Rodapé | 07 | 2010

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SESC guerreiro das alagoas

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Realização:

quinta-feira | 2 de setembro de 2010 | Ano 3 | nº 07

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Na boca de mateu | p. 2 Fica a Dica: Sim, Salabim | p. 3 A parceria entre Aldeia SESC 2010 e projeto ‘Quartas no Arena’| p. 3 Cruzadinha | p. 4

Cenas de peças surgidas em ambiente universitário alagoano

O teatro multifacetado produzido a partir da academia A produção cênica da Universidade Federal de Alagoas entra em pauta Texto: Thiago Sampaio e Gustavo Félix | Fotos: Divulgação

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pós um longo período de escasso estímulo às artes, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vem contribuído substancialmente para o crescimento da produção cênica de Maceió, principalmente a partir de 1998, quando foi criado o curso de licenciatura em Artes Cênicas: Teatro. Recentemente, a Ufal adquiriu uma Escola Técnica de Artes (ETA) e criou também o curso de licenciatura em Dança. Com isso, grande parcela dos grupos de teatro da cidade nasceu no meio acadêmico e a diversidade de trabalhos criou essa identidade multifacetada que existe em todo o nosso Estado. Prova disso é a distinção existente entre a estética, a pesquisa e os caminhos escolhidos por grupos como, por exemplo, a Cia. de Teatro e Dança Muro Imaginário, a Cia. Piloto de Teatro e a Cia de Teatro Animus. Todas elas constituídas por profissionais oriundos dos cursos da Ufal. Lá, os integrantes se encontraram e passaram a compartilhar seus desejos de se expressarem artisticamente. Enquanto a primeira investe nitidamente numa pesquisa focada na expressi-

vidade corporal e no contexto psicológico, a segunda se permite o desa-fio de montar um texto político, em um estado onde esse assunto é cada dia mais urgente. Já a última vem com a proposta existencialista do texto de Sartre. No entanto, ao passo que a Ufal é um campo fértil para a formação de grupos e espetáculos que revelam o perfil, mesmo que imediato, do artista alagoano, ela não dá conta da construção dos espetáculos, mesmo porque a Ufal é responsável apenas por disponibilizar o conhecimento aos estudantes. A identificação e superação das suas fragilidades cabem aos grupos. A partir disso, ao realizar a Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas, o SESC proporciona a oportunidade dessas produções serem difundidas, reconhecidas e analisadas de uma forma competente e estimulante. A variedade de formas e conteúdos mantém essa discussão igualmente variada, na esperança de que o teatro nunca deixe de se reinventar e que ele nunca se transmute em uma ciência exata, mas que sempre seja essa ciência maluca, sem teorias fixas ou dogmas intransponíveis.


entrevista

Texto e Fotos: Barbara Esteves

Marco Resende M

arco Resende é bonequeiro e nasceu em Brasília. Trabalha na área desde os 15 anos, quando participou de uma oficina. Atualmente dirige o espetáculo ‘Os Meninos Verdes de Cora Coralina’, que circula o Brasil dentro do projeto Palco Giratório do SESC.

Rodapé: Como surgiu a ideia de fundar um grupo de teatro de bonecos?

vemos famílias inteiras assistindo ao espetáculo e se divertindo.

Coralina' que vocês apresentam esse ano dentro da Aldeia SESC?

Marco Resende: Comecei a trabalhar nessa área com o grupo Bagagem, do Distrito Federal. Nesse grupo fiquei até 2003 e então fundei a companhia Voar, que começou com um trabalho solo chamado 'João e o Pé de Feijão'. A partir daí começamos a ter outras propostas. Montamos ‘O Menino Maluquinho’, depois fizemos ‘Os Meninos Verdes de Cora Coralina’ e em 2009 montamos ‘A Princesa de Bambuluá’. Todos os espetáculos na temática infantil, mas temos um projeto de teatro de bonecos com a temática adulta.

R: Como se deu o processo de montagem do espetáculo 'Os Meninos Verdes de Cora

MR: Foi o espetáculo que deu grande visibilidade ao grupo. Eu não sabia que a Cora Coralina escrevia para crianças, então tive contato com o livro e percebi que o texto dava para ser adaptado para o teatro de bonecos. Ela apresentava várias criaturas que apareciam no quintal dela e eu imediatamente resolvi fazer essa adaptação. Nesses quatro anos já mudamos várias coisas, colocamos elementos e acrescentamos pessoas. Já tivemos a oportunidade de apresentar em diversos lugares, inclusive no quintal da própria autora, no seu aniversário de 120 anos de nascimento. Isso foi muito mágico.

R: Como você avalia o cenário do teatro de bonecos no Brasil? MR: O teatro de bonecos no Brasil foi pensado para adultos, falo principalmente do teatro popular, na figura do mamulengo. Mas atualmente se trabalha muito para crianças. Existem grupos e pesquisas resgatando essa linguagem para adultos. Nosso espetáculo é direcionado para crianças, mas terminamos abordando diversas faixas etárias. Então, nós

O teatro de bonecos no Brasil foi pensado para adultos, falo principalmente do teatro popular, na figura do mamulengo. Mas atualmente se trabalha muito para crianças. Marco Resende Bonequeiro e diretor do espetáculo ‘Os Meninos Verdes de Cora Coralina’

na boca de mateu

R: Como está sendo a experiência do Palco Giratório para vocês? MR: Já estamos na estrada há mais de um mês e o interessante é perceber a riqueza e a diversidade que o Brasil tem. Cada pedaço do país tem suas riquezas. É muito gratificante podermos mostrar nosso trabalho para um Brasil diferente e para inúmeras pessoas. Isso é muito interessante para qualquer ator e grupo.

Mateu (ou Mateus) é o cara pintada que anuncia as boas novas no Guerreiro. Fotos: Renato Medeiros e Barbara Esteves

O que significa a Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas para você?

Sidy Brasil

Ator

É uma grande oportunidade para nós artistas, já que o mercado é tão escasso. Portanto, quando há algum projeto como esse que o SESC promove é de grande contribuição para enriquecer artistas e público. Pra quem assiste é um ganho também pela diversidade cultural que o projeto apresenta. É um belo mosaico.

Daniela Beny

Atriz e dramaturga È uma oportunidade muito grande de troca de informação através da análise dos trabalhos dos grupos e só faz contribuir com os conhecimentos de nós, artistas. Além disso, a integração das linguagens é muito bacana porque sempre participamos de projetos separados e na Aldeia podemos assistir a atividades de todas as linguagens juntas.

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Cibelle Araújo

Jornalista e atriz É uma oportunidade muito grande para os artistas da terra mostrarem seus trabalhos e uma troca de experiências porque tem pessoas daqui e de outros estados. Este ano temos até participação internacional. Para o público, serve para conhecer um pouco de cada arte. A Aldeia representa uma diversidade cultural para todos os envolvidos.


seu jofre falou

fica a dica

Projeto 'Quartas no Arena' participa da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas Texto e Foto: Barbara Esteves

Sim, Salabim Cia. O Mínimo (SE)

A peça ‘O Dono da Noite’ firma parceria entre Aldeia SESC e projeto ‘Quartas no Arena’

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Teatro de Arena Sérgio Cardoso, anexo ao Teatro Deodoro, no Centro, foi mais um território para espetáculos da 5ª Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas. Ontem (1), quem se apresentou concretizando essa parceria foi a peça 'O Dono da Noite', da Companhia de Teatro e Dança Muro Imaginário. O espetáculo, até então inédito, compõe o projeto 'Quartas no Arena', que existente há seis anos e é desenvolvido pela Diretoria de Teatros de Alagoas (Diteal), integrante da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Na edição deste ano, dez espetáculos foram selecionados para entrar em temporadas por duas quartas-feiras seguidas. Um espaço para os mais diversos trabalhos, profissionais ou não (a exemplo do espetáculo do Grupo da 3ª Idade do SESC, que se apresentou no mês de agosto). A parceria entre as duas instituições serve para ampliar os territórios da mostra Aldeia e estabelecer relações com equipamentos culturais, além de agregar espetáculos de teatro e dança a programação. “É uma parceria de grande satisfação, porque nós acreditamos que instituições que buscam trabalhar em prol da cultura local devem se unir com o mesmo propósito. Assim, teremos resultados satisfatórios”, comenta Alexandre Holanda, diretor artístico cultural da Diteal. O projeto 'Quartas no Arena' continua até o dia 15 de dezembro. Ainda passarão por aquele palco peças como 'Os Dragões Não Conheciam o Paraíso', da Cia. do Avesso (dias 15 e 22 de setembro); 'A Troca', da ATA (dias 13 e 20 de outubro); nos dias 27 de outubro e 3 de novembro é a vez de 'Nós Nus e Os Outros', da Cia. de Teatro Animus (que já se apresentou na Aldeia SESC 2010); e nova produção da Cia. Ganymedes, intitulada 'K', fechando o projeto.

O que é?

Espetáculo circense que utiliza um dos primeiros elementos estéticos do circo: a pantomima. Em cena, dois palhaços: o Sim Salabim, um saltimbanco atrapalhado, que se apresenta como mágico, malabarista e acrobata; e Suzana, um clown que veio assistir o espetáculo do artista saltimbanco e acaba se tornando parte dele. Por que assistir? Elementos rítmicos do nordeste brasileiro e melodias do mundo circense tradicional exaltam as nuances dramáticas desta trama simples, porém universal, contada sem palavras, em que a plateia é constantemente instigada a participar de forma direta na construção do encontro dos dois personagens. A Companhia A Cia. O Mínimo foi criada em 2007 dentro da 'Caravana Arco Iris por La Paz/Caravana Cultura Viva', projeto itinerante do Ministério da Cultura do Brasil. É sediada em Aracaju (SE) e conta com apenas dois integrantes, Iris e Robert. A companhia desenvolve projetos de formação, produção e intercâmbio entre diversas linguagens das artes. Quando e onde? sexta-feira | 3 de setembro | 16h30 Praça Marechal Deodoro, Centro Aberto ao público

Intervenções: urbanas e perceptivas? Texto: Morena Melo | Foto: Florencia Lucas

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e em um lugar comum, uma esquina, um semáforo, uma rua qualquer, junto ao som das buzinas, a sensação agonizante de um trânsito infernal e à sua cabeça cheia de tarefas a cumprir, você se deparar com um grupo de pessoas em situações atípicas àquele ambiente? Em um primeiro momento, o estranhamento; em um segundo momento, a atenção; e logo depois (ou talvez a ficha demore a cair), a reflexão.

Performer Jorge Schutze em ‘Despacho’, da Cia. LTDA.

Sair dos palcos para a rotina das pessoas. Essa é a proposta da intervenção urbana. Desmecanizar as ações sociais,

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fazer o homem expandir, em meio ao seu dia-a-dia robótico, suas percepções do real, ou abstrair-se, sentir ‘apenas’. As intervenções urbanas oxigenam as ações, sensações e reflexões sobre arte contemporânea, sobre o mundo, a vida e as organizações sociais. Assim como o processo criativo é contínuo, está imerso nos artistas, nas suas vidas, referências e afins, a reflexão também é contínua, é um aglomerado de percepções do real que quando se organizam ajudam a todos, artistas e não-artistas, no processo de entendimento do mundo. 03


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Cenas do espetáculo ‘O Dono da Noite’

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Fotos: Barbara Esteves

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Praia de Maceió que foi batizada por causa de uma estátua do folclore. Quando a maré está cheia a estátua parece flutuar no mar. Folguedo alagoano que tem como característica principal o chapéu dos dançadores. Está presente no nome da mostra Aldeia SESC. Nome artístico da humilde senhora que virou figura folclórica por desfilar muito enfeitada pelas ruas de uma praia do litoral norte. Molusco extraído da lama da lagoa, considerado uma iguaria da culinária alagoana. Mais famoso dicionário da língua portuguesa, da autoria de um alagoano de Passo de Camaragibe. Músico alagoano conhecido por utilizar vários objetos e o próprio corpo para produção sonora. Alagoano de Viçosa que se dedicou ao estudo da cultura popular. Um dos principais museus da capital recebe seu nome.

Abaixo a solução da cruzadinha do sexto número do Rodapé 2010: 1 4

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Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do SESC Alagoas.

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Informativo produzido pelo Serviço Social do Comércio de Alagoas - SESC para o projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas 2010

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Confira a solução da cruzadinha desta edição amanhã, no oitavo número do Rodapé 2010.

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Coordenador Artístico-Cultural: Guilherme Ramos Técnico de Teatro: Thiago Sampaio Técnico Assistente: Fabrício Alex Barros Estagiário de Teatro: Gustavo Félix Estagiária de Jornalismo: Morena Melo Planejamento Gráfico e Diagramação: Renato Medeiros Textos: Barbara Esteves | Fabrício Alex Barros | Gustavo Félix | Jacqueline Pinto | Joelle Malta | Morena Melo | Renato Medeiros | Thiago Sampaio

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Oficina A Voz, Uma Sonoridade Viva, por Mérida Urquía (Cuba). Das 8h às 11h e de 12h às 15h, no Espaço Cultural da Ufal. Inscrições: 1kg de alimento, no SESC Centro. Espetáculo Sim, Salabim, da Cia. O Mínimo (SE). Às 16h30, na Praça Marechal Deodoro, Centro. Aberto ao público. Espetáculo Os Meninos Verdes de Cora Coralina, da Cia. Voar Teatro de Bonecos (DF). Às 19h, no Teatro SESC Jofre Soares, SESC Centro. Entrada: R$ 2,00 + 1kg de alimento ou R$ 4,00.


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