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FIGURA 13 - SUA VIDA ME PERTENCE A PRIMEIRA TELENOVELA

39 personagem, podendo obter, ou não, efeitos e trilhas sonoras, mas geralmente utilizando esses dois elementos para que seja melhor interpretada pelos ouvintes. Inicialmente, devido ao grande público feminino que passou a acompanhar e mandar muitas correspondências positivas para as emissoras, o mercado da rádio no Brasil começou a produzir inúmeras dramaturgias sonoras, em sua maioria de origem Cubanas. A primeira delas foi Em Busca Da Felicidade50 , em 1941, transmitida pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, às 10h30 da manhã às segundas, quartas e sextas. Entre os anos de 1943 a 1945 a Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitiu cerca de 116 novelas sonoras, grande parte do gênero romance, já que seu público principal eram mulheres. Com o sucesso estrondoso do formato, logo ele foi adaptado para a televisão. Foi assim, que no dia 21 de dezembro de 1951, era transmitida na TV Tupi Sua Vida Me Pertence51 a primeira telenovela do Brasil. Isso fez com que a radionovela começasse a entrar em falência, pois o público, patrocinadores e profissionais da área migraram para a televisão. Por esse motivo, até a década de 70, o formato praticamente desapareceu na grade das rádios do Brasil.

FIGURA 13 - SUA VIDA ME PERTENCE A PRIMEIRA TELENOVELA

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SUA VIDA ME PERTENCE. FORSTER, Wálter. São Paulo: TV Tupi. 1951.

50 De origem cubana, Em Busca da Felicidade é considerada a primeira radionovela do Brasil. Com texto original de Leandro Blanco e adaptação por Gilberto Martins, a narrativa seguia o formato das soap operas estadunidenses, com exibição periódica. O programa teve 248 episódios e ficou no ar até maio de 1943. 51 Sua Vida Me Pertence foi a primeira telenovela brasileira, escrita e dirigida por Wálter Forster, transmitida ao vivo em quinze capítulos, duas vezes por semana, na rede Tupi, em São Paulo, sob a direção artística de Cassiano Gabus Mendes.

40 Após aproximadamente 50 anos, a dramaturgia sonora voltou a ser produzida, porém para a internet, veículo que vem se desenvolvendo em alta velocidade ao longo dos anos, com o grande crescimento nas produções de podcast. Hoje, diferente da época em que as radionovelas eram produzidas, existem vários recursos sonoros, que possibilitam quem consome aproveitar e se sentir ainda mais dentro da história. A tecnologia atual nos permite trabalhar com o áudio 3D52 , onde quem o ouve tem a impressão que está ouvindo, por exemplo, os passos na vida real. Essas tecnologias, e uma grande bagagem de efeitos sonoros e trilhas, faz com que a experiência de quem consome esses conteúdos fique mais realistas e acessíveis para quem os produz. Atualmente, já existe uma gama de diversos sites, aplicativos e softwares, que foram desenvolvidos focando na produção de podcasts e que não precisa de nenhum estudo avançado sobre produção e edição de áudios.

2.5 TERROR NO ÁUDIO DRAMA

A era dos podcasts e do Spotify foi responsável por revigorar o formato sonoro de consumir dramaturgia, e um dos gêneros narrativos que estão ganhando cada vez mais espaço entre o público é, também, o terror. Pode-se dizer que o primeiro programa do seguimento, no formato radiofônico, tenha sido em 1947, quando foi ao ar o programa Incrível, fantástico, extraordinário, criado por Henrique Fôreis Domingues (1908-1980)53 . O programa foi um grande sucesso no rádio, elevando o status do já renomado cantor e radialista, também conhecido como Almirante – ou “a mais alta patente do rádio”, como era seu codinome na Era de Ouro do Rádio54, era essa, onde rapidamente o formato se popularizou no território do país, com as ondas de rádio utilizando os mais diversos elementos tecnológicos e sonoros radiofônicos que podiam alcançar. O programa era semanal. Eram três a quatro histórias por programa transmitido pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, que contava as maravilhosas histórias de terror e

52 Efeitos de áudio 3D são um grupo de efeitos sonoros que manipulam o som produzido por alto-falantes estéreo, alto-falantes de som surround, matrizes de alto-falantes ou fones de ouvido. 53 Iniciado em 21 de outubro de 1947, o programa foi um grande sucesso nas noites de terçafeira. As histórias, narradas pelo próprio Henrique Domingues, iam desde o horror até folclores brasileiros. 54 Por volta de 1930, o rádio atingiu seu apogeu como maior meio de comunicação em massa, iniciando a chamada Era de Ouro, devido a sua popularização e ascensão como meio de entretenimento.

41 mistério enviadas pelos ouvintes. O primeiro episódio foi ao ar em 21 de outubro de 1947, com as seguintes histórias: A Aranha, O Comandante, Saci Pererê e O Baile. O Almirante jurava que essas histórias eram verdadeiras. Na época, a autenticidade era tema de debate na mídia. O programa todo era feito ao vivo. Posteriormente, o programa foi adaptado para a TV com a intenção de recuperar a teledramaturgia na Rede Manchete. Além do programa citado, atualmente existem outros programas com a mesma narrativa independente e contos enviados por outros autores, tais como: Os Diários Esquecidos - Histórias de Terror, Mundo Freak Confidencial, Sábado 14, onde são analisados alguns filmes de terror semanalmente e Horrorlândia, todos em formato podcast postados no Spotify com duração entre 15 a 22 min. O áudio drama atual tem algumas peculiaridades das antigas novelas de rádio. Isso inclui a conveniência do nosso tempo, a capacidade de gravar áudio com qualidade profissional sem sair de casa, inserindo efeitos, modulando sons e muito mais. Podcasts são um dos grandes elementos de atualização das transmissões, então ele agora retorna com maior força na ficção.

2.6 COMIC BOOK

Enquanto o formato do rádio se tornava popular, outra forma de entretenimento, baseada na ficção, também ganhava espaço no Brasil: as histórias em quadrinhos. Não se sabe ao certo qual a data exata do surgimento das comic books55. Há teóricos que afirmam que as pinturas rupestres podem ser encaixadas nos elementos que compõem uma HQ. Outros afirmam que o surgimento da mesma se deu em 1895 na história de Yellow Kid de Richard F. Outcault56 , já que a história ilustrada do norteamericano se encontrava disposta em quadros sequenciais, com personagem fixo e espaço para as falas. Após o sucesso de Yellow Kid, pode se acompanhar o aparecimento de demais autores que seguiam o mesmo padrão e a conquista de leitores em todo os Estados Unidos para suas HQ com o passar das décadas, assim também como os ambientes feito apenas para a comercialização desse tipo de produtos, nomeadas como Comic Book Shop57 .

55 Em português: revista em quadrinhos. 56 MOYA, 1986: 22-23. 57 Em português: loja de histórias em quadrinhos.

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