RETRATOS DE FAMÍLIA
TRABALHO INTERDISCIPLINAR ALUNA LARYSSA LAYS GOMES BUENO RGM 630543738
SÃO PAULO
Entrevistado(a): Elizabeti Aparecida Gomes Bueno; 56 anos; mãe.
Quando questionada sobre quem é a pessoa mais velha da família que se recorda, Elizabeti responde com certa dificuldade o nome de sua bisavó, Ida, que cuidou de sua mãe durante boa parte da vida. Ida é mãe de José, descrito como um homem paquerador e bastante conhecido na vizinhança durante sua juventude vivida na Vila Mirante Pirituba, local de vivência da grande parte da família. Certo dia Sr José conheceu Dona Maria, com quem teve 2 filhos, sendo um deles Jeannette Alferes, mãe de Elizabeti.
Elizabeti conta que sua mãe não foi criada por Maria, pois a mesma não quis cuidar da própria filha, que foi entregue para ser criada por Ida e Carmen, respectivamente avó e tia da criança; ela cita também que Jeannette não gosta de falar sobre sua criação, mas não sente raiva de sua mãe. Jeannette era descrita como uma jovem bonita e graciosa, tendo até mesmo participado de concursos de beleza da época e conquistado alguns títulos, sendo que algum tempo depois a jovem decidiu se casar, aos 17 anos com Rosalvo Gomes com quem teve 9 filhos: Roberto, Roseli, Elizabeti, Rodolfo, Eduardo, Cristina, Andreia, Regina e Renato.
Betinha, como era chamada pelos seus irmãos, lembra com alegria e saudade de sua infância apesardas dificuldades descritas“Éramosumafamíliahumilde, sem muitascondições,quantas vezes queríamos doces e a única coisa que podíamos comer era pão com banana?” conta ela, rindo da situação. Além disso se recorda que seu pai, Rosalvo, era um homem rígido, mas que tentava dar uma vida boa aos filhos. Quando pedida para contar histórias vividas com os irmãos, ela relata que certa vez seu pai tinha presenteado os filhos com uma bicicleta, e todos ficaram entusiasmados com o presente apesar de nenhum sequer saber como andar nela. Prontamente decidiram sair para aprender, e em uma das ladeiras da vizinhança foram surpreendidos por uma senhora que atravessava a rua lentamente, e foi atropelada pelos mesmos. Eliza conta que a senhora tinha muitas varizes nas pernas que estouraram no acidente, fazendo com que a senhora ficasse ensanguentada ao ponto de ela e seus irmãos nunca mais se esquecerem do ocorrido. Rosalvo então, extremamente irritado com a situação, “deu um fim” na bicicleta que nunca mais foi vista pelos meninos.
Apesar de ter tido uma infância feliz, nem tudo eram flores, a época era por volta dos anos 70 80 e a maioria das famílias tinham um tratamento rígido com os filhos, em especial quando mulheres.EssefoiumdosfatorespelosquaisElizabetidecidiusecasaraos17 anos,indocontra todos seus familiares os quais reprovaram tanto a atitude da garota que nem mesmo compareceram ao casório, que apenas teve a presença de sua irmã mais nova Cristina como dama de honra e o padrinho Henrique Bellini que a acompanhou ao altar. Ao falar sobre essa parte de sua vida Elizabeti demonstra certo arrependimento: “Era muito nova, não tinha juízo algum, tudo o que queria era liberdade”. Após o casamento Elizabeti conta que passou os próximos dois anos bastante deprimida pois não falava com nenhum de seus familiares e sentia saudades.
Sete anos depois, a família já se reunia, e Elizabeti tinha boas notícias pois estava grávida de seu primeiro filho, um menino, Felipe Suttanni. Ela conta que o dia de nascimento de seu
primeiro filho foi um dos melhores dias de sua vida, mas as semanas seguintes foram extremamente angustiantes, Felipe nasceu depois do período correto e passou 7 dias na UTI, deixando todos os familiares extremamente preocupados. Porém felizmente o menino se recuperou e foi liberado para ir para a casa com a família.
O ano de 1993 foi de grande sofrimento para Dona Bete, que se separou de seu marido e teve que cuidar de seu filho sozinha, além de viver o que ela descreve como sendo a pior lembrança de sua vida, a morte de seu irmão Renato aos 17 anos. Por ser um acontecimento traumático em sua vida, a mesma evita falar sobre, e lembra com tristeza e amargura sobre o dia em que seu irmão sofreu um acidente de carro após sair com os amigos: “Ele era um menino bom, de bom coração. Sinto muita saudade dele”.
Dois anos depois, Elizabeti começava a se reerguer, morava sozinha com o filho na sua primeira casa própria e era vizinha de seus padrinhos Alice e Henrique Bellini. Certo dia ela se lembradetersidoconvidadaparaumafestade aniversárioem FrancodaRocha,ondeconheceu João Bueno por quem se apaixonou à primeira vista e decidiram morar juntos 3 meses depois. João e Felipe tinham uma relação excelente, João que até então não tinha filhos tratava Felipe como se fosse, e Felipe por sua vez o chamava de “pai”. Os três viviam como uma verdadeira família, eno anode2004 apósmuitas tentativaseperdasde2 filhosduranteagestação,Laryssa Lays Gomes Bueno veio ao mundo, como sendo a primeira filha do casal: “Foi uma gravidez de risco, eu tomava injeções todos os dias e pedia muito para Deus me concedê la, mas tudo isso valeu a pena quando a vi pela primeira vez”.
Laryssa foi a única filha do casal que se casou no cartório no ano de 2013, mas infelizmente se separou 7 anos depois, por problemas de vício do marido. Apesar da separação ela conta que se sente feliz com a boa relação entre Laryssa e o pai, já que por muito tempo viu seu filho Felipe sofrer com a falta do pai durante sua primeira separação. Atualmente Elizabeti conta que se sente feliz com a vida que vive, apesar de tanto sofrimento e traumas foi e ainda é uma mulher batalhadora e uma mãe exemplar que faria de tudo por seus filhos, pois conta que são os maiores presentes que Deus lhe deu.
AnexosElizabeti como dama de honra de um casamento de seu primo Jorge (1978)
Jeannette e Rosalvo a espera do 1º filho, Roberto. (1960) Vila Mirante Pirituba (anos 70) Tia Carmen e João Bueno (2018) Dona Jeannette e suas 5 filhas (2017) Dona Elizabeti e seus 2 filhos (2022)