São20Paulo21
PAOLA SANTANA SANTOS
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
O PASQUIM: A influência do jornal no processo da imprensa brasileira
PAOLA SANTANA SANTOS
São2021Paulo
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
O PASQUIM: A influência do jornal no processo da imprensa brasileira
Monografia desenvolvida como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo daUniversidadeCruzeiro do Sul, sob orientação do Prof. Me. Antonio de Assiz
“Se você não gosta do seu destino, não o aceite. Em vez disso, tenha a coragem de mudá lo do jeito que você quer que ele seja.” Naruto Uzumaki
Agradeço a todos os professores da universidade Cruzeiro do Sul que de alguma forma, contribuíram com a minha formação acadêmica e profissional. Aos meus pais e irmãos que acreditaram e apostaram em mim durante esses 4 últimos anos e a todos meus amigos e colegas próximos meus mais sinceros agradecimentos. Sou grata a todo conhecimento e aprendizado recebido durante minha trajetória no curso, sou imensamente feliz por ter encontrado meu caminho na comunicação e espero um dia poder retribuir tanto carinho.
AGRADECIMENTOS
Esta monografia tem como objetivo estudar e analisar o jornal carioca O Pasquim, um tabloide alternativo conhecido como “nanico”, que se desenvolveu durante a ditadura militar e revolucionou o fazer jornalismo nas décadas de 1970 e 1980, influenciando ainda na imprensa atual. O jornal ficou conhecido pela sua sátira e humor estampado nas notícias, entrevistas e cartuns, além de enfrentar a censura com leveza e linguagem informal. A monografia irá ser dividida em duas partes. A primeira destaca a história do jornal, os pontos fortes, design, linguagem utilizada, humor irônico, polêmicas e seu papel na ditadura militar, já a segunda irá abordar e analisar as heranças e contribuição do Pasquim deixadas na imprensa atual. Para o desenvolvimento da monografia foi realizada uma análise bibliográfica e documental.
Palavras chave: Imprensa alternativa; O Pasquim; Censura; Regime Militar; influência; jornalismo
RESUMO
SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO.........................................................................9 INTRODUÇÃO............................................................................10 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO ....................11 RESULTADOS.................................Error! Bookmark not defined.3 REFERÊNCIAS...........................................................................14
APRESENTAÇÃO
No início do trabalho a ideia inicial da monografia era o título “Imprensa - vilã ou aliada? Uma análise de como o poder da imprensa brasileira pode influenciar politicamente na opinião pública.”, com pesquisas iniciais sobre a temática, me aprofundei mais nas imprensas alternativas e o jornal O Pasquim como produto de pesquisa seria perfeito para um estudo cientifico. Foquei na delimitação procurando encaixar o jornal, censura e o jornalismo atual, com a temática “A influência do Jornal o Pasquim no processo da imprensa livre brasileira”. Além de destacar o jornal, a ideia era citar a dificuldade de noticiar em tempos da ditadura militar e como O Pasquim fez isso de uma maneira leve e corajosa o que influencia na imprensa brasileira até hoje. Com grandes dificuldades de encontrar fontes que participaram ativamente no jornal, a pesquisa foi focada nas referências bibliográficas e documental, onde foi encontrando um enorme acervo de memorias, edições, artigos e documentários sobre o jornal, o que agregou em muito em meu projeto. Sem muita presença de fontes para abordar a censura e a base que queria criar sobre a censura e regime militar, novamente delimitei o tema aprofundando e ficando apenas no Pasquim com o intuito de dar mais embasamento e analise no próprio jornal, assim com somente um foco e também porque conseguiria abordar todas as referências que já tinha estudado. A entrevista com Reinaldo Batista Figueiredo, um humorista, cartunista e músico brasileiro, que trabalhou como cartunista e ilustrador no jornal nos anos de 1974 a 1985, fez grande diferença na pesquisa, trazendo um olhar de dentro da redação do Pasquim e mais profundamente a monografia. A Pryscila Vieira, cartunista que criou releituras das charges do jornal na exposição de comemoração de 50 anos do Pasquim, também contribuiu com a pesquisa e mostrou sua visão além de fã, mas de crítica com o trabalho do jornal, sendo bem especifica ser contra o machismo presente no jornal. Com todas as dificuldades encontradas para utilizar do Pasquim como objeto do meu trabalho de conclusão de curso, espero conseguir chegar a esclarecer todos os pontos do jornal, deixando uma incrível analise do seu desenvolvimento, dificuldades e falhas que não tem muito foco, assim destacando sua importância na imprensa brasileira e para o verdadeiro jornalismo.
Mesmo quebrando os “tabus” da época, sofrendo com a censura o Pasquim não desistiu de noticiar com humor e leveza, o idealismo do jornal levou a uma série de processos e prisões, o que não diminuiu a vontade dos jornalistas e cartunistas que criavam diariamente o Pasquim de levar mais exemplares para bancas, com um enorme compromisso com seus leitores.
INTRODUÇÃO
No meio do maior regime autoritário vivido no Brasil, se desenvolvia o Jornal “nanico” humorístico, O Pasquim ou o difamador (como é a sua tradução). A ideia inicial surgiu em 1968, quando os jornalistas Tarso de Castro, Sérgio Cabral e o cartunista Jaguar buscaram uma outra opção de tablóide, para substituir A Carapuça, editado pelo falecido Sérgio Porto. O Pasquim foi criado oficialmente no dia 26 de junho de 1969 com uma tiragem de 14 mil exemplares, que teve que ser dobrado já que em dois dias os exemplares tinham se esgotados nas bancas. Nomes como Ziraldo, Millôr Fernandes, Prósperi, Claudius, Fortuna, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa Sérgio Augusto, Ruy Castro, Reinaldo Figueiredo e Fausto Wolff, vieram se juntar e agregar na equipe gráfica e redação com o tempo. O Pasquim foi um dos mais influentes e inovador jornal de oposição contra o regime militar brasileiro e seu gráfico foi um lançamento exclusivo dojornal, jáqueosgrandes jornaistinhamumdesigntotalmentediferente da fórmula Pasquim. Humor, ironia e sátira foi a marca registrada deixada pelo O Pasquim na imprensa alternativa da época, por ser considerada uma “imprensa nanica”, o jornal quebrou muitos estereótipos da época, alcançando números de vendas inimagináveis para o público e leitores da imprensa alternativa, destacando assim, como o jornal foi relevante ao exercer o papel do jornalismo na cidadania brasileira, mesmo com toda sua informalidade e individualidade. Com o auge do Al 5, O Pasquim foi genial ao driblar a censura com o senso de humor do jornal encoberto de informações, tentando trazer a veracidade da real situação brasileira. A colaboração do jornal O Pasquim na luta pela garantia do direito à informação e liberdade de expressão foi valioso na construção da democracia e na vitória contra o regime militar no Brasil. Estamonografia será dividida emduas partes para analisar o desenvolvimento do jornal, a primeira destaca a história do jornal, os pontos fortes, design, linguagem utilizada, humor irônico, polêmicas, seu papel na ditadura militar, não deixando de lado o machismo nas charges que o jornal trazia, já a segunda irá abordar e analisar as heranças e contribuição do Pasquim deixadas na imprensa atual.
Para o desenvolvimento da pesquisa, a monografia contará com o acesso aos arquivos digitalizados pelo site da Fundação Biblioteca Nacional, as edições do jornal O Pasquim entre os anos 1969 a 1991 e todas as informações e entrevistas exclusivas liberadas pelo site BNDigital sobre a trajetória do jornal. Um exemplo de conteúdo retirado do site é o texto “O marginal que deu certo” do escritor e jornalista Sérgio Augusto, que destaca a importância e grandeza do Pasquim. Segundo Sérgio:
“Há quemdiga e nós nãotemos por queduvidar que os três maiores fenômenos da imprensa brasileira foram, por ordem de entrada em cena, as revistas semanais O Cruzeiro (1928 1985) e Veja (1968). Não eram três? Eram. O Pasquim foi o terceiro fenômeno.”
Os artigos “O Pasquim: Um Jornal Que Não Se Vende A Não Ser A Seus Leitores” da Natali Lima de Carvalho e “O Pasquime o humor hoje” do Vinícius Brasileiro Ramalho tambémserão referência para análise do conteúdo. O livro “Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa” do Bernardo Kucinski, dará apoio no estudo sobre a censura e imprensa alternativa no regime militar vivido no Brasil. As teses como a “Guerrilha de pincéis: Humor Gráfico no jornalo Pasquim como resistência política e culturalà ditadura militar (1969 1970)” deÁtilaBezerraFernandesVieira(2010) serão usadosparadar suporteashipótesesdesteartigo e reforçar a importância do jornalismo e da imprensa alternativa nos tempos de censura. Átila é direto em mostrar a contribuição do jornal no regime militar da seguinte forma:
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
“O Pasquim e a imprensa alternativa contribuíram para o enfraquecimento da ditadura militar […] Neste sentido, cumpriu seu papel político e social, mas indo além. No momento em que atuou na crítica de costumes, aglutinou as inquietações e as manifestações daqueles anos, 9 contribuindo para abrir mais caminhos em direção à democracia, fazendo que esta rompesse o campo político e
adentrasse o campo da cultura espaço incisivo das lutas cotidianas. O desenho de humor, com suas expressividades e linguagens particulares, muitas vezes escondeu da brutalidade pontos de vista que eram incômodos de serem defendidos, porque não havia interesse que a mesquinharia, a ignorância, o egoísmo, o individualismo, a ânsia por status social fossem achincalhados, zombados, ridicularizados.” (VIEIRA, 2010, p. 181).
Além dos textos teóricos, o documentário “O Pasquim: a subversão do Humor” realizado pela TV Câmara no ano de 2004, irá mostrar o desenvolvimento do jornal, destacando o idealismo, corageme inovação dasediçõesdo jornalnaditaduramilitar brasileira. Aprincipal metodologia desta monografia, será a pesquisa bibliográfica e a documental. Para conseguir dar andamento no estudo de caso e analisar toda a história do jornal Pasquim, a pesquisa será essencial na apuração dos fatos encontrados pelo projeto, para assim, criar um levantamento da história e do papel do jornal na imprensa alternativa livre. Para ter mais conhecimento e profundidade no assunto, uma entrevista como jornalista e Cartunista Reinaldo Figueiredo queteve participação ativa na história do Pasquim foi realizada, com o objetivo de apurar e corrigir informações encontradas nas pesquisas iniciais e criar mais conteúdo de estudo para a análise. A Cartunista Pryscila Vieira, tambémcontribuicomumaentrevista, falando dasuavisão como fãdo trabalho do jornal e dos pontos a melhorar, citando o machismo presente nas charges que a mesma fez releituras a serem expostas na exposição de 50 anos do O Pasquim. A ideia das entrevistas foi criar mais fundamentação para a monografia ser o mais clara possível nas análises realizadas, durante o processo de pesquisa.
RESULTADOS
Como era um jornal padrão da épocaOJornal


Pasquim
Como diz o Cartunista Jaguar do jornal “O Pasquim tirou o paletó e a gravata do jornalismo brasileiro”
A análise documental começou com as edições do jornal, a diferença das capas da época, linguagem informal utilizada, gráfico do jornal, tudo era feito de uma maneira bem incomum comparado aos jornais existentes da época.
O Pasquim não foi um jornal comum, foi um jornal revolucionário, de acordo com o Reinaldo Figueiredo:
Muitas das suas características vivem nos jornais até hoje, mas isso não quer dizer que tudo era positivo para o jornal, Leila Diniz foi uma das primeiras que sofreu com o machismo presenta na redação, com um desconforto através de uma entrevista concebida ao jornal. As charges também mostravam um lado machista de seus editores e desenhistas. Essa foi uma das grandes falhas que o jornal mostrou ter através das análises e entrevistas concebidas.
Além das analises nas edições do jornal, entrevistas e memorias dos contribuintes do jornal foram estudadas pelo site da Biblioteca Nacional, resultando emum grande material para a pesquisa da monografia.
“O principal ponto forte do jornal era o tratamento do jornalismo com humor, com uma linguagem mais coloquial e moderna, bem diferente da grande imprensa da época.”
Claro que mesmo com falhas, a coragem do Pasquim de desafiar um regime militar é admirável e não pode ser desmerecida, a forma de levar noticia, de se comunicar com seu leitor, foi algo único do jornal na época o que até hoje traz muitas influencia na imprensa atual. Podemos ver a inspiração na Revista Piauí, não é por acaso que sempre tem um desenho na capa, a sátira e ironia no jornal Sensacionalista, em todos há um pouco do Pasquim presente, o que fica claro a influencia e importância do jornal.
Documentário O Pasquim: A Subversão do Humor. Produzido pela TV Câmara
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo. Editora Universidade de São Paulo. 2003
Portal BNDigital Acessado em 11 de junho de 2021. (https://bndigital.bn.gov.br/dossies/o pasquim/apresentacao o pasquim/)
CARVALHO, Natalia. O Pasquim: Um jornal que não se vende. XX Congresso de Ciência da Comunicação na Região Nordeste. 2018
JAGUAR, AUGUSTO Sérgio (org.) O Pasquim: antologia 1969 1971. Rio de Janeiro. Editora Desiderata. 2006
PEREIRA, V. B. R. O Pasquim e o humor hoje: a influência de um “nanico” na imprensa e a situação atual do humor nos meios de comunicação. Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, como requisito parcial para a obtenção ao grau de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo do UniCEUB Centro Universitário de Brasília, SOUSA,2007V.R.
REFERÊNCIAS
BRASIL, B. A breve história e a caracterização d’O Pasquim. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n.6, p.159 176, 2012.
O Pasquim e a ditadura militar: o humor que burla a censura