OS REFUGIADOS E O TELEJORNALISMO BRASILEIRO

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São2021Paulo

THIFANY CRISTINE FERNANDES

OS REFUGIADOS E O TELEJORNALISMO BRASILEIRO:

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO

uma Análise do Profissão Repórter

OS REFUGIADOS E O TELEJORNALISMO BRASILEIRO:

uma Análise do Profissão Repórter

CURSO DE JORNALISMO

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação do Prof. Me. Antonio Lucio Rodrigues de Assiz.

São2021Paulo

THIFANY CRISTINE FERNANDES

Gratidão eterna a cada um que me ajudou diretamente e indiretamente. Sem o carinho e apoio dessas pessoas nada disso se concretizaria.

Primeiramente agradeço à Deus, por nunca me desamparar e me ajudar a enfrentar cada obstáculo encontrado ao longo do curso. A minha mãe por sempre me apoiar e acreditar em mim, sem ela eu não teria chegado até aqui. A minha vó que mesmo de longe, não deixou de me desejar forças e vibrar com as minhas conquistas. A minha família pela torcida e envio de boas energias.Atodos os meus amigos, em especial a Bárbara e Emilly, por toda parceria e risadas que aliviaram as horas mais difíceis dessa jornada. As minhas colegas de grupo, Luana, Brenda e Tatiane, que realizaram um projeto incrível, apesar das barreiras que surgiram no processo.

AGRADECIMENTOS

Aos professores por todo o apoio durante esses quatro anos. Levarei comigo todos os ensinamentos, que me fizeram evoluir como pessoa e como profissional.

RESULTADOS 11

Telejornalismo e a imagem do refugiado

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REFERENCIAL TEÓRICO

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Campo de Refugiados

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REFERENCIAL METODOLÓGICO

Fronteira do Brasil e crise econômica da Venezuela 12

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Classificação

SUMÁRIOINTRODUÇÃO 5 APRESENTAÇÃO 5

18 CONSIDERAÇÕES FINAIS 18 REFERÊNCIAS 18 APÊNDICE 20 A) Produto Experimental 20 B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 64 C) INVESTIMENTO 66 D) ANEXOS 67

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Estrutura da Análise

Haitiano em São Paulo

Imagens

2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: thifanyfernandes@hotmail.com

1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Televisiva.

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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PALABRAS LLAVE: Refugiados; periodismo televisivo; estereótipos; Profissão Repórter

RESUMEN

Este estudio tiene como objetivo verificar cómo se aborda a los refugiados en el periodismo televisivo brasileño. A través de un análisis de contenido del programa Profissão Repórter, presentado semanalmente por Rede Globo, la investigación tiene como objetivo comprender si existe una imagen estereotipada del fenómeno durante la cobertura de grandes reportajes. Para apoyaresto,seutilizarán conceptossobrerefugiadosyestereotipos,presentadosporlosteóricos Zygmunt Bauman y Stuart Hall.

Este estudo tem como objetivo verificar como os refugiados são abordados no telejornalismo brasileiro. Por meio de uma análise de conteúdo do programa Profissão Repórter, exibido semanalmente pela Rede Globo, a pesquisa visa compreender se existe uma imagem estereotipadadofenômenoduranteas coberturasnasgrandesreportagens.Paradarfundamento, será utilizado conceitos sobre refugiados e estereótipos, apresentados pelos teóricos Zygmunt Bauman e Stuart Hall.

PALAVRAS CHAVE: Refugiados; telejornalismo; estereótipos; Profissão Repórter

Thifany Cristine Fernandes2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP

Os Refugiados e o Telejornalismo Brasileiro: uma Análise do Profissão Repórter 1

Os refugiados fazem parte de uma crise humanitária, que está presente no mundo desde a antiguidade e segue crescendo a cada ano. Eles são caracterizados por indivíduos que foram obrigados a deixarem seus países, por conta de perseguições e violações dos direitos humanos. Contudo, a busca de um recomeço em novos territórios não é fácil. Por serem considerados totais ‘estranhos’, a chegada deles pode ser cercada de preconceito e reações negativas da população local.

APRESENTAÇÃO

A principal hipótese desse estudo, explora a possibilidade de que os meios retratam os refugiados de forma superficial em suas reportagens, além de utilizarem termos inadequados, que reforçam uma imagem negativa desses indivíduos. Para direcionar a confirmação ou não dessa ideia, se faz necessário entender como surgem os estereótipos e quais suas características. Para tal, será utilizado os conceitos de representação, idealizados por Stuart Hall. Também é preciso realizar uma reflexão sobre a crise dos refugiados, e para isso, os aspectos apresentados por Zygmunt Bauman, serão fundamentais.

INTRODUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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Os meios de comunicação retratam a temática em suas programações. Entretanto, a maneira na qual as imagens dos refugiados são representadas, pode ser um fator que contribui para a propagação de estereótipos, fazendo assim, com que os desafios que acompanham a vida dessas pessoas em seus novos lares sejam dobrados. Com isso, essa pesquisa busca verificar como os refugiados são abordados no telejornalismo brasileiro, em especial no Profissão Repórter.

Nos últimos anos uma das maiores crises humanitárias se formou, devido ao aumento desenfreado de números de refugiados em todo o mundo. Diversas pessoas deixam seus países por conta de guerra, perseguição, violação aos direitos humanos, e saem em busca de segurança

Após essa compreensão teórica, foi realizado uma análise de conteúdo das matérias veiculadas no programa Profissão Repórter, no período de 2015 a 2021, exceto 2020, ano no qual o programa esteve fora do ar. As informações obtidas nesta pesquisa foram utilizadas como base para a construção de uma grande reportagem, que retrata os projetos sociais de integração e assistência aos refugiados.

Sendo assim, a motivação de estudar um tema relacionado aos direitos humanos no telejornalismo, parte dessa visão sobre a relevância da temática prontamente vinculada com a relevância deste meio de comunicação, que pode e deve ser usado como uma ferramenta para dar visibilidade aos grupos invisíveis aos olhos da sociedade.

Este estudo mostrará como os refugiados são retratados no telejornalismo brasileiro, observando se existe a reprodução de uma imagem estereotipada durante a cobertura do assunto nas grandes reportagens veiculadas no Profissão Repórter.

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A televisão é um dos principais veículos com a capacidade de influenciar, levantar questionamentos e trazer reflexões ao público. Por isso, a necessidade de abordar e dar visibilidade a um tema como esse em suas programações, é de extrema relevância. No entanto, a representação que este meio transmite da imagem do outro, pode colaborar tanto para um lado positivo, quanto negativo.

3 Conteúdo disponibilizado em <https://www.acnur.org/portugues/dados sobre refugio/> Acesso em: 30 mar. 2021

eoportunidades derecomeçarsuas vidasem um novolugar.Segundodados doAlto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)3, o número de refugiados dobrou desde 2010, e atualmente já são 26 milhões de pessoas que se encontram na situação de refúgio. Contudo, ao chegar nos destinos que enxergavam como esperança, esses grupos acabam sendo vítimas de xenofobia e de uma visão distorcida da sociedade.

Trazer para a discussão de telejornalismo os conceitos de estereótipos, mostrando como eles podem naturalmente ser propagados nas reportagens, e assim, impactar negativamente a maneira em que o ‘outro’ é visto pelos telespectadores, além de entender como acontece os processos de representação, pode ser um importante passo para a construção de um jornalismo mais responsável e humanitário. Por outro lado, não se atentar para a força que a comunicação tem de ajudar a transmitir a verdadeira realidade das pessoas, pode auxiliar no crescimento de uma visão distorcida do outro, que os telespectadores criam ao rotular um grupo todo por pequenas características.

É a partir desse ponto que surge o problema desse estudo: os meios de comunicações retratam a crise migratória, mas nem sempre a maneira transmitida traz a representação social real de quem são essas massas que deixaram suas origens em busca de um novo recomeço.

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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Desembarcar em um lugar incomum e diferente de tudo que estava acostumado, é algo presente na vivência dos refugiados. Após serem obrigados a deixarem seus países por conta das graves e generalizadas violações de direitos humanos, ou por perseguições relacionadas às suas raças, religiões, nacionalidades e opiniões políticas, milhares de pessoas embarcam em um caminho desconhecido na busca de novos recomeços em suas vidas.

Ainda que estejam em seus devidos direitos de procurarem segurança em outros países, a esperança de encontrar paz e uma chance para se reorganizar socialmente e psicologicamente

A utilização da definição correta para cada grupo, pode parecer uma questão a ser deixada em segundo plano, mas com uma breve análise é possível perceber que vai além de uma simples denominação. Silva (2016) explica que: “imigrar sem autorização é ilegal, mas buscar refúgio é um direito universal. O indivíduo refugiado precisa de proteção e misturar todos em um mesmo grupo dificulta a identificação de suas verdadeiras necessidades.” (p.13).

“O termo imigrante não abarca os refugiados por uma simples diferença: o direito de escolha. Entender se ão como imigrantes aqueles que, voluntariamente, buscam outro país por melhores oportunidades econômicas, por exemplo. Também são considerados imigrantes aqueles que cruzam a fronteira para estudar ou mesmo aqueles que tentam escapar da fome e de desastres naturais.” (SILVA, 2016, p. 13).

O deslocamento forçado não é algo particular da atualidade, ele está presente na história desde os tempos das antigas civilizações, nas quais as pessoas já se viam obrigadas a saírem em busca de melhores condições (TEIXEIRA; ZACKSESKI, 2017). No decorrer dos anos, o número de refugiados vem aumentando gradualmente, desencadeando assim, a maior crise de humanitária desde a Segunda Guerra Mundial4. De acordo com dados do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), são 26 milhões de refugiados e 4,2 milhões de solicitantes de refúgio em todo o mundo, dentre eles, 43 mil são reconhecidos pelo Estado Brasileiro.Esses dados confirmam o quão grande é a movimentação do refúgio, além de ser feita em todas as partes do mundo. No entanto, é importante ressaltar que nem todos que atravessam as fronteiras deseus países sãorefugiados. Embora muitasvezes usado como sinônimo,otermo imigrante designa um outro grupo de indivíduos.

REFERENCIAL TEÓRICO

4 Conteúdo disponibilizado em <https://www.comciencia.br/crise atual de refugiados e a maior desde 1949>. Acesso em: 13 abr. 2021

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

“Além de representarem o "grande desconhecido" que todos os "estranhos em nosso meio" encarnam, esses forasteiros em particular, os refugiados, trazem os ruídos distantes da guerra e o mau cheiro de lares destruídos e aldeias arrasadas que lembram aos estabelecidos com que facilidade o casulo de sua rotina segura e familiar (segura porque é familiar) pode ser penetrado ou rompido” (BAUMAN, 2007, p. 54).

A indiferença aos olhos da sociedade é um dos fatores que auxiliam para que o problema se torne cada vez maior. A isenção da responsabilidade social ou a visão de que a dor do outro não afeta, não solucionam nada, ao contrário, só agravam ainda mais. Na visão de Bauman, não existe uma “solução alternativa” ou “mais confortável” para a resolução do problema, mas ele ressalta a importância da união de todos. Em suas palavras: “a humanidade está em crise e não existe outra saída para ela senão a solidariedade dos seres humanos.” (BAUMAN, 2017, p.24).

O telejornalismo é um dos meios que se faz presente no cotidiano de seus telespectadores, assumindo o papel de maior fonte de informação da sociedade (MORONI; OLIVEIRA FILHA, 2008). É através desse veículo que boa parte da população fica sabendo o que está acontecendo ao redor do mundo.

Devido a gravidade e relevância da temática, é clara a percepção da importância da presença dos refugiados no telejornalismo. Entretanto, quando a cobertura do tema não possui uma abordagem aprofundada, e utiliza termos generalizados, sem retratar os fatos que

Telejornalismo e a imagem do refugiado

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em novos países, pode ser frustrada com a vinda de outras dificuldades para enfrentar. Após o refúgio, problemas como a xenofobia, se aproximam para nortear a vida dos refugiados em seus novos ‘lares’. O fato de eles chegarem de lugares cercados de violência, pode transmitir medo e receio nos moradores locais.

Esse medo intensivo e as inúmeras medidas de segurança usadas para querer impedir a chegada desses indivíduos, podem ser justificados por uma falsa ideia assimilada a uma realidade inexistente, pois os refugiados são vítimas que estão justamente fugindo daqueles que organizam e executam as ações terroristas (PAIXÃO, 2020). Apesar de representarem o desconhecido, são pessoas que antes de perderem as estabilidades, tinham uma profissão, uma casa, estudos e agora carregam apenas suas experiências nas bagagens.

A maneira que as imagens dos refugiados são frequentemente veiculadas evidenciando a fome, doenças, guerras, assassinatos, drogas, aos desastres e as violências no geral, além de estarem acompanhadas da indiferença, estimulam o público a se sentirem ameaçados e erguerem uma espécie de muro para não ter qualquer contato com eles (BAUMAN, 1999). O problema maior é que quanto mais repetidas essas imagens são, mais uma visão distorcida e estereotipada dos refugiados é criada.

“a estereotipagem reduz, essencializa, naturaliza e fixa a “diferença”. Em segundo lugar, a estereotipagem implanta uma estratégia de cisão, que divide

levaram ao deslocamento dos refugiados, pode ocasionar uma visão rasa, que impossibilita o público entender o problema, gerando assim graves distorções (TEIXEIRA; ZACKSESKI, 2017).

Com isso, é destacado a importância de enxergar a cobertura midiática como um meio de representação social, que pode ajudar no combate do preconceito, mas que também pode colaborar para a propagação de estereótipos, discriminação e até mesmo exclusão social.

Através de uma análise em alguns dos principais veículos de comunicação Teixeira e Zackseski (2017, p.178) constataram que no geral as informações sobre os refugiados e a crise migratória, são retratando as tragédias e as vidas perdidas. Bauman (2017) salienta que “o impacto das notícias transmitidas desse campo de batalha quase chega a causar um verdadeiro ‘pânico moral’” (p.6). O sociólogo também faz uma crítica pela maneira que a imagem do sofrimento vem sendo banalizada, visto que

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“Os sinais de que a opinião pública, em conluio com uma mídia ávida por audiência, está se aproximando de modo gradual, porém inexorável, do ponto de “fadiga da tragédia dos refugiados”. Crianças afogadas, muros apressadamente erguidos, cercas de arame farpado, campos de concentração superlotados e competindo entre si para acrescentar o insulto de tratarem os migrantes como batatas quentes às injúrias do exílio, de escapar por pouco dos perigos enervantes da viagem rumo à segurança” (BAUMAN, 2017, p. 6).

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

Hoffmann e Roesler (2017) ressaltam que a mídia está presente na naturalização de conceitos desrespeitosos que ainda norteiam os imaginários sociais, permitindo assim, a subjugação de um ser humano ao outro.

Os estereótipos, são generalizados por padrões equivocados e simplistas, construídos através de algumas características marcantes, que acabam representando o coletivo (MORONI; OLIVEIRA FILHA, 2008). Com isso, as pessoas desenvolvem uma aversão a esses indivíduos. Nas palavras de Stuart Hall:

Sob o comandado do jornalista Caco Barcellos, o programa transmite os bastidores das notícias, aproximando o público do ‘fazer jornalístico’. As grandes reportagens são realizadas por jovens repórteres em início de carreira, que exibem de maneira transparente, parte dos processos para a concretização da produção, independente das dificuldades encontradas. Um dos fatores que chamam atenção para o programa é justamente essa transparência da imagem.

“A imagem televisiva por mostrar o ambiente dos acontecimentos, ou osmesmopróprios acontecimentos, ajuda a assegurar a veracidade daquilo que se fala. As imagens na televisão são tomadas com valor “oficial/documental”: atestam e garantem a verdade dos “fatos”, legitimam a posição daquele que fala e do órgão jornalístico” (CANALLI, 2013, p.126).

Entendendo a importância da transmissão da imagem na televisão, se evidencia o quão significativo passa a ser um programa que compartilha os bastidores da construção da notícia. Isso porque quando o público acompanha cada detalhe da formação da reportagem até a finalização dela, pode permitir com que ele se sinta parte do que está sendo construído, e entenda que a maneira na qual aquele conteúdo é transmitido, está retratando uma realidade concreta dos fatos, já que vivenciou todas as etapas. Sendo assim, as imagens escolhidas para representar o ‘Outro’ em uma programação em que o telespectador está tão presente, exige um trabalho mais minucioso, visto que são nas pequenas características que os estereótipos são naturalmenteAlgumaspropagados.observações acompanhadas de um trabalho mais rigoroso, ajudam para que haja menos distorções da realidade desses indivíduos, seja aplicando na maneira de descrevê los ou pela escolha da imagem para representá los (CARDOSO, 2013). Assim também, Cardoso evidencia que “por si só, o trabalho jornalístico não possui capacidade de mudar os rumos das políticas que envolvem a questão do refugiado. Contudo, ajuda a moldar o meio

o normal e aceitável do anormal e inaceitável. Em seguida exclue ou expele tudo o que não cabe, o que é diferente. [...] Então, outra característica da estereotipagem é sua prática de fechamento e exclusão. Simbolicamente, ela fixa os limites e exclui tudo o que não lhe pertence” (HALL, 2016, p.191 192)

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Entendendo os conceitos dos estereótipos e a maneira na qual eles são ‘naturalmente’ propagados, é possível destacar a tamanha responsabilidade do telejornalismo em suas coberturas do refúgio. No caso do objeto de estudo dessa pesquisa, o Profissão Repórter, essa consciência social é ainda mais necessária, tendo em vista que o programa traz uma construção diferente do que os telespectadores estão acostumados a verem no telejornalismo tradicional.

social e político em que brotam as atitudes e opiniões e pode incentivar mudanças e novos pensamentos”.

REFERENCIAL METODOLÓGICO

RESULTADOS

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Dentre os diversos temas abordados durante esse período, quatro retrataram a temática refugiados. Esses programas foram veiculados nos dias 25 de agosto de 2015 (Campo de refugiados francês tem restaurante e casa noturna), 27 de agosto de 2015 (Refugiado sírio dá aulasdeinglêsparaganharavidanoBrasil),01dedezembrode2015(Refugiadosqueentraram na Europa clandestinamente passam de 860 mil) e em 10 de maio de 2017 (Sírios transformam campo de refugiados em cidades). Nos demais anos, o tema não apareceu nenhuma vez como eixocentraldeabordagem.Apósfazeraidentificaçãodessesdados,verificou seas informações mais importantes que podiam ser utilizadas para dar fundamento a análise.

Outropasso, foiverificar apresençadatemáticana programação doProfissão Repórter. Para isso, foi coletado durante todos os anos apontados na delimitação, exceto no ano de 2020 no qual o objeto esteve fora do ar, o total de 222 (duzentos e vinte e dois) edições do programa, disponibilizadas no canal da emissora na internet e no aplicativo GLOBOPLAY.

O processo foi iniciado pelo levantamento bibliográfico de autores que possam dialogar sobre o problema de pesquisa. A primeira etapa foi feita através de buscas em bibliotecas online e sites de artigos, dissertações e teses. A realização desta análise é constituída por autores que discutem conceitos sobre refugiados, estereótipos e a representação do outro. Essa base teórica foi definida por Stuart Hall e Zygmunt Bauman.

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Como apontado anteriormente, no levantamento foram encontradas quatro matérias sobre refugiados na análise de 222 edições do programa, três delas em 2015 e uma em 2017. Porém, devido ao vácuo muito grande de intervalo entre elas, apenas a mais recente foi analisada, sendo “Sírios Transformam Campo De Refugiados Em Cidades”, exibida no dia 10 de maio de 2017.

Para tentar discutir se existe uma imagem estereotipada dos refugiados durante a cobertura no telejornalismo, foi realizado uma análise de conteúdo das reportagens sobre o assunto, veiculadas no Profissão Repórter, no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2021.

A reportagem estudada é composta pelas pautas de três repórteres que trazem histórias distintas, mas todas interligadas ao refúgio. Guilherme acompanhou como a crise na Venezuela tem atingido Pacaraima, município ao norte de Roraima, e principal cidade brasileira que faz fronteira com o país. Natália viajou até a Jordânia para mostrar os campos de refugiados Sírios. Victor mostrou a experiência migratória de Nico, um haitiano que vive em São Paulo. Cada uma delas foi analisada individualmente.

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Esta análise utilizou da categorização para responder algumas questões que se fazem essenciais para entender a maneira em que é realizada a cobertura sobre o refúgio no Profissão Repórter. O conteúdo levantado foi explorado em quatro categorias, sendo elas: tempo, fontes, classificação e imagem. Em cada uma procurou se observar alguns elementos.

Por último,na classificação, procurou se saber se durante a cobertura houve um cuidado de diferenciar as variações existentes dentro da migração. Outro ponto levantado, é se foram utilizados adjetivos para classificar os refugiados, ou a existência da utilização de palavras carregadas de preconceitos.

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Estrutura da Análise

Dando início pela categoria de tempo, pretendeu se verificar o espaço dado aos próprios refugiados, analisando quantos minutos foram dedicadas as falas deles e a relevância dos depoimentos.Emfontes, foi considerado quais foram as pessoas que deram suas declarações para compor a matéria, além de verificar quantas delas eram refugiados.

Fronteira do Brasil e crise econômica da Venezuela

Para organizar a recolha das informações com mais precisão, optou se por mergulhar na estrutura das reportagens do programa. No geral, o Profissão Repórter apresenta um tema por semana, que é retratado com diferentes reportagens intercaladas em blocos.

Na categoria de imagem, houve uma apuração sobre qual maneira a imagem do refugiado foi retratada na reportagem.

das fontes serem refugiados, o espaço cedido aos próprios é relativamente pequeno, tendo em vista que do tempo total de exibição, apenas 02’06’’ foram sonoras de algum refugiado. Além do mais, as declarações cedidas por eles são coisas bem simples, rápidas e sem qualquer aprofundamento. Uma das falas mais encontradas é uma pequena alegação de quantos dias estavam no Brasil e porque vieram.

Assim como no conteúdo apontado anteriormente, também há um grande número de refugiados como fontes, no entanto não são eles que evidenciam como é estar vivendo ali, já que aparecem mais como uma forma ilustrativa na reportagem. Vale ressaltar que não houve o cuidado e nem a preocupação em identificar as fontes exibidas, visto que apenas dois tiveram

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No entanto, dois refugiados da Venezuela tiveram suas histórias mostradas de forma um pouco mais aprofundada, sendo um que relatava as dificuldades de morar no Brasil e o outro que tinha acabado de chegar com a esposa para dar à luz, e assim, seguia com esperança de começar uma nova vida no Brasil.

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

O restante da matéria é composto por 04’40’’ de off do repórter, 04’33’’ de sonoras de outras fontes, 01’19’’ de sobe som, stand up de 01’32’’, uma passagem de 21’’ do repórter, uma trilha sonora de 08’’ e um trecho do Jornal Nacional de 40’’.

Areportagem conduzida pelarepórterNatalia,mostraarealidadeenfrentada pelos sírios que foram obrigados a deixarem seu país e passaram a viver em dois dos maiores campos de refugiados do mundo, sendo Zaatari e Azraq, ambos localizados na Jordânia. O bloco que tem 12’41’’, é composto por oito fontes, sendo sete refugiados que vivem nos locais e uma médica que trabalha no campo. A repórter chega a citar o encontro com um motorista que presta serviços à embaixada brasileira, entretanto ele não aparece nas filmagens, apenas ajudou com as traduções por trás das câmeras.

A reportagem realizada pelo repórter Guilherme, exibe uma situação bastante grave enfrentada pelos refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil através da fronteira de Pacaraima. Com duração total de 15’19’’, a matéria é composta por 12 fontes. Dentre elas, dois comerciantes, sete refugiados, um jornalista da Venezuela, um coordenador da Defesa Civil e um diretor de Apesarmaternidade.demaisdametade

Campo de Refugiados

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A reportagem realizada pelo repórter Victor foi a mais curta, com o tempo de exibição de 04’08’’. Porém, em contrapartida aos demais, foi a que mais se aprofundou e deu espaço para o refugiado entrevistado contar sua história.

Orestantedamatériaécomposto por03’22deoffs darepórter,14’’desonoras deoutras fontes, 37’’ de sobe sons, uma passagem de 29’’, stand up de 01’15’’ e uma trilha sonora de 34’’.

A reportagem está mais ligada com o protagonismo do repórter, algo muito presente no objeto de estudo. A maior parte deste material está destinado a um encontro de Natália com Caco Barcellos, no qual eles se reunem para que ela conte sua experiência de visitar o campo, o que ocupou um tempo de 3’28’’.

dos refugiados é muito limitado e isso pode ser constatado ao verificar o curtotempo de sonora queeles ocupam, sendo02’42’’. Asdeclarações cedidassãobem rasas, como por exemplo: “não espero nada do futuro, estou vivendo um dia de cada vez” e “aqui pra mim está seguro”.

Haitiano em São Paulo

O material aborda a vida do haitiano Nico, que mora em São Paulo. Nesse curto tempo, ele contou como vivia antes do Brasil, como chegou no país, mostrou sua casa e também o seu serviço. As informações mais importantes foram dadas pelo próprio Nico, que teve o tempo de sonora de 02’20’’, mais da metade da reportagem completa.

O protagonismo ficou no refugiado e em sua vida, tanto que apenas 25’’ foram offs do repórter, nos quais ele narrava a trajetória que estava percorrendo para encontrar se com o entrevistado. O restante do tempo da matéria foi composto por 37’’ de sonoras de outras fontes, 16’’ de sobe sons, uma passagem de 27’’ e 3’’ de trilha sonora.

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suas identidades definidas, já os demais, não são apresentados por nomes, sobrenomes ou algo que os identifiquem.Oespaçodefala

Apenas três fontes foram usadas, sendo o próprio Nico, um outro haitiano que morava na mesma ocupação, mas não foi identificado pelo nome e o gerente do Nico.

Imagens

Fonte: Profissão Repórter

Ao analisar as imagens que compõe a reportagem, foi observado que o programa traz uma certa dramatização ao exibir cenas mais delicadas, usando sempre close em declarações mais fortes.Nareportagem de Guilherme, ele visita o maior hospital de Roraima e mostra Regina (fig.1), uma senhora que estava com dores abdominais e convulsões, mas não conseguiu internação na Venezuela, então teve que procurar auxílio no Brasil. Neste momento de fragilidade, Regina fala sobre a atual situação de seu país: “Não há nada. Não há emprego, não há comida. Tem comida, mas é cara. E se não tem trabalho, como vou comprar?”.

Para compor suas reportagens, o Profissão Repórter conta com o uso de duas câmeras, uma exibindo um olhar observador do acontecimento com o repórter integrado e outra, normalmente portátil, que acompanha de perto o que está acontecendo e traz uma visão mais intimista para o telespectador.

Ainda no mesmo local, o repórter mostra uma outra senhora (fig. 2), não identificada nem por nome, nem por nacionalidade. Apesar de não falar absolutamente nada, com o registro bem fechado em seu rosto é possível verificar que ela está triste e enfrentando algum problema de saúde.

Figura 1 Regina, venezuelana internada no hospital do Roraima.

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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Figura 2 Senhora não identificada internada no hospital de Roraima.

Ao visitar o campo de refugidados Zaatari, a repórter Natália exibe um sírio (fig. 3), não identificado por nome, que se feriu na guerra e perdeu grandes partes do corpo. Após a exibição de imagens de seus membros atingidos, ele dá uma declaração emocionante: “A fisioterapia dói muito, mas eu confio no médico que está cuidando de mim. A vida pode ser dura e cruel. Mas temos que aprender a ser forte para não desistir da vida.”

Figura 3 Refugiado sírio que vive no campo de refugiados de Zaatari.

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Fonte: Profissão Repórter

Fonte: Profissão Repórter

Fonte: Profissão Repórter

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Figura 4 Juman, jovem refugiada que perdeu sua família na guerra.

Ainda em Azraq, a repórter encontra com uma professora (fig. 5), que dá aulas para as crianças no campo de refugiados. Emocionada, ela diz ter o desejo de que o mundo passe a ver os sírios com um olhar mais humanitário.

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Ao visitar o campo de refugiado Azraq, localizado a 100 km de Zaatari, Natalia mostra Juman (fig. 4), uma cabeleireira que precisou fugir da Síria e agora trabalha em uma cafeteria do campo. A jovem refugiada chegou sozinha no local, pois perdeu toda a sua família na guerra.

Figura 5 Professora que dá aula no campo de refugiados

Ao analisar os termos utilizados pelos repórteres para se referirem aos refugiados, ressaltando a importância da utilização correta para a garantia dos direitos dos próprios, não foi identificado em nenhum momento o descuido de relaciona los com outros grupos migratórios, como osAssimimigrantes.também, não foi constatado o uso de adjetivos para classificar os refugiados, a única coisa que os classificaram foram as nacionalidades. Por fim, não houve a utilização de palavras preconceituosas por parte de nenhum dos repórteres.

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Fonte: Profissão Repórter

Após analisar a estrutura, a linguagem e as imagens que compuseram o material de estudo, concluo que o Profissão Repórter não estereotipa os refugiados nas suas grandes reportagens. Entretanto, há uma baixa representatividade do tema na programação, visto que durante cinco anos, apenas quatro matérias abordaram o refúgio, com a mais recente sendo exibida há quatro anos. Além disso, ainda é necessário que o programa dê mais visibilidade paraos próprios refugiadoscontarem suashistórias,paraqueotemanãosejaabordadodeforma superficial.

Classificação

Todas as imagens acima se assemelham por tratarem de momentos em que as fontes estão mais vulneráveis e contam detalhes difíceis que estão enfrentando em suas vidas. Ao usar o close nesses momentos, a reportagem consegue fazer com que os telespectadores tenham uma percepção maior da tristeza e até mesmo da gravidade do que está sendo exibido, e isso pode causar uma grande comoção.

REFERÊNCIAS

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ACNUR. Dados sobre Refúgio, 2020. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/dados sobre refugio/> Acesso em: 30 mar. 2021

CONSIDERAÇÕES FINAIS

BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, CANALLI,2007.Franco

HAFIZ, Mariana; BRAVIN, Mateus. Crise atual de Refugiados é a maior desde 1949 ComCiencia, 2020. Disponível em: <http://www.comciencia.br/crise atual de refugiados e a maior desde 1949/>. Acesso em: 13 abr. 2021.

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HOFFMANN, Juliana Elis dos Santos; ROESLER, Marli Von Borstel. A mídia digital na construção da representação social dos refugiados no Brasil. In: Humanidades nas Fronteiras: Imaginários e Culturas Latino americanas, 1., 2017, Foz do Iguaçu. Disponível em: <https://dspace.unila.edu.br/xmlui/handle/123456789/3565>. Acesso em: 05 abr. 2021

MORONI, Alyohha de Oliveira; OLIVEIRA FILHA, Elza Aparecida de. Estereótipos no telejornalismo brasileiro: identificação e reforço. BOCC. Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, v. 19, p. 01 52, 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/moroni alyohha oliveira elza estereotipos no telejornalismo.pdf>. Aceddo

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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Augusto. Nos bastidores da notícia: uma perspectiva antropológica sobre o material audiovisual do programa Profissão Repórter Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humana, Campinas, SP, p.255, 2013.

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APÊNDICE

Utilizamos uma linguagem de reportagem que se aproxima do jornalismo documental, porém buscando não somente o foco no indivíduo, mas sim nos problemas e nas soluções. O resultado foi a produção de uma reportagem extensa para o meio televisivo dividida em quatro blocos sobre os temas específicos de cada integrante.

3. Sinopse

O eixo de abordagem do nosso produto é tratar de temas minoritários no jornalismo televisivo sem estereotipá lo, ou expor a vulnerabilidade das pessoas. Buscando uma abordagem sobre a fome, pessoas em situação de rua, refugiados e projetos sociais das escolas de samba. Abordando também ações e projetos para combate aos problemas sociais e inclusão dessas pessoas. Contrapondo justamente a problemática de um jornalismo raso que reforça estereótipos, focamos em apresentar alguns projetos sociais como formas de soluções práticas

Fome, falta de moradia e pessoas em busca de refúgio, estes são alguns dos diversos problemas sociais evidenciados pela pandemia no Brasil. Diante de um momento de crise e de pessoas cada vez mais vulneráveis, a reportagem mostra o papel daqueles que tentam fazer a diferença e conversa com representantes de ONGs, iniciativas sociais e projetos de escolas de samba. Apesar da falta de políticas públicas, apoio e visibilidade essas pessoas continuam lutando para serem ouvidas e para transformar realidades.

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A) Produto Experimental

Linha editorial

2. Área e formato Grande Reportagem de TV

4. Descrição do projeto Linguagem

1. Título do produto “Olhando para quem faz”

Duração de 29 minutos e 50 segundos. Para compor os quatro temas sem pecar pela brevidade. Utilizamos como base a duração das reportagens do nosso objeto de estudo em comum, o Profissão Repórter.

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Identidade Visual

Como a escolha foi uma reportagem em blocos, nós utilizamos um padrão de abertura no início de cada uma das temáticas específicas. O formato de texto escolhido foi uma estética imitando a escrita de uma máquina de escrever tanto na transição de imagem, como também na de som, com um vídeo preto e branco ao fundo.

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para problemas sociais, fugindo da ideia de apenas mostrar imagens que reforçam os estereótipos e que comovem, pois a comoção não é suficiente para ação nem solução. Como um produto para meio televisivo sabemos do alcance diverso e abrangente, valorizamos a imagem, mas sem menosprezar dados, agregando informações referenciais, profissionais específicos e sempre utilizando como referencial o que foi levantado na pesquisa teórica referente ao papel do repórter enquanto parte da notícia.

Duração

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Os GC’s foram feitos com letras brancas e pretas com o fundo principal em laranja e o fundo secundário em branco.

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

Para as entrevistas gravadas via plataformas digitais foi inserida uma borda que facilitasse a visualização, deixando a mais confortável e sem um close tão grande.

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Para edição o software escolhido inicialmente foi o Adobe Premiere, porém por uma mudança de logística e a necessidade de um software mais leve ele só foi utilizado na primeira montagem da time line. A maior parte da reportagem foi editada no aplicativo CapCut.As identidades visuais e efeitos de transição externos foram elaborados através do Canva. Além disso o design da capa do dvd também foi inicialmente planejada no Canva, e finalizada no Adobe Indesign.

Ferramentas Utilizadas

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Capa do DVD

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“Ana Carolina…” Ana baixaMúsicaCarolinadefundo

ROTEIRO REPORTAGEM “OLHANDO PARA QUEM FAZ”

Música de fundo (baixa)

Adriana rindo VID Ariana “Adriana..”

Vídeo do Abdul tocando com a banda fade in Abdul em foco

30’’

Minha função na equipe foi a de editora e produtora, na qual trabalhei para que a mensagem que desejávamos transmitir, chegasse de forma clara e objetiva aos telespectadores. Nesta pesquisa, abordo um dos problemas encontrados no objeto de estudo, que é a falta de visibilidade e o pouco espaço cedido aos entrevistados. Tendo compreendido a necessidade de uma cobertura mais aprofundada, em nossa reportagem, além de explorar e aproveitar o melhor de cada conteúdo coletado pelos repórteres, procurei trazer imagens externas dos projetos sociais e das ações realizadas pelos entrevistados, que pudessem ilustrar e evidenciar os trabalhos realizados por eles.

THIFANYLOC-1

Tela preta vai para um lettering “AJUDAR A QUEM PRECISA”

MúsicaAdrianade fundo baixa

VID_Abdul musical “Abdul…” MúsicaAbdul de fundo baixa Camila umaalgodãoentregandodoceparacriança

Camila X9 externa “... e Camila” MúsicaCamila de fundo baixa

ARQUIVO - TIME IN/OUT ÁUDIO BG

“Histórias diferentes, mas um objetivo em comum… Ajudar a quem precisa”

LOC BRENDA2

TIME IMAGEM

Pautas/Roteiros/ Transcrições/ Outras documentações relevantes para a compreensão do produto

Música de fundo (um pouco mais alta após o fim da locução)

Ana Carolina em foco VID Coordenadora Ana Carolina

24’’ COMPILADO DE FOTOS JORNAISE

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Função individual

“Fome, falta de moradia, deslocamento forçado e pessoas em busca de

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“Segundo dados do inquérito Nacional de insegurança alimentar no contexto da pandemia de covid 19 no Brasil, em 2020 cerca de 116 milhões de brasileiros conviviam com algum grau de insegurança alimentar. Deste número, 43 milhões não tinham acesso pleno à alimentação e mais de 19 milhões de brasileiros conviviam com a fome “

INICIA BLOCO 1: FOME

Out:In:aQuebradaAlimentadVID00:0101:39

“Tem uma frase da Carolina de Jesus que diz que quem dorme com fome não sonha[...] De repente você começa a mudar o mundo, né?”

LuanaVID-Passagem-

BG: som de máquina de escrever

24’’ SOBE PENSSAN,Fonte:meioInserirSandesRepórter/LuanaGC:gráficonodapassagemRede2021

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5’’ FundoLETTERINGempreto e branco com efeito máquina de escrever

5’’ SOBE LETTERING:CAPA

refúgio. Estes são alguns entre os sociaisorganizaçõesforça,solidariedadecontrapartidanopandemiaevidenciadosvulnerabilidadeproblemasdiversosdesocialpeladecoronavírusBrasil.Emaganhouatravésdeeprojetosquelutampara fazer a diferença”

“Olhando para quem faz” dissipar

1’39’’ Material de apoio CorradidoCréditos:AlimentadaQuebradaMinutosBem/Pedro

“FOME”

BG: som de máquina de escrever

27

Música de fundo (um pouco mais alta)

Música do vídeo de fundo

AUDIn:nal)AdrianaSalay(diagoVID00:01Out:00:06SonoraLuana

VID 07:32AdrianaSalayOut:08:20

“O problema é falar de política pública e exigir para o governo nível Federal isso a gente não tem essa ilusão não tem tem que tirar esse governo, [...]trabalhando onde a sociedade civil está se fortalecendo”

“Nós fomos até o restaurante Mocotó, na zona norte de São Paulo, para conversar com a historiadora Adriana Salay, que criou e auto financiou o projeto Quebrada Alimentada, junto com seu marido”

48’’ SOBE

HistoriadoraAdrianaGC:Salay:

VID In:19:22AnaPaulaOut:20:07

28

“É difícil as pessoas se sensibilizarem quando elas não estão vendo.[...] o foco na solução desse problema e esse problema vai desaparecer”

“E aí junto com meu marido, que é cozinheiro e chef de cozinha, que também vem de uma história familiar onde a fome se faz muito presente, porque é filho de sertanejo,[...]todos os dias de segunda à segunda”

Sobe fotos e vídeos do projeto nodiminuindo(transição08:21VID-AdrianaSalayOut:09:15osomfimdafala)

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VID MocotóExterna In: 00:19 Out: 00:25

28’’

1’12’’ SOBE GC: Ana Paula MisériacontraAçãoAdvocacyCoordenadoraSouza/dedaONGdaCidadaniaaFome,aepelaVida

VID AnaPaula In: 26:17 oUT: 27:29

12’’

Reportagem de Luana Sandes

45’’ Material de apoio Ação da Cidadania ao fundo

“Eu estudo fome né, e naquele momento eu estava narrativasestudandosobrea fome[…] que te permite manejar para onde você vai, o que você vai fazer, etc”

ABRE BLOCO 2: PROJETO MORADORES DE RUA

BG: Música de fundo

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

FundoLETTERINGempreto e branco e efeito máquina de escrever

“ENTREGA POR SP”

OFF BRENDA

BG: som de máquina de escrever

16’’ Fotos da premiação e do @gente.prabrilhar@theworld50bestprojeto

In: 05:57 Out: 07:14

Imagens de apoio (barracas onde vivem as pessoas em situação de rua e ação do projeto social)

“A população que vive nas ruas cresceu 140% de 2012 até março de 2020, chegando a quase 222 mil brasileiros nesta condição segundo o IPEA. Com a pandemia, a situação se agravou. Distantes de proteção, alimentaçãosaúde,ouabrigo, e sem políticas públicas adequadas, essas pessoas dependem de projetos sociais que tentam levar a assistência necessária, seja através de uma conversa descontraída ou

1’17’’ VID AdrianaSalay

5’’

29

OFF Luana

“Antes a gente tinha uma vontade política para que a fome diminuísse no Brasil. Não precisa ter um [...]antes da pandemia”

“Pouco mais de um mês após a gravação desta reportagem, a iniciativa social érenomadaAward,doAlimentadaQuebradafoivencedoraTheMacallanIconpartedeumapremiaçãoqueconsideradaoOscarda Gastronomia Mundial”

31”

FIM DO BLOCO

45’’ SOBE GC: projetoruaAlberto/MoradorCarlosdeajudadopelo

VID Carlos Alberto

In: 01:23 Out: 02:08

11’’ VID

40’’

1’38’’

In: 00:05 Out:00:37

In:& 00:44 Out:01:16

In:ThiagoCoordenador00:01Out:01:39

VID- Coordenadora Ana Carolina

“Hoje estou aqui na Praça Charles Miller em frente ao Estádio do Pacaembu, para acompanhar a montagem de kits do projeto Entrega por SP. Esses kits serão entregues para pessoas que vivem em situação de rua na zona sul e na zona leste de São Paulo.”

30

1’4’’ SOBE GC: Ana Carolina SPprojetoCoordenadoraMonteiro/doEntregapor

In:projeto2Preparação00:07Out:00:18

VID Coordenadora Ana Carolina

In: 01:18 Out 02:08

“Você acredita que hoje a maior demanda das pessoas em situação de rua é só realmente o alimento? [...] indo lá pra levar o que eles mais que é uma conversa, olho no olho, companhia.”

"Pessoal é muito legal, me acolhe bem [...] Trabalho na feira, olho carro então eu tenho minha rendinha”

“Na última ação teve uma história que foi bem marcante [...]pra mim foi uma conversa bem significativa”

por ações que fortalecem os direitos de cidadania.”

“Gostaria que você me contasse (Brenda) [...]O foco principal do projeto é esse: conversar e criar conexões.”

Subindo o áudio da Ana Carolina a partir do 01:17 do vídeo seguinte

VID

SOBE GC: Thiago CoordenadorLourenço/ do projeto Entrega por SP

19” Passagem em frente ao Estádio do BrendaReportagemSantosRepórter/SOBEPacaembuGC:BrendadeSantos

In:BRENDAPASSAGEM00:01Out: 00:17

Thiago mostrando o que vai no kit

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In:ThiagoCoordenador03:20Out:03:28

“Refugiados”

17’’ VID In:ThiagoCoordenador04:03Out:04:20

31

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

In: 03:07 Out: 03:13

“Eu sei que muitos desses projetos estão presentes na internet em si né, mas eu digo na mídia mesmo, se você acha que tem essa falta?”

47’’ SOBE GC: Vagner Cassila/ Voluntário do [inserirprojetoum trecho do vídeo projetopreparaçãodedoapartir da fala do Vagner “A essência do ser humano é ajudar o próximo” em 01:45]

ABRE BLOCO 3: REFUGIADOS escrevermáquinaFundoLETTERINGpretoefeitode

BG: som de máquina de escrever

“Eu acredito que muitos de nós estamos [...] e tô aqui até hoje”

“A partir da hora que a gente começa a enxergar [...]começa aprender que um bom dia a gente pode dar para uma pessoa na rua e pode mudar o dia dela”

6’’ VID Coordenadora Ana Carolina

In: 03:25 Out: 3:49

8’’ VID-

“Daí todos esses itens que estão aqui foi a “rua” que pediu para o Entrega por SP. A gente foi escutando o que a rua tem pra dizer.”

VID In:VagnerVoluntário01:22Out:02:09

FIM DO BLOCO

“Eles estão começando a falar [...] A gente faz o que muitas vezes o governo não está fazendo. Então sim a mídia ajudaria muito nesse sentido, com certeza.”

24’’ VID Coordenadora Ana Carolina

20’’ VID Absul diagonal Fotos organizaçõesdas

In:AbdulEntrevista00:08Out:00:37

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BG: Música do vídeo de fundo

32

47’’ Vídeo imagensmusical,doAbdul VID

31’’ Passagem Thifany “Os refugiados são pessoas que deixam seus países de origem por conta de perseguiçãoguerras,religiosa, e violação de direitos humanos. Segundo o relatório divulgado pela Agência da ONU, em meio à pandemia da COVID 19, o número de refugiados em 2020 chegou ao recorde de 82,4 milhões.A cidade de São Paulo tem sido um dos principais destinos para quem chega no Brasil, buscando a oportunidade de recomeçar uma nova vida.”

52’’ VID

In:AbdulEntrevista03:05Out:03:57

“Me chamo Abdulbaset Jarour, sou árabe da Síria de Alepo, tenho 31 anos de idade. Tenho uma família feita de cinco irmãs e um irmão. Lá na Síria em Alepo temjovemdaadministraçãoestudava[...]militarSíria,porquetodoquecompleta19/20queservirmilitarpela lei.”

“Sem saber falar português Abdul enfrentou inúmeros desafios no Brasil, até que começou a conhecer algumas

OFF Thifany

Depois de três anos, me machuquei através de um ataque que aconteceu, eu era motorista [...]visto humanitário para o povo sírio, eu fui atrás e consegui. E cheguei no Brasil em 2014.”

Música de fundo (vídeo Abdul)

35’’ Imagens aéreas de São Paulo e vídeos da Missão Paz

33

VID In:AbdulEntrevista13:50Out:14:22

OFF Thifany2 “Em São Paulo, existem outras organizações que trabalham para ajudar os refugiados, uma delas é a Missão Paz. Esta instituição, localizada no bairro liberdade, possui a Casa do Migrante, um abrigo com capacidade para acolher até 110 Apessoas.estadia no espaço inclui alimentação, aulas de português, acompanhamentopsicológicoapoioe de assistentes sociais. Todos os moradores da casa, participam de atividades que estimulam a convivência, o intercâmbio cultural e a adaptação, quebrando assim, um pouco das barreiras que eles enfrentam no novo país.”

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organizações que prestam assistência a refugiados. E após se envolver nesses projetos, conheceu um companheiro que veio da República Democrática do Congo, e juntos eles fundaram a governamentalorganizaçãopróprianãoPacto pelo Direito de Migrar África do Coração”

“Eu sou o diretor da ONG, nós temos mais de 25 projetos, temos projetos ligados com a base da cultura, de saúde, culinária, educação, de capacitação, de campanhas [..] é de formiga, mas faz a diferença na vida dos refugiados e imigrantes.”

32’’ Volta para o Abdul em Imagens:foco África do Coração

In:IsabelaEntrevista15:29Out:16:00

25’’ VID

OFF Thifany4

“A principal motivação é um senso responsabilidadede mesmo, de entender que todo mundo faz parte [...]porque eles estão precisando de ajuda agora, no outro momento pode ser a gente. “

“Todas essas fronteiras que a gente desenha, que o ser humano desenhou de território, isso foi uma coisa criada pelo ser humano, mas o ser humano, ele é livre para ir para qualquer lugar e a gente tem que receber essas pessoas, a gente não está fazendo um favor”

10’’ Imagens refugiadosde

“A Missão Paz possui também o eixo trabalho, que elabora currículos e incentiva empresas a contratarem os refugiados, garantindo um emprego digno e livre de exploração.”

20’’ Imagem de um Voltaglobopara Isabela em foco

“O acolhimento ele não é

34

31’’ VID

In:IsabelaEntrevista10:59Out:11:24

“Apesar do Brasil ter a fama de ser uma nação acolhedora, Abdul explica que ainda há uma falta de estrutura para que os refugiados se integrem no país.”

15’’ Imagens Missão Paz

“Muitos refugiados chegam com um diploma de arquitetura, de engenheiro e falam várias línguas, muitos que falam francês, inglês e ficartrabalhostrabalhosassim[...]capazesmesmodefazeradministrativos,deponta,nãosócomsubemprego."

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

OFF Thifany3

VID

In:IsabelaEntrevista12:29Out:12:45

54’’

“CARNAVAL ALÉM DA FESTA”

VID In:11:24AbdulEntrevistaOut:12:18

ABRE BLOCO 4: PROJETOS ESCOLAS DE SAMBA

5’’

14’’ Flashs dos projetos VID GAVIOES1PROJETO

“Hoje Abdul é coordenador da comissão migrantes e combate a xenofobia no governo do estado de São Paulo. E assim, junto com seu projeto social, vem lutando para garantir os direitos dos refugiados.”

BG: som de máquina de escrever

OFF Thifany5

35

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

SONORA TATI

FundoLETTERINGempreto e branco e efeito máquina de escrever

15’’ Imagens do Abdul na comissão e projeto

do meu vizinho, não é de um cidadão. O acolhimento começa pelas políticas públicas, as leis que acolhem. [...] você sabe como um refugiado vive no Brasil? Sabe o quanto ele sofre para ser documentado aqui? Se não tem documento esse ser humano não existe, simplesmente. “

Se o som ambiente ficar ruim colocar a

“Durante toda essa luta que eu to aqui não esperava nada disso, nunca trabalhei com trabalho social, mas a vida me tornou refugiado eu tive que assumir e tive que me fortalecer no Brasil, eu perdi tudo, mas eu tenho coragem, inteligência,tenhotenho vontade e tenho fé, então isso que realmente me deixou fortalecer aqui no Brasil.”

FIM DO BLOCO

28’’

VID In:08:43Abdul2Out:09:11

VID Passagem Tati X9

SOBE GC: Evento de dia das crianças da Unidos de Santa Bárbara /Itaim Paulista

In:Gavioes00:48 Out:01:40

VID In:SantaBarbaraProjeto00:04Out:00:09

36

Para a comunidade é ver a felicidade[...] algumas mães das próprias crianças que vem receber um brinquedo, um donativo”

VID In:Gavioes1Projeto00:00Out: 00:10

“Qual a importância desse evento para a comunidade e para a escola?

VID Dep. Social

52’’ SOBE dasocialdepartamentoResponsáveisCristianoZeaneattoSthephanyGC:eBizarro/pelodaGaviõesFiel

In:Gavioes2Projeto-00:01Out: 00:08

6’’

In:baraPresidenteSantaBarNelCosta00:01Out:01:17

// música de fundo

VID

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In: 00:27 Out:00:32

8’’ SOBE GC: Evento de doação de Sangue da Gaviões da Fiel/ Bom Retiro

“Nós acompanhamos ações desenvolvidassociais por três escolas de samba, aqui de São Paulo. A Unidos de Santa Barbára … A Gaviões da Fiel… e a X9 Paulistana

VID Dep. Social

“Quais são os projetos que hoje vocês têm nas comunidades? Hoje, temos todos os sábados as entregas de marmitas, roupas e calçados, isso é todo sábado que acontece [...] E hoje, a gente fez essa ação de doação de sangue.”

Inserir nos últimos dez minutos da resposta Stephanyda

In: 00:20 Out: 00:24

58’’

SOBE GC: Nel Costa/ Presidente da Unidos de Santa Bárbara

música de fundo

VID In:SantaBarbaraProjeto00:01Out:00:06

1’17’’

VID-

TatianeReportagem/Soares

Música de fundo

In:Gavioes02:45 Out:03:43

“Uma luta que o próprio departamento tem [...] escolas de samba em

In:00:01Tati Out: 00:13

23’’ Vídeo final X9 depois CRÈDITOSSOBEFINAIS

“Camila como você se sente [...] é muito gratificante estar aqui hoje integrando todos os projetos, é gratificação só”

In: 03:54 Out: 04:02

VID FINAL X9

“Hoje viemos acompanha [..] no jardim São Paulo”

10’’

“X EMAÇÃO”, que é o projeto da X 9 em si, então é isso.”

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13’’ VID Passagem

37

FIM DO BLOCO

VID Dep.Socialx9

In: 04:08 Out: 05:12

Música da escola tocando ao fundo

In: 00:05 Out:00:28

49’’ SOBE GC: Camila Toro, Julia Labarte e André SocialDepartamentoCoordenadoresPereira/dodaX9

VID Dep.Socialx9

geral não são apenas em fevereiro ou março.”

36’’ Camila começa dando pipoca pra uma criança depois fica em foco

VID Dep.Socialx9

In: 00:48 Out: 00:58

Música da escola tocando ao fundo

“Vocês entendem que com esses projetos sociais fica uma mensagem para aqueles que estão fora do carnaval?”

In: 08:18 Out: 09:07

“Na ação de hoje, cerca de quantas famílias[...] barraquinha de pipoca e algodão doce para inovar e criar um ambiente divertido para todos.”

6’’

“Isso também é uma das coisas que a gente passa e quer passar como departamento social, a gente não trabalha apenas na época do trabalhafevereiro/marçocarnavalagenteoanointeiro[...]

20’’ Imagens dos LOC Final “Camila… Abdul.. Ana Música de fundo

VID FINAL X9

VID In:externaCamilax90:24Out:01:00

1’4’’

(Variação de possíveis vídeos de apoio e transições)

EDIÇÃO2021

FONTES

ALINHAMENTO

SOBE CRÉDITOS

29 minutos

PROJETOSTEMA/ASSUNTOSOCIAISDEINTEGRAÇÃOE ASSISTÊNCIAAREFUGIADOS

Atualmente,HISTÓRICO

Finaliza com a música

PAUTA

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omundoenfrentaamaiorcrisehumanitáriadesdeaSegundaGuerraMundial, devidoaoaumentodesenfreadodonúmeroderefugiados,quedeixamseuspaísesporconta deguerras,perseguiçõeseviolaçõesdosdireitoshumanos.SegundodadosdoAlto ComissáriodasNaçõesUnidasparaRefugiados(Acnur),oBrasiltem43milpessoas reconhecidascomorefugiadas.

ENCERRA

● AbdulbasetJarour-RefugiadoSírio,ativistaeCoordenadordaComissãodeDireitos Humanos,MigranteseCombateàXenofobia,doConselhoEstadualdeSãoPaulo CONDEPE. Tel:(11)96444 8960

● IsabelaDavies RepresentantedoCentrodeEstudosMigratóriosdaInstituição MissãoPaz.Tel:(11)941660929 EDITORIAL ENFOQUE/ANGULAÇÃO

Carolina e Adriana Apesar dos recursos escassos da falta de visibilidade e do apelo constante por políticas públicas mais adequadas, eles continuam lutando para contar histórias e transformar a realidades”

SocialEDITORIA

20’’’

Aochegaremumnovopaísarealidadedessesindivíduospodenãosertãofácilenovos problemaspodemchegarparanortearsuasvidas.Entretanto,existemprojetossociaisque trabalhamemproldedarassistêncianareestruturaçãoaosrefugiados.

EstimadoTempo

vídeospersonagens/dasações

Folha de Decupagem

OblocotemcomoobjetivoabordararealidadedosrefugiadosquevivemnoBrasil, mostrandoasdificuldadesencontradasnopaís.Exibircomootrabalhodeprojetossociais ajudaetransformaavidadessaspessoas,alémdedestacaraimportânciadedarauxílioaos PAUTEIRArefugiados.EREPÓRTER/ RGM:THIFANYEDITORA:FERNANDES19282346

39

Data: 22/09/2021

ABDULBASET JAROUR Refugiado Sírio, ativista e Coordenador da Comissão de Direitos Humanos, Migrantes e Combate à Xenofobia, do Conselho Estadual de São Paulo CONDEPE Como era sua vida antes do Brasil? “Me chamo Abdulbaset Jarour, sou árabe da Síria de Alepo, tenho 31 anos de idade. Tenho uma família feita de cinco irmãs e um irmão. Lá na Síria em Alepo estudava administração de empresas, trabalhava, tinha meu próprio comércio vendendo produtos eletrônicos. Ajudava minha família também em material de construção e tinha uma vida maravilhosa assim, com os amigos, uma vida bem tranquila como qualquer jovem desse mundo que está planejando construir seu futuro. Em 2010, completei 20 anos e dentro desse contexto tive que me entregar ao exército militar da Síria, porque todo jovem que completa 19/20 tem que servir militar pela lei. Eu entrei pra ficar

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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apenas dois anos, só quelogodepois aconteceu uma manifestação em um país árabe norte da África chamado Tonize, ela se estendeu muito até chegar a Primavera Árabe, uma revolução do seu povo contra o regime. Essa revolução chegou na Síria em 2011, na verdade eu não estou entrando em detalhes, mas teve circunstâncias para estender essa revolução. Teve alunos nas escolas que estavam escrevendo na parede: “Chegou sua vez presidente, para ser retirado do poder”. Em março de 2011, a polícia começou a pegar nossas crianças na escola, e logo depois aconteceu uma manifestação dos familiares dessas pessoas, e assim, começou uma guerra civil. Com o tempo eu estava lá na guarda militar republicana em Damasco, capital da Síria,eradia05demaiode2013,depoisdetrês anos, me machuquei através de um ataque que aconteceu. Eu era motorista do general lá do quartel e depois de me recuperar consegui sair para outro país. Um planejamento, um milagre de Deus. Aconteceu porque era realmente uma situação complicada. Naquele ataque morreu 115 dos meus amigos. Eu consegui fugir para o Líbano e do Líbano procurava alguma saída para qualquer lugar desse mundo. Fui atrás da embaixada canadense, Austrália, mas também não tive resposta. Ouvi falar que o governo brasileiro estava liberando visto humanitário para o povo sírio, eu fui atrás e consegui. Cheguei no Brasil em 2014.”

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O Brasil tem muitas pessoas que vieram aqui de vários países e logo depois me integrei em alguns projetos sociais. Nesse momento,

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Como você se sentiu ao estar em um país totalmente novo?

“A minha mente não estava preparada, estava muito mal de fato, em todos os sentidos, porque eu não sabia que tudo isso ia acontecer. No meu pensamento ia servir militar por dois anos e voltar para minha vida, continuando a correr atrás da construção do meu futuro. Só que essa guerra maldita que me obrigou a viver num país que realmente não foi a minha escolha como o Brasil, não foi da minha vontade. Foi a circunstância que me obrigou a sair para qualquer lugar. Então chegando aqui no Brasil, de um lado eu fiquei tranquilo e do outro lado não. De um lado fiquei tranquilo porque fiquei longe daquela guerra maldita, porém do outro lado também os desafios aqui, as situações. Eu realmente cheguei aqui no Brasil, num país continental, o quinto maior país do mundo, terceiro das Américas, o próprio cidadão se perde aqui, então imagina, eu não falava português, não conhecia nada. Então foi um sofrimento para me integrar, para conhecer, desanimei até no primeiro tempo, queria sair, mas não tinha opção para onde ir, então tive que enfrentar tudo isso e me integrar de alguma forma. Comecei a fazer amizade com outras pessoas.

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quando conheci as organizações que trabalham com a causa de fato, conheci um companheiro refugiado também da República Democrática do Congo, e juntos nós construímos uma organização não governamental “Pacto pelo Direito de Migrar África do Coração”, e nessa construção começamos a trabalhar com projetos, um deles a “Copa do Mundo dos refugiados e imigrantes”. Eu sou coordenador desse projeto, o maior projeto esportivo do mundo que une refugiados e imigrantes, realizado em seis estados aqui e estamos realizando ele fora do país também. Então essa situação de fato é que nos fortaleceu, qual é o objetivo da gente construir junto esse trabalho, trabalho social, qual a importância. Junto com meu companheiro, a gente vê a importância de ter uma organização e para ter espaço para nós, porque nós temos legitimidade para falar. Essa é a questão, o protagonismo real, porque quando a gente fala das causas sociais, como o racismo tem o movimento negro, são negros que estão a frente, a questão das mulheres são as mulheres que estão à frente, grupo sociais também, são os grupos que pertencem, o LGBTQIA+, eles estão à frente, então nós também queremos estar na frente nessa luta nossa para poder construir políticas públicas junto com o poder público e o terceiro setor. Então nos fortalecemos, onde nossa organização une mais de 35 nacionalidades, temos representantes em seis estados, mais três

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países Colômbia, Argentina e França, estamos construindo na Espanha. É um trabalho muito bem, através de luta, determinação, de muita vontade de fazer diferença na vida dos refugiados e imigrantes. Eu me apresento como porta voz dos refugiados e imigrantes, então durante toda essa luta que eu to aqui não esperava nada disso, nunca trabalhei com trabalho social, mas a vida me tornou refugiado, eu tive que assumir e tive que me fortalecer no Brasil, eu perdi tudo, mas eu tenho coragem, tenho inteligência, tenho vontade e tenho fé, então isso que realmente me deixou fortalecer aqui no Brasil. Minha família se espalhou pelo mundo, recebi a notícia que caiu bomba em cima da minha irmã, morreu o marido dela, ela perdeu uma perna. Então hoje, tenho uma irmã no Canadá, Alemanha, Iraque, Turquia, Líbano, meu irmão está na Guiana Francesa e estou aqui no Brasil. A minha mãe, eu trouxe ela aqui no natal de 2019, e logo em 2020, infelizmente, ela faleceu no Brasil. Então essa é realmente uma história que eu, o próprio ator desse filme não estou entendendo quem foi que escreveu esse destino, é de fato muito pesado pra entender tudo isso. Eu tinha uma vida antes e o que acontece depois não estava realmente no pensamento, de minhas irmãs, de minha família, de meu povo, mas é isso. Eu hoje represento e sou coordenador da comissão migrantes e combate a xenofobia no

“Eu só queria falar que o acolhimento ele não é do meu vizinho, não é de um cidadão. O acolhimento começa pelas políticas públicas, as leis que acolhem. E tendo as ausências dessasleis, significaque opaís nãoéacolhedor e aqui nós sofremos por conta de políticas públicas. O Brasil recebe, só que falando de acolher não. Então receber e acolher são duas coisas diferentes. “Ah o Brasil está recebendo”, sim, está recebendo, mas você sabe como um refugiado vive no Brasil? Sabe o quanto ele sofre para ser documentado aqui? Se não tem documento esse ser humano não existe, simplesmente. Nós chegamos aqui com vontade de construir uma nova vida, de trabalhar para ter um trabalho digno, para somar, para multiplicar, nós não viemos aqui

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As pessoas costumam dizer que o Brasil é um país acolhedor. Você acha que o Brasil realmente é acolhedor?

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governo do estado de São Paulo, ligada com o órgão que chama CONDEPE, ligada na secretaria da justiça do estado de São Paulo. Represento com 12 nacionalidades essa organização para ter esse protagonismo e trabalhamos para denunciar qualquer tipo de discriminação ou xenofobia e preconceito com a comunidade dos refugiados e imigrantes, também sou consultor da comissão relação internacional do OAB do estado de São Paulo, e faço várias atividades como palestras pela causa migratória, dou uma consultoria, como fui consultor principal da novela Órfãos da Terra.

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para atrapalhar a sociedade. Para trazer doenças, para tirar o emprego dos cidadãos. E se o brasileiro, tirando o povo ordinário, se ele procura saber sua origem ele vai nos apoiar. Só queinfelizmentemuitos,oupartedapopulação brasileira que nos discrimina desconhece sua própriahistória,deonde vem seubisavôouseu tataravô, que vieram aqui de vários lugares do mundo. O Brasil é construído pelos imigrantes e nós somos os novos brasileiros também. Como somos vítimas desse mundo que procuramos a terra brasileira porque aqui se eu não falo com sotaque ninguém vai perceber que eu não sou brasileiro. Essa é a terra da diversidade, a terra dos imigrantes e dos refugiados, que vieram de perseguição religião, políticas e guerras mundiais.”

Você falou que tem o projeto social PDMIG. Como você enxerga a importância de ter esses projetos?

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“Os projetos sociais que são ligados com a causa migratória, nós temos... Eu sou o diretor da ONG, nós temos mais de 25 projetos, temos projetos ligados com a base da cultura, de saúde, culinária, educação, de capacitação, de campanhas de combate à violência, campanhas de combate a xenofobia e preconceito. Então esses projetos, um desses projetos famosos é a copa do mundo dos refugiados e imigrantes. De fato, assim é um potencial que até o próprio brasileiro se impressionou por conhecer um projetotãograndecomoesse.Esseprojetovem graças ao apoio de entidades do terceiro setor, poder público, organizações internacionais,

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“No Brasil precisa políticas públicas dignas, leis que entendam qual é o sofrimento, qual é as barreiras e dificuldades dos refugiados e imigrantes, para poderem criarem leis e

O que ainda precisa melhorar aqui no Brasil?

esses que nos apoiam para realizar. Para fazer um projeto com foco, para fazer integração equilibrada na sociedade brasileira, para também conseguirmos chamar a atenção do setor privado, para poder fazer uma parceria para refugiados e imigrantes serem inseridos no mercado de trabalho, para não serem vítimas de um escravo moderno. Que tem muitos empresários que aproveitam essa vontade, infelizmente, de pegar refugiados e imigrantes, sabe que eles não têm documentação,significa nãotemdireito.Então eles os exploram em troca de comida, lugar para dormir, salário baixo e dão o mínimo. Esse trabalho que a gente faz é fundamental, a gente não romantiza a gente fala a realidade, essa que estamos lutando através desses projetos para acolhê los para orientá los. Nós temos assistência jurídica, assistência social, ajudamos a tirarem documentos na nossa sede principal lá em São Paulo. Todo esse trabalho que a gente faz, é também nas línguas nativas. Então nós temos atendimentos em inglês, francês, espanhol, em árabe e outros dialetos. A gente tenta ao máximo fazer um trabalho, é de formiga, mas faz a diferença na vida dos refugiados e imigrantes.”

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políticas públicas para facilitar a questão de documentação, a questão da sensibilização do setor privado para dar oportunidade a essas pessoas. A maioria de nós é formado. E para também fazermos muitas campanhas com pessoas famosas, nas mídias sociais, para que possamos combater o olhar preconceituoso e a Comoxenofobia.agora

quem está sofrendo a maior parte da xenofobia são os nossos irmãos venezuelanos que não tiveram opção, pessoas que tem vida, tem casas, tem carros, tem uma vida tranquila. Os próprios brasileiros estavam entrandona Venezuela fazer compras e entralá porque a vida é muito barata, agora a situação com esse bloqueio, realmente pressão de políticainternacionalentreaesquerdaedireita, o povo se tornou vítima. Eles não têm culpa, não existe mais comida, as pessoas estão sofrendo em todos os sentidos. Então são pessoas que não tiveram opção para cruzar a fronteira e ir para vários países da América Latina. A maior parte dos venezuelanos estão na Colômbia e entrou uma parte aqui no Brasil através de Roraima, Pacaraima e Boa Vista, tem uma concentração muito grande e de fato começa ouvir muitas linguagens de ódio e de discriminação, através de políticos e da própria população que não estava aguentando e entendendoasituação,quederepenteentraram milhares de pessoas no Brasil.

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Então é basicamente isso, a gente precisa entender que o Brasil é um país de imigrantes, construído por imigrantes e é importante ter um acolhimento para essas pessoas. O Brasil é uma terra muito grande. Do lado empresarial alimenta metade desse mundo, do que tem de recursos de vegetais e carnes etc. Então dando atenção a essa causa, que cerca de 82 milhões pelo mundo foram obrigados a chegar no Brasil. Lembrando que o número que entrando no Brasil não passa de um milhão e meio, enquanto tem 3 milhões de brasileiros fora. Tem mais brasileiros foras do que refugiados e imigrantes dentro. Nós somos menos de 1% da população brasileira. Esse número realmente não é tão grande para que poder governo, setores queestãoaqui, tentem dealgumaforma minimizar a situação dos refugiados e imigrantes.”

O que você acha da cobertura midiática sobre o refúgio?

“Eu sempre falo, jornalista pode se tornar terrorista também. Porque esse material, ele pode ser positivo, a favor da causa, como também pode ser negativo, contra essa causa. Tem agências que procuram fazer material nas demandas que estão ligadas com a política que ele está querendo implementar na sociedade. Deve ter umas coberturas de mídia social, de jornalistas, canais, dando uma cobertura de solidariedade, sensibilização, que mostra esse lado que os refugiados e imigrantes têm grande potência. Uma

pesquisa na Folha de São Paulo, mostrou que os refugiados e imigrantes na Alemanha ajudaram a economia do país. Você fala assim da Europa, país que vive dependente da mão de obra de refugiados. O Canadá, grande exemplo, tem políticas públicas dignas para os refugiados e imigrantes que também fazem uma grande colaboração na construção na sociedade. Então assim, precisa ter uma cobertura de fato para ajudar a população migratória, significa se houve um fato de xenofobia e discriminação eles deveriam fazer essa cobertura para denunciar. Mostrar essa positividade de pessoas que já também ao longo dos anos cresceram e estão colaborando. Hoje tem refugiados que abriram seus negócios faz anos e ele também está colaborando na sociedade, já tem funcionários brasileiros. Esse ajuda com o crescimento, como outros também. Muitos refugiados e imigrantes, como na construção do Estado de São Paulo quanto no Brasil, vieram aqui, começaram do zero e hoje realmente são pessoas que fizeram a diferença no estado econômico do Brasil e de São Paulo. É muito importante ter uma cobertura positiva e espero que também aqueles que em parte são manipulados politicamente, não façam matérias que manchem a imagem dos refugiados e imigrantes. Os refugiados e imigrantes não são anjos, não são perfeitos, são como qualquer pessoa desse mundo, tem

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Data: 11/11/2021

Repórter: Thifany Fernandes

Isabela Davies Representante do Centro de Estudos Migratórios da Instituição Missão Paz.

Me conta um pouco sobre o projeto Missão Paz? Como ele surgiu e quais os serviços que oferecem?

seus defeitos. A gente não sabe realmente quando está entrando uma pessoa ruim, um bandido, uma pessoa que não é legal, uma pessoa do mal, a gente não sabe. Só que se uma pessoa fez mal, não significa que “os refugiados e imigrantes estão...”, dando aquela cobertura para alimentar o ódio contra os refugiados e imigrantes.”

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“Ainstituiçãocomeçou com um padreitaliano que veio para o Brasil e viu a necessidade de abrir uma casa de passagem para receber os imigrantes que chegavam naquela época. A ideia a princípio era receber os imigrantes italianos que estavam chegando no Brasil, mas ao longo do tempo a demanda vinha também de outros imigrantes de outras nacionalidades, então eles sempre abriram a casa para outras populações, mas a princípio era para receber só italianos. É uma instituição ligada à igreja católica, hoje nós temos quatro padres que são responsáveis aqui, cada um cuida de uma parte dessa instituição que é bem grande. Como é que funciona: A gente tem a casa do migrante que tem espaço para 110 pessoas.

Folha de Decupagem

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Fora essa parte da Casa do Migrante, a gente oferece também um serviço para a comunidade aqui do bairro, porque esse território aqui historicamente, é um território que é ocupado por muitos imigrantes. Então a gente recebe uma demanda bem grande de bolivianos,

Essa é uma casa de passagem, a gente não tem um tempo determinado e rígido em relação as pessoas que ficam lá, mas a gente também não gosta de estender muito justamente para as pessoas criaram um pouco autonomia, de poder sim ter um respiro e poder ficar aqui, mas até que eles se organizem, arrumem empregoeconsigamalugarumespaçopróprio. Então a gente tem a casa do Migrante que oferece três refeições diárias, café da manhã, almoço e jantar. Essas pessoas podem ficar aqui, a média geralmente fica de três a quatro meses. Recebemos pessoas de todos os lugares. Hoje em dia a gente tem muitas pessoas da Venezuela e muitos angolanos que tem vindo também em massa para cá. Nesse espaço a gente tem uma brinquedoteca para crianças, tem uma salinha de TV e temos eventualmente alguns voluntários que vem fazer trabalho com as pessoas que estão na casa. Essas pessoas também tem um suporte psicológico, nós temos uma psicóloga contratada já há 20 anos que trabalha aqui com a gente, tem bastante experiência na questão migratória. Então ela faz atendimento individual, familiar e em grupo também.

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chilenos, peruanos, essa parte da América Latina vive muito por aqui. Nos últimos anos também os haitianos que estão vindo bastante desde 2012. E aí os serviços que a gente oferece para comunidade, são os serviços de acompanhamento com as assistentes sociais, então a gente também consegue entregar algumas cestas básicas, fazer um pouco dessa questão mais assistência social familiar. A gente oferece curso de português, temos 10 professores voluntários atualmente,dando aula online devido a pandemia e temos um uma sala presencial aqui, que é para as pessoas que moram no abrigo. Então esse serviço é para tanto para comunidade local, quanto para as pessoas que estão hospedadas aqui com a gente. A gente também tem atendimento de psicólogo, temos um psiquiatra voluntário que também nos ajuda aqui nas questões mais das doenças mentais edeproblemas emocionais. A gente tem o eixo trabalho, que é um projeto financiado pelo ACNUR, que é o braço da ONU para refugiados e imigrantes. É uma equipe que tem duas ou três pessoas e eles fazem tanto a elaboração de currículo das pessoas que vem pedir ajuda, tanto parceria com empresas para contratar os refugiados. Então a gente faz também esse processo de ponte, de falar com o empregador e sugerir as pessoas que já estão no nosso banco de dados. Isso também é oferecido para comunidade e

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a parte do Centro de Estudos, que é pela qual eu sou responsável. A gente tem uma biblioteca, que é bastante focada na migração, é a primeira ou a segunda maior do Brasil em relação à temática da migração. E aí quando eu falo migração é tanto internacional como nacional também. A gente tem muita coisa sobre a história dos migrantes nordestinos que vieram para São Paulo, construir a cidade de São Paulo. A gente tem muita coisa de migração internacional também, e assim, bem amplo, desdequestãode saúde, questão social, questão de trabalho, de cultura. Então também já deixo aqui o convite se vocês tiverem interesse de dar uma passadinha na biblioteca com mais calma para poder olhar. Tem muitas coisas em outras línguas também, porque a gente acompanha a migraçãoemoutroscentrosdeestudos,quesão nossos parceiros em vários lugares do mundo. Entãoagentetemcoisasemfrancês,eminglês, em espanhol e todo mundo pode acessar também. Como Centro de Estudos a gente tem muitos dados, a gente ajuda a prefeitura a fazer e elaborar políticas públicas para Imigrantes. Então a gente faz esse trabalho de incidência política também e como organização social de fiscalizar, organizar e também de estar muito perto do poder público analisando o que tem

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para as pessoas que estão aqui na Casa do AMigrante.gentetem

sido feito nas questões de políticas públicas para os Trazendoimigrantes.jáumpouco sobre isso, foi assinado no ano passado um plano Municipal de Políticas Públicas para Imigrantes. Nós como Centro de Estudos, estamos estudando esse plano que tem oitenta ações bem específicas, com eixos diferentes, um falando de trabalho, outro de diversidade e tal, mas todas as ações foram desenhadas e a gente está estudando como nós quetrabalhamos dooutrolado,como instituição católica, mas também instituição de organização social, podemos fazer para ajudar a esse plano ser concretizado, porque ele é assinadopelaprefeitura, mastodos os cidadãos são responsáveis por efetivar isso. Então a gente como trabalha com isso há muito tempo, estamos em conversa com a Cáritas, que também trabalha com isso, e com Cetras, que também são as instituições de ordem religiosa que trabalham com esse tema, para se dividir e se organizar o que cada uma vai fazer. Esse plano fica vigente até 2024, então a gente tá pensando como que a gente vai trabalhar esse plano e como que a gente vai ajudar ele ser realizado. Eu quis falar isso porque isso é um marco dentro da questão migratória, ter um plano municipal e a gente é responsável por fazer isso acontecer. Como o Centro de Estudos a gente também faz muitos seminários, congressos, temos parceria com a USP com a Unicamp, com algumas

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universidades de fora também, para fomentar um pouco essa discussão da xenofobia, do racismo. Então todos os assuntos ligados a questão de fronteira, até de geopolítica, a gente tá sempre em cima e sempre trocando muitos com os nossos parceiros.

tem as atividades normal da igreja, porque a gente fala tanto da Missão Paz e às vezes a gente esquece que faz parte da igreja católica. Então a gente tem missas em inglês, em francês, em espanhol, para tentar cobrir todas as nacionalidades que frequentam aqui nossa paróquia. Os padres costumam dizer que para igreja não existe imigrante, todo mundo é ser humano e todo mundo precisa ter esse acalento, esse suporte da igreja. Então a gente recebe todo mundo. Temos catequese, batismo, tem muita demanda dos latinos, dos bolivianos, então é uma comunidade que frequenta muito a nossa paroquia. E essa é a parte mais religiosa, digamos assim. Tem isso também, acaba que são coisas meio divididas, a Missão Paz e as coisas da igreja, mas como a gente é um braço dessa paróquia a gente tem um pouquinho de tudo.”

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De forma geral é assim que tão estruturado, tem a casa do migrante, tem os serviços que a gente oferece para comunidade, temos esse Centro de Estudos, que essa parte mais é de projetos internos que não tá ligado ao público, mas tá na sua parte mais estratégica digamos Aassim.gente

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O que te motivou a se mobilizar com a causa migratória?

Existe algum pré requisito ou uma triagem para os refugiados serem recebidos no projeto?

“Eu estudei Relações Internacionais, então desde sempre fui muito curiosa em relação a essa parte da cultura mesmo, da diversidade cultural de cada país. Entrei como voluntária aqui na Missão Paz, e logo em seguida, surgiu essa oportunidade para cuidar do Centro de Estudos e eu entrei. Acho que a principal motivação foi um senso de responsabilidade mesmo, de entender que todo mundo faz parte dessaconstruçãosocial e deintegrar as pessoas na nossa sociedade.

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“Não, não existe triagem, a gente é bem aberto. A gente recebe todas as nacionalidades e todas as religiões, porém a gente não tem uma estrutura ideal para receber, por exemplo, grávidas, porque a gente tem muita escada. A gente não tem essa parte de acessibilidade ainda construída aqui, porque é uma construção muito antiga. Então a gente até recebe quando não tem outra opção, mas não é uma coisa que a gente gosta muito, porque sempre tem algum risco. Mas a gente não tem nenhuma restrição, pode chegar qualquer pessoa de qualquer lugar.”

Penso que em vez de excluir, é mais interessante a gente receber essas pessoas, porqueelesestãoprecisandodeajudaagora,no outro momento pode sera gente. Acho que tem uma questão de empatia que faz a gente se colocar no lugar do outro e imaginar como que

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é estar nessa situação. E essa responsabilidade de agregar, de tentar não ficar no assistencialismo também, de ficar ajudando os coitadinhos, a gente não enxerga o migrante como coitadinho, muito pelo contrário, a gente vê como eles são guerreiros e corajosos de conseguir sair de um país, que as vezes estão em guerra ou estão sendo perseguidos, para alcançar uma vida melhor e mais digna para sua Entãofamília.agente quer mais é emponderá los, que eles tenham força suficiente interna para conseguirterumavidamaisindependente,sem contar com a nossa ajuda de cesta básica e tal, que é necessário hoje, mas a gente torce e tenta trabalhar de uma forma que eles consigam ser independentes. Então a minha motivação foi muito uma responsabilidade social, de entender que todos essas fronteiras que a gente desenha, que o ser humano desenhou de território, isso foi uma coisa criada pelo ser humano, mas o ser humano ele é livre para ir para qualquer lugar. A gente tem que receber essas pessoas, a gente não está fazendo um favor, do mesmo jeito que a gente quer estudar fora, quer ter outras oportunidades, essas pessoas também. Então acho que quando a gente enxerga de igual para igual, muda um pouco a nossa percepção do outro, e o que é diferente, pode ser muito bem aproveitado, com a cultura que eles trazem, a bagagem cultural que eles têm, isso serve para

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“A primeira coisa que esbarra de dificuldade é a língua portuguesa, porque falar a língua local é essencial para que eles consigam se integrar de verdade na sociedade. Mas eu acho que tem uma questão da xenofobia muito forte, esse preconceito contra os imigrantes que dificulta muito a vida deles. Por exemplo, eles vão abrir uma conta no banco, muitas vezes o banco não aceita o documento que eles têm, que é oRNN. Ou as vezes vão para UBS solicitar um serviço de saúde e existe uma barreira, ou às vezes não aceita o documento, tem uma série de bloqueios. Então acho que o mais importante agora, é a gente fazer uma educação na própria população brasileira de todas essas instituições e órgãos que atendem os imigrantes, para eles não sofrerem mais essas dificuldades, porque já é difícil chegar no país que você não fala a língua. mais difícil fica ainda se as pessoas dos órgãos públicos não têm uma escuta, não tem uma capacitação para atender essas pessoas. Eu sinto que existe uma dificuldade muito grande do poder público, ou aliás, de todo mundo, de capacitar, de ter pessoas que saibam lidar com essas questões de imigração e trate os imigrantes como seres humanos dignos de receber aquele serviço. Então essa é uma preocupação que eu tenho e por isso que a

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diversificar e ampliar o nosso repertório de cultura, então acho que vai mais nesse sentido.”

Na sua visão, quais são os maiores problemas que os refugiados encontram aqui?

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Eu acho que pra eles também é muito difícil a questão do trabalho, porque já tem esse preconceito. Então muitos e cuidados chegam um diploma de arquitetura, de engenheiro e falam várias línguas, muitos que falam francês, inglês e mesmo assim eles não conseguem trabalhar. Então acho que também no setor privado, a gente precisa fazer um trabalho de conscientização e sensibilização é para que contratem essas pessoas e enxerguem como pessoas dignas e capazes de fazer trabalhos administrativos, trabalhos de ponta, não só ficar com sub emprego. Eu acho que essa é uma grande dificuldade que eles têm também.”

Quais são os maiores desafios que a Missão Paz enfrenta nesse processo de ajudar os refugiados?

gente trabalha tanto aqui no Centro de Estudos nessa questão da xenofobia tal e trabalhamos muito para tentar também capacitar os serviços, para que eles também possam entender essa situação e receber os imigrantes de uma forma decente.

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“A gente tem uma questão financeira que não é sempre fácil, porque nós trabalhamos sempre com doação, a gente recebe doação de pessoa física principalmente. Eu sinto que tem muita dificuldade de dar andamento aos projetos porque como as vezes tem dinheiro e às vezes não tem, a gente fica limitado nessa questão de implementar novos projetos. Eu vejo que tem uma dificuldade também, no dia a dia de gerenciar a casa do migrante, por exemplo, porque tem muita rotatividade, então todos os

problemas que a gente tem de gerenciar uma casa abrigo, você imagina que as vezes tem 100 pessoas no abrigo, de várias nacionalidades, as vezes 30 nacionalidades diferentes. Então é claro queorganizar isso não é uma missão fácil. Eu acho que tem uma dificuldade também de ter muita gente para ser atendida e poucas pessoas da equipe, isso também por uma questão de recurso financeiro. Nós temos apenas duas assistentes sociais aqui e a comunidade, principalmente agora nesses últimos tempos de pandemia, está precisando muito de apoio de cesta básica, de dinheiro para o gás, de vale transporte, então a gente também tem que falta de gente né para atender. O ideal é que a gente pudesse aumentar esse quadro, mas também não tem dinheiro, então a gente fica um pouco limitado. Eu acho que uma outra dificuldade, falando pessoalmente e não como instituição, é uma dificuldade também de você conseguir separar o que é a pessoa, a dificuldade dela, e o quanto agentepodefazerdentrodasnossascondições. Porque muitas vezes a gente acaba se envolvendo com a história, porque a gente ouve do início, como é que foi chegar aqui, como é que eles chegaram e sabe que a família tá um pouco, aqui um pouco lá, e como que a gentefazparaorganizaresseencontrofamiliar. É quase que impossível a gente não se conectar de uma forma mais pessoal. Então pessoalmente eu tenho toda essa questão

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Na sua opinião, porque os estereótipos e preconceitos ainda são tão presentes quando o assunto é refúgio?

sempre muito ativa na minha mente, para não cair também nessa questão mais emocional mesmo, porque aí sim a gente não consegue fazer nada, porque são questões muito fortes, são histórias de perseguição religiosa, política, então é muito difícil para quem trabalha com isso não se envolver, a ponto de a gente ficar depressivo, sem motivação para continuar o trabalho. Então essa é uma dificuldade pessoal que eu tenho, que eu preciso ficar sempre atenta para conseguir dividir as coisas e não entrar no fluxo de tristeza, de tem justiça também porque a gente vê muita gente com muitas coisas e muita gente com pouco, então isso para mim pessoalmente é um desafio. Mas é isso assim, quando a gente vê o todo e ver a sementinha que a gente tá plantando, daqui uns 30 anos vale a pena, eu sempre foco nisso para continuar a força que dá no dia a dia.”

“Eu acho que é um pouco daquilo que eu falei de educação. Eu acho que a gente deveria trabalhar um pouco nessa pauta migratória dentro das escolas, para os professores e para os alunos também, para eles entenderem a situação do que é refúgio, do que é a migração, porque eu entendo que os estereótipos são criados por que a gente não trabalha isso desde cedo, então se a gente tivesse na formação primária essa questão da migração, talvez esses adultos não se tornariam pessoas preconceituosas. Então eu

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Como você enxerga a cobertura midiática sobre o refúgio?

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diria que tem muito esse estigma, sei lá, de estão vindo roubar nosso emprego, já tem muita gente pobre não vou me ajudar pessoas que vêm de fora, eu acho que isso é um trabalho de educação básica que todo mundo deveria ter essa escolinha básica de preconceito, de migração e refúgio para abrir um pouco a cabeça e tratar outra pessoa como um ser humano como somos nós, não trata ele como uma pessoa inferior.”

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“Aqui na Missão Paz os padres são bem cuidadosos em relação a essa questão da mídia, porque às vezes a gente abre para fazerem entrevistas, gravarem aqui internamente os nossos processos e acaba saindo na mídia uma coisa também bastante estigmatizada, de é um coitado e tal, e isso não ajuda. É claro que eles estão numa situação vulnerável, mas eu acho que a mídia poderia trabalhar um pouco mais estrategicamente para puxar essa bandeira em um outro sentido, não só de ficar só como se o Brasil tivesse só ajudando essas pessoas, trazer o migrante em um outro lugar, mas isso eu acho que é um processo lento também. Eu acho que tem picos também da mídia estar muito olhando para isso, dependendo da questão geopolítica que está acontecendo. Então agora que teve o problema no Talibã, a gente já começou a conversar com outras pessoas para ver se precisaríamos nos

Diário de campo

Desde o início do ano, pensei em realizar o TCC abordando algum tema que precisasse de mais visibilidade, justamente por enxergar o jornalismo como uma importante e potente ferramenta para evidenciar assuntos que precisam estar em pauta. Ao acompanhar algumas matérias sobre o agravamento da crise migratória dos refugiados, decidi abordar essa temática.Com esta decisão já tomada, soube que os trabalhos seriam mesclados em grupos, e assim surgiu o primeiro desafio. Cheguei a acreditar que não conseguiria encaixar o projeto

organizar internamente, pra de repente receber algumas pessoas de lá, e aí a mídia cai em cima quando tem esses eventos grandes, mas durante o ano quase que não se vê. Não temos nem ajuda e nenhuma pessoa interessada em falar de uma forma mais aprofundada sobre o que acontece nos bastidores, são sempre manchetes e coisas muito específicas, o dia internacional do refugiado, ai vem um monte de gente, mas eu acho que falta um pouco essa sensibilidade de um trabalho um pouco mais profundo em relação à migração, mas também tenho esperança que as pessoas que estão se formando agora tenham um olhar mais sensível e mais social para que a gente possa trabalhar juntos né, o que vai para fora, o que que a gente divulga nessa questão de refúgio.”

Repórter: Thifany Fernandes

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No geral, o grupo também encontrou dificuldades com fontes e atrasos, mas com o auxílio do Prof. Me. Antonio Assiz conseguimos manter a calma e encontrar soluções para os problemas.Opróximo passo foi a montagem da reportagem. O encaixe do roteiro foi complicado, e após passar por várias versões chegamos a um resultado que pudesse unir bem os temas. Fiquei responsável pela edição e produção. Realizei boa parte desse projeto pelo celular, o que dificultou muito o processo. Apesar de todos os obstáculos conseguimos concluir.

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Ao dar início ao projeto experimental, me deparei com mais uma barreira, que foi conseguir fontes. Tentei diversos refugiados e projetos, sem respostas. Depois de muita pesquisa, cheguei ao sírio Abdul, por meio de redes sociais. Prontamente, ele me respondeu e após dois dias já estávamos gravando a entrevista.

com outros temas, mas no núcleo de televisão, me uni com a Luana, que aborda a fome, Brenda, que retrata os moradores em situação de rua e Tatiane, que fala dos projetos sociais de escolas de samba. Apesar de cada uma trazer uma temática diferente, com a ajuda da Prof° Dra. Mirian Meliani, percebemos que todas nós estávamos interligadas pelo social, e assim, encontramos um eixo de abordagem para nossa reportagem: projetos sociais que trabalham para incluir e fazer a diferença na vida desses grupos.

Consegui contato também com a instituição Missão Paz. Antes da entrevista, eles me convidaram para fazer uma visita. Fui ao local e tive uma recepção maravilhosa, conheci cada espaço e pude saber mais sobre os projetos que eles realizam. No entanto, não era permitido filmar, por uma questão de segurança. Após alguns dias, realizei virtualmente uma entrevista com a Isabela, que cuida do Centro Migratório da Missão Paz. Apesar de não ter capturado imagens internas no dia da visita, eles cederam algumas para serem usadas na reportagem.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Fase do estudo fe v/ 1 9 m ar /1 9 a b r/ 1 9 m ai /1 9 ju n/ 1 9 ju l/ 1 9 a g o/ 1 9 se t/ 1 9 o ut /1 9 n o v/ 1 9 Leitura de ApuraçãoRealizaçãoreferênciasdeentrevistasdeinformações

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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ETAPAS JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO APURAÇÃO E LEITURA REUNIÃO DE BANCAENTREGAREUNIÃOREVISÃOEDIÇÃOROTEIROPRÉDECUPAGEMREUNIÃOENTREVISTAS/APOIOCAPTAÇÃOENTREVISTASCONFIRMAÇÕESFONTESREUNIÃOPROCURAALINHAMENTOPAUTADEPAUTASDASFONTESDERESULTADOSDASDEDEIMAGENSDEGRAVAÇÕESDEMONTAGEMROTEIROFINALEMONTAGEMFINAL

Redação

do livro Revisão do Diagramaçãolivrodo livro Impressão do livro

CRONOGRAMA EM GRUPO GRANDE REPORTAGEM 2º SEMESTRE 2021

65

Microfones de lapela 3 18,00R$ 54,00R$

Notebook 1 2.9000,00R$ 2.9000,00R$

Impressão encardenaçãoe Papers (Reservado) 4 R$ 80,00 32R$0,00 Total 65 / R$ 3.919,00

Transporte Privado 12 15,00R$ 180,00R$

Transporte Público 30 4,R$40 1R$32,00

Ring Light + tripé (grande) 1 88,00R$ 88,00R$

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B) INVESTIMENTOItem

Quantidade unitárioValor

66

Valor Total

Livros 3 25,00R$(média) 75,00R$

Alimentação 10 15,00R$ 150R$,00

Ring Light + tripé (pequena) 1 20,00R$ 20,00R$

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C) ANEXOS

67

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