Rodapé | 07 | 2008

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Realização:

Quinta-feira | 21 de agosto de 2008 | Ano 1 | nº 07 | Tiragem: 200

O FABULOSO MUNDO DO TEATRO | Por Fabrício Alex

Um momento de vivências e experimentações foi Divulgação

à manhã do dia 20.A Oficina de Teatro de Animação com a Cia Gente Falante (RS), apresentou aos participantes alguns dos princípios básicos para manipulação de bonecos de luva. Foram quatro horas de atividades, entre apreciação de vídeos, apresentação da linguagem até chegar à prática. Os participantes descobriram suas dificuldades ao tentarem executar ações que não são de costume, como manter o braço erguido fazendo Fabrício Alex um ângulo de 90º com o cotovelo. E transformar as ar ticulações do punho e da mão em cabeça, ombro e Filipe Sousa membros humanos.Marcos Ao som da trilha do filme “Amelie Poulain”, os Um dos bonecos criados na oficina movimentos propostos levaram a experimentar o fascínio e o lúdico do fabuloso mundo do teatro de animação. A Cia Gente Falante se apresenta no dia 21, às 16h, no calçadão do comércio com o espetáculo Circo Minimal. Pela programação do Palco Giratório que corta a Aldeia de 2008.

Estrutura do espetáculo Circo Minimal

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Barbara Esteves

Rouanet, de fomento a cultura, através de duas empresas diferentes e hoje temos o apoio da Petrobrás, que assina como patrocinadora. Sobrevivemos também de apresentações e co-produções com instituições estrangeiras. Tivemos duas produções para instituições estrangeiras e uma co-produção que sustentou a vida da Cia. R: Qual a estrutura da Companhia? Quantas pessoas trabalham? De onde vocês são?

| Por Barbara Esteves e Jacqueline Pinto

A

Companhia de Danças Lia Rodrigues, com sede no Rio de Janeiro, foi fundada em 1990 pela diretora-coreógrafa Lia Rodrigues. Desenvolve trabalhos de reconhecimento nacional e internacional.A diretora ajudou a construir uma linguagem contemporânea para a dança no Brasil. O Rodapé bateu um papo com Jamil Cardoso, que dançou por 6 anos na Cia. e agora está como ensaiador assistente de Lia. Rodapé: Como foi fundada a companhia? Há quanto tempo vocês estão juntos? JC: A cia. foi fundada em 1993 e trabalha cotidianamente com uma jornada de trabalho comum, como qualquer trabalhador. Já contamos com a Lei

O QUE É ARTE? Eu acho que a arte é uma manifestação espontânea da atitude reflexiva do ser humano. Toma prática de reflexão. Jamil Cardoso Barbara Esteves

Bailarino

JC: Hoje funcionamos com doze bailarinos efetivos e seis estagiários. Fomos crescendo ao longo do tempo. Os intérpretes assinam colaboração das obras que eles participaram enquanto criaram essas obras junto com a lia, é um sistema bem interessante de trabalho, diferentes de muitos coreógrafos que trabalham ensinando o que as pessoas devem dançar na cena. Temos intérpretes de vários lugares. Tem pessoas de Recife, de Santa Catarina, João Pessoa, São Paulo, é uma grande mistura. R: Qual o gênero de dança que vocês apresentam? JC: Dança Contemporânea. A cia. tem seu próprio repertório e todas as peças são coreografadas e dirigidas péla Lia Rodrigues. R: Agora vamos falar um pouco de você. Conte sobre sua experiência no mundo das artes cênicas? JC: Eu fazia teatro, fazia interpretação na

Renato

escola de teatro da UNIRIO, descobri a escola da Angel Viana, que é uma escola de dança contemporânea, que foi fundada pela Angel Viana e Cláudio Viana, pessoas que vieram de Belo Horizonte e estudaram na escola de dança da Bahia, com formação em dança clássica. Eles abordam uma metodologia de trabalho que fundamenta a consciência corporal, desenvolvendo sua própria técnica de consciência corporal. Nessa escola fui aluno da Denise Stut, bailarina da Lia Rodrigues durante dez anos, uma das primeiras bailarinas. Ai aconteceu a oportunidade de substituir um intérprete e me candidatei, comecei a acompanhar e me contagiei. Dancei durante seis anos e meio, em 2001 entrei, após a estréia do “aquilo de que somos feitos”, que foi um espetáculo que mudou bastante a dança dentro da cia., as perspectivas do que é arte, deu um traço muito diferente no trabalho. Antes tinha uma relação diferente com a arte. R: Você já conhecia o projeto Aldeia? O que você está achando? JC: Eu acho sensacional esta iniciativa. Fazer circular é uma das maiores facilitações que podemos fazer pela arte. Pra mim o SESC representa uma secretaria de cultura, pela sua atuação cultural que abrange o brasil inteiro. Conheço muitas pessoas que trabalham com arte e sobrevivem através do SESC. Aço um evento importantisso. Não conhecia o evento e acho bem legal este intercâmbio cultural.

Renato

Medeir os

Arte

são t o d a s a s manifestações culturais que integram as pess oas, além dos trabalhos normais do dia-dia. A arte requer imaginação, compromisso, alegria, criatividade.Acho que é isso. Neide Rocha

os Medeir

Arte é uma coisa

bonita, que quase nunca acontece e já que tá acontecendo aqui na rua tá sendo bonito pra nós aqui de Alagoas. Já acompanhei arte, já dancei em quadrilha, em coco de roda, dancei folclore.Arte é legal, é boa porque deixa a gente livre das drogas, livre de um bocado de coisas. É você ficar entretido na arte.

Funcionária Pública

Mário Rodrigues Santos Vendedor de DVD pirata

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SEU JOFRE FALOU seu jofre falou Oferta recusada | Por Renato Medeiros

O panorama de uma época

Divulgação

Cinco humanos vestidos de branco

Renato Medeiros

param em frente à igreja do Livramento, no Centro de Maceió, e começam a se mexer. Um batuque toma conta do espaço, os transeuntes estranham os movimentos. Seria dança? Seria arte? O que era aquilo? Com esta cena, estava formada a inter venção urbana Recursos Humanos, da Cia. LTDA. Ou melhor, formada não. Nada ali estava pronto, faltava mais recursos humanos. Faltava humanos para interagir com o grupo, para criar um espetáculo, de fato. Alguns passavam direto, indiferentes; mas a maioria desviava pelo menos o olhar para o acontecimento. Não dá para negar que a intervenção provocou pelo menos a curiosidade das pessoas. Eram poucos os que observavam absortos por um longo tempo. Esses não sabiam explicar o que era aquilo, mas achavam muito importante, porque era cultura e a gente tinha que valorizar a cultura etc. Sim, aquilo era arte, pelo menos para a maioria, mesmo que não conseguissem encontrar o tema da apresentação. Mas há tema? Pois era isso que eles procuravam o tempo todo: o sentido ou a serventia do espetáculo. Era dança? Mas como se nenhum deles dançava daquele modo? Como poderiam entrar na roda e interagir com o grupo se não conseguiam se identificar com ele? A Cia. LTDA ofereceu corpo e ideologia aos que passavam, mas foram incompreendidos. Poucos aceitaram a oferta. Poucos mesmo. Culpa da população? Possivelmente não. Não é sob o aspecto da culpa que esse fato deve ser discutido. O tempo todo o grupo incitou a liberdade, convidou aos presentes a sorrir, dançar, amar, comer, mas quase ninguém se mexeu. Jorge Schutze, um dos integrantes da Cia., passou pelas pessoas pedindo para que elas retirassem um verso de poema preso em seu corpo e lessem no microfone, mesmo assim elas relutaram. A impressão que ficou é que quase ninguém se permite, quase ninguém se dá. Mas por que desconfiamos uns dos outros se somos todos apenas humanos? Feliz foi Mário Rodrigues, vendedor de DVDs piratas que entrou no grande círculo formado pela Cia. e começou a dançar com a intérprete Charlene Saad. No fim, ele disse a todos: “minha gente, goze a vida porque você nasceu de uma gozada”. Na verdade, o apelo do garoto soa como: “vá em frente, se permita, toque no humano ao lado e descubra que ele O vendedor Mário foi o primeiro a também é de carne”. entrar na roda e dançar

Enquete:

Qual gênero atrai você ao teatro?

A pergunta foi feita ontem, 20, para 100 pessoas que estavam prestigiando as apresentações no Teatro SESC Jofre Soares. Entre as respostas obtidas tivemos os seguintes resultados: Comédia – 34% Drama – 18% Romance – 18% Dança – 15% Infantil – 7% Outros – 8%

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|Por Barbara Esteves Barbara Esteves

D

esde o saguão do teatro os espectadores começam a entrar no clima da repressão social, vivida na época da ditadura militar. Artifícios c A personagem Rita o m o o s s a p a t o s espalhados e faixas de protesto, ambientaram, muito bem, o público, que logo começou a indagar-se sobre o significado daqueles objetos. No espetáculo, a platéia passeia pelas cenas, conduzida pela trilha sonora de Chico Buarque de Hollanda, nada mais justo, nem mais adequado para o tema proposto. Até mesmo porque segundo David Farias, diretor da peça, durante o processo de montagem eles estudaram muito as músicas e as histórias da amizade entre Chico e Boal. Nossas pesquisas, para compor a peça, incluem a leitura de autores e textos, a exemplo de Chico Buarque. Também assistimos a diversos filmes que abordavam essa temática, com destaque para Zuzú Angel, que nos marcou bastante, conta David. Várias óticas são apresentadas durante o espetáculo. O mundo é visto do ponto de vista dos que se calaram, se conformando com a situação, e dos que não silenciaram e continuaram a protestar em busca de seus ideais. Seis personagens com essências diferentes interagem entre si com lapsos de humor, característicos da obra de Boal. Através da interpretação intensa e reveladora dos atores, a platéia começa a descobrir o que aquelas personagens têm em comum e, ao mesmo tempo, o que há de divergente entre elas. As dúvidas e as dores do exílio se confundem com os questionamentos de cada uma das figuras dramáticas. O final do espetáculo convida os espectadores a interagir e decifrar o desfecho da narrativa, através da apresentação de uma cena que, a princípio, remete ao início da peça. Mas o texto e a própria montagem deixam o questionamento e interpretação por conta do público. O autor volta ao início da peça ou apresenta novos personagens?


ISSO SIM E DOSE! ISSO SIM É DOSE! RECADO DO THIAGO* Programação do Overdoze é divulgada! E está logo aí do ladinho

Obrigado a todos e todas pela presteza na entrega das propostas de participação no Overdoze. O número de inscritos superou as expectativas e quase que as 12h já não seriam suficiente. Mas deu tudo certo e todos que mandaram proposta participarão. Se por ventura alguém entregou material e não foi incluído, pode me procurar. Como todos já conhecem o sistema, na hora tudo pode mudar. Tem gente que desiste, tem gente que troca de horário com o outro e ainda tem gente querendo se inscrever. Mas o que está aí é o que está valendo, com chance de alteração mediante apenas negociação entre os próprios grupos, desde que nos avisem previamente, para que possamos confirmar e reformular a tabela. Nós teremos equipamento de som e alguns refletores no Restaurante, no Bar Panorâmico e no Teatro. O Overdoze é dinâmico, acabou uma apresentação já começa a outra, portanto sejam práticos, simples, organizados e generosos com os coleguinhas e conosco. Se ajudem. Nos ajudem.Todas atrações são gratuitas, mas nem por isso o SESC é a Casa-da-Mãe-Joana, assim joguem o lixo nos lixeiros, zelem pelas dependências do prédio, não entrem com alimento no teatro, não briguem, confraternizem. E até a próxima! *Técnico de Teatro

HORÁRIO

LOCAL Teatro SESC Jofre Soares

Cia. Fulanos e Cicranos / Claro!

Teatro SESC Jofre Soares

Curta metragem (a definir)

Teatro SESC Jofre Soares

Grupo Strada BR

Teatro SESC Jofre Soares

23h

Cia. Atores Atona / Performance

Bar Panorâmico

23h

Banquete Dionisíaco

Bar Panorâmico

Cia. Livre Atores em Cena / Brincando com cenas de Nelson Rodrigues

Restaurante

21h30 22h 22h30

23h30

Grupo Teatro Art. Vida / Nem Todo Caso é Restaurante um Caso

00h 00h30 01h

Atores em Cena / No Tempo da Delicadeza Teatro SESC Jofre Soares Curta metragem (a definir)

Teatro SESC Jofre Soares

Cia. do Chapéu / Thoscoollynnus

Teatro SESC Jofre Soares

02h

Banquete Dionisíaco

Bar Panorâmico

02h

Marluce Almeida / Eupormim

Bar Panorâmico

Cia. do Chapéu e Cia. Personas em Cena / Boca Molhada de Paixão Calada

Restaurante

Grupo Família nas Ruas / Quebrando o Silêncio

Teatro SESC Jofre Soares

Curta metragem (a definir)

Teatro SESC Jofre Soares

In the Mix / Coreografia

Teatro SESC Jofre Soares

01h30

02h30 03h 03h30 04h 04h30

Os Comparsas e a Firma / Nordestinamente Teatro SESC Jofre Soares Alagoano

05h

Banquete Dionisíaco

Bar Panorâmico

05h

Demis Santana / Tecendo uma colcha de retalhos – uma miscelânea da cultura nordestina

Restaurante

Atores em Cena / Juleu e Romieta

Teatro SESC Jofre Soares

Grupo Teatral Vilarejo dos Poetas / Os Solteirões Desesperados

Restaurante

La Poli e Cia. / Rimas de Reflexão

Teatro SESC Jofre Soares

07h

Cultura em Cena / Arte Brasil Capoeira

Teatro SESC Jofre Soares

07h30

Anderson Gomes / Prisões Poéticas de Minha Cidade

Restaurante

Neurônios Sub Conscientes / Gueto Nordestino

Teatro SESC Jofre Soares

Banquete Dionisíaco

Bar Panorâmico

05h30 06h 06h30

08h

Regador, Udson Araújo - às 10:00h - Calçadão do Comércio - Entrada Franca

GRUPO / ESPETÁCULO GESTO / Atar

21h

08h30

Coordenador ArtísticoCultural: Guilherme Ramos Técnico de Teatro: Thiago Sampaio Estagiário de Teatro: Reginaldo Informativo produzido pelo Serviço Oliveira Social do Comércio de Alagoas - Jornalista Responsável: Barbara SESC para o evento Aldeia SESC Esteves Mte 1081/AL Planejamento Gráfico e Guerreiro das Alagoas 2008 Diagramação: Renato Medeiros Colaboradores: O s t e x t o s a s s i n a d o s s ã o d e Barbara Esteves responsabilidade dos autores e não Fabrício Alex Barros refletem, necessariamente, a opinião do Jacqueline Pinto SESC Alagoas. Renato Medeiros

expediente

Pensamentos Giratórios: O que é dança contemporânea?, Jamil Cardoso (RJ) e Telma Cézar (AL) - às 14:00h - Sesc Centro - Entrada Franca Hoje Tem Palha Assada, Circo Artes Plim (Arapiraca) - às 16:00h - Calçadão do Comércio - Entrada Franca Coco de Roda da Mestra Hilda - às 17:00h - Calçadão do Comércio - Entrada Franca Versos de Um Lambe Sola, Assossiação Teatral Joana Gajuru - às 19:30 - Teatro SESC Jofre Soares - R$ 2,00 + 1 Kg de alimento ou R$ 4,00 s/ o alimento.

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