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FIGURA 2 - PRINT DO ARTIGO DO JORNAL THE GUARDIAN
from Mal-Dito
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FIGURA 2 - PRINT DO ARTIGO DO JORNAL THE GUARDIAN10
FONTE: HAMMERSLEY, Ben. The Guardian. 12 de fevereiro de 2004.
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De lá para os dias atuais, o formato vem se desenvolvendo de forma rápida. Profissionais da área acreditam que estes números tendem a crescer ainda mais ao longo do tempo, com a chegada de novos gêneros, como o áudio drama e o audiobook, que começaram a fazer parte dos inúmeros temas abordados e que atinge diferentes públicos, utilizando muito a forma narrativa ao contar novas histórias.
2.2 DRAMATURGIA
O ato de contar histórias faz parte da vivência humana desde a época da Grécia Antiga. Do grego, a palavra “dramaturgia” significa “fazer/escrever drama” e associase inicialmente ao teatro, com sua origem relacionada, à Poética11 de Aristóteles, por volta de 335 a.C., por ter sido um dos primeiros trabalhos sobre a teoria dramática. Na obra, o filósofo cria uma relação, talvez pela primeira vez, entre personagem, diálogo e ação, apresentando ideias que compõem uma narrativa.
10 O termo Podcast foi citado pela primeira vez em 12 de fevereiro de 2004 num artigo de autoria do jornalista Ben Hammersley, no jornal britânico The Guardian. 11 Um dos mais antigos trabalhos conhecidos do filósofo grego Aristóteles, é um conjunto que busca categorizar as estéticas dos gêneros literários.
28 Mas, foi somente no século XVlll que o termo ganhou significado, quando o teórico e dramaturgo Gotthold Ephraim Lessing12 (1729-1781) começou a estabelecer reflexões específicas sobre o ofício da dramaturgia, inspirando inúmeros outros autores. Então, seja no teatro grego ou na moderna e contemporânea era do cinema, rádio ou televisão, temos como definição de dramaturgia, uma forma de narrativa, dividida em começo, meio e fim, com um conflito e uma solução do mesmo. Em Teoria do Drama Moderno o filósofo literário Peter Szondi13 diz que:
o drama da época moderna surgiu no Renascimento14 - quando a forma dramática, após a supressão do prólogo, do coro e do epílogo, concentrouse exclusivamente na reprodução das relações inter-humanas, ou seja, encontrou no diálogo sua mediação universal. O drama que surge daí é "absoluto", no sentido de que só se representa a si mesmo - estando fora dele, enquanto realidade que não conhece nada além de si, tanto o autor quanto o espectador, o passado enquanto tal ou a própria convizinhança dos espaços. Tornado inteiramente presença e presente, e animado por uma dinâmica interna de que o diálogo é o motor exclusivo, o drama constitui-se como forma fechada e completa em si mesma - ele se absolutiza (SZONDI, Peter. “Teoria do drama moderno”. 1965. p. 14).
A dramaturgia, em sua forma narrativa, pode apresentar muitas modalidades de gênero. Alguns dos mais populares são: comédia, ação, romance e terror. O gênero terror, ganhando mais popularidade nos dias atuais devido à novos estúdios que estão investindo em novas formas desse gênero narrativo.
2.3 GÊNERO NARRATIVO TERROR
Fisicamente falando, o terror é a emoção que causa a reação mais forte em nossos corpos. Em casos extremos, o cérebro libera dopamina15, um neurotransmissor que pode produzir sensações agradáveis em algumas pessoas e sensações muito desagradáveis em outras.
12 Gotthold Ephraim Lessin (Kamenz, Saxônia, 22 de janeiro de 1729 - Braunschweig, 15 de fevereiro de 1781) foi um filósofo, dramaturgo e crítico de arte alemão, considerado fundador da literatura alemã moderna e um dos maiores representantes do iluminismo. Suas principais obras são: “Miss Sara Sampson”, “Nathan, o sábio”, “Emilia Galotti” e “Minna Von Barnhelm”. 13 Péter Szondi (Budapeste, 27 de maio de 1929 - Berlim, 18 de outubro de 1971) foi um filósofo literário húngaro. Entre seus trabalhos, podemos citar: “Teoria do drama moderno” e “Ensaio sobre o trágico”. 14 Renascimento foi um movimento cultural, político e econômico, surgido na Itália no século XlV até o XVII. 15 A dopamina é um importante neurotransmissor envolvido em processos como o controle motor, cognição, compensação, humor, prazer, e algumas funções endócrinas, além de ser precursora de outros neurotransmissores como a epinefrina, responsável pela adrenalina.
29 O gênero narrativo, que tem origem folclórica na literatura, geralmente aborda assuntos como demônios, bruxas e fantasmas. Suas inspirações partiram de escrituras bíblicas, que até hoje continuam inspirando autores e roteiristas nos seus grandes sucessos na literatura, peças teatrais e nos cinemas. Na literatura, O Castelo de Otranto16, escrito por Horace Walpole, em 1764, no século XVIII, foi o que pode ser considerado o primeiro romance gótico, por trazer paixões, conflitos, visões fantasmagóricas, acontecimentos inexplicáveis e presença espiritual. A obra teve grande importância, pois inspirou outros autores a criar novas grandes obras do gênero. O terror, foi inicialmente utilizado para doutrinar a religião, transformando o inferno e personagens infernais em um cenário abominável e medonho, causando pânico e manipulando a mente dos cristãos, um cenário que se estabelece ainda nos dias atuais. Depois da literatura, o gênero narrativo se transpôs em demasiada demanda no cinema, o que serviu de grande referência para produções em outras mídias posteriores, como o caso dos programas de consumo sonoro – por exemplo, o MAL DITO. Em 1896, a primeira obra considerada de terror no cinema foi A Mansão do Diabo17 , dirigido por Georges Méliès, produzido pela Star Film Company. O curta de dois minutos apresenta um morcego transformado em um demônio conhecido como Mefistófeles. Méliès era um mágico e, como especialista, abusou dos efeitos especiais da época, considerados revolucionários, para tornar historicamente possível a composição da obra. Mais tarde, em 1920 o alemão Robert Wiene produziu o primeiro longa de terror, O Gabinete do Doutor Caligari18 . A obra apresenta a aparência de ruas estreitas e quebradas, telhados góticos e objetos deformados, metáfora de uma aparência retorcida que ainda serve de referência.
16 “The Castle Of Otranto”. WALPOLE, Horace. 1764. Considerado o primeiro romance da literatura gótica, tendo inspirado muitos autores posteriores, como Ann Radcliffe, Bram Stoker, Daphne du Maurier e Stephen King. 17 “Le Manoir du Diable”. MÉLIÈS, Georges. 1896. O curta metragem francês, considerado o primeiro filme de terror da história, contém muitos elementos tradicionais de pantomima e tinha a intenção de entreter as pessoas, mais do que assustá-las. 18 DAS KABINETT DES DOKTOR CALIGARI. WIENE, Robert. 1920. Filme mudo de terror, extremamente influente e considerado como a grande obra do movimento expressionista alemão no cinema.