A Contaminação Do Ódio: como o sensacionalismo dessensibiliza as pessoas e induz a violência

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TÍTULO;

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

- Luiz Gustavo Crispim Santos;

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PAULO SP

SÃO

A Contaminação Do Ódio: como o sensacionalismo dessensibiliza as pessoas e induz a violência;

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. 2 2021

Luiz Gustavo Crispim Santos

- TÍTULO;

-A Contaminação do Ódio: como o sensacionalismo dessensibiliza as pessoas e induz a violência;

Relatório de Fundamentação Teórica e Metodológica/paper apresentada ao Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

Orientador (a): Prof. Me. Antônio Lucio Rodrigues de Assiz

SÃO PAULO - SP

3 Orientador(a) do trabalho. Professor(a) do curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: antonio.assis@cruzeirodosul.edu.br

Luiz Gustavo Crispim Santos2 Prof. Me Antônio Lucio Rodrigues de Assiz3 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. 3 2021

2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: luizgcsantos97@gmail.com

1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Jornalismo

RESUMO

A Contaminação Do Ódio: como o sensacionalismo dessensibiliza as pessoas e induz a violência1

PALAVRAS-CHAVE: sensacionalismo; violência; escola base

INTRODUÇÃO

Em março do ano de 1994, as manchetes de jornais foram tomadas por uma notícia aterrorizante: os donos de uma escola no Bairro da Aclimação, em São Paulo, com a ajuda do motorista da escola e até mesmo de um casal de pais de alunos estariam abusando sexualmente das crianças A sociedade ficou chocada com as manchetes elaboradas pelos veículos de comunicação que se atropelavam em busca de furos de reportagem, os apresentadores competiam para ver quem conseguia se mostrar mais impactante, a população, cheia de nojo e revolta, condenava os envolvidos à todo momento, e por vezes, até faziam

O sensacionalismo se tornou uma parte quase que constante do nosso dia a dia. No entanto, raramente paramos para pensar nas consequências reais desse tipo de abordagem feita pela mídia. Este trabalho busca estudar as formas como o sensacionalismo se desenvolve, e como ele afeta as pessoas que o produzem e as que são vitimadas por ele, usando como base de estudo os acontecimentos do caso escola base, e as consequências dele para todos os envolvidos. Com isso, busca se explorar os danos que uma cobertura sem ética podem causar às vidas das pessoas, e como a falta de responsabilidade em um trabalho jornalístico pode levar ao caos.

Passam se dias, semanas, e nenhuma evidência especialmente conclusiva é descoberta. Um exame de corpo de delito é feito nas crianças que supostamente teriam sido abusadas, mas nada é encontrado. Um fotógrafo americano que morava na região é envolvido na história, e acusado de vender fotos dos abusos das crianças. No entanto, não há fotos. Não há evidências, e acima de tudo, não há e nem nunca houve quaisquer abusos.

Mas então, o estrago já estava feio. Os acusados foram inocentados três meses depois das acusações, mas a mídia, que antes estava tão sedenta por descobrir todos os mínimos detalhes sobre o caso, agora se mantém convenientemente quieta sobre as novas descobertas do caso, e os danos que foram causados pela polícia, e pela própria mídia.

Este trabalho investiga o que gerou toda a desinformação presente no caso e na sua investigação, e quais erros foram cometidos na cobertura da mídia sobre a veiculação desse caso, e como a mesma falhou em se retratar após passar meses enterrando os envolvidos em todo tipo de acusação infundada. Este estudo considerou o documentário da TV Brasil sobre o caso, chamado “Escola Base 20 anos depois”, feito pelo programa caminhos da reportagem em 2014. Também analiso uma matéria do programa do Gugu, realizada em 2015.

Para o material teórico, este estudo considera três bibliografias: “Showrnalismo”, de José Arbex Jr., que investiga os excessos do jornalismo sensacionalista, “Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira”, do jornalista Emílio Coutinho, e “Caso Escola Base: os abusos da imprensa”, de Alex Ribeiro. O objeto de estudo é o caso Escola Base, e no problema de pesquisa, busca se descobrir se o sensacionalismo é capaz de dessensibilizar a população e induzir a violência. A delimitação do estudo são os danos causados pelo sensacionalismo na cobertura do caso, fazendo um estudo qualitativo de matérias publicadas na época, e a hipótese é a de que o sensacionalismo deixa de lado a ética em nome do lucro, causando danos reais e irreversíveis no processo.

O caso Escola Base se tornou infame ao longo dos anos nos círculos jornalísticos. Uma marca sombria na história da mídia brasileira, as falhas e excessos cometidos em sua

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. ameaças. Como se tudo já não estivesse ruim o suficiente, o delegado incumbido da investigação, Edélcio Lemos, instigava a mídia, sugerindo estar em posse de provas, fazendo promessas de justiça implacável.

APRESENTAÇÃO

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. cobertura por veículos de comunicação se tornaram material de estudo em cursos de jornalismo, psicologia e direito.

Em março de 1994, duas mães, Lúcia Eiko Tanoue e Clea Parente de Carvalho notam comportamentos estranhos em seus filhos e vão até uma delegacia para fazer uma denúncia: as crianças teriam sido sexualmente abusadas pelos donos da escolinha que frequentavam: a Escola de Educação Infantil Base, no Bairro da Aclimação, em São Paulo. O delegado Edélcio Lemos analisa o caso, manda as crianças para o Instituto Médico Legal, e consegue um mandato de busca e apreensão no apartamento onde as crianças supostamente eram abusadas. No entanto, nada foi encontrado. Foi aí então que as mães, indignadas, se voltaram para a mídia.Ahistória foi veiculada pela Rede Globo, e acabou explodindo na área da comunicação. Todos os canais, jornais e veículos, salvo por algumas exceções, buscavam noticiar os mínimos detalhes do caso. Mesmo com a falta de evidências e com uma investigação inconclusiva, não demorou para que a mídia, e por consequência, a população, se posicionassem atrás de uma única certeza: os seis acusados no caso, os donos da escola, Icushiro Shimada e sua esposa, Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhin de Monteiro Alvarenga e seu marido, o perueiro Maurício de Monteiro Alvarenga eram culpados.As manchetes de jornais já apontavam certezas que nem mesmo a polícia tinha. O “Notícias Populares”, na época um jornal do grupo Folha, famoso pela sua cobertura sensacionalista dada a qualquer assunto que cobrisse, não tardou a criar a manchete: “Kombi Era Motel Na Escolinha do Sexo”. É claro, ninguém sabia que poderia ser esse o caso, mas não fezAdiferença.situação só piorou quando o laudo do IML retornou com os resultados dos exames das crianças, que apresentavam aquilo que poderiam ser indícios de abuso em uma delas. O

No entanto, nos campos profissionais, pouco se ouviu sobre o caso. Os veículos que mais foram responsáveis na época de sua cobertura se mantém em silêncio, citando o caso raramente. E mesmo quando o citam, não se aprofundam na história por completo. Não dizem, por exemplo, que a mídia maximizou os danos de uma situação que, por si só, já era péssima, ou que os mesmos veículos de comunicação que foram tão rápidos em condenar sem evidências tiraram o corpo fora na hora de fazer reparações e passar tudo a limpo. Mas para discutir tudo isso, é preciso primeiro explicar a história por trás de um dos maiores crimes cometidos pela mídia brasileira.

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. delegado Edélcio Lemos, enfeitiçado com a atenção da mídia, frequentemente dava a entender que possuía evidências sobre a culpa do casal Shimada e dos outros envolvidos.

Essa influência da mídia na condução das investigações e os danos bárbaros para com os envolvidos, e a falha dela não só em não se retratar, mas também em não compensar apropriadamente aqueles prejudicados por sua falta de ética é algo que não deve jamais ser repetido. É de minha opinião que um jornalista deve operar com o maior esmero possível na forma como aborda uma notícia e as pessoas envolvidas nela, pois não se trata apenas de uma história, e sim de vidas reais. O fracasso em atender à essas especificações pode não só expor pessoas inocentes à violência e retaliação, mas também pode enterrar socialmente aqueles envolvidos, prejudicando os pelos restos de suas vidas

REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

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Em 1984, a tiragem média da Folha de São Paulo era de aproximadamente 120.000 exemplares; em 19 de fevereiro de 1987, 200.000. Em 1985, a Folha tinha uma fatia de 18,7 por cento do total de publicidade em jornais diários em São Paulo; em 1986, sua participação subiu para 21,2 por cento em consequência de um

O público, é claro, estava inconformado e revoltado. Foram feitos saques na escola, ela foi depredada e pichada, e até ameaças de morte recaíram sobre os acusados, tamanha era a certeza de sua culpa.

A situação fugiu tanto do controle que até um fotógrafo americano chamado Richard Herrod Pedicini, que morava nas redondezas, foi acusado de estar envolvido, supostamente tirando fotos dos abusos, e vendendo essas fotos.

O olhar crítico em volta não só do sensacionalismo, mas também do jornalismo como um todo, e da forma como é feito, não é recente. A ética no jornalismo foi sempre uma matéria de discussão entre vários autores e teóricos. Um desses autores foi José Arbex Jr., que em seu livro “Showrnalismo: A Notícia Como Espetáculo”, argumenta que veículos de comunicação como a Folha estão cada vez mais se tornando uma “TV Impressa”, e transformando a notícia em mercadoria, de forma que o que deveria ser o foco principal da ética jornalística não se torna nada mais que um produto.

No entanto, quanto mais o caso se estendia, menor era a certeza da culpa de qualquer um dos acusados. Eventualmente, o delegado Edélcio Lemos foi substituído pelo delegado Gérson de Carvalho, por sua falha em apresentar resultados e sua fascinação pela mídia.

Este argumento é uma das partes principais da teoria de José Arbex Jr. de que o jornalismo vem se transformando num negócio, onde o compromisso é com o lucro, e ao invés de investigar, os veículos de mídia seguem a forma de agir de veículos maiores, já que, segundo Arbex Jr., “É muito mais fácil sustentar um preconceito do que desmontá lo” (ARBEX JR., 2001, p. 188)

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crescimento absoluto de 75 por cento do espaço vendido entre um ano e outro. Entre o final de 1987 e o final de 1990, a tiragem estabilizou se em uma média de 300.000 exemplares, dando um novo salto, para 400.000, após um amplo, profundo e vigoroso processo de cadernização, reforma gráfica e colorização (o objetivo era transformar o jornal em uma “televisão impressa”). Esse crescimento tem como pano de fundo uma “revolução” operada pela FSP no mercado jornalístico brasileiro, cujo programa político e ideológico está expresso no ProjetoFolha. Sua implantação introduziu no Brasil, em ritmo acelerado, uma lógica empresarial que a moderna imprensa capitalista construiu ao longo de várias décadas nos Estados Unidos e na Europa. (ARBEX JR., 2001, p. 189)

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Esse argumento se encaixa com a minha pesquisa, já que se aprofunda nos motivos para o jornalismo se manter superficial ao invés de se investigar cautelosamente, pois é muito mais fácil que uma notícia seja aceita se ela se encaixar em um todo do que se ela for contra a corrente e tentar provar que os outros veículos se excederam, já que, de uma perspectiva mercadológica e financeira, o melhor para os negócios seria manter a narrativa geralmente aceita e mantida por outros veículos de comunicação, ao invés de tentar desafiá la, sendo isso um investimento mais seguro e garantido, independente da ética da situação, ou falta dela.

A fascinação que o jornalismo sensacionalista tem pela violência cometida no dia a dia é um indicativo crítico deste problema. Violência, sexo e o absurdo vendem, e já que o foco principal é o lucro, esses são os assuntos mais explorados. Nesses casos, quanto mais

tenebroso e chocante o acontecimento, melhor. O sensacionalismo busca no horror uma forma de prender o público, já que o bizarro, o imoral e o doentio são coisas que fascinam. Quanto mais deturpado, melhor, como pode ser observado no jornal “Notícias Populares”, que se deleitava nas tragédias que aconteciam de forma a exagerar muito os verdadeiros acontecimentos, já que o jornalismo sensacionalista vive em um mundo de absolutos. Não há espaço para interpretação ou parcimônia, e muito menos para neutralidade, como é dito por Danilo Angrimani em seu livro “Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa”.

Nas reportagens estudadas, foi possível observar inúmeras falhas no processo de reportagem utilizado pela mídia. Alguns canais, principalmente a Globo, veiculavam extensamente apenas o que era afirmado pelo advogado Edélcio Lemos. O repórter da rede Globo, Valmir Salaro, interrogou os envolvidos, e o Jornal Nacional notoriamente soltou a notícia no mesmo dia, sem a versão dos acusados. E após a veiculação da notícia pela Rede Globo, os outros veículos caminharam atrás.

As formas de manipulação da mídia já foram o foco dos estudos de diversos teóricos, entre eles Maxweel McCombs, Pierre Bourdieu e Guy Debord, os quais pretendo utilizar na minha pesquisa. Debord em especial, com seu livro “Sociedade do Espetáculo”, explora as formas como o capitalismo influencia os aspectos culturais e sociais, e como a vida em sociedade muda sob seu peso, causando alienação.

A edição do produto sensacionalista é pouco convencional, escandalosa mesmo. O fait divers é seu principal “nutriente”, mas não é o único. Lendas e crenças populares, personagens olimpianos (da realeza, cinema e TV, principalmente), política, economia, pessoas e animais com deformações, deficiências, também comparecem com igual peso na divisão do noticiário. Ainda dentro do ponto de vista jornalístico, a linguagem sensacionalista não pode ser sofisticada, nem o estilo elegante. A linguagem utilizada é a coloquial, não aquela que os jornais informativos comuns empregam, mas a coloquial exagerada, com emprego excessivo de gíria e palavrões. Como se verá adiante, a linguagem sensacionalista não admite distanciamento, nem a proteção da neutralidade. É uma linguagem que obriga o leitor a se envolver emocionalmente com o texto. (ANGRIMANI, 1994, p. 10)

Como observado por Danilo Angrimani, o jornalismo sensacionalista se vale de excessos, pois a intenção é prender o público, não entender a história. Atitude que se mostra, em diversas vezes, destruidora, como citado anteriormente no caso Eloá, onde a cobertura constante da mídia levou o caso a uma solução violenta, que poderia ter sido evitada com uma abordagem mais cautelosa.

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RESULTADOS

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A princípio, todos eles assumiam uma postura de neutralidade, apenas noticiando o que havia acontecido. No entanto, o delegado Edélcio Lemos começou a fazer declarações para a mídia, que não mostrou nenhum alto controle ou dúvida nos pronunciamentos do delegado. Era difícil que algum jornal da época não noticiasse o caso, embora os cuidados com a veiculação fossem poucos. O Jornal Nacional chegou a sugerir consumo de drogas e Aids, enquanto a Folha da Tarde dizia que a perua “carregava crianças para a orgia”. O Diário Popular ficou longe de ser o único culpado.

Três meses depois das acusações, os acusados foram inocentados, como ilustrado pelo jornalista Emílio Coutinho em entrevista:

Os donos da escola, eles processaram depois os meios de comunicação, por difamação, e também processaram o governo por conta do delegado que inicialmente cuidou do caso, e que ao invés de fazer a cobertura, ele apenas dizia que os donos da escola eram pedófilos, que ele tinha provas, só que ele não podia mostrar, porque estava em segredo de justiça, sendo que ele não tinha prova alguma, não conseguiu mostrar nenhuma prova. Tanto foi que ele acabou sendo tirado do caso, e no lugar dele entraram outros dois delegados que aí sim fizeram o trabalho que deveria ter sido feito desde o início, que é um trabalho de apurações. Começaram do zero e constataram que não tinha como comprovar essa acusação das mães contra os donos da Escola Base, e acabaram arquivando ou processo, ou seja, acabaram inocentando os donos da escola por falta de provas. Então vejam só: durante três meses praticamente, a imprensa condenou os donos da escola de algo que eles não cometeram, de algo que não foi possível comprovar que eles tivessem cometido. Até mesmo a criança que aparecia com fissuras anais depois foi comprovado que aquilo poderia sim ser resultado de problemas intestinais, problema gástricos que acabaram produzindo aquelas fissuras. Infelizmente, a imprensa realmente fez um trabalho não muito bom.

As consequências foram brutais. Os envolvidos no caso: Icushiro e Maria Aparecida Shimada, donos da escola; a professora Paula Milhim Alvarenga e seu marido Maurício Monteiro Alvarenga, que dirigia a Kombi que levava as crianças à escola; e Saulo e Mara Nunes, pais de um dos alunos, acusados de providenciar o apartamento onde eram feitos os “abusos”, nunca conseguiram se recuperar do peso das acusações. Paula nunca mais conseguiu lecionar, e se divorciou de seu marido. As vítimas processaram a mídia, mas não receberam boa parte

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. do dinheiro. Maria Aparecida Shimada morreu de câncer, em 2007, e Icushiro morreu de um infarto em 2014, sem conseguir receber um centavo das indenizações as quais tinha direito. Um dos veículos processados, o SBT, foi condenado a pagar R$300mil às vítimas, mas apelou contra a decisão, se esquivando da dívida através de tecnicalidades. Entre os argumentos da rede para não pagar o valor pedido, foi dito que R$300mil era um preço “exorbitante”. No entanto, o SBT recebeu cerca de 136 milhões de reais em publicidade do governo, entre os anos de 2000 e 2014. No ano de 2020, o espaço publicitário para uma propaganda de 30 segundos mais barato era o do Programa do Ratinho, custando R$360mil. Isso tudo após os catastróficos danos psicológicos e sociais sofridos pelos envolvidos, que de muitas formas, não conseguiram se recuperar até hoje.

E é ainda mais importante para o próprio jornalismo condenar esse tipo de atitude por parte de mídia, pois, como aqueles que tem poder da informação, o jornalismo atiça e ataca sem provas, e quando é mostrado que estava errado, ele finge que nada aconteceu. Se a própria mídia jornalística não criticar o jornalismo e o sensacionalismo quando necessário, agindo com ética e responsabilidade, admitindo os seus erros e tentando não cometê los novamente, então ninguém o fará.

Já teria sido ruim o suficiente veicular um assunto tão delicado com poucas informações, ainda mais revelando o nome, endereço e aparência dos acusados, isso sem mencionar a falta de cautela ao lidar com as declarações do delegado. Devido à isso, a mídia tem uma grande parcela de culpa nessas injustiças, quase tanto quanto os próprios acusados que as cometeram, já que maximizaram os danos em proporções que poderiam, e deveriam, ter sido evitados.

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São casos como esses que geram a necessidade de discutir a ética no sensacionalismo e na espetacularização midiática, já que muitas dessas injustiças teriam sido evitadas, se a mídia tivesse prestado mais atenção à ética jornalística do que ao lucro e audiência. A forma como jornais como o Jornal Nacional se comportaram é uma lição para todos os futuros, e até antigos, jornalistas. Infelizmente, a lição é sobre o que não fazer.

REFERÊNCIAS

Pereira dos. Jornalismo sensacionalista: um estudo do caso Eloá. 2016 FAVA, Andréa de Penteado. O poder punitivo da mídia e a ponderação de valores constitucionais: uma análise do caso escola base. 2005

NEGRINI, Michelle. A Morte em horário nobre: a espetacularização da notícia no telejornalismo brasileiro. 2010.

ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa, COUTINHO,1994Emílio.

DEBOIR, Guy. Sociedade do espetáculo. 1967

Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira. 2016 ARBEX JR. José. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. 2001

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CORRÊA, Nayara do Rocio. SAIZAKI, William Hideo. ANJOS, Manuel Moabis

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APÊNDICE

Efeito dominó do sensacionalismo. Área e formato

Área: Formato:TelevisivoDocumentário

Título

3. Sinopse

As mães de duas crianças fazem uma denúncia na Rede Globo, e os donos de uma escola são acusados injustamente. Uma adolescente é mantida em cárcere privado pelo ex namorado, junto de uma amiga com a qual estudava, evento que acaba levando à sua morte. Uma menina de cinco anos de idade morre ao cair do sexto andar de um prédio no estado de São Paulo, e a população se choca quando é revelado que ela foi atirada da janela pelo pai e a madrasta.Todos esses crimes, e muitos mais, possuem uma coisa em comum: a cobertura deles realizada pela mídia foi brutal. Todos os dias, se via no jornal menções aos acontecimentos sem uma pausa sequer, e a cobertura incansável da mídia causou, em alguns casos, mais mal do que bem. Desde a destruição da vida dos donos da Escola Base, até a morte de Eloá, a mídia têm sido apontada como responsável por uma mais comuns críticas da cobertura jornalística: o sensacionalismo.

Com um documentário expositivo, já que vamos mostrar as reais consequências do sensacionalismo, pretendemos trazer um material com uma linguagem mais informal, para abordar um público maior e os que mais consomem os telejornais da TV aberta. Acreditamos que a mídia tem poder de influência, ainda mais a televisão, já que grande parte dos

Este documentário busca descobrir os danos causados pela mídia e a forma irresponsável com que ela cobriu esses casos, e busca saber também se ela não só fez as coberturas de forma insensível, mas se ela é também responsável por algumas das tragédias que se sucederam.

Duração 27:22s. Linguagem

Plano estratégico

Função individual

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Linha editorial

Função individual: Fui repórter na entrevista com o jornalista Reinaldo Gottino. Também fiquei responsável por estabelecer contato e entrevistar o jornalista Emílio Coutinho. Por último, fiquei responsável pelas decupagens das entrevistas com Emilio Coutinho e com o público no povo fala.

Todos ficaram responsáveis pelo trabalho de repórter nas entrevistas realizadas.

B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Público a ser atingido

Consideramos nosso público alvo aqueles que consomem jornais que atualmente são conhecidos pelo sensacionalismo. Buscamos gerar o alerta esse público, portanto, conversamos com alguns telespectadores e notamos pontos nas falas dos mesmos que deveriam ser esclarecidos, como qual o impacto que uma fala exagerada pode ter. Para isso, fizemos entrevistas com especialistas, jornalistas experientes e pessoas que já se sentiram afetadas com o sensacionalismo exposto nos jornais

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brasileiros se mantém informados através desse veículo. Acreditamos, também, que grande parte dos produtos utilizam do sensacionalismo durante as coberturas, principalmente durante as coberturas de grandes crimes que chocam o país todo. Dessa forma, nossa missão é expor o uso do sensacional e do espetáculo, assim, alertando o público, pois nem tudo o que é visto na televisão deve ser tido como verdadeiro.

Documentário de xx minutos elaborado com o intuito de gerar um alerta para o público sobre o sensacionalismo e suas consequências, no formato informativo e utilizando fotos e vídeos dos casos que mais tiveram repercussão no país e que são associados ao tema em discussão. duração do programa, intervalos, periodicidade e VTs.

Documentário jornalístico, com intuito e levar ao público alvo um alerta do que o sensacionalismo pode causar, por isso vamos expor as consequências de casos marcantes da TV brasileira.

Transporte 4 R$ 4,80 R$ 19,20

Total 18 R$ R$ 404,00

Orçamento

Equipamentos 3 R$ 25,00 R$ 75,00

DOCUMENTAÇÃODECUPAGENS

Grupo Você costuma consumir jornais que têm conteúdo policial ou que são conhecidos pelo público por serem sensacionalistas?

Item Quantidade Valor unitário Valor Total

Edição 1 R$ 130,00 R$ 130,00

Alimentação 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Materiais teóricos 3 R$ 45,00 R$ 135,00

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00’37’’ Beatriz: Quando eu assisto esse tipo de conteúdo, quando eu ligo a TV e eu começo a ver esse tipo de conteúdo, eu vejo que a linguagem deles é realmente diferente daquilo que você assiste, da mesma forma, por exemplo, só que em outro jornal. Quando eu vejo um conteúdo que é mais sensacionalista, eu me sinto obrigada a entender aquilo do jeito que aquele jornalista, do jeito que aquela matéria, está me passando. Então eu não sinto a liberdade de entender aquilo como eu quiser e fazer meu raciocínio, tudo mais, e ver o que está certo e o que está errado. Eu acho que eles já deixam ali bem claro o que eles querem que estejam certo e o que eles querem que esteja errado. Então eu acho que a linguagem dentro desses programas, desses jornais, influenciam muito, ainda mais para uma pessoa mais leiga, por exemplo, que não está entendendo muito sobre o assunto, que não está muito em volta do assunto, envolvida naquilo, então ela vai entender aquilo que está lá, que estão passando para ela, ela não vai procurar depois saber mais e entender sobre o assunto. Aquilo lá é o que ela está vendo, é o que ela vai entender sobre aquilo, e está tudo bem para ela. Então eu acho que a linguagem é muito importante nessa hora, porque é aquilo que vai definir para a pessoa o que é certo e o que é errado. E se ela está vendo um jornal totalmente sensacionalista, ela vai entender que tal coisa é certa ou é errada, mas em função só daquilo que ela está vendo.

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02’09’’ Beatriz: Quando eu passo a consumir muito esses programas, esses jornais, eu acabo me sentindo um pouco com medo da violência que tem no mundo, porque eu entendo que em qualquer lugar você pode ser assaltada, em qualquer lugar pode acontecer alguma coisa, não só comigo, mas com qualquer outra pessoa. A gente nunca pensa que isso

Grupo Qual o seu sentimento ao assistir esses programas? O que os conteúdos desses jornais despertavam em você?

00’00’’ Beatriz: Eu sou uma pessoa que eu costumo sim consumir esse tipo de conteúdo, até porque o horário que eu ligo a TV são horários que só tem isso, praticamente. Se você colocar nas emissoras, por exemplo, que são mais famosas, o que tem dentro delas é conteúdo sensacionalista ou um conteúdo que envolve mais crime, mais coisa policial, então a gente acaba consumindo. Eu acho que você não tem muito para onde fugir, porque tem um determinado horário que só tem isso na TV e é só isso que você consegue assistir. Grupo Qual sua opinião sobre esses programas ou jornais? Você concorda que eles têm uma abordagem/linguagem diferente, se comparados com outros?

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Grupo Se sente alguma coisa em relação à isso, qual é a raiz desse “trauma” e como você acha que ele surgiu?

03’37’’ Beatriz: Eu acho que um bom exemplo disso é quando eu trabalhava dentro de uma emissora. Então eu trabalhava com conteúdos de crime e feminicídio o dia todo. Eu não poderia escolher, ‘ah, eu quero só ver isso hoje, quero só ver coisas fofas hoje no jornal’, não, não é assim que funciona, e a gente sabe muito bem disso. Então eu acredito que isso me gerou muitos traumas, porque é uma coisa absurda, de eu sair na rua, já escuro, e eu pensar: ‘nossa, eu vi isso, isso e isso, tinha uma moça, ela estava sozinha, ela foi assaltada, isso pode acontecer comigo’. Então era uma coisa bem difícil de lidar, porque era todo o dia o mesmo medo, o mesmo pensamento. Foram coisas que eu fiquei um pouco assustada. Por trabalhar dentro da TV, eu me acostumei, me acostumei com aquilo, e uma hora ficou tudo bem, é coisa da minha cabeça. Mas eu imagino para quem vê isso. Às vezes, por exemplo, está assistindo o seu jornal e você vê aquilo, como essa pessoa reage, como essa pessoa consegue para de pensar naquilo depois de um certo tempo, porque eu sei que é difícil. Eu sei que controlar seus pensamentos em relação à essas coisas ruins do mundo é bem difícil. Então quando você assiste um conteúdo desse tipo, para você deixar de pensar naquilo deve ser muito, muito difícil, ainda mais quando não é do seu costume ver aquilo. Você vê aquilo do nada e aquilo fica na sua cabeça, você fica pensando naquilo. Eu acho que isso pode gerar coisas bem piores, que podem causar coisas bem difíceis de serem curadas mais para frente

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. vai acontecer com a gente, mas quando eu consumo muito disso, quando eu fico ‘meu Deus, é isso que eu estou vendo, é isso que está acontecendo no mundo’, quando eu saio de casa acho que é um dos primeiros pensamentos, principalmente quando está mais tarde. E por eu ser mulher, eu penso: ‘nossa, posso ser assaltada. Nossa, vem um cara e vai mexer comigo, vai me machucar, vai fazer alguma coisa e eu não vou ter para onde correr. Vai acontecer tudo que eu já vi, o que eu já pensei que pode acontecer comigo’. Então assistir isso me gera muitos gatilhos. São coisas que eu fico pensando, e, às vezes eu paro e penso: ‘não vou consumir esse tipo de conteúdo, porque vai me deixar com paranoia, eu não vou conseguir fazer o que eu tenho que fazer, na hora que eu tenho que fazer, porque vou ficar pensando nisso’. É uma coisa que mexe um pouco com meu psicológico assistir esse tipo de coisa, consumir muito esse tipo de coisa.

Luiz: Onde você estudou?

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02:06 Emílio: Eu me formei em jornalismo na FMU. Foi entre 2012 e 2015. 02:21 Luiz: E o que fez você querer escrever esse livro, o que te interessou nesse caso?

02:27 Emílio: Logo no primeiro ano da faculdade tinha me interessado pelo caso Escola Base, pois eu estava procurando um tema pro meu TCC. Eu sou um pouquinho ansioso, então já no primeiro ano eu estava procurando um tema para o meu TCC, e o caso Escola Base, quando surgiu na faculdade, quando chegou uma professora contando o caso Escola Base, junto com ele vieram várias dúvidas que eu tinha a respeito do caso, que eu tive naquele momento, e perguntando para a professora, ela não sabia responder. Longe de ser uma professora mal preparada, mas porque eram perguntas que realmente ninguém tinha ido atrás das respostas pra elas. E eu queria sobretudo saber se eles tinham a escola, se eles conseguiram se recuperar, se tinha alguma repercussão, alguma consequência ainda, aquele caso na vida dos personagens. E a professora não soube responder. Eu fui na internet atrás de

00:57 Emílio Coutinho: Sim, escrevi esse livro aqui no meu trabalho de conclusão de curso inclusive.01:05Luiz: Foi?

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DECUPAGEM, EMILIO COUTINHO

01:06 Emílio: Sim, foi um livro reportagem sobre o caso Escola Base. Foi o meu trabalho de conclusão de curso e acabou ganhando uma dimensão muito grande, uma repercussão impressionante que acabou se tornando uma referência. Até então só existia um livro sobre esse caso, que é o livro escrito pelo Alex Ribeiro, que na época que publicou o livro também era estudante de jornalismo. O caso Escola Base aconteceu em 94, ele publicou o livro dele em 95, e eu publiquei 20 anos depois, em 2015. Eu escrevi esse livro aqui, atualizando os personagens e o que tinha acontecido com eles depois de duas décadas. E foi o meu TCC.02:03

00:00 Luiz Gustavo: Emílio, bem vindo. Obrigado por estar participando da entrevista. Eu sou Luiz Gustavo, como você deve saber. Eu estudo na Universidade Cruzeiro do Sul e nós estamos fazendo o TCC onde estamos estudando como o sensacionalismo afeta as pessoas que produzem e que cobrem o sensacionalismo. Nós estamos estudando o caso da escola base. Estamos estudando também o caso da Eloá, aquela cobertura horrível que foi feita. O caso da Isabela. Você escreveu um livro sobre o caso da Escola Base, não é?

DECUPAGEM JACOB PINHEIRO

2º vídeo Jacob Pinheiro

1º vídeo Jacob Pinheiro

00:04: Eu não sei se especificamente aconteceu isso no caso do programa do Gugu, mas em abstrato na teoria (foi interrompido).

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. respostas, também não encontrei nada que saciasse essas dúvidas. Encontrei uma matéria aqui, outra ali, e vi que também havia pouco material sobre esse caso, então eu percebi que alguém precisaria ir atrás das respostas pra essas perguntas. E eu disse: "bom, eu estou procurando um tema pro TCC, e eu quero um TCC que não seja apenas algo pra receber um diploma, quero algo que realmente tenha uma repercussão na sociedade, e que eu realmente me sinta fazendo jornalismo já na faculdade, já me sinta fazendo o jornalismo que eu tanto amo, que é o investigativo. Então vou fazer sobre isso." Então já no primeiro ano da faculdade, no segundo semestre na verdade, eu comecei a estudar sobre esse caso, fui atrás de tudo que tinha sido publicado na época, peguei informações nos próprios jornais da época que eu coletei na internet, coletei nos arquivos de bibliotecas públicas, e até mesmo no arquivo do Estado de São Paulo. E a partir daí, depois de alguns anos coletando todo esse material e também me aprofundando sobre ele, lendo, eu fui atrás dos personagens. Então foram anos de preparação, até mesmo chegar o momento de ir atrás dos personagens pra saber como eles estavam.05:26

00:02: A relação entre desenvolver gatilhos emocionais, aquilo que a gente pode chamar de pavio curto, instantaneidade, simultaneidade, é uma decorrência da insensibilidade

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Luiz: E eu estava vendo aqui, lendo um pouco do seu livro. Infelizmente eu não consegui achar (o livro), mas eu pesquisei o máximo que eu pude, e você fala que você foi na rua que aconteceu o caso e que muitas das pessoas lá tinham certeza de que o casal Alvarenga estava envolvido(...).

3º vídeo Jacob Pinheiro

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01:00: Sem dúvida nenhuma! Uma grande parte da problemática da violência urbana contemporânea é resultado da exploração sensacionalista, daquilo que já se chamava tradicionalmente, de imprensa marrom, aos instintos mais cruéis, bárbaros e selvagens da contingência humana. É necessário (interrompido).

4º vídeo Jacob Pinheiro

00:00: Durante de muitos anos, inclusive eu dei um depoimento para a comissão parlamentar de inquérito sobre a violência urbana, no senado, falando sobre isso. É muito grave quando a televisão, ou qualquer órgão de comunicação transforma o bandido em uma espécie de herói, uma espécie de Robin Hood. Não tem Robin Hood! Bandido é bandido e herói é herói. Quando você romantiza esse personagem, você pode estar educando no sentido do crime, ensinando o individuo, e mais do que isto, aplaudindo essa ordem de comportamento que é criminosa.

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. noticiosa, daí uma responsabilidade moral muito grande naquele que usa elementos de sedução de audiência, para conquistar modificações nas atitudes da união pública.

00:01: A televisão, e eu já comentei isso em um dos meus últimos livros, que era sobre magética, ela tem um impacto de todos os movimentos, quer dizer, o telespectador quando assiste o programa, ele tende a diminuir a suas reservas criticas, é diferente da leitura, por exemplo de um livro, que normalmente demanda uma reflexão. Na televisão a mensagem é direta, por tanto a persuasão é muito mais significativa. É um processo parecido com o que aconteceu nos inícios da inserção do rádio no meio midiático. Grupo: Existe algum risco ou conseqüência para as pessoas que consomem conteúdo com muita violência:

ROTEIRO

VÍDEO ÁUDIO

ABERTURA: COBERTURA CASO MARCELA NO CIDADE ALERTA (DURANTE COBERTURA AO VIVO, A MÃE DE MARCELA É INFORMADA SOBRE A MORTE DA SOBE ÁUDIO DO VÍDEO

OFF: “O SENSACIONALISMO PODE SER DEFINIDO COMO UMA LINHA EDITORIAL DA MÍDIA ONDE SE BUSCAM TEMAS OU FORMAS DE CAUSAR UM IMPACTO NO PÚBLICO, E, DESSA FORMA, GERAR MAIOR AUDIÊNCIA.”

ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE

OFF: “CASO ELOÁ...”

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ENTREVISTA COUTINHO SONORA: “EXISTEM VÁRIOS ESTUDOS A RESPEITO DO QUE ATRAI AS PESSOAS BASICAMENTESENSACIONALISMO,NOMASOSERHUMANO É ATRAÍDO PELO SENSACIONALISMO, ATÉ MESMO PELA PARTE MAIS BAIXA NÉ, DO SER HUMANO, A PARTE MAIS ANIMAL, QUE É O SANGUE, É O... O PRÓPRIO NOME DIZ, SÃO AS SENSAÇÕES NÉ. ENTÃO AS PESSOAS QUEREM SABER A RESPEITO DE TUDO QUE ENVOLVE VIOLÊNCIA, MORTE, SANGUE. ISSO ATRAI AS PESSOAS, NÉ?”

OFF: “TODOS ESSES CASOS MARCARAM A HISTÓRIA DO TELEJORNALISMO BRASILEIRO. MAS, VOCÊ SABE O QUE ESSES TRÊS CASOS TÊM EM COMUM?

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

VÍDEO COBERTURA CASOS

IMAGEM CASO ESCOLA BASE OFF: “CASO ESCOLA BASE...”

IMAGEM CASO ISABELLA NARDONI OFF: “CASO ISABELLA...” IMAGEM CASO ELOÁ

SONORA: “A MINHA OPINIÃO É, SE VOCÊ NÃO ESTÁ GOSTANDO DA COBERTURA, VOCÊ MUDA DE CANAL. ESSA HISTÓRIA DE SENSACIONALISMO CRIARAM PARA DIFERENCIAR UMA EMISSORA DAS DEMAIS EMISSORAS. UMA

VINHETA ABERTURA ÁUDIO VINHETA

FILHA E PASSA MAL)

NÃO SOMENTE A HISTÓRIA POR TRÁS DESSES CASOS FAZ COM QUE ELES SEJAM LEMBRADOS ATÉ HOJE. O DURANTESENSACIONALISMOACOBERTURADOS MESMOS TAMBÉM FAZ.”

ENTREVISTA GOTTINO

VÍDEO COBERTURA CASOS ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE

VÍDEO COBERTURA ESCOLA

OFF: “ABORDAGENS INSENSÍVEIS,”

COM ENTREVISTA DE BANDIDO

SOBE SOM VÍDEO

OFF: “ALGUNS MÉTODOS JÁ SÃO CONHECIDOS POR FAZEREM PARTE DE UMA ABORDAGEM SENSACIONALISTA. SÃO ELES...”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. 22

SOBE SOM VÍDEO

SUZANO NO SBT

EMISSORA NÃO SENSACIONALISTA,É

VÍDEO SIKERA JUNIOR SE IRRITA

TODAS AS OUTRAS SÃO. ISSO É RIDÍCULO. ALGUMAS EMISSORAS FAZEM UM JORNALISMO MAIS POPULAR, MAIS LIGADO À POPULAÇÃO, AO POVO. VOU PEGAR UM OUTRO EXEMPLO AQUI, O CASO LÁZARO. QUEM DETERMINA SE O CASO VAI SER UMA GRANDE COBERTURA OU NÃO, NÃO É O JORNALISTA, NÃO É A EMISSORA, É O TELESPECTADOR. SE EU COLOCO NO AR E O TELESPECTADOR NÃO TEM INTERESSE... ENTÃO, O INTERESSE DO TELESPECTADOR É O QUE AUMENTA O TEMPO DE COBERTURA. A GENTE TEM QUE FALAR A REAL, A REAL É ESSA. A GENTE COLOCA UM ASSUNTO NO AR, AS PESSOAS PASSAM A TER INTERESSE POR AQUELE TEMA, AS PESSOAS PASSAM A QUERER ASSISTIR AQUILO, E AÍ, ALGUÉM PEGA E FALA: “O JORNALISMO QUE ELES FAZEM É SENSACIONALISTA”, SENSACIONALISTA NADA. É GRANDE COBERTURA, COM ESTRUTURA, COM REPÓRTERES QUE SABEM FAZER AO VIVO, E POUCOS SABEM FAZER DESSA MANEIRA. MAS SE CRIA ESSA HISTÓRIA DE QUE UM É SENSACIONALISTA E O OUTRO NÃO É, ISSO É UMA TREMENDA BESTEIRA.”

OFF: “CRIAÇÃO DE POLÊMICAS DIANTE DOS FATOS,”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

OFF: “E INTENCIONALMENTE.TENDENCIOSAAPRESENTAÇÃOFEITA ”

SOBE SOM VÍDEO ENTREVISTA GOTTINO SONORA: “SIM, VOCÊ TEM QUE ENTENDER O QUE O SEU TELESPECTADOR QUER ASSISTIR TAMBÉM. O SEU TELESPECTADOR QUER VER O QUE? TEM UMA EMISSORA QUE FEZ UMA COBERTURA AGORA SOBRE COVID, QUE ELA SIMPLESMENTE PRIORIZOU A COBERTURA DE COVID. EU PODERIA PEGAR E FALAR ASSIM: “OLHA, EU ACHO QUE ISSO É SENSACIONALISMO”. PODERIA, MAS NÃO FAÇO, PORQUE EU RESPEITO A LINHA EDITORIAL. CADA UM ESCOLHE A FORMA COMO QUER TRABALHAR E AONDE QUER CHEGAR.”

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ENTREVISTA BEATRIZ SONORA: “EU ACHO QUE UM BOM EXEMPLO DISSO É QUANDO EU TRABALHAVA DENTRO DE UMA EMISSORA. ENTÃO EU TRABALHAVA COM CONTEÚDOS DE CRIME E FEMINICÍDIO O DIA TODO. EU NÃO PODERIA ESCOLHER, ‘AH, EU QUERO SÓ VER ISSO HOJE, QUERO SÓ VER COISAS FOFAS HOJE NO JORNAL’, NÃO, NÃO É ASSIM QUE FUNCIONA, E A GENTE SABE MUITO BEM DISSO. ENTÃO EU ACREDITO QUE ISSO ME GEROU MUITOS TRAUMAS, PORQUE É UMA COISA ABSURDA, DE EU SAIR NA RUA, JÁ ESCURO, E EU PENSAR: ‘NOSSA, EU VI ISSO, ISSO E ISSO, TINHA UMA MOÇA, ELA ESTAVA SOZINHA, ELA FOI ASSALTADA, ISSO PODE ACONTECER COMIGO’. ENTÃO ERA UMA COISA BEM DIFÍCIL DE LIDAR, PORQUE ERA TODO O DIA O MESMO MEDO, O MESMO PENSAMENTO. FORAM COISAS QUE EU FIQUEI UM POUCO ASSUSTADA.”

VÍDEO BACCI ACUSA HOMEM SEM PROVAS E DESPERA FILHA

IMAGENS CASO ISABELLA NARDONI

VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI SOBE SOM VÍDEO

VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI SOBE SOM VÍDEO

OFF: “ANALISANDO CASOS QUE JÁ SÃO CONHECIDOS E BUSCANDO DEPOIMENTOS DE QUEM CONSOME ESSE TIPO DE CONTEÚDO, CONSEQUÊNCIASSENSACIONALISMORESPONDERBUSCAMOSSEOTEMREAIS.

OFF: “O CASO ISABELLA NARDONI REFERE SE À MORTE DA MENINA DE CINCO ANOS, JOGADA DO 6º ANDAR DO EDIFÍCIO LONDON, LOCALIZADO NA VILA GUILHERME, ZONA NORTE DE SÃO PAULO. O CASO ACONTECEU NA NOITE DO DIA 29 DE MARÇO DE 2008 E LOGO TOMOU UMA REPERCUSSÃOGRANDEEMTODO O PAÍS, DEVIDO A GRANDE COBERTURA MIDIATICA DIANTE DO CASO.”

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OFF: “O CASO ELOÁ REFERE SE AO SEQUESTRO E MORTE DA JOVEM ELOÁ CRISTINA NO DIA 13 DE OUTUBRO DE 2008. ELOÁ FOI MORTA PELO SEU EX-NAMORADO, LINDEMBERG ALVES, QUE INVADIU A CASA DA GAROTA E A FEZ REFÉM POR MAIS DE 100 HORAS. A COBERTURA DO CASO FOI BASTANTE QUESTIONADA E É CRITICADA ATÉ HOJE. MUITOS CONSIDERAM A MÍDIA COMO A PRINCIPAL CULPADA, JÁ QUE AGIU DE FORMA IRRESPONSÁVEL E CRIMINOSA. A JORNALISTA SÔNIA ABRÃO E A REDE TV FORAM ALVOS DE UMA AÇÃO MOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL POR UMA ENTREVISTA FEITA COM ELOÁ E LINDEMBERG. O ÓRGÃO AFIRMOU QUE AS ENTREVISTAS INTERFERIRAM NA ATIVIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI

IMAGENS CASO ELOÁ

SONORA: “O CASO ELOÁ EU CLASSIFICO COMO UM DOS MAIORES ERROS DA POLÍCIA, NÃO DA IMPRENSA, NÃO DOS JORNALISTAS. UM DOS MAIORES ERROS QUE A POLÍCIA COMETEU. E AÍ EU POSSO DESCREVER PARA VOCÊ ALGUNS DESSES ERROS, E VOCÊS PODEM OPINAR SE FORAM ERROS DA POLÍCIA OU SE FORAM ERROS DA IMPRENSA. VAMOS LÁ... LINDERBERG INVADE O APARTAMENTO E FAZ A EX NAMORADA E A AMIGA REFÉM, ELES ESTÃO TRANCADOS DENTRO DO APARTAMENTO, COMEÇA ALI UMA NEGOCIAÇÃO DA POLÍCIA E A IMPRENSA SE APROXIMA DO LOCAL PARA FAZER A COBERTURA E ELES FICAM ALI POR ALGUMAS HORAS. A IMPRENSA ESTÁ FAZENDO O PAPEL DELA, A POLÍCIA ESTÁ FAZENDO O PAPEL DELA. NEGOCIAÇÃOAQUELECONTINUA, SE ESTENDE, E EM NENHUM MOMENTO ELES CONSEGUEM COLOCAR UM PONTO FINAL NISSO, ATÉ QUE VIRA O PRIMEIRO DIA, E AÍ O CASO COMEÇA A DESDOBRAMENTOS.TERJÁTEM UMA COBERTURA NACIONAL, ELES NÃO CONSEGUEM COLOCAR UM PONTO FINAL NISSO, E AÍ A IMPRENSA COMEÇA A CRESCER A HISTÓRIA. O LINDERBERG, EM UM DETERMINADO MOMENTO, ELE SOLTA A AMIGA. A AMIGA NAYARA, SE NÃO ME ENGANO, É LIBERTADA, ELA SAI. VOCÊ TINHA DUAS REFÉNS, VOCÊ SOLTOU UMA, VOCÊ TEM METADE DO SEU PROBLEMA AGORA. VOCÊ TINHA DUAS

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

POLICIAL E COLOCARAM A VIDA DA ADOLESCENTE E DOS ENVOLVIDOS NA OPERAÇÃO EM RISCO.”

VÍDEO COBERTURA CASO ELOÁ ÁUDIO REPÓRTER

ENTREVISTA GOTTINO

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Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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MENINAS, AGORA VOCÊ TEM SÓ A METADE, 50% DO SEU PROBLEMA JÁ FOI RESOLVIDO. A MENINA FOI LIBERTADA, ESTAVA BEM... ELES FAZEM A MENINA VOLTAR PARA O CATIVEIRO, PARA O APARTAMENTO. QUEM FEZ A MENINA VOLTAR PARA O LOCAL FOI A IMPRENSA OU FOI A POLÍCIA? QUANDO ELA É FEITA REFÉM NOVAMENTE, AÍ O NEGÓCIO CRESCEU PORQUE TODO MUNDO VIU QUE FOI UM GRANDE ERRO. SÓ QUE, O QUE ACONTECE, QUANDO ELA VOLTA E ELE NÃO SOLTA A MENINA, ELE FICA EM SILÊNCIO, NINGUÉM SABIA O QUE TINHA ACONTECIDO, FOI AÍ QUE EU LIGUEI, PEGUEI O TELEFONE NA LISTA TELEFÔNICA, PEGUEI O TELEFONE DA CASA E LIGUEI NO TELEFONE FIXO E ELE ATENDEU. A GENTE QUERIA SABER SE A MENINA ESTAVA VIVA, SE A MENINA ESTAVA BEM. ELE ATENDE E DÁ UMA ENTREVISTA RÁPIDA DIZENDO QUE ESTAVA TUDO BEM. QUEM COMETEU ESSE ERRO FOI A IMPRENSA OU FOI A POLÍCIA QUE DEIXOU A MENINA VOLTAR?” VÍDEO POLICIAL JOÃO FELIX SOBE SOM FALA POLICIAL

ENTREVISTA COUTINHO SONORA: “O SERAPROFUNDARESSEACOMPANHARSIMPLESDESGOSTAEUPORQUEJORNALISMO,PRODUZINDODEFENSORES,SEMPRESENSACIONALISTA,JORNALISMOELETERÁOSSEUSTERÁALGUÉMESSETIPODETEMAUDIÊNCIA.COMOFALEI,OSERHUMANO,ELEDISSO;ELEGOSTADEABERDESSESCASOS,DECASOSSANGUE.EÉMUITOMAISVOCÊNUMCASOCOMODOQUEVOCÊSEMESMO.CHEGAACANSATIVOÀSVEZESATÉ

PARA O PÚBLICO SE APROFUNDAR, NÃO FICAR SÓ SUPERFICIALIDADE.NA NÓS VEMOS ATÉ NAS REDES SOCIAIS, MUITA GENTE NOTÍCIASCOMPARTILHAAPENASPELO TÍTULO,

IMAGENS CASO ESCOLA BASE

OFF: “O CASO ESCOLA BASE REFERE SE À ACUSAÇÃO INJUSTA DE ABUSO SEXUAL CONTRA ALUNOS QUE TERIAM SIDO COMETIDOS PROPRIETÁRIOSPELOSDA ESCOLA, O CASAL ICUSHIRO SHIMADA E MARIA APARECIDA SHIMADA, A PROFESSORA PAULA MILHIM ALVARENGA E O SEU ESPOSO E MOTORISTA MAURÍCIO MONTEIRO DE ALVARENGA. O CASO, QUE ACONTECEU EM 1994, É LEMBRADO ATÉ HOJE DEVIDO À COBERTURA PARCIAL DA IMPRENSA. OS ACUSADOS, ALÉM DE SE ISOLAREM E PERDEREM SEUS EMPREGOS, DESENVOLVERAM ESTRESSE E FOBIA, DIANTE DOS DANOS MORAIS QUE SOFRERAM. POR CONTA DA COBERTURA, A REDE GLOBO FOI CONDENADA A PAGAR R$ 1,35 MILHÃO PARA REPARAR OS DANOS CAUSADOS AOS ACUSADOS.”

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APENAS PELA PARTE MAIS SUPERFICIAL DA NOTÍCIA QUE É O TÍTULO, AS COMPARTILHAMPESSOASAQUILO SEM LER O CONTEÚDO DA MATÉRIA.”

ENTREVISTA COUTINHO

“HOUVE UMA FALHA MUITA GRANDE TAMBÉM DA IMPRENSA AÍ, O NOSSO FOCO, NÓS DA IMPRENSA SEMPRE QUESTIONAMOS ISSO NÉ, NORMALMENTE O JORNALISTA, ELE GOSTA MUITO DE FAZER CRÍTICA. O NOSSO TRABALHO É UM TRABALHO DE COBRAR O PODER PÚBLICO, COBRAR AS AUTORIDADES, MAS EXISTEM POUCOS JORNALISTAS, NO

VÍDEO COBERTURA CASO ESCOLA BASE SOBE SOM VÍDEO

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

IMAGENS CASO ISABELLA

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

JORNALISMO EXISTE MUITO POUCO ESSA QUESTÃO DA COBRANÇA, DA AUTO-COBRANÇA. OU SEJA, O JORNALISTA ESTÁ ALI, VIGIANDO TAMBÉM O SEU TRABALHO, VIGIANDO O QUE, SERÁ QUE ESTÁ SENDO BEM FEITO NÉ, ESSE

OFF: “DE ACORDO COM DADOS DIVULGADOS PELO INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, O IBOPE, MOSTRAM QUE, DE FATO, O EXAGERO DURANTE A COBERTURA DESSES CASOS GERA MAIOR AUDIÊNCIA.”

OFF: “OUTRO CASO RECENTE E QUE TAMBÉM PODE SER CITADO É O CASO LÁZARO, HOMEM QUE FICOU CONHECIDO COMO O ‘SERIAL KILLER DE BRASÍLIA’.”

IMAGENS CASO ISABELLA

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OFF: “O CASO FEZ A RECORD TV TER A MELHOR AUDIÊNCIA DO ANO. AS EDIÇÕES VESPERTINAS DOS JORNAIS ‘CIDADE ALERTA’ E ‘BALANÇO GERAL’ REGISTRARAM 9,5 PONTOS DE MÉDIA SEMANAL, UMA CRESCIMENTO DE 23% NA COMPARAÇÃO COM AS QUATRO SEMANAS ANTERIORES, SENDO A

IMAGEM CASO LÁZARO

TRABALHONÉ,ESSE...OUEXISTIRAMFALTAJORNALÍSTICO?TRABALHOINFELIZMENTEMUITOAAUTOCRÍTICA.ALGUNS,EXISTEMUMOUTROVEÍCULOAÍQUETEMOPRÓPRIOOMBUDSMANÉUMAFORMADEVIGIARODAIMPRENSANÉ. ”

VÍDEO CASO LÁZARO

SOBE SOM VÍDEO

VÍDEO CASO LÁZARO

OFF: “DURANTE A COBERTURA DO CASO ISABELLA, O ‘FANTÁSTICO’, EXIBIDO PELA REDE GLOBO, REGISTROU 33 PONTOS DE MÉDIA, COM PICO DE 43, DURANTE A EXIBIÇÃO DA ENTREVISTA COM ANNA CAROLINA OLIVEIRA, MÃE DA MENINA ISABELLA ”

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SONORA: “MUITAS PESSOAS ACHAM QUE, NÃO QUEREM ASSISTIR ELE PORQUE ACHAM QUE AS PESSOAS VÃO FICAR COM MAIS MEDO. EU ACHO QUE NÃO, QUE ELE ESTÁ ALERTANDO AS PESSOAS, NÉ, ESTÁ DIVULGANDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO, NÉ. [...] PORQUE SE VOCÊ FOR TER MEDO, VOCÊ ENTRA NUMA DEPRESSÃO, NÉ. IGUAL MUITAS PESSOAS ESTÃO, EM DEPRESSÃO, TRANCADA DENTRO DE CASA PORQUE FICA COM MEDO DE TUDO.”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

ENTREVISTA MARIA APARECIDA

SONORA TIAGO ALMEIDA

SONORA: “ESSE PRINCIPALMENTEJORNALISMO,DARECORD, O GOTTINO, EU GOSTO MUITO DELE, ELE INFLUENCIA BASTANTE AS PESSOAS A VER A VERDADE, A TRANSPARÊNCIA. NÃO TEM ESSE NEGÓCIO DE MEIA VERDADE, OU É OU NÃO É, ENTENDEU? [...] EU ACHO QUE ASSIM, ÀS VEZES PESA NÉ? ELES QUEREM FAZER UM TRABALHO, NÃO SEI SE É ESSE FURO DE REPORTAGEM RÁPIDO, NÉ? ATRAPALHA A INVESTIGAÇÃO POR ISSO NÉ. [...] SE EU QUISER VER PARAÍSO EU VOU VER PARAÍSO. SE EU QUISER VER, NÉ... TAMBÉM DIZEM QUE O NOSSO PAÍS É UMA TAXA ALTA DE CRIMINALIDADE, NÉ? VOCÊ VÊ AS PESQUISAS DIVULGANDO AÍ, NÉ? E TODA HORA, VOCÊ LIGA NUM JORNAL E NO OUTRO, TODA HORA... MAS O NOSSO BRASIL É GRANDE. [...] ENTÃO, EU ACHO ASSIM: É MUITA NOTÍCIA RUIM, NÃO PRECISAVA DISSO.”

SONORA: “NÃO SOU EU QUE ESTOU DETERMINANDO QUE ESSE ASSUNTO VÁ GOELA ABAIXO DAS PESSOAS. NÃO, AS PESSOAS QUE ESTÃO FALANDO: “OLHA, NÓS

EDIÇÃO DE SEXTA FEIRA, DIA 18 DE JUNHO, A MAIS VISTA DO ANO, COM 10,5 PONTOS.”

ENTREVISTA GOTTINO

ENTREVISTA GOLDENBERGJACOB SONORA: “A TELEVISÃO, E EU JÁ COMENTEI ISSO EM UM DOS MEUS ÚLTIMOS LIVROS, QUE ERA SOBRE MAGÉTICA, ELA TEM UM IMPACTO DE TODOS OS MOVIMENTOS, QUER DIZER, O TELESPECTADOR QUANDO ASSISTE O PROGRAMA, ELE TENDE A DIMINUIR A SUAS RESERVAS CRITICAS, É DIFERENTE DA LEITURA, POR EXEMPLO DE UM LIVRO, QUE NORMALMENTE DEMANDA UMA REFLEXÃO. NA TELEVISÃO A MENSAGEM É DIRETA, POR TANTO A PERSUASÃO É MUITO MAIS SIGNIFICATIVA. É UM PROCESSO PARECIDO COM O QUE ACONTECEU NOS INÍCIOS DA INSERÇÃO DO RÁDIO NO MEIO MIDIÁTICO. [...] SEM DÚVIDA NENHUMA! UMA GRANDE PARTE DA PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA URBANA CONTEMPORÂNEA É RESULTADO DA EXPLORAÇÃO SENSACIONALISTA, DAQUILO QUE JÁ SE TRADICIONALMENTE,CHAMAVA DE IMPRENSA MARROM, AOS INSTINTOS MAIS CRUÉIS, BÁRBAROS E SELVAGENS

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QUEREMOS ASSISTIR ISSO, NÓS QUEREMOS SABER SE ELE VAI SER PEGO OU NÃO”. TEM UMA COMOÇÃO NACIONAL, TODO MUNDO QUERENDO SABER AONDE ELE ESTÁ, ELE ESTÁ ENGANANDO A POLÍCIA, ELE ESTÁ FAZENDO REFÉNS, COMO QUE ESTÁ A SITUAÇÃO, A NOITE ELE FOI VISTO... ENTÃO, É UMA HIPOCRISIA MUITO GRANDE QUANDO AS PESSOAS CLASSIFICAM DESSA MANEIRA, PRINCIPALMENTE SITES NOTICIOSOS, QUE PUBLICAM ISSO, MAS AO MESMO TEMPO, COLOCAM LÁ EM DESTAQUE NA PRIMEIRA CAPA, NA PRIMEIRA PÁGINA, NA CAPA DE SEUS SITES, AS MESMAS NOTÍCIAS QUE ELES RECLAMAM QUE, NA TELEVISÃO, SÃO SENSACIONALISTAS, PORQUE É A NOTÍCIA QUE VAI DAR CLIQUE.”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

VÍDEO COBERTURA CASO ELOÁPROGRAMA SONIA ABRÃO SOBE SOM VÍDEO

ENTREVISTA LAIS

CRIMINOSA.”

SONORA: “SE HOUVER ESSA INFORMAÇÃO EM EXCESSO, SIM, PODE SIM CAUSAR PREJUÍZOS PSICOLÓGICOS. VOLTANDO ALI NAQUELA MESMA SITUAÇÃO, SE PARA UM ADULTO É DIFÍCIL RECEBER TANTA INFORMAÇÃO E AINDA SIM GERENCIAR, IMAGINA PARA UMA CRIANÇA, IMAGINA PARA UM ADOLESCENTE. PORÉM, ESSA INFORMAÇÃO É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A EVOLUÇÃO DA CRIANÇA. ENTÃO POR ISSO É IMPORTANTE QUE OS RESPONSÁVEIS FAÇAM BEM ESSA GESTÃO, SAIBA BEM QUAL É O TELEJORNAL DE QUALIDADE, E QUANTO TEMPO QUE A CRIANÇA VAI SE EXPOR AQUELA REALIDADE PARA QUE ELA CONSIGA SABER COMO E PORQUÊ AS COISAS

DA CONTINGÊNCIA HUMANA. [...] É MUITO GRAVE QUANDO A TELEVISÃO, OU QUALQUER ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO TRANSFORMA O BANDIDO EM UMA ESPÉCIE DE HERÓI, UMA ESPÉCIE DE ROBIN HOOD. NÃO TEM ROBIN HOOD! BANDIDO É BANDIDO E HERÓI É HERÓI. QUANDO VOCÊ ROMANTIZA ESSE PERSONAGEM, VOCÊ PODE ESTAR EDUCANDO NO SENTIDO DO CRIME, ENSINANDO O INDIVIDUO, E MAIS DO QUE ISTO, APLAUDINDO ESSA ORDEM COMPORTAMENTODE QUE É

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ACONTECE, PORQUE FAZ PARTE DA FORMAÇÃO, ELES ESTÃO ALI, CONHECENDO O MUNDO E ELES PRECISAM CONHECER MAIS, ALÉM DO QUE É SE VIVIDO DENTRO DE CASA.”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

ENTREVISTA LAIS

SONORA: “UM APRESENTADOR. ELA NÃO FALOU QUEM QUE ERA O APRESENTADOR NEM QUAL ERA A EMISSORA, MAS NAQUELA ÉPOCA PRATICAMENTE TODAS AS EMISSORAS ESTAVAM DANDO ESSA NOTÍCIA, E O JORNALISTA FALOU QUE ERAM CULPADOS, E ELA ACREDITA PORQUE ELA VIU NA TELEVISÃO, ENTÃO AÍ QUE A GENTE VÊ A FORÇA, POR ISSO QUE NOS SOMOS CHAMADOS "O QUARTO PODER", A FORÇA QUE NOS TEMOS, NÓS DA IMPRENSA, DE ESPALHAR INCLUSIVE UMA NOTÍCIA FALSA. E MESMO DEPOIS, OS DONOS DA ESCOLA SENDO ABSOLVIDOS, E A PESSOA FICA COM AQUELA PEDÓFILOSOSINFORMAÇÃO:PRIMEIRADEQUEDONOSDAESCOLAERAM

SONORA: “O PROBLEMA ESTÁ NO TEMPO QUE A GENTE ABSORVE, NA QUANTIDADE DE TEMPO QUE A GENTE ABSORVE ESSA INFORMAÇÃO, E NA GESTÃO DE

SONORA: “ESSE TIPO DE JORNAL CAUSA FORTES EMOÇÕES PARA PRENDER A ATENÇÃO DO PÚBLICO. EU, POR EXEMPLO, ME SINTO FRUSTRADA, COMO ACONTECEU NO CASO DO LÁZARO, DA COBERTURA, EM QUE HOUVERAM JORNAIS SENSACIONALISTAS,MUITO QUE UTILIZAVAM EXAGERADASEXPRESSÕESPARAINDICAR QUE

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

ENTREVISTA VANESSA

O SUJEITO HAVIA SIGO PEGO, INDICAR TODA A TORTURA QUE AS VÍTIMAS PASSAVAM. ME SENTI COM MEDO, MUITO ASSUSTADA, E FRUSTRADA. MAS AO MESMO TEMPO, É CONHECERMOSIMPORTANTEALINGUAGEM E AS ESTRATÉGIAS QUE ESSE TIPO DE JORNAL ABORDA, PARA TOMARMOS CUIDADO E NOS PREVENIR, PRINCIPALMENTE CONTRA AS FAKE NEWS.”

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ENTREVISTA COUTINHO

ENTREVISTA GOTTINO SONORA: “DEPOIS DE UM TEMPO QUE VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO NESSA ÁREA VOCÊ CONSEGUE SEPARAR MELHOR ISSO. NO COMEÇO A GENTE SENTE MUITO, A GENTE SE ABALA COM AS NOTÍCIAS. DEPOIS, VOCÊ CONSEGUE DIVIDIR MELHOR. NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ SE TORNOU UMA PESSOA DE PEDRA, UMA PESSOA FRIA, NÃO É ISSO... MAS, O QUE ENVOLVE A COBERTURA JORNALÍSTICA, ELA FAZ COM QUE VOCÊ NÃO SE ENVOLVA TANTO, EMBORA EU TENHA UM PROBLEMA DE ME ENVOLVER. EU ME EMOCIONO, EU ENTRO NAS HISTÓRIAS, MAS É LEGAL A SUA PERGUNTA PORQUE DÁ PRA EXPLICAR UM POUCO DO CENÁRIO QUE ENVOLVE A COBERTURA, QUE ASSIM, EU ESTOU CONVERSANDO COM O TELESPECTADOR, ESTAMOS AQUI, SÓ QUE TEM PESSOAS DO MEU LADO, TEM UMA CÂMERA, TEM LUZ, TEM GENTE, TEM PESSOAS FALANDO NO MEU OUVIDO: “OLHA, TEM INTERVALO AGORA, TEM QUE FAZER INTERVALO...”, ISSO VAI CORTANDO O SEU EMOCIONAL, PORQUE VOCÊ TEM ALI UMA ESTRUTURA, E O CARA FALA: “CHAMA O REPÓRTER, SURGIU AGORA, TAL”, ENTÃO, VOCÊ NÃO ESTÁ EMOCIONALMENTECOMPENETRADONESSE CASO. VOCÊ ESTÁ FALANDO PENSANDO

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

QUALIDADE DESSA INFORMAÇÃO. OU SEJA, A GENTE PRECISA DETERMINAR QUANTO TEMPO DO MEU DIA EU DEVO ASSISTIR O TELEJORNAL PARA ME MANTER INFORMADA DO QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO, MAS TENDO ESSA VISÃO, TENDO ESSA SELETIVIDADE, OLHANDO UM POUQUINHO DO QUE AQUILO PODE ME TRAZER, O QUE AQUILO PODE ME ACRESCENTAR.”

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NO QUE VAI FALAR NA SEQUÊNCIA, ESTÁ OUVINDO UMA ORIENTAÇÃO DO QUE VOCÊ DEVE FAZER, TEM GENTE SINALIZANDO AQUI, O TP, O REPÓRTER, O HELICÓPTERO, QUATRO IMAGENS NO AR... ENTÃO, O SEU ENVOLVIMENTO ELE NÃO É TOTAL, PORQUE VOCÊ ESTÁ COM A SUA CABEÇA A MIL E VOCÊ VAI COMPONDO ISSO PARA VOCÊ FAZER UMA GRANDE COBERTURA. ENTÃO, ISSO TE DISTANCIA UM POUCO... PODE SER BOM, PODE SER RUIM. EU, QUANDO ME PEGO, EU ESTOU DENTRO DA HISTÓRIA, MAS DEPOIS QUE EU SAIO DO TRABALHO, EU TENTO DEIXAR ELE DE LADO PORQUE EU TENHO UMA FAMÍLIA, TENHO FILHOS, TENHO ESPOSA, TENHO QUE CHEGAR AQUI E HONRAR OS MEUS COMPROMISSOS COMO PAI, COMO MARIDO, E EU NÃO POSSO CHEGAR AQUI E FICAR EM UMA SITUAÇÃO QUE A MINHA FAMÍLIA NÃO CONSEGUE TER CONTATO COMIGO PORQUE EU FIQUEI MUITO MAL. ENTÃO ASSIM, A GENTE SENTE OBVIAMENTE, A GENTE SOFRE, MAS A GENTE TEM QUE SABER SEPARAR BEM, E ESSE AMBIENTE DA COBERTURA JORNALÍSTICA TAMBÉM TE AJUDA A TE DISTANCIAR.”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

IMAGENS VÍDEO COBERTURA CASOS ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE

OFF: “O OBJETIVO DESSE DOCUMENTÁRIO ERA MOSTRAR QUAL IMPACTO QUE O SENSACIONALISMO TEM NA VIDA DAS PESSOAS. SEM PERCEBER, NÓS NOS SENTIMOS COM INFLUENCIADOSMEDO,PORCOISAS QUE VEMOS NA TELEVISÃO. TAMBÉM É MUITO DISCUTIDO SOBRE A ÉTICA PROFISSIONAL DO JORNALISTA QUANDO ESSE TEMA É ABORDADO. ATÉ ONDE VAI A BUSCA POR AUDIÊNCIA? DEVEMOS MESMO ABUSAR E APELAR PARA O EMOTIVO, MESMO SABENDO QUE

ENTREVISTA COUTINHO

ISSO PODE TER CONSEQUÊNCIAS?”

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. 35

SONORA: “NÓS JORNALISTAS NÃO PODEMOS APONTAR DEDO, PORQUE NÓS TEMOS ALGUMAS VERSÕES DE UMA HISTÓRIA, MAS NÓS NÃO TEMOS O PODER DE FAZER UMA INVESTIGAÇÃO TÃO APROFUNDADA QUANTO A POLÍCIA. NA VERDADE ATÉ PODEMOS, NÉ. POR UM CERTO ASPECTO, PODEMOS. MAS NÓS NÃO PODEMOS JULGAR, REALMENTE NÉ. NÓS TEMOS QUE APRESENTAR OS DADOS, APRESENTAR OS FATOS, MAS QUEM VAI CONDENAR A PESSOA OU NÃO, QUEM VAI DIZER SE AQUELA PESSOA ESTÁ ERRADA OU NÃO; REALMENTE É A JUSTIÇA. É A JUSTIÇA CONDENANDO OU ABSOLVENDO AQUELA PESSOA.”

CAPAANEXOANEXOS(A)DODOCUMENTÁRIO

CAPA

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021. 36

ANEXO MODELO(B)DE ARTE PROPRIA

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

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