GABRIELA ALVES CUERBA SERRA
PÚBLICO: uma análise crítica do discurso da revista Claudia on line
CURSO DE JORNALISMO
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
LINGUAGEM DE REVISTAS FEMININAS COM O
São2021Paulo
LINGUAGEM DE REVISTAS FEMININAS COM O
PÚBLICO: uma análise crítica do discurso da revista Claudia on line Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.
GABRIELA ALVES CUERBA SERRA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
São2021Paulo
A minha eterna gratidão a Monja Coen, que em uma conversa dentro do Táxi, contou para mim sobre o parto humanizado e eu fiquei maravilhada com todas as sábias palavrasdela. Senão fossepelaMonja, a ideiapara esseTrabalho deConclusão deCurso, focado em disseminar o conhecimento de que existem casas de parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS), não teria florescido tão bem. Conversar com ela abriu minha mente para esse lindo tema social, com foco nas mulheres periféricas.
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por todas as oportunidades incríveis que me concedeu ao longo dessa trajetória. Também, a minha mãe Iracema, meu pai Marcos e aos meus irmãos Iasmim e Felipe que, lá no início, ajudaram a tornar possível o meu maior sonho: ser jornalista. Sem eles, não teria condições de ingressar no Ensino Superior, que só um ano depois, pude sustentar com os meus próprios esforços, por meio de um estágio na área de Assessoria de Imprensa.
Especialmente, o meu muito obrigada a minha orientadora, Profª Draª Mirian Meliani, por me direcionar no caminho certo. Sem o olhar cuidadoso dela, talvez essa pesquisa não teria tomado a forma que tem hoje.
AGRADECIMENTOS
Agradeço igualmente as minhas amigas, Estela Aguiar, Mônica Moreira, Priscila Ferreira e, claro, a todos que fazem parte do grupo Rede de Apoio, por realmente me apoiar em cada etapa dessa graduação e proporcionarem momentos inesquecíveis. Vocês foram fundamentais para que eu continuasse firme nessa jornada.
Por fim, obrigada a todos e todas que passaram pela minha vida e, de alguma forma, plantaram sua semente em mim e fez com que me tornasse quem sou: uma versão melhor a cada dia.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 APRESENTAÇÃO 7 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO .........................................................9 RESULTADOS 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................21 REFERÊNCIAS .........................................................................................................23 APÊNDICE 24 A) Produto Experimental ..........................................................................................24 B) Transcrições das entrevistas 40 C) Diário de campo: registro semanal e resumo dos acontecimentos 44 D) Cronograma de Execução.....................................................................................48 E) Investimento 48 F) Outros produtos da pesquisa................................................................................49
1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.
2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: gabriela.a.cuerba@gmail.com
RESUMO
Nesta pesquisa analisamos como as revistas femininas digitais dialogam com os leitores, para quais públicos alvo escrevem e se atingem as mulheres da periferia de São Paulo. O estudo foirealizado a partir da análise crítica do discurso da Revista Claudia on line, com base em duas matérias da editoria de saúde feminina, com enfoque em pautas sobre maternidade, parto humanizado, atuação de doulas e violência obstétrica sendo elas notícias de 2020. Também, ao estudar a forma que essa linguagem é construída, percebemos se há naturalização do discurso quando apresenta dominância ou desigualdade social. Em paralelo, compreendemos de que forma a interseccionalidade é inserida nas reportagens, ou seja, quando há discussões de gênero, classes sociais e, eventualmente, representatividade raciais.
Linguagem de revistas femininas com o púbico: Uma análise crítica do discurso da revista Claudia on-line1
INTRODUÇÃO
Os cuidados com a gestação redobraram durante a pandemia da Covid 19, pois para evitar os hospitais lotados, muitas gestantes recorreram ao parto humanizado sem sair de casa, com acompanhamento de doulas e especialistas, em casas de parto especializadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou particulares. No entanto, muitas pessoas ainda desconhecem a existência do parto humanizado gratuito, sendo um dos maiores impeditivos a falta de acesso à informação. Para elucidar o fato, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ainda é o país onde a cesariana corresponde à maioria dos nascimentos, totalizando cerca de55% dos partosemterritório nacional. O índice é 40 pontos percentuais acima do recomendado pela OMS, que considera aceitável até 15% dos partos feitos por cesárea, pois esse procedimento pode colocar em risco a saúde da mulher, já que corre muito mais perigo de morte da gestante, além de contrair algum tipo de infecção pós parto.
PALAVRAS CHAVE: análise do discurso; revista Claudia on line; mulheres da periferia; classes sociais; saúde da mulher em revista feminina.
Gabriela Alves Cuerba SERRA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
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Neste contexto, para viabilizar estas pautas, se faz necessário a inclusão de mais temáticas plurais que abranjam diversos tipos de mulheres brasileiras, principalmente dentro das editorias de saúde e maternidade nas revistas femininas clássicas, como é o caso da Claudia objeto central deste estudo. Isso aumentará a democratização da informação para elucidar dúvidas e possibilitar o entendimento quanto ao parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde.
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Ainda, durante esses partos, muitas mulheres também podem sofrer violência obstétrica, principalmente as pertencentes às classes C e D, por não terem informações necessárias sobre como identificar uma violência e, muito menos, que podem reivindicar o direito do parto humanizado em casas de parto do SUS (que são totalmente gratuitas), e acabam recorrendo a cesarianas ou ao parto normal em hospitais não especializados no procedimento humanizado. Como fora supracitado, muitas vezes, essas desinformações acontecem porque as mídias segmentadas massivamente para mulheres, como é o caso de revistas femininas, acabam abordando menos o assunto de parto humanizado gratuito ou traz apenas matérias pagas sobre o assunto o que impede o acesso das mulheres periféricas, ou seja, as que não conseguem assinar um veículo de comunicação, estão em estado de mais vulnerabilidade e precisam de informação.
Desta forma, esta pesquisa buscou responder como a revista feminina Claudia on line dialoga com o público leitor, e se as matérias da editoria de saúde feminina, especialmente sobre maternidade e parto, chegam nas mulheres da periferia; e se não chegam: por que isso ocorre? O que está impedindo essas notícias de chegarem na figura feminina interseccional? E, claro, se a Claudia deseja dialogar com mulheres que não estão inseridas na elite brasileira. Essas são questões que investigamos por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) e, também, com base na teoria do Newsmaking, que ajudou a entendermos porque as pautas são segmentadas da forma que são, além de auxiliar no entendimento do valor notícia dentro das três matérias selecionadas do portal de notícias da Claudia no ano de 2020, sendo elas de março e maio.
Para dar o aporte necessário a esta investigação como essas reportagens jornalísticas são feitas e porque chegam apenas em um determinado tipo de leitor, analisamos criticamenteo discurso empregado nas matérias com base na análise proposta por Teun A. van Dijk (2017) e Norman Fairclought (2001). Também, para compreender cada etapa desta apuração, utilizamos pensadores e teóricos como: Jesús Martín Barbero (1997); Mauro Wolf sob explicação de Nelson Traquina (2008) e Felipe Pena (2020);
Conteúdo disponível em: https://bit.ly/midiakit2021claudia. Acesso realizado em 28/09/2021.
Pois, quando setratadessesgrandes veículos como éo caso daClaudia, aspautas são centradas em um determinado meio social, principalmente nas classes elitizadas, como aponta o mídia kit de 20213. O material revela que 81% dos que consomem a assinatura dupla da Revista Claudia, no caso impressa e on line, são mulheres e, dentro das novas assinantes, 74% fazem parte da elite brasileira e são donas de negócio, além de viverem em espaços urbanos e confortáveis.
Esta pesquisa surgiu da hipótese de que a imprensa feminina, principalmente as revistas clássicas como a Claudia, não atingem mulheres da periferia, porque se preocupam apenas em trazer pautas voltadas ao público de classe média e alta que assinam o portal de notícias e/ou a revista impressa. Ou seja, a pauta já “nasce” direcionada para o perfil ideal dos leitores que consomem as matérias pagas o que está igualmente ligado aoscritériosdenoticiabilidade , porisso aausênciadepautas voltadas diretamente à Ainda,periferia.pensando na problematização deste estudo, já citado anteriormente, também trouxemos com base na Teoria do Newsmaking mais uma hipótese para a falta de representação da mulher plural nas matérias aqui analisadas: para chegar neste determinado público, as notícias dependem da iniciativa dos jornalistas e de demandas da sociedade, e elas acabam se tornando produtos do sistema cultural em que são produzidas(PENA, 2020, p.133).Nestecaso, necessitamter osegmento idealparaatingir aqueles que vão consumir as pautas, seja por aproximação geográfica, cultural ou social.
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Com uma análise crítica do discurso também foi possível desvendar quais figuras femininas a Claudia utilizou como fonte para compor as matérias, se houve pluralidade
APRESENTAÇÃO
Isso revela, ainda que inicialmente, que a maior parte das leitoras não fazem parte das periferias, o que evidencia a importância da análise crítica do discurso sobas matérias da editoria de saúde feminina (parto e maternidade), da Revista Claudia no ambiente digital, presente neste estudo, e também, a pesquisa qualitativa aplicada, por enquete de Google Forms, em 97 mulheres residentes das periferias. Dessa forma, desvendamos até que ponto ela escreveu apenas para o tipo de mulheres pertencentes às classes A e B
Leonel Aguiar (2009); Marília Scalzo (2011); Nilson Lage (2019); Patricia Hill Collins (2021), entre outros.
Ao pensarmos na segmentação, Scalzo (2011, p.16) explica que a revista é “uma comunicação de massa, mas não muito”, pois se a segmentação passa a abranger enormes públicos, difíceis de distinguir, a revista pode correr perigo de “extinção”, por isso, a delimitação do público é necessária, mas ainda não justifica a ausência da representatividade da mulher das periferias.
8 social e racial e se a revista igualmente abre espaço para diálogos com as mulheres residentes da periferia e como retratama pluralidade feminina que neste caso, foiusado da análise da interseccionalidade, ou seja, "a interseccionalidade investiga como as relações interseccionais depoder influenciam asrelaçõessociaisem sociedades marcadas pela diversidade, bem como as experiências individuais na vida cotidiana." (COLLINS; BILGE, p.16). E, consequentemente, se essas matérias apresentavam linguagem apropriada que dialoga com as classes C e D e se foram ou não veiculadas de forma gratuita para livre acesso que neste caso, todas eram exclusivas para assinantes do on line, dificultando a democratização da informação sobre saúde feminina Ainda, ao relembrarmos quem são as leitoras de Claudia apontadas no Mídia Kit, podemos detectar um padrão não só deste veículo, mas sim, da maioria das revistas destinadas às mulheres. De acordo com a professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, Tania Navarro Swain (2001, p. 71), "o público alvo é a mulher de classe média, jovem, com um certo nível de instrução e renda, cujas preocupações e interesses são presumidos nos apelos publicitários e nos temas desenvolvidos”. Ainda para Swain (2001), esse padrão é visto comumente nas revistas femininas de renome como Claudia, TRIP e Marie Claire, que são marcadas por uma mulher idealizada pelos meios dePorcomunicação.isso,buscamos entender o motivo das revistas femininas ainda negligenciarem a diversidade da mulher brasileira dentro das matérias de saúde (sobre maternidade) e, porque, com o passar dos anos, elas mudam a segmentação do público alvo, mas repetem as mesmas fórmulas de fazer jornalismo, como aponta Marília Scalzo: Hoje, as grandes revistas femininas seguem modelos muito parecidos e, apesar de cada uma olhar para um tipo específico de mulher o seu público , repetem fórmulas e cobrem mais ou menos o mesmo universo. Por outro lado, a segmentação faz nascerem filhotes também na imprensa feminina. (SCALZO, 2011, p.35)
Para complementar o que fora supracitado sobre saúde feminina nas revistas, pautar a gestação e parto nas favelas é de suma relevância na vida dessas pessoas. Uma vez que a informação pode mudar as relações, as performances e contribuir para que
Incluímos, ainda, o pensamento proposto por Jesús Martín Barbero, teórico dos estudos culturais, que analisa como a recepção midiática ocorre para as pessoas que recebem e decodificam as informações da imprensa. Segundo Martín Barbero (1997), este processo da recepção da mensagem é mediado por práticas rotineiras que estão inseridas dentro de um contexto social e cultural do sujeito que recebe a notícia. Essas práticas estão constantemente presentes nas interpretações queos receptoresfazemde um conteúdo midiático transmitido pela imprensa.
Para ser noticiável, o acontecimento deve ser significativo; isto é, suscetível de ser interpretado no contexto cultural do leitor. Associado a esse fator está o valor notícia da proximidade, sobretudo em termos geográficos, mas também em termos culturais. (AGUIAR, 2009, p. 174)
Apresente pesquisa analisa criticamente as matérias de maternidade sobre parto na editoria de saúde da Revista Claudia on line. Para dar embasamento ao estudo, e o aporte teórico necessário para compreendermos como as revistas femininas escolhem suas pautas e, consequentemente, dialogam com o público leitor, utilizamos a teoria do Newsmaking e os critérios de noticiabilidade propostos por Mauro Wolf sob explicação de Nelson Traquina (2008) e Felipe Pena (2020) em termos de relevância, influência do interesse de pessoas envolvidas e proximidade geográfica, cultural e social. Para aplicação e entendimento desta teoria no meio digital, utilizamos também a análise feita por Leonel Aguiar (2009), extraída do livro Jornalismo on line: modos de fazer.
No entanto, com base no Newsmaking, para que essas mensagens ou informações cheguem a determinados públicos, as notícias também dependerão da iniciativa dos jornalistas e de demandas da sociedade, que acabam se tornando produtos do sistema cultural que estão inseridas, ou seja:
9 mulheres de diferentes classes possam reivindicar seus direitos quanto ao parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para que isso aconteça, é necessário que elas se informem e consumam matérias jornalísticas sobre esse segmento. Então essa pesquisa ajuda da mesma forma a entender o que impede as matérias da revista feminina Claudia de chegarem neste público e, consequentemente, como poderemos evitar o mesmo erro no futuro.
REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO
Além desses critérios de noticiabilidade pré determinados, que implicam diretamente no não interesse em trazer mais pautas sobre saúde feminina para os diferentes meios sociais, esse fator está interligado coma segmentação de conteúdos para um determinado público leitor. Isso também atrapalha o processo das classes C e D receberem as notícias presentes dentro das revistas femininas clássicas, como é o caso da Claudia, que de acordo como seu Mídia Kit de 2021, já citado nesta pesquisa, detém74% de novos assinantes pertencentes a elite brasileira, logo, entendemos que as pautas serão segmentadas para a classe A e B, não visando abarcar a interseccionalidade social das mulheresPorém,periféricas.segundo Marília Scalzo (2011), essa segmentação, por mais que não abranja todas as classes, é necessária, pois: “quando atingem públicos enormes e difíceis de distinguir, as revistas começam a correr perigo”, por conseguinte elas passam a ter muito mais demandas, entram em crise e podem deixar de existir por serem “vítimas de seu próprio gigantismo” (p. 16). Mas até que ponto é vantajoso as revistas digitais clássicas não abrirem espaço para pautas que trazem a figura periférica em meio a transformações culturais e sociais?
Sendo assim, uma das hipóteses a ser colocada em xeque e analisada minuciosamente com o apoio dos teóricos citados, é que a falta de narrativas complexas
Essa teoria, embora não tão atual, ainda ajuda a moldar esses meios de produção da notícia e, consequentemente, leva em consideração apenas os critérios de noticiabilidade que podem limitar o enquadramento do que "vale ser noticiado", o que afeta os leitores no momento em que se deparam com a matéria a ser decodificada:
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Para Wolf, os valores notícia de seleção referem se aos critérios que os jornalistas utilizam na seleção de acontecimentos, isto é, na decisão de escolher um acontecimento como candidato à sua transformação em notícia e esquecer outro acontecimento. (TRAQUINA, 2008, p.78)
Pois, ao nos depararmos com os conteúdos veiculados na mídia sobre o parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS), é possível notar que quase sempre está associado a uma narrativa que muitas vezes não corresponde a sua total amplitude; este é um ponto que refletimos sobre o que a mídia mostra como realidade e o que é verossímil. Já que esse recurso gratuito oferecido pelo SUS, ainda não é de conhecimento comum de muitas das mulheres que vivem nas regiões periféricas, fato este que observamos na pesquisa qualitativa aplicada por enquete para 97 pessoas do gênero feminino que estão fora da elite, números estes que serão vistos mais à frente neste artigo.
A Análise Crítica do Discurso (ACD) é um tipo de investigação que estuda, em primeiro lugar, o modo como o abuso do poder social, a dominância e a desigualdade são postos em prática, e igualmente o modo como são produzidos e o modo como se lhes resiste, pelo texto e pela fala, no contexto social [...] os analistas críticos do discurso tomam uma
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sobre o parto humanizado pode cercar a visão das leitoras sobre o processo, como: o que ele representa, qual sua importância para as mulheres, como reivindicar esse processo, a emancipação da maternidade, entre outros. Outro ponto considerado é o símbolo trazido pelos jornalistas ao retratar a maternidade, o que pode influenciar os olhos de quem lê. Pois, também existe um excesso de notícias em que a maternidade está relacionada, muitas vezes, à violência obstétrica sem considerar sua complexidade e as outras formas de partos que são menos invasivos como o caso do humanizado , isso pode reforçar ideias superficiais que colocam o parto como antagonista da saúde feminina.
Embora cada mentehumana individualconstrua seuprópriosignificado interpretando em seus próprios termos as informações comunicadas, esse processamento mental é condicionado pelo ambiente da comunicação. (CASTELLS, 2013, p. 15)
Esses processos de construção simbólica dependem vastamente das “mensagens e estruturas criadas, formatadas e difundidas nas redes de comunicação multimídia” (CASTELLS, 2013, p. 11) e que apesar de as informações recebidas serem processadas e interpretadas individualmente, estarão eventualmente condicionadas ao ambiente de comunicação, ou seja, estarão também submetidas ao ambiente midiático em que estão inseridas.Também, para auxiliar a construção do produto final do presente trabalho, utilizamos a pesquisa qualitativa para o aprofundamento e compreensão do objeto de estudo. Desta forma, entendemos como é feita a construção da linguagem empregada nas matérias da editoria de saúde feminina na Revista Claudia no ambiente digital. Com a análise crítica do discurso, desvendamos como o diálogo empregado neste objeto nem sempre atinge as mulheres da periferia, se ocorre casos de desigualdade social ou se trazempautascomrepresentatividadequeabrangemestepúblico leitor. E, claro, paraque a problematização desta pesquisa seja desvendada apropriadamente, buscamos entender como se dá a análise crítica do discurso, como aponta o linguista Teun A. van Dijk:
Contudo, para Manuel Castells (2013), existe uma característica comum para todos os processos de construção simbólica emitidos pela mídia:
Além dos autores supracitados, para auxiliar esta análise e embasar a pesquisa aqui realizada, utilizamos também os autores Helena Brandão (2006), Nilson Lage (2019), Norman Fairclought (2001) e Patricia Hill Collins e Sirma Bilge (2021).
12 posição explícita e querem desta forma compreender, expor e resistir à desigualdade social. (DIJK, 2017, p. 28)
Foi utilizado também o método de pesquisa quantitativa, o qual utilizamos uma enquete por meio do Google Forms e atingimos 97 mulheres viventes das periferias, principalmente em São Paulo, mas não restritamente apenas a região. As perguntas aplicadas nos direcionaram para saber quantas conhecem as casas de parto humanizado do Sistema Único de Saúde (SUS); se sabem o que é esse método e/ou já viveram essa experiência; se leem matérias jornalísticas sobre saúde e em quais plataformas. Também, entre os questionamentos, foi perguntado se elas tiveram acesso às matérias aqui analisadas e se essas possuíam linguagem de fácil acesso e, consequentemente, se sentiram bem informadas com essas notícias. E, ao colocar em prática utilização deste método, entendemos que:
Essa medida visa à ampliação da possibilidade de enfoque do tema abordado. Para isso, podem se utilizar fontes secundárias, ou seja, dados já disponíveis de outros estudos, outras instituições de pesquisa ou outros documentos diversos. Caso a temática seja recente ou pouco explorada, podem se, ainda, utilizar dados primários a partir da realização de focus groups [...] Essa prática é particularmente recomendada para a elaboração das questões que integrarão o instrumento de pesquisa. (DUARTE; BARROS (Org.). 2006, p. 167, p. 168)
Inicialmente, antes de trazermos as análises críticas de discursos das três reportagens sobre maternidade, publicadas no portal da revista Claudia em março e maio de 2020, é importante contextualizar a realidade desse veículo midiático e ressaltar que
RESULTADOS
Esta análise crítica do discurso foiaplicada às matérias de maternidade, gestação e parto humanizado, presentes nas notícias disponibilizadas no site da Revista Claudia on line, sendo elas: uma publicada em março de 2020, e outra em maio do mesmo ano. Com isso, conseguimos desvendar as problemáticas de pesquisa presentes neste estudo, por meio dos dois discursos analisados adiante.
Com os aspectos estudados, conseguimos produzir novas informações e reflexões que, empartes, comprovaramas hipóteses anteriormente apresentadas, principalmente de que as pautas da Claudia são designadas apenas às classes A e B, ou seja, para aqueles que assinam a revista e, muitas vezes, essas notícias não chegam na mulher periférica.
Quando falamos alta e baixa renda, 'A' é uma classe muito, muito elevada e 'B' é uma classe média, não é exatamente uma mulher de baixa renda, em uma situação vulnerável. Porque ela nem conseguiria ter acesso a um meio digital e muito menos pagar o nosso valor digital [da Revista Claudia on line], hoje a nossa assinatura digital é R$ 8,90. Parece um valor muito baixo, mas a gente sabe que é um preço que cabe no orçamento de quem ganha, pelo menos, acima de cinco salários mínimos, pois ninguém que ganha um salário mínimo vai pegar uma parte do seu dinheiro para pagar esse tipo de acesso. Então é importante destacar isso, o público chamado de baixa renda no Mídia Kit não são pessoas pertencentes às classes C e D, mas sim as do grupo B. (D'ERCOLE, informação verbal, Apêndice B, p. 41)
13 ao escrever uma matéria para uma revista, neste caso, feminina, "é preciso ter uma ideia bastante clara da publicação e do público que se quer atingir." (SCALZO, 2011). Pois, dessa forma, será útil para identificar se aquela determinada pauta terá ou não relevância e audiência para o público específico. Dito isso, vale relembrar que um dos principais focos desta pesquisa é encontrar a resposta para as seguintes problematizações: a) se por meio das notícias sobre parto a revista Claudia on line dialoga com público periférico; b) em caso positivo, como isso acontece; c) se realmente deseja dialogar com essas mulheres.Ao analisarmos detalhadamente o Mídia Kit 2021 da revista, encontramos públicos bem delimitados, assim como Scalzo (2011) diz ser necessário para ter uma revista com pautas certeiras que trazem audiência ao veículo. No entanto, como revela os dados encontrados no Mídia Kit da Claudia, quem vive em periferias está longe de ser o seu alvo de leitores, pois: 81% dos assinantes são mulheres (sem distinguir a sexualidade, como: cisgênero, não binário, transexual, intersexo, etc.) e, 74% dos novos leitores são pertencentes à elite brasileira, donos de negócios e experientes urbanos de vida confortável. Também, 56.4% são do sudeste do Brasil e 25.4% tem entre 35 e 44 anos. Já quando se trata apenas do ambiente virtual da Claudia, 45% são de alta renda e 55% são de baixa renda, com um público maior entre a faixa etária de 25 a 34 anos (30%) e de 18 a 24 (24%). Porém, em entrevista com a jornalista e repórter da Claudia, Isabella D'Ercole, ela afirma que os designados baixa renda no Mídia Kit 2021, na verdade, são pessoas pertencentes à classe B, e não podemos interpretá los como indivíduos das classes C e D sendo aqueles que vivem na periferia, em estado de vulnerabilidade e que realmente possuem renda de um a dois salários mínimos ou abaixo disso:
Isso também chama atenção para a pesquisa quantitativa, por enquete, que aplicamos para 97 mulheres da periferia residentes em São Paulo (sendo 45,4% moradoras da Zona Leste da capital) e também em outras extremidades do Brasil, em que
perguntamos se elas não fossem assinantes de nenhum veículo de comunicação, assinariam algum? Se sim, por qual valor?
Vale salientar que, atualmente, há uma variedade de pacotes de assinaturas da revista feminina Claudia, sendo eles o Digital de R$ 8,90, o mais básico somente para o ambiente on line e aplicativos da Claudia; Digital Premium + Impressa por R$ 24,90, com acesso ilimitado ao site e aplicativos de todo o grupo editorial Abril, além de enviarem a revista mensalmente ao endereço da assinante. Ou, a Digital Premium por R$ 19,90, com acesso ao site, aplicativos da revista e a todos os outros portais pertencentes a Abril. Isso evidencia que os valores cobrados para acessar as notícias disponibilizadas pela revista é um preço muito maior do que as mulheres periféricas, muitas vezes, estão dispostas a pagar, o que impede o acesso às informações cruciais para seu bem estar, como notícias sobre saúde feminina, parto humanizado, maternidade, entre outros. Porém, isso não é um problema que leitoras e revistas enfrentam só no século XXI.A discriminação acontece desde seus primórdios, como aponta SCALZO (2011, p.47). Para ela, “o maior acontecimento derevistas brasileiras nas últimas décadas se deu na estreia do Plano Real. Com a estabilidade da moeda, a população de Classes C e D experimentou um aumento real dos rendimentos e conseguiu, ainda que timidamente,
Como apontam os dados acima (Fig. 1), 39,2% não assinariam nenhum veículo de comunicação independente de seu valor, enquanto 24,7% assinariam por até R$ 9,90 e outras 21,6% apenas por um valor simbólico e não fixo. Em sua maioria, entre as 97 mulheres que responderam ao formulário, 25,8% possuem renda mensal entre R$ 500 e R$ 1.000, enquanto 32% têm de R$ 2.000 a R$ 3.000 de salário. Ou seja, são pessoas que estão entre as classes C e D, e isso sustenta a visão da jornalista Isabella D’Ercole sobre os possíveis assinantes de Claudia no ambiente digital, onde as pessoas de “baixa renda” apontadas no material, estão bem longe de ser das classes C e D.

Figura 1 Formulário de pesquisa
Fonte: elaborado pela autora (2021)
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E, de acordo com a professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, Tania Navarro Swain (2001), geralmente a segmentação das revistas femininas não abrange as classes marginalizadas pela sociedade: "o público alvo é a mulher de classe média, jovem, com um certo nível de instrução e renda, cujas preocupações e interesses são presumidos nos apelos publicitários e nos temas desenvolvidos” (p. 71).
pesquisa que aplicamos por enquete do Google Forms, direcionada a mulheres de classe C e D, em que 45,4% são moradoras da Zona Leste da capital de São Paulo, apenas uma pequena parcela (dentre todas as 97 pessoas que responderam) teve acesso às reportagens analisadas a seguir. São elas, respectivamente: “Aatuação dasdoulaspelo fimda violênciaobstétrica” e “Acoragemqueenvolveo parto durante a pandemia”. Podemos apontar que, na primeira notícia, apenas 14,4% dos participantes da enquete tiveram acesso; já na segunda, essa porcentagem cai e totaliza 10,3% e 9,3%, respectivamente, como apontam as figuras 2 e 3:
[...] conceber e manter publicações para esse mercado específico constitui um desafio histórico para os jornalistas. Uma visão preconceituosa foi responsável, em muitos momentos, por tais revistas populares tatearemno escuro. Havia, na categoria, a crença consolidada que as classes populares [C e D], ao contrário do público habitual de revistas, não daria tanta importância à elegância visual e aos textos mal escritos, pois não tinha capacidade para apreciar recursos gráficos e textos mais caprichados [...] Mesmo esse mercado tendo crescido nos últimos anos com a entrada das revistas populares, ainda é pequeno. (SCALZO, 2011, p.48)
Ainda para Swain (2001), esse padrão é visto comumente nas revistas femininas de renome como Claudia, TRIP e Marie Claire, que são marcadas por uma mulher idealizada pelos meios de Também,comunicação.conformea
15 entrar no chamado mercado consumidor." Para contextualizar essa “discriminação” com os leitores fora das elites brasileira e evidenciar que, por mais que existam veículos direcionados às classes mais populares, ainda é escasso esse mercado para os leitores periféricos, Scalzo exemplifica que:
Ou seja, na última matéria, pulicada em maio de 2020, o acesso dessas pessoas de classe C e D, apresentadas na enquete, caiu. O motivo de tal resultado é o fato de que muitas delas não têm acesso a essas reportagens por se tratarem de conteúdos pagos e, também, parte delas não se sente representada socialmente, como podemos ver a seguir. A Análise de Discurso Crítica (ACD) das matérias citadas anteriormente, demonstra que há presença hegemônica no discurso de ideologia de classes e neutralização de fontes padronizadas, o que, de certo modo, prejudica na formação de valores e opiniões dos receptores das notícias:
Figura 2 Formulário de pesquisa
Fonte: elaborado pela autora (2021)
Figura 3 Formulário de pesquisa
Fonte: elaborado pela autora (2021)


As ideologias de grupos dominantes controlam o desenvolvimento, a formação de modelos, a produção de ação e o discurso dos membros dos grupos de tal forma que o grupo manterá o poder e reproduzirá a sua hegemonia relativamente a grupos dominados como tem sido mais óbvio nos casos de classismo, sexismo e racismo. Essa dominância pode ser também exercida pelo controle dos meios de produção ideológica [...] (DIJK, 2017, p.113)
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Conteúdo disponível em: https://bit.ly/atuacaodedoulas. Acesso realizado em 08/10/2021.
Ao mergulharmos na ideia proposta pela ACD, encontramos na primeira matéria “A atuação das doulas pelo fim da violência obstétrica”4, publicada em 10 de março de 2020, pelas jornalistas Esmeralda Santos e Bárbara dos Anjos Lima, uma série de
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Segundo Martín Barbero (1997), este processo da recepção da mensagem é mediado por práticas rotineiras que estão inseridas dentro deumcontexto sociale cultural do sujeito que recebe a notícia. Essas práticas estão constantemente presentes nas interpretações que os receptores fazem de um conteúdo midiático transmitido pela imprensa. Além disso, por mais que a matéria não seja diretamente direcionada ao perfil da mulher periférica, as jornalistas decidiram trazer a interseccionalidade para compor a matéria.Outro ponto considerado é o símbolo trazido no texto ao retratar assuntos sobre parto, pois, na mídia, existe um excesso de notícias em que a maternidade está relacionada, muitas vezes, apenas a cesárea, parto normal e violência obstétrica sem considerar sua complexidade e as outras formas de partos que são menos invasivos
representações de pessoas, lugares e tempo. Mas, primeiramente, é necessário dizer que as jornalistas deixam evidente a importância da temática ao trazer parao centro do debate o sujeito, neste caso, a doula, e suaação, queéatuar como assistente departo paraauxiliar as gestantes e evitar que ocorra a violência obstétrica durante o trabalho de parto seja em hospitais, casas de partos ou domiciliar.
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A reportagem também inicia com a personagem Chenia D’Anunciação, uma mulher negra e baiana que faz partedos coletivos Lumiar e Doulas Pretas. Ao começarem o texto com essa figura, o diálogo foge do centro elitizado da revista e o discurso empregado reproduz a sociedade de forma mais ampla, além de construir uma relação dialética com o meio social. As jornalistas apresentam o relato de parto da personagem, o que cria vínculo com o receptor da mensagem:
Presente na linha fina: “As profissionais são focadas no bem estar psicológico da mulher e fundamentais no movimento que busca resgatar o protagonismo feminino no parto”, percebemos que as repórteres reforçam a relevância de ter uma doula ao lado da gestante, recurso este que é necessário, mas, muitas vezes, é cobrado um valor alto e está longe das realidades de várias mulheres periféricas. Mas, neste caso, optaram por apresentar doulas de coletivos, ou seja, que também atuam diretamente com pessoas em situação de vulnerabilidade financeira, que não têm condições de pagar um preço exorbitante pelo trabalho fornecido.
Por meio de testimonios (testemunhos ou histórias de vida), as colaboradoras recuperam e regeneram a tradição de construção do conhecimento com base em realidades vividas, politizando identidades e promovendo possibilidades dialógicas com outras tradições de conhecimento subordinadas. (COLLINS; BILGE, 2021, p. 109)
Logo, ao se apropriar da linguagem e construir o discurso em cima das falas dos personagens, as jornalistas que compuseram essa matéria deixaram marcas que nos permitem identificar sua presença na construção da narrativa e do modo como foi dado o enunciado, como: a escolha das fontes, de lugar e de tempo, uso de voz ativa e passiva. Indicadores esses que deixam marcas no discurso, como já apontaram Duarte e Barros (2006, p. 308), ao falarem de análise crítica do discurso.
[...] o processo pelo qual um ator social se reconhece e constrói significado principalmente com base em determinado atributo cultural ou conjunto de atributos, a ponto de excluir uma referência mais ampla a outras estruturas sociais. Afirmação de identidade não significa necessariamente incapacidade de relacionar se com outras identidades [...], ou abarcar toda a sociedade sob essa identidade. (CASTELLS, 1999, p.57,58)
18 como o caso do humanizado , o que pode reforçar ideias superficiais que colocam o parto como antagonista da saúde feminina. Mas, neste caso, a reportagem traz dados concisos e as autoras abordama visão do parto humanizado e a mulher como protagonista do ato. No entanto, ao falar dessa forma de parto, seu foco principal está em uma clínica paga (Núcleo Cuidar), citando apenas superficialmente hospitais e casas de parto do Sistema Único de Saúde (SUS), sem ao menos informar que, pelo SUS, o procedimento não é cobrado.Ouseja, por mais que apresentem pessoas de diferentes representações raciais e, até mesmo, sociais, há uma construção de ideologia e neutralização do discurso ao priorizar falas dos especialistas de uma casa de parto particular, o que pode determinar se a construção desses elementos, como um todo, trará significação e identificação social com outros tipos de leitores, principalmente os que não pertencem às classes A e B. Ainda, esses processos de construção simbólica também dependem das “mensagens e estruturas criadas, formatadas e difundidas nas redes de comunicação multimídia” (CASTELLS, 2013, p. 11) e, apesar das informações recebidas serem processadas e interpretadas individualmente, estarão eventualmente condicionadas ao ambiente de comunicação e, estarão igualmente submetidas ao ambiente midiático em que estão inseridas, nesse caso, no site da revista Claudia. Na obra Sociedade em Rede, Castells também explica que:
5 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/partodomiciliarCluadiaRevista. Acesso realizado em 14/10/2021.
Já na matéria "Parir em casa não é abrigo para o medo5”, publicada em 27 de maio de 2020, pela colunista de maternidade, Ana Carolina Pinheiro, é apresentada a
Para ser noticiável, o acontecimento deve ser significativo; isto é, suscetível de ser interpretado no contexto cultural do leitor. Associado a esse fator está o valor notícia da proximidade, sobretudo em termos geográficos, mas também em termos culturais. (AGUIAR, 2009, p. 174)
Neste caso, por mais que trouxeram uma referência de um local para ter parto humanizado de baixo custo, ainda assim é pago e fora da realidade de muitos brasileiros, visto que, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2018, pelo
19 visão de diferentes vozes do discurso, desde especialistas como doula, obstetriz, parteira, enfermeira obstetra e ativista de parto humanizado, como também a figura central: a produtora artística Cristina Chicon Teixeira, uma gestante paulistana, branca, de 30 anos. Isto é, de acordo com o Mídia Kit 2021 da revista, ela faz parte dos 30% de leitoras do portal da Claudia, o que evidencia a priorização da fonte por escolha de idade e região (sudeste do Brasil em São Paulo). Essa aproximação com o tipo de leitoras da revista é uma das características apontadas nos critérios de noticiabilidade:
Neste caso, escolhem fontes que atendem o perfil de leitoras da Claudia e geram mais aproximação social, cultural e geográfica do público alvo que desejam atingir como vimos anteriormente nesse artigo, a persona da revista é a mulher de classe A e B, que vive em centros urbanos elitizados. Isso também explica porque as matérias aqui analisadas não chegam na totalidade de pessoas periféricas, primeiramente por se tratar de um conteúdo pago (visto que as 97 mulheres que responderam à enquete qualitativa não assinariam nenhum veículo de comunicação nem por valores simbólicos) e, segundo, por essas pautas já nascerem pensadas em atender o público A e B, não C e D. Por isso, podemos entender a escolha de fontes, por mais que às vezes tragam algumas representações de diferentes classes sociais, as personagens, predominantemente, estão representando a maioria das assinantes de Claudia no ambiente digital escolha esta imposta pela padronização da revista desde seus primórdiosOutro foco pertinente que se dá na notícia é na obstetriz Ana Cristina Duarte que, além de ganhar destaque na linha fina: “Segundo a obstetriz Ana Cristina Duarte, o parto domiciliar não deve ser motivo apenas para fugir do hospital durante a pandemia” , a jornalista apresenta esta fonte como sendo referência no ativismo do parto humanizado, coordenadora do Simpósio InternacionaldeAssistência ao Parto (SIAPARTO) ediretora executiva do Coletivo Nascer , sendo que esse último, coletivo que preza por oferecer preços acessíveis de partos humanizados para famílias que possuem plano de saúde.
Isso não anula o fato de que a informação que a jornalista traz sobre esse coletivo é relevante e apresenta uma boa opção para que as leitoras conheçam o local e, a partir disso, possam reivindicar o parto humanizado com baixo custo. Mas a escolha de apresentar apenas essa opção ao referenciar um local seguro parao parto, ainda evidencia uma falha estrutural da revista Claudia ao não dar espaço para informar que existem também outros lugares que oferecem os mesmos serviços e são acessíveis para todas as classes como as casas gratuitas do SUS.
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Instituto Brasileiro deEstatísticas (IBGE), seis emcada dez brasileiros vivem em famílias em que nenhum dos membros possuem algum plano de saúde e dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste caso, representam 64% da população, enquanto famílias em que todos possuem plano são 18,1% da população nacional e 17,4% estão em lares em que pelo menos um familiar possuí convênio particular de saúde.
Pois, quando a colunista apresenta apenas esse coletivo para personificar um local para ter parto humanizado, há uma neutralização do discurso, visto anteriormente, em trazer ambientes especializados fora da realidade de muitos brasileiros em vulnerabilidade socioeconômica Isso distancia leitores que não possuem condições nem de pagar valores “acessíveis” para ter um parto tranquilo, sem violências e livre de um ambiente hostil. O que já delimita, a partir dos personagens e “atores do discurso”, a construção social de cada sujeito e da ideologia do discurso desde a figura da gestante de classe média, até a centralização da especialista que pertence a um núcleo de parto que foge da realidade de muitas pessoas periféricas. Dado que, ao apresentar as demais fontes especializadas, a redatora não cita se fazem parte de alguma instituição ou se aprofunda nelas, apenas registra que trabalham em prol do parto humanizado, principalmente nos domiciliares.Segundo Fairclough (2001, p.91), é possível observar que esses tipos de discurso contribui, em primeiro lugar, para a construção do que variavelmente é referido como identidades sociais e posições de sujeito para "sujeitos sociais” e as categorias de “eu". Para ele, o discurso também contribui para as relações sociais entre as pessoas, além de auxiliar a construção de conhecimentos e crenças, ou seja, ele revela um padrão de escolha da fonte na editoria de maternidade e reforça a hegemonia do discurso da mulher branca, de classe média alta, que vive fora das realidades “marginalizadas”, pois pessoas sem muito poder aquisitivo, muitas vezes, não têm oportunidades iguais e acesso ao parto humanizado:
O discurso contribui para a constituição de todas as dimensões da estrutura social que, direta ou indiretamente, o moldam e o restringem suas próprias normas econvenções, comotambémrelações, identidades e instituições que lhe são subjacentes. O discurso é uma prática, não apenas de representação do mundo, mas de significação do mundo, constituindo e construindo o mundo em significado. (FAIRCLOUGH, 2001, p.91)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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E, por mais que a escolha da jornalista reforce a hegemonia do discurso e o estereótipo que molda as identidades sociais presentes não só nesta, como também na reportagemanalisada anteriormente, ela traz informações importantes sobre parir emcasa em tempos de COVID 19 e, demonstra a partir dos diálogos das especialistas, as recomendações que as mulheres, independente de classe, gênero ou cor, devem tomar na hora de escolher o melhor tipo de parto em tempos de pandemia. No entanto, essa foi mais um exemplo de matéria com neutralização do discurso em que não citam ou difundem a informação que existem as Casas de Parto Humanizado do SUS.
Há 60 anos no mercado editorial, a revista Claudia chegou ao Brasil com o intuito de abrir espaço para debater novas pautas sobre a mulher na sociedade. Segundo a própria revista6, naquela época, não existia diversidade feminina e a abordagem era limitada, por não se referir a todas as mulheres, apenas a um público muito específico um problema que era comum na comunicação especializada em jornalismo feminino. Com o passar do tempo a revista soube adaptar se às novas discussões e passou incluir outras figuras femininas para integrar as fontes de reportagens.
Porém, com a empregabilidade da análise crítica do discurso feito nessa pesquisa, foi possível identificar que a revista continua centralizando seu diálogo para um nicho muito específico, como aponta não só o Mídia Kit do veículo, mas igualmente nas reportagens analisadas. E, por mais que a revista afirme que “revolucionou” a imprensa feminina ao trazer pautas e mulheres plurais, em muitos casos, ainda não é isso que acontece. Claro, a Claudia on line não negligencia a discussão da maternidade e abre, sim, espaço para algumas fontes interseccionais como pudemos ver na reportagem “A atuação das doulas pelo fim da violência obstétrica”. No entanto, ainda há algumas ressalvas na sua escolha, pois, muitas vezes, centralizam o discurso no mesmo tipo de
6 “Como a maior revista feminina do país revolucionou o conteúdo para mulher”, disponível em https://claudia.abril.com.br/sua vida/60 anos claudia veja a historia da maior revista feminina/. Acesso em: 18/11/2021.
E, apesar de haver uma tendência em mostrar uma nova imagem da mulher, ao trazer algumas figuras interseccionais, as reportagens acabam mantendo representações de determinadas classes e mulheres tradicionais que são a "cara" da revista, mais um motivo para não querer mudar, afinal, não são essas pessoas que consomem massivamente os conteúdos de Claudia. Mas isso também acontece porque não dão abertura para essa nova leitora que não vem do berço da elite.
Ou seja, esse estudo também mostrou como os modos de fazer jornalismo em revista feminina clássica, como é o caso da Claudia, ainda seguem modelos muito parecidos e ultrapassados. E, apesar de cada uma ter um público específico de mulher, a Claudia não abre diálogos direcionados para todo tipo de figura feminina, e acaba centralizando seu olhar em um único perfil, quase sempre imutável. Sua produção repete as mesmas fórmulas ano a pós ano, o que resulta em pautas elitizadas, restrição de acesso à informação, já que conta, em sua maioria, com matérias pagas e fechadas para os assinantes e, claro, centralizado nas mãos das classes A e B.
22 perfil: mulheres brancas, elitizadas, de classe média alta que não vivem nas comunidades ou favelas, o que evidencia um certo nível de discriminação social e hegemonia
Logo, a principal reflexão que este estudo trouxe foi que, por mais que as jornalistas tragam debates importantes para o portal de notícias, as fontes utilizadas e o discurso empregado com base nos pilares da revista ainda reforçam a construção de relações hierarquizadas e, assim, ao abordar o parto humanizado sem citar a amplitude do SUS, deixam de priorizar as minorias sociais e focam o diálogo diretamente nas classes dominantes. Esse é um tema importante para continuar sendo analisado dentro das práticas jornalísticasvoltadasàcomunicação social, sobretudo,emveículossegmentados para mulheres. Pois, a mulher periférica tem direito ao acesso à informação e de se sentir representada nas revistas, assim como qualquer outra pessoa, independente de classe, gênero ou cor de pele.
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DOURADO, Tatiana Maria Silva Galvão. Revistas em formatos digitais: modelos e novas práticas jornalísticas. Dissertação, Universidade Federal da Bahia, Faculdade de comunicação.
Salve minas, mães, avós e mulheres das periferias de São Paulo. Essa revista é para você que sente falta de se ler. Aqui é seu espaço, com linguagem fácil, do dia a dia para entender e conhecer mais sobre sua saúde.
Considerando o Regulamento do Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo, da Universidade Cruzeiro do Sul, foi estabelecido que as reportagens presentes no produto revista eletrônica devem possuir de 20 mil a 30 mil caracteres com espaço, cada uma. Já a impressa conta com 28 páginas, abrangendo três reportagens extensas e textos extras no intuito de caracterizar o produto como uma revista efetivamente.
Área: digital e impressa
4. Descrição do projeto Linguagem
2. Área e formato
"Eu, favelada" é uma revista digital, que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e contará com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar a menina, mãe e mulher periféricas. Acreditamos na simplicidade e atuamos em favor do bem comum, da pluralidade e da interculturalidade, para construir relações de respeito. Temos o objetivo de atingir regiões da periferia da capitalde São Paulo e região metropolitana para construir umrelacionamento sólido com nosso público alvo.
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Linha editorial
Site da revista disponível em: https://www.eufavelada.com.br/. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
A linguagem atribuída deverá ser acessível para o público de mulheres plurais que estão nas periferias na capital de São Paulo. Esse vocabulário fluirá entre a juventude e a terceira idade para que acolha mulheres de diferentes gerações.
Formato: revista híbrida, ou seja, digital e impressa.
APÊNDICEA)Produto
Número de páginas/caracteres/duração
Tipologia e Identidade Visual
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3. Sinopse
1. Título do produto Eu, favelada7
Tipologia: A tipografia Good Brush foi utilizada para títulos, Coolvetica Condensed para o corpo do site, por fim, Barlow Thin foi escolhida para compor
Experimental
Homepage/cabeçalho e sobre a revista

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Imagens do site da revista:
Identidade Visual: Para os projetos gráficos da revista impressa e digital foram escolhidas as cores complementares roxo e amarelo, como as principais. A escolha das cores foi definida por transmitirem as sensações de criatividade e otimismo, respectivamente. Entretanto, a identidade visual não se limitará apenas a essas duas, trazendo liberdade artística para cada reportagem. Nas imagens, também escolhemos utilizar colagem para passar um visual mais contemporâneo e colorido. Mas, dentro das reportagens, optamos em deixar as fotos em sua essência sem editá las.
os textos presentes na revista impressa. Todas selecionadas pensando na legibilidade acessível para mulheres de todas as idades, de acordo com cada formato.

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8 Reportagens completas disponível em: <https://www.eufavelada.com.br/post/parto humanizado mais que uma escolha um direito> e <https://www.eufavelada.com.br/post/deixe o tabu de lado quatro mitos e verdades sobre parto humanizado>. Acesso em: 28 de novembro de 2021

8Destaque e reporgagens

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Redes sociais Instagram no portal da revista:

No projeto experimental tivemos funções específicas, em que fui revisora no âmbito digital e em alguns detalhes da impressa, e semelhantes, como ser repórter já que todas desempenharam este importante papel ao executarmos as reportagens publicadas na revista digital e impressa Eu, favelada. Segundo Rossi apud Pena (2020), a função de repórter é a alma do jornalismo e o que incentiva a atuar na área, para ele o que vale é a “sensação de poder ser testemunha ocular da história de seu tempo [...]” (p.

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Função individual
SaúdeEDITORIA:
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EDIÇÃO: dezembro/2021 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3FUALHE. Acesso em: 27 de novembro de 2021 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3rc9LiU. Acesso em: 27 de novembro de 2021.

75). E ao ouvirmos histórias das fontes de cada matéria, desenvolvemos um olhar mais humanístico sob os entrevistados e, dessa forma, demos voz, espaço e representação a cada um deles. Ainda, também fomos foram pauteiras, e trouxemos assuntos importantes para o dia a dia da mulher periférica da grande São Paulo. Para esta função, Lage (2019, p. 29) explica que: “[...] matérias de revista são feitas a partir de enfoques editoriais específicos, queprecisamser consideradospreviamente. Arevista, bemmaisqueojornal, obedece a um discurso institucional que lhe é próprio [...]”, por isso, na execução das pautas, houve um planejamento prévio e tratamos de temas focados na vida da mulher periférica, que geram interesse de leitura no nosso público alvo.
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Na revisão e edição, cuidamos para que a linguagem empregada na nossa revista fosse adequada para o segmento do nosso público leitor, ou seja, para as mulheres pertencentes as comunidades da capital de São Paulo. Também criamos um manual de redação para a revista on line9e impressa10, para que os textos de todas as integrantes do grupo seguissem padrões de como apresentar datas, nome e idade das fontes, etc. Ao revisar as reportagens, verificaremos se o texto está utilizando o lead de pirâmide invertida corretamente, retiramos repetições desnecessárias, adequamos o diálogo para uma linguagem de fácil entendimento e contemporâneo, que deu o aporte necessário para que todas entendam as notícias e saiam bem informadas sobre cada tema abordado. Vale lembrar que o problema central desta pesquisa é como as matérias de saúde feminina chegam nas mulheres de classe C e D, e de que forma este diálogo acontece, então, para trazer uma resposta, ao mesmo tempo que uma solução, a revista híbrida que criamos abordou, de forma acessível, assuntos sobre a saúde da mulher, principalmente para o público feminino que não se veem nas grandes revistas clássicas do mercado comunicacional do século XXI, como é o caso da revista Claudia.
PAUTA Revista FaveladaEu,
Pauta
SUShumanizadoPartoTEMA/ASSUNTO:no
NoturnoLiberdade/Campus
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Marcela Fernandes Doula e aprendiz de parteira (11) 96590 9736
Dra.FONTES:LieBraga
Dra. Mayra Gomide ginecologista obstetra (clínica particular, mas que já atuou no SUS) ginecomg@dramayragomide.com.br | (11) 98201 3766
Ciléia Biaggioli doula, parteira e co fundadora do Coletivo Sopro de Vida (11) 97576 9093
Ioná de Souza - enfermeira obstetra na Casa Ângela iona_desouza@yahoo.com.br
Centro de Acolhida Amparo Maternal (não responderam sobre o hospital/maternidade, apenas sobre o centro de acolhida) comunicacao@amparomaternal.orgJakelineDomiciniAlineRibeiro
HISTÓRICO: Segundo a prefeitura do estado de São Paulo, o cuidado com a saúde foi redobrado durante a pandemia da COVID 19 em 2021. Desde o início da proliferação do vírus no Brasil, o número de mulheres que buscam as casas de parto humanizado da rede municipal de saúde da capital de São Paulo aumentou significativamente. NaCasadeParto deSapopemba, localizada nazona lestedacidade, a quantidade de bebês nascidos subiu 85,6% entre março e dezembro de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na Casa Ângela, localizada na zona sul da capital, o número de nascimentos foi de 407 para 424 um aumento de 4,2%. No total, o número de partos realizados em casas de parto humanizado no Sistema único de Saúde(SUS) subiu 22,5%. No entanto, ainda não sãotodasasmulheres, principalmente da periferia, que conhecem esses métodos 100% gratuitos fornecidos pelo SUS.
Mayara Consolo - parteira (atuou na Casa Ângela) (11) 95216 8014
Casa de Parto de Sapopemba (Zona Leste SP) não tivemos retorno para o agendamento de entrevista. (11) 2702 6043 ou (11) 2702 5899| partoseguro@yahoo.com.br
Ginecologista e obstetra da USB contatoliebraga@gmail.com | (11) 98382 8340
Iracema Gonçalves - fonte que teve parto de cesariana iracema.alves60@gmail.com
Caroline Dutra fonte que teve parto humanizado pela Casa Ângela @dutraca13 | (11) 99205 5816
Casa Ângela - casa de parto humanizado SUS (11) 5852 5332 | administracao@casaangela.org.br
Adriana Tenório - fonte que teve filho no Coletivo Sopro de Vida (11) 95491 2526
Por meio das informaçõesque foramlevantadascom fontesdaárea, como: doulascasas de parto humanizado do SUS, ginecologistas e também por meio das narrativas de personagens que vivenciaram o parto humanizado no SUS, e com a experiência das mães que sofreram violência obstétrica. Nosso foco foi trazer essas histórias para informar as mães e mulheres em geral da periferia da capital de São Paulo, sobre como reivindicar o parto humanizado, além de fornecer explicações de como funciona esse processo; se todas as mulheres podem ter esse tipo de experiência; se esse método é acessível, etc.
Isabella D’ercole, repórter da revista Claudia
Essa reportagem tem como objetivo mostrar a importância de informar o público feminino periférico sobre o parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pois, muitas vezes, as mídias não trazem pautas com as informações necessárias para mulheres da periferia. E, em decorrência da desinformação sobre o assunto, as parturientes acabamsofrendo violência obstetrapor não conheceremesse outro método fornecido gratuitamente.
OBSERVAÇÃO: necessário o uso de fotografia fornecido pelas fontes, infográfico sobre tipos de parto e linguagem de fácil entendimento.
Ainda, inserimos na reportagem extensa dados sobre a Organização Mundial da Saúde (OMS), como eles retratama violência obstétrica, dados sobre índice (porcentagem) de cesárea no Brasil O qual alertamos sobre os riscos que podem gerar para a mãe e o bebê. Também trouxemos explicações sobre cinco diferentes partos para ajudar na escolha das leitoras do “Eu, favelada”; Para esse levantamento, se fez necessário uso de infografia para evidenciar cada categoria de parto de forma clara e objetiva.
EDITORA: Priscila Ferreira (1954039 6)
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PAUTEIRA/ REVISOR: Gabriela Cuerba (1947140 8)
B) Transcrições das entrevistas
Débora Belo fonte que teve o bebê na Cada de Parto do Sapopemba belo_debora@gmail.com
INFOGRAFIA: Gabriela Cuerba 1947140 8
Nayra Eugênio fonte que sofreu violência obstétrica em hospital (11) 95991 2923 | nah.eugenio@hotmail.com
REPÓRTER: Gabriela Cuerba 1947140 8
ALINHAMENTO EDITORIAL ENFOQUE/ANGULAÇÃO:
- O Mídia Kit da revista aponta que 55% dos assinantes da Claudia on-line são pessoas de baixa renda. Mas com que frequência vocês abordam temas que abrangem a mulher periférica que estão dentro desse grupo socioeconômico?
“Quando a gente fala de pautas, a gente pensa nos pilares da marca. Então, a Claudia tem alguns pilares: família é um dos pilares, saúde é outro pilar, aí tem cozinha, beleza, etc. Sendo saúde e família um pilar, toda questão relacionada a maternidade se torna um assunto importante. É... não cabe a nós fazer julgamentos sobre as escolhas das pessoas, mas oferecer informações. O que a gente tem feito é participar ativamente das campanhas internacionais pra combater o excesso de alguns procedimentos que nem sempre são necessários, mas a gente não advoga por nada. É, o que a gente sempre destaca é o como aquilo impacta na vida da mulher. Então qual é a diferença de um parto humanizado na vida da mulher e da criança e aí, as notícias relacionadas são sempre bem vindas então é casos específicos técnicas novas números que mudam esse é normalmente o critério que a gente usa.”
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“Sim, uma procuração muito grande de Cláudia é, que desde o do princípio, a Cláudia se diz uma revista para a mulher brasileira. Por muito tempo a gente sabe que isso significou uma parcela muito pequena da população, mas, hoje, a gente tem uma ideia de como é diversa a população feminina brasileira. E a gente tenta falar com todos os públicos. Existe uma coisa muito importante que, assim, quem é o público alvo da revista. O público alvo da revista é uma mulher mais do centro urbano. É uma mulher um pouco mais velha, né?Quem de trinta e cinco pra cima. É emsua maioria AB, então obviamente tudo todas as pautas que a gente pensa a gente pensa com enfoque nesse público, mas a obrigatoriedade da pluralidade é uma bandeira que a gente assumiu há alguns anos e que a gente sempre faz questão de manter. Isso nem sempre acontece de uma forma natural, porque a gente tem um olhar viciado obviamente pra quem está próximo de nós pra nossa bolha. Mas a gente tem uma um momento de reflexão ali de olhar. Então quantas profissionais negras estão trabalhando com a gente? Né? A gente exclui de alguma forma mulheres trans ao fazer alguma constatação, a gente em todos os tipos de corpos? Tudo isso que é uma coisa que a gente se questiona quando a gente vai elaborar ou uma foto ou um texto e aí encontra as nossas falhas e repensa a partir daí.
Você, quanto repórter, busca trazer mulheres plurais como fontes de reportagens, por exemplo, com representatividade racial, social e de gênero?
“
Quando falamos alta e baixa renda, 'A' é uma classe muito, muito elevada e 'B' é uma classe média, não é exatamente uma mulher de baixa renda, em uma situação vulnerável. Porque ela nem conseguiria ter acesso a um meio digital e muito menos pagar o nosso valor digital[da Revista Claudia on line], hoje a nossa assinatura digitalé R$ 8,90. Parece um valor muito baixo, mas a gente sabe que é um preço que cabe no orçamento de quem ganha, pelo menos, acima de cinco salários mínimos, pois ninguém que ganha um salário mínimo vai pegar uma parte do seu dinheiro para pagar esse tipo de acesso. Então é importante destacar isso, o público chamado de baixa renda no Mídia Kit não são pessoas pertencentes às classes C e D, mas sim as do grupo B.”
”
Qual é o critério de noticiabilidade para trazer notícias sobre parto/ parto humanizado? Como é feita a seleção de pauta para a editoria de maternidade da Revista Claudia?
- Você comentou sobre o seu plano de parto, poderia explicar o que é e qual a importância dele para a mãe e o bebê?
Tipo interessante e aí eu conversei com a minha mãe e perguntei sobre partos, perguntei pra ela como é que foio meu parto eo parto. Né?E aíela falou que foirápido. Falei nossa como assim? Rápido, ela falou assim ‘ó quando a sua irmã nasceu, me internei às quatro a cinco ela nasceu.’ Eu perguntei se foi no hospital e ela disse que sim… e eu falei: ‘mas teve aquela injeção, né?Que os quetemanalgesia?’, aíela falou assimque ela teve opção, mas ela preferia não pegar. Aí eu falei ‘ah legal pelo menos sei que no hospital público se caso eu tiver com medo eu posso ir tomar uma pelo. Né?’ Eu pensei que se eu sentisse dor seria medicada, anestesiada, mas nada disso! Conversando com algumas pessoas descobri que os hospitais não dão mais analgesia em casos de parto normal. E também veio a primeira onda da COVID 19 e isso me assustou ainda mais.”
“É tipo um documento, né? Lá você coloca todos os seus desejos de vontades, para que os profissionais sigam. Claro, não são obrigados a seguir nada, mas é uma forma mais seguradeexpressar seusdesejose vontades, atéporquena horavocêestaránummomento vulnerável. No meu caso, coloquei que queria parto natural, que queria ficar no chuveiro, que se eu tivesse dor e pedisse analgesia que me dessem. Também pedi para ter o contato pele a pele com o Zion e que o Gabriel [o pai da criança] cortasse o cordão umbilical. O plano de parto foi muito importante para mim e tudo que dava para seguir dele, as
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Como você descobriu o parto humanizado? Porque você disse para mim que você pesquisou bastante, conversou com mulheres. E quais foram essas informações que elas passaram pra você?
“Eu não tinha conhecimento do parto humanizado. É, na verdade, por incrível que pareça eu conhecia casa de parto através de umamigo do meu esposo. É... nós comentamos com ele que eu estava grávida e assim por não ter sido uma gestação alegre... vamos se dizer assim não foi mil maravilhas quando eu descobri, né? Então eu queria fazer um pouco menos pior do que eu já conhecia, né? Porque assim eu sempre conheci e ouvi relatos de pessoas que me diziam que era péssimo parto no hospital, e eu morria de medo de ter que ir realmente ao hospital, né?
E aí, conversando com ele, ele virou e falou assim, ‘vocês precisam conhecer a Casa Ângela.’ Aí eu falei, ‘Casa Ângela?’, ele falou assim: ‘é uma casa de parto.’ Aí eu falei, vou pesquisar pra saber, né? Aí entrei no Instagram primeira coisa que eu fiz e eu vi um vídeo muito bonito quetem lá. Eu acho que se chama ‘a chegada do Pedro’, alguma coisa assim. E eu vi a mulher na banheira, ela estava muito calma nossa então assim eu falei nossa que legal, né?
Quando você teve seu filho na Casa Angela e qual foi a importância de ter o parto humanizado na sua experiência como mãe?
Caroline Dutra, mulher que teve parto humanizado na Casa Angela do SUS
“Tive meu filho pela Casa Angela e, ano passado [2020], tinhamalgumas doulas lá, então conversar com elas, desabafar sobre minhas incertezas foi fundamental para a aceitação dagravidezcomo paraosdemaisprocessos. Conversar comalguémde fora, quenão tinha nada a ver, que não participava da minha vida e eu poder falar tudo aquilo que eu estava sentindo sem ser julgada, dizer que não queria estar grávida e tal. O processo foi lindo e fez com que eu aceitasse e amasse o meu filho.”
“Algumas mães até chegam para dar à luz na casa, fez todo o acompanhamento conosco, mas se no momento que der entrada e o exame do strepto b for positivo [presença de bactérias que podem ser encontradas na região genital feminina], não podemos realizar o parto lá e encaminhamos para um hospital de confiança mais próximo. Em casos de evoluir para uma cesariana, não temos como atender por lá, mas temos à disposição ambulâncias 24h por dia para emergências como essas. Para dar à luz na Casa precisa estar 100% saudável, tanto a mãe quanto o bebê. Não pode ter pressão alta, diabetes, infecção urinária mal curada, ter tido o último filho via cesárea, entre outros pontos que estão no site e eu te passei o link.”
“Fiquei grávida em outubro de 2020 e tive minha bebê em junho de 2021, foi em meio a pandemia, um período difícil de distanciamento. Então, isso foi um fator importante para aescolhadacasa departo, mas não fundamental. Escolhiessa viadeparto porquetambém fui fruto de um parto natural, cresci ouvindo minha mãe falar sobre o parto e que foi maravilhoso e a recuperação rápida. A minha gravidez não foi programada, mas muito bem vinda. Então, decidi que também queria um parto natural, sem violências e pesquisando bastante, lendo livros e notícias na internet, encontrei a Casa de Parto do Sapopembaeviavaliaçõespositivaseopteipor essaescolhado parto humanizado assim.”
Débora Belo, mulher que teve parto humanizado na Casa de Parto do Sapopemba no
QuandoSUS
Ioná e Souza, enfermeira obstetra da Casa Angela
43 enfermeiras da Casa Angela seguiam. Só a analgesia que estava lá que foi impossível de fazer, mas teve outros métodos para amenizar a dor, como massagens e spinning baby.”
“Como não possuímos centro cirúrgico na casa, não podemos dar anestesias, mas oferecemos outros métodos para acalmar e diminuir a dor, como massagens com óleos, melhores posições, etc. É bom ressaltar que você pode ter um parto humanizado, por
que você teve sua filha? Por que você escolheu o parto humanizado? Se foi em meio a pandemia, esse fator te influenciou a escolher a casa de parto ao invés de um hospital?
- Como foi sua experiência com a Casa de Parto do Sapopemba?
Qualquer mulher pode ter parto na Casa Angela? E os partos que acabam evoluindo para uma cesárea, como vocês atuam nestes casos de emergência?
Vocês fornecem algum tipo de analgesia para as mães?
“Foi como sempre esperei, o atendimento incrível. As enfermeiras super prestativas, me acolheram e sempre vinham ver como eu estava. Elas me deixavam sozinha, claro, para eu ter mais autonomia do processo, mas sempre vinham ver se estava tudo bem. Fiquei muito no chuveiro quando vinham as ondas de dor. Só que houve exames de toque excessivos. Tive laceração e tomei dois pontos. Sinto que deveria ter negado tantos toques. Mas fora isso, tive muita autonomia no processo e uma recuperação muito rápida. Também, respeitaram minha vontade de não dar banho na Teresa assim que nasceu, ela só foi tomar banho no dia seguinte. Respeitaram muito minhas escolhas.”
15/8 a 21/08 Peguei COVID 19 e fico muito sonolenta, quase não estou produzindo nada do TCC. Também não consigo ter foco, até minhas leituras ficaram estagnadas. Espero que isso passe logo, para eu voltar com a produção do paper e do experimental.
22/08 a 28/08 Uma das minhas fontes, a Danie Sampio, doula preta que atua nas periferias, disse que concederia a entrevista isso no começo de agosto. Enviei dois e mails, e direct no Instagram, para confirmar data e horário. Porém, agora ela só visualiza e ignora. O relato dela seria muito importante para compor minha reportagem, pois ela atua atendendo mulheres periféricas, que é o meu público alvo na revista “Eu, Favelada”. Tentei um novo contato com a Danie, mas sem sucesso. Parti em busca de outras profissionais, mesmo que não atuem diretamente com a periferia.
29/08 a 03/09 Ainda não estou muito bem, mas busquei outras fontes e já entrei em contato. Tenho algumas entrevistas agendadas.
“[...] outro ponto a ser considerado é os benefícios para o bebê, pois, sair pela via de parto vaginal faz com que o bebê crie anticorpos e fortalece o sistema imune da criança, além de gerar um vínculo afetivo instantâneo entre mãe e bebê.”
01/08 a 07/08 Estou mudando de casa e as coisas estão uma loucura. Mas antes de voltar as aulas, consegui terminar alguns fichamentos importantes e também iniciei a produção de perguntas para cada fonte,ouseja, questões que se encaixam para fontes físicas (mães) e fontes especializadas (doulas, parteiras, obstetras, ginecologistas, enfermeiras obstetras e casas de parto do SUS).
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08/08 a 14/08 Finalizei as perguntas das fontes e comecei a contactá las para participar da reportagem. Algumas abordei pelo Instagram, onde eu já tinha o contato, e as que confirmaram positivamente, enviei e mail explicando o projeto do TCC, e também formalizando o pedido de entrevista para marcar no melhor dia e horário para a fonte.
C) Diário de campo: registro semanal e resumo dos acontecimentos
exemplo, e ter analgesias, isso não vai deixar de ser um parto humanizado se a anestesia for algo importante naquele momento, se for feito com critério e se foi feito porque a mãe desejava. Não é porque tem intervenção que deixa de ser humanizado, o que torna também a cesariana um processo humanizado é se os profissionais dão acolhimento, autonomia a gestante em cada fase e não pratiquem violências, seja verbal à física.”
Qual é a vantagem do parto humanizado para o bebê?
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26/09 a 2/10 Atualização do diário de pesquisa. Agendei e realizei mais duas entrevistas, inclusive, uma presencial no Amparo
04/09 a 11/09 Melhorei da COVID 19 e consegui agendar a minha primeira entrevista com a fonte Nayara Rocha, uma mãe que sofreu violência obstétrica no hospital Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. Foi uma conversa mais rápida, mas ela explicou toda a experiência dela com o parto e como essa má experiência foidecisiva para ela não querer mais ter filhos. Assim que acabou nossa conversa, já comecei a decupagem da entrevista para não acumular para depois. Também retomei a leitura dos materiais do projeto de pesquisa para orientar os meus próximos passos, ou seja, o que devo fazer agora no paper (pesquisa acadêmica), como na minha revista.
12/09 a 18/09 Entrei novamente em contato com a responsável pela comunicação da Casa de Parto do Sapopemba. Expliquei cada etapa do trabalho, enviei o projeto de pesquisa completo, com foco no apêndice, e tambémum ofício assinado pela minha orientadora Profª Dra. Mirian Meliani, que explicava que a solicitação da entrevista era para fins acadêmicos, com foco na revista híbrida (digital e impressa). Porém, a mulher ainda não compreendeu que eu não citaria a casa de parto no peper/RTFM, apenas na revista, e ela disse que precisaria passar pelo Conselho de Ética responsável pelas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Então, reenviei o e mail reformulando toda a explicação ainda sob orientação daMirian, paradeixar tudomaisclaro,maselacontinuousementender e passou o e mail da assessoria de imprensa do SUS. Mas quem respondeu foi a mesma pessoa e acabei ficando na mesma! Aí, na orientação de sexta feira, a profª achou melhor eu buscar outra fonte, pois essa realmente não mostrou interesse em cooperar com o meu Trabalho de Conclusão de Curso. Então, vou buscar outra casa de parto gratuita ou coletivos periféricos que também atendem o parto humanizado.
19/09 a25/09 Envieias perguntas paraaIsabella D’elcolle, jornalista da Revista Claudia. Elatambém mepassouo Mídia Kit 2021darevistaparaeupoder analisar no paper! Como já falava com ela para oferecer pautas do meu trabalho (como assessora de imprensa), a repórter foi muito gentil e solícita comigo e disse que responderá às perguntas por áudio até a semana que vem. Entrevistei uma fonte que sofreu violência obstétrica no parto cesárea e, como também foi uma conversa mais rápida, já decupei tudo.
03/10 a 09/10 tentei contato novamente com a Jakeline do Centro de Acolhida para ver se ela conseguia intermediar a entrevista com a Maternidade do Hospital Amparo Maternal, visto que, na minha entrevista com ela, a Jakeline não soube me passar nenhuma informação primordial do hospital ponto que era muito importante para a construção da reportagem. Também consegui entrevistar uma doula na periferia da zona sul de São Paulo, a conversa foi muito esclarecedora. Ela também faz parte do Coletivo Sopro de Vida, que faz partos tradicionais (que são sem intervenções médicas) e ela me passouo contato dacriadorado coletivo. Faleicoma minhaorientadoraeeladisse que é uma ótima opção para substituir as outras duas fontes que não responderam Casa de Parto do Sapopemba e Hospital Amparo Maternal , pelo Sopro de Vida.
10/10 a 16/10 Consegui entrevistar a Ciléia do Sopro de Vida. Ela trouxe pontos bem interessantes. Decupei essa e as entrevistas anteriores, pois ainda vou entrevistar mais algumas pessoas. Estouterminando minhasanálisesdo discurso etiveumpouco dedificuldadepara encontrar o ponto certo que queria abordar. Tive algumas dúvidas e a minha orientadora me deu um bom norte na orientação de sexta feira.
17/10 a 23/10 Terminei minhas análises de discurso e enviei para a professora olhar. Eu fiz de três matérias, mas como ficou muito extenso, a minha orientadora achou melhor manter apenas as duas principais.
23/10 a 31/10 Estou diagramando e formatando o paper nas normas da ABNT. Também entrevistei mais uma enfermeira, a Mayara, que foi funcionária da Casa Angela. A entrevista não agregou muito de novo e, provavelmente, ficará de fora da reportagem.
Maternal (não no hospital/maternidade), mas sim no Centro de Acolhida, que fica na Vila Mariana. Conversei com a diretora Jakeline e com a psicóloga Aline, que atendem as mãe e gestantes que vivem no local.
A orientação de sexta-feira com a profª Mirian foi esclarecedora e me ajudou em muitos pontos. Reli meus fichamentos e continuei a escrever o meu artigo científico. Estou terminando agora o meu referencial teórico metodológico.
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A jornalista da Claudia, Isabella já respondeu e eu decupei e coloquei a fala mais importante no meu paper, para embasar minha argumentação de escolha de fontes e classes sociais
01/11 a 06/11 Aprofessora passouo template finale estou diagramando o paper e o RTFM no template final para a minha orientadora dar uma última olhada. Estou ainda no desenvolvimento dasconsideraçõesfinais. Essasemanaentrevistei mais uma ginecologista que ajudou a trazer uma visão de como acontece partos em hospitais públicos, ainda mais na hora de plantonistas. Também tivemos apresentação de seminário como andamento do nosso projeto experimental, então eu e a Estela, do meu grupo, montamos o ppt da apresentação e, no dia, cada uma falou do andamento da reportagem, dos pontos que vamos abordar, etc. A nossa orientadora ficou muito feliz com o rumo das coisas.
07/11 a 13/11 Comeceia minha reportageme coleteiaspas de uma mãe que teve parto na Casa de Parto do Sapopemba, na zona leste de São Paulo. Tive que atrás de outra fonte em cima da hora, pois uma outra que havia confirmado cancelou duas vezes. Também já decupei essa nova entrevista.
21/11 a 28/11 Finalizei minha grande reportagem e também criei uma matéria adicional sobre mitos e verdades do parto humanizado para poder hiperlinkar na reportagem principal e ter um conteúdo extra sobre o meu tema. Como sou revisora do digital, revisei o site e também cada texto das integrantes do grupo que publicarão no portal também. Como era muito conteúdo, acabei ajudando na revisão completa da revista impressa e apontei as mudanças necessárias. Subimos as reportagens no site e mostramos para a orientadora que ficou muito feliz com o resultado. Utilizei o final de semana para revisar todo o meu paper e RFTM e fazer as alterações e inclusões necessárias. Estou satisfeita com o resultado e, apesar da
07/11 a 13/11 Estruturei o corpo da reportagem com tópicos que desejo abordar em cada intertítulo. Nessa semana separei imagens, criei texto para as fotos e legenda para os posts sobre parto nas nossas redes sociais com foco no Instagram.
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14/11 a 19/11 A minha reportagem já está bem encaminhada, mas essa semana terei que à Santa Catarina, para trabalhar presencialmente na matriz na agência em que sou funcionária, então pode ser que atrase um pouco o meu cronograma individual. Consegui criar mais legendas para o Instagram da revista, separei minhas indicações para a revista impressa como: empreendedoras da quebrada, filmes, livros e séries que conversam com o nosso tema, restaurantes da quebrada e mulheres que inspiram nosso “corre”.
Hospedagem do site 1 R$ 468,00 R$ 468,00
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E) ItemInvestimento
ansiedade, insegurança e do estresse, finalmente vamos entregar o TCC e não poderia estar mais aliviada com isso. Foi uma jornada de crescimento e muito trabalho, que enfim, resultou no “Eu, favelada” e nesta pesquisa acadêmica que me despertou um novo olhar. Estou muito grata por ter chegado até aqui!
Diagramação da revista impressa X Revisão X X
X X X X X
Fases do estudo
JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Pauta X
D) Cronograma de Execução
Levantamento de fontes X X
Pré pauta X
Realização de entrevistas
Redação das reportagens X X
Criação de conteúdo para as redes sociais X X X
Espelho da revista impressa X Montagem do site X X X X
Edição e diagramação da revista impressa X X Entrega do produto final/apresentação X X
Quantidade
Valor unitário Valor Total Transporte/Combustível 5 R$ 130,00 R$ 130,00
Criação da identidade visual X X
Apuração X X X
Impressão do RTFM 2 R$ 80,00 R$ 80,00
14 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/97respostasforms. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
Como já fora citado, para a montagem da revista “Eu, favelada”, criamos manuais paraorientação, daredação digitale impressa e padronização das comunicações visuais11 , bemcomo dalinguagemquecadarepórterdeveadotar.Tambémcriamoscontasnasredes sociais, sendo elas Facebook 12 e Instagram13 para manter um contato próximo com as leitoras da revista, além de fornecer conteúdos complementares das reportagens que criamos.

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Revisão diagramação 1 R$ 50,00 R$ 50
Impressão da revista 11
R$ 64,00 R$ 704,00
Total 39 R$ 792,00 R$ 1432,00
Google Forms
O uso do Google Forms14 foi aplicado neste estudo por meio de uma pesquisa qualitativa, estilo enquete, em 97 mulheres residentes das periferias, principalmente em São Paulo. Foi feito perguntas relevantes para a construção da análise, como: nome completo, gênero, raça, renda mensal, localidade, por onde consomem notícias, se conhecem parto humanizado, se assinariam algum veículo de comunicação, se tiveram acesso à reportagens se tiveram acesso à reportagens da revista Claudia, etc. Destacado em alguns trechos abaixo:
11 Conteúdo disponível em: https://bit.ly/3o0uK64. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
12 Conteúdo disponível em: https://www.facebook.com/revistaeufavelada. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
13 Conteúdo disponível em: https://www.instagram.com/eufavelada. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
F) Outros produtos da pesquisa
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Notícia “Parir em casa não é abrigo para o medo”



Notícia “A atuação das doulas pelo fim da violência obstétrica”
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