato próximo com as leitoras da revista. A estratégia contará com a identidade visual, pequenos trechos das reportagens em modelo de post e stories, algumas curiosidades relacionada a saúde da mulher e interação com os internautas, fornecendo conteúdos complementares das reportagens e divulgação até o lançamento da revista no modelo online/impresso. Lembrando que somos todas repórteres em primeiro momento, a reportagem extensa sobre ‘psiquiatria e a luta antimanicomial no Brasil’ é da pesquisadora desse projeto.

8 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3D6DFqV. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

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Prints da reportagem extensa edição especial impressa9 “Eu, favelada” Psiquiatria e a Luta Antimanicomial Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3p8sF7L. em: 27 de novembro de 2021.

Acesso

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EQUIPAMENTOS: Computador, softwares de edição de foto e diagramação, tripé, luzes artificiais.

Campus: Liberdade/ Noturno 7ºF

ReportagemEDIÇÃO extensa para a edição especial de Saúde Mental da “Eu, favelada”

HISTÓRICO: Desde 2016 o Ministério da Saúde não tem publicado o boletim “Saúde Mental em Dados”, um relatório que consistia em converter os dados em políticas públicas e monitoramento do setor. O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro desta luta está o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com transtornos psíquicos em nome de pretensos tratamentos: política higienista de segregar um grupo de outro. Opinião baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental. A luta antimanicomio não se sustenta apenas pelos discursos de egressos, deve ser apoiada e assegurada conforme a Lei10.216/2001, a qualdeu alicerce ao sistema antimanicomial, direcionando a política nacional de saúde mental às normativas do direito sanitário. Entender o apagão e enriquecer a luta com relatos de ex pacientes mulheres, é o que esperamos cumprir. Queremos também abordar um olhar sobre a década de 70s no Brasil, onde a Reforma Psiquiátrica tomou um olhar mais humanizado sobre os pacientes com esquizofrenia e outros distúrbios psiquiátricos, com o intuito de enriquecer a luta. A agressão física, restrição, exclusão e cirurgias como a lobotomia, não deveriam ter sido uma opção para essas pessoas. Para isso utilizaremos da filosofia de Nise da Silveira, a grande médica psiquiatra que contribuiu na revolução do quadro psiquiátrico no Brasil.

TEMA/ASSUNTO: Psiquiatria e a Luta Antimanicomial no Brasil (Saúde da Mulher Periférica)

FONTES: Mirsa Elisabeth Dellosi, sanitarista de saúde mental pela Secretaria do Estado de SP; Alina Zoqui, psicóloga e parte do Núcleo Técnico de Humanização de Saúde na Secretaria do Estado de São Paulo; Olivia Stefano, Thaís Cermelli, Helisleide Bonfim, Dayane Okipney (personagens); Sr. José e Sra. Anita (atuaram juntos mais de 20 anos no Complexo do Juquery); Silvia Alexim, psicóloga médica em Saúde mental.

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO:

SaúdeEDITORIA:

NOME: Larissa Lourenço da VEÍCULO:Mata Eu, favelada

PAUTAPauta

OBSERVAÇÃO: As fontes estão sujeitas a alteração, conforme disponibilidade e acréscimo de fontes, como sociólogos, comunicólogos, filósofos e outros áreas.

“Eu, favelada” é uma revista digital, que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e contará com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar a menina, mãe e mulher periféricas, com reportagens históricas e atuais como parto humanizado pelo SUS.

REPÓRTER:PAUTEIRA/ Larissa da Mata

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Então, minha história com saúde mental eu acho que me acompanha desde que eu sou criança, né? É eu sempre fui uma criança muito sensível. Enfim, eu tinha uma sensibilidade muito aflorada, né? E aí eu comecei a enfrentar problemas mesmo, acho que foi com dezesseis anos que eu fui diagnosticada com síndrome do pânico. Sempre tive muita ansiedade e aí com dezesseis anos eu já comecei a tomar medicamento, né? E fazer acompanhamento psiquiátrico, psicológico e aí. Eu sinto que com os remédios eu só dei uma disfarçada na minha ansiedade, mas ela continuou presente então até hoje eu tenho que resolver né? Tipo muita ansiedade social, que eu não trabalhei na minha vida e eu preciso aprender agora, né? Que eu estou tirando Rivotril e aí mais tarde na minha vidaeudesenvolviumestressepós traumático deabusossexuais, que juntoucom um acidente também que eu sofri e aí foi com isso que eu fui diagnosticada como borderline, e aí só recentemente que a gente começou a olhar e falou nossa não mas tem mais cara de estresse pós traumático isso né? Então é eu tenho vários traumas, muitas coisas que eu preciso trabalhar, eu acho que eu tenho trabalho para o resto da vida assim em saúde mental, mas e aí enfrentei problemas com droga né? Foi internada algumas vezes, trêsvezes, né?Fiqueiumano internadaeconseguisair vivaeaídesdeentão estou me reerguendo assim, vai fazer dois anos que eu saí da minha última internação.

2 Você foi diagnosticada com depressão também?

Depressão também, é porque a depressão faz parte, né, do quadro do borderline.

1 Como começa sua história Olívia?

Olha, de depressão, depressão grave mesmo, acho que lá por 2016, talvez 2017, acho que foi em 2017, 2017 que acho que ficou bem crítico.

3- Em que ano teve o diagnóstico?

Transcrições/ Decupagens:

Olivia Stefano 27 anos, reside na comunidade alternativa Monteiro Lobato

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Bom eu comecei no Juquey em maio de 1970, anos 70, dia 22 de maio, diretamente no manicômio. Não sei se você quer mais explicações. Então, porque assim, quando eu entrei em 1970, mês de maio, naquele dia eu fui admitido no estado, né, no hospital, mas eu não entrei no hospital central, porque eu tenho sempre a preocupação de dizer que o Juquery comportava o manicômio. Então para eu ir para uma colônia ou para porque é bem assim as questões das clínicas eram oito clínicas, quatro femininos e quatro masculinas, esse comportamento o HospitalCentral. Agoraquando vocêfosseumacolôniaoriginariamente eramduas, uma masculina e uma feminina, eram atendidos aqueles casos que eram considerados casos perdidos. As clínicas centrais eu estou falando isso da origem do Juquery, depois essas coisas foram mudando, tomando seus tempos, das políticas e da evolução social. Foram suprimindo coisas e acrescentando outros serviços auxiliares, né?Uma feição umpouco mais é político social, não apenas segregação embora a pouco né? Então continuo nessa filosofia como um local de segregação, só que assim com o tempo foi evoluindo aí tomando novos rumos. Então eu fui admitido na central como todo mundo e fui para o manicômio que era na verdade uma das partes do Juquery que atendia aos casos de doenças mentais mas com um agravante na justiça.

1 Como começa sua história no Juquery?

5- Você já sofreu alguma violência psiquiátrica?

Ah, o tempo inteiro, o tempo inteiro. Na verdade, eu acho que tudo que rola lá dentro é violência, assim, não existe a promessa do tratamento, a promessa da cura isso não existe, não existe mesmo, a proposta não é essa, a proposta é silenciar mesmo, entra lá, tacar um monte de remédio e sofrer vários abusos e para a pessoa sair com mais traumas ainda.

Sr. José Conceição 70 anos, reside em Franco da Rocha

4 Durante esse processo de internação, você realizou ele pelo sistema público SUS?

Não, só clínicas particulares. Só particular.

Sra. Ana Anita 71 anos, reside em Franco da Rocha (atuou 32 anos Juquery)

1- Quais foram as atividades que você desenvolveu lá no Juquery?

27

Eu fui admitido no Hospital Central do Juquery e fui para o manicômio. Que era considerado um apêndice do Juqueryda Saúde mental. Como eu entrei no Juquery para a saúde mental eu fui eu e mais cinco companheiros destacados para dar serviço no manicômio.

2 O que seriam os casos perdidos?

3 Como você foi admitido para atuar no Juquery?

Eu fui atendente também há alguns anos que eu entrei em setenta e três né? Mil novecentos e setenta e três aí eu trabalhei como atendente dez anos depois eu fiz curso de auxiliar, passei para auxiliar, aí trabalhava no hospital clínico que é dentro do Juquery, tinha um hospital clínico que era para atender os pacientes e a população carente também entendeu? Aí ã eu trabalhei nesse hospital clínico ainda no total de quando entrei com atendente até dezessete anos eu trabalhei lá depois eu passei para a psiquiatria mas eu não trabalhei direto no hospital central eu fui trabalhar em um um se chama Lar Abrigado são de que cuida consegue se cuidar sozinho aí você trabalhava com os pacientes pra quê?

A gente poderia até pensar assim a partir de eles jogavam presos no manicômio, era considerado preso, mas ele tinha umas amarras nele, esses caras que ia para o manicômio. Por exemplo, ele ia lá porque ele infringiu a lei, algumponto na lei, e depois ele era um doente mental, ele era da saúde, você entendeu? O manicômio era ligado a justiçaeasaúde, SecretariadaJustiça, Secretariada Saúde.Quandoo psiquiatraliberava ele na questão psicológica, psiquiátrica, ele, né, ia para o Hospital Central por questões, aliás, desculpa. Quando era liberado por questões da justiça, ele cumpriu três, quatro, cinco anos conforme ele foi para lá né, conforme a sentença e ele não ficava mais no manicômio, então ele ia para o hospital central ou suas colônias, ou a ou uma clínica de Hospital Central.

É aquele que a loucura dele infelizmente não tem melhora. Ele medica, ele é controlado, mas ele não fica bem nunca, fala coisas sem nexo, uns se cuidam bem e outros não, tinham uns que não se cuidavam, andavam pelado e... porque eles não tinham noção de nada. Tendo uma cama para dormir, e comida para ele comer, para eles estava bom, coitados. Você cuidar de um paciente assim, você se apega a eles, não tem como não se apegar. Porque eles, o mínimo que você faz por eles, eles agradecem tanto.

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2 O que era considerado um paciente crônico? Era um esquizofrênico? Quais eram?

3- Em casos de surto ou mesmo até não surto era comum dormir amarrado na cama?

Alina Zoqui Integrante do Núcleo Técnica de Humanização de Saúde da Secretaria do Estado de São Paulo

Estamos vivendo um apagão de dados generalizado (veja o exemplo do Censo não realizado), mas por outro lado, como vivemos na era da informação, mesmo com dificuldades ainda é possível levantar e produzir informação segura. Só dá muito mais trabalho por contada falta de incentivo etransparência. Somado às desinformações que circulam e causam muita confusão (como as fake news).

1 Desde 2016 tem acontecido um apagão de dados pelo ministério público de saúde, o relatório "Saúde Mental em Dados" monitorava o desenvolvimento de políticas públicas e o controle social do setor. Como você avalia esse apagão por parte do governo em relação aos pacientes?

No surto eraobrigado restringir porque se não restringisse ele no leito ele agredia outros pacientes chegava até machucar, aí nesses casos amarravam na cama, era é fazer restrição mecânicaqueécomo eles falaméalgumas faixasespeciaisquenão machucam, não é uma faixa qualquer, é uma faixa de tecido que aí você passa no braço e dá um nó mas não machuca o paciente porque ela são umas faixa de tecido grosso, mais largas, entendeu? Então fazia essa restrição mecânica.

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Por outro lado, é possível incentivar um acréscimo, por exemplo, no valor pago em leitos de hospitais psiquiátricos, estabelecimentos que tendem a funcionar de forma mais fechada, isolada e asilar. Sendo que se poderia incentivar mais em leitos de hospitais gerais e na ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial, o principal serviço que foi concebido como substituto dos hospitais psiquiátricos. Entre outros

Mas o desinstute (ONG de direitos humanos), levantou os dados e publicou relatório tal como se fosse uma retomada do Saúde Mental em dados.

Assim, a primeira medida tomada foram as situações de resgate da cidadania. Porque em muitos casos se perderam os registros histórico. A pessoa tinha somente um nome

Sempre lembro nos espaços de discussão em que círculo que não precisa de revogação para ele acontecer. Só dá mais trabalho e leva mais tempo, mas a desestruturação, o desinvestimento de uma política pode acontecer de diversas formas porque nosso aparato normativo e legal dá esse tipo de brecha. Com isso um governo pode deixa de incentivar determinados tipos de serviços e incentivar outros. No caso da Saúde Mental tem acontecido, por exemplo, no fechamento intermitente do sistema de cadastro de pedidos de implantação de serviços e pelas dificuldades de apoio para sanar eventuais pendências para viabilizar a implantação e o custeio deles.

se reduzindo uma política mais conservadora, verticalizada e centralizada na figura do médico, nos hospitais especializados e nas internações.

2 Quais são os procedimentos para os egressos adquirirem o auxílio reabilitação?

E a política, desde a reforma psiquiátrica e a mudança para o modelo da atenção psicossocial estava investindo em modalidades distintas de ações e serviços, de base territorial e comunitária, com trabalho em rede e equipe multidisciplinar, com ênfase num cuidado inclusivo, que aposta na autonomia e potência do sujeito.

Comexemplos.issovai

A internação, se precisar ocorrer, é somente quando todos os demais recursos se esgotaram e que acorra o mais breve e perto possível do território que a pessoa vive, preferencialmente em hospital geral. Embora a realidade não seja bem essa porque ainda predominam leitos em hospitais psiquiátricos.

Realizei entrevista com uma das personagens, super agregou e pretendo voltar com mais algumas questões com ela;

Boa parte recebe custeio federal quando habilitados. Tem uma parte de casos com pendências, sem muito empenho do nível federal para apoiar na regularização, que tem sido coberto integralmente pelo município que já anda bem sobrecarregado em seus compromissos fiscais, o que gera tensionamentos entre os entes federados. Além disso, o valor do custeio de repasse, quando habilitado, não reajusta há muito tempo. E, como asdespesassó aumentam, talvalor não cobre integralmenteasdespesas do SRT, o que exige do município se comprometer com parte dos custos. Embora inicialmente o Governo Federal tivesse se comprometido integralmente com esse custeio.

11/08

30 ou apelido. E aí foi feito todo um trabalho de regularização documental. Em alguns casos até foram feitos novos registros de certidão de nascimento. Nasceram novamente como cidadãos. A partir dessa regularização documental é possível se pleitear benefícios como o PVC e/ou o BPC/LOAS. Em alguns casos identificou se também o problema da curatela e o benefício era recebido e gerido geralmente por um familiar sem contato com a pessoa ou funcionário do hospital e isso também é um processo em

Realizei leitura das teses & dissertações.

E,revisão.naausência de uma possibilidade de retorno para a família, pela perda dos laços diante de tanto tempo de internação (a maioria passou no mínimo 1/3 de suas vidas internadas) se inicia o processo de desinstitucionalização para uma SRT. Que é uma casa, vinculada à saúde, em que se mora até 10 egressos. E conta com cuidadores e a retaguarda de um CAPS e da Atenção Básica.

Diário de Campo Semanal

3 Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm recebido a verba para funcionamento integral do estabelecimento?

Finalizei perguntas da fonte historiadora e entrei em contato para marcar entrevista;

25/08

Voltei para os livros que estavam pendentes, Ovelhas na Névoa (experimental) e Problema de gênero (paper);

Fiz releitura do projeto de pesquisa, para resgatar a essência do trabalho.

Iniciei a redação do Paper;

01/09

31 18/08

Finalizei a leitura de um artigo sobre o trabalho de Carmen da Silva para o paper.

Em busca das fontes: psiquiatra e personagem.

Essa foi a semana que eu finalmente entendi sobre o que é o paper, digo em questão da

Uma das fontes (outra historiadora), após perder um super tempo emdias explicando o projeto e convencendo, ela optou por enviar as questões por e mail, assim fiz, no dia seguinte ela me retornou pedindo um valor absurdo de 350 reais pelas respostas, passei raiva, mas respondi educadamente reforçando que esse é um projeto independente e que eu não pagaria pelas respostas.

08/09

Voltei para o fichamento para não perder as marcações;

Decidi entrar em contato com a Rauena, uma ex aluna que a prof Mirian sugeriu e que a Milena do meu grupo tinha o contato. E ela me atendeu super bem, solítica, me explicou sobre o que foi o trabalho dela, me orientou sobre algumas declarações e me passou o contato de uma suposta fonte.

Iniciei a redação da reportagem;

Separeientreo material bruto das edições da Claudia, ostrechos que já haviam sido mapeados para o projeto de pesquisa do semestre passado;

pelo whats com a fonte que a Raune me indicou e dela surgiu outra indicação: Daniel Navarro, é jornalista e escritor de dois livros sobre o Juquery.. e dele que finalmente surgiu a minha fonte que atuou lá, o Sr. José.

Decupei as primeiras entrevistas, mas então a Estela do Grupo Rede de Apoio falou sobre o bot do telegrama, apesar de precisar dar uma revisada, ele vai ser meu companheiro nas próximas transcrições, adianta muita coisa.

15/09

Pedi o número dele, e no primeiro contato ele topou participar. Foi entrevista por telefone, que durou 1h14 minha maior entrevista e primeira por telefone (desde então), colhi bastante infos e esclarecimentos que eu não tinha conhecimento sobre o Juquery.

De fato foi aqui que o calo apertou, a data do seminário esta aproximando, e sinto que mais li do que escrevi, externei esses resultados. Difícil quando um trabalho é autônomo só nosso, mas sei que vou dar conta.

22/09

Apresentei o seminário na sexta 17, minha internet estava horrível cai da sala duas vezes na hora da apresentação, apesar desses problemas de conexão, a prof pareceu tão satisfeita com o que trouxe, e me deixou um conceito para trazer a matéria, fiquei aliviada.

32 estrutura, porque nas férias, preparei um sumário provisório para o trabalho. Acho que li tanta dissertação de mestrado que eutava pensando que meu trabalho seria daquele tamanho também (riso de Entreinervosa)emcontato

Na segunda da semana eu lembrei que precisava alimentar o diário de campo e passei a madrugada na frente do PC até pelo menos 50% sair, para eu enviar a orientadora pra ter um feedback.

Durante a ligação perguntei se ele conhecia alguém que atuou lá, de preferência mulher. Adivinha? A mulher dele atuou lá. Entrei em contato com a Sra. Anita e ela abraçou a reportagem também. Ficamos 40 minutos em chamada, e desse tempo, umas três vezes ela repetiu que era mais fácil lidar com gente “louca” do que gente que se diz normal. E que amava o que fazia, super leve, risonha e sonhadora.

33

se reuniu muuuuuuitas vezes, e nessa semana nos reunimos três vezes na mesma semana, a correria tomou conta.

29/09

13/10

Estou finalizando o paper, nem acredito. Para mim é difícil começar, depois que enfrento o medo (análise) é onde tudo fluiu e fez cada vez mais sentido na minha cabeça;

Fechei todas as fontes e aqui foi quando comecei a marcar e realizar as entrevistas para a reportagem extensa; Deixei o paper um pouco de lado aqui, e foquei nas entrevistas e transcrições.

Também iniciei a reportagem, e preciso terminar o quanto antes, porque quero um feedback da prof, sobre o tom da reportagem;

20/10

Na quinta feira, um dia antes da aula, entrei no e mail pois a prof estava demorando demais para me responder. Eu sou muito coruja, quando digo que foram várias madrugadas escrevendo

E eu finalizei os aspectos teóricos metodológicos!!!!!!!!!!!! ai que alívio de ver boa parte do paper caminhando bem

- 06/10

Ok, acho que não vou conseguir dar conta de tudo, comecei a me assustar porque o próximo semanário estava chegando efaltavam muitos detalhes do projeto experimentalpara colocar em prática;Ogrupo

Me reuni com a Milena (social Media) para continuarmos a produção e postagem nas redes da revista.

Fiz reunião com uma amiga do projeto experimental, para vermos a identidade visual do IG da revista, fechamos paleta, elementos e agora é mãos a obra para divulgar.

17/11

10/11

27/10

Agora sim a reportagem está tomando a forma que quero, desde o começo trazer diversas fontes e deixarem relatar, foi o que almejei cumprir;

A primeira fileira do IG da revista está tão lindo, eu amei o processo de criação dos posts e mais ainda como o nosso público recebeu isso, um engajamento altíssimo e super apoiador;

Na sexta rimos sobre a situação junto da prof e do meu grupo e no domingo já recebi o meu trabalho de volta com muitos elogios, e um alívio imenso invadiu o meu peito. Descobri que eu sou capaz e que daria conta de todo o resto, pois o mais difícil já tinha passado.

Fizemos a home page do site e vimos a layout do site. Está tão lindo, estamos todas apaixonadas pelo o que estamos construindo juntas e ver esse retorno por parte de quemdepositoutanta confiança no projeto (orientadora) é mais gratificante ainda;

Ajudei a Milena com as colagens das fotos das meninas para o “Quem somos” do site.

03/11

Produção de conteúdo das redes a todo vapor, assinamos o canva para o e mandamos ver;

34 não é mentira, foram muitas mesmo. Numa dessas, eu finalizei toda a parte científica, escrevi no e mail para a prof sobre as partes que mais gostaria de uma atenção e sugestão só que não apertei para enviar. Faziam quatro dias que eu estava em uma agonia tamanha sem feedback e por minha culpa (sim, eu já estou assim da cabeça por causa do TCC);

Reunião para construção do manual de redação que foi solicitado para o nosso projeto, está tão profissional tudo e estou amando como estamos tocando com ele.

Esperei o PDF final da revista a tarde toda, e a ansiedade tomou conta, mas sei que vai dar tempo e esses últimos ajustes vão fazer valer a pena;

Me sinto leve e agradecida por ter me dedicado tanto em um ano por um projeto acadêmico que mais falou sobre a minha pessoa e sobre pertencimento. Estou feliz que passei por todos os processos, que senti todas as emoções, sofri, sorri e entreguei aqui o meu melhor. Me senti capaz. Agradeço a Prof. Mirian por acreditar e depositar força em mim e no meu grupo.

24/11

Terminei a reportagem e deixei com a prof, o tempo está apertado mas espero que ela consiga olhar e me dar um feedback, mesmo que por cima;

Estou quase finalizando a reportagem, mais uma madrugada eu termino.

35

Passei todo o trabalho científico para o paper final e deixei em revisão com uma amiga que trabalha com isso;

Reunião com as meninas para acertar a capa da revista. Fizemos duas versões, rosa e azul (espero que a azul ganhe, amei ela desde o começo!).

Última semana, nem acredito. Foi onde acertei os últimos detalhes e passei nervoso e ansiedade, não vejo a hora de entregar tudo e me sentir mais leve;

01/12

36 B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Levantamento de fontes X

Apuração X X X

Hospedagem site

2 12,50R$ 25,00R$

Espelho da revista impressa X

Pauta X X

Pauta X

Impressão da revista

10 50,00R$ 500,00R$

2 11,25R$ 22,50R$

Redação das reportagens X X

X

16 R$ 351,75 R$ 825,50

Criação de conteúdo para as redes sociais X X X

Entrega do produto final X

Montagem do site X X X

Diagramação da revista impressa X

C)

ETAPAS

Revisão X

Impressão da revista impressa X X

INVESTIMENTOItem

Revisão profissional

1 50,00R$ 50,00R$

Total

Impressão relatórios

Criação da identidade visual X X

JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

1 228,00R$ 228,00R$

Realização de entrevistas X X

Transporte

Quantidade Valor unitário Valor Total

E51: (Você precisa de um psiquiatra? Entrevista Junho 1967 p.63)

E11: (A arte se der mulher Solidão, trizteza que tem fim Janeiro 1965 p.106) 1965

E13: (A arte de ser mulher Solidão, trizteza que tem fim Janeiro 1965 p.107)

Enunciados sobre saúde mental na década de 60

E2: (Guia Médico para o lar Março 1964 p.92)

E62: (Relaxar Fevereiro 1968 p. 97) 1968E63: (Relaxar Fevereiro 1968 p. 98)

E66: (Guia Médico para o lar Março de 1969 p. 90) 1969

D) OUTROS PRODUTOS DA SUA PESQUISA

1967E56: (Você precisa de um psiquiatra? Entrevista Junho 1967 p. 142)

E2: (Guia médico para o lar Março 1964 p. 92)

E65: (A pseudo frigidez Fevereiro 1968 p.50 51)

E6: (Guia médico para o lar Março 1964 p. 92)

37

E57: (Você precisa de um psiquiatra? Entrevista Junho 1967 p. 142)

Mapeamento realizado para a entrega do projeto e início do compilado de análises das narrativas sobre saúde mental em Claudia:

A partir deste recorte, produzimos um gráfico que nos apontou em quais anos dentro da nossa delimitação (anos 60s), a revista Claudia se propôs a discutir mais a saúde mental feminina, como indica o gráfico abaixo:

E1: (Guia Médico para o lar Março 1964 p.92) 1964

E20: (A arte de ser mulher Solidão, trizteza que tem fim Janeiro 1965 p.107)

E37: (Mãe Ansiosa, filho infeliz - Maio 1966 - p. 155)

E48: (Mãe Ansiosa, filho infeliz Maio 1966 p. 155)

1966E45: (Mãe Ansiosa, filho infeliz Maio 1966 p. 155)

E25: (A arte se der mulher Solidão, trizteza que tem fim Janeiro 1965 p.106)

38

E) ANEXOS

Mídia Kit atualizado do objeto de estudo, produzido pela editora Abril, o quadro mostra qual é o público alvo dominante da revista, serviu para contextualizar sobre predominar o mesmo grupo durante séculos da revista:

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