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ISSN 2178-5732
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ano 2 > # 9 > 2012 > www.renergybrasil.com.br
Energia Solar • •
N E S TA E D I Ç ÃO : : : C e n á r i o s n o B ra s i l e n o m u n d o r u mo à comp e t it iv id ade d a e ne rg i a s ol a r com
Sérgio
Rezende
Copa
Ve rd e
Entrevista em
2014
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Eco A relação direta do homem com o meio ambiente
Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis
Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável
“entre vista
SÉRGIO REZENDE
O pesquisador e ex-ministro da Ciência e Tecnologia defende o incentivo à ciência no Brasil por meio de políticas governamentais. Ele avalia ainda a possibilidade de mais hidrelétricas na Amazônia e investimentos em energia nuclear
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A preocupação da jovem Gabrielle Brandão com a ecologia
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Cidades ganham projetos verdes para melhorar a qualidade de vida 8 Exposições proporcionam interação com o público acerca de temas ambientais 18 Um super ônibus promete revolucionar sistema público com velocidade e conforto 22 Évora, em Portugal, é rica em história e novas tecnologias da sustentabilidade 26
Reportagem analisa os novos rumos da energia solar no Brasil e no mundo
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Microgeração é tendência na energia elétrica e Aneel está ordenando a criação desse mercado 42 Mercado de energia eólica cresce e demanda por profissionais de várias categorias 54 Sistema de energia pré-paga permite que o consumidor tenha uma melhor gestão do consumo 62 Nova tecnologia de geração de energia pelas ondas promete impactos mínimos à vida marinha 74
Com estádios sustentáveis, na construção e operação, Brasil será o país pioneiro com uma Copa Verde
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Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos da construção civil 86 Guia prático de como limpar a casa sem usar produtos tóximos 87 Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88 Os ilustradores do Baião Ilustrado inspiram-se na seção “O Último Apaga a Luz” 90
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editorial
Em busca do sol “O
Brasil já teve um avanço significativo em biomassa e eólica”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao afirmar que agora o foco deve ser em energia solar e na proveniente dos oceanos. A declaração, dada no início de março, aponta quatro fontes de energia que viraram assunto central em matérias de capa da Renergy. Nesta edição, voltamos o olhar para a energia gerada pela luz do sol, que foi tema de reportagem na segunda edição da revista. Neste intervalo de tempo, podemos dizer que o setor avançou em atração de investimentos para movimentar a cadeia desde a geração até o fornecimento de insumos tecnológicos, mas foi um pequeno passo frente ao potencial do sol no País e na comparação com outros países, e ainda falta regulação do setor. No entanto, já podemos dizer que o gigante despertou O Brasil é o quinto país que mais investe em energias limpas no mundo. No último ano, foram aplicados US$ 7 bilhões. No ranking, a China (maior emissora de gases de efeito estufa no mundo) ficou em primeiro lugar seguido de outros países, como Alemanha e Estados Unidos, segundo um relatório divulgado recentemente pela ONU (Organização das Nações Unidas). Apesar da boa classificação, ainda é preciso muito empenho para explorar todo o potencial de energias renováveis que possuímos. Especialistas apontam que as energias eólica e solar estão sendo atualmente deixadas em segundo plano porque o País está mais preocupado com o setor de biocombustíveis e hidrelétricas, onde os investimentos são maiores. Pesquisas mostram que os investimentos em energias limpas não cresceram somente no Brasil, mas também em todo o mundo, com um aumento de mais de 539% em seis anos. E para impulsionar este cenário no País, educação e inovação ainda deixam a desejar. O ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, cita o exemplo da Coreia, que saiu na frente e hoje é lição para os brasileiros. Ele concedeu entrevista exclusiva sobre os caminhos para o desenvolvimento do conhecimento, o que serve de base para alavancar a geração de energias renováveis.
Energias eólica e solar estão sendo atualmente deixadas em segundo plano porque o País está mais preocupado com o setor de biocombustíveis e hidrelétricas, onde os investimentos são maiores.
expediente DIREÇÃO GERAL
Joana Ferreira
joana@renergybrasil.com.br EDIÇÃO
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editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO
Sílvio Mauro, Carlos Henrique Camelo e Camila Gadelha redacao@renergybrasil.com.br PROJETO GRÁFICO
Gil Dicelli
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
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Estalo! Comunicação + Design REVISÃO
Eleuda de Carvalho
CONSULTA TÉCNICA
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gustavo@renergybrasil.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Rodrigo Miguez, Ivonice Campos, João de Deus Fernandes, Gabriela Romero, Judith Fernandes, Rômulo Alexandre Soares, Tadeu Dote Sá, Thyago/Assis/ Wendel/Sandes e Julião - Baião Ilustrado (ilustração) DEPARTAMENTO COMERCIAL Meiry Benevides (85) 3033 4456 comercial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Gráfica Santa Marta TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 808 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL
Carol de Castro MTB-CE 1718 JP
CAPA Max Uchôa Estalo! Comunicação + Design Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.
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construir
Arquitetura verde
Já imaginou um telhado ou paredes cobertos por plantas? Os ecotelhados, também conhecidos como telhados verdes ou cobertura viva, e os jardins verticais são tendências da arquitetura contemporânea
Divulgação
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S
e o terreno do imóvel não comporta um jardim e se a “horta de vasinhos” não é mais suficiente para as receitas culinárias da casa, os arquitetos apontam uma solução simples para trazer a natureza para perto da família. A novidade consiste na utilização de plantas, geralmente rasteiras, na parte superior da edificação (lajes e coberturas), formando um “jardim suspenso”. De fácil manutenção, pode ser instalado em casas, prédios, grandes empresas e até indústrias. Além de deixar o imóvel mais bonito, com mais cor e vida, o telhado verde traz uma série de ganhos. Segundo o arquiteto paisagístico Salomão Nogueira, todo ambiente, em princípio, pode receber elementos vegetais. “Tudo depende de qual planta, espaço e como instalar, do substrato mais adequado, da necessidade de água e do nível de incidência solar”, afirma. “A natureza dá de presente várias soluções”, completa. Uma das vantagens de apostar na natureza é que a vegetação tem propriedades ambientais, como retenção de umidade e armazenamento de CO², logo, atenua
as ilhas de calor no meio urbano, tornando o clima mais agradável. A cobertura viva proporciona conforto térmico (no inverno e no verão) e melhoramento acústico para ambientes internos. A medida permite ainda uma melhor utilização da laje superior. O que antes era telha, com a cobertura viva pode ser o novo local de convivência da família, com espaço para horta, jardim e até campo de futebol. Isso mesmo, dependendo do tamanho do imóvel, a pelada com os amigos pode ser no teto de casa! O arquiteto Salomão Nogueira, que já instalou jardins e projetou até um gramado de futebol junto à piscina de uma cobertura, garante a viabilidade. “O gramado na laje não é nada faraônico. Se a ideia for bem elaborada”, ressalva. Ao optar por um telhado verde, a família contribui para o bem estar da cidade. Além de colaborar para o aumento da biodiversidade nos grandes centros, os ecotelhados também amortecem as chuvas, diminuindo a quantidade e a velocidade das águas liberadas nas calçadas, medida que ajuda a reduzir as enchentes.
Outra vantagem é a possibilidade de criar uma reserva de água da chuva para o reaproveitamento. Antes de sair plantando samambaias no teto, são necessários alguns cuidados para que a tentativa de convívio com a natureza não termine em prejuízo e desgaste do imóvel. A instalação da cobertura viva, por mais simples que possa parecer, exige uma série de medidas técnicas e deve ser feita por uma empresa especializada. Primeiro, é necessário avaliar se a estrutura da obra comporta o peso que será acrescentado lá em cima. Depois da certeza de que o imóvel pode receber o telhado verde, é feita uma vedação adequada, para que não haja nenhum tipo de vazamento e ocasione infiltração nos cômodos de baixo. Também devem ser analisados fatores como a inclinação do telhado, estrutura de suporte da cobertura, sistema de irrigação e as plantas adequadas para a aplicação. Outro ponto que merece muita atenção é a escolha das plantas. Geralmente, as mais utilizadas são aquelas adequadas
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construir
ao ambiente, que aceitem sol. Também é preferível escolher espécies que não necessitem de poda constante, que não precisem ser regadas diariamente e que peçam pouca adubação. A empresa gaúcha Ecotelhados utiliza duas tecnologias de instalação de coberturas vivas. A instalação in loco possui camadas de impermeabilização da laje, drenagem e captação da água, manta geotêxtil, camada de estabilização das raízes, colméia com substrato, camada de cobertura com substrato e plantas forrageiras. Já na instalação Mmodular, os componentes instalados em módulos, mediante estruturas especiais, possibilitam a criação de um colchão de ar entre as placas de plantio e a laje impermeabilizada. Nesse sistema, os módulos podem ser retirados para manutenção e substituição. Segundo o engenheiro agrônomo, diretor da Ecotelhado e presidente da Associação Telhado Verde Brasil, João Manuel Feijó, qualquer laje impermeabilizada pode receber cobertura viva e a manutenção é igual à de um jardim comum
e os custos são similares aos de um telhado convencional. “Há seis anos desenvolvemos o módulo do ecotelhado, que se mostrou muito prático”, diz. De acordo com a empresa, a demanda por jardins verticais foi a que mais cresceu no primeiro semestre deste ano. A solução já ocupa o segundo lugar, com 30% da comercialização de seus produtos, e só perde para os telhados verdes, que ocupam a primeira posição com 60%. Os principais consumidores da tecnologia são as construtoras e paisagistas. O aumento pela procura é devido ao fator de inovação que é atribuído aos jardins verticais – também conhecidos como jardins de parede. O sistema é dividido em quatro modalidades: parede verde exterior, parede verde interior, brise vegetal e o lançamento jardim de parede canguru. Este último é composto por módulos de floreiras, produzidos com plástico reciclado, colocados uma sobre a outra. Utiliza o sistema hidropônico em que as plantas são mantidas sem o substrato de terra, mas com cinasita, água e nutrientes. Também pode ser
instalado em qualquer ambiente e requer cuidados mínimos. As paredes verdes externas são utilizadas em fachadas e tem plantas escolhidas de acordo com a quantidade de luz, devido ao ambiente. Estes sistemas protegem contra a acumulação de energia solar e propiciam um maior conforto térmico. Além de economizar cerca de 30% de energia, pois reduzem a necessidade do uso de ar condicionado. Já as internas tem estrutura semelhante e são muito difundidas em paineis no interior de prédios, purificando e embelezando as instalações. A moda parece ter chegado para ficar. Em países europeus, como Alemanha, Suíça e Áustria, o uso de cobertura viva se tornou obrigatório em telhados que possuem uma inclinação favorável. Há ainda leis que obrigam uma parte das novas edificações a terem ecotelhados. A prefeitura de São Paulo também possui uma biocobertura, sendo o maior telhado verde da capital paulista. A Rede Globo, por exemplo, utiliza uma parede verde em sua sede no Rio de Janeiro.
acampar
Casa na árvore portátil
Divulgação
Casa na árvore, barraca de acampamento, na praia, selva ou no meio da neve, uma nova solução resolve a hospedagem para aventureiros, viajantes ou simplesmente uma opção para diversão no quintal da casa.
A
Tentsile é uma combinação de rede com uma espécie de tenda que se adapta a qualquer tipo de ambiente. A equipe de design responsável pelo projeto criou uma habitação feita de poliéster resistente à água que funciona como uma pirâmide invertida.
Pode ser montada em 30 minutos, é portátil e deixa o usuário distante do chão. Ela fica suspensa por cabos em três de suas extremidades, que podem ser presos no solo ou também podem ser pendurados em árvores. A estrutura é indicada para acampar, pois protege de alagamentos
e ataques de animais terrestres. São três formatos, que variam de acordo com a capacidade: para duas, quatro ou até oito pessoas.
Para saber mais sobre http://www.tentsile.com/
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descartar
O destino das lâmpadas
Mesmo em tempos de reciclagem, ainda é difícil dar destino às lâmpadas. Depois de usadas, elas acabam no lixo comum e podem gerar problemas ambientais e de saúde pública
N
a composição das lâmpadas fluorescentes, há uma pequena quantidade de mercúrio, que não chega a representar riscos relevantes às pessoas mas que, por se tratar de metal pesado e tóxico, pede coleta e destinação adequadas. O intuito é evitar um grande volume de lâmpadas num mesmo local, como pode acontecer num aterro sanitário. A partir do segundo semestre de 2012, a coleta, descontaminação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes serão obrigatórias no Brasil. É o que prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada pelo Congresso Nacional. Segundo a lei, os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos terão responsabilidade compartilhada na correta destinação dos produtos adquiridos. Mas enquanto as autoridades brasileiras discutem o modelo a ser adotado no País para a destinação adequada das lâmpadas fluorescentes tubulares e compactas, algumas empresas tem apresentado iniciativas para mudar essa realidade. É o caso da Avant, sediada em São Paulo, que desde março deste ano é res-
ponsável pela coleta e reciclagem dos seus produtos em pontos de venda espalhados pelo País. Na primeira etapa do projeto, estão sendo contempladas as cidades que já contam com legislação municipal que obrigam o recolhimento das lâmpadas ou pilhas. Mas a intenção é que, ao longo do tempo, o programa seja estendido também a outros municípios brasileiros. “Damos um passo importante ao colaborar para que parte das lâmpadas fluorescentes e pilhas alcalinas da Avant utilizadas no Brasil tenham destinação adequada, evitando riscos de contaminação ao meio ambiente”, ressalta Gilberto Grosso, diretor Comercial da empresa. A Avant envia para as lojas revendedoras as urnas com espaços específicos para acondicionamento de lâmpadas e pilhas usadas da sua marca. Já os representantes da Avant embalam os produtos coletados em embalagens originais de papelão e enviam para a matriz, em São Paulo, acomodados, de preferência, num contêiner metálico ou caixa de papelão, reduzindo o risco de quebra. Da matriz, as
lâmpadas seguem para descontaminação e reciclagem. No processo de descontaminação e reciclagem, as peças são desembaladas, contadas e armazenadas em pallets especiais. Em seguida, são quebradas e através de sistema de exaustão forçada é feita a captura do mercúrio. Também há a separação dos componentes metálicos. Todos os materiais passam, então, por um processo de destilação a vácuo,
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SXC.hu
garantindo a total remoção do mercúrio. Depois de totalmente descontaminado, o vidro pode ser utilizado na fabricação de novas lâmpadas ou na produção de esmalte para vitrificação de lajotas cerâmicas. O alumínio é refundido como metal secundário e o mercúrio recuperado é reutilizado por fabricantes de lâmpadas e outras indústrias. Aproximadamente 80 milhões de lâmpadas são substituídos anualmente no Brasil e menos de 10% dos municípios brasileiros possuem aterros com licença para depósito de lixo tóxico, como lâmpadas velhas.
Entre as principais dificuldades para a reciclagem desse material estão a coleta e o transporte – já que o produto se quebra facilmente – e a existência de substâncias tóxicas. Outros exemplos Também paulista, a Ativa Reciclagem é especializada em reciclagem de lâmpadas. A empresa utiliza um processo de reciclagem a seco, capturando o mercúrio durante a destruição da lâmpada. Após a desmanufatura e tratamento, o vidro, metais, fósforo e mercúrio são preferencialmente reaproveitados em sua cadeia produtiva de origem. Outra empresa
de descontaminação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes é a Apliquim Brasil Recicle, que possui tecnologia avançada para recuperação de mercúrio. O tratamento por sopro, desenvolvido pela empresa Tramppo, de São Paulo, mantém a integridade do tubo de vidro e permite a separação completa de seus componentes. O pó contendo mercúrio, por exemplo, é removido por jato de ar para reutilização em outras atividades industriais. O lixo é transformado novamente em matéria prima. Com a aprovação da nova lei, a empresa está construindo mais uma unidade industrial para triplicar a produção.
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plantar
Cidades mudam de cor
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Marcadas por tons de cinza do concreto e da poluição, algumas cidades ganham projetos verdes para melhorar a qualidade de vida
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mbientes urbanos são caracterizados por serem caóticos, marcados pelo stress promovido também pelo excesso de elementos artificiais como o concreto e ausência de elementos naturais como a vegetação. O crescimento urbano acelerado aliado à falta de planejamento em relação a este processo provocou uma grande redução na qualidade ambiental das ci-
dades, afetando diretamente a qualidade de vida da população urbana. Diante desses efeitos e para melhorar o ambiente ou apenas dar um outro visual a construções e até cidades inteiras, projetos arquitetônicos e urbanos apostam no verde. O escritório Studio Invisible projetou um gigante jardim suspenso em Beirute, capital do Líbano, que prevê a simples
instalação de árvores no topo de todos os edifícios da cidade. Cada árvore ficaria presa por fios de aço que impediriam acidentes durante fortes ventanias. Segundo os arquitetos, espécies de pequeno porte, como a amoreira branca e a oliveira, se adaptariam bem ao clima mediterrâneo. A cidade já foi uma das mais belas e desenvolvidas do mundo, quando na década de 1970 uma
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guerra civil modificou boa parte de sua fisionomia. Em 2006, o bombardeio de Israel abalou novamente suas estruturas. O projeto deu um novo fôlego à região, que vem se tornando uma cidade de contrastes, com prédios modernos e construções antigas. Não fosse o fato de quase não haver áreas verdes públicas, a cidade seria realmente bela. O jardim suspenso chamado de Beirut Wonder Forest melhoraria os níveis de oxigênio, a camada de árvores forneceria sombra e, consequentemente, amenizaria o clima, que por sua vez levaria a um menor nível de consumo de energia nos prédios. Com organização e uma boa escolha de árvores e plantas, estes jardins poderiam ainda evoluir para um tipo de agricultura urbana, gerando uma produção pequena, mas valiosa. Na prática, os arquitetos idealizadores do projeto esperam a criação de um decreto municipal que exija que cada edifício cultive um jardim no terraço. O município ofereceria redução de impostos ou benefícios para os edifícios que mantenham saudável o jardim. A ideia de reservar o terraço dos prédios para o cultivo de plantas também soluciona um
outro importante problema nos centros urbanos: a falta de espaço disponível para áreas verdes. O designer turco Hakan Gürsu integrou jardinagem e reciclagem para a criação de um jardim vertical com garrafas PET, que permite o cultivo de plantas e flores em tubos feitos a partir de garrafas PET recicladas em um espaço físico mínimo. A alternativa prática e eficiente tem formato de tubo, ocupa pouco espaço e tem capacidade para produzir em torno de 75% mais do que um jardim horizontal, considerando o mesmo diâmetro. O jardim vertical possui ainda um sistema hidráulico que reutiliza a água da chuva e molha as plantas. A invenção ganhou o International Design Awards em 2010. Já o designer francês Edouard François, conhecido por incorporar a vegetação à arquitetura, projetou o Tour de Nantes Vegetale, um edifício que tem a natureza como principal atração. Em formato orgânico, o edifício tem a fachada coberta por plantas de espécies adaptadas para crescer em rochas. O projeto idealizado para a cidade francesa de Nantes prevê que a vegetação cresça dentro de tubos de aço inoxidável instalados nas varandas dos apar-
tamentos. Visto de longe, o prédio assemelha-se a uma montanha de verde no meio da cidade. Outra ideia semelhante venceu um concurso de projetos de arquitetura em Taichung, Taiwan, para ocupar uma área que antes situava o aeroporto local, que mudou de endereço. O Bionich Arc, torre de 119 m, com orçamento equivalente a R$85 milhões, terá emissão zero de carbono, jardins suspensos integrados em toda fachada e irá produzir a própria energia a partir de fontes alternativas como solar e eólica. Preocupado com a falta de espaço para a fauna e flora, o arquiteto alemão Koen Olthuis bolou uma solução curiosa: o edifício “Sea Tree”, uma estrutura de 30 metros de altura projetada para cidades próximas ao mar ou rios, como Londres e Nova York, que se comporta como o ecossistema de uma árvore, servindo de abrigo para os bichos, inclusive os que vivem no mar. A ideia é que a árvore do mar seja construída a partir de tecnologias offshore bastante semelhantes ao das plataformas de petróleo em mar aberto e que as companhias petrolíferas façam doações de árvores desse tipo para as cidades onde atuam.
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negociar
Sustentabilidade valoriza marca
Especialista diz que a adoção de práticas sustentáveis proporciona a uma empresa economia de custos, aumento de receita e melhoria do valor de sua marca corporativa. No Brasil, pesquisa constata que entre 61% e 80% dos proprietários de pequenas empresas já adotaram alguma prática sustentável
E
stá ficando ultrapassada a ideia de que sustentabilidade era apenas coisa de ambientalista. É cada vez mais crescente entre os homens de negócios a certeza de que é necessária a adoção de práticas sustentáveis, seja apenas para atender ao público consumidor que está cada vez mais atento e exigente quanto a isto ou porque os empresários já começam a perceber as vantagens de tais iniciativas para suas empresas. O principal nome do marketing mundial, Philip Kotler, em seu mais recente livro, Marketing 3.0, diz que a adoção de práticas sustentáveis irá proporcionar a uma empresa a economia de custos, aumento da receita e valorização de sua marca corporativa. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Sebrae constatou que entre 61% e 80% dos proprietários de pequenas empresas já adotaram alguma prática sustentável, como o controle de consumo de energia, água e papel, coleta seletiva, tratamento de resíduos tóxicos, entre outras. A pesquisa foi realizada em um
universo de 3.058 empresários de todo o País, nos segmentos de comércio e serviços (83%), indústria e construção civil (12%) e agronegócios (5%). Assim como Kotler, a maioria destes empresários acredita que a preocupação com o meio ambien-
te representa uma oportunidade de ganhos. Para 79% dos pesquisados, as empresas que estão atentas às questões ambientais podem atrair mais clientes, uma vez que os consumidores estão mais seletivos e exigentes em ter produtos e serviços sustentáveis.
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Já 69% disseram que a adoção de práticas sustentáveis transmite uma boa imagem aos clientes. Talvez por conta disso, 72% dos empreendedores disseram que a preocupação com o meio ambiente tem um alto grau de importância. Apenas 17% declararam que a preocupação deve ser média e 6% disseram que deve ser baixa. Outros 5% não souberam responder. Exemplo que vem de cima Mas não são apenas as pequenas empresas que estão atentas a estas práticas. Grandes empresas como a C&A e o Walmart já deram passos em prol da sustentabilidade ambiental. Há dois anos, a empresa líder do mercado varejista de moda brasileiro instalou a sua primeira loja ecoeficiente no País. Inaugurada em 2009 no Centro de Porto Alegre, a loja Eco C&A adota conceitos de sustentabilidade com o objetivo de racionalizar o consumo de água, de energia e de emissão de C0². As iniciativas incluem iluminação inteligente, uso de paineis solares,
equipamentos eletrônicos de baixo consumo, chuveiros e torneiras de baixa vazão, instalação de bicicletários, entre outras medidas. A unidade ainda dispõe de um espaço do cliente, onde pode ser adquirida uma coleção de roupas sustentáveis e também possui um espaço para coleta de celulares, pilhas e baterias. A loja brasileira é a segunda com este conceito aberta pela C&A no mundo. A primeira foi inaugurada em 2008, em Mainz, na Alemanha. Outro gigante que vem se rendendo à importância da sustentabilidade é o Walmart. As unidades brasileiras da gigante do varejo estão colocando em prática um grande programa de sustentabilidade que inclui, entre outras iniciativas, medidas que buscam a redução do consumo de energia
e de emissão de gases nocivos à camada de ozônio, diminuição da destinação de lixo a aterros sanitários, instalação de estações de reciclagem, estímulo à redução do uso de sacolas plásticas e aumento da oferta de produtos sustentáveis em suas unidades. A exemplo da C&A, a Walmart também possui lojas ecoeficientes. Desde 2008, já foram abertas 24 unidades da rede que, desde o projeto, passando pela construção, até o mobiliário, foram pensadas como um ponto de venda que prima pelo consumo consciente e pelo respeito ao meio ambiente. Iniciativas como estas mostram que tanto as pequenas quanto as grandes empresas pode contribuir para a preservação do meio ambiente e ainda lucrar muito com isso.
Para saber mais sobre http://www.infomoney.com.br/empreendedor/noticia/2302567 http://www.cea.com.br/site/loja-eco-cea http://www.walmartbrasil.com.br/sustentabilidade/home/
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ver
Arte e meio ambiente
Exposições e mostras de arte proporcionam interação com o público através do pensamento crítico acerca de temas ambientais
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nvolver o espectador e convocá-lo a refletir sobre o ambiente em que está inserido é o objetivo de diversas manifestações artísticas contemporâneas. Em Berlim, na Alemanha, por exemplo, uma instalação artística com esse propósito, que analisa e discute o cotidiano da interação entre três aspectos em relação à sustentabilidade (ambiente, sociedade e economia), está aberta ao público. A Level Green utiliza várias dimensões da sustentabilidade através da arquitetura para exibir por 100 m², em seis áreas temáticas e com 25 exposições artísticas distintas, para proporcionar visões positivas sobre os conceitos e, ao mesmo tempo, envolver o público com os aspectos críticos e desafios futuros. “A premissa é que o desenvolvimento sustentável só é possível através de conexões e implantação simultânea de objetivos ambientais, econômicos e sociais”, explica Maria Schneider, diretora de criação da Autostadt, onde está instalada a Level Green. O visitante pode acessar a complexidade do tema através de exemplos do dia a dia dispostos de forma estética e intelectualmente atraentes. A
interatividade dá o tom do projeto arquitetônico. O espectador apropria-se do espaço expositivo não mais como uma casca, mas juntamente com o conteúdo, que torna possível a descoberta e a experimentação da exposição, ressalta Schneider, promovendo uma experiência individual. Também na Alemanha, uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Museu da Universidade de Heidelberg inaugurou no início de fevereiro a exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny (Natureza Brasileira – Mistério e Destino), que aborda a biodiversidade brasileira. A mostra tem como referência principal a Flora Brasiliensis, obra do botânico alemão Carl Philipp von Martius (1794 – 1868), que mesmo 171 anos após ter seu primeiro volume publicado permanece como o mais completo levantamento da flora brasileira. Reproduções de imagens, ilustrações e textos explicativos compõem os 37 painéis que formam a exposição já apresentada com sucesso no Museu do Jardim Botânico de Berlim, em 2008, na Haus der Wissenschaft, em Bre-
men, em 2009, na Universidade de Leipzig e no Woodrow Wilson Center (Washington), em 2011. O diretor do museu alemão, Matthias Untermann, ressalta o caráter particular da iniciativa. “Embora seja uma exposição itinerante que tem sido apresentada em outros locais da Alemanha, em Heidelberg ela ganhou um aspecto especial. Foi agregada a apresentação de alguns volumes originais do Flora Brasiliensis, fazendo uma ponte com a história”. Para o diretor do Jardim Botânico de Berlim, Marcos Koch, a diversidade biológica é um tema central no Brasil e Alemanha, no primeiro, pelas perdas de biodiversidade com a destruição de ecossistemas, e no segundo, pelo papel fundamental desempenhado pela biodiversidade brasileira no funcionamento do ecossistema global. Já no Brasil, três exposições no Paraná e em São Paulo estão integrando arte e meio ambiente. “Arte e Meio Ambiente: rompendo fronteiras” reúne no Palácio do Horto, em São Paulo, obras de artistas brasileiros e italianos que, atualmente, pertencem ao Acervo do Palácio, da Casa Civil. Retratada em gravuras, aquarelas,
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ver
esculturas e painéis de Alfredo Volpi, Elisei Visconti, Brecheret, Ernesto Di Fiore, Marian Bonomi, João Barbosa Rodrigues, Margaret Mee, dentre outros, está a biodiversidade dos dois países e também outros temas, como música, literatura e costumes. Também em São Paulo, lugares e comunidades ameaçadas pelo aquecimento global e ação do homem estão em mostra no Museu da Casa Brasileira. Concluído no final de 2011, o projeto ambientalista do fotógrafo Érico Hiller pode ser conferido em 45 imagens inéditas da exposição “Ameaçados – Lugares em risco no século 21”. O fotógrafo realizou uma expedição e clicou lugares e comunidades ameaçadas pelo aquecimento global e ação
do Homem, como na Etiópia, Tanzânia, Groelândia, Ilhas Maldivas e Brasil. O projeto também virou livro. Com 268 páginas, a seleção integral das imagens concretiza o objetivo do autor, que é “lançar um alerta fotográfico ao que estamos fazendo com o nosso planeta. Muitas imagens familiares podem se transformar em meras lembranças no espaço de apenas algumas décadas. Portanto, o ‘Ameaçados’ ganha a importância de um inventário do
que poderá ser destruído, infelizmente, na nossa geração”, explica o fotógrafo. Ao longo de 2011, Hiller percorreu mais de 200 mil km usando diversos tipos de meios de transporte, como avião, helicóptero, canoa e até um submarino. Tirou mais de 75 mil fotos, morou um mês com as tribos etíopes que vivem às margens do Rio Omo e escalou o Monte Kilimanjaro, o ponto mais alto da África (cerca de 6 mil metros).
Para saber mais sobre Level Green: http://www.autostadt.de Brazilian Nature: http://fwd4.me/0v6v Lugares em risco no século 21: www.ericohiller.com.br-
transportar
Pneus verdes lém de motor flex combustível, os carros podem ser mais verdes com o uso de pneus ecológicos. Os fabricantes estão apostando em um produto ambientalmente correto, que ajuda a diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO²) e de qualidade. A opção surgiu a partir da preocupação com as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o aquecimento global, além do “aperto” na legislação, restringindo a poluição de caminhões e carros. A maioria destes pneus faz um contato mais leve com a estrada, reduzindo a quantidade de resis-
tência e, portanto, necessitando de menos gasolina para impulsionar o veículo. No entanto, com menor resistência pode vir uma menor eficiência nos freios. A Continental, uma fabricante de pneus alemã, produz um dos melhores do mercado para reduzir o impacto sobre o ambiente. O pneu reduz o consumo de combustível e emissões de CO², e foi criado para sedãs, minivans, cupês e veículos crossover. Marcas como a Michelin também atuam na fabricação de produtos ecologicamente saudáveis. A Bridgestone desenvolveu um conceito de pneu não-pneu-
mático, ou seja, sem ar. Eles têm um impacto menor sobre o meio ambiente em relação aos modelos convencionais utilizados atualmente, pois possuem uma estrutura única de raios capaz de suportar o peso de um veículo, não havendo necessidade de encher os pneus periodicamente com ar. Isto significa que os pneus exigem menos manutenção, além da preocupação com furos ser totalmente eliminada. Os raios dentro do pneu são feitos a partir de resinas termoplásticas reutilizáveis, juntamente com a borracha utilizada na parte da banda de rodagem, ambos 100% recicláveis. Divulgação
A
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inovar
Transporte sustentável
Divulgação
Um super ônibus promete revolucionar o sistema de transporte público de grandes cidades aliando alta velocidade e conforto
T
ransporte coletivo rápido e confortável como um trem, com a flexibilidade de rotas e a conveniência de um carro. Pode parecer um sonho para muitas pessoas que necessitam do transporte público todos os dias, mas já existe um projeto com essas características com a previsão de estar nas ruas em cinco anos. O SuperBus é um incrível veículo elétrico com dois pares de rodas traseiras, que pode chegar à velocidade de 250km/h, com direito a cilindros hidráulicos que dimi-
nuem a distância entre a carroceria e o asfalto para sete centímetros, aumentando a aderência. O objetivo do veículo é ser uma opção mais sustentável de transporte coletivo, projetado para cidades. O designer do audacioso projeto, Wubbo Ockels, ex-astronauta que trabalhou em parceria com Antonia Terzi, afirma que, apesar da alta velocidade, o SuperBus foi pensado para ir além das autopistas, mas é impossível não questionar como ele fará curvas dentro de uma grande metró-
pole com seus quinze metros de comprimento. As grandes Las Vegas, Dubai e Abu Dhabi já se mostraram interessadas no veículo. Não apenas para revolucionar a maneira como as pessoas se locomovem, mas a designer Antonia Terzi propõe, com o novo veículo, uma nova forma de relação entre a população e o transporte público. “O transporte público deve ser empolgante. As pessoas devem dizer: ‘Ok, eu tenho um carro, mas hoje eu prefiro usar o SuperBus”
pedalar
Para os ciclistas de grandes cidades, em meio ao asfalto e concreto dos prédios, uma ideia busca dar um toque da natureza na hora das pedaladas. Eles podem acoplar os vasos de planta em suas bicicletas
A
designer norte-americana Colleen Jordan criou pequenos vasos portáteis que podem ser acoplados às bicicletas. Apelidado de plantador, a criação é feita em nylon. O seu formato é parcialmente arredondado, o que permite ser encaixado no quadro da bike. Há várias opções de cores para
que o usuário tenha a chance de enfeitar a bicicleta da maneira que preferir. Os pequenos vasos medem 5,75 centímetros de altura; 3,5 centímetros de largura e 1,5 de profundidade. O conteúdo plantado fica a escolha de quem o usar, mas a sugestão é que sejam plantas pequenas. Além da opção para bike,
Colleen também adaptou os vasinhos para colares. Eles funcionam como pingentes e podem ser carregados para todos os lugares. Os pequenos plantadores estão disponíveis na internet, através do site de compras Etsy, por US$ 45 e US$ 40, respectivamente. Além disso, a designer se coloca a disposição para esclarecer dúvidas e indicar os melhores plantios.
Divulgação
Vasos de plantas para bikes
Montagem: Gerardo JĂşnior sobre imagens de Deep Sea Challenge
explorar
Rumo ao ponto mais profundo da Terra
U
ma produção da National Geographic promete explorar o ponto mais profundo da Terra, no oceano Pacífico. Para o explorador James Cameron, o desejo de mergulhar fundo é motivado pela força que guia as descobertas da ciência. Mais conhecido pelos filmes Titanic e Avatar, o cineasta planeja mergulhar na trincheira de Mariana, onde se alcança a profundidade de 10.924 metros abaixo do nível do mar, em um submarino construído para esta aventura. Cameron é um ávido explorador com 72 submersões, incluindo 33 até
o Titanic. Na expedição Deepsea Challenge (Desafio no Mar profundo, em tradução livre), Cameron irá pilotar o submarino em uma cabine tão pequena que não terá espaço para esticar os braços. Ele será o único ocupante da máquina de 7 metros. À medida que ele manobra no oceano, explorando um terreno novo e cheio de animais estranhos, estará filmando um documentário e coletando amostras para pesquisa inédita. A equipe é composta pelo piloto Ron Allum e um time de engenheiros, cien-
tistas, professores e jornalistas. Após anos de preparação, Cameron vai continuar o trabalho de Don Walsh e Jacques Piccard, os primeiros homens a mergulhar na trincheira de Mariana, nos anos 60. A diferença é que, desta vez, a expedição fará fotos e coletará amostras do local onde não chegam raios solares. As pesquisas podem ajudar a entender terremotos que causam tsunamis devastadores e como a fauna sobrevive nestas condições, o que pode levar a resultados na biotecnologia e a descobrir como a vida começa.
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cidade renovável REFERÊNCIA VERDE
História e modernidade em
harmonia Évora faz parte do Patrimônio Mundial e, também, do Projeto InovCity, que avalia os benefícios das redes inteligentes. Em meio a riquezas históricas, a cidade portuguesa conta ainda com sistema de iluminação pública e de semáforos com a tecnologia LED
{ por Carlos Henrique Camelo
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© 2circles | Dreamstime.com
Évora
C
apital do Alto Alentejo, em Portugal, Évora é um exemplo de cidade onde a história e a modernidade caminham em harmonia. Distante 135 quilômetros de Lisboa, a cidade foi fundada durante o Império Romano e chegou a ser morada dos reis de Portugal, durante o período das Grandes Navegações, sendo um dos principais centros artísticos e culturais do reino. O resultado de todos estes séculos de história foi a constituição de um conjunto arquitetônico de monumentos e construções que rendeu a Évora o título de Patrimônio Mundial, dado pela Unesco em 1986. Mas não é apenas por seu patrimônio histórico que a cidade merece o reconhecimento mundial. Évora foi a cidade portuguesa escolhida para testar o Projeto InovCity, da empresa Energias de Portugal (EDP). O projeto, lançado oficialmente em abril de 2010, foi escolhido dentre mais de 200 pela Comissão Europeia e pela Euroeletric, que é a associação europeia de empresas do setor, como piloto para avaliar os benefícios das redes
inteligentes (Smart Grid) em suas várias vertentes. A EDP confia tanto no sucesso do seu projeto que acredita que, até 2020, 80% das redes europeias de distribuição elétrica sejam constituídas por redes inteligentes. Para avaliar estes benefícios, a capital alentejana recebeu a instalação de mais de 30 mil Energy Box, que é um aparelho que permite a ligação da casa do consumidor à rede elétrica. De acordo com a EDP, o Energy Box faz muito mais do que simplesmente medir o consumo. Ele permite ao consumidor o acesso, através do computador ou do smartphone, a informações detalhadas sobre este consumo, possibilitando saber as horas do dia em que mais se consome e aquelas em que pode-se usar eletricidade a um preço mais favorável, de modo a programar os eletrodomésticos para funcionarem nesses períodos. Essas informações possibilitam ao consumidor corrigir hábitos menos corretos de consumo, aumentando a eficiência energética e, simultaneamente, gerando uma economia
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cidade renovável
© Inaquim | Dreamstime.com
REFERÊNCIA VERDE
na fatura mensal. Os benefícios apontados no projeto não se resumem apenas ao controle dos gastos, mas também à eficiência no processo de distribuição e manutenção da rede. Por meio dos Energy Boxes, a empresa distribuidora poderá detectar com maior rapidez as interrupções no fornecimento de energia e atuar de forma mais ágil, e às vezes sem a necessidade de enviar equipes técnicas até o local do problema. A cidade portuguesa também passou por um conjunto de mudanças no que se refere ao seu sistema de iluminação pública. As luminárias tradicionais foram substituídas por outras de LED, o que possibilitará uma redução de cerca de 40% a 50% no consumo de eletricidade. O sistema de controle implantado também é responsável pela regulação da iluminação em função das necessidades de uso e das condições naturais de luminosidade. Ao entardecer, por exemplo, a iluminação pública é ativada e vai aumentando progressivamente a sua intensidade à medida que a luz solar vai diminuindo. Os semáforos também passaram a utilizar a tecnologia LED, que além de permitir uma redução no consumo de energia possibilita
um ganho para a segurança dos motoristas, pois o seu feixe luminoso é superior ao dos semáforos tradicionais, o que permite que seja visto em piores condições atmosféricas. Também representam uma economia significativa nos custos de manutenção dos equipamentos, se pensarmos que a vida útil de um LED pode chegar a 100.000 horas ou aproximadamente 11 anos de utilização contínua. Some-se a isso o fato de que, diferente do que ocorre com os semáforos que utilizam lâmpadas incandescentes, quando um LED se estraga, não significa que o equipamento fique danificado. Produção de energia e mobilidade A rede inteligente instalada em Évora também permite aos consumidores a possibilidade de se tornarem produtores de energia. Através da instalação de paineis solares fotovoltaicos ou pequenas turbinas eólicas em casa, o consu-
midor pode produzir energia para atender suas necessidades e até mesmo vender à rede, gerando a diminuição dos custos e a redução dos impactos ambientais. A EDP também instalou na cidade portuguesa pontos para a realização de operações de carga e de descarga dos veículos elétricos. Os donos dos veículos também podem receber energia da rede elétrica quando a mesma está disponível e a um preço mais baixo. Da mesma forma, os proprietários podem restituir energia elétrica à rede e receber por isso, tendo a possibilidade de vender esta energia principalmente nos horários em que ela é mais necessária e consequentemente mais cara. Ao mesmo tempo em que lucra com o consumo de energia para abastecer estes veículos elétricos, a Energia de Portugal está contribuindo para a redução da emissão de CO² e do consumo de combustíveis fósseis. Uma equação onde as duas partes acabam ganhando.
Para saber mais sobre http://www.inovcity.pt/pt/Pages/homepage.aspx http://www2.cm-evora.pt/guiaturistico/results_curiosidades.asp
Sua receita ao sabor do vento. Seu investimento, não.
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rg verde PERFIL
Consciência ambiental não tem idade A jovem Gabrielle Brandão começou a se preocupar com a saúde do planeta aos cinco anos. E desde então começou uma trajetória invejável de defesa do meio ambiente. Hoje, aos 14, já tem um instituto que leva seu nome
{ por Sílvio Mauro
renergy. ano 2 > # 9 > 2011 { 31 }
O
senso comum geralmente cria (pré)conceitos a partir de alguns referenciais. Em muitos casos, o que se pensa sobre uma pessoa a partir desses referenciais faz uma imagem que não condiz muito com a sua individualidade. Tome-se, por exemplo, a idade e o ambiente como parâmetros. Uma adolescente moradora da cidade de São Paulo ocupa boa parte do seu tempo com a escola, os ídolos das bandas preferidas e as paqueras, certo? Há, no entanto, quem subverta esses padrões do que se tem por “normal”. É o caso de Gabrielle Brandão, uma pessoa para quem o uso do senso comum para a definição da personalidade seria, no mínimo, limitado. Em 2008, com 10 anos de idade, Gabrielle apresentava um programa infantil, o Net Kids, em um site de TV pela internet, quando a preocupação com o meio ambiente, que já existia na sua vida desde os cinco anos, ao ver uma matéria sobre o aquecimento global, falou mais alto e a fez tomar uma decisão radical. A partir daquele momento, ela deixaria de apresentar “bobeiras” no programa, segundo sua
própria definição, e usaria o espaço para “salvar o planeta”. O Net Kids, então, passou a se chamar Net Kids Super Ecológico e foi apresentado por ela durante dois anos. Embora não esteja mais no ar, é possível ver trechos do programa no Youtube ou no site do Instituto Ambiental Gabrielle Brandão (IAGB), que ela criou em setembro de 2009 para, com os benefícios de uma ONG, angariar fundos para vários projetos. Apesar dos poucos recursos tecnológicos dos vídeos, chama a atenção neles a forte presença de uma menina desenvolta que não deixa dúvidas sobre o que quer: divulgar a mensagem da necessidade urgente de preservar o meio ambiente enquanto ainda há tempo. No site do IAGB (www.gabriellebrandao.com.br), há a transcrição de algumas entrevistas que Gabrielle concedeu depois da repercussão do seu trabalho. Em uma delas, a jovem começa colocando o entrevistador em uma discreta saia justa, perguntando por que a empresa que ele representa usa muito papel na impressão de notas fiscais. No melhor estilo “pense globalmente,
aja localmente”, um dos mantras dos ambientalistas, ela, segundo a mesma entrevista, pressiona os membros da família, em casa, a não gastar muita água durante o banho. Além do endereço do instituto na internet, é possível se informar das notícias sobre as atividades de Gabrielle no Facebook (para achar, basta digitar “Instituto Ambiental Gabrielle Brandão” na busca da rede social). Cerca de 1.300 pessoas assinaram para receber as atualizações da página. À disposição dos interessados, muitas fotos de paisagens da natureza. Nos vídeos de entrevistas e palestras em que a jovem aparece como protagonista, pode-se perceber um misto de informalidade e visão desconcertantemente simples das soluções para os problemas ambientais do mundo (em um deles, Gabrielle pergunta: se nesse momento todos sabem que estão acontecendo queimadas e desmatamentos na Amazônia, por que o Exército não vai lá e impede que eles aconteçam?). Eles evidenciam a visão bem prática do que uma menina, auxiliada apenas pela família e alguns amigos e colaboradores,
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rg verde PERFIL trada) de desestímulo. Como prova de sua crença no esforço próprio para a concretização de sonhos, a despeito de quaisquer limitações ou dificuldades, Gabrielle se dedica ao mais importante projeto do IAGB. Trata-se do Centro Ibiquá de Cultura Indígena (Cici). Em um terreno de 160 mil metros quadrados (m²) no interior de São Paulo, o instituto pretende construir um complexo educativo ambiental onde os que trabalharão são integrantes da tribo indígena Guarani Nhandevá. O projeto prevê o reflorestamento de boa parte da área com vegetação da Mata Atlântica e a construção de museu, oficinas de música, dança, artesanato e culinária, uma horta medicinal, uma casa de saúde e uma biblioteca. De acordo com informações do site do IAGB, o projeto conta com apoio de uma arquiteta, uma antropóloga, uma bióloga e uma geógrafa. Além do Cici, Gabrielle também ar-
ranja tempo para várias outras atividades. Seu currículo inclui a composição de 12 músicas, a participação em uma peça teatral educativa direcionada para estudantes de baixa renda, dois monólogos e o projeto de um programa televisivo para TV aberta com interação de escolas. Para o futuro, a meta da ambientalista é fazer uma faculdade de Biologia e continuar os estudos de artes cênicas. Pelo que se observa no site do IAGB, todo o trabalho de Gabrielle Brandão e seus colaboradores é feito com limitações (principalmente orçamentárias), o que mostra que o caminho a ser trilhado é um tanto árduo. Apesar da ambição de “salvar o planeta” da jovem ambientalista, no entanto, ela demonstra a intenção de fazer tudo isso de forma despretensiosa, sem buscar o impossível. “Sou uma de vocês, mais um ser humano a passar aqui pela Terra. Procuro fazer o mais simples”, resume. Imagens: Divulgação
pode fazer para proteger a natureza. Esse pragmatismo se evidencia, por exemplo, no principal foco dos projetos de Gabrielle. “Prefiro passar minha mensagem para as crianças pequenas, pois elas, além de mais interessadas, tem mais facilidade em aprender”, diz a ambientalista, lembrando ainda: “Não é nada fácil lutar contra uma ‘cultura de destruição por dinheiro fácil’. Os adultos, já com essa cultura encravada, não aceitam bem essa coisa de parar de desmatar ou de matar os animais indiscriminadamente”. Em um dos vídeos disponíveis no site do IAGB, ela demonstra, mais uma vez, sua visão bastante prática do trabalho ambiental. A jovem lê um e-mail em que alguém a aconselha a parar com as suas atividades porque existiriam pessoas mais qualificadas para isso. “Acho que a pessoa não precisa ser qualificada para cuidar do meio ambiente”, responde ela, sem se abalar com a tentativa (frus-
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capa ENERGIA SOLAR
{ Por Juliana Bomfim
renergy. ano 2 > # 9 > 2011 { 35 }
NOVOS RUMOS Dono de uma das maiores reservas de quartzo do mundo e de uma incidência solar de mais de 2.000 horas por ano na maior parte do território nacional, o Brasil tem um grande futuro no mercado de energia solar nos próximos anos. O cenário hoje, para desenvolvimento desta matriz no País, é de debate sobre sua regulação, de incentivo a pesquisas e investimentos milionários Rodrigo Miguez, Ivonice Campos { por e João de Deus Fernandes
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capa ENERGIA SOLAR Agência Internacional de Energia (AIE) projeta para 2050 que a energia solar irá representar 20% da eletricidade gerada no mundo. No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), temos cerca de 30 megawatts (MW) de sistemas fotovoltaicos isolados instalados em casas, condomínios, shoppings e pequenos estabelecimentos, porém, o maior desafio do setor é fazer sistemas conectados à rede, com geração de energia distribuída para todos. Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar a média anual de irradiação global em nosso País apresenta boa uniformidade, com médias anuais relativamente altas, mesmo sendo identificadas especificidades climáticas características em diversas regiões. O valor máximo de irradiação global
– 6,5kWh/m² - ocorre no norte do estado da Bahia, próximo à fronteira com o estado do Piauí, área de clima semi-árido com baixa precipitação pluviométrica ao longo do ano (aproximadamente 300mm/ano) e a média anual de cobertura de nuvens que é a mais baixa do Brasil. Já o menor valor de irradiação solar global – 4,25kWh/m² – ocorre no litoral norte de Santa Catarina, caracterizado pela ocorrência de precipitação pluviométrica bem distribuída ao longo do ano. Por outro lado, os valores de irradiação solar global em qualquer região do território brasileiro (4200-6700 kWh/ m²) são superiores aos da maioria dos países da União Européia, como Alemanha (900-1250 kWh/ m²), França (900-1650kWh/m²) e Espanha (1200-1850 kWh/m²), onde projetos para aproveita-
mento de recursos solares, alguns contando com fortes incentivos governamentais amplamente disseminados. No Brasil, as estimativas de valor para a energia solar FV giram em torno de R$ 300 a R$ 500 por MWh, não sendo ainda atrativas para participar de leilões de fontes alternativas. Aí reside o grande desafio para os próximos anos, consolidar a implantação da indústria nacional solar visando assegurar ganhos de escala e de produtividade, capazes de permitir a competição ampla entre as alternativas energéticas, pois em termos de comparação, a geração eólica ofertada em larga escala nos leilões já está no patamar de R$ 100 por MWh, equivalente às hidrelétricas e superando em competitividade as usinas a gás natural, bioenergia e PCHs.
© Almir1968 | Dreamstime.com
A
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10 Principais Mercados Solar Fotovoltaíco
Tendências do Mercado Solar Global 33.915
Adições anuais de capacidade (MW)
35.000
Autrália 2% India 2% Canadá 2% Reino Unido 2% França 4% Japão 4% China 8% EUA 10% Resto do mundo 12% Alemanha 25% Itália 28% Fonte: IMS Research: http://bit.ly/ypCS3H
30.000
28.763 24.800
25.000 20.000
16.629 17.238
19.245
15.000 10.000 6.169 5.000
2.514
1.582 0
7.257
2006 2007 2008 2009 2010
2011
2012
2013
2014
2015
Resto do mundo
Japão
Resto da UE
França
Resto da Ásia
Canadá
Espanha
Itália
China
EUA
Alemanha
Tendências dos Segmentos do Mercado Solar Mundial % crescimento 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20
off-grid
Residencial
Pequeno comércio
Comércio de médio porte
Grande consumidor
utility-scale
Tendências do Mercado Solar Fotovoltaico Norte Americano Rede elétrica Geração
Transmissão
Mercado
Subestação
10+ MW
Chão
5-10+ MW
Chão
Distribuição
1-5 MW
Chão e telhado
Concessionária compra a produção e entrega do consumidor Fonte: Fonte: EPIA market data & Recurrent Energy consensus
Consumo
0-2 MW
Consumidor usa a sua produção
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capa ENERGIA SOLAR
Evolução dos Preços dos Módulos Solares
Estimativas de custo do kWh
$25
(1 € = R$ 2,5) 400
$21.0 350
$20
Preço turn-key
Preço por módulo (US$ /Wp)
$15 $12.5 $11.0 $10.0 $10
$9.0
$6.0 $5.0 $5
Euros/MWh
300
$16.0
3000 Euros/kW 592 R$/MWh (7.500 R$/kW) 2000 Euros/kW (5.000 R$/kW)
250 200
395 R$/MWh 150 0 50
$4.5 $3.6 $3.8 $3.5 $2.1
$1.6
$1.8 $1.3
$0
1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010
0 8
10
12
14
16
18
20
22
24
Fator de Capacidade (%) Custo do MWh, em Euros em função do fator de capacidade e do custo do kW turn-key para uma TIR de 8%
Fonte: Goldman Sachs Research estimates
Segundo o professor Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a projeção da participação de energia solar na matriz energética brasileira em 2040 é da ordem de 17.000 MW, somando todos os tipos de captação solar. Para o diretor do grupo setorial fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que conta com a participação de mais de 100 empresas, Leônidas Andrade, é preciso que haja uma demanda garantida para que as empresas do setor tenham confiança para investir no mercado solar. Uma das propostas para gerar
demanda por energia solar parte da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que deve enviar ao Ministério de Minas e Energia (MME) um estudo com propostas para alavancar o desenvolvimento da fonte no País – tanto na área de geração distribuída, com pequenos painéis em residências e indústrias, quanto em usinas de maior porte. O material aponta simulações de quais incentivos poderiam ser dados à fonte para que ela ganhe competitividade e possa participar de leilões de energia. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, já admitiu que pode ser realizado um certame para a contratação de usinas fotovoltaicas “em quantidade pequena, só
para criar uma massa crítica do setor no País”. O MME deve tomar a decisão de realizar ou não os leilões. Outro ponto a ser analisado pelo governo é a criação de outros incentivos para a fonte, como redução de impostos e financiamentos diferenciados. Tolmasquim já disse que também há propostas para tornar mais atrativa para consumidores a instalação de painéis solares em residências, casas e comércios. A microgeração está em estudo na Aneel, e propõe uma troca entre cliente e distribuidora. A energia produzida pelas placas seria descontada da fatura final do consumidor, em igual proporção e sem remuneração em dinheiro.
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Divulgação
Projetos em andamento no setor privado
Atualmente no Brasil, existem, em operação, apenas 65 sistemas conectados à rede, com uma potência instalada de menos de dois MW. Esse número foi alcançado graças à inauguração, em 2011, da Usina Solar de Tauá, da empresa MPX, pertencente ao grupo EBX do empresário Eike Batista. Com potencial inicial instalado de 1 MW, o empreendimento tem previsão para chegar aos 50 MW, porém, irá avançar aos poucos, para 2 MW no próximo ano. Segundo a empresa, Tauá já possui autorização da Aneel e licença da Superintendência Estadual de Meio Ambiente do Ceará (Semace) para expandir a geração de energia para até 5 MW. A MPX investiu cerca de R$ 10 milhões na primeira fase da usina, com tecnologia da Kyo-
cera Solar, que contou também com a chancela do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que aportou R$ 1,2 milhão no empreendimento, que é a primeira usina solar em escala comercial do Brasil ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A empresa firmou uma parceria com a GE, importante player no mercado mundial de energia solar, para garantir o fornecimento de equipamentos e com isso, avançar na ampliação da capacidade instalada da usina. A empresa também entrou com pedido, junto à Semace, de licença para ampliação da capacidade usina solar de Tauá para 50 MW. De acordo com a MPX, apesar do início de licenciamento, a expansão depende da implantação de um mecanismo de contratação que viabilize o investimento no pro-
jeto. A usina solar gerou 808,369 MWh durante os nove primeiros meses em operação. A Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu projetos inovadores para aproveitamento de energia solar, traduzindo-os em propostas competitivas e competentes, como por exemplo os aeroportos solares. Seguindo os passos de outras iniciativas pontuais do uso da energia solar fotovoltaica, a Usina Termelétrica Norte Fluminense, localizada no município de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, investiu na colocação de 1.800 módulos, com potência instalada de 320 kWp, equivalente ao abastecimento de 500 residências. Criado em 2010, o projeto do “telhado solar” da empresa visa o fornecimento de energia para todo o consumo interno da usina. Com a economia energética, a usina coloca a disposição do mercado consumidor o gás não utilizado. Indústria nacional Para suprir a necessidade de produtos para a fabricação das placas solares, algumas empresas já estão trabalhando para produzir e atender ao mercado, como a Rima Industrial. Fundada em 1952, a empresa é líder mundial na produção de Silício metálico, Ferro-ligas e Magnésio metálico, com 60 mil toneladas por ano, instalada em Minas Gerais. Todos os produtos são obtidos a partir de insumos energéticos 100% renováveis, garantindo um balanço
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capa ENERGIA SOLAR favorável de carbono, com captura e armazenamento de CO2 em todos os processos. A empresa foi a primeira do mundo a fazer o chamado silício verde, a partir de eucalipto reflorestado. Além de ampliar sua produção atual de Silício Grau Metalúrgico, a empresa pretende verticalizar o processo, objetivando agregar valor e ampliar mercado para seus produtos. Para isso está desenvolvendo um projeto para implantação de uma planta piloto para pesquisa e desenvolvimento da rota térmica de produção de silício grau solar, bem como estudando possibilidades de implantação de projetos que englobem toda a cadeia produtiva do setor fotovoltaico. A intenção do grupo é ser uma empresa 100% verticalizada, desde a extração do quartzo, até o produto final, a energia elétrica fotovoltaica. A Tecnometal, empresa de soluções em engenharia, criou uma divisão de energia solar. Sua atuação consiste em produzir lâminas de silício, células, módulos, kits e sistemas fotovoltaicos completos, É um projeto indutor de demanda, do olho no potencial brasileiro. O País detém 90% das jazidas conhecidas de silício, economicamente viáveis, do mundo. No mundo As centrais termoelétricas a energia solar se expandiram significativamente nos últimos anos no mundo, alcançando a capacidade instalada de aproximadamente 940 MW. A Espanha e os Estados Unidos possuem respectivamente 51,3% e 46% do total instalado em operação.
A Espanha está na vanguarda dos novos investimentos em usinas termoelétricas solares com 28 novas centrais em construção, que terão capacidade instalada de 1.743MW, correspondentes a 92,5% dos novos empreendimentos. Assim, como as usinas fotovoltaicas, o desafio da energia solar térmica em larga escala está em chegar a um custo de produção competitivo, em relação às outras fontes. Atualmente, o preço médio por megawatt-hora gerado em uma usina termoelétrica solar é de R$ 290, comparado com a média de R$ 120 por MWh nas centrais termoelétricas convencionais. Diferentemente das centrais solares com painéis fotovoltaicos que utilizam a luz do sol para produzir diretamente energia elétrica, as usinas termoelétricas solares utilizam o calor dos raios solares, refletidos por painéis parabólicos e concentrados em um ponto específico, para aquecer um fluido, geralmente sal liquefeito, que permanece estocado em reservatórios a alta temperatura. Quando há demanda por energia, o fluido é conduzido até um trocador de calor que gera vapor d’água a alta pressão que move uma turbina, produzindo energia elétrica. O fluido é reaproveitado e, ao longo do dia, o conjunto de espelhos se movimenta para manter o melhor ângulo de captação da luz e do calor do sol. As usinas termoelétricas solares podem utilizar diferentes tecnologias para concentrar o calor do sol, sendo os painéis parabólicos os mais utilizados nas
centrais solares em operação no mundo correspondendo a 95% da capacidade instalada total. Outras tecnologias usadas são torres solares, painéis Fresnel e discos parabólicos. Em julho de 2009, um consórcio de 13 empresas multinacionais, dentre as quais Deutsche Bank, Siemens, EON, RWE, Abengoa Solar e MAN Solar Millennium, assinaram uma carta de intenções para criar um projeto ambicioso de energia solar denominado Desertec. Esse projeto prevê a construção de um complexo de usinas termoelétricas solares que utilizarão a tecnologia de painéis parabólicos no norte da África, no Deserto do Saara, e no Oriente Médio. O projeto estimado em US$ 555 bilhões prevê linhas de transmissão, sendo que a energia produzida nos empreendimentos será capaz de fornecer aproximadamente 15% da eletricidade consumida na Europa, além de dois terços da necessidade do norte da África e do Oriente Médio. A capacidade instalada das usinas solares poderá totalizar até 100.000 MW em 2050. Em dezembro do ano passado, o grupo Neonergia formalizou, por meio de convênio com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) da Aeronáutica, a instalação de um sistema de energia solar na ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. O investimento será de 5 milhões de Reais e as placas fotovoltaicas terão a capacidade de gerar 400 kWp (kilowatt-pico), com expectativa de 600 MWh de geração anual, cerca de 6% do consumo da ilha.
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Foto: Luiz Morier/ASCOM/RJ
Iniciativas governamentais
A Carta do Sol iniciativa do Governo do RJ congrega esforços do Fórum Nacional dos secretários estaduais para assuntos de energia em prol do desenvolvimento de energia solar, tendo estabelecido diretrizes para orientar o mercado. Por sua vez, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) informou que encaminhou ao Ministério de Minas e Energia os estudos acerca da viabilidade de implantação da
energia solar na matriz energética nacional. O Congresso Nacional tem promovido eventos e audiências públicas para ampliar o debate sobre as políticas de desenvolvimento do setor de energias renováveis no Brasil. Destacam-se na tramitação 2012 os projetos como o REINFA e da energia solar para geração distribuída. Nos estádios da Copa do Mundo de Futebol 2014 estão previstas
as instalações de sistemas solares fotovoltaicos, que ampliam as perspectivas de segurança energética e asseguram ganhos de sustentabilidade para a edificação, traduzida pela certificação LEED. A Eletrosul publicou no dia 17 de fevereiro deste ano, no Diário Oficial da União, o novo edital de concorrência internacional para contratação da empresa ou consórcio de empresas, que irão implantar o maior projeto brasi-
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capa ENERGIA SOLAR programa de eficiência é de até o final de 2012. Criado em 1971 pelo Banco do Nordeste (BNB), o Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Fundeci, já aplicou R$ 353,3 milhões, em 2.886 projetos. O fundo tem por finalidade apoiar a realização de pesquisas econômicas e tecnológicas voltadas para o desenvolvimento agrícola e industrial do Nordeste e promover a difusão de tecnologias apropriadas ao sistema produtivo da região. Até 2011, o fundo apoiou 24 projetos de pesquisa relacionados à energia solar, com valor total apoiado de aproximadamente R$ 1,7 milhão, com destaque para pesquisas voltadas para Configuração Eficiente de Dessalinizador Solar Fotovoltaico; Sistema de Dessalinização via Osmose Reversa Acionada por Painéis Fotovoltaicos sem Baterias; Sistema para controle de carga utilizando geradores eólicos e painéis fotovoltaicos; entre outros. “No momento, estamos em trativas com o © Peterfacto... | Dreamstime.com
leiro de geração de energia solar fotovoltaica integrado à edificação – o Megawatt Solar. Trata-se de grande oportunidade que está inspirando outras empresas e governos estaduais na execução de propostas de investimentos em energia solar fotovoltaica. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), que integra projetos em prol de uma ilha mais sustentável, ficará responsável pela implantação dos painéis solares na rede elétrica de Fernando de Noronha. Porém, o presidente da Celpe, Marcelo Corrêa, afirmou que ainda é indispensável o uso da termelétrica de Tubarão. Segundo a empresa, a complementação da matriz energética com a fonte solar e com a implementação de um programa de eficiência do uso da energia culminará na redução de cerca de 350 mil litros de diesel por ano, gerando uma economia de R$ 1 milhão por ano na compra do combustível. A previsão de conclusão das instalações das placas fotovoltaicas e do
Centro de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Cenea CE), para fins de levantamento de potencial e análise de viabilidade de geração de energia elétrica por microgeradores eólicos e painéis solares e sua utilização por produtores e micro produtores rurais nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Ceará”, afirmou Allisson Martins, gerente do Fundeci. Em 2011, o fundo aplicou recursos da ordem de R$ 20 milhões, mas há proposta para ampliar em 20% o orçamento, para chegar a operar com cerca de R$ 24 milhões já neste ano de 2012. O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) está construindo, em Pernambuco, a fase 1 do Centro Experimental de Tecnologias em Energia Solar, com investimentos de R$ 23 milhões. Feito em parceria com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobras (Cepel) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro vai servir como local de testes de geração héliotérmica, através de cilindros parabólicos. A energia solar é prioritária ao País e vai ganhar cada vez mais espaço nos próximos anos, o Ministério da Ciência e Tecnologia está elaborando Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação (PACTI) que será implantado até 2015 e tem a energia solar como destaque. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) realizou e publicou relatório indicativo das rotas tecnológicas, as demandas para a apropriação das tecnologias existentes e as perspectivas de inovação tecnológica na fabricação de sistemas solares fotovoltaicos.
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Foto: Sérgio ValeAgência de Notícias/AC
Programas nacionais
O programa “Luz para Todos, do governo Federal, vem fornecendo energia elétrica na zona rural do Brasil, por meio, da energia solar. Ao final de novembro de 2011, o programa alcançou mais de 14 milhões de pessoas. Somente a Kyocera Solar já implementou mais de 40.000 sistemas solares fotovoltaicos(FV). Criado em novembro de 2003, o programa já ultrapassou a meta inicial que era de 10 milhões de pessoas. Os recursos federais são provenientes da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e da Reserva Global de Reversão (RGR), repassados por meio de subvenção (fundo perdido) e financiamento, respectivamente. Os investimentos contratados chegam a 19 bilhões de Reais. Deste total, R$ 13,8 bilhões são do Governo Federal, que já liberou 11 bilhões de Reais para as empresas de energia.
Para atender as comunidades que vivem isoladas, principalmente na Amazônia, o Ministério de Minas e Energia (MME) elaborou o Manual de Projetos Especiais, que estabelece os critérios técnicos e financeiros que serão aplicados neste tipo de atendimento, com o uso de fontes alternativas de energia elétrica, tendo como principal atrativo, o repasse de 85% dos recursos, a título de subvenção econômica, por parte do governo. Dentre as opções tecnológicas, encontram-se usinas solares fotovoltaicas e sistemas híbridos. Algumas comunidades isoladas da Amazônia receberam eletricidade gerada em miniusinas fotovoltaicas e distribuídas por minirredes. O projeto é o primeiro a receber a autorização da Aneel para usar o sistema de pré-pagamento da energia, que possibilita ao morador comprar um cartão de
30kWh de consumo por R$ 7,00, e também o sistema de monitoramento e operação remota do sistema, por meio de uma unidade terminal remota (UTR) instalada na miniusina, que enviará os dados para Manaus, via internet. O sistema já foi implantado em 12 comunidades do Amazonas nos municípios de Novo Airão, Eirunepé, Beruri, Barcelos, Autazes e Maués, com investimento total de R$ 5,5 milhões e atingindo 222 residências. O Luz para Todos também instalou sistemas de geração solar na Bahia, utilizando 1.943 placas solares de 143W, beneficiando 1.943 domicílios do agreste baiano que estavam distantes da rede de distribuição convencional. Em São Paulo, em 30 domicílios o sistema de geração foi de 170W e em duas de 390W. Outro atendimento realizado pelo Luz para Todos foi no Estado do Acre, que levou energia pelas placas solares para 103 residências em 240W. Inicialmente previsto para ser encerrado em 2008, o projeto foi prorrogado duas vezes e agora será executado até 2014. O programa de habitação Minha Casa, Minha Vida, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) avalia a instalação de sistema de energia solar. Tal proposta é analisadaspelo Ministério das Cidades sobre a viabilidade de atender mais de quatro mil residências que poderão ter geração própria de energia. Para isso, o investimento é de R$ 6 milhões, ou seja, R$ 1,5 mil por casa. Uma residência de baixa renda consome cerca de 120 KWh/mês.
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capa ENERGIA SOLAR
A relevância da energia solar para atender a indústria em geral passa pelo desafio da armazenagem da energia solar para ser usada quando não tiver sol. A tecnologia térmica solar, que gera eletricidade usando o calor do sol para ferver água, que pode ser usada para esquentar o sal, que por sua vez armazena a energia para os períodos sem sol e de alta demanda energética como o do horário de ponta, das 17 às 21horas todos os dias. Enquanto no mundo a capacidade de apoio (backup) para energia eólica e solar vem na forma de caros geradores movidos a gás, que ficam inertes na maior parte do ano, mas operam quando o vento para de soprar ou o sol de brilhar, no Brasil, os reservatórios das usinas hidrelétricas podem se utilizados para armazenar energia para os períodos complementares às renováveis intermitentes. Para o Brasil, estuda-se ampliar o Mecanismo de Realocação de Energia, MRE, que poderá operar como consórcio entre usinas hidrelétricas, eólicas e solares trazendo ganhos de eficiência na gestão da operação e manutenção das usinas em conjunto. Nos EUA, a SolarReserve está construindo uma usina de armazenagem de energia no deserto de Nevada que deverá começar a funcionar em 2013, e a BrightSource, que projeta três usinas na Califórnia para entrar em operação em 2016 e em 2017. Google, Chevron e Good Energies estão investindo nessa tecnologia, e as empresas NV Energy e Southern California
BrightSource/Divulgação
O futuro da energia solar térmica
Edison já assinaram contratos de longo prazo para comprar energia dessas usinas de armazenagem solar, que complementam os painéis solares, que produzem energia diretamente da luz do sol. O avanço da implantação dessa tecnologia está se tornando cada vez mais interessante na medida em que os preços dos painéis solares estão decrescendo e, assim, tem ampliado a atratividade para serem instalados em telhados em larga escala. Embora nos EUA a energia solar responda por menos de 1% da energia consumida, o Departamento de Energia dos EUA deu em setembro à SolarReserve um empréstimo de US$ 737 milhões para seu projeto em Nevada, para gerar 110 megawatts no horário de pico e armazenar calor para funcionar por até dez horas quando não houver sol direto. As usinas SolarReserve e BrightSource vão usar milhares de espelhos do tamanho de cartazes,
operados por computador, que dirigirão a luz do sol para uma torre que absorve calor. A SolarReserve absorve o calor em sal derretido, que pode ser usado para ferver água, gerando vapor que movimenta uma turbina e um gerador. O sal quente também pode ser usado para reter o calor durante muitas horas. A BrightSource aquece a água que pode ser usada imediatamente como vapor ou que pode ser usada a fim de aquecer o sal para estocagem. O caminho mais simples para a energia térmica solar é transformar o calor em eletricidade imediatamente. O NREL - Laboratório Nacional de Energia Renovável, em Golden, Colorado, estima que a estocagem poderá cortar em US$ 0,04 os custos por kilowatt/hora, um benefício considerável para uma venda em média por US$ 0,11, grande parte da economia é não precisar construir os geradores movidos a gás para backup.
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Atualmente, a geração de energia renovável conta com incentivos conforme a injeção na rede, segundo a lei n. 9427 no artigo 26. Esses incentivos são para quatro fontes: CGH/PCH (Central de geração hidrelétrica/Pequena central hidrelétrica), Solar, Biomassa e Eólica. Relativamente a injeção na rede sem exceder 30.000 kWh/h, as quatro fontes incentivadas têm o direito ao desconto de 50% na TUSD/TUST, aplicável nas duas pontas: produção e consumo. Especificamente para uma usina solar, esse desconto está em vias de passar de 50% para 80%. (Audiência Pública n. 042/2011, já realizada). Esse desconto na TUSD/ TUST, que vale para as 4 fontes incentivadas, foi estendido para a Co-Geração Qualificada. Em relação a injeção na rede até 50.000 kWh/h, as quatro fontes incentivadas têm o direito de comercializar com consumidor ou conjunto de consumidores reunidos em comunhão de interesse de fato ou direito. São os chamados consumidores especiais com carga cuja soma não seja inferior a 500 kW, mediante sua pronta emancipação de cativos para livres, desde que atendidos por qualquer das mencionadas quatro fontes incentivadas em pelo menos 51% do fornecimento total, admitido o complemento em até 49% com outras fontes. Para incentivo na geração distribuída, a legislação vigente prevê para Geração Distribuída 2 fontes: a Hidro até 30.000 kW e a Térmica com rendimento acima de 75%. A distribuidora poderá optar
© Anhong | Dreamstime.com
Regulação e incentivos
comprar dessas fontes, desde que localizadas em sua área de concessão e até 10% do seu mercado, mediante simples Chamada Pública e com preços até tetos sem ferir a legislação. Recentemente, o Governo sinalizou incluir na Geração Distribuída as 4 fontes incentivadas (CGH/PCH, Solar, Biomassa e Eólica), cuja regulamentação está em vias de ser aprovada e visa facilitar o caminho para as cogitadas “smart grids”. (Audiência Pública
n. 042/2011, já realizada). Espera-se que a tecnologia fotovoltaica ganhe impulso nessa modalidade. Mas aí a usina NÃO será outorgada ou modelada como gerador com autonomia para comercializar a sua energia. O gerador seria visto como integrado diretamente à carga –i.e. no Consumo- e sem exceder a capacidade instalada de 1.000 kW. Estaria previsto o “net metering”, em que o saldo mensal -dependendo do “quantum” gerado- pode signi-
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capa ENERGIA SOLAR ficar exportação ou importação, respectivamente se exceder ou não a carga pura. Se exportação, o saldo pertence ao Consumidor, mas não poderá comercializá-lo e sim apenas aproveitá-lo no abatimento de medições futuras, com validade de algo como 1 ano, extinguindo-se após. Se importação, é o saldo a pagar, porém um valor a menor que o consumo com a carga pura, vez que reduzido pelo gerado. Para incentivo da sub-rogação da CCC e exclusivo para sistemas isolados (ex. Amazônia), existe o dispositivo da sub-rogação da CCC para fontes que desloquem derivados de petróleo, e que, entre outras, inclui a Solar. O incentivo nesse caso pode chegar a 3/4 do investimento, pagos distendidamente, e na condição desse benefício alcançar o Consumidor, mediante uma tarifa baixa de geração. Em relação ao incentivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), os Produtores Independentes-PIE’s estão obrigados (exceto aqueles utilizando qualquer das quatro fontes incentivadas mais Co-Geração Qualificada), a aplicar em P&D. Recentemente, a Aneel abriu a opção no P&D para aplicações em usina fotovoltaica de até 3 MW e a comercialização da sua energia. Para tanto, lançou o programa designado P&D Estratégico n. 13/2011 a que aderiram 18 PIE’s com suas respectivas usinas fotovoltaicas. O programa totalizou um investimento de cerca de R$ 400 milhões e 24.500 kWp (média do investimento específico em R$ 16.325 : kWp) repartido em 18 usinas de diferentes capacidades: 3 de 500 kW; 1 de 600 kW; 1 de
750 kW; 8 de 1.000 kW; 1 de 1.500 kW; 4 de 3.000 kW. Viabilidade da energia solar no Brasil A tecnologia fotovoltaica apresenta alto investimento específico (da ordem de US$ 6.000 : kWp, equivalendo a R$ 10.200 : kWp), baixo rendimento (na faixa de 8% a 15%, dependendo da pureza e espessura do filme) e fraco fator de capacidade (entre 20% a excepcionalmente 30%). O custo da geração situa-se atualmente em cerca de US$ 270 por MWh (equivalendo a R$ 460 por MWh), ainda bastante elevado, mas com tendência de queda, talvez não acentuada. A conjunção desses elementos não favorece a utilização comercial dessa tecnologia, salvo se contar com forte subsídio. A outra tecnologia solar é a termosolar (seja com torre ou de disco parabólico), algo mais eficiente que a tecnologia fotovoltaica, mas como essa, ainda bem cara. Embora a tecnologia termosolar seja promissora –por aumentos a) na temperatura do fluido de trabalho; b) no fator de capacidade servido pelo armazenamento térmico- a simplicidade da tecnologia fotovoltaica tem favorecido a sua preferência e crescente utilização. O incentivo do desconto na TUSD/TUST por maior que seja (em vias de o desconto aumentar de 50% para 80%) é fraco perante o elevado custo de geração. Portanto, tal desconto é de pouca valia na geração solar de qualquer tipo. Outro incentivo, mas para Sistemas Isolados e em que pode-se abater até 3/4 do investimento, perdeu parte da sua atratividade,
depois que ficou condicionado a reverter o benefício para o Consumidor, mediante uma baixa tarifa de geração. Também não deixa de ser um incentivo, optar no P&D por usina fotovoltaica, já que a sua energia poderá ser comercializada, proporcionando assim algum retorno a um investimento, que não fora isso e como é típico em outras aplicações, além de compulsório é a fundo perdido para o PIE. Já o financiamento como praticado por alguns programas de fomento (Nações Unidas, banco alemão KFW ou governos) prevêem mais da metade do investimento a fundo perdido, o que contribui efetivamente para viabilizar a aplicação de maior porte em geração solar de qualquer tipo. Existe também a possibilidade de sinergias e complementações ao combinar o aproveitamento solar em sítio que já explora outra fonte, os chamados Sistemas Híbridos, em especial com a tecnologia fotovoltaica. Por outro lado, a tecnologia fotovoltaica poderá encontrar viabilidade se aplicada diretamente junto a carga (no Consumo), qual seja, em “by-pass” à pesada cadeia G-T (Geração-Transmissão) e como vem sendo demonstrado em alguns países com a utilização do “net metering” em vias de ser adotado no Brasil, um passo importante para as “smart grids”. Ela também poderá competir com outras tecnologias “diferentes” e mais adequadas para atender locais bastante isolados (ex. ilhas), vez que as tecnologias comerciais usuais aí se inviabilizam pelas dificuldades logísticas ligadas ao combustível e manutenção.
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Preparando o sol do futuro
Com a intenção de diversificar a matriz energética brasileira, a Aneel realizou chamada pública aberta para projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de geração fotovoltaica, com investimento de R$ 395,9 milhões Apesar de ser uma fonte abundante no País, o Brasil ainda desperta no setor de energia solar. A inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética nacional em médio e longo prazo é uma possibilidade considerada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que realizou a chamada pública aberta “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira” para projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de geração fotovoltaica. Das 98 empresas que inscreveram seus projetos, entre concessionárias de distribuição, geradoras, empresas de transmissão e holdings com atuação em todos os meios do setor elétrico, 18 foram selecionadas. O investimento total previsto pelas 18 empresas para o
desenvolvimento dos projetos piloto é de R$ 395,9 milhões. A geração energética é de 24,578 Mwp. A intenção da Aneel é divulgar os avanços tecnológicos relacionados à geração solar fotovoltaica e alavancar toda a cadeia produtiva desta fonte no país, em termos regulatórios, mercadológicos, tecnológicos e acadêmicos. O principal objetivo da chamada é a proposição de arranjos técnicos e comerciais para projeto de geração de energia elétrica através de tecnologia solar fotovoltaica, de forma integrada e sustentável, buscando criar condições para o desenvolvimento de base tecnológica e infraestrutura técnica e tecnológica para inserção dessa modalidade de energia na matriz energética nacional, além do desenvolvimento e a transferência de tecnologias importantes para o setor. Conforme a Aneel, o projeto inclui a instalação de uma usina solar fotovoltaica, conectada direta ou indiretamente por meio de unidades consumidoras à rede de distribuição e/ou transmissão de
energia elétrica, com capacidade instalada entre 0,5 MWp e 3,0 MWp. Além disso, prevê também a instalação de estação solarimétrica com sistema de aquisição, monitoração e análise de dados capaz de fornecer informações de desempenho técnico-econômico do projeto, tais como dados de irradiância global e difusa, temperatura, umidade, direção e velocidade do vento e pressão. Parte dos custos da implantação do programa, que terá financiamento e execução por empresas de energia elétrica, deverá ter contrapartida de recursos financeiros externos ao programa de P&D ou equivalentes. Esses valores, de acordo com a Aneel, poderão ser compensados por meio dos próprios benefícios econômicos resultantes do empreendimento. Os resultados desse projeto podem subsidiar a inserção da geração fotovoltaica na matriz brasileira. Isso porque as análises previstas incluem itens de grande complexidade, como, por exemplo, a adequação ou adaptação de tecnologias existentes às condições de operação de plantas solares fotovoltaicas já em uso; inventário de locais mais adequados à instalação de usinas; análise de custos dos componentes de uma planta de geração solar fotovoltaica e dos custos de formação de tecnologia nacional; prospecção dos mercados de consumo de energia elétrica produzida por geração solar fotovoltaica até o ano de 2020, entre outros. O prazo para desenvolvimento dos 18 projetos é de 36 meses.
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capa ENERGIA SOLAR
Projetos na ANEEL EMPRESA
PROJETO
CUSTO
CAPACIDADE INSTALADA (MWp)
Elektro Eletricidade e Serviços S/A. ELEKTRO
PUCSOLAR
R$ 8.253.250,00
0,500
Furnas Centrais Elétricas S/A. FURNAS
Arranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção para a Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira
R$ 48.224.047,14
3,000
Companhia Energética do Ceará COELCE
Arranjo Técnico e Comercial para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética do Estado do Ceará – Usina Castelão
R$ 12.059.720,36
1,500
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COELBA
Arranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira
R$ 24.509.878,72
1,000
Companhia Hidro Elétrica do SãoFrancisco CHESF
Central Fotovoltaica da Plataforma Solar de Petrolina
R$ 44.552.168,00
3,000
Companhia Energética de São Paulo CESP
Desenvolvimento e instalação piloto de geração fotovoltaica para modelo estratégico de referência tecnológica, regulatória, econômica e comercial, inserindo esta energia na matriz energética nacional
R$ 9.563.923,38
0,723
Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista CTEEP
Desenvolvimento de competências e avaliação de arranjos técnicos e comerciais em geração distribuída com sistemas fotovoltaicos conectados à rede
R$ 10.003.664,00
0,600
Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A ELETROPAULO
ARRANJOS TÉCNICOS E COMERCIAIS PARA INSERÇÃO DA GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
R$ 23.381.047,85
1,000
Petróleo Brasileiro S/A. PETROBRÁS
Estudo do Impacto da Geração Fotovoltaica Centralizada no Sistema Elétrico
R$ 21.250.000,00
1,100
Tractebel Energia S/A TRACTEBEL
Implantação de usina solar fotovoltaica (FV) de 3MWp e avaliação do desempenho técnico e econômico da geração FV em diferentes condições climáticas na matriz elétrica brasileira
R$ 60.847.400,00
3,000
Eletrosul Centrais Elétricas S/A ELETROSUL
Ampliação da usina Megawatt Solar com novas soluções tecnológicas e estratégias comerciais (Projeto SOL+)
R$ 2.623.002,00 1,024
1,024
CEMIG Distribuição S/A CEMIG-D
Projeto estratégico: Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira
R$ 8.275.540,00 0,500
0,500
Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica CEEE-GT
Inserção da geração solar fotovoltaica urbana conectada à rede em Porto Alegre
R$ 11.356.889,00
0,550
Copel Geração e Transmissão S.A. COPELGT
PE 13 - Comparação da geração de energia elétrica por fonte solar fotovoltaica e sua disponibilização R$ 50.592.997,02 na rede de distribuição sem e com acumulação em banco de bateria vanádio de ciclo ilimitado
3,000
Copel Geração e Transmissão S.A. COPELGT
Aplicação de células fotovoltaicas de fabricação nacional para geração de energia elétrica interligada a rede de distribuição no estádio Joaquim Américo do Clube Atlético Paranaense
R$ 24.617.579,48
1,000
MPX PECÉM II GERAÇÃO DE ENERGIA S.A. MPX
Arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética Brasileira
R$ 8.422.678,00
1,000
Companhia Piratininga de Força e Luz CPFL Piratininga
Inserção técnico-comercial de geração solar fotovoltaica na rede da CPFL - Diversificando a matriz energética brasileira
R$ 11.373.000,00
1,081
Celg Distribuição S.A. CELG-D
Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira
R$ 15.997.384,05
1,000
Total: 395.904.169,00
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especialista ENTREVISTA
LEONIDAS ANDRADE
Solar: “há muito a ser feito”
A análise sobre o desenvolvimento da geração de energia solar fotovoltaica no Brasil do diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Leonidas Andrade, é que ainda há muito a ser feito. Ele defende programa de governo para a sua adoção e difusão desta matriz
Divlgação
renergy. ano 2 > # 9 > 2011 { 51 }
O
caminho para alavancar a indústria solar no País passa por leilões específicos para a fonte solar fotovoltaica. Essa é a expectativa do setor, de acordo com o diretor da Abinee, Leonidas Andrade. Para ele, o certame iria provocar uma reação muito positiva no mercado de equipamentos e serviços fotovoltaicos no País, com potencial de atração e fortalecimento dessa cadeia produtiva para o Brasil. “A cadeia produtiva da indústria fotovoltaica é bastante segmentada, tanto na área de produção de equipamentos quanto na área de serviços, tendo portanto um alto potencial de geração de emprego”. A favor do Brasil, diz ele, está sua localização no cinturão solar, ao longo da linha do Equador.
na começaram a se destacar no cenário mundial. Certamente, eles estarão ocupando as primeiras posições em breve. No Brasil, há muito a ser feito para que a energia solar fotovoltaica ocupe o seu lugar na matriz energética. Apesar de ser possível demonstrar, em algumas situações, que essa alternativa, gerada no ponto de consumo, já seja competitiva em relação à eletricidade entregue por algumas distribuidoras, ela ainda carece de apoio e de um programa de governo para a sua adoção e difusão. Na Abinee, criamos, em janeiro de 2010, o grupo setorial de sistemas
Renergy:: Há algum tempo, a energia eólica era tida como uma fonte alternativa. Hoje, com o barateamento dos custos e investimentos em parques, há estimativa de que em 2014 ela alcance 5% da matriz energética do Brasil. Na sua avaliação, a energia solar está seguindo o mesmo ritmo de expansão? O Brasil já despertou para essa opção? Leonidas Andrade:: É muito promissor o avanço da energia solar fotovoltaica no mundo. A capacidade instalada em 2011 foi de 27,7 Mwp (megawatt peak). No total, ela chega 67,4 GWp de acordo com a EPIA (European Photovoltaic Industry Association). Em 2011, a Itália desbancou a Alemanha, que mantinha há anos a liderança mundial no setor, e países como Estados Unidos e Chi-
Um maior apoio governamental à inserção da energia solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira certamente proporcionaria o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local
fotovoltaicos com pouco mais de 20 empresas. Em aproximadamente um ano de existência, esse grupo já congrega cerca de 120 empresas interessadas no potencial brasileiro e no desenvolvimento da cadeia da indústria fotovoltaica em nosso País. R:: Em alguns países, o uso da energia solar é estimulado pelo governo, tanto em residências quanto em empresas. Isso, no
entanto, não acontece no Brasil. Seria possível implantar a mesma política no País? LA:: Seria fundamental que o Brasil pudesse investir no desenvolvimento da energia solar. Programas como estes são os responsáveis pelo grande desenvolvimento da indústria fotovoltaica no mundo, assim como pela consistente queda nos preços, que realimenta o processo de forma virtuosa. Um maior apoio governamental à inserção da energia solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira certamente proporcionaria o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local, e contribuiria também para uma queda mais acelerada dos preços. O País deveria apostar de forma mais consistente e objetiva no seu potencial solar. Estudos conduzidos no Brasil demonstram, por exemplo, que a irradiação solar diária em qualquer região do Brasil, varia entre 4,1 e 6,8 kWh/ m², enquanto na Alemanha o valor máximo é somente 3,4 kWh/ m². Ou seja, o local com menor insolação no Brasil tem mais potencial que o de maior insolação na Alemanha, sendo este último um dos países com a maior capacidade instalada de energia fotovoltaica no mundo. R:: Como diminuir os custos da energia solar no Brasil? LA:: Antes de tudo é preciso gerar a demanda por sistemas fotovoltaicos no País. Parece que estamos tentando subverter a ordem das coisas, ou seja, parece querer-se que a indústria fotovoltaica se estabeleça no Brasil, que tenha preços competitivos, para depois se criar a demanda. Isso
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especialista ENTREVISTA
LEONIDAS ANDRADE
contraria qualquer pressuposto econômico ou de marketing. Temos que apostar em programas de governo, voltados para apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva desse setor no Brasil. Mas tomando-se o cuidado de não criar uma reserva de mercado, pois isso em nada contribuiria para o desenvolvimento e a competitividade da nossa indústria. Isso passa por uma política de incentivo ao conteúdo local sem penalizar demasiadamente as importações, necessárias para atender uma demanda crescente de um mercado em expansão. R:: O que os fornecedores de energia solar precisam, em termos de estímulos governamentais, para aumentar a oferta no Brasil? LA:: Se estivermos falando de empreendimentos capazes de ofertar energia solar fotovoltaica, essa oferta ainda não existe no Brasil. Com exceção do empreendimento pioneiro de 50 MWp, em construção na pela MPX na cidade de Tauá, no estado do Ceará, dos quais apenas o primeiro MWp está realizado e conectado à rede, ainda não há no País centrais fotovoltaicas oferecendo energia elétrica. A expectativa é que essa demanda possa ser criada através de leilões específicos para a fonte solar fotovoltaica. Isso certamente iria provocar uma reação muito positiva no mercado de equipamentos e serviços fotovoltaicos no País, com potencial de atração e fortalecimento dessa cadeia produtiva para o Brasil. A cadeia produtiva da indústria fotovoltaica é bastante segmentada, tanto na
área de produção de equipamentos quanto na área de serviços, tendo portanto um alto potencial de geração de emprego. O Brasil tem um diferencial muito positivo para considerar a introdução da geração fotovoltaica na sua matriz elétrica. Fazemos parte do grupo de países localizados no cinturão solar, distribuídos ao longo da linha do Equador, que apresentam um excelente nível de irradiação solar sobre o seu território. Isso possibilita que projetos fotovoltaicos localizados no País tenham uma das melhores relações a nível mundial entre Wp instalado versus Wh produzido. Infelizmente esse fator é anulado quando se leva em conta a alta carga tributária e demais custos, que fazem com que um sistema fotovoltaico chegue ao Brasil custando aproximadamente 45% a mais que seu preço FOB [preço de venda da mercadoria acrescido de todas as despesas que o exportador faz até colocá-lo a bordo, ou seja, não inclui o frete]. É preciso diminuir essa relação para incentivar o desenvolvimento de projetos fotovoltaicos no país e desenvolver programas de incentivo para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local. R:: EUA e China estão entre os líderes em energia solar. O que o Brasil tem a aprender com eles? LA:: Antes de qualquer coisa, esses países desenvolveram programas governamentais de apoio ao desenvolvimento da indústria fotovoltaica. E esta aposta está se mostrando acertada, à medida que os preços da geração fotovol-
taica estão rapidamente se aproximando da paridade tarifária com outras fontes. Quando esta paridade for sendo conquistada, isso certamente abrirá oportunidades fantásticas para a economia desses países. O Brasil, ao contrário, parece querer esperar pela plena paridade tarifária para considerar a energia fotovoltaica. Isso nos parece um equívoco. R:: Quais as novidades no mercado brasileiro, em relação à energia solar? E no mundo? LA:: Como fatos mais relevantes no Brasil cito duas iniciativas da Aneel, que parabenizo por abrirem oportunidades para avanços significativos da energia solar fotovoltaica no Brasil. Uma é a proposta de regulamentação da micro e mini geração distribuída (orientada através da Audiência Pública Nº 42/2011). Outra é a chamada Nº 013/2011, que gerou grande interesse entre as empresas de distribuição e geradoras, resultando na apresentação de 18 projetos estratégicos de desenvolvimento da energia solar no País. No plano internacional temos o expressivo avanço da capacidade instalada em 2011, que surpreendeu novamente, com mais de 27 GWp instalados no ano. R:: Seria possível instalar placas solares em parques eólicos? LA:: Não só é possível como desejável. Há estudos que mostram a complementaridade dessas duas fontes. Além disso, haveria uma otimização dos recursos de infra-estrutura, que teriam impacto positivo no custo da energia produzida.
Sustentabilidade e inovação a Enpecel conduz energia limpa e renovável.
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microgeração
Um novo mercado
Microgeração é uma tendência na geração de energia elétrica no Brasil e a Aneel está ordenando a criação desse mercado
O
ano de 2012 deve ser um marco na distribuição energética do Brasil, sobretudo no que diz respeito à microgeração de energia com fontes renováveis. Um passo importante foi dado em outubro do ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou audiência pública com propostas de regulamentação de micro e minigeração distribuída. O intuito é possibilitar e incentivar a utilização de fontes renováveis, como mini turbinas eólicas e paineis fotovoltaicos. De acordo com a proposta, será
criado um sistema de compensação de energia que irá permitir ao microprodutor ter descontos proporcionais à sua produção. Entretanto, não haverá transação financeira. Caso o equipamento produza mais do que consumiu, o excedente pode ser acumulado e descontado nas contas de energia dos meses seguintes. Os créditos gerados tem validade de um ano. De acordo com o relatório do diretor da Aneel Romeu Rufino, é um sistema simples de ser implantado pelas distribuidoras, sem ônus para o consumidor, uma vez que não há aplicação
de subsídios. “É uma ação de eficiência energética, pois haverá redução de consumo e do carregamento dos alimentadores em regiões com densidade alta de carga, com redução de perdas e, em alguns casos, postergação de investimentos na expansão do sistema de distribuição”, explica. Serão considerados empreendimentos de minigeração aqueles com potência entre 100 kW (quilowatts) e 1MW (megawatt) conectados diretamente à rede, em qualquer tensão, ou através de unidades consumidoras, podendo operar
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em paralelo ou de forma isolada. Já a microgeração contempla centrais com até 100 kW. Para a especialista em análises de viabilidade de projetos de geração, de transmissão e de avaliações da financiabilidade de projetos e empresas, Selma Akemi Kawana, a microgeração distribuída tem como vantagens o baixo impacto ambiental, menor tempo de implantação e diversificação da matriz energética. “A geração descentralizada já é uma realidade em vários países, mas não havia nenhum incentivo para os consumidores brasileiros adotarem essa geração”, afirma. De acordo com Selma, o período de retorno do investimento é, em média, de sete a dez anos, dependendo da região do País e da solução de microgeração instalada. “A tarifa do regime bonificado é válida por 15 anos e os paineis solares fotovoltaicos tem uma vida útil esperada de pelo menos 25 anos”, incentiva. O relatório da Associação Americana de Energia Eólica (AWEA) aponta que o mercado
de geração de energia eólica por miniturbinas cresceu 26% nos Estados Unidos no ano passado, tendo agregado uma capacidade instalada de 25,6 MW no período. Foram vendidas 7,8 mil unidades de equipamentos do tipo, somando receitas de US$139 milhões para os fornecedores. Com esse desempenho, o país chegou a uma potência de 179MW em máquinas eólicas para microgeração em funcionamento, distribuídos em 144 mil unidades. A estimativa do relatório é de que essa indústria responda por 1,5 mil empregos no país. Painéis fotovoltaicos A expectativa é de que a medida tenha reflexo no mercado de energia solar e contribua para o aumento de instalação de paineis fotovoltaicos ligados à rede básica. A energia solar tem registrado quedas expressivas de preço nos últimos anos e já é competitiva com as tarifas residenciais em mais da metade das áreas de concessão de distribuição de energia no Brasil. “Hoje há um maior
potencial nas residências, porque o custo da energia solar ainda é alto se comparado a outras fontes da matriz”, confirma Maurício Tolmasquim, presidente da EPE. A Aneel pretende aumentar dos atuais 50% para 80% o desconto na Tust e na Tusd - tarifas de transmissão e distribuição - para as plantas fotovoltaicas e termossolares de até 30MW. Essa mudança seria válida nos dez primeiros anos de operação, com as taxas retornando aos 50% após esse período. “A história do setor fotovoltaico começa com a regulamentação. Por não haver regra para conexão à rede, não se sabe o que se pode ou não fazer”, afirma Leônidas Andrade, coordenador do grupo setorial fotovoltaico da Abinee e executivo da DuPont. Para Marco Aurélio Lenzi Castro, da Superintendência de Regulação de Serviços de Distribuição da Aneel, informações provenientes de uma consulta pública apontam que o custo de geração dessa energia fotovoltaica estaria entre R$ 500 e R$ 600 por Mwh.
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mercado de trabalho
Um setor onde não faltam empregos Siemens AG Corporate
O mercado de energia eólica cresce vertiginosamente no Brasil. E, com ele, a demanda por profissionais de várias categorias
E
m 2002, de acordo com o Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Eólica), o Brasil tinha 22 MW em capacidade instalada de geração de eletricidade a partir dos ventos. Em 2010, este número já tinha crescido para 931 MW. Até 2014, a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) estima que essa fonte represente 5% da matriz energética do país. Ainda segundo a entidade, cada MW gerado demanda entre 13 e 15 novos postos de trabalho, diretos e indiretos. A energia eólica, que começou sendo chamada de fonte
alternativa, está perdendo esse status e se consolidando como um importante componente na geração de eletricidade do Brasil. Com isso, um novo mercado está se abrindo para várias categorias profissionais, a maior parte delas extremamente qualificadas e bem remuneradas, já que as funções demandam o domínio de tecnologias de ponta e muito conhecimento técnico. A lista é extensa e vai de funções envolvidas na fabricação dos geradores a consultorias que prestam serviço ao setor eólico, a exemplo de advogados, economistas, programadores e
engenheiros. Pedro Cavalcanti, diretor presidente da Multiempreendimentos, fornecedora de soluções para desenvolvimento e implantação de plantas de geração de energia através de fontes renováveis, cita exemplos extraídos da realidade da sua empresa. Há demanda por engenheiros e técnicos das áreas Elétrica, Civil e Mecânica. Uma das grandes dificuldades, segundo ele, é encontrar profissionais bem treinados para montar equipamentos a 100 metros de altura e em condições adversas. E como as usinas eólicas tem forte apelo ecológico, já que nasceram na esteira da busca por fontes limpas e renováveis de energia, Pedro lembra que os técnicos de meio ambiente também são requisitados. Essas funções citadas, no entanto, são apenas uma amostra da cadeia que envolve a energia eólica. “Por um lado, há o desenvolvimento e fabricação de equipamentos, o transporte dos componentes até o parque eólico e a instalação, operação e manutenção. Por outro, existem as atividades de desenvolvimento de projetos, avaliação de recursos para a geração de energia, busca de locais adequados, avaliação técnica e econômica de projetos,
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estudo de impactos ambientais dos parques, consultorias e pesquisa e desenvolvimento em universidades”, ressalta Elbia Melo, presidente executiva da Abeeólica. Ela afirma que, até 2016, há estimativa de que sejam criados cerca de 90 mil novos postos de trabalho no setor, levando em conta os parques eólicos que se encontram em construção e os contratados nos leilões realizados em 2009, 2010 e 2011. “Devido a essa grande demanda por empregos, a qualificação dos profissionais torna-se um obstáculo para o crescimento”, destaca Elbia, destacando que a principal dificuldade tem sido nos cargos que exigem mais qualificação e experiência, como os relacionados com planejamento e coordenação. Para resolver o problema, as empresas tem apelado para a importação de profissionais, seja de fora do Brasil ou, no caso das instaladas no Ceará, de outros estados. Esse foi o caso, por exemplo, da Aeris Energy, que produz pás para os geradores e está instalando uma nova unidade próxima ao Porto do Pecém, a cerca de 60 km de Fortaleza. Gilson Favara, diretor de RH da empresa, informa que trouxe os profissionais de coordenação e engenharia de São Paulo, único lugar do país onde estavam disponíveis, segundo ele. Já as demais funções necessárias para a empresa, que
vão de engenheiros de qualidade a projetistas, desenhistas e laminadores, devem ser preenchidas por profissionais locais. No caso da Multiempreendimentos, muitos profissionais da Europa estão tendo a chance de driblar a crise que o continente vive com a expansão da energia eólica brasileira. Pedro Cavalcanti destaca que os principais países de origem dos contratados são Portugal e Espanha, nações de litoral generoso para projetos de geração de energia a partir de fontes alternativas, mas que, por conta das dificuldades financeiras, frearam um pouco o ritmo dos projetos. Qualificação dos trabalhadores é o grande desafio Para a presidente da Abeeólica, o Brasil, se quiser fornecer mão de obra local para suprir o mercado de energia eólica evitando a importação de trabalhadores, “deve investir pesadamente em capacitação profissional, para absorver a demanda por empregos gerada pelo rápido crescimento do setor no país”. Pedro Cavalcanti tem opinião semelhante: “Os governos precisam criar centros de formação”. Atualmente, o Brasil ainda não conta com um centro de capacitação específico voltado para a energia eólica. Para contratar os profissionais, as empresas usam de vários expedientes. A
Aeris, por exemplo, se valeu da experiência de Gilson Favara no setor. Graças ao seu trânsito na área – principalmente em São Paulo, onde existe outra fabricante de pás para geradores, houve certa facilidade de montar a equipe principal da companhia. Já a Multiempreendimentos firmou parceria com uma empresa espanhola. Algumas instituições de formação, segundo a Abeeólica, tem tido papel importante na promoção de cursos técnicos. Ela cita como exemplos o Sesi, o Senai e o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER). Também existe, desde 2010, o curso de Especialização em Energia Eólica, realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pelo Senai. Por fim, há parcerias com órgãos internacionais, como o GIZ (Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), Cooperação Alemã para o Desenvolvimento. Para os profissionais interessados em trabalhar no setor, a hora é de procurar uma das várias opções que o setor oferece e se preparar. Segundo Pedro Cavalcanti, como a demanda é alta os salários tendem a ser convidativos. A remuneração média de um engenheiro sênior, informa, pode chegar a 10 mil reais por mês. E a demanda por serviço é longa. O tempo de vida útil de um parque eólico, hoje, fica em torno de 20 anos.
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fique por dentro
Renault: Divulgação
Como funcionam os carros elétricos
A
pesar dos trens e ônibus elétricos já terem mostrado a que vieram, os carros elétricos ainda são vistos como inventos do futuro - bem próximo, que se diga. Montadoras de automóveis, como Fiat, Renault, Nissan, Audi, Honda, entre outras, já começaram a desenvolver seus modelos pensando em um mercado ultrapromissor que está formando suas bases. Vários governos europeus já estudam conceder incentivos para a adesão ao carro elétrico. No Brasil, há um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional para incentivar o uso desta modalidade de veículos, por meio da isenção de IPI por dez anos aos carros híbridos ou elétricos de fabricação nacional. O transporte, entre os automóveis, é responsável por 23% das emissões de gases poluentes na atmosfera. Diminuir o uso de combustíveis fósseis é uma
tendência mundial, e como o carro elétrico resulta em impacto ambiental nulo, o seu desenvolvimento está cada vez mais rápido. Quem optar pelo carro elétrico poderá inicialmente ter um custo maior pela logística de funcionamento em relação aos veículos convencionais mas, em longo prazo, será um bom negócio abastecer o carro com energia na própria tomada de casa ou de postos do que usar combustíveis fósseis a base de petróleo. Conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), veículos elétricos são atualmente entendidos como veículos automotores que utilizam pelo menos um motor elétrico para acionamento das rodas. Seus diferenciais são a alta eficiência energética e o baixo ou nulo nível de emissões de poluentes e de ruídos. Os veículos elétricos classificam-se pela “fonte” da energia
elétrica que alimenta o motor elétricoepeloarranjodoscomponentes do sistema de tração elétrica. Bateria Veículo elétrico a bateria é acionado por um ou mais motores elétricos cuja energia é suprida por uma ou mais baterias instaladas a bordo. Essas baterias são periodicamente recarregadas a partir da rede elétrica ou de outra fonte de energia elétrica externa ao veículo. Algumas configurações incluem extensor de autonomia, que possibilita estender as autonomias desses veículos para 300 ou mais quilômetros. A frenagem regenerativa, acionada quando o freio é pressionado para reduzir a velocidade, transforma a energia cinética do veículo em energia elétrica que é armazenada na bateria. A eficiência de veículos elétricos a bateria é de aproximadamente 70%, percentual igual a quase
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cinco vezes a eficiência de veículos convencionais (14 a 18%). Híbrido Veículo elétrico híbrido é um veículo acionado por um motor elétrico cuja energia é suprida por um gerador e uma bateria instalados a bordo. O termo “híbrido” se deve ao fato de que, no seu acionamento, contar com um motor de combustão interna (m.c.i.), usado nos veículos convencionais, alimentado por combustível líquido (gasolina, etanol, diesel etc.) ou gasoso (gás natural veicular) e também motores elétricos que acionam as rodas. O conjunto m.c.i. + gerador de eletricidade alimenta os motores elétricos e recarrega as baterias. Há duas configurações básicas, a em série, na qual somente os motores elétricos acionam
diretamente as rodas, e a paralela, na qual o m.c.i. também contribui no acionamento direto das rodas, em “paralelo” com o motor elétrico, através de sistema de engrenagem apropriado. O veículo elétrico híbrido é uma solução que se encontra comercialmente disponível e permite economia de combustível entre 10% e 50%, quando comparado com o seu equivalente convencional com motor de combustão interna. As emissões de dióxido de carbono (CO²) são reduzidas em até 50% e as emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx) são reduzidas em até 90%. Célula a combustível Veículo elétrico de célula a combustível é um veículo em que
a energia elétrica é gerada a bordo através de processo eletroquímico em que a energia do hidrogênio (combustível) é transformada diretamente em eletricidade. A energia elétrica produzida alimenta os motores elétricos e recarrega as baterias. Também utiliza o sistema de frenagem regenerativa. O veículo elétrico de célula a combustível é uma solução que deve estar, segundo especialistas do setor, disponível comercialmente dentro de alguns anos. Persistem algumas dúvidas com relação ao desempenho energético e ambiental global desta tecnologia, que tem o interesse de permitir desenvolver a utilização do hidrogênio como mais um vetor energético. Estima-se que provavelmente esses desempenhos serão comparáveis aos dos veículos elétricos híbridos.
Motor Elétrico Os veículos elétricos podem utilizar motores CA (corrente alternada) e CC (corrente contínua). Se for um motor CC, ele deve funcionar na faixa de 96 a 192 volts. Alguns dos motores DC (outra designação de corrente contínua) utilizados nos carros elétricos vem da indústria de empilhadeiras elétricas. Já o motor CA é provavelmente um CA trifásico, que funciona a 240 volts de corrente alternada com um conjunto de baterias de 300 volts. As instalações CC tendem a ser mais simples e menos caras. Um motor típico estará na faixa de 20 a 30 mil watts (por exemplo, um regulador de 96 volts criará um máximo de 400 ou 600 ampères). Podem operar com sobrecarga (até um fator de 10 para 1) durante curtos períodos de tempo. Os motores e os reguladores CA geralmente tem uma característica regenerativa. Durante a travagem o motor se transforma em um gerador e devolve energia para as baterias.
Controlador de motor O controlador de motor é um dispositivo ou conjunto de dispositivos que serve para regular de alguma maneira pré-determinada a eficácia de um motor elétrico. Pode incluir um meio manual ou automático para iniciar e parar o motor, a seleção para frente ou para inverter a rotação - selecionando e regulando a velocidade e regulando ou limitando o binário - e de proteção contra sobrecargas e falhas.
Carregador de baterias O carregador de bateria converte a corrente alternada distribuída por empresas de energia elétrica para a corrente contínua necessária para recarregar a bateria. Diferentes tipos de carregadores de bateria controlam a taxa de carregamento de várias maneiras. Uma tensão constante é aplicada e a corrente flui para a bateria, sendo alta corrente quando a bateria está descarregada e baixa corrente quando a bateria está quase carregada.
Bateria O coração de um carro elétrico é a sua bateria. Ao contrário das baterias da maioria dos automóveis, que servem principalmente para ligar o motor e acessórios como o rádio ou o ar-condicionado, a bateria de um carro elétrico serve para tudo. De início, aciona o motor elétrico, ligando um controlador, que por sua vez envia energia para o motor elétrico. Como consequência, a bateria necessita ser potente e durar o tempo necessário para levar os condutores até onde eles precisem ir com um mínimo de recarga. Já existem baterias com autonomia de até 200Km ou um pouco mais.
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fique por dentro
Partes do sistema
A energia para o motor vem do hidrogênio gasoso, estocado em um tanque parecido como os de gás natural veicular. A diferença é que o tanque é feito de fibra de carbono, que é mais leve e suporta cem vezes mais pressão. Como o hidrogêncio é pouco denso, é preciso botar muita pressão para fazer caber muito gás em pouco espaço.
A célula combustível é a peça que transforma o hidrogênio em energia. Ela usa um pricípio descoberto há quase 200 anos para produzir eletricidade a partir da reação química do gás hidrogênio com o oxigênio do ar. O único subproduto da reação é a água.
As moléculas de hidrogênio se dividem em íons de hidrogênio e elétrons livres. Os prótons de hidrogênio atravessam uma membrana úmida, onde se encontram com moléculas de oxigênio que foram quebradas em íons para formar água. A membrana nãi deixa os elétrons passar e os faz pegas outro caminho. É aí que se forma a corrente elétrica
No lugar da energia liberada pela combustão da gasolina ou outro combustível, o motor consome a eletricidade vinda do hidrogênio. Como não precisa das explosões, o motor não faz nenhum barulho.
A eletricidade produzida na célula pode ir direto para o motor ou recarregar duas reservas de energia do carro: baterias e ultracapacitores. As primeiras são como baterias de celulares e são uma carga extra para o carro subir ladeira, por exemplo. Os capacitores fazem o mesmo, sendo mais rápido em uma acelerada repentina.
Alguns carros elétricos podem recarregar as baterias na tomada de asa em até seis horas. Com as baterias 100%, a autonomia chaga a apenas 100 km. Já um tanque de hidrogênio é suficiente para cerca de 350 km.
Uma das peças exclusivas - e mais caras - do carro elétrica é o sistema eletrônico que controla a origem de energia. Ele decide, em cada momento, se a eletricidade do motor deve vir das baterias, dos capacitores ou da célula combustível, de acordo com a aceleração e o tipo de movimento: partida, subida etc. Um equipamento comum nos carros elétricos é o freio regenerativo. Ele transforma a energia mecânica do movimento das rodas em eletricidade para recarregar as baterias. Se o carro descer uma serra, pode chegar lá embaixo com a bateria mais carregada que no início da viagem.
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inovar
Energia pré-paga
D
e acordo com a projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até 2020, o consumo de energia elétrica crescerá 4,8% ao ano. Sendo assim, o gasto em residências subirá dos 107,2 GWh registrados em 2010 para 166,9 GWh. Os modelos em teste foram desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), centro de excelência tecnológica com sede em Curitiba. Com o cartão, o consumidor, pessoa jurídica ou física, pode adquirir, previamente, determinada quantidade de energia, conforme sua necessidade.
O sistema informa ao consumidor quando os créditos estão próximos a se esgotarem, o que, de acordo com a Aneel, permite que o consumidor tenha uma melhor gestão do consumo de energia elétrica, pela possibilidade de monitoramento do consumo em tempo real. O pré-pagamento de energia já é utilizado em diversos países, como o Reino Unido, Peru, Estados Unidos, França, Austrália, África do Sul, Colômbia, Argentina e Moçambique. Pesquisas feitas na Colômbia e na Argentina demonstram índices de aceitação e satisfação dos consumidores superiores a 80%.
Outra opção O consumo consciente também é tendência nos novos projetos da construção civil. A construtora Tecnisa ofereceu aos clientes um aparelho capaz de medir o consumo de energia elétrica em tempo real. Fornecido pela I-House, empresa de tecnologia e automação para a casa, o Snapgrid indica quanto cada aparelho ou grupo de tomada consome. Segundo André Mioto, gerente de incorporação da Tecnisa, não houve impacto no preço do imóvel para o comprador. Mas, em duas semanas de lançamento, 50% das 301 unidades já haviam sido vendidas.
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personagem ENTREVISTA
SÉRGIO REZENDE
Por mais incentivo à ciência O pesquisador e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende, analisa nesta entrevista o desenvolvimento da ciência no Brasil como algo muito novo. E defende o incentivo à ciência por meio de políticas governamentais. Neste processo, compara o Brasil à Coreia. Avalia ainda a possibilidade de mais hidrelétricas na Amazônia e investimentos em energia nuclear
{ por Sílvio Mauro
Imagens: AgĂŞncia Brasil
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personagem ENTREVISTA
SÉRGIO REZENDE
ntre 2005 e 2010, Sérgio Rezende foi ministro de Ciência e Tecnologia, pasta importante para o desenvolvimento econômico e da educação no País. Neste período, defendeu o incentivo a energias renováveis por meio de financiamento públicos e abertura de novas centros de pesquisa. Nesta entrevista, ele defende a implantação de novas usinas hidrelétricas no País e explica as condições para isto ocorrer na Amazônia, como também a continuidade da geração de energia nuclear, duas fontes polêmicas por conta de possíveis impactos ambientais. Em relação a energia eólica, ele coloca a fonte como uma opção adicional, que não deve passar de 20% na matriz energética do País. Sobre energia solar, reconhece que ainda não é devidamente incentivada no Brasil. Ao longo de sua carreira, ocupou outros cargos na administação pública e agora, após o ministério, dedica-se a pesquisa na Universidade Federal de Pernambuco. Quer usufruir das condições às quais contribuiu para criar. Renergy:: Com vasta extensão territorial e alto grau de insolação, o Brasil é tido como um país com grande potencial de geração de energia a partir de fontes limpas e renováveis. O
senhor vislumbra um cenário positivo para o país, nesse sentido, a médio e longo prazo? Sérgio Rezende:: O Brasil é um país privilegiado em termos de possibilidade de uso de energia a partir de fontes limpas. Em primeiro lugar, nós já usamos fontes que são limpas, com exceção de alguns danos que elas causam, que são as fontes hidrelétricas. Mas hoje, principalmente na Amazônia, é possível fazer geradores de energia hidrelétrica que não exi-
pode passar de 15% a 20% da força total utilizada porque ela é uma energia intermitente e muito irregular. Só pode ser usada para alimentar um sistema que a gente chama de energia de base. Sua função, é ficar, como acontece no Brasil, gerando energia para que se possa usar menos água das barragens para gerar energia hidrelétrica. As eólicas entram como fonte de energia adicional. Com relação à energia solar, que ainda não é devidamente incenti-
As eólicas entram como fonte de energia adicional. Com relação à energia solar, que ainda não é devidamente incentivada no Brasil, o problema é que ela é muito cara e ineficiente.
gem o alagamento de uma área tão grande quanto as que eram utilizadas antigamente, porque se faz o que se chama de geradores de fio d’água (micro usinas hidrelétricas). Sempre há um dano ambiental, só que esse dano é muito localizado e o nosso território é muito grande, então o Brasil ainda tem potencial para expandir a geração de energia hidrelétrica. Sobre o nosso potencial de energia eólica, ele é muito grande e felizmente nos últimos anos o Brasil passou a valorizar essa fonte. Os leilões estão sendo feitos e estão atraindo o investimento privado. Nós temos, no Ceará e no Rio Grande do Norte, uma grande quantidade de turbinas eólicas. Temos pouco em Pernambuco, mas temos no Rio Grande do Sul onde há muito vento. Mas a energia eólica não
vada no Brasil, o problema é que ela é muito cara e ineficiente. As células fotovoltaicas ainda têm um rendimento muito baixo. O Brasil já podia estar incentivando mais, mas outros países que investem mais são mais ricos que o Brasil e têm restrição energética muito maior que a nossa, como é o caso da Alemanha. A Alemanha tem uma grande política de incentivo para as pessoas botarem painéis solares nas suas casas porque ela não produz energia, tem que importar da França. Mas eu acho que o Brasil ainda está muito tímido com relação aos investimentos em energia solar. Apesar dela ser ainda ineficiente, nós temos que fazer mais. R:: O que o senhor acha da energia nuclear, que sempre é objeto de muitas polêmicas? É uma opção na qual o Brasil deveria in-
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vestir ou deve ser abandonada? SR:: Ela é polêmica, mas a minha opinião é a de que o Brasil não pode dispensar essa opção por várias razões. A primeira é que nós temos minério de urânio em quantidade suficiente para abastecer várias usinas. E o país ainda não fez a prospecção do minério de urânio que ele pode ter em todo o seu território, porque ainda não precisou. Então, o Brasil tem a coisa mais importante da energia nuclear, que é o minério, a fonte.
exemplo, não foi causado por um problema no reator. Foi o tsunami que afetou a refrigeração. Não foi um problema nuclear. A tecnologia nuclear, hoje, está bastante segura. Agora, acidentes acontecem sempre. É perfeitamente possível, por exemplo, uma barragem de usina hidrelétrica encher demais, transbordar e causar um acidente sério. Por fim, a energia nuclear hoje tem uma vantagem adicional que não se vislumbrava há dez ou vinte anos. É uma ener-
a ciência é muito nova entre nós, ainda, nós começamos a formar doutores no Brasil somente nos anos 1970. A nossa sociedade ainda não tem uma percepção clara dos benefícios da ciência, da tecnologia nem da nossa capacidade de fazer isso, e os governantes e políticos, de maneira geral, também não têm. Então, nós precisamos, ainda por algumas décadas, de um forte apoio governamental para que a ciência continue não só se expandindo,
Outra razão é que o país também tem a tecnologia para fazer a separação e a produção de yellow cake (pó amarelo resultante do processamento do urânio e que pode ser usado nas usinas de energia). Até a conversão em gás (do yellow cake, para enriquecer ainda mais o composto), a gente tem a tecnologia. Não faz industrialmente, faz em laboratório, mas tem a tecnologia do enriquecimento. E as ultracentrífugas (máquinas de alta tecnologia destinadas a enriquecer o urânio) brasileiras são desenvolvidas aqui, em um centro da Marinha em São Paulo. O terceiro motivo é que a tecnologia nuclear é cada vez mais segura. Os lugares onde ela foi problemática no passado são regiões onde existem problemas geológicos. O que aconteceu em Fukushima, no Japão, por
gia limpa no que se refere à produção de gases causadores do efeito estufa. Então, eu concordo que é uma fonte polêmica, mas a minha opinião é de que o Brasil não deve abandonar essa opção. R:: Nos últimos oito anos, a produção científica no Brasil evoluiu muito, com maior número de trabalhos publicados em periódicos mundialmente reconhecidos. O senhor acredita que a ciência no Brasil está mais consolidada e menos dependente de decisões ou políticas governamentais? SR:: Em minha opinião, a ciência no Brasil progrediu muito nos últimos tempos, mas ela continua dependendo de políticas governamentais, a começar do governo federal, mas também dos governos estaduais. A razão disso é que
mas melhorando a qualidade. Mas aqui eu quero fazer uma observação: em qualquer lugar do mundo o governo tem um papel muito importante no apoio à ciência. E quando o governo diminui esse apoio, a atividade científica como um todo fica prejudicada. Como no Brasil a nossa tradição é muito menor nessa área, nós continuamos dependentes. Concluindo, minha é resposta é: continuamos dependentes de incentivos governamentais, mas o que eu espero é que o progresso obtido com o apoio do governo federal e o esforço dos estados seja tal que, quando houver limitações por parte das instituições públicas de fomento, a própria comunidade científica, os empresários e a sociedade saibam reagir para que esse apoio não diminua.
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personagem ENTREVISTA
SÉRGIO REZENDE
R:: Compara-se muito o Brasil com a Coreia. Principalmente pelo fato de que aquele país asiático, há algumas décadas, tinha índices sociais e econômicos parecidos com os brasileiros e hoje é destaque mundial em inovação. Na sua avaliação, o que o Brasil precisa fazer para progredir nessa área? SR:: O Brasil nunca teve uma política industrial conectada, articulada com a ciência e a tecnologia. A Coreia teve isso e a implantou quando tinha um regime governamental duro, que podia impor essa articulação para o setor privado, que foi obrigado pelo governo a ter empresas inovadoras. Além disso, a Coreia tem um pouco mais de facilidade, a área do país inteiro é igual à área do estado de Pernambuco. É muito mais fácil você fazer uma coisa dessas centralizadamente numa área pequena, do que num país continental como o Brasil. O Brasil podia fazer, mas, como eu falei, não houve articulação política para isso. R:: Falando de políticas públicas, o senhor acredita que a ciência pode ser um instrumento para diminuir a pobreza e a desigualdade? SR:: Olha, o exemplo que nós falamos é o que eu cito para mostrar que a ciência é um fator de redução da pobreza e da desigualdade. A Coreia. A Coreia tinha um PIB per capta pior que o do Brasil na década de 1970 e hoje ela tem um PIB per capita que é mais que o dobro do montante do Brasil. Eu costumo mostrar um gráfico, tendo a Coreia como exemplo. Eles começaram a investir em ciência e tecnologia e o resultado na diminuição da pobreza não veio
Foi se baseando na indústria de tecnologia, que a Coreia reduziu pobreza e desigualdade. Com uma política de investimento em ciência e inovação, as empresas ficam mais ricas e precisam contratar mais
imediatamente, mas depois de 20 anos ele veio em ritmo acelerado. A Coreia, hoje, é um país desenvolvido. Foi se baseando na indústria de tecnologia, de valor agregado que ela fez isso, reduziu a pobreza e a desigualdade. Com essa política de investimento em ciência e inovação, as empresas vão ficando mais ricas e precisam contratar mais pessoas. Elas também pressionam para o sistema educacional melhorar porque precisam de gente com educação adequada. Com isso, as pessoas são mais bem formadas, são contratadas pelas indústrias. E essas indústrias exportam mais, o que traz divisas para o país. A Coreia é uma grande exportadora, sua economia depende muito mais de exportação industrial do que a do Brasil. Então, o sistema como um todo vai aprendendo que a pobreza não é boa para um país. R:: Como o senhor avalia a política de incentivo à ciência e à tecnologia que o Brasil tem hoje em comparação com a existente em países de tradição na área como o Japão e os Estados Unidos? SR:: Eu costumo usar mais para o Brasil o exemplo da Coreia e não o do Japão ou dos Estados Unidos porque esses dois últimos países têm uma história muito mais longa nessa área. Os Estados Unidos foram descobertos e colonizados praticamente na mesma época que o Brasil, mas em 1636 eles fizeram a primeira universidade, que foi a universidade de Harvard. O Brasil só veio fazer a primeira universidade de verdade em 1934, quando criou a Universidade de São Paulo, em 1934, quase 300 anos depois. Já o Japão tem prêmio Nobel em Física da década de
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1930. Ele já tinha uma atividade científica estruturada e, depois de perder II Guerra Mundial, decidiu que ia usar a ciência e a tecnologia para desenvolver o país. Já tinha uma base científica. O Brasil não tinha nada até 40 anos atrás. Até 1968, as universidades brasileiras não tinham regime de tempo integral para os professores. Não tinha pesquisa nas universidades. O professor dava aula em faculdade, não era nem em universidade. A maioria era escola, como as de Medicina ou de Direito. Além disso, ele dava aula e depois ia fazer outra coisa. As universidades brasileiras não tinham pesquisa até a década de 1960. A pesquisa que havia no Brasil acontecia mais em alguns centros de saúde e de agricultura, porque desde o começo do século XX percebeu-se que a saúde e a agricultura precisavam ter gente fazendo ciência. O Brasil começou há muito pouco tempo, então nós precisamos, ainda, de algumas gerações para que a ciência e a tecnologia no país tenham resultados reconhecidos pela sociedade e pelos políticos e que a gente realmente se consolide. A ciência brasileira ainda não está consolidada. Está crescendo, melhorando de qualidade, mas ainda não está consolidada. R:: Em um balanço da sua gestão, o senhor considerou positivas as ações implementadas. E afirmou que houve uma mudança no patamar de financiamento da ciência e de tecnologia no país. Os investimentos em educação básica, considerando apenas ensino fundamental e médio, acompanharam esse ritmo, na sua avaliação? SR:: A educação básica, que en-
O Brasil não tinha nada até 40 anos atrás. Até 1968, as universidades brasileiras não tinham regime de tempo integral para os professores. Não tinha pesquisa nas universidades.
volve o ensino fundamental e o médio, ainda constitui um grande desafio para o Brasil. Eu acho que esse desafio está sendo enfrentado de maneira positiva, mas ainda muito lenta. É difícil a gente ter boas escolas sem professores bem remunerados. O salário do professor da escola pública, principalmente, é o calcanhar de Aquiles da educação brasileira. E a gente tem uma situação que é a seguinte: as escolas até têm um número suficiente de professores, mas os salários são baixos e os governos dizem que não dá pra aumentar o salário de todo mundo. Os governos estaduais - porque no caso da educação básica a maior responsabilidade é dos governos estaduais - têm que criar coragem e definir critérios para aumentar os salários daqueles professores que sejam, de alguma forma, avaliados e possam dar resposta às necessidades do sistema educacional. Mas é preciso que eles tenham um salário melhor, porque a única maneira de você atrair os jovens que estão se formando agora para a profissão de professor é que eles vejam que vão ter um salário digno. R:: O físico Marcelo Gleiser, conhecido pelo esforço de divulgação científica no país, afirmou que se mais cientistas se engajarem no ensino da ciência nas escolas e na sua popularização por meio da mídia, a distância entre as descobertas da ciência e a sua compreensão pelo público não especializado diminuirá. O senhor concorda? E como tornar isto uma realidade na escola pública do Brasil? SR:: Eu acho que ele tem toda razão. É muito importante que cientistas, nem todos, porque
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personagem ENTREVISTA
SÉRGIO REZENDE
nem todos têm vocação pra isso, colaborem de alguma forma e um número cada vez maior. Isso pode ser, por exemplo, fazendo o que alguns fazem bem: popularização, ir às escolas para dar aula e formar professores. Os cursos de licenciatura que temos hoje em muitas universidades precisam ser melhorados. Eles precisam ter cientistas dando aula. Aqui na universidade de Pernambuco, na licenciatura em Física eu fui um dos professores a dar aula, nos três primeiros anos. Era um curso noturno e eu fui dar aula a noite, porque eu achava que era importante. E foi muito interessante, porque eu fui preocupado como seria o nível dos estudantes e se eles iam dormir porque as aulas eram à noite. Na verdade, eu vi um interesse muito grande, porque boa parte dos alunos que estudam à noite vem de escola pública e um aluno de escola pública, quando entra numa universidade, valoriza muito. Desde que ele seja estimulado também. Então eu acho que o sistema universitário como um todo deve fazer um esforço maior do que o que já está fazendo para contribuir. Nós só vamos ter mais candidatos a cientistas no futuro se a gente tiver se a gente tiver uma melhoria no ensino da ciência. R:: O senhor falou das suas atividades como professor. E hoje, como funciona o binômio político-pesquisador? Depois que o senhor saiu do MCT, como segue trabalhando? SR:: Em 40 anos aqui em Pernambuco, eu fui chefe de departamento durante muito tempo. Depois coordenador financeiro, diretor de centro. No estado, eu fui diretor científico da Facepe (Fundação de
Os cursos de licenciatura que temos hoje em muitas universidades precisam ser melhorados. Eles precisam ter cientistas dando aula.
Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), depois secretário de estado, depois secretário da prefeitura de Olinda, presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), depois fui ministro. Dos 40 anos que estou em Pernambuco, com alguns intervalos, eu sempre tive atividade administrativa. Mas por razões minhas, eu nunca deixei de fazer ciência. Hoje eu não quero mais nenhum cargo administrativo. Tive até algumas ofertas, mas não quis porque eu acho que eu contribuí para melhorar as condições da ciência na minha universidade, no meu estado e no país. E eu quero aproveitar os próximos anos de boa atividade intelectual para fazer ciência porque eu não fiz tanto quanto eu gostaria nesses 40 anos e quero fazer mais agora. Isso não é uma coisa muito simples, esse binômio político-pesquisador que você menciona. Eu acho que a maioria das pessoas, quando entra na política, acaba se desligando da ciência. Eu só voltei porque não me desliguei completamente. Eu fiquei, mesmo à distância, orientando estudantes. Quando eu estava em Brasília e vinha para cá nos fins de semana, eu ia para a universidade, então eu consegui me organizar mentalmente para separar os problemas. Para mim, os problemas administrativos e políticos estão num canto e os científicos estão em outro. Eu estou há um ano fazendo ciência intensamente, publiquei seis artigos em ótimas revistas internacionais no ano passado e já tenho três artigos para esse ano. Como eu disse antes, agora estou querendo usufruir das condições às quais eu contribuí para criar.
cobertura EVENTOS DO SETOR
Os desafios da energia eólica Imagens: Divulgação
O Wind Forum Brazil, chega em sua quarta edição e consolida-se como o maior fórum de geração de energia eólica do Brasil
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epois das edições que trouxeram centenas de executivos nacionais e internacionais, o IQPC organizou o Wind Forum Brazil 2012 para discutir os principais desafios do
setor, tais como a implementação de parques eólicos e tecnologias, perspectivas de investimentos, expansão da geração de energia eólica no Brasil, gestão de riscos nas fazendas eólicas, participação
em leilões e comercialização de energia e questões regulatórias. O evento ocorreu de 7 a 9 de fevereiro deste ano no Holiday Inn do Parque Anhembi São Paulo. A 4ª edição do tradicional fórum de geração eólica do Brasil manteve o formato com o seminário técnico focado na evolução tecnológica, construção, operação e manutenção dos parques e trouxe novidades, como o workshop sobre gerenciamento de riscos, café da manhã com grandes geradoras de energia e um painel de discussão de aerogeradores.
Mercado de geração de energia latino-americano se reúne
A segunda edição do EnerGen LatAm cumpriu a missão de colocar o mercado de geração de energia latino-americano em contato
com a totalidade de sua matriz energética. O evento, que aconteceu de 30 de janeiro a 1° de fevereiro deste ano no Rio de Janeiro, foi um encontro com o alto escalão da geração, engenharia e construção dos mercados eólico, solar, hidrelétrico e termelétrico ao lado do governo e de líderes executivos da América Latina. Com um caráter único e inovador, o EnerGen LatAm 2012 permitiu ao parti-
cipante um contato específico e dedicado a vários nichos da geração energética regional, sem perder o foco nos comparativos de preço, tecnologia e investimento das demais fontes de geração de energia do continente. O evento realizou paralelamente os encontros Wind Energy Latin America, Solar Energy LatAm, Hydro Energy Latin America e Thermal Energy Latin America.
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nova tecnologia
No vai e vem das ondas
Nova tecnologia de geração de energia pelas ondas, desenvolvida por uma empresa da Finlândia, começa a ser testada em Portugal. A promessa é de impactos mínimos à vida marinha
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a primavera de 2012, entre os meses de março e junho, a região de Peniche, na costa de Portugal, vai ser palco de mais um projeto de geração de energia limpa. Três módulos de produção de eletricidade, cada um com capacidade de gerar 100 quilowatts (kW), começarão a funcionar usando a tecnologia WaveRoller, desenvolvida pela empresa finlandesa AW-Energy. A iniciativa, que também tem como parceiros a Bosch Rexroth, do grupo alemão Bosch, e a portuguesa Eneólica, usa um processo considerado de vanguarda entre as opções de geração de eletricidade: a partir do movimento das águas do mar. De acordo com a AW-Energy, a tecnologia WaveRoller usa, para a produção de eletricidade, um fenômeno chamado “surge”. O nome vem de Simple Underwater Reneawble Generation of Energy, ou “geração simples de energia renovável embaixo d’água”. Basicamente, ela funciona da seguinte forma: à medida que uma onda se aproxima da linha da costa, as partículas de água começam um movimento
de rotação. Quanto mais a profundidade vai diminuindo, esse movimento rotativo se torna mais elíptico. Em uma determinada área antes da linha de rebentação das ondas e perto do leito do mar, o movimento da água torna-se praticamente horizontal, com um contínuo impulso para a frente e para trás. É
aproveitando esse movimento de ida e volta que as placas da tecnologia funcionam. O fenômeno “surge”, explica a empresa, está presente em quase todos os oceanos. No entanto, ele é mais forte e contínuo nas praias onde os períodos de duração das ondas são longos (de 8 a 20 segundos) e o vento é forte
Imagens: Divulgação
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- que são, geralmente, aquelas onde há uma grande distância de oceano aberto junto à costa. Nestes locais, o fenômeno é forte mesmo em condições de calmaria do mar. Estas linhas costeiras de condições favoráveis, informa a AW-Energy, podem ser encontradas em áreas como o sul da Europa e ao longo de toda a costa ocidental das Américas. A tecnologia WaveRoller teve os primeiros protótipos concebidos e pedidos de patente depositados em 1999. Foi desenvolvida pelo pesquisador Rauno Koivusaari, em parceria com a Fortum, um empreendimento cujo principal objetivo é desenvolver formas sustentáveis de geração de energia e que atua nos países nórdicos e na Rússia. Desde então, a WaveRoller tem evoluído através de testes realizados no European Marine Energy Centre (EMEC), na Escócia e em Portugal. A Eneólica, outra parceira do projeto, informa que a tecnologia apresenta várias vantagens. Segundo a empresa, os equipamentos usados não alteram significativamente o movimento natural da água e os impactos visuais da
tecnologia são nulos (já que as placas ficam submersas, fixadas ao leito oceânico). Além disso, os materiais são compatíveis com o ambiente marinho, não contêm nenhum composto perigoso e os movimentos das placas não interferem na atividade da vida marinha e nem produzem qualquer ruído que possa afetar mamíferos aquáticos como baleias e golfinhos, que se comunicam por sons. Já a AW-Energy ressalta que um dos principais diferenciais da WaveRoller é a capacidade de gerar energia em um espectro mais amplo das condições das ondas, em comparação com outras soluções de geração de energia a partir do movimento das águas do mar. A empresa acrescenta ainda que, como o sistema é projetado para locais onde os períodos de duração das ondas são longos e elas são fortes, os níveis de potência alcançada durante todo o ano apresentam uma variação menor do que os encontrados em dispositivos off-shore ou na geração de energia eólica. A área ideal para aproveitamento da energia “surge” é a
partir da linha de rebentação em direção ao oceano até que a profundidade da água seja igual à metade do comprimento de onda de superfície. No caso do litoral português, a versão pré-comercial do WaveRoller, ou seja, o projeto piloto que começa a funcionar este ano, prevê a produção de energia elétrica entre 15 e 30 metros de profundidade. Os locais adequados para a iniciativa foram identificados há cerca de quatro anos, ao largo da praia da Almagreira, em Peniche. O projeto piloto do WaveRoller é cofinanciado pela Comissão Europeia através do 7.º Programa-Quadro, iniciativa de investimento em pesquisa e inovação em várias áreas entre 2007 e 2013. Além das empresas já citadas, também são parceiros da iniciativa os Estaleiros Navais de Peniche, o Instituto Hidrográfico de Portugal e o município de Peniche. Segundo este último, a perspectiva de sucesso do projeto já fez com que os responsáveis iniciassem o desenvolvimento de uma versão comercial de 5 megawatts (MW), com previsão de instalação em 2013.
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em ação ARTIGO
Gabriela Romero, Judith Fernandes, Rômulo Alexandre Soares e Tadeu Dote Sá
Os limites legais às intervenções em APP para implantação de centrais de geração eólica
A
pesar de a legislação ambiental prever desde há várias décadas as hipóteses de intervenção em áreas de preservação permanente (APP) para a geração de energia elétrica, o tema é bastante atual. Por um lado, devido à crescente implantação de parques eólicos na zona costeira do Nordeste do Brasil abrangendo, em vários casos, dunas móveis e, por outro, devido à crescente conscientização ecológica preocupando a sociedade com a proteção dos ativos ambientais que devem ser assegurados para esta e futuras gerações. Em face dessa relativa novidade, as opiniões sobre o assunto envolvendo a utilidade pública da geração de energia, o baixo potencial poluidor, o impacto das eólicas sobre a paisagem natural ou sua influência sobre o turismo no litoral, estão em processo de ajustamento e não se concentram apenas sobre a legislação que trata da matéria, mas adquire contorno, às vezes políticos e econômicos, como o caso do debate em torno da priorização do setor do turismo ou da geração de energia, uma vez que este último, alegadamente, afetaria a paisagem e prejudicaria o turismo. A intenção com este artigo é somar argumentos para o debate jurídico sobre as hipóteses de eventual intervenção em APP para instalação de parques eólicos e, deste modo, contribuir para a efetiva aplicação da legislação ambiental e seu
reconhecimento por todas as partes envolvidas no debate, seja empreendedores, órgão ambiental e terceiros interessados. As APPs são reguladas pelo Código Florestal e conceituadas como espaços especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. O Código Florestal e, posteriormente, as Resoluções 302/2002 e 303/2002 emanadas do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enumeraram os ambientes que se que caracterizam como APP, sendo alguns deles, as faixas marginais dos recursos hídricos, naturais ou artificiais, em largura variável; o topo de morros, montes, montanhas e serras; encostas; restingas; dunas; mangue; os locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias; os locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de extinção; e as praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre. Em regra, as APPs não podem ser objeto de intervenção antrópica, exceto para os casos de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, bem como os casos
de intervenção de baixo impacto ambiental. Tais hipóteses foram tipificadas pelo Código Florestal, ficando expresso que se entendem por utilidade pública as atividades de segurança nacional e proteção sanitária, as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia e aos serviços de telecomunicações e de radiodifusão, bem como as demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conama. Como se percebe, as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de energia são consideradas como de utilidade pública e como tal foi tratada pela Constituição Federal, dentre outras atividades, como serviços públicos a serem prestados pela União ou por entidades delegadas, assim entendidas, as concessionárias, permissionárias e autorizatárias. O tratamento constitucional concedido à atividade de geração de energia decorre da relevância e essencialidade da energia elétrica para a economia. Trata-se, por um lado, de elemento necessário à vida digna dos cidadãos e que, por outro, serve de insumo essencial para toda a produção econômica do País. A relevância da energia elétrica, enquanto elemento essencial à coletividade permite afirmar que efetivamente tudo que diga respeito à geração e à distribuição de energia
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deve ser entendido como uma atividade caracterizada como serviço público. Este é o fundamento pelo qual a legislação prevê a possibilidade de intervenção em APP por empreendimentos de geração de energia eólica, cuja matriz energética, nos termos da Resolução Conama 279/2001, é considerada como de pequeno potencial de impacto ambiental, uma vez que não gera efluentes sólidos, líquidos ou gasosos, o ar que contribui para o processo sai do sistema com as mesmas características iniciais e os ruídos produzidos pelos equipamentos encontram-se dentro dos parâmetros mundialmente estabelecidos. O critério da competência e o procedimento de autorização para intervenção em APP estão integralmente disciplinados na Resolução Conama 369/06 e seu licenciamento dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente. Por sua vez, a intervenção ou supressão de vegetação em APP situada em área urbana dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o município possua Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas. No caso de municípios com menos de vinte mil habitantes, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada em parecer técnico. Aspecto central à questão é o
fato de que a norma impõe que a intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser autorizada quando o interessado, entre outras exigências, comprovar a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos, o atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água, a averbação da Área de Reserva Legal e a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de massa rochosa. Caberá ao órgão ambiental avaliar o atendimento a tais aspectos e estabelecer, previamente à emissão da autorização para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório que deverão ser adotadas pelo interessado. Tais medidas devem consistir na efetiva recuperação ou recomposição de APP e deverão ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica, e prioritariamente na área de influência do empreendimento, ou nas cabeceiras dos rios. A legislação, no entanto, não define o momento em que deve ser requerida a intervenção em APP, sendo certo que desde o início do licenciamento ambiental, ainda na fase de Licença Prévia, sua utilização deverá estar expressa para que o órgão ambiental possa solicitar os estudos que entender necessários, e as condições a serem atendidas pelo empreendedor. É relevante salientar que a Resolução Conama 369/06 disci-
plina também a obrigatoriedade do empreendedor, nas hipóteses em que o licenciamento depender de EIA/RIMA, apresentar, até 31 de março de cada ano, relatório anual detalhado, com a delimitação georreferenciada das APP, subscrito pelo administrador principal, com comprovação do cumprimento das obrigações estabelecidas em cada licença ou autorização expedida. Por sua vez, o órgão ambiental deverá cadastrar no Sistema Nacional de Informação de Meio Ambiente (Sinima) as informações sobre licenças concedidas para as obras, plano e atividades enquadradas como de utilidade pública, de modo a possibilitar um controle centralizado das intervenções realizadas nas APP. Em síntese, uma vez que as intervenções em APP devem ser evitadas, exige-se ao empreendedor de energia eólica demonstrar ao órgão licenciador, por um lado, o atendimento a todas as condicionantes impostas pela legislação e, por outro, que a implantação do empreendimento é inviável sem a intervenção em APP e que tal intervenção não compromete os atributos naturais da região afetada nem os recursos hídricos, a paisagem e o bem-estar das populações afetadas. Gabriela Romero, Judith Fernandes e Rômulo Alexandre Soares são advogados ligados à Área de Prática Ambiental do escritório Albuquerque Pinto Advogados. Tadeu Dote Sá é geólogo, sócio da empresa Geoconsult.
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destaque COPA DO MUNDO DE 2014
Arenas verdes As obras nos estádios da Copa do Mundo de 2014 no Brasil estão gerando iniciativas ambientalmente sustentáveis, como mudanças no mercado de fornecedores da construção civil para atender a uma demanda por produtos certificados e transformação do entulho de demolição em material reaproveitável. O funcionamento das arenas também terá ações verdes, como geração de energia solar e captação água da chuva, coleta seletiva, prevenção ao fumo.
Fernandes Arquitetos Associados: Divulgação
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destaque COPA DO MUNDO DE 2014 randiosos eventos, como a Copa do Mundo de 2014 que acontecerá no Brasil, são um grande motivo para os governos pensarem em atividades sustentáveis. E com os estádios, chamados de arenas da Copa, a questão da sustentabilidade não só na construção ou reforma como no seu funcionamento tem sido um diferencial. O governo brasileiro definiu a sustentabilidade como um dos pilares da Copa do Mundo. É tanto que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) priorizou linhas de financiamento para estádios com certificação e até mesmos aqueles que não recorreram ao banco optaram por buscar certificação de construção sustentável. Todas as arenas brasileiras para a Copa do Mundo adotarão um padrão mínimo para certificação de construção sustentável, implementando novos materiais e práticas ecológicas. Diversos projetos definiram que buscarão níveis mais elevados de certificação junto às entidades credenciadoras. Além dos benefícios ambientais, esse processo tem resultado em redução dos custos e em experiência para novos empreendimentos.
A Federação Internacional de Futebol (Fifa), por exemplo, criou o Green Goal Program, com o objetivo de identificar possíveis impactos ambientais dos estádios na Copa do Mundo, além de exigir tecnologias renováveis. A demanda ocorreu na África do Sul, e está acontecendo no Brasil, para o mundial em 2014. Este movimento deve colocar o Brasil na história como o primeiro país a sediar uma Copa do Mundo sustentável. Inédito, o objetivo é garantir obras de acordo com especificações técnicas a favor do meio ambiente e, assim, construções ecologicamente corretas. Por trás deste projeto sustentável está a Green Building Council Brasil, empresa responsável por monitorar as obras da Copa, o que inclui avaliar e emitir o certificado Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental), ou “verde”, concedido a edificações ambientalmente corretas. Para obtenção do selo verde, é necessário ao empreendimento observar alguns requisitos básicos, como adoção de materiais de baixo impacto ambiental (por exemplo, aço e alumínio em parte produzidos com matéria prima reciclada), tintas
e vernizes com compostos orgânicos voláteis, pisos drenantes, iluminação eficiente, reuso da água, uso de energias limpas, entre outros. Além disso, estádios que tenham obras de demolição devem reciclar os resíduos gerados e dar destinação correta ao que não pode ser aproveitado. O Ministério dos Esportes garante que todos os estádios da Copa terão certificação ambiental. No Castelão, em Fortaleza (CE), por exemplo, o governo do Estado estuda a possibilidade de serem instaladas placas fotovoltaicas na cobertura, podendo gerar até dois megawatts de energia elétrica ou a geração de energia a gás. O Estádio Nacional de Brasília (DF), Mané Garincha, deve ter um sistema solar — e ainda vai aproveitar a água da chuva. O piso no entorno do estádio será permeável. Com reciclagem, reuso e coleta seletiva de resíduos, o Mané Garrincha pleiteia a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) Platinum, a maior em construções sustentáveis. Até a grama do antigo estádio foi reutilizada nos canteiros da capital federal. Já a Arena Pantanal, em Cuiabá Vigliecca Arquitetos: Divulgação
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Castro Mello Arquitetos: Divulgação
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(MT), conseguiu reduzir os custos de obra e gerar valor social com a reutilização da água, por empregar presidiários e implantar alternativas para evitar a poeira. Seu projeto paisagístico prevê ampla área arborizada e valorização de espécies regionais, como aroeiras, jatobás e os ipês. Serão em torno de 3.200 árvores, das quais 2.080 serão plantadas para recuperação ambiental, compreendendo uma área de 21 mil metros quadrados. Em parceira com a Light, o governo do Rio de Janeiro irá instalar placas fotovoltaicas para a captação de energia solar no Maracanã, que está sendo reformado para a Copa do Mundo de 2014. O convênio “Maracanã Solar” vai viabilizar a implantação do equipamento que ficará sobre a estrutura metálica que sustentará a nova cobertura de lona tensionada, gerando energia limpa equivalente ao consumo de 240 residências e evitando a emissão de 2.560 toneladas de CO2 na atmosfera. Aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto foi desenvolvido pela mesma empresa que está projetando a nova cobertura, a alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partner), e não terá custo
para o governo. Além disso, a água da chuva também será utilizada para os banheiros, que terão torneiras inteligentes com fechamento automático e descargas ecológicas. A Light assumirá o investimento para implantação e manutenção das placas fotovoltaicas e, após a sua amortização, que será feita por meio da venda da energia gerada, a usina será transferida para o estado, que poderá optar por continuar vendendo esta energia ao mercado ou utilizá-la em imóveis estaduais. Com o intuito de diminuir os impactos ecológicos da reforma, o estádio do Maracanã já adotou algumas medidas como lavar as rodas de todos os caminhões que saem do canteiro. Essa é uma das práticas que evitam que a sujeira alcance a rua. A obra também tem trincheiras, que são escavações feitas com material triturado dentro da própria obra, com objetivo de não deixar sair sedimentos do empreendimento. Todo material de sedimentos, como terra e poeira, tem que ficar dentro da obra. A reforma do Mineirão também busca o selo de sustentabilidade. A obra em Belo Horizonte (MG) também se preocupa em reutilizar, reci-
clar e incorporar o que não seria mais usado. Toda terra foi reaproveitada. Uma quantidade de aproximadamente 850 mil m³ foi reutilizada em outras obras, como em loteamentos da região metropolitana. O concreto foi britado e utilizado em pavimentação de ruas também na cidade e em cidades do entorno. As cadeiras do estádio foram doadas para ginásios e estádios do interior do estado e a parte metálica, sucata, foi reaproveitada através de reciclagem. O selo Leed também exige a diminuição do consumo de energia e o aumento da eficiência energética na edificação. No estádio mineiro, a escolha foi armazenar os recursos hídricos. A opção foi captar a água do telhado do Mineirão, enviar para um reservatório com uma capacidade de aproximadamente seis milhões de litros, sendo capaz de atender ao período de estiagem. O custo de implantação dessa captação é paga pela economia de água em três anos. Todos os projetos são coordenados, dentro do Governo Federal, pela Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa do Mundo de 2014.
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destaque COPA DO MUNDO DE 2014
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Arena Amazônia Manaus Com sistemas de economia de água, ventilação e refrigeração natural, utilização de águas de chuva, uso da luz do dia e soluções de iluminação altamente eficientes, está sendo reconstruído o antigo Vivaldão. Terá resfriamento geotérmico com uso de bioetanol e ventilação natural projetados para auxiliar na redução do consumo energético.
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Arena Castelão - Fortaleza
Uma usina de reciclagem que foi montada dentro do canteiro de obra, onde todo o concreto das demolições será usado no novo estacionamento. Contará com sistema eficiente de reaproveitamento da água da chuva para a irrigação do campo e para os sanitários. A coberta do estádio será translúcida para evitar o efeito “ilha de calor”. Contará com espaços reservados para carona solidária, carro com combustível renovável e bicicletário para funcionários.
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Arena das Dunas - Natal
O material de concreto resultante da demolição do atual estádio e ginásio será reaproveitado. Captação de energia a partir de paineis solares e reaproveitamento da água também estão previstos. O projeto já foi registrado para obtenção do certificado de construção sustentável Leed. Arena Pernambuco Recife A Arena terá assentos produzidos a partir de plástico verde, resultado de um processo a partir da desidratação do etanol proveniente da cana de açúcar, gerando uma matéria prima 100% renovável. Contará com o uso de energia solar, reaproveitamento de água, soluções de ventilação e tratamento de esgoto. Também se adequa para certificação Leed.
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Arena Fonte Nova Salvador A estrutura prevê economia de água, reuso do esgoto tratado, aproveitamento da água da chuva, diminuição e reciclagem do lixo gerado, sustentabilidade energética, ventilação e iluminação natural. Uma das iniciativas de redução de custos é a reciclagem do concreto.
Arena Maracanã - Rio de Janeiro O projeto, preparado segundo o sistema Leed, prevê a utilização de dispositivos economizadores de água e a implantação de um sistema de captação de água de chuva, resultando em uma economia de 50% no que se refere à irrigação do gramado. Conta também com moderno sistema de iluminação que ajudará a reduzir o consumo de energia. Serão 23.500 luminárias econômicas de LED.
Estádio Nacional - Mané Garrincha- Brasília A demolição já gerou quase 750 toneladas de entulho. Parte desses resíduos será reaproveitada, enquanto outra parte é destinada à reciclagem e distribuída a cooperativas do DF. A doação de metal para a Central de Cooperativa de Materiais Recicláveis levantou recursos para 23 cooperativas associadas. Cerca de quatro mil pessoas fazem parte deste grupo.
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Arena Pantanal - Cuiabá
Serão em torno de 3.200 árvores, das quais 2.080 plantadas para recuperação ambiental, compreendendo uma área de 21 mil metros quadrados na Arena. Na obra, existe coleta seletiva e reciclagem. O estado investe também na compensação e neutralização de gases poluentes emitidos na construção.
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Mineirão - Belo Horizonte
Reaproveitamento de entulho da obra vai para uma máquina que separa o aço e transforma o restante em brita. Contará com um reservatório para aproximadamente seis mil m³ de água de chuva. Captação de energia solar, por meio de células fotovoltaicas instaladas na cobertura com potência de 1 megawatt, o suficiente para atender a 750 residências de médio porte.
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Arena Itaquera - São Paulo
O entorno do estádio terá plantio de muitas árvores, além do uso de piso drenante, para evitar problemas com o acúmulo de água. Sua fachada translúcida proporcionará conforto térmico e menos gastos com iluminação, fazendo com que se elimine o uso da maioria das lâmpadas internas e economize com retorno do investimento em pouco tempo.
Arena da Baixada Curitiba Sistema de ar condicionado que gasta 30% menos que outros modelos convencionais devido ao exterior do edifício ser revestido com policarbonato, o que favorece a climatização dos espaços internos. Terá ainda reservatórios para água da chuva e sistemas economizadores nos banheiros.
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Arena Beira-Rio - Porto Alegre Também busca a certificação Leed, dada a edifícios sustentáveis. O projeto da reforma prevê a racionalização do uso de água e de energia. A nova cobertura permitirá a captação de energia. A grama cortada vai adubar campos de treinamento do Internacional.
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Infográfico: Gerardo Júnior
Projetos para arenas verdes
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destaque COPA DO MUNDO DE 2014
Linhas da sustentabilidade na Copa de 2014 Certificação de construção sustentável das arenas Todas as arenas brasileiras para a Copa do Mundo FIFA 2014 terão um padrão mínimo da certificação de construção sustentável, adotando novos materiais e práticas ecológicas, visando benefícios ambientais e redução dos custos.
Copa orgânica e sustentável Incentivo ao setor de orgânicos e produtos sustentáveis. Trata-se de um dos projetos com maior potencial de geração de negócios da Economia Verde, com prioridade a produtos orgânicos para fornecimento às delegações, eventos e recepções ligados à Copa, hotéis e restaurantes, entre outros.
Parques da Copa O Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério do Turismo selecionaram unidades de conservação federais
prioritárias, que receberão investimentos especiais para atraírem turistas durante o mundial. Os parques ficam próximos às cidades-sede.
da coleta seletiva nas cidades-sede, condicionado exclusivamente à inclusão dos catadores de materiais recicláveis.
Resíduos e reciclagem
Mudanças Climáticas
A meta do projeto é erradicar os lixões das capitais e regiões metropolitanas, organizar o sistema de coleta seletiva com inclusão de catadores, promover oportunidades de negócios na área de reciclagem e trabalhar com foco na minimização da geração de resíduos nos grandes eventos, como jogos e fun fests. Uma linha de financiamento do BNDES foi aberta para apoiar a estruturação
Por meio de cooperação técnica com o governo britânico, foram realizadas oficinas de trabalho e já se chegou à definição da metodologia e do termo de referência para os inventários de emissões a serem realizados em todas as cidades-sede, com o aporte de recursos do Governo Federal.
Fonte: FIFA
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3r’s
reduzir, reutilizar, reciclar
RESÍDUOS SÓLIDOS
Entulho da construção civil Os resíduos da construção civil vem gerando cada vez mais transtornos quanto à destinação final. A gestão dos resíduos de construção e demolição foi definida na Resolução do Conama de 2002, como sendo atribuição dos municípios a elaboração, implementação e coordenação do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que contempla o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e a regulamentação para que as obras apresentem os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Grandes e pequenas empresas e até usuários de materiais de construção em pequenas obras caseiras podem destinar sustentavelmente os resíduos da construção civil – o conhecido entulho – e até reutilizá-los.
REDUZIR O entulho muitas vezes é gerado por deficiências no processo da construção, como falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na execução, má qualidade dos materiais empregados, perdas no transporte e armazenamento, má manipulação, além da substituição de componentes pela reforma ou reconstrução. A melhoria no gerenciamento e controle de obras públicas e também trabalhos conjuntos com empresas e trabalhadores da construção civil podem contribuir para atenuar o desperdício. Outra opção seria o uso de materiais recicláveis, como EPS, o isopor reciclado e garrafas PET para produzir blocos para a construção.
REUTILIZAR A quantidade de entulho gerada nas cidades é muito significativa e pode servir como indicador do desperdício de materiais. O entulho da construção civil pode ser reciclado com instalações e equipamentos de baixo custo, apesar de existirem opções mais sofisticadas tecnologicamente. Havendo condições, pode ser realizado na própria obra que gera o resíduo, eliminando os custos de transporte. Os benefícios da reciclagem do entulho vão além do meio ambiente, podem ser econômicos. Além de reduzir o uso de recursos não renováveis, pode diminuir o consumo de energia durante o processo de produção.
Entre 40% e 60% do resíduo sólido produzido no País vem da construção civil, segundo levantamento do Ministério das Cidades
RECICLAR Grandes pedaços de concreto podem ser aplicados como material de contenção para prevenção de processos erosivos na orla marítima e das correntes, ou usado em projetos como desenvolvimento de recifes artificiais. O entulho triturado pode ser utilizado em pavimentação de estradas, enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso. É possível produzir agregados - areia, brita e bica corrida - para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos, e uso em argamassas e concreto. Pode-se fabricar componentes de construção - blocos, briquetes, tubos para drenagem, placas.
Como?
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guia verde
REDUÇÃO DE CONSUMO
Limpar a casa sem produtos tóxicos Ar, água e solo são alvos constantes de poluição resultante da ação humana. Com algum esforço e criatividade é possível mudar atitudes simples, mas que afetam a saúde da família e também a do planeta. Mudar a forma de limpar a casa pode ser o início de uma tomada de consciência que irá refletir no futuro. A água, que já é escassa, é um dos principais alvos atingidos por alguns produtos convencionais. Os níveis de fosfato presentes nos detergentes, por exemplo, apesar de controlados por lei, quando lançados em rios e lagos, dificultam a oxigenação da água e favorecem a multiplicação de algas vermelhas, configurando-se como os principais responsáveis pela morte da vida aquática. Esses produtos são nocivos à pessoas alérgicas e também causam hipersensibilidade pelo cheiro forte que produzem. Veja algumas dicas de produtos naturais que podem substituir os líquidos coloridos, perfumados e poluentes.
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Vinagre. É um ácido fraco e permite desinfetar vasos sanitários, bancadas e pias na cozinha, limpar vidros e metais, etc. Em substituição ao limpador multiuso, desinfetante e amaciante de roupas o produto também age muito bem. O vinagre também é eficiente na remoção de manchas e para tirar cheiros de suor de roupas.
Bicarbonato de sódio. Usado em combinação com o vinagre, tem um bom poder desinfetante na limpeza de banheiros, pias e vasos de louça. Como ele é levemente abrasivo, ajuda a polir sem riscar. O bicarbonato pode ser usado para limpar o colarinho das camisas e ajuda a eliminar odores fortes das roupas, mesmo quando eles persistem após repetidas lavagens, como fumaça e cheiro de suor. Remove manchas de queimadura de panelas e odor de cinzeiros e lixeiras.
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Limão. Como polidor, o limão misturado ao sal traz de volta o brilho dos utensílios de cobre, latão e luminárias. Também tira manchas de bancadas e misturado com água deixa um cheiro fresco na geladeira. O limão também funciona como agente de branqueamento. Basta colocar o suco em lençóis brancos e roupas e deixa-las secar ao sol.
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Sabão neutro. Famoso pela ação de remoção de gordura, o sabão é essencial na lista de faxina ecológica, porém é importante buscar produtos com ingredientes naturais. Para obter um perfume especial, basta acrescentar óleos essenciais. Para economizar, dilua o detergente e o sabão em água. Misturado à água quente ajuda a desengordurar inclusive as difíceis vasilhas plásticas.
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Essências naturais. Os óleos essenciais naturais têm várias propriedades. Muitos, como o óleo de melaleuca e o de eucalipto, são desinfetantes. O óleo de lavanda e o de menta, além do perfume agradável, provocam sensação de bem-estar e relaxamento. O de citronela e o de cravo afastam mosquitos e moscas, mas atenção para os que são realmente 100% naturais. Os óleos essenciais são caros, mas rendem muito porque podem ser muito diluídos.
se ligue agenda { 88 } renergy. ano 2 > # 9 > 2011
Dicas de livros, sites, filmes e muito mais
evento
O All About Energy é o maior evento de energias renováveis do Brasil com a participação das grandes empresas do mundo no setor, governos, instituições públicas e privadas. A 7ª edição acontece de 19 a 21 de junho de 2012, em Fortaleza.
site
((o))eco é feito pela Associação O Eco, uma organização brasileira sem fins lucrativos nem vinculação com partidos políticos, empresas ou qualquer tipo de grupo de interesse. O conteúdo do site é fruto do trabalho de uma rede de jornalistas e especialistas, muitos voluntários e outros que trabalham em tempo parcial. Acesse em www.oeco.com.br
museu
O Archeolink Prehistory Park, na Escócia, é um museu construído de maneira sustentável que se adapta perfeitamente à paisagem natural local. A construção foi desenhada pelo arquiteto britânico Edward Cullinan e foi concluída em 1997. O museu reserva artefatos com mais de dez mil anos, ligados à história dos escoceses.
viajar
O portal de informações e dicas de sustentabilidade Ecohospedagem orienta turistas e hoteleiros. São dicas de roteiros de turismo comunitário, ecológico, cultural, rural, hotéis sustentáveis, ações socioambientais e mais. Em ecohospedagem.com
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fórum
O website do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico é um ponto de encontro das associações, indo dos propósitos acadêmico e de divulgação. A ideia é que os debates e conteúdos nele publicados se consolidem como uma fonte confiável de consultas para todos os públicos interessados.
livro
Dois livros organizados por professores da Unesp abordam espécies pouco conhecidas da biodiversidade brasileira. O primeiro é Peixes do Cerrado - Parque Estadual da Serra Azul - Rio Araguaia - MT, de Valdener Garutti, em parceria com o professor Paulo Cesar Venere, da UFMT. O segundo se chama Fauna e Flora de Fragmentos Florestais Remanescentes da Região Noroeste do Estado de São Paulo, editado por Orlando Necchi Júnior. Ambos são professores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp.
vídeo
ECOhabitat – Sustentabilidade em ação é um documentário com dois episódios que aborda temas ambientais e de sustentabilidade com pessoas, pesquisadores e ativistas do estado de São Paulo. O programa conta com os quadros práticos “Faça você mesmo”, onde os entrevistados ensinam aos espectadores soluções sustentáveis que possam ser feitas em casa, com materiais e montagens simples. Veja mais em http://ecohabitat.tv.br/
leilão
O Ministério de Minas e Energia publicou uma portaria que remarca o leilão de energia A-3, que aconteceria em 22 de março. O certame, que já tinha até edital aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e preço-teto estabelecido, de R$112 por MWh, vai ficar para 28 de junho.
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o último apaga a luz
Visite projetos dos artistas do Coletivo Base / Baião Ilustrado: www.baiaoilustrado.com.br
Entrando em Campo. Ilustração: Thyago Cabral
YES WE DO
> Sim, oferecemos soluções tecnológicas globais > Sim, oferecemos máxima fiabilidade e experiência com mais de 24.000 MW instalados e presença em 50 países > Sim, assim como você, também queremos diminuir o Custo de Energia > Sim, somos o melhor parceiro de serviços integrais para atender suas necessidades
SIM, NÓS REALMENTE TORNAMOS VOCÊ MELHOR @gamesaofficial
@Gamesa_Official
A Coelba, uma empresa do Grupo Neoenergia, entende bem a importância de se renovar para construir um futuro melhor. Por isso, idealizou o Pituaçu Solar, um projeto realizado com o Governo da Bahia que está transformando Pituaçu, em Salvador, no primeiro estádio esportivo com energia solar da América Latina. Uma iniciativa que faz parte do Programa de Eficiência Energética da Coelba, aprovado pela ANEEL, que vai gerar a redução de 100% nos custos de energia do estádio, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da Bahia. Pituaçu Solar. Mais um compromisso da Coelba em transformar e evoluir dentro do seu próprio negócio.