Renergy #11

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ano 2 > # 11 > 2012 > www.renergybrasil.com.br

A diversificação da matriz energética

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N E S TA E D I Ç Ã O : : : O q u e m u d o u n o s ú l t i m o s d o i s a n o s n a g e r a ç ã o d e e n e rg i a n o B r a s i l com Lauro Fiuza

Dossiê eólico

E nt rev i st a

A agenda da sustentabilidade


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Eco A relação direta do homem com o meio ambiente

Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

“entre vista

LAURO FIUZA JUNIOR O presidente do grupo Servtec analisa o mercado brasileiro na geração de energia

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O fotógrafo Fábio Colombini possui amplo acervo de imagens ecológicas

28

Painéis solares ecológicos de PET 8 Casa ganha projeto arquitetônico verde 10 Programa visa promovera sinergia entre indústria, universidade e estado 12 Londres inspira mudanças duradouras no comportamento e na vida das pessoas 24

O que mudou nos últimos dois anos na geração de energia no Brasil

32

Dossiê analisa o mercado eólico no País 44 Aneel permite que consumidores compensem gasto de energia com microgeração 58 Fique por dentro sobre como funcionam as baterias de hidrogênio 60 Tecnologias baseadas em algas são identificadas podem atender demanda por energia 62

A agenda da sustentabilidade após a Rio+20

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Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar pneus 84 Guia prático de como iluminar cada ambiente da casa 86 Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88 Os ilustradores do Baião Ilustrado inspiram-se na seção “O Último Apaga a Luz” 90


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editorial

Observatório da energia A

revista Renergy Brasil completa dois anos de publicação. Nesta edição comemorativa, a reportagem de capa analisa as mudanças no setor das energias renováveis no Brasil, principalmente, ao longo deste período. Atuando como um observatório da matriz energética brasileira desde julho de 2010, a revista acompanha as conquistas e entraves do setor, que refletem o desenvolvimento econômico do País. Quanto mais o Brasil cresce, mais energia é necessária. Hoje, a matriz de energia elétrica, baseada em fontes renováveis, ficou um pouco menos dependente das hidrelétricas. A biomassa ampliou sua participação. A eólica se consolidou, reflexo dos leilões. A energia solar surgiu, com a primeira planta comercial da América Latina instalada no Ceará. Há dois anos, a primeira edição de Renergy Brasil informava que a potência instalada no País era de 107 mil MW (megawatts), sendo que 70,23% de hidrelétricas; 24,18% de termelétricas; 2,85% de pequenas centrais hidrelétricas (PCH); 1,86% de energia nuclear; 0,71% de eólicas e 0,17% de centrais geradoras abaixo de 1 MW. Na época, em uma sociedade preocupada em garantir o seu crescimento econômico sem passar por apagões (como os vividos em 2001 e 2002), um dos desafios era diversificar a matriz, investindo principalmente em fontes renováveis, para depender menos das chuvas. Neste período, o setor cresceu na atração de investimentos, aprendeu a atender as exigências para licenças ambientais, evitando demoras e embargos nas obras, e segue em busca de qualificar sua mão de obra e fabricar suas máquinas para ventos brasileiros. Para analisar estes cenários, entrevistamos dois empresários: Lauro Fiuza, do grupo Servtec, e Pedro Cavalcanti, da Multiempreendimentos. Enquanto os negócios prosperam, a sustentabilidade entra no foco das discussões. Grandes eventos, como a Rio+20, propõem mudanças e metas. Continuaremos acompanhando os acordos, os investimentos, o desenvolvimento das energias renováveis, as ações concretas para sustentar este crescimento com responsabilidade ambiental e social.

Hoje, a matriz de

energia elétrica, baseada em fontes renováveis, ficou um pouco menos dependente das hidrelétricas.

expediente DIREÇÃO GERAL

Joana Ferreira joana@renergybrasil.com.br EDIÇÃO

Carol de Castro editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO

Sílvio Mauro, Carlos Henrique Camelo redacao@renergybrasil.com.br PROJETO GRÁFICO

Gil Dicelli

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Gerardo Júnior Estalo! Comunicação + Design REVISÃO

Eleuda de Carvalho

CONSULTA TÉCNICA

Gustavo Rodrigues gustavo@renergybrasil.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO

Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião baião Ilustrado (ilustração)

DEPARTAMENTO COMERCIAL Meiry Benevides (85) 3033 4456 comercial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Gráfica Santa Marta TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 808 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL

Carol de Castro MTB-CE 1718 JP

CAPA Sooma www.sooma.ag Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.


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construir

Casa solar

Heliatek/ Divulgação

Painéis solares da alemã Heliatek tem mais flexibilidade e leveza. Nova tecnologia é concebida a partir de materiais muito mais ecológicos: PET, o que contribui para diminuir a poluição e a pegada de carbono, em relação à produção dos painéis tradicionais

I

magine transformar as fachadas dos prédios de uma cidade em grandes áreas destinadas à captação de energia solar. Em breve isso poderá ser possível graças ao trabalho da Heliatek, empresa alemã fundada em 2006, que está desenvolvendo painéis solares feito de pequenas moléculas orgânicas depositadas em filmes de poliéster. Atualmente, os painéis são aplicados nos telhados dos prédios, devido a seu peso e rigidez. Já os painéis que estão sendo desenvolvidos pela empresa alemã são muito mais leves e flexíveis que os tradicionais.

Em geral estes painéis solares convencionais pesam de dez a 15 quilos por metro quadrado (m²), enquanto que os da Heliatek pesam apenas cerca de meio quilo por m². Isso acontece porque ao invés de fabricar lotes de células solares em folhas de vidro, como acontece normalmente, a empresa alemã os produz continuamente em um processo conhecido como roll-to-roll (rolo a rolo), que deposita os materiais em poliéster. Já as novas células solares são feitas com pequenas moléculas orgânicas conhecidas como oli-

gômeros. Uma tecnologia semelhante à utilizada na fabricação de monitores e telas OLED (Organic Light-emitting diodes). Além disso, a tecnologia desenvolvida pela empresa alemã permite uma espécie de empilhamento de células solares, possibilitando a absorção de energia solar em camadas extremamente finas. A partir desta possibilidade de criar células mais finas e leves, a empresa alemã está trabalhando junto a uma companhia de materiais de construção para integrar seus painéis solares em formas de fachadas de concreto. No local do empreendimento, as formas serão preenchidas com concreto, e os painéis se tornarão uma parte da fachada. A Heliatek também está trabalhando com outro fabricante para incorporar seus painéis solares às janelas. “É como uma janela tingida, apenas estas janelas geram eletricidade,” afirmou Thibaud Le Séguillon, diretor executivo da empresa. Mas as vantagens do produto não estão apenas na flexibilidade e leveza. O ponto principal da nova tecnologia é que ela é concebida a partir de materiais


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muito mais ecológicos do que os tradicionais. De acordo com a empresa, os novos painéis são feitos quase que exclusivamente de PET, o que contribui para diminuir a poluição e a pegada de carbono de sua produção. No quesito eficiência de conversão da energia captada em eletricidade, os painéis de poliéster ainda estão um pouco atrás dos tradicionais. Enquanto os painéis de silicone convencionais tem eficiência de 14 a 15%, os da Heliatek convertem de 8 a 10% da energia captada. Mas, segundo Séguillon, a boa performance da tecnologia da empresa

alemã na luz baixa e aquecimento alto pode compensar a eficiência mais baixa. A Heliatek garante que os seus painéis conseguem manter uma eficiência de conversão constante até os 80°C, enquanto que nos convencionais a eficiência diminui a cada grau Celsius que a temperatura aumenta. Além disso, os novos painéis são capazes de coletar luz solar indireta ou em dias nublados, enquanto os clássicos necessitam receber raios solares diretos para captar a luz. Mesmo assim, os alemães estão trabalhando para tentar aumentar a sua eficiência. A meta é

ampliar para 12% o potencial de conversão. Segundo a empresa, a entrada do produto no mercado está prevista para o terceiro trimestre deste ano e a promessa é que os custos de instalação sejam competitivos com os atuais. Ao mesmo tempo, a empresa está tentando levantar mais 60 milhões de euros junto aos investidores existentes e novos, já pensando em ampliar sua capacidade de produção anual de produção.

Para saber mais sobre www.heliatek.com

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morar

Arquitetura verde Casa ganha cobertura em forma de folha, pÊ direito muito alto e interação entre o homem e a natureza


2008© leonardo@finotti.com

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U

nir um design inovador e princípios sustentáveis, como aproveitamento da iluminação e da ventilação natural. Este foi o resultado do trabalho dos arquitetos do escritório Mareines + Patalano Arquitetura, que projetaram uma casa de praia em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, cuja cobertura se assemelha a uma folha gigante. Para a concepção do projeto, os arquitetos Ivo Mareines, Paula Costa, Flávia Lima, Rafael Pretti e Rafael Patalano buscaram inspiração em arquiteturas brasileiras indígenas, fruto de climas quentes e úmidos. Além de proporcionar uma bela visão para quem vê a casa de cima, a cobertura em forma de folha garante sombra para toda a residência e os espaços livres localizados entre os cômodos. E são justamente estes espaços livres os

principais atrativos da casa e os mais disputados pelos visitantes. O pé direito muito alto permite que o vento venha frontalmente do mar em direção à residência promovendo um resfriamento natural de toda a casa. O projeto também buscou promover uma interação entre o homem e a natureza. A ausência de corredores e o uso de transparência permite quase uma fusão entre as áreas interna e externa da casa. Destaca-se também o trabalho de paisagismo, principalmente no uso da vegetação e na piscina que atravessa a casa como se fosse um espelho d’água da varanda superior. E é esta varanda que ganhou de seus projetistas o nome de “lounge brasileiro”, devido à utilização de redes na área de descanso. E a sustentabilidade do projeto não fica apenas na ideia do

design ou na ventilação natural, ela também se dá nos materiais usados para a construção. Toda a estrutura da cobertura foi feita em madeira laminada de eucalipto. O telhado, devido à sua geometria complexa, é feito em pequenas peças de madeira (pinus). O eucalipto, assim como o pinus são espécies plantadas para reflorestamento e usadas como matéria prima considerada renovável, pela velocidade que atinge o momento ideal de serem colhidas. Todas as superfícies de acabamento da casa, exceção feita ao vidro e ao cobre patinado, são naturais.

Para saber mais sobre http://goo.gl/8OIr7


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transformar

Polo sustentável Programa visa promover a sinergia entre indústria, universidade e estado, concentrando empresas de tecnologia de ponta, fornecedores especializados e infraestrutura

O

Rio de Janeiro deu um passo importante para ser o primeiro estado do País a ter um distrito ecologicamente correto. O programa do governo estadual que recebeu o nome de Polo Verde pretende implantar o primeiro parque tecnológico do País

com infraestrutura sustentável, integrando governo, iniciativa privada e universidade. Localizado na Ilha de Bom Jesus, o polo será instalado em uma área de 240 mil quilômetros quadrados (km²), ao lado do Parque Tecnológico da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ). A pedra fundamental do Polo Verde foi lançada no dia 19 de junho, pelo secretário o estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, enquanto o estado sediava a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-


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tável, Rio + 20. A ideia do programa é promover a sinergia entre indústria, universidade e estado, já que concentrará empresas de tecnologia de ponta, fornecedores especializados e infraestrutura. Na área também funcionará uma incubadora de empresas, que poderá fornecer serviços para as companhias que se instalarem no distrito. Entre as empresas que já garantiram que integrarão o polo está a General Eletric (GE). De acordo com o diretor geral da multinacional, Kennet Herd, entre os fatores que levaram a empresa a querer se instalar no polo estão o empenho do governo do Estado do Rio de Janeiro em expandir o padrão tecnológico de ponta em nível mundial e a proximidade a laboratórios modernos e aos pesquisadores altamente qualificados da UFRJ. “O Polo Verde da Ilha de Bom Jesus faz nascer um novo paradigma: que não só será projeto para ser ambientalmente sustentável, mas também para ser um lar de pesquisadores, desenvolvendo soluções para desafios ambientais mais difíceis do mundo como sistema de energia renovável, de biocombustível, dentre outros”, afirmou Herd. No que se refere à infraestrutura, o Polo Verde da Ilha de Bom Jesus terá a instalação de uma cen-

tral de utilidades, comum a todos os seus usuários, para distribuir, entre outras, energia elétrica e vapor, de forma centralizada e otimizada. Também haverá um sistema de reciclagem de lixo, a pavimentação das ruas será feita com asfalto borracha, que aproveita pneus usados reciclados, e a iluminação utilizará lâmpadas LED, que consomem menos energia. As construções terão sistema de tratamento de esgoto e reaproveitamento de água da chuva. O polo ainda terá maior mobilidade com a implantação de

ciclovias e utilização de bicicletas elétricas, além de dispor de uma grande área verde. O governo do Estado do Rio de Janeiro quer implantar mais quatro polos semelhantes, além do localizado na ilha de Bom Jesus. Um destes será instalado no município de Itaguaí. A ideia é que este polo verde possa concentrar empresas especializadas em energia renovável, que produzirão turbinas eólicas, geradores solares, dentre outros equipamentos. A expectativa é que eles estejam todos instalados até 2014.


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viajar

Lugares eco

Wikipedia.org

Panamá terá Biomuseo. Las Vegas inaugura prédio feito de garrafas. Bolívia tem hotel construído inteiramente com blocos de sal

A

o viajar de férias, é possível visitar ou se hospedar em locais que valorizam o meio ambiente e a sustentabilidade. No Panamá, por exemplo, o Biomuseo, projetado pelo famoso arquiteto Frank Gehry, abrirá suas portas durante o verão de 2013. Localizado na Cidade do Panamá, o equipamento proporciona uma experiência que une o conhecimento científico e a criação artística. O espaço irá reforçar a importância da biodiversidade e da conservação em seus quatro mil metros quadrados e oito salas de exibição. Suas instalações mostrarão o surgimento do Istmo do Panamá e como esse acontecimento geológico mudou o clima do planeta e afetou a biodiversidade, transformando o Caribe em um mar fechado. Esta é a primeira obra de Frank Gehry na América Latina e traz uma arquitetura original, desenhada com telhados de alumínios coloridos e aço inoxidável. O museu está localizado na Calzada de Amador, próximo ao principal

porto de cruzeiros do Panamá e ao Parque Nacional Soberanía. O hotel boliviano Palácio de Sal se destaca por sua construção literalmente com blocos de sal. Além das paredes, as mobílias são feitas com esta matéria-prima alternativa, substituindo os materiais tradicionais. A construção é de 2007 e está situada em uma região próxima à Cordilheira dos Andes. A opção pelo uso do sal deve-se à falta de disponibilidade de materiais nas proximidades do hotel. Assim, ao invés de usar concreto importado, os responsáveis pelo projeto preferiram apostar no recurso local abundante. A estrutura é similar às construções tradicionais e o Palácio de Sal conta com grandes salas comuns, bar, restaurante, SPA e 16 quartos, equipados com banheiros. A sensação interna comum aos hóspedes do hotel é similar a de estar acomodado em um iglu. O edifício Morrow Royal Pavilion, recém inaugurado em Las Vegas, é o maior prédio do mundo

feito a partir de garrafas recicladas. O edifício foi projetado por Scott McCombs e conta com uma área de 2.500 metros quadrados. Cerca de 500 mil garrafas de cerveja consumidas em Las Vegas foram coletadas e reaproveitadas. Elas serviram como matéria-prima para a fabricação de um material chamado Greenstone, que substitui o concreto. Para isso, todo o vidro é triturado em grãos minúsculos e misturado com cinzas das sobras de plantas movidas a carvão. Este pó é misturado a outros elementos e acomodado em moldes. Quando secam, os blocos estão prontos para serem usados em toda a construção. O resultado estético não deixa transparecer o material utilizado em sua fabricação. As paredes feitas com garrafas deixam o edifício com uma aparência antiga, que ornou perfeitamente com a proposta arquitetônica do Morrow Royal Pavilion. O projeto foi inspirado no Hall Swarkestone Pavilion, na Inglaterra.


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preservar

Assinaturas pelo Pólo Norte

Wikipedia.org

ONG faz campanha para coletar assinaturas para uma petição e pede o decreto de um santuário mundial no Ártico

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milhões de assinaturas. Esta é a meta do Greenpeace para preservar o Ártico. A organização não governamental adverte para o derretimento de calotas polares, causada pela exploração de petróleo, pesca industrial e pela guerra. A ONG faz campanha para coletar assinaturas para uma petição e pede o decreto de um santuário mundial na área do Pólo Norte Até o início de agosto, foram mais de 1,4 milhão de assinaturas. O gelo do Ártico, do qual

todos nós dependemos, diz o Greenpeace em seu site, está desaparecendo. “Nos últimos 30 anos, perdemos três quartos das calotas de gelo flutuantes do topo do mundo”, garante. “Por mais de 800 mil anos, o gelo do Ártico tem sido um elemento permanente do oceano. Em um futuro próximo, o Ártico pode ficar sem gelo pela primeira vez desde que os humanos pisaram na Terra. Isso seria devastador, não só para as populações locais, ursos polares,

narvais, morsas e outras espécies que vivem lá - mas para o resto de nós também. O gelo no topo do mundo reflete muito do calor do sol de volta para o espaço, e assim mantém todo o nosso planeta resfriado, estabilizando os sistemas climáticos, dos quais dependemos para cultivar alimentos”.

Para saber mais sobre http://www.savethearctic.org


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jogar

Divulgação

Chuteira sustentável

A

pelidada de Green Speed (velocidade verde) e assi-

nada pelo desenhista britânico Andy Caine, a Nike produziu uma chuteira sustentável a partir da busca pelo menor impacto ambiental e melhor desempenho. Segundo a empresa, é a mais leve e mais rápido já produzido pela marca. A chuteira foi produzida na Itália, utilizando energia renovável em todo o processo. Os materiais também foram esco-

lhidos para manter o selo verde. A placa de tração do tênis é feita a partir de uma mistura de mamona e plástico. O forro interno é proveniente de grãos de mamona, enquanto os cadarços e a língua do calçado são feitos com, ao menos, 70% de materiais reciclados. Disponível comercialmente desde agosto, o custo estimado é de 300 dólares.


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hospedar

Luxo sem desperdício

Programa propõe medidas para que hotéis obtenham economia de energia e água sem prejudicar o bom atendimento a seus hóspedes

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otéis, via de regra, são locais que precisam de muita energia e recursos naturais. Principalmente por causa do grande fluxo de pessoas e da proposta de oferecer, aos hóspedes, mais conforto do que eles encontram em casa. Combinado com o crescimento do número de turistas no Brasil, por causa

dos grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a demanda esperada para o País representará um desafio para o setor hoteleiro. E com a visibilidade alcançada no mundo, a cobrança por um sistema de hospedagem eficiente e mais sustentável será cada vez maior. Para enfrentar esse desafio,

um grupo formado por empresas e associações do setor, fábricas de equipamentos e máquinas, instituições financeiras e fornecedores de serviços criou o programa Pro-Hotéis. Lançado oficialmente em novembro do ano passado, ele tem como principal proposta a busca de redução de custos através de eficiência energética.


Foto: Eric Fischer

“Hoje, os gastos com eletricidade, água, combustível e gás, quando não ocupam o primeiro lugar, ficam entre as maiores despesas de um hotel”, explica Rodrigo Aguiar, diretor do programa. A economia, garantem os organizadores, pode chegar a 80% do valor que era gasto antes das mudanças. Desde o seu lançamento, o Pro-Hotéis chegou a aproximadamente 60 estabelecimentos de todo o Brasil. A proposta é simples. Basicamente, envolve fazer um diagnóstico dos itens que representam um custo considerável para os estabelecimentos, como energia elétrica, água e aquecimento, observar quanto

é gasto e buscar soluções que representem redução. A instalação de novos sistemas, a serem definidos pelo hoteleiro, fica a cargo de parceiros do programa. Para executar os projetos, foram estabelecidas parcerias com instituições financeiras, entre elas nomes de peso como o Banco Mundial e o Santander. Segundo os organizadores do programa, a ideia é que os hoteleiros não precisem alocar recursos próprios para fazer as mudanças. Com o financiamento garantido, a meta é possibilitar que ele seja pago através da economia obtida nas contas de água, energia elétrica ou gás, por exemplo. De acordo com a sua asses-

soria de imprensa, o Pro-Hotéis ainda não tem dados sobre quanto foi obtido de economia em todos os estabelecimentos em que ele já chegou. Mas um número dá ideia do ganho ambiental que o programa estimula. A IndEco, empresa parceira da iniciativa especializada em implantar soluções de eficiência energética e autossuficiência em água, já obteve economia de 100 mil m³ de água em projetos implantados e, até o final de 2012, espera chegar à marca de 150 mil m³. O objetivo do programa é economizar, no seu primeiro ano, 15 mil MWh de energia elétrica, uma economia de mais de R$ 5 milhões nos gastos.

Algumas propostas do Pro-Hotéis - Redução de 25% a 50% nas contas - Redução no custo de manutenção e operação - Revisão do contrato de fornecimento de energia elétrica - Análise financeira para migração para o Mercado Livre de energia – ACL - Análise da utilização de grupo gerador a diesel ou gás - Revisão de faturas e impostos Automação e distribuição elétrica - Gerenciamento e monitoramento de energia elétrica, gás, combustível e água - Automação predial (incluindo controles de energia e de acesso, climatização, iluminação e segurança)

em uso e definição do sistema e máquina mais adequados) - Automação do sistema de climatização - Reforma ou troca das torres de resfriamento - Idealização, projeto e implantação de sistemas novos Iluminação - Retrofit (levantamento da situação em uso e definição do sistema mais adequado entre as seguintes opções: LED, PL, Fluorescente T5, lâmpadas de descarga eficientes) - Revisão do nível de luminosidade dos ambientes - Gerenciamento e automação do sistema de iluminação

Climatização

Consumo de água

- Retrofit (levantamento da situação

- Suprimento via poço artesiano

Despesas com energia e água

-R euso de água - Revisão contratual com a companhia de abastecimento e obtenção de descontos no valor referente ao uso do esgoto - Implantação de equipamentos economizadores (bacias, torneiras e redutores de vazão) - Implantação de programa de economia e gerenciamento do uso da água

Aquecimento solar -E nergia solar + bombas de calor - Reaproveitamento de calor do sistema de ar condicionado + bombas de calor -E nergia solar + aquecimento a gás - Reaproveitamento de calor do sistema de ar condicionado + aquecimento a gás - Gerenciamento e automação do sistema de água quente

Foto: Keith Simmons

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vestir

Moda ecológica Empresas brasileiras e internacionais vestem a sustentabilidade

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ara os consumidores que preferem papel reciclado, alimentos sem agrotóxico, entre outras ações ambientalmente responsáveis, há também opções para se vestir em sintonia com a preservação ecológica. São roupas feitas de pet, acessórios de lona do pneu da bicicleta. A marca carioca Ciclo Ambiental produz roupas a partir de

garrafas plásticas pet, coletadas e recicladas a partir de rejeitos urbanos e industriais. Aplicando conceitos como sustentabilidade e comércio justo, a Ciclo Ambiental estabelece relações igualitárias entre produtores, parceiros e consumidores. Os produtos do empreendimento são feitos com roupas e acessórios ecológicos confeccionados com garrafas pet

recicladas e misturadas ao algodão. As embalagens PET são feitas de politereflalato de etileno 100% reciclável e a sua composição química não produz nenhum produto tóxico, sendo formada apenas de carbono, hidrogênio e oxigênio. Ao passarem por um processo industrial, as garrafas são derretidas a uma temperatura


Imagens: Divulgação

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de 1.800ºC e transformadas em fibras de poliéster. Associadas ao algodão, essas fibras podem ser usadas para confeccionar qualquer peça de vestuário. A empresária Isabele Delgado percebeu que, usando essa matéria-prima, poderia ajudar a preservar o meio ambiente, além de prosperar profissionalmente. O envolvimento dela com a questão foi tanto que resolveu apostar no empreendedorismo e montou o negócio. Pediu demissão do emprego e decidiu ser dona da própria vida. Em 2001, ela inaugurou a Ciclo Ambiental, que também tem responsabilidade social com a população de baixa renda. Isabele contrata mão de obra terceirizada. Fez parceria com uma cooperativa de costura e contratou um serigrafista. A equipe dá conta de produzir mensalmente cerca de três mil peças. O faturamento anual chega a R$ 30 mil. Na época da inauguração, o rendimento anual atingia R$ 5 mil e a produção mensal rendia cem peças. Segundo Isabele, a carteira de clientes tem aumenta-

do consideravelmente. A coleção da Ciclo Ambiental circula como brindes em empresas estatais e privadas. A expectativa é continuar crescendo e conquistar novos mercados. A loja paulista Novelaria também aposta na moda sustentável. Vende novelos com tingimento natural. Lançada em maio, a coleção de lingerie Valisere Serena, desenvolvida com tecidos elaborados com a fibra Lenzing Modal, da empresa austríaca Lenzing Fibers, composta por calcinhas biquíni, tanga e calça cavada, sutiãs com bojo e no modelo triangular, além de shorts e tops, também destaca a sustentabilidade. A fibra das peças é extraída da faia, árvore cultivada em florestas renováveis, que dispensa em seu cultivo sistemas de irrigação, dependendo somente das chuvas. Sem contar que a faia é extremamente resistente a pestes, o que não causa danos ao meio ambiente, pois não faz utilização de pesticidas. A marca canadense Otra (On

The Road Again) aproveita parte da estrutura de bicicletas, lonas e cartazes na produção de diversas peças comercializáveis. Com o reaproveitamento, a empresa faz bijuterias, lustres e até vasos de flores. Todas as peças são artesanais. Não é usado nenhum tipo de solvente ou cola. As bijuterias, por exemplo, são feitas com câmaras de pneu de bicicleta. A marca produz braceletes, brincos e colares. A marca foi criada em 2011 pelas designers Julie Ferrero e Darnajou Guillaume. Ambas tinham o desejo de trabalhar para o desenvolvimento sustentável e foi estudando juntas durante alguns anos que nasceu a ideia. “O projeto oferece um novo caminho para produtos mais ecológicos”, diz o site da Otra.

Para saber mais sobre www.cicloambiental.com www.otra-design.com


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Salve as baleias

Espécies foram massacradas pela pesca baleeira ao longo de quatro séculos, caindo em ameaça de extinção em 1970. Hoje, são avistadas no litoral de Santa Catarina, onde um projeto desenvolve ações de preservação das baleias francas e convoca voluntários

E

studantes de biologia, oceanografia, veterinária e áreas afins têm a oportunidade de participar do programa de voluntariado do projeto Baleia Franca, que atua principalmente na costa centro-sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. O programa, que ocorre anualmente durante o período reprodutivo das baleias francas, de julho a novembro, integra o projeto que realiza estudos sobre dinâmica populacional, ecologia comportamental, atendimento a encalhes, monitoramento de ações como o turismo de ob-

servação de baleias e atividades portuárias, além de um trabalho de conscientização das comunidades locais e usuários da região. As atividades de campo são realizadas através de observações a partir de terra, levantamentos aéreos, palestras e distribuição de material educativo. São oferecidos, aos voluntários, alojamento e ajuda de custo durante todo o período, bem como o transporte necessário à execução das atividades. A seleção para a temporada 2013 abre inscrições entre março e abril no site do projeto. Sediado no Centro Nacional

de Conservação da Baleia Franca, na praia de Itapirubá, Imbituba -SC, o projeto desenvolve uma gama de atividades voltadas para a pesquisa e a conservação a longo prazo das baleias francas. A espécie recebeu esse nome por ser a mais fácil de matar, dada sua docilidade e hábitos costeiros na época de reprodução, o que levou a sua quase extinção.

Para saber mais sobre www.baleiafranca.org.br

Imagens: Divulgação

fazer o bem


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Sua receita ao sabor do vento. Seu investimento, não.

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{ 24 } renergy. ano 2 > # 11 > 2011

cidade renovรกvel QUALIDADE DE VIDA

Jogos e legado

sustentรกvel

Londres, na Inglaterra, sediou um dos maiores eventos esportivos do mundo inspirando mudanรงas duradouras no comportamento e na vida das pessoas

{ por Carlos Henrique Camelo


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SXC.h u

Viena

A

s olimpíadas duram apenas um mês, mas os responsáveis pela organização da edição de Londres querem que o legado dos jogos dure para sempre. A meta dos ingleses era ambiciosa, realizar os primeiros jogos Olímpicos e Paraolímpicos verdadeiramente sustentáveis da história. A ideia era utilizar um dos maiores eventos esportivos do mundo para inspirar mudanças duradouras no comportamento e na vida das pessoas. Só o tempo dirá se a Inglaterra conseguiu deixar um legado de fato para a humanidade e para o meio ambiente, mas o certo é que eles buscaram desde cedo fazer a sua parte. Londres foi de fato a primeira sede a incorporar a sustentabilidade em todas as etapas do planejamento. Para garantir isso, os dirigentes londrinos contaram com o apoio da ONG ambiental WWF, que ajudou no planejamento das ações. O Plano de Sustentabilidade Londres 2012 foi norteado por cinco temas principais: alterações climáticas; resíduos; biodiversidade, inclusão e vida saudável. Entre as metas


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cidade renovável

SXC.hu

QUALIDADE DE VIDA

estabelecidas a partir destes temas estava a minimização das emissões de gases de efeito estufa; maximizar a reutilização e reciclagem de materiais que surgem durante a remediação, demolição e construção das instalações, bem como durante os próprios jogos. No quesito biodiversidade, os ingleses estavam empenhados em criar novos espaços verdes urbanos e aproximar as pessoas à natureza através do esporte e da cultura. Entre as metas também estavam a criação de novas oportunidades de emprego, formação e negócios, além de incentivar as pessoas a assumirem e desenvolverem práticas esportivas, estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Ainda é cedo para avaliar todos estes resultados, porém uma parte deles já pode ser facilmente percebida, como por exemplo a mudança realizada na região de Stratford. A área industrial, situada no lado leste da capital inglesa, passou por um grande processo de revi-

talização e limpeza para abrigar o Parque Olímpico londrino. O local agora se transformou no maior parque urbano do país e um dos maiores da Europa. A área equivalente a 297 campos de futebol foi despoluída e ganhou 300 mil novas plantas úmidas e duas mil árvores nativas e endêmicas da região. Vale destacar que a construção do Parque Olímpico foi concluída dentro do prazo e garantindo altos padrões de sustentabilidade. Além disso, durante as obras, cerca de 60% dos materiais de construção foram levados ao local por via ferroviária ou fluvial. O rio Lea, por onde chegaram parte destes materiais, teve oito quilômetros de seu leito totalmente restaurado. Como parte da proposta de deixar um legado para a comunidade local, a área de Stratford ganhou 22 quilômetros de ciclovias e 44 novos hectares de floresta, com lagoas e pastagens para atrair animais selvagens. A construção do parque também ajudou a minimizar os riscos

de enchentes, que costumavam atingir cerca de quatro mil propriedades em Canning Town e West Ham. A região, que tem potencial para se tornar um novo ponto turístico da cidade, ganhou ainda uma usina de reciclagem de águas residuais e um centro de produção energética com baixas emissões de carbono, capaz de suprir a demanda de dez mil casas. O Brasil, que nos próximos anos sediará a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016, precisa se inspirar no exemplo de Londres. Se nós queremos mesmo ser o primeiro país a sediar uma Copa Verde, temos um longo caminho a percorrer, e um importante passo neste sentido é buscar aprender com o trabalho realizado pelos criadores do futebol.

Para saber mais sobre www.london2012.com



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rg verde PERFIL

Fotógrafo da natureza Há 25 anos dedicando-se a fotografar a natureza, Fábio Colombini possui um amplo acervo de imagens, decorrente de expedições pelos ecossistemas brasileiros


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E

ntre a infância e adolescência, os breves contatos com a natureza marcaram a vida do paulistano Fábio Colombini, de 47 anos. Ele cresceu tomado pelo entusiasmo com a observação dos seres vivos, suas relações, as cores e seus comportamentos. Mais tarde surgiu a vontade de compartilhar aquelas descobertas com outras pessoas e foi isso que o levou a se interessar pela fotografia. E esta paixão pela natureza foi alimentando ainda mais o gosto pela fotografia, à busca pela técnica adequada para captar cada momento, ao uso das lentes, filtros e luzes. Apesar de ser formado em arquitetura pela Universidade de São Paulo, e ter cursado Publicidade e Propaganda na Escola de Comunicações e Artes da USP, encontrou realização profissional na fotografia, mais especificamente em produções especializadas em natureza. Há 25 anos dedicando-se a esta temática, Fábio possui um amplo acervo de imagens, decorrente de

expedições pelos ecossistemas brasileiros. Em seu trabalho, destaca-se o forte caráter gráfico, conciliando arte e ciência. Suas fotos ilustram mais de 3.700 livros (artísticos, institucionais, didáticos, paradidáticos e mídia digital), 128 calendários de grandes empresas, e inúmeros guias e revistas nacionais e estrangeiras, tendo participado de 62 exposições fotográficas. E é a biodiversidade brasileira a matéria prima do trabalho deste fotógrafo. Ao longo desses anos de carreira, vem se dedicando a explorar o País e registrar as suas belezas naturais. De acordo com ele, é a Mata Atlântica o local onde encontra a maior gama de assuntos a retratar. Mas também não deixa de citar a Chapada Diamantina (BA), Fernando de Noronha (PE) e Alta Floresta (MT) como locais de grande beleza cênica e de atrativos naturais. Antes de cada expedição é necessário um árduo trabalho de preparação que envolve desde a escolha da época certa do ano, de acordo com

a paisagem que quer retratar ou do período de influência no comportamento dos animais, como épocas de reprodução, formação de ninhos, até o cuidado com detalhes mais comuns, mas não menos importantes, como a escolha dos equipamentos adequados, alojamentos, transporte, alimentação, entre outros. Além de toda a preparação, o trabalho de Fábio ainda necessita de muita paciência e perseverança. Às vezes o fotografo precisa passar dias e noites até conseguir registrar o momento ideal. Como em sua tentativa de fotografar a tartaruga gigante ou tartaruga de couro, um animal raríssimo que desova em determinadas praias do Espírito Santo. Ele passou várias noites rondando as praias, em busca da provável aparição do animal. Mesmo com ajuda de técnicos do projeto Tamar, a tartaruga acabou fazendo sua postura sem que o fotógrafo conseguisse registrar o momento. Mas a insistência de Fábio acabou sendo recompensada com a obtenção


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rg verde

Fotos: Fábio Colombini

PERFIL

de imagens dos filhotes da mesma espécie nascendo. Prêmios e homenagens também não faltam ao currículo do fotógrafo. Entre eles, destacam-se o da Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundação SOS Mata Atlântica e o World Calendar Awards (Illinois, EUA). No ano passado, recebeu o Prêmio Verde das Américas-Greenmeeting, pela contribuição para o desenvolvimento e preservação ambiental através de suas imagens. Inclusive um destes prêmios que

conquistou foi dado à foto que ele considera uma das mais especiais, dentre as milhares já tiradas em sua carreira. O registro do momento em que um louva a deus come uma borboleta foi premiado em um concurso do National Geographic Channel. De acordo com Fábio, a luz de final de tarde da imagem é agradável, o fundo é bem homogêneo e suave, a composição dinâmica, as cores das asas da borboleta se destacam, e uma ação dramática é apresentada. “O louva a deus, caçador de ataque fulminante,

com formas e cores que buscam a camuflagem, precisa se alimentar, esperando em emboscada a bela borboleta. O consolo é que provavelmente ela já deixou seus herdeiros em ovos postos na sua planta alimento”, lembra o fotógrafo.

Para saber mais sobre www.fabiocolombini.com.br



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capa NOVAS FONTES

MATRIZ MAIS

DIVE FICA Nos últimos dois anos, a matriz energética brasileira baseada em fontes renováveis ficou um pouco menos dependente das hidrelétricas. A biomassa cresceu, a eólica se consolidou e a energia solar começa a despontar como alternativa economicamente viável

{ Por Silvio Mauro


ERSIADA

Š Tebnad | Dreamstime.com

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capa NOVAS FONTES


© Ssuaphoto | Dreamstime.com

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H

á dois anos, a primeira edição de Renergy Brasil informava que a potência instalada no País era de 107 mil MW (megawatts), sendo que 70,23% de hidrelétricas; 24,18% de termelétricas; 2,85% de pequenas centrais hidrelétricas (PCH); 1,86% de energia nuclear; 0,71% de eólicas e 0,17% de centrais geradoras abaixo de 1 MW. Na época, em uma sociedade preocupada em garantir o seu crescimento econômico sem passar por apagões (como os vividos em 2001 e 2002), um dos desafios era diversificar a matriz, investindo principalmente em fontes renováveis, para depender menos das chuvas. Hoje, pode-se dizer que esse quadro mudou. Não temos uma matriz tão diversificada e continuamos dependendo bastante das hidrelétricas, mas elas agora respondem por 65,52% do total de 118 GW que o País gera. E outras fontes renováveis aumentaram sua importância. A biomassa, alimentada por materiais como resíduos de madeira e bagaço de cana de açúcar, respondia por 4,1% e quase dobrou sua participação, chegando a 7,39%. A fotovoltaica começa a despontar no horizonte, com uma participação inexpressiva, mas simbólica dos novos tempos: sozinha, ela gera cerca de 1,4 MW. E a energia eólica, que em 2010 gerava muita expectativa com os leilões de energia realizados naquele ano pelo governo, hoje é uma fonte consolidada, economicamente competitiva e ainda com muito a crescer. Atualmente, 1,29% da eletricidade consumida no País vem da força

dos ventos. Mas se forem considerados os empreendimentos já autorizados e que estão sendo construídos, o percentual deve subir para 2,6% até o fim deste ano, segundo estimativas do Plano Decenal de Expansão de Energia 2010-2020, realizado pelo Ministério das Minas e Energia. Considerando o fim do período do plano, sua participação deverá chegar a 6,7%. Depois das hidrelétricas, será a maior fonte renovável da matriz brasileira. Um quadro que também se definiu, com os investimentos feitos tanto pelo governo quanto pela iniciativa privada, foi o de tendências de vocações de cada região. Por causa dos problemas que hoje acompanham as grandes hidrelétricas, como questões ambientais, inundação de terras férteis e resistência de comunidades afetadas pelas barragens, os novos projetos tendem a se concentrar cada vez mais na região Norte, que tem a menor densidade populacional do País. Já a região Sudeste, devido à grande quantidade de usinas que têm a cana de açúcar como matéria prima (e resíduo), tem sido a grande geradora de biomassa. O Nordeste, por sua vez, concentra quase 90% da produção de energia eólica. Diante desse quadro, será que o País está evoluindo bem no seu esforço rumo à diversificação da matriz e aumento de participação das fontes renováveis? O professor Fernando Carvalho, coordenador do Laboratório de Energias Alternativas (LEA), do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará, acha que estamos ten-


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capa

© Richard Semik | Dreamstime.com

NOVAS FONTES

do avanços, mas se for feita uma comparação com a realidade mundial, eles ainda estão muito tímidos. “Países com poucos recursos energéticos, como a Alemanha, estão com programas de energia eólica e solar. E considerando o potencial, comparando a taxa de crescimento dessas fontes em outros países, como Estados Unidos, China e Índia, a do Brasil é baixa”, avalia. Outro ponto que ele contesta é a concentração de fontes em regiões específicas. O professor ressalta que a biomassa poderia ser mais explorada no Nordeste. O clima frio e as variações de temperatura dos estados do Sudeste, segundo ele, prejudicam a ação das bactérias que processam a matéria orgânica. O Nordeste teria mais potencial para isso, por causa do calor constante o ano todo. Para Carvalho, a concentração da energia eólica em poucos estados, principalmente na região Nordeste, é outra característica da matriz energética que poderia

ser revista, na avaliação de Mikio Kawai, diretor do grupo Safira, especializado em consultoria e prestação de serviços no mercado de energia elétrica. De acordo com ele, o que tem acontecido é que algumas unidades da federação que têm potencial para usinas não estão bem preparadas para receber os investidores. “Estados como Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte já têm essa preparação. Outros não deixam as portas abertas para as empresas que fazem levantamentos”, diz. Tem faltado, na sua avaliação, um grau de profissionalismo maior para estender a mão para os interessados em investir. A dispersão das eólicas em outras regiões também traria benefícios, em relação a aspectos técnicos e estratégicos, para o sistema elétrico. As diferentes condições de vento nas regiões podem favorecer uma melhor operação da fonte eólica, permitindo pensar em carteiras de projetos. Quando, por exemplo, o Nordeste experimenta períodos

de pouca intensidade de ventos, o Sul pode estar em uma situação mais favorável, regulando a fonte como um todo. Em anos de “El Niño”, por exemplo, se espera uma elevação da intensidade do vento no Nordeste, enquanto no Sul e Sudeste há expectativa de períodos mais chuvosos e com ventos mais intensos. Já no fenômeno “La Niña”, geralmente ocorre o contrário. Apesar dos problemas pontuais, é possível afirmar, com base em dados da matriz energética brasileira, que hoje dependemos um pouco menos das hidrelétricas. E as demais alternativas renováveis, se não têm participação tão expressiva quanto a primeira, pelo menos se constituem como uma força cada vez mais presente na geração de eletricidade e, aos poucos, substituem outras fontes mais poluentes. Segundo estimativas do MME, o quadro atual, em que as renováveis, somadas, ficam em um patamar próximo de 80% da matriz, deve se manter até 2020. Mas até lá, nas projeções do ministério, eólica, biomassa e PCHs apresentam tendência de crescimento, enquanto óleo diesel e gás natural devem ter o uso reduzido. E outras não renováveis, como urânio e carvão, praticamente não se alteram, mantendo-se com menos de 2% na participação. Pode não ser o cenário ideal, mas é inegavelmente um progresso.

Para saber mais sobre http://bit.ly/LlRKq7


Nasa: Divulgação

renergy. ano 2 > # 11 > 2011 { 37 }

A força que vem do sol No Brasil, mesmo as regiões com menores índices de radiação apresentam grande potencial de aproveitamento. Essa riqueza começa a despertar o interesse do setor energético. Há dois anos, Renergy Brasil informava a instalação da Usina Solar de Tauá, a primeira da América Latina. Na época, sua capacidade inicial definida era de 1 MW, com expansão para 5 MW em uma segunda fase. Hoje, ela é a uma realidade e gera o total esperado de 1 MW. Mas a MPX, empresa proprietá-

ria da usina, já anunciou este ano que pretende expandir sua produção para 50 MW. Com isso, ela será capaz de atender a demanda de até 75 mil famílias. Essa revisão para cima dos planos da empresa é bastante ilustrativa da empolgação que a energia obtida do sol tem despertado no setor energético. Se há dois anos a menina dos olhos dos investidores era a energia eólica, que hoje está consolidada como uma fonte rentável e promissora, a expectativa em torno das usinas

solares é grande. Atualmente, ela é inviável economicamente em relação a outras fontes. O custo do MWh chega a aproximadamente R$ 400. Para se ter uma ideia, o valor do MWh negociado nos últimos leilões de eólica ficou próximo de 1/4 disso, ou seja, R$ 100,00. Mas a expectativa é de que haja uma queda acentuada, assim como aconteceu com esta última. “Em cinco anos, a energia solar deve estar competitiva”, acredita Mikio Kawai Jr, diretor do grupo Safira. A empresa anunciou, em


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capa NOVAS FONTES maio último, que está negociando investimentos para a construção de usinas eólicas e solares com potência entre 30 e 400 MW, até o ano que vem. Os empreendimentos serão instalados em duas regiões “estratégicas”, na avaliação do grupo: Nordeste e Centro Oeste. A primeira receberá usinas eólicas e solares. Já a última, apenas as solares. Apesar da energia solar ainda ser inviável economicamente, Mikio explica que o momento é de apostar nela, confiando em subsídios governamentais que permitam seu barateamento. “Há cinco anos, a eólica era uma energia muito cara. Com o advento dos leilões de 2009, houve a captura do avanço tecnológico de aerogeradores e outros equipamentos”, diz ele, lembrando que quem estava preparado para a entrada da geração eólica no começo de 2010 se beneficiou e hoje conquistou seu lugar no mercado. “Não sabemos o que pode acontecer com a solar. Mas ninguém pode esperar para daqui a cinco anos para saber”, conclui. A principal expectativa do setor privado diz respeito à realização de leilões de energia solar em 2013, o que marcará o início do seu processo de barateamento e uso em larga escala. Procurada por Renergy Brasil, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do Ministério das Minas e Energia (MME) responsável pelos leilões de energia, informou que não há previsão para nenhum leilão que tenha energia solar como fonte a ser explorada, no ano que vem. No entanto, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, já admitiu que essa é uma possibilida-

de. Além disso, é possível encontrar, no site do órgão, pelo menos dois estudos recentes para avaliar a viabilidade econômica da eletricidade fotovoltaica. Em um deles, “Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira”, a EPE informa que o objetivo é subsidiar o MME no processo de decisão quanto à estratégia de inclusão da fonte solar na matriz de geração elétrica brasileira. O estudo analisa possibilidades de incentivo e seus possíveis impactos sobre a competitividade da energia gerada. E dá uma noção do que o governo pode fazer em

A principal expectativa do setor privado diz respeito à realização de leilões de energia solar em 2013, o que marcará o início do seu processo de barateamento e uso em larga escala um futuro próximo. “Não é objetivo comparar a competitividade deste tipo de energia, ainda incipiente no País, com outras fontes que já possuem uma maturidade significativa, mas sim discutir a melhor forma de incentivos capazes de facilitar sua inserção”, diz a EPE. Como conclusão, o órgão do MME define a energia solar como uma fonte próxima da viabilidade econômica no caso da geração distribuída, caracterizada

por pequenos pontos de geração próximos aos centros consumidores. “O mesmo não ocorre com a geração centralizada, de maior porte, cujos preços não são competitivos com os de outras fontes renováveis no presente”, informa a análise. O presidente da Câmara Setorial de Energia Eólica e diretor da RM Energia e do Cenea (Centro de Energias Alternativas e Meio Ambiente), Adão Linhares, acredita que falta pouco para essa realidade mudar. Para isso, basta que o governo repita com a solar o expediente que adotou para a energia dos ventos: permitir a sua entrada na matriz energética, tendo como premissa básica a redução da tarifa. Ele aposta nisso, e para breve. “Em 2013, deve começar a compra de energia solar”, diz. Não é possível afirmar, ainda, se esse quadro irá mesmo se tornar uma realidade no Brasil, como esperam os representantes do setor. Uma coisa, no entanto, já é certa: há muito a ser explorado. Para se ter uma ideia do que essa fonte pode produzir, segundo o estudo “Potencial da energia solar fotovoltaica no Brasil e projetos vitrine Estádios Solares e Aeroportos”, de autoria do professor Ricardo Rüther, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), se o lago da usina de Itaipu fosse coberto com painéis fotovoltaicos, o total de eletricidade gerado (com 8% de eficiência global e assumindo a radiação solar da região do lago) representaria pouco mais que o dobro de toda a capacidade da própria hidrelétrica e seria suficiente para atender metade da demanda de todo o País durante um ano.


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capa NOVAS FONTES

Para além dos painéis O sol tem potencial para gerar bem mais que eletricidade através de células fotovoltaicas. Calor e energia mecânica são duas das formas com as quais ele também pode contribuir para a matriz energética. Quando se fala em energia solar, a imagem mais recorrente é a dos painéis tradicionais, planos e na cor preta, revestidos por uma superfície brilhante e transparente. Eles geram a energia fotovoltaica. Mas existem outras formas de aproveitamento da luz, através de equipamentos diferentes. Uma delas é o uso do concentrador solar. Formado por uma superfície espelhada em forma parabólica ou esférica, ele faz com que os raios solares sejam refletidos para um foco, onde a temperatura fica bastante elevada. As aplicações são muitas: pode-se usar o calor gerado para procedimentos simples como preparação de alimentos e secagem de grãos ou produção de vapor para gerar energia mecânica e, através dela, eletricidade. Essa última tecnologia se chama CSP (Concentrated Solar Power). No Brasil, um exemplo de sua aplicação é a Usina Termosolar Coremas, que será instalada no semiárido do estado da Paraíba. Através da tecnologia de concentração solar, o empreendimento tem como meta inicial gerar 50 MW. O investimento, de R$ 400 milhões, é da empresa Rio Alto e a previsão é de que a usina comece a funcionar em quatro ou cinco anos. Apesar de pouco usual no território brasileiro, a geração de ele-

tricidade através da concentração solar já existe em alguns países há bastante tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o projeto Nevada Solar One, da empresa Acciona North America, funciona desde 2007 e produz 64 MW. A usina, segundo a empresa, emprega 760 concentradores parabólicos com mais de 182 mil espelhos que concentram os raios do sol para cerca de 18 mil tubos receptores. A temperatura obtida chega a quase 400 graus centígrados, aproveita-

Outro exemplo de aplicação da luz solar é o aquecimento de água para substituir sistemas de aquecimento elétricos ou a gás

dos para produzir vapor e mover uma turbina. Outro exemplo de aplicação da luz solar é o aquecimento de água para substituir sistemas de aquecimento elétricos ou a gás. Um exemplo recente de uso desse expediente em larga escala é o projeto Boa Energia Solar, promovido pela distribuidora EDP Escelsa em parceria com o governo do estado do Espírito Santo. Com investimento de R$ 17 milhões vindos do Programa de Eficiência Energética (que consiste em fazer as companhias de eletricidade aplicarem anualmente o montante


© Jdoms | Dreamstime.com

renergy. ano 2 > # 11 > 2011 { 41 }

Capacidade instalada a cada ano (MW) * Fonte

2010

2011

2012

Biomassa PCH

1.749,90

919,05

1.168,5

470,67

432,70

298,1

Hidrelétrica

1.590,3

1.142,8

2.209,3

Eólica

325,60

498,35

307,1

* Posição até 06/2012 - Fonte: Aneel

Capacidade instalada (MW) Fonte

2010

%

2012 atual (Aneel)

%

2012 projeção da EPE

%

2020 projeção da EPE

%

Eólica

831

0,8

1.638

1,29

3.224

2,6

11.532

6,7

Biomassa

4.496

4,1

9.364

7,39

6.272

5,1

9.163

5,4

PCH

3.806

3,5

3.961

3,34

4.230

3,4

6.447

3,8

Hidrelétrica

82.939

75,7

78.865

65,52

86.741

70,4

115.123

67,3

Solar

0

1.087

% Total

84,1

81,5

83,2

Posição em 10/07/2012 - Fontes: EPE - MME e Aneel

de, no mínimo, 0,5% da receita operacional líquida em ações que tenham como objetivo o combate ao desperdício de energia elétrica), a empresa irá equipar 4.240 unidades residenciais com painéis solares para aquecimento de água em 240 apartamentos de um condomínio. A instalação começou na primeira semana de julho. Segundo Amadeu Wetler, gestor executivo da EDP Escelsa, um dos principais benefícios do investimento será a redução do pico de energia, quando muitas pessoas ligariam o chuveiro elétrico na mesma hora, sobrecarregando o sistema (como entre 18 e 19 horas). Além disso, ele espera que os usuários obtenham uma economia de 30% a 35% na conta de energia. Cada residência recebe, gratuitamente, a instalação de painéis solares para aquecimento de água, reservatório térmico para armazenamento, misturadores de água quente e fria para regular a

temperatura e orientação de técnicos sobre a utilização dos equipamentos. Beneficiando consumidores das classes C e D, o projeto, revela Amadeu Wetler, enfrentou certa resistência de alguns usuários, por causa do estigma de “baixa renda” que as doações poderiam trazer e da falta de cultura de uso de uma fonte renovável para substituir a eletricidade tradicional. Mas após uma campanha de conscientização, eles conseguiram obter a aceitação dos usuários. E os benefícios são inegáveis. “Com medo da conta no fim do mês, algumas pessoas chegavam a evitar o banho quente”, lembra Amadeu. O sistema a ser implantado pela EDP Escelsa garante que a luz do sol será suficiente para aquecer a água do banho em cerca de 80% dos dias do ano, permitindo aos consumidores deixar o uso do chuveiro elétrico somente para os demais períodos.


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capa NOVAS FONTES

Quadro atual das principais fontes de energias renováveis do Brasil Responsáveis por 3/4 de toda a energia gerada no Brasil, as hidrelétricas tendem a continuar como a grande força do País, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2020, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia. Na projeção do órgão para aquele ano, elas ficam respondendo por pouco mais de 67% da matriz, uma variação de aproximadamente cinco pontos percentuais em relação ao patamar atual. Um dos principais motivos é que, mesmo com as dificuldades existentes hoje para grandes projetos, cada grande usina que entra representa um significativo acréscimo de energia na matriz. Um exemplo é Belo Monte, que está sendo construída no Pará. Sozinha ela irá gerar 4 GW, em média, podendo chegar a um pico de 11 GW. Esse último valor representa quase 10% de toda a capacidade instalada do Brasil, atualmente. O que deve acontecer, no entanto, é que projetos como Belo Monte deverão ser cada vez mais raros, por causa da grande pressão vinda de ambientalistas e das comunidades atingidas pelas represas. Segundo a EPE, grande parte das usinas viabilizadas recentemente deve operar a “fio d’água”, ou seja, com turbinas aproveitando cursos de rios ou quedas d´água, ao invés do uso de barragens cobrindo grandes extensões.

Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Segundo o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), considera-se PCH uma usina com potência instalada superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW e que atenda a alguns requisitos especificados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Atualmente, a capacidade instalada dessa fonte no Brasil é de pouco menos de 4 GW. Mas o potencial estimado chega a quase 10 GW. Até 2020, a EPE projeta que as PCHs alcancem uma geração de 6,4 GW. Os empreendimentos de PCHs, em geral, procuram atender demandas próximas aos centros de consumo, em áreas periféricas ao sistema de grandes linhas de transmissão. De acordo com o Proinfa, a maioria dos pequenos aproveitamentos hidrelétricos em operação se localiza nas regiões Sul e Sudeste. A região Centro Oeste, onde fica a maioria das demais usinas, também concentra o maior potencial para novos projetos.

Biomassa Resultante de matéria orgânica de origem animal ou vegetal que pode ser utilizada na produção de energia, a biomassa, segundo o Proinfa, é considerada uma forma indireta de energia solar, porque usa a luz do sol para obtenção de energia através de reações químicas. Estima-se a existência de 2 trilhões de toneladas de biomassa no globo terrestre, ou seja, cerca de 400 toneladas per capita, o que, em termos energéticos, corresponde a oito vezes o consumo mundial de energia primária, hoje da ordem de 400 EJ por ano. No Brasil, a cana de açúcar é a principal matéria prima de biomassa. O País é um dos principais produtores mundiais e gera como principal resíduo o bagaço de cana. Mas também é possível aproveitar a palha e a ponta (extremidade do vegetal, na qual ficam os tecidos que não amadureceram o suficiente para aproveitamento). Outras fontes de biomassa aproveitadas no Brasil são o licor negro (resíduo da produção de papel), madeira, biogás e casca de arroz. Atualmente, a biomassa é responsável pela geração de 9,3 GW, sendo 7,3 GW vindos somente do bagaço de cana. De acordo com a EPE, até 2020, se os produtores de etanol e açúcar conseguirem aproveitar todo o resíduo gerado no País, será possível chegar a mais de 17 GW.


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Eólica Uma das grandes promessas do Brasil, em termos de energia renovável, a eólica, hoje, representa pouco mais de 1% da matriz. Mas ela representa 30% do total dos empreendimentos outorgados pela Aneel e ainda não construídos, com 6 GW de capacidade a serem instalados em um futuro próximo. Com isso, a expectativa é que o Brasil passe da 27ª colocação no ranking de produção mundial para ficar entre os seis maiores até 2020. Segundo estimativas do Plano Decenal de Expansão de Energia 20102020, realizado pelo Ministério das Minas e Energia, a participação da energia eólica deverá chegar a 6,7% da matriz no fim do período do plano, com um total de 11,5 GW de capacidade.

Ondas A primeira usina de geração de energia no Brasil a partir das ondas do mar aparece na matriz energética da Aneel entre os empreendimentos em construção e sem previsão para operação com capacidade total. No dia 24 de junho último, ela funcionou pela primeira vez durante 10 minutos e alimentou os sistemas auxiliares de iluminação e ar condicionado da própria usina. Localizado no Porto do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, a aproximadamente 60 km de Fortaleza, o projeto da usina faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Aneel e tem como parceiras a Tractebel Energia e a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe). Iniciado em 5 de março de 2009, o projeto tem duração de 36 meses e possui um custo total de R$ 14,4 milhões. O protótipo que converte a eletricidade a partir das ondas do mar tem dois módulos, cada um composto de flutuador, braço e bomba. Ambos contribuem para um único conjunto de turbina, capaz de gerar 50 KW de eletricidade.

Solar Com aproximadamente 1,4 MW de geração em oito empreendimentos (sendo o mais representativo deles a usina localizada em Tauá, no interior cearense, com 1 MW), a energia solar, hoje, no Brasil, aparece com 0% na coluna que define o percentual de participação de cada fonte na matriz. Com custo de MWh próximo de R$ 400, ela é quase quatro vezes mais cara que a eólica. Mas a expectativa do setor privado é de que a EPE realize os primeiros leilões em 2013. Além das usinas fotovoltaicas, a luz do sol também pode ser explorada de outras formas. Alguns exemplos são os aquecedores de água (que substituem equipamentos elétricos ou a gás) ou a geração que usa a tecnologia Concentrated Solar Power (Energia Solar Concentrada). Nessa última, uma superfície espelhada em forma parabólica ou esférica faz com que os raios solares sejam refletidos para um foco, onde a temperatura fica bastante elevada. O calor pode ser usado para procedimentos que vão desde a preparação de alimentos e secagem de grãos à produção de vapor para gerar energia mecânica e, através dela, eletricidade. No Brasil, há projetos começando a estudar essas duas últimas formas de energia, mas ainda mais incipientes que o uso de painéis fotovoltaicos.


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dossiê eólico

Uma fonte em ascensão

A energia eólica deve quintuplicar sua participação na matriz brasileira, daqui a alguns anos. Chama a atenção, no entanto, a forte concentração das usinas. Apenas três estados nordestinos devem ser responsáveis por 80% da produção

A

energia eólica responde atualmente por 1,3% do total de eletricidade produzida no Brasil, segundo dados obtidos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Está prevista a entrada de mais 48 GW na geração do País, considerando os projetos em construção e outorgados de todas as fontes disponíveis. Com isso, o total produzido no País chegará a pouco mais de 166 GW. Se todos os projetos eólicos forem implantados como previsto, essa fonte responderá por cerca de 5% da matriz energética, no futuro. Apesar dessa expecta-

tiva de crescimento, um fato que chama a atenção é que a energia eólica ainda não está presente em boa parte do País. E essa concentração em poucos estados tende a continuar. Segundo a Aneel, a parte significativa da produção limita-se a apenas duas regiões: Nordeste e Sul. Norte e Centro-Oeste não têm nenhuma usina instalada ou prevista. Dentro do Nordeste, a concentração também existe. Ceará e Rio Grande do Norte, juntos, são responsáveis por 88% da produção. Além disso, Sergipe, Bahia, Maranhão e Alagoas não têm nenhum parque

em funcionamento. No Sudeste, só o Rio de Janeiro entra, com uma participação inexpressiva. Sua capacidade total é de 28,2 MW, pouco mais de 3% do montante do Nordeste. Já na região Sul, a capacidade instalada é de aproximadamente 66% da nordestina. Há forte concentração dos parques no Rio Grande do Sul, maior produtor, com 364 MW, e em Santa Catarina, com 236,4 MW. O Paraná tem apenas 2,5 MW. Em construção Além do quadro atual, a Aneel


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lista dois cenários no seu levantamento de geração de energia. Um é a médio prazo e considera os parques em construção. O outro enumera os empreendimentos já autorizados, mas que não iniciaram a sua instalação. No primeiro, o Ceará é líder nacional, com mais de meio milhão de KW gerados. Também chama a atenção a importância das usinas eólicas na matriz energética do estado. Elas são responsáveis por mais de 37% de toda a eletricidade produzida em território cearense. O único estado que compartilha essa relevância é o Rio Grande do Norte, no qual a usinas eólicas geram pouco mais de 33% de toda a sua energia. Quando são levados em conta os empreendimentos em construção, o quadro mostra que o Ceará deve perder a liderança nacional, entre os produtores, para o Rio Grande do Norte. Enquanto a produção cearense sobe de 518.934 KW para 730.434 KW, um aumento de 41%, a potiguar mais que triplica, subindo de 284.406 para 912.806 KW. Além disso, a Bahia, que não participava da matriz da região, entra como forte produtora, com 527.190 KW. Sergipe também passa a contribuir com um total de 30.000 KW. Nas demais regiões, o quadro muda muito pouco. Norte e Centro-Oeste continuam sem nenhum empreendimento eólico. E na região Sul, Paraná e Santa Catarina se mantêm com a mesma capacidade. Apenas o Rio Grande do Sul teve aumento: passando de 364 MW para 410 MW. Uma variação de 12,7%. E no Sudeste, o Rio de Janeiro se mantém como

único produtor e com a mesma capacidade. Autorizados No terceiro cenário, quando entram os empreendimentos outorgados, o quadro muda mais um pouco no Nordeste. Sergipe e Maranhão, que não tinham usinas, entram na matriz energética da região com 30 MW e 432 MW, respectivamente. Pernambuco e Piauí aumentam sua capacidade, mas continuam com participação baixa. O primeiro passa de 24.750 KW para 102.750 KW. E o Piauí, de 18 MW para 123,6 MW. O grande crescimento se dá com Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia. O primeiro mais que triplica novamente a sua produção e passa dos três GW. O Ceará também apresenta bom desempenho e sua produção cresce aproximadamente 2,7 vezes, chegando a quase 2 GW. E a Bahia se consolida como terceira potência eólica da região, com 1,24 GW. Nas demais regiões, só há crescimento significativo no Rio Grande do Sul. Ele passa a ser um

grande produtor de energia eólica, com 1,35 milhão de KW, terceira maior capacidade do País. Santa Catarina tem crescimento, mas bem mais modesto. Seu montante passa de 236.400 para 285.931 KW. Norte e Centro-Oeste continuam sem nenhum empreendimento. E no Sudeste, o Rio de Janeiro segue como único produtor, chegando a 163.050 KW. Os dados da Aneel mostram que, com a participação inexpressiva do Sudeste, limitado ao Rio de Janeiro como produtor, e de Norte e Centro-Oeste sem nenhuma usina, o Nordeste tende a continuar sendo o grande responsável pela produção de energia eólica do Brasil, com Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte produzindo quase 80% do total. O único estado da região que se mantém sem nenhum parque eólico previsto, tanto no médio quanto no longo prazo, é Alagoas. No Sul, a produção deverá se concentrar no Rio Grande do Sul, com participação expressiva na matriz total: cerca de 19%.


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dossiê eólico

Fábricas apostam no Brasil

Um reflexo da ascensão da energia eólica no Brasil é o grande número de representantes do setor privado que formam, atualmente, a cadeia produtiva. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a entidade tem já 94 associados, entre desenvolvedores e geradores de energia, fabricantes de aerogeradores, pás, peças e componentes, consultorias para projetos e empresas de transporte e montagem. A fabricação de aerogeradores no Brasil leva as marcas da Impsa, Wobben, GE, Alstom, Siemens, Vestas, Suzlon e, em breve, da Fuhrlander. Entre os principais fabricantes mundiais, é grande o interesse pelo potencial brasileiro. A indiana Suzlon, por exemplo, destaca em seu site internacional que os ventos do Brasil podem gerar até 350 GW, sendo que 11,58 GW devem ser alcançados já em 2020. A empresa

instalou vários equipamentos no Brasil, sendo mais de 90% deles em território cearense, segundo o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico, órgão do Governo do Estado. E fechou parceria com a Aeris Energy para fabricação de pás em uma unidade também localizada no Ceará. Com um investimento aproximado de R$ 10 milhões, a Suzlon é responsável pelo maquinário, molde das pás, equipamentos auxiliares, treinamento e suporte técnico e processo de certificação de qualidade. Já a Aeris respondeu pela construção da área industrial, contratação de pessoal das linhas de produção, processos administrativos e engenharia de processos. A produção começou no início deste ano. A fabricação atende 200 MW de projetos no Brasil. Outra multinacional que pretende crescer no Brasil é a argentina Impsa. Além de destinar R$ 35

milhões para ampliação da capacidade de sua planta de Suape, em Pernambuco, a empresa anunciou mais R$ 87,5 milhões para uma unidade a ser implantada no Rio Grande do Sul. A fábrica de Pernambuco é especializada na produção de aerogeradores e conta com uma capacidade de 500 unidades anuais. A alemã Wobben Windpower, pioneira no Brasil na fabricação de aerogeradores de grande porte, construiu, no início do ano passado, no Rio Grande do Norte, sua terceira unidade para fabricação de torres de concreto, nova aposta da empresa para geração de energia em alturas superiores a 100 metros. É subsidiária da Enercon GmbH. Em Sorocaba (SP), está em plena operação desde 1995. Em fevereiro de 2002, a Wobben aumentou significativamente sua capacidade produtiva com a instalação da fábrica no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. São mais de 701 MW já instalados, e mais 350 MW a serem instalados no Brasil, Argentina e Costa Rica, alcançando um gigawatt em 2012. Também da Alemanha, a Fuhrlander anunciou a construção de sua primeira fábrica de aerogeradores no Brasil em abril último. Com área de 122 mil m² no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na região metropolitana de Fortaleza, e resultado de um investimento de R$ 15 milhões, a unidade deverá ficar pronta no segundo semestre do ano que vem. A Fuhrlander vai produzir aerogeradores com 141 metros de altura, com adaptações para tirar o melhor proveito dos ventos brasileiros. Serão cerca de


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240 unidades fabricadas por ano, trabalhando inicialmente em um turno por dia. A princípio, serão criados 200 empregos diretos de alta qualificação em áreas de níveis gerenciais, administrativo, financeiro, técnicos e engenheiros, além de 600 empregos indiretos. Já a francesa Alstom, que atua no Brasil há 55 anos na área da geração de energia, inaugurou, em novembro do ano passado, sua primeira fábrica no estado da Bahia. É de lá que vão sair 40 geradores destinados a quatro parques eólicos no Sul do Brasil, cuja operação comercial está programada para o fim de 2013. Localizada no complexo industrial de Camaçari, terá uma ca-

pacidade de produção de 300 MW por ano. Com uma área total de 50 mil m² e uma área construída de 10 mil m², a nova fábrica representa um investimento inicial de R$ 50 milhões. A montagem dessa nova unidade faz parte da estratégia global da empresa de reforçar a presença de soluções renováveis na matriz energética e investir em países em desenvolvimento. Investindo desde 2002 em energia eólica no Brasil, a GE Energy, braço energético da gigante americana General Electric (GE), está considerando transportar sua maior plataforma de produção de energia eólica offshore, com capacidade de 2,5 MW. A empresa já

possui, em fase de projeto conceitual, uma fábrica de aerogeradores na Bahia. Trata-se de uma fábrica de aerogeradores que irão ser destinados ao programa de energia eólica do estado. O projeto deve aumentar significativamente a capacidade fabril de aerogeradores no País. Em 2009 começou a agir de forma mais ativa, participando de um leilão de energia eólica com clientes e parceiros. Com operações que vão desde fabricação e montagem de partes para aerogeradores até a administração de parques de geração de energia eólica, fabricam aerogeradores e peças sobressalentes, além de prestarem serviço de manutenção de equipamentos.

Mercado de aerogeradores no Brasil Proinfra e Leilões 2009-2010 ACCIONA: 120 MW Brasil 2% SINOVEL: 30 MW Brasil 1% Mundo 9% WOBBEN: 958,6 MW

SIEMENS: 78,2 MW Brasil 2% EM ABERTO: 177,6 MW Mundo 6,3% Brasil 4% ALSTOM: 252 MW Brasil 5%

Brasil 20% Mundo 7,8%

GAMESA: 300 MW Brasil 6% Mundo 8%

VESTAS: 609,6 MW Brasil: 12% Mundo: 12,7%

SUZLON: 793,93 MW Brasil 16% Mundo 7,6%

GE: 777 MW Brasil 16% Mundo 7,7%

WOBBEN ALSTOM

IMPSA: 798,3 MW Brasil 16%

VESTAS

GE: 777 MW

EM ABERTO

IMPSA

SIEMENS

SUZLON

ACCIONA

GAMESA SINOVEL


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dossiê eólico

Mercado de pás no Brasil Aeris (Caucaia-CE) Capacidade: 1,25 GW/ano

Eólice/LM (Suape-PE) Capacidade: 0,6 GW/ano

Wobben (Sorocaba-SP e Pecém-CE) Capacidade: 0,6 GW/ano

Tecsis (Sorocaba e Itu - SP) Capacidade: 5 GW/ano

Parceria Firme Parceria Provável

Em construção Em Operação

Capacidade Total Estimada: 7,45 GW/ano

Parceria Mundial

Mercado de torres no Brasil Tecnomaq (Fortaleza-CE) Maq. Piratininga (Suape-PE)

Capacidade: 100 Torres/ano

Capacidade: 52 Torres/ano

Gestamp (Recife-PE) Capacidade: 200 Torres/ano SCS (Mirasol-SP) Capacidade: 69 Torres/ano

Engebasa (Cubatão-SP) Capacidade: 173 Torres/ano

Torrebrás (Camaçari-BA)

Brasilsat (Curitiba-PR)

Capacidade: N/D

Capacidade: 36 Torres/ano

Em construção Em Operação

Intecnial Erechim (Erechin-RS) Capacidade: 36 Torres/ano

Capacidade Total Estimada: 666 Torres/ano

Fornecimento realizado Fornecimento eventual



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dossiê eólico

Financiamentos via BNDES

O Banco Nacional de Desen-

volvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 1,1 bilhão em financiamentos para projetos de energia eólica nos sete primeiros meses deste ano, até julho e prevê crescimento de 30% frente aos R$ 2,2 bilhões do ano passado. Esse aumento é projetado frente ao crescimento da capacidade instala-

da, que saltou três vezes de 2009 até agora. Até 2009, o parque eólico brasileiro desenvolveu-se com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Naquele ano, o BNDES liberou apenas R$ 230 milhões. Dali em diante, a energia eólica tornou-se competitiva, com

leilões regulares, atraindo uma cadeia de fornecedores. A capacidade instalada saltou de 500 megawatts (MW), em 2009, para 1.600 MW hoje. Se a previsão se concretizar, o BNDES liberará R$ 2,86 bilhões ao setor. A energia garantirá capacidade instalada de 8.100 MW até 2016, caso todos os projetos sejam concretizados.

Carteira do BNDES de Projetos Eólicos

Projetos contratados entre 2005 e 2010:

• 1.040 MW de capacidade instalada • R$ 2,8 bilhões de financiamentos • R$ 5,3 bilhões de investimentos • R$ 1,8 bilhões liberados

Projetos contratados em 2011:

• 1.160 MW de capacidade instalada • R$ 3,4 bilhões de financiamentos • R$ 5,1 bilhões de investimentos • R$ 2,2 bilhões liberados

Previsão para 2012: Fontes: BNDES

• Crescimento de 30% em relação ao ano de 2011


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novas tecnologias

No rastro do sol G

randes parques de energia solar encontram como solução para evitar paineis na sombra o sistema Suntrack. De acordo com a posição do sol, pode ocorrer de um painel fazer sombra a

outro. A Suntrack é uma linha de controles que seguem a luz do sol. Acompanhar o sol permite um aproveitamento 40% maior da luz solar que será convertida em energia verde. Os produtos controlam mecanismos fotovoltaicos e de concentração termossolar. O sistema está baseado em software que pode configurar qualquer combinação de motores de corrente contínua, sistemas hidráulicos e motores de corrente alternada, sensores e outros acessórios.

Por ser gerido por um software, o processo por ser configurado e alterado rapidamente. É possível gerenciar um alto volume de produção. A empresa P4Q Electronics, fabricante de controladores que permitem seguir a luz do sol, tem experiência em instalações na Europa e Estados Unidos. A P4Q começou sua operação em Bilbao, na Espanha, no começo dos anos 2000. Hoje, já atende um total de 2 gigawatts de energia gerada em parques solares.


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especialista ENTREVISTA

PEDRO CAVALCANTI

Por uma tecnologia brasileira A energia eólica no Brasil ainda é gerada por máquinas europeias. Segundo o vice-presidente do Conselho de Administração da Abeeólica, Pedro Cavalcanti Filho, o desenvolvimento de uma tecnologia brasileira depende da criação de centros de capacitação e de experimento de máquinas


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O

desenvolvimento da cadeia produtiva da energia eólica está vivendo uma “segunda onda”. A análise é de Pedro Cavalcanti Filho. Este é o cenário, diz ele, de um setor que está contratando em média 2 mil MW por ano e os projetos estão em plena construção. “A primeira onda foi fazer os leilões acontecerem. Foi o mercado eólico amadurecer e se estruturar para os leilões acontecerem, junto com o Proinfa”, explica. “A segunda onda, agora, está sendo a construção desses projetos. Estamos experimentando diversas dificuldades tanto de licenciamento do terreno, da montagem, da construção civil, da montagem eletromecânica etc. E a terceira onda vai vir fortemente quando todos esses projetos estiverem em operação e manutenção. Ou seja, não vamos deixar nunca de ter as três ondas, que são ondas sucessivas, elas se interpõem. A partir de um volume grande, de uma certa data, vamos ter um mercado amadurecido”. Diantedeste quadro, ele analisa o preçoda tarifa para eólica, a carência de técnicos e engenheiros para participar da cadeia produtiva e sobre atecnologia para ventos brasileiros,na seguinte entrevista. Renergy:: Em 2009, a energia eólica representava menos de 1% da matriz energética do Brasil, de acordo com a Aneel. Como o senhor vê a evolução desta fonte? Está sendo satisfatória? Pedro Cavalcanti:: Até 2014, nós vamos ter 7 GW de energia eólica, somando-se o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica) e os projetos que foram contratados nos leilões de 2009, 2010 e 2011. Isso vai representar em torno de 5% e 5,5% da matriz. Nós tínhamos até 2009 apenas os projetos do Proinfa que foram contratados dentro deste programa, que somavam cerca de 1.400 MW. Agora nós teremos, até 2014, 7 GW, ou seja, é uma evolução bastante considerável. O Brasil vai sair de 16º colocado no ranking mundial para ficar entre os dez maiores produtores do mundo. A sistematização desses leilões que o governo federal está fazendo através do Ministério de Minas e Energia e coordenados

A sistematização dos leilões é um resultado muito bom para inserir a energia eólica na matriz elétrica brasileira pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) é um resultado muito bom, de um trabalho que foi feito ao longo dos anos para inserir a energia eólica na matriz elétrica brasileira. R:: O Brasil, mesmo sendo um mercado promissor para a energia eólica e tendo grande potencial energético, não é detentor da tecnologia e precisa importar ou fabricar os equipamentos com tecnologia importada. Na sua avaliação, por que isso ainda acontece? PC:: O Proinfa foi um progra-

ma muito importante, porque dentro desse contexto ele incentivou a vinda de alguns agentes importantes na fabricação de equipamentos. Hoje, com esta sistematização dos leilões, nós temos vários fabricantes mundiais de aerogeradores definindo a sua política industrial para o Brasil. São empresas importantes dentro do mercado mundial que estão vendo o mercado brasileiro como um forte local para investir e colocar a sua política industrial. Agora, com relação à questão da tecnologia, o mercado brasileiro é muito recente. Apesar de esses fabricantes terem anunciado suas unidades no Brasil, não existe tecnologia totalmente adaptada às condições brasileiras. Por isso a Abeeólica tem investido fortemente em um tema, que nós chamamos de Rede de Pesquisa de Desenvolvimento, para que além desta questão do desenvolvimento e da pesquisa de novas tecnologias se faça também um trabalho para criação de centros de capacitação de mão de obra, e sobretudo para centros de experimento de máquinas para as condições brasileiras. Ou seja, os equipamentos que estão sendo comercializados no Brasil foram desenhados e projetados para condições europeias ou americanas, que têm características diferentes das relacionadas com o nosso clima. Então, a questão da tropicalização não é só com relação a calor, também diz respeito a regime de ventos e esforço ao qual as máquinas serão submetidas ao longo dos anos. Por isso que estes centros de experimentos são muito importantes para os fabricantes desenvolverem


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especialista ENTREVISTA

PEDRO CAVALCANTI

tecnologia, a adaptarem às condições climatológicas brasileiras e obterem melhor rendimento das máquinas. R:: O senhor acredita que nós teremos tecnologia nacional neste setor? Em que prazo se daria isso? PC:: Depende do apetite do investidor, depende do governo, mas acreditamos sim, que possa surgir um fabricante totalmente nacional. Hoje, o mais importante em relação a essas tecnologias internacionais é que os fabricantes façam com que a gente desenvolva os componentes aqui no Brasil. Ter um fabricante totalmente brasileiro de aerogeradores, em nossa opinião, não é tão importante quanto dominar a tecnologia dos componentes dos aerogeradores. Porque, na verdade, você não fabrica um aerogerador. Você monta um aerogerador, então é preciso ter vários fornecedores de peças e componentes. Se todas essas peças forem fabricadas por empresas brasileiras que estejam aqui aplicando mão de obra, tecnologia e know-how brasileiros, estamos falando de uma máquina brasileira. Mesmo que ela tenha grife dinamarquesa, americana, chinesa etc. R:: Uma questão um pouco polêmica é a das licenças ambientais das usinas. Como é que vocês avaliam a questão, hoje? PC:: É fundamental o diálogo e o relacionamento do investidor com o órgão ambiental. Evidentemente, existem problemas de ambos os lados. Os órgãos ambientais não estão totalmente capacitados ou preparados para a

demanda de vários projetos para serem licenciados. Não são todos, mas alguns órgãos precisam ter uma complementação no seu quadro, têm de contratar pessoal específico para analisar esses projetos, treinar as pessoas que já existem. Há todo um trabalho a ser feito. Por outro lado, os investidores também precisam se preocupar em elaborar estudos, seja EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) ou os Relatórios Ambientais Simplificados, os RAS, de forma que eles atendam todas as necessidades dos órgãos ambientais e minimizem o tempo de análise. Porque muitas ve-

É fundamental o diálogo e o relacionamento do investidor com o órgão ambiental. Evidentemente, existem problemas de ambos os lados zes entregar um documento sem inconsistência não significa dizer que o órgão vai aprovar, ele tem que analisar efetivamente a qualidade do documento. É importante que as empresas invistam também para ter material humano e qualidade na elaboração dos estudos ambientais. A questão ambiental para a energia eólica deixou de ser uma coisa romântica e passou a ser tema de estudos com elementos profissionais para analisar. E a base de tudo isso é o entendimento, a troca

de informações, a elaboração de estudos em conjunto, o diálogo com os investidores e a formação de grupos de trabalho. Para que se discutam as dificuldades e seja possível encontrar soluções adequadas. Para o investidor ter seu empreendimento rapidamente licenciado e o órgão ambiental ter garantido o cumprimento das exigências. R:: Ainda dentro dessa questão ambiental, o senhor acredita que a usina off shore seria uma opção para diminuir um pouco essa polêmica? PC:: As usinas off shore são muito mais caras do que as on shore. Eu diria que o Brasil ainda tem muito espaço para a gente ter de se preocupar com as off shore. É uma opção, sim, não deve ser descartada, mas o governo brasileiro, interessado na modicidade tarifária, não vai incentivar um projeto que seja muito mais caro enquanto houver espaço suficiente para implementar as usinas já em construção. Os projetos off shore no Brasil podem minimizar a polêmica em torno dos impactos ambientais, mas ninguém sabe ainda ao certo o que o IBAMA pode exigir no licenciamento de um projeto dentro do mar, em uma bacia, em um lago ou numa represa. Isso ainda é motivo de muita discussão, de muitos estudos. Eu diria que é importante continuar a pesquisa para se ter opções, mas hoje não haveria a menor condição de competir com os projetos on shore que são colocados nos leilões. R:: Assim como acontece com a energia solar, em outros paí-


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ses já existe uso doméstico de pequenos geradores energia eólica. Mas não se vê isso no Brasil. Em sua opinião, por que isso acontece? PC:: Porque faltava exatamente o que foi publicado no último dia 17 de abril, que foi a Resolução nº 482 da Aneel. Ela estabelece as regras para os programas de mini e micro geradores eólicos e solares. Estava faltando a regulamentação e ela foi feita. Eu acredito que a partir de 2013 vai haver uma mudança significativa na relação concessionária-cliente, porque qualquer consumidor que possua as condições descritas nessa resolução poderá instalar placas solares ou microgeradores eólicos para fazer a compensação do seu consumo. A partir daí, com essa regulamentação e a preparação do mercado, tanto dos fornecedores e prestadores de serviço quanto das concessionárias e dos próprios consumidores, nesse mercado vai haver uma mudança significativa e uma proliferação muito forte de microgeradores. Também vai haver mudança nesse relacionamento, porque alguns benefícios estarão sendo disponibilizados para clientes de baixo consumo e pequenos comércios ou indústrias para que possam usar os microgeradores em suas instalações e fazer a compensação na conta de energia. R:: O preço do megawatt-hora nos leilões tem caído, desde o primeiro leilão realizado até hoje. Esse é um fenômeno positivo para o setor? PC:: É preocupante. Preocupante, pelo seguinte: no último leilão

em 2011, chegou-se a praticar um valor em torno de U$ 65 por megawatt-hora. Esse é um valor de mercado extremamente maduro, no qual as condições de se implantar projetos já estão bastante dominadas. Aqui no Brasil, apesar da gente ter uma forte experiência no setor elétrico, o setor eólico ainda é muito recente. Existem alguns problemas, algumas coisas que precisam ser consolidadas. Eu diria que nós atingimos um patamar muito baixo, considerando a juventude da nossa energia. Acho que precisaria de mais um cinco anos para nós estarmos praticando esse valor. O que aconteceu foi que

Aqui no Brasil, apesar da forte experiência no setor elétrico, a eólica ainda é muito recente. Existem algumas coisas que precisam ser consolidadas houve uma conjunção de fatores que levou o preço a esse patamar: a crise mundial, a necessidade do Brasil não perder a sua tendência de crescimento e dos fabricantes de expandirem suas indústrias, a vontade deles de expandir suas margens e a ousadia dos investidores no sentido de diminuir sua rentabilidade. Isso levou a esse patamar, mas eu ainda acredito que o valor tende a se estabilizar um pouco mais acima, porque são vários os problemas que os projetos estão enfrentando hoje,

e esse preço pode não dar a rentabilidade esperada pelos investidores. Então, a tendência de preço em queda, em minha opinião, irá cessar. Pode acontecer novamente, mas eu acredito que não vai ficar mais abaixo do que já foi indicado. R:: Então, o preço ideal seria no patamar daqueles 65 dólares. PC:: Hoje em dia, com esse câmbio próximo de dois reais, é um patamar bastante folgado. Eu diria que preços bastante competitivos ficariam entre 105 e 115 reais por megawatt-hora. Seriam valores com o quais o mercado estaria atendendo suas tendências de competitividade, traria o retorno dos investidores e garantiria a implantação de projetos sem problemas futuros. Eu tenho receio de que estes projetos com tarifas tão baixas possam ter problemas daqui a alguns anos, porque a experiência da operação e manutenção não está totalmente sedimentada, nós não temos massa crítica para ter certeza de como funciona uma cadeia enorme de operação e manutenção de parques eólicos. R:: Com relação ao processo de instalação de uma usina, considerando todas as fases, o projeto, o leilão, a montagem, como está isso no Brasil atual? PC:: A questão da prospecção até o início da obra é um processo que já está bastante dominado. Existem empresas que tem know-how para deixar um projeto em condições de participar de um leilão impecavelmente. Eu sou presidente de uma empresa que já desenvolveu mais de


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especialista ENTREVISTA

PEDRO CAVALCANTI

seis mil MW eólicos para vários clientes. Então, são empresas como a minha e outras que existem que têm condições de trabalhar o projeto e deixá-los prontos para se dar início a uma construção com todos os rigores técnicos e econômicos exigidos para se obter êxito. Agora, a construção e a operação são duas coisas que nós estamos começando a vivenciar com grande intensidade e, evidentemente, várias dificuldades estão em pauta porque a se tem o histórico como se tem em hidrelétricas, em térmicas e em outras fontes de energia que existem há certo tempo e já dão uma margem de segurança muito grande para dizer “aqui eu não vou entrar porque eu posso obter um resultado ruim”. A energia eólica está vivendo o que eu chamo de segunda onda, ou seja, nós estamos contratando uma média de 2 mil MW ano e os projetos estão em plena construção. A primeira onda foi a gente fazer esses leilões acontecerem, foi o mercado eólico amadurecer e se estruturar para os leilões acontecerem, junto com o Proinfa. A segunda onda, agora, está sendo a construção desses projetos, onde estamos experimentando diversas dificuldades tanto de licenciamento do terreno, da montagem, da construção civil, da montagem eletromecânica etc. E a terceira onda vai vir fortemente quando todos esses projetos estiverem em operação e manutenção. Ou seja, não vamos deixar nunca de ter as três ondas, que são ondas sucessivas, elas se interpõem. A partir de um volume grande, de uma certa data, nós vamos ter um mercado

amadurecido e aí sim, a gente vai poder dizer com segurança que tarifa é mais adequada para a energia eólica. Hoje, eu diria que seria entre R$ 105 e R$ 115, é uma tarifa muito boa. R:: Com relação à qualificação e capacitação, o Brasil tem enfrentado dificuldade para encontrar mão de obra preparada em vários setores que envolvem tecnologia de ponta. Acontece isso no setor eólico? PC:: Não tenha dúvida. Hoje, em um mercado aquecido como o que nós temos, há uma dificuldade monstruosa para encontrar técnicos e engenheiros para

A engenharia, de uma maneira geral no Brasil, sofreu muito nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2000. Há um déficit muito grande de profissionais participar de toda a cadeia produtiva. Não é só consultoria ou uma questão de recurso eólico, é também para construir, fabricar, montar. Faltam pessoas capazes de fazer planejamento, estudos elétricos, avaliações eólicas, faltam pessoas para obra civil, eletromecânica e também para operar e montar os aerogeradores. Essa é uma das preocupações que a Abeeólica tem hoje, de incentivar, dentro dessa questão da rede de pesquisa e desenvolvimento, a criação do centro de formação de

recursos humanos. Quanto mais, melhor. Um país que não possui técnicos e engenheiros, não consegue crescer, e o mercado atual, em que a cada ano vão entrando mais projetos e está crescendo economicamente, exige a formação desses profissionais. A engenharia, de uma maneira geral no Brasil, sofreu muito nas décadas de oitenta, noventa e início dos anos 2000. Há um déficit muito grande de profissionais em todas as áreas. R:: Dentro dessa questão, queria tomar como exemplo a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). O Brasil, hoje, é competitivo na área da aviação comercial e isso foi possibilitado graças à Embraer e ao ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), que é um centro de excelência construído na mesma região da empresa. Isso já foi discutido pelo setor eólico, criar um centro de pesquisa junto com uma indústria consolidada em alguma região do Brasil? PC:: É exatamente isso que estamos buscando com a Abeeólica. Nós estamos levando essa discussão para todos os níveis, estadual, federal, empresários, indústria. Ainda não existe um centro totalmente formatado para a energia eólica. A gente está tentando abrir essa discussão, levando o tema para as entidades de pesquisa e desenvolvimento para a formatação de tecnologia, formatação de rede de pesquisa para a capacitação de pessoal. Eu acredito que o caminho é exatamente esse que o setor aeronáutico tomou.



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microgeração

Energia feita em casa Resolução da Aneel permite que os consumidores compensem seu gasto de energia com eletricidade produzida através de pequenos geradores instalados em suas propriedades

I

magine o cenário em que um imóvel se transforme em fonte de desconto na conta de energia para o proprietário à noite, quando ele e sua família estão dormindo. Ou até mesmo se o imóvel estiver desocupado. Situações como essas serão possíveis graças à resolução normativa nº 482, publicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em abril último. Ela regula um mecanismo que já existe em outros países e finalmente chegou ao Brasil: a possibilidade, para quem tem um pequeno gerador em casa, na empresa ou no condomínio, de negociar com a companhia fornecedora de eletricidade o excedente que porventura seja produzido pelo equipamento. Ela permite o benefício para consumidores com geração própria de até 1 MW. A resolução não permite vender o excedente. O proprietário pode apenas compensar o seu próprio consumo com o que gerou a mais. Mesmo assim, a medida pode ser um alívio para muitos usuários que andam às voltas com contas altas de energia. E pode servir como um incentivo para a instalação de miniusinas


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de energia hidráulica, solar, eólica ou de biomassa, que começam a ficar cada vez mais acessíveis, no que se refere a preço, e atrativas, quando se considera a relação custo-benefício. Segundo Alexandre Holanda, diretor técnico da Satrix, fabricante cearense de geradores eólicos para consumo próprio, o menor equipamento comercializado pela empresa tem capacidade de 1,2 KW e consegue atender o consumo de uma residência com gasto mensal médio entre 400 e 500 reais com a conta de energia. O preço do gerador é próximo de 26 mil reais. Tomando como base esses valores, ele se pagaria em cinco anos e meio, na pior das hipóteses. Considerando que a vida útil do equipamento pode chegar a 25 anos, é um bom negócio para o comprador. Apesar da resolução da Aneel ter regulamentado a compensação de energia só agora, alguns consumidores já mostram interesse pelos pequenos geradores há algum tempo, com a intenção de reduzir a despesa com a conta de luz no médio e longo prazo. A Satrix, que começou sua atividade comercial há pouco menos de um

ano, já tem 28 usinas instaladas no Ceará. E com outros equipamentos vendidos inclusive para outros estados, esse número deve subir para 36 no segundo semestre do ano. A agência deu 240 dias, a contar da publicação da resolução, para as companhias de eletricidade se adequarem ao sistema de compensação. Isso significa que só em 2013 o novo sistema deve começar a funcionar. Alexandre afirma que ainda não é possível estimar o aumento da demanda por pequenos geradores depois que isso acontecer, mas a Satrix já está se adiantando e investindo em novas alternativas. No segundo semestre, a empresa também começará a oferecer geradores de energia solar. Outra fornecedora local que também investe em micro e minigeração, tanto eólica quanto solar, é a Eco Soluções em Energia. De acordo com o diretor técnico Jonas Becker, há dois anos a empresa comercializa miniusinas. Com placas solares, a menor delas tem capacidade de geração de 300 KW e custa aproximadamente R$ 22 mil. Já com turbina eólica, a mais em conta gera 600 KW e

tem preço de R$ 29 mil. A vida útil dos equipamentos, segundo ele, pode chegar a 30 anos. No Ceará, já funcionam sete usinas eólicas e três sistemas de geração solar comercializados pela empresa. Jonas está otimista com a resolução da Aneel: a expectativa é de aumento de 100% na demanda quando a nova medida entrar em vigor. Vale ressaltar que, além da contribuição ao meio ambiente e da economia com a conta de luz, os consumidores têm um estímulo a mais para investir na geração própria vinda de fontes renováveis. Alexandre informa que existem linhas de crédito que podem ser usadas para esse tipo de iniciativa. O Cartão BNDES, por exemplo, cobra taxas de juros baixas (a de junho, informada no site, era 0,97%) e prazo de 48 meses para pagar. Ele lembra que a Satrix atende a uma exigência do banco, que é índice de nacionalização mínimo de 60% para os equipamentos. “Nossos geradores já tem 82% de componentes nacionais”, diz. Outra opção de crédito é o FNE Verde, do Banco do Nordeste. Ele oferece taxas entre 5% e 10% ao ano e até 10 anos de prazo de pagamento.


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fique por dentro

Como funciona a célula de hidrogênio © Conceptw | Dreamstime.com

A operação das células de combustível de hidrogênio é similar a de uma bateria comum. Uma grande vantagem é que, ao contrário das baterias, as células de combustível nunca acabam

O

hidrogênio é o mais comum dos elementos e está presente em quase tudo, inclusive nas pessoas. Ele compõe cerca de 70% da superfície do planeta Terra e está presente em 90% das moléculas, como na água (H²O), por exemplo. Também é muito utilizado como matéria prima na fabricação de produtos, como fertilizantes, na conversão de óleo líquido em margarina, no processo de fabricação de plásticos e no resfriamento de geradores e

motores. Mas uma das possibilidades da utilização deste gás, em especial, pode contribuir para a geração de energia com grande vantagem sobre os combustíveis fósseis. O processo de queima de combustíveis como carvão, gás natural e óleo tem um forte impacto sobre o meio ambiente, em especial para a qualidade do ar e para o aumento do aquecimento global. Já a célula de combustível alimentada por hidrogênio tem

como únicos subprodutos o oxigênio e água, nenhum dos quais irá causar qualquer dano à saúde humana ou o ambiente. Mas como funcionam estas células de combustível de hidrogênio? Elas operam de modo similar a uma bateria comum. Possuem dois eletrodos, um ânodo e um cátodo, separados por uma membrana. O oxigênio circula através de um eletrodo e o hidrogênio do outro. A partir daí, o hidrogênio reage a um catalisador


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no ânodo que converte o gás de hidrogênio em elétrons carregados negativamente (e-) e em íons carregados positivamente (H +). Os elétrons fluem para fora da célula para serem utilizados como a energia elétrica. Já os íons de hidrogênio se movem através da membrana de eletrólito para o eletrodo de cátodo, onde se combinam com o oxigênio e os elétrons para produzir água. E a grande vantagem é que, ao contrário das baterias, as células de combustível nunca acabam. Esta grande vantagem já foi percebida pelos pesquisadores da agência espacial dos Estados

Unidos, a Nasa, que vem utilizando as células de hidrogênio em seus projetos para a propulsão dos foguetes, pois estes requerem características não obtidas com outros combustíveis, tais como: o baixo peso, a compactação e a capacidade de grande armazenamento de energia. Quem também vem apostando nas potencialidades da bateria de hidrogênio é a Apple, gigante do mundo da tecnologia. A empresa está trabalhando no desenvolvimento de uma bateria a partir do hidrogênio para ser usada em tablets, smartphones e computadores, o que poderia

conferir uma autonomia muito maior aos equipamentos eletrônicos, permitindo que pudessem ficar até semanas sem um novo carregamento. A tecnologia empregada nas baterias de hidrogênio também é vista como uma grande alternativa para os carros elétricos. Por enquanto a massificação da tecnologia ainda esbarra no alto custo para a produção das células combustíveis e na falta de uma rede de reabastecimento de hidrogênio. O certo é que o hidrogênio é uma boa opção para substituir os combustíveis fósseis e está à disposição.

Raio X Fluxo de elétrons

Hidrogênio

Elétrons

Fluxo de elétrons

Oxigênio

H2

O2 Prótons

Água

Hidrogênio H2O Ânodo

1 O hidrogênio (combustível) é alimentado ao ânodo da célula de combustível, onde é oxidado no catalisador de platina (camada difusiva/catalítica), havendo a produção de dois elétrons e dois prótons de hidrogênio, H+ (reação ânodo). 2 Os elétrons produzidos pela

Eletrólito

Cátodo

reação de oxidação do hidrogênio são transportados através de um circuito elétrico e utilizados para produzirem trabalho (corrente contínua). 3 Os prótons produzidos na reação anódica são transportados do ânodo para o cátodo, através do eletrólito (no centro da célula).

4 No cátodo, o oxigênio é alimentado e reage com os prótons transportados através do eletrólito e com os elétrons provenientes do circuito elétrico (reação cátodo). 5 O produto final da reação que ocorre no cátodo é o vapor de água.


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alternativa

Algas como fonte

© Naluphoto | Dreamstime.com

Tecnologias baseadas em algas são identificadas como nova fonte para atender à demanda global por energia

M

embros especialistas do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers, que significa Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos) - a maior associação técnico-profissional do mundo - identificaram a alga, esse simples organismo autotrófico, como a mais promissora fonte sustentável capaz de atender à crescente demanda global por energia. Além disso, também estão conduzindo avanços significativos

em tecnologias mais consolidadas, incluindo energia eólica e redes inteligentes, para fornecer energia confiável e sustentável ao redor do mundo. De acordo com o Departamento de Energia dos EUA, o uso global de energia irá crescer 53% até 2035. Essa projeção intensificou a demanda por inovação em energia sustentável, tanto de fontes convencionais como alternativas. Os biocombustíveis derivados

de alga constituem uma fonte alternativa e robusta de energia, oferecendo uma opção sustentável para a produção de petróleo, querosene de aviação e gases de aviação. O uso de algas é vantajoso devido à sua concentração extremamente elevada. “Um acre de milho pode ser usado para gerar 300 galões de etanol por ano, enquanto um acre de alga pode produzir de 6 a 10 mil galões de etanol por ano”, disse William Kassebaum, membro Sênior do IEEE e Ceo da Algaeon Inc. Além da sua capacidade de produzir energia, as algas constituem uma densa fonte de proteínas que pode ser usada na produção de ração animal, de cosméticos e alimentos nutritivos. “Algas podem produzir proteínas 200 vezes mais densas que a soja”, acrescenta Kassebaum. “As numerosas aplicações inovadoras para algas já estão impactando nossas vidas, mas a alga para uso em biocombustíveis ainda é limitada, devido à disponibilidade de capital para expandir a indústria”.

Para saber mais sobre www.ieee.org.



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personagem ENTREVISTA

LAURO FIUZA

Aposta na energia solar A energia solar deve integrar a matriz energética brasileira a partir de 2013. A aposta é do presidente do grupo Servtec, Lauro Fiuza Júnior, também vice-presidente do Conselho da Abeeólica e membro do GWEC (Global Wind Energy Council, Conselho Global de Energia Eólica). Ele cita a primeira planta solar de grande porte do Brasil, construída pela MPX, do empresário Eike Batista, em Tauá, no Ceará. “Ela deve crescer bastante”, projeta. “E muitos projetos já estão em elaboração no País, aguardando os leilões a serem promovidos pelo Ministério das Minas e Energia e que estão previstos até o fim deste ano”

{ por Silvio Mauro


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personagem ENTREVISTA

LAURO FIUZA mentais para o setor”. Sobre os rumos do mercado energético no Brasil e no mundo, ele concedeu a seguinte entrevista.

credita-se que vai acontecer com a energia solar o mesmo que se deu com a eólica». A previsão é do empresário Lauro Fiuza Júnior, que direciona parte dos investimentos do grupo Servtec para o novo filão das energias renováveis: a solar. “No começo, a eólica era a mais cara e olhada com muita reserva, mas o Proinfa foi feito para criar um ambiente de estudos e entendimento do setor», relembra. “Quando os leilões de energia começaram, os preços passaram a cair violentamente. Hoje estamos no patamar em que ela é a segunda mais barata do País, só perde para a hidrelétrica. Com a solar deve acontecer a mesma coisa. O seu preço está caindo no mundo inteiro. A cada quatro anos, ele se reduz pela metade. Daqui a pouco a energia solar vai ficar tão viável economicamente quanto a eólica”. Neste cenário, os negócios de Lauro Fiuza estão focados em eólica e solar. O grupo desenvolve hoje aproximadamente dois gigawatts (GW) de projetos eólicos e está inscrito para o próximo leilão com 540 MW. “A eólica sempre terá uma parcela fundamental do mercado. E junto da eólica, a solar”, prevê. “As duas irão caminhar juntas. Nosso plano de crescimento é todo focado nisso. Só precisamos aguardar as definições governa-

Renergy:: Segundo o Balanço Energético Nacional – BEN 2012, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação de fontes renováveis de produção de eletricidade ampliou-se em 2,5 pontos percentuais na matriz elétrica brasileira no

eólica. O segundo papel da eólica nessa matriz é que o potencial a ser explorado pelas hidrelétricas, hoje, está todo na Amazônia. E lá você não pode mais construir barragens de grande altura, que acumulam muita água, fazendo reserva para dois, três anos. Esse tipo representa o que se fazia no passado, no Brasil. É o caso de Itaipu, Sobradinho, Paulo Afonso. Nessas usinas você tem reserva plurianual. Nas estiagens, com

O tempo necessário entre a concepção da ideia e a conclusão da hidrelétrica, hoje, está ficando muito longo. Então, entram as outras renováveis preenchendo essa lacuna

ano de 2011, chegando a 88,8% – contra uma média mundial de apenas 19,5%. Mas no Brasil isso se deve principalmente à produção hidrelétrica. Como o senhor avalia isso? As hidrelétricas tendem a continuar dominando a matriz energética do País? Lauro Fiuza:: As hidrelétricas sempre vão representar um grande percentual da matriz energética brasileira. Isso é incontestável. O que está acontecendo é que a dificuldade para implantar grandes projetos de hidrelétricas está aumentando muito. O tempo necessário entre a concepção da ideia e a conclusão da hidrelétrica, hoje, está ficando muito longo. Então, entram as outras renováveis preenchendo essa lacuna. E a número um delas é a

diminuição do fluxo de chuvas, elas aguentam dois, três anos mantendo a produção de energia sem alterações. Nas novas usinas da Amazônia você usa a tecnologia de fluxo da água dos rios, que se chama fio d´água. Isso significa o seguinte: são barragens baixas com turbinas ao longo da barragem que funcionam com o fluxo da vazão dos rios. No primeiro semestre, nós temos a estação de chuvas e o fluxo dos rios é máximo. No segundo semestre, quando a chuva diminui muito, o fluxo de água dos rios cai vertiginosamente, produzindo muito pouco em relação à potência total instalada. Então você tem que complementar essa energia não gerada, suprir essa lacuna com outras formas. É exatamente aí


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que entra a eólica. É no segundo semestre que ela produz mais, porque quando passam as chuvas, os ventos começam a aumentar a velocidade. As duas são complementares. R:: Mas, sem levar em conta os fatores sazonais, o senhor acredita que, na evolução da matriz energética brasileira, a tendência é de diminuição da importância das hidrelétricas?

LF:: O potencial de energia hidrelétrica do Brasil a ser explorado ainda é muito grande, mas também é igualmente grande a dificuldade de se construir novas hidrelétricas, hoje, seja pelos problemas de meio ambiente ou pela resistência das populações do entorno das represas, e das ONGs. Na Rio+20, por exemplo, até índios eram vistos em frente à sede do BNDES protestando contra a usina de Belo Monte. Hoje existe uma série de coisas que prejudicam a construção desses empreendimentos e prolongam muito o tempo da obra. Por isso, há uma tendência de queda dessa alternativa de geração. E mesmo que elas sejam feitas, será preciso investir cada vez mais em eólicas. As duas se somam, se completam. Uma

produz mais no primeiro semestre do ano e a outra no segundo. É óbvio que com isso, na soma total, a hidrelétrica vai perdendo o percentual que ela tinha antes. Eu também acredito muito na chegada da exploração da energia solar. Nós, no Ceará, temos a primeira planta solar de grande porte do Brasil, que foi construída pela MPX, do empresário Eike Batista. Ela deve crescer bastante. E muitos projetos já estão em ela-

humana causa algum impacto. O que você não pode é parar uma obra dessas, que é absolutamente necessária para o desenvolvimento do País, dos seus 200 milhões de habitantes, porque meia dúzia de comunidades ribeirinhas, que vivem em miséria absoluta, é contra. Isso é um absurdo. Então que se contemple essas comunidades com benefícios de uma maneira decente, correta, mas não pode parar de construir a usina, por-

boração no País, aguardando os leilões a serem promovidos pelo Ministério das Minas e Energia e que estão previstos para até o fim deste ano. Em 2013, a energia solar deve começar a entrar na matriz energética brasileira.

que o Brasil precisa de energia. Não existe crescimento econômico sem energia. E você só acaba com a pobreza do País com desenvolvimento econômico. Não é com doações, com programas assistencialistas que você vai acabar com a pobreza. Para você ter esses programas, você precisa de desenvolvimento, de renda e geração de empregos. Nada disso acontece sem crescimento. E para crescer economicamente você tem de ter geração de energia. Então, essa discussão acirrada é um contra senso. A usina representa muito pouco prejuízo em relação ao benefício que irá trazer para milhões de pessoas.

R:: Em relação à usina de Belo Monte, ela tem sido alvo de muitas críticas. Qual a sua avaliação desse empreendimento? LF:: Eu acho que o Brasil não pode perder a possibilidade de explorar esse potencial hidrelétrico. Além disso, ela já está sendo construída de maneira diferente em relação ao que se fazia no passado, atendendo a todas as reivindicações ambientais. Agora, qualquer intervenção na natureza para uma atividade

R:: Ainda segundo o relatório da EPE, o pequeno aumento da par-


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personagem ENTREVISTA

LAURO FIUZA

ticipação das energias renováveis na matriz brasileira, de apenas 2,5 pontos percentuais, foi causado principalmente pela queda na produção da biomassa, por causa de problemas na safra da cana de açúcar. Isso evidencia um fato: as energias renováveis sempre dependem de fatores como condições climáticas, a sazonalidade. A solução, então, é investir na diversificação dessas fontes alternativas? LF:: Sim. Não se pode pensar em não explorar todas essas formas de energia e olhar para todas elas nos seus devidos espaços. O mundo inteiro se reuniu na Rio+20 para discutir como preservar a vida no planeta. Todas as discussões giraram em torno da substituição da energia obtida de combustíveis fósseis pela vinda de fontes renováveis. Essas fontes têm como característica a sua instabilidade. Então, para você ter melhor aproveitamento e constância na geração, precisa unir todas elas e usá-las de forma complementar. E em relação a essas fontes renováveis, acho que o Brasil é um país realmente abençoado por Deus, porque nós temos a independência geopolítica para geração de energia. Somos um país tropical, com muito sol. Com ele você obtém a energia solar propriamente dita e a produção de biomassa, da qual vem o etanol e o vapor. Este último também gera eletricidade. Além disso, o sol é responsável pela movimentação das correntes de ar. Com os ventos, você tem energia eólica. Temos ainda o maior manancial de água doce do mundo, com o qual se tem o fluxo de água dos rios e a geração de hidreletricidade.

Não se pode pensar em não explorar todas essas formas de energia e olhar para todas elas nos seus devidos espaços

R:: Falando dessas várias possibilidades do Brasil, segundo dados que obtivemos através da Aneel, há uma divisão das fontes pelo País. A energia eólica, por exemplo, é bastante concentrada no Nordeste. Enquanto isso, a biomassa é mais presente no Sudeste. O senhor apontaria vocações específicas de estados ou regiões do País? LF:: Essa é outra grande característica que temos. O grande potencial a ser explorado de hidrelétricas está no Norte, na Amazônia. Com suas consequências, claro, que são a questão ambiental e a necessidade de transportar essa energia por grandes distâncias para os principais mercados consumidores. Há ventos fortes no Nordeste e muito potencial no Sul, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A tecnologia de exploração de ventos também está evoluindo para equipamentos que produzem energia de forma competitiva, tanto com ventos fortes como fracos, que nós chamamos “Classe 3”. À medida que essa tecnologia avançar, o potencial do Sul e do Nordeste serão explorados de forma igual. A solar está distribuída no Brasil inteiro, mas com muito mais potencial no Nordeste. E a biomassa está bastante concentrada no Centro Oeste. Essa é uma vantagem muito grande, porque todas essas fontes se complementam, em períodos diferentes, e nosso sistema de distribuição é interligado. Nós podemos produzir toda a energia para consumo e crescimento sem precisar importar matéria prima e combustível de qualquer outro país. Só precisamos ter inteligência para explorar todas as opções


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de geração, de forma que se tenha uma energia final barata. Hoje ela é ainda cara, por causa da pesada carga de impostos. R:: Como empresário que já atua há algum tempo no setor, como o senhor avalia a evolução da energia eólica no Brasil, nos últimos dois anos? LF:: Ela teve um crescimento muito grande. Esse crescimento começou com o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, do Ministério das Minas e Energia), que foi o grande laboratório para explorar a utilização dos ventos. É uma indústria ainda muito nova no Brasil, mas nós tivemos um dos maiores índices de crescimento do mundo, nessa década. Tanto que o País, hoje, é o quarto em crescimento anual. Os primeiros são China, Estados Unidos e Índia. Depois, vem o Brasil. Ainda somos pequenos na capacidade instalada global, mas em 2015 já iremos dar um salto, nesse aspecto, de 27º lugar para décimo. Continuando a crescer nesse ritmo, em 2020 vamos estar entre os seis maiores produtores do mundo. A Europa paralisou a construção de novas usinas, por causa da crise econômica, e os Estados Unidos têm um sistema de incentivo que tem de ser aprovado novamente a cada quatro anos. Este ano eles estão instalando muitas usinas, mas a previsão para 2013 é que diminua, porque vão esperar pela renovação desse incentivo. Por isso, quem está despontando e em ritmo permanente são a China, a Índia e o Brasil. Esse crescimento do Brasil tem atraído a atenção do mundo in-

Ainda somos pequenos na capacidade instalada global, mas em 2015 já iremos dar um salto, nesse aspecto, de 27º lugar para décimo

teiro, levado investidores e fabricantes a montarem suas bases no País. Em 2002, quando começou o Proinfa, nós tínhamos uma fábrica. Hoje, temos nove já produzindo e três definindo a chegada aqui. Foi um salto muito grande. Como membro do GWEC (Global Wind Energy Council, Conselho Global de Energia Eólica), tenho ido a várias partes do mundo para fazer palestras e atender jornalistas que querem obter informações sobre o Brasil. O País entrou no radar do setor eólico mundial. Todos procuram saber o que está acontecendo, quais as possibilidades de vir para cá. E demonstram interesse de participar desse movimento. R:: Falando de outras fontes de energia, a Servtec também tem uma aplicação com PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas), não é isso? LF:: É, temos uma pequena experiência de sete megawatts em duas pequenas plantas. R:: A empresa tem planos de investimentos importantes em outras opções de geração, além da eólica? LF:: Nosso foco é eólica e solar. Esta última, nós estamos estudando há algum tempo, fazendo parcerias e visitando fornecedores de várias partes do mundo. Estamos desenvolvendo projetos para entrar nessa área. A PCH é uma experiência nova, mas hoje, no Brasil, ela tem perdido competitividade. É provável que não avancemos além da base já instalada. R:: Por que? LF:: Porque ela não tem preço pa-


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personagem ENTREVISTA

LAURO FIUZA No começo deste ano, dois leilões foram adiados por falta de demanda, porque o País não está crescendo. Então, para o setor eólico a crise tem efeito benéfico. Mas para o Brasil, como um todo, ele é maléfico.

ra competir com a eólica. A eólica do Brasil, hoje, é a mais barata do mundo. R:: A solar vai ter competitividade, nesse quadro? LF:: Depende do interesse do governo. Mas acho que já está bem claro que há. Acredita-se que vai acontecer com a solar o mesmo que se deu com a eólica. No começo, a eólica era a mais cara e olhada com muita reserva, mas o Proinfa foi feito para criar um ambiente de estudos e entendimento do setor. Quando os leilões de energia começaram, os preços passaram a cair violentamente. Hoje estamos no patamar em que ela é a segunda mais barata do País, só perde para a hidrelétrica. Com a solar deve acontecer a mesma coisa. O seu preço está caindo no mundo inteiro. A cada quatro anos, ele se reduz pela metade. Daqui a pouco a energia solar vai ficar tão viável economicamente quanto a eólica. R:: O senhor falou da crise econômica da Europa e das viagens que tem feito por vários países. Na sua avaliação, existe algum risco desta crise afetar o mercado de energias renováveis no Brasil, a ponto de causar adiamento de planos e de investimentos? LF:: Em relação à energia eólica, de certa maneira, a crise na Europa tem nos ajudado muito. A maioria dos grandes fabricantes está lá. E ao verem seus mercados praticamente parados, eles estão vindo investir no Brasil. Mas se o País começar a sofrer por causa dessa crise, nós vamos ter um problema econômico aqui. Com isso, a demanda de energia cai.

Em relação à energia eólica, de certa maneira, a crise na Europa tem nos ajudado. A maioria dos grandes fabricantes está lá. E ao verem seus mercados parados, eles estão vindo investir no Brasil.

R:: Diante desses fatos, com qual cenário a Servtec está trabalhando para 2030? LF:: Nós somos uma empresa que atua no mercado há 43 anos e sempre estivemos ligados ao setor energético. Começamos com um segmento que depende de energia, que é o de ar condicionado, depois entramos em refrigeração, cogeração para os clientes que usavam o nosso sistema, e por fim passamos a ser investidores em geração. Esse é um segmento do qual nós não vamos mais sair. Vamos crescer muito nele. Estamos desenvolvendo hoje aproximadamente 2 GW de projetos eólicos já em andamento e estamos inscritos para o próximo leilão com 540 MW. Vemos com muita clareza que esse é um segmento interessante e que representa aquilo que a gente sabe fazer bem. Obviamente, nossos planos estão vinculados ao crescimento do Brasil. Se o País continuar crescendo, e eu acredito muito seriamente que esse problema da economia é uma onda passageira e nós vamos voltar a crescer rapidamente, a demanda por energia continuará. Nesse cenário, a eólica sempre terá uma parcela fundamental do mercado. E junto da eólica, a solar. As duas irão caminhar juntas. Nosso plano de crescimento é todo focado nisso. Só precisamos aguardar as definições governamentais para o setor.


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cobertura EVENTOS DO SETOR

Minimizando os impactos

Imagens: Divulgação

É possível conciliar a realização de grandes obras com a preocupação ambiental. Renergy Brasil foi conferir exemplos de iniciativas do tipo em uma das maiores feiras de construção do País


renergy. ano 2 > # 11 > 2011 { 73 }

É

possível realizar grandes obras de infraestrutura, como estradas e pontes, ou explorar jazidas de minério sem degradar o meio ambiente? É fato que essas atividades demandam o uso de grandes espaços, movimentam muito material e máquinas, mas hoje existe tecnologia para amenizar consideravelmente os impactos das atividades produtivas de grande porte. Renergy Brasil pôde conferir iniciativas do tipo na M&T Expo 2012 (8ª Feira Internacional de Equipamentos para Construção e 6ª Feira Internacional de Equipamentos para Mineração), realizada em São Paulo entre os dias 29 de maio e 2 de junho. Alguns exemplos foram citados por Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), entidade responsável pela M&T Expo. Segundo ele, atualmente as empresas têm à disposição equipamentos com motores mais silenciosos, menos poluentes e que consomem menos combustível. Além disso, ele ressaltou que existem máquinas de pequeno porte, por exemplo, capazes de fazer reparos em uma tubulação que passe por dentro de um parque causando o mínimo de devastação da área verde. “As grandes obras, hoje, estão com exigência elevada de preocupação ambiental”, garantiu Daniel.

Um caso de solução simples de tecnologia pensada para proteger o meio ambiente foi apresentado na M&T Expo pela Atlas Copco, fabricante de equipamentos para uso industrial. A empresa expôs modelos de chassis vedados para geradores de energia elétrica. Rodrigo Vidal, gerente de produtos da Divisão de Energia Portátil, explicou que esse tipo de máquina trabalha com três tipos de fluidos, todos altamente poluentes: óleo diesel, lubrificante e líquido de arrefecimento (água misturada com aditivo). Um problema que ocorre com frequência é que parte desses líquidos acaba vazando pela parte de baixo do gerador e se depositando no solo. Para evitar isso, a Atlas Copco oferece chassis capazes de reter até 100% de todo o volume de fluidos contido no gerador. Eles têm três pontos de coleta e estrutura construída de tal maneira, segundo Rodrigo, que todos os líquidos descem por gravidade para esses pontos. Outro exemplo foi levado pela Ciber, fabricante de equipamentos para construção, manutenção e recuperação de vias de transporte. Sua nova usina de asfalto, resultado de um investimento de R$ 2,5 milhões, é capaz de processar (mediante a aquisição de equipamentos opcionais) o Pavimento Asfáltico Reciclado. Segundo Bernardo Ronchetti, gerente de engenharia da empresa, podem ser incluídos na mistura vários componentes. Incluindo

material resultante de fresagem (retirada do asfalto velho através da raspagem da rua). Outra inovação trazida pela Ciber foi a capacidade que a usina tem, segundo a empresa, de produzir o “asfalto morno”, ou seja, obter o produto com uma temperatura 15% inferior que a usual. Isso traz como benefício a redução no consumo de combustível e, consequentemente, da emissão de poluentes. A preocupação do setor de logística com a sustentabilidade também pôde ser conferida na Buonfiglioli, fabricante de motores e equipamentos para produção de energia elétrica. Ucelli di Nemi, diretor da filial da empresa no Brasil, informou que dos 710 milhões de euros investidos em todo o mundo, 80 milhões foram para a linha de produtos ligados a energias renováveis – em especial a eólica e a solar. O executivo ressaltou que a meta da Buonfiglioli é aumentar a participação dos produtos “verdes” no portfólio da empresa, porque a expectativa é de crescimento do mercado com barateamento de custos dos equipamentos. Ele lembrou que a energia eólica, hoje, já é competitiva em relação a fontes tradicionais. E a geração solar, acredita, deve ser viável economicamente no Brasil em cerca de dez anos. Outro ambiente em que a preocupação com o meio ambiente pôde ser conferida na M&T Expo foi o ciclo debates e palestras que


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cobertura EVENTOS DO SETOR

ocorreu junto com a feira de equipamentos. Em uma delas, o engenheiro e professor da Universidade de São Paulo, Tarcisio Celestino, defendeu um túnel imerso no mar para as cidades de Santos e Guarujá, no litoral paulista. Segundo ele, a alternativa deve ser considerada, entre outros fatores, por ser a que causa menos impacto ambiental. A solução, lembrou ele, também encurta a travessia, já que dispensa a construção de grandes rampas, como ocorre nas pontes. O túnel imerso fica pouco abaixo da linha da água e é feito por estruturas modulares de concreto pré-moldado. A reciclagem de pneus, tema bastante recorrente quando se trata de minimização de impactos ambientais, também foi abordada na M&T Expo. O engenheiro mecânico Adílson João Catharino,

em palestra do Instituto Opus, afirmou que uma parte significativa dos pneus usados no Brasil é sucateada por engano e jogada fora sem necessidade. E isso vale para os mais diversos ramos de atividade empresarial no País – desde frotas de pequenos caminhões até os veículos de maquinário pesado utilizados na indústria de construção e mineração. “Ainda maltratamos muito os pneus no Brasil. Pneus ditos ‘sem conserto’ podem ser completamente recuperados e ter uma segunda vida tão ou mais longa que a primeira. Fizemos estudos de campo que mostram que cerca de 12% dos pneus sucateados no País poderiam tranquilamente ser recuperados”, diz Catharino, que tem especialização em reparo de pneus na Alemanha. Segundo o especialista, o valor que pode ser economizado com

a reforma dos pneus pode ser especialmente significativo para a indústria de mineração e construção, que usa os pneus OTR (fora de estrada), que chegam a custar 100 mil dólares a unidade. A sustentabilidade também foi foco dos realizadores da M&T Expo 2012. Foi concedido um selo ambiental para expositores que comprovaram a prática de ações para diminuir a emissão de poluentes decorrentes das atividades realizadas antes, durante e após o evento. A Sobratema, promotora do evento, também se comprometeu com a coleta e a destinação correta de todo o material resultante da montagem e desmontagem dos estandes e dos resíduos gerados pela visitação. Por fim, foi programado o cálculo do volume de emissões de CO2 e o plantio de árvores necessário para tornar o evento carbon free.



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futuro negociado O resultado da Rio+20 foi comemorado pelo secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que a classificou como um sucesso e uma vitória importante para o multilateralismo, depois de meses de difíceis negociações. Em contrapartida, ambientalistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil consideram o documento final fraco e aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92

{ por Carlos Henrique Camelo


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Rio de Janeiro sediou, de 13 a 22 de junho, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. A conferência, que ficou conhecida como Rio+20 por marcar os vinte anos da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), reuniu chefes de estado de 190 países, representantes de governos, da sociedade civil e do empresariado mundial com o objetivo de definir uma agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Depois de dias de preparação, idas e vindas e muita discussão, os chefes de estado dos 193 países integrantes da ONU aprovaram um documento final chamado “O futuro que queremos”, dividido em seis capítulos e 283 itens. O resultado da conferência foi comemorado pelo secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que a classificou como um sucesso e uma vitória importante para o multilateralismo, depois de meses de difíceis negociações.

Ban Ki-moon também fez questão de destacar os 700 compromissos voluntários, assumidos por governos, empresas e sociedade civil durante a conferência. “Se o documento final é a base para a próxima fase da nossa jornada para o desenvolvimento sustentável, os compromissos anunciados no Rio são os tijolos e o cimento. Eles serão um legado concreto e duradouro da Rio+20 e nos ajudarão a implementar a nossa visão em todas as regiões”, afirmou. Em contrapartida, ambientalistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil consideram o documento final fraco, e divulgaram uma carta direcionada aos chefes de estado intitulada “O futuro que não queremos”. No texto, eles classificam que o documento “O futuro que queremos” está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92. “A Rio+20 passará para a história como uma conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado

por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos”. Já a presidenta Dilma Rousseff, em entrevista coletiva ainda durante a conferência, classificou o resultado final como um ponto de partida para que os países avancem. Segundo a presidenta, é inconcebível que algum país fique aquém dos pontos acordados no documento final da Rio+20. “Nós construímos um ponto de partida. Um documento de conferência sobre o meio ambiente e sobre desenvolvimento sustentável, a biodiversidade, a erradicação da pobreza é, necessariamente, um ponto de partida, porque é até onde as nações chegaram, no seu conjunto. Agora, o que nós temos de exigir é que, a partir deste documento, as nações avancem. O que nós não podemos conceber é que alguém fique aquém dessa posição, além dessa posição todos devem ir”, disse.


Imagens: Agência Brasil

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O desafio do desenvolvimento sustentável Para além de discutir se o resultado

final da conferência foi um sucesso ou uma decepção, também é importante analisar os temas que compõem esta agenda de sustentabilidade que foi bastante debatida durante a Rio+20 e que continuará a ser debatida pelos próximos anos, em diferentes oportunidades e fóruns, por governos, empresários e sociedade civil. Se em 92 as atenções do mundo estavam voltadas principalmente para as mudanças climáticas, 20 anos depois a discussão se deu principalmente em torno de questões ligadas a um conceito mais amplo de sustentabilidade, que estaria amparado em três pilares: o social, o econômico e o ambiental. Os três estariam diretamente interligados, de forma que, para alcançar este desenvolvimento sustentável, será preciso uma harmo-

nia entre todos os pilares. Durante a conferência, todos os países membros apontaram que a erradicação da pobreza no mundo é o principal desafio para alcançar este desenvolvimento sustentável. Como uma das medidas para solucionar o problema da pobreza, o texto da ONU aponta a economia verde. De acordo com a compreensão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a economia verde seria aquela que ajuda a produzir uma melhoria do bem estar do ser humano, a equidade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Mas o texto da Rio+20 não estabelece regras de como se daria esta adoção e faz questão de deixar a cargo de cada país a forma de entendimento sobre a economia verde.

Em artigo, o teólogo e ambientalista Leonardo Boff afirmou que o conceito de economia verde ainda não está muito claro. Segundo ele, o conceito deveria no mínimo representar a substituição progressiva de fontes de energia carbono-intensivas por fontes renováveis de energia, bem como a substituição de recursos não renováveis por renováveis. Na visão de Boff sobre desenvolvimento sustentável, a questão ambiental deveria se sobrepor às dimensões social e econômica. “Enquanto não houver entendimento acerca dos limites do planeta, é inútil pensar em justiça social e desenvolvimento econômico. Por conseguinte, o ambiente é mais importante que o social e o econômico, já que sem ele não se pode encontrar solução para os outros dois”, afirmou o teólogo.


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Pontos principais A erradicação da pobreza não foi a única preocupação da conferência, o texto final listou também muitos outros compromissos que foram firmados ou reafirmados pelos chefes de estado dos países membros da ONU. Um deles foi o compromisso com o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), como a principal autoridade ambiental em nível mundial. O texto, porém, não estabelece de que forma se dará este fortalecimento. Havia uma expectativa de que o programa fosse transformado em uma instituição com status de agência, o que lhe daria poder de decisão, mas

o tema só deve ser tratado durante a próxima Assembleia Geral da ONU. Entre os pontos de discussão bastante esperados estava a questão da conservação de oceanos e mares, pois as águas internacionais necessitavam de uma regulamentação entre os países. Durante a conferência, as discussões avançaram neste ponto e foi estabelecido um novo instrumento internacional sob a Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos) como o marco jurídico para uso sustentável da biodiversidade e conservação em alto mar. Ao contrário da questão dos oceanos, um dos pontos que pouco

avançou foram os meios de implementação para a execução das ações do desenvolvimento sustentável. Os países com menos recursos queriam a criação de um fundo de US$ 30 bilhões/ano a ser financiado pelos países ricos, mas isso não virou realidade. O texto reconhece a “necessidade de uma significativa mobilização de recursos” para que os países em desenvolvimento possam crescer de forma sustentável, porém não estabelece de quanto será a conta e quem será o responsável por pagá-la. A crise dos países europeus teve influência neste desfecho e os países mais ricos se recusaram a assumir este compromisso.


Imagens: Agência Brasil

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Objetivos de desenvolvimento sustentável A exemplo do que ocorre com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), os membros da ONU se comprometeram a estabelecer um conjunto de metas a serem perseguidas para que os países possam avançar nas áreas socioambientais. Os objetivos ainda não foram definidos, mas deverão ser até 2013. A ideia da ONU é que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) entrem em vigor a partir de 2015, quando termina o prazo para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Após analisar os principais proble-

mas mundiais, a ONU estabeleceu em setembro de 2000 os oito compromissos do milênio que foram adotados pelos estados membros. Os objetivos são: 1. Acabar com a fome e a miséria; 2. Educação básica de qualidade para todos; 3. Igualdade entre os sexos e valorização da mulher; 4. Reduzir a mortalidade infantil; 5. Melhorar a saúde das gestantes; 6. Combater a Aids, a malária e outras doenças;

7. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; 8. Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. Junto com os objetivos também foi criado um conjunto de metas e indicadores que podem ser acompanhados pela população. No Brasil, eles podem ser acompanhados pelo site http://www. portalodm.com.br/. A expectativa é que um procedimento semelhante seja adotado em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que sejam definidas ações factíveis e critérios de avaliação do cumprimento das metas.


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destaque SUSTENTABILIDADE

Compromissos voluntários Para além do documento final, ou-

tros compromissos foram firmados voluntariamente. Um dos principais exemplos foi dado pelos prefeitos das maiores cidades do mundo, que se comprometeram em reduzir emissões de gases de efeito estufa em 12% até 2016, e em 1,3 bilhão de toneladas até 2030. Esta definição foi fruto da cúpula dos prefeitos, que reúne os prefeitos das 59 maiores cidades do mundo, entre elas, as brasileiras São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Não foram apenas as administrações municipais que deram o exemplo. A Inglaterra se comprometeu a criar o primeiro Banco de Investimentos Verdes (Green Investment Bank) do país. O anúncio foi feito pelo vice primeiro Ministro do Reino

Unido, Nick Clegg. De acordo com ele, o objetivo do banco será financiar empreendimentos de infraestrutura com baixa emissão de carbono a partir deste ano. Algumas das áreas na mira do governo serão a energia eólica (em especial os parques eólicos offshore, em alto mar), a destinação e o tratamento correto de resíduos e a eficiência energética, tanto para empresas quanto para pessoas. Líderes empresariais também não ficaram de fora dos compromissos firmados. Durante a realização do Fórum de Sustentabilidade Corporativa da Rio+20, cerca de 1.500 líderes empresariais de pequeno, médio e grande porte dos mais diferentes setores estiveram presentes para debater como atingir um objetivo comum:

trabalhar com responsabilidade, trazendo benefícios para empresas e para o mundo. Ao final foram firmados cerca de 200 compromissos para estimular negócios e soluções de sustentabilidade, que foram compilados em um documento entregue ao secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Entre os acordos estavam a declaração assinada por 45 CEOs de grandes companhias, fornecendo aos governos estratégias para um melhor uso da água, a definição de estruturas que podem ajudar empresas a reduzir o uso e restauração dos recursos naturais e o comprometimento de aproximadamente 300 instituições de ensino superior, em colocar o desenvolvimento sustentável no centro do currículo acadêmico.


Imagens: Agência Brasil

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Cúpula dos povos

Paralelamente à conferência ofi-

cial, milhares de pessoas se reuniram no Aterro do Flamengo para trocar ideias, testemunhos, experiências e protestar por um mundo melhor. O evento, que recebeu o nome de Cúpula dos Povos, foi organizado pela própria sociedade civil. Mais do que apenas debater, os representantes da cúpula elaboraram um documento de quatro páginas que foi entregue ao secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon. Além das críticas ao sistema capitalista, o documento aponta que a solução para os problemas gerados pela crise global está nas próprias co-

munidades. “As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador. A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial”.

Durante a Cúpula também houve espaço para manifestações culturais e artísticas. O artista plástico Vik Muniz , por exemplo, convocou as pessoas a trazerem lixo reciclável de casa e no final transformou tudo em uma obra coletiva. Intitulado “Projeto Paisagem”, a obra poderia ter a participação de qualquer cidadão, desde que levasse seu próprio lixo reciclável. O resultado foi uma bela paisagem do Rio de Janeiro em tamanho gigante, bem ao estilo do artista. Com o término da Cúpula ficou o compromisso de serem criados fóruns permanentes de discussão sobre sustentabilidade local. Uma página da internet, intitulada “O Fórum dos Povos” (http://www.coactivate. org/projects/forumdospovos/project-home), será o espaço utilizado para socialização e compartilhamento de propostas, planos e agendas. Em uma síntese sobre a Conferência Rio+20, o teólogo Leonardo Boff definiu os participantes em três grupos e sentimentos distintos representados por eles. No primeiro, os dos representantes oficiais e chefes de estados onde reinaria a resignação. No segundo, o dos empresários a inquietação e no terceiro, o dos participantes da Cúpula dos Povos, a esperança.

Rio + 20 em números 700

190

50 mi

45 mil

US$ 513 bi

#Rio+20

compromissos voluntários pessoas

chefes de estado e governo entre metas e ações

de acessos ao site da conferência usada 1 bilhão de vezes


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3r’s

reduzir, reutilizar, reciclar

RESÍDUOS SÓLIDOS

Para reaproveitar pneus de passeio Os pneus de carros de passeio representam um problema para o meio ambiente após o fim de sua vida útil. Eles ocupam muito espaço em aterros, 75% do pneu está vazio e não se sabe exatamente quanto tempo levará para se decompor, acarretando assim o risco de não haver mais espaço em aterros para armazenálos. Há três destinos que o pneu pode seguir. Se estiver em boas condições, poderá ser recauchutado, ganhando uma nova vida. Com certificação Inmetro, recauchutagem de pneus de carro custa metade do preço para o motorista. Em outra opção, o pneu será derretido ou cortado em pedaços para ser reciclado. Ou ainda pode ser reutilizado a partir de tratamentos de limpeza, e aproveitado como peça de decoração.

REDUZIR Não há mais razão para jogar pneus em aterros, já que existem novas maneiras para reciclá-los. Na geração de energia, o poder calorífico de raspas de pneu equivale ao do óleo combustível: 40 Mej/kg. O poder calorífico da madeira é de 14 Mej/kg. Na construção civil, o pneu é aproveitado como matéria prima em fábricas de cimento. No caso de asfalto modificado com borracha, o processo envolve a incorporação da borracha em pedaços ou em pó.

REUTILIZAR Somente o Inmetro regulamenta a recauchutagem de pneus de passeio no Brasil, obrigatoriedade estabelecida em 2008. O processo da reforma de pneus engloba limpeza, exame inicial, raspa, escariação, aplicação de conserto (quando necessário), aplicação de cola, preenchimento, preparação e aplicação da banda de rodagem/camelback, vulcanização e exame inicial.

RECICLAR O uso de carcaças de pneus na engenharia civil envolve diversas soluções criativas, em aplicações bastante diversificadas, tais como, barreira em acostamentos de estradas, elemento de construção em parques e playgrounds, quebramar, obstáculos para trânsito e, até mesmo, recifes artificiais para criação de peixes. Os pneus também podem ser tratados e aproveitados como peças de decoração em jardins residenciais, hortas, ambientes lúdicos.



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Como?

guia verde

ILUMINAÇÃO

O tipo certo de lâmpada para cada ambiente A iluminação dos ambientes de uma residência influencia diretamente no bem estar e no comportamento das pessoas. Ao ser escolhida de maneira correta para cada espaço da casa, favorece a atividade específica para o local e utiliza a energia necessária para iluminar. É possível usar a luz em um ambiente e deixá-lo mais aconchegante, relaxante, estimulante, seguro, destacado. Para cada atmosfera desejada, há uma lâmpada adequada, uma solução capaz de gerar aquilo que se deseja. Os LEDs surgem como a sensação do momento. Com uma variedade de cores, dimensões compactas, flexibilidade dos módulos, baixíssimo consumo, grande durabilidade e baixa manutenção, os LEDs se tornam cada vez mais comuns.

1

Entrada da casa. Precisa ser convidativa. A iluminância (luz que uma lâmpada irradia sobre uma determinada superfície à qual incide), apesar de pequena, deve permitir uma boa visualização do espaço como um todo e das pessoas que nele circulam.

2

Hall e corredores. As luzes também deverão ser convidativas, mas com um pouco mais de liberdade para manifestar sua criatividade. Devem ser iluminados tendo em mente tanto o aspecto decorativo como o de segurança.

3

Sala de estar. É preciso criar uma iluminação flexível que se adeque a diversas situações. Lâmpadas dimerizáveis ou sensores de presença servem para um projeto dinâmico e eficiente do ponto de vista energético.

4

Cozinha. Utilize luz difusa para evitar reflexos, principalmente no piso. No plano de trabalho, a iluminação pode ser instalada na base dos armários, além das opções de luminárias de LED, que permitem aplicações versáteis e úteis. Utilize uma temperatura de cor alta, pois na cozinha manuseamos facas e outros utensílios perigosos.

5

Banheiro. Cuidado com a iluminação do espelho, pois, caso contrário, poderá causar sombras indesejáveis no reflexo, prejudicando

atividades do cotidiano. A iluminação do banheiro deve ser suave e agradável, luminosa o suficiente para maquiagem, fazer a barba ou depilação, ou pentear os cabelos.

6

Quartos. A iluminação deve seguir um padrão com temperaturas de cor baixa. É recomendável ter pontos de luz em diferentes partes, como cabeceiras e armários. Luminárias portáteis de LED também são indicadas. Para iluminação geral, existem lâmpadas que iluminam totalmente o quarto quando aplicadas nas luminárias do teto.

7

Sala de TV. Para não cansar a vista, é preciso ter uma iluminação correta no ambiente. Não deixar nenhuma luz refletir na tela. Manter o ambiente iluminado deforma a quebra do contraste de claro/escuro provocado pela luz da TV. Iluminar suavemente a parede atrás (ou em volta) do aparelho. Mantenha uma distância de 1,5 m no mínimo da tela do televisor.

8

Sala de Jantar. Lustres cintilantes, luminárias pendentes ou “downlights” - qualquer que seja o estilo da luminária - o foco principal da iluminação de uma sala jantar está na mesa. Contudo, o esquema de iluminação deve iluminar a sala inteira.


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se ligue agenda { 88 } renergy. ano 2 > # 11 > 2011

Dicas de livros, sites, filmes e muito mais

movimento

Portal de entretenimento e serviços ligado a ecossustentabilidade. Com novidades e notícias de tudo que acontece de novo no mundo, conectado com as tendências mundiais de sustentabilidade. O objetivo do movimento “De bem com o planeta” é explicar e orientar sobre a importância do consumo consciente em todos os seus níveis, assim como suas conseqüências para a vida das próximas gerações. Veja mais em debemcomoplaneta. com.br

campanha

A Fundação SOS Mata Atlântica está com inscrições abertas para o IV Edital do programa Clickarvore. O edital vai fornecer 600 mil mudas de espécies nativas a proprietários de terras localizadas nas seguintes regiões: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Noroeste de São Paulo, Sudoeste e Leste do Mato Grosso do Sul, Norte Central e Noroeste do Paraná e Sul da Bahia. O objetivo é promover a restauração e a conservação de 360 hectares do bioma Mata Atlântica. Podem participar proprietários rurais, pessoas físicas ou jurídicas, associações, Oscips e Ongs. Inscrições até 20 de setembro pelo site www.clickarvore.com.br.

prêmio

Estão abertas até o dia 16 de setembro as inscrições para o Prêmio Santander Universidade Solidária 2012! Professores e universitários podem participar com projetos de extensão que viabilizem propostas para o desenvolvimento sustentável e a geração de renda em comunidades que apresentem demandas socioeconômicas espalhadas por todo o Brasil. A 15ª edição do prêmio irá selecionar os oito melhores projetos sob o tema “Desenvolvimento sustentável com ênfase em geração de renda”, e cada um deles recebe R$ 50 mil para execução da proposta e acompanhamento técnico das equipes de trabalho do UniSol e do Santander.

selo

O Ministério das Comunicações e os Correios, em parceria com a Abeeólica, lançaram um selo comemorativo em homenagem à energia eólica. Com tiragem de 300.000 exemplares, o novo selo de energia eólica, idealizado pela artista Adriana Shibata, traz, ao fundo, uma representação estilizada de Éolo, deus dos ventos na mitologia grega, cujo sopro movimenta os diversos aerogeradores posicionados em um campo verde, representando o meio ambiente preservado. No canto superior direito, como parte do céu, está posicionada a logomarca do Mercosul.



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o último apaga a luz

Visite projetos dos artistas do Coletivo Base / Baião Ilustrado: www.baiaoilustrado.com.br

Atitudes Renováveis. Ilustração: Thyago Cabral



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