9 772178 573006
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ano 2 > # 7 > 2011 > www.renergybrasil.com.br
ISSN 2178-5732
A energia do futuro está no mar? • •
NESTA EDIÇÃO ::: Projetos mostram o uso de ondas, correntes marítimas e eólica offshore no Brasil e no mundo
O professor e pesquisador José Eli
da Veiga em entrevista sobre economia verde
O novo Código Florestal
O maior evento de energias renováveis da América Latina The biggest renewable energy event in Latin America Circuito P&D R&D Circuit
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Eco A relação direta do homem com o meio ambiente
Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis
Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável
“entre vista
JOSÉ ELI DA VEIGA Uma análise sobre o desenvolvimento da economia verde e seus desdobramentos
34
O jornalista Washington Novaes destaca ecologia e os povos indígenas em seus documentários
30
A França planeja jato supersônico com baixo índice possível de poluição do ar 12 Lâmpadas usam a luz solar como matéria prima 14 Australiano inventa sistema de transporte público não poluente para os adeptos do ciclismo 16 Consumo colaborativo ganha adeptos no Brasil 22
Como o uso da força das ondas, correntes marítimas e ventos no mar é aproveitado em alguns projetos de geração de energia
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Trecho de ferrovia opera com energia obtida de painéis solares instalados sobre túnel 62 O Brasil já tem sua primeira usina solar comercial, a maior da América Latina 66 Os leilões da EPE em 2011 derrubaram o preço da energia eólica 68 All About Energy movimenta cadeia de fontes renováveis no Brasil 72
Os impactos e a sustentabilidade do novo Código Florestal
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Reduzir, reutilizar e reciclar a madeira da arquitetura, construção civil e decoração 86 Guia prático de como diminuir o despejo de óleo na pia da cozinha 87 Livros, sites, eventos e filmes ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88 O ilustrador JuliãoJR inspira-se no novo Código Florestal na seção "O Último Apaga a Luz" 90
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editorial
Um olhar para o futuro E
nquanto o desenvolvimento econômico do Brasil aposta na exploração da camada pré-sal, a Renergy mostra outras riquezas do mar. Sob este imenso oceano, que mostra sua riqueza de óleo e gás, o pensamento da sustentabilidade leva a olhar outras potencialidades: ondas, correntes marinhas e ventos offshore. Em um mundo sob os efeitos do aquecimento climático, a exploração de fontes fósseis para fabricação de produtos utilizados como energético dos transportes, entre outras finalidades, não parece ser o caminho para um desenvolvimento verde. Com esta preocupação, a matéria de capa desta edição aborda os projetos e suas tecnologias para geração de energia no mar. A força das ondas, das correntes marítimas e dos ventos em alto mar são aproveitadas em projetos isolados em várias partes do mundo e no País. Por aqui, ainda se caminha na fase de pesquisa, com protótipos em estudo, mas em fase de testes, como a usina de ondas no Pecém, Ceará. E, com esta apuração, perguntamos, o futuro está no mar? O valor deste imenso oceano que banha as praias brasileiras, do ponto de vista energético, é valorizado pelo profundo e recém descoberto pré-sal. É nesta camada de óleo e gás em que se deposita o futuro próspero da economia do País. O país que cresce movido a petróleo conseguirá ser limpo? O governo prevê a construção de refinarias, gasodutos. Mas os projetos de geração de energia no mar estão apenas em fase inicial. Estas duas linhas não se anulam. Mas se vê onde está a prioridade. Para continuar na linha da previsão do porvir, entre os entrevistados, destaque para o pesquisador da USP, José Eli da Veiga, que fala sobre economia verde, e para o secretário geral da WWEA (World Wind Energy Association - Associação Mundial da Energia Eólica), Stefan Gsänger, sobre os rumos do mercado eólico. Ainda no plano dos futuros impactos, uma análise sobre o novo Código Florestal proposto. Outras matérias também desenham o cenário vindouro nas grandes cidades, como o trem movido a energia solar e o aumento de ciclovias estimulando o transporte por bicicleta. Muito além das inovações, também lembramos o pesquisador Expedito Parente, que morreu em setembro deste ano. Homem de visão de futuro que desenvolveu o biodiesel, combustível verde produzido em várias partes do mundo. Deixou um legado social e ecológico para a humanidade.
A força das ondas, das correntes marítimas e dos ventos em alto mar são aproveitadas em projetos isolados em várias partes do mundo
expediente DIREÇÃO GERAL
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joana@renergybrasil.com.br
Mário Acioli
mario@renergybrasil.com.br EDIÇÃO
Carol de Castro
editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO
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Gil Dicelli
DIREÇÃO DE ARTE
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Gerardo Júnior
Estalo! Comunicação + Design REVISÃO
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CONSULTA TÉCNICA
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gustavo@renergybrasil.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Leontina Pinto (artigo) e Thyago/Assis/ Wendel/Sandes e Julião - Baião Ilustrado (ilustração) DEPARTAMENTO COMERCIAL Meiry Benevides (85) 3033 4456 comercial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Gráfica Santa Marta TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL
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CAPA Max Uchôa Estalo! Comunicação + Design Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.
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reduzir
Campanhas para redução do consumo de energia
Imagens: Divulgação
Companhias de distribuição de energia lançam campanhas, cartilhas e ações com o objetivo de reduzir o consumo de eletricidade. O objetivo é usar a informação educativa para economizar em casa, no condomínio, no campo e na indústria
E
m cartilhas, campanhas publicitárias ou websites, as empresas de distribuição de energia elétrica estão divulgando formas de reduzir a conta da luz. A economia de energia é um dos caminhos para a sustentabilidade do crescimento econômico com responsabilidade. No Brasil, praticamente todas as companhias de distribuição de energia dispõem em seus sites dicas e orientações para reduzir o
consumo de eletricidade. Muito além da informação educativa sobre economia de energia em casa, no condomínio, no campo e na indústria, as distribuidoras também apostam em outras ações. Um exemplo é o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (Reluz), uma iniciativa do governo federal que prevê financiamento para as prefeituras municipais através das conces-
sionárias e engloba projetos de melhoria, extensão e obras especiais de iluminação pública. O objetivo desse programa é modernizar os sistemas de iluminação pública com a introdução de tecnologia mais eficiente, visando à redução do consumo de energia elétrica no horário de ponta do sistema elétrico, atenuando gastos com operação e manutenção e aumentando a segurança nas vias públicas. Outro caso de uso eficiente da energia elétrica é o projeto social Troca Eficiente, da Companhia Energética do Ceará (Coelce), que troca geladeiras da população inserida no programa Baixa Renda. Desde o início do programa, há três anos, a Coelce já beneficiou comunidades de 63 municípios cearenses, trocando mais de 25 mil geladeiras. Trocando uma geladeira nova por uma velha, em mau estado, tem-se uma economia de energia de até 70%. Em watts, esse valor representa, para uma geladeira velha, o consumo médio
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de 90kw/hora/mês, enquanto uma nova consome somente cerca de 24kw/hora/mês. As geladeiras do programa Troca Eificiente Coelce têm selo de consumo tipo “A”, que significa eficiência no consumo de energia elétrica. O horário de verão também tem sido uma ferramenta para economizar energia no País. Em 125 dias, a Companhia Paranaense de Energia (Copel), por exemplo, estima que 200 megawatts de potência tenham deixado de transitar pelo sistema elétrico paranaense durante o horário de ponta, entre 18 e 21 horas. Essa potência evitada equivale à demanda máxima da
Região Metropolitana de Londrina, o segundo maior centro urbano do Estado, ou de duas cidades do porte de Foz do Iguaçu. O poder do verde A Con Edison, companhia de energia da cidade de Nova York, surpreendeu os usuários do metrô com uma campanha sobre o uso de energia no inverno passado. Pôsteres por todos os vagões faziam perguntas de múltipla escolha aos passageiros e davam dicas para serem usadas tanto em casa como no trabalho. A companhia, que usou o slogan “O poder do verde”, também
desenvolveu uma aplicação grátis para iPhone onde é possível encontrar mais de 100 maneiras de diminuir o consumo de energia. As dicas vão desde como escolher a lâmpada correta até como tirar o melhor proveito do ar condicionado e do aquecedor, grandes vilões da conta de energia nas mudanças de temperatura. E para quem acha que o bolso fala mais alto em qualquer campanha, a empresa oferece bônus (em dinheiro ou em energia) para quem trocar eletrônicos antigos por novos mais eficientes no consumo, ou ainda reciclar aparelhos velhos e que não estão em uso, como geladeiras.
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carregar
Esqueça a tomada Já existem opções de uso da energia solar para carregar aparelhos eletrônicos enquanto eles são transportados. Além da praticidade, eles representam economia de dinheiro e menos prejuízo ao meio ambiente
s equipamentos eletrônicos como smartphones e tablets oferecem cada vez mais recursos e, por isso, vivem em constante aumento de demanda por energia das suas baterias. A boa notícia para os usuários é que existe uma alternativa ao transporte constante de carregadores e ao inconveniente de ficar procurando tomadas por todo lugar. E uma alternativa ecologicamente limpa, vale ressaltar: fabricantes de mochilas e bolsas estão começando a oferecer modelos com células solares que permitem a recarga dos aparelhos enquanto eles são transportados. As opções são para todos os tipos de eletrônicos. É o caso, por exemplo, da Voltaic, uma empresa norte-americana especializada em produtos de geração de eergia para aparelhos portáteis. Ela oferece desde pequenas bolsas para tablets e celulares a mochilas e malas para notebooks. Todos os modelos são à prova d´água. O mais simples, vendido por 99 dólares, é capaz de carregar um telefone para até três horas de conversação com apenas uma hora de sol. Já a valise mais sofisticada, vendida por 499 dólares, é capaz de garantir até 45 minutos
Divulgação
O
de uso de um notebook ou a carga total de um celular, também com uma hora de exposição ao sol. A loja aceita compras online feitas fora dos Estados Unidos. No Brasil, o site Greenvana, dedicado exclusivamente a produtos de consumo sustentável, revende por aqui uma mochila da Voltaic por R$ 699,90. Segundo a empresa, uma hora de sol nos paineis
solares gera uma hora e meia de conversa no telefone ou três horas de música em um iPod. Outras opções mais baratas são um carregador para iPhone por R$ 119,90 e outro aparelho multiuso com três painéis para captação de luz solar que, depois de carregado, pode ser conectado a celulares, câmeras digitais e mp3 players, servindo como uma bateria extra. Seu preço
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é R$ 149,95. Detalhe importante: o site cobra um frete barato para Fortaleza, apenas R$ 9,13. Outra opção, também no mercado online nacional, é a mochila Xonma. Ela tem duas placas fotovoltaicas embutidas, duas pilhas AA que podem transferir energia para celulares, mp3 players, aparelhos de GPS e câmeras digitais, carregador de pilhas AA para quatro unidades, adaptador veicular de 12V, nove conectores para várias marcas e modelos de telefones e adaptador mini USB. O preço é pouco mais de 300 reais e o produto está à venda em vários sites. Por fim, há um acessório que vale
mais como curiosidade. A Ralph Lauren, grife de produtos caros e sofisticados, também projetou uma mochila com paineis solares dentro da sua marca RLX. O produto, segundo alguns sites, está sendo vendido no site da empresa. Fomos conferir e não
o encontramos. Vale pela excentricidade, já que dificilmente a mochila irá competir, em termos de praticidade e economia, com outros produtos do mercado. Segundo as descrições encontradas na internet, ela sai por aproximadamente 800 dólares.
Para saber mais sobre http://br.greenvana.com/Produto/Inovacao/Solares/Greenvana/ Mochila-Solar-Preta-e-Verde-Greenvana-by-Voltaic.aspx http://www.submarino.com.br/produto/28/21351625/ mochila+solar+xonma+multienergy http://www.voltaicsystems.com/index.shtml
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viajar
Rápido e pouco poluente
A França, que produziu o Concorde, agora planeja colocar no mercado um novo jato supersônico viável economicamente e – mais importante – que apresente o menor índice possível de poluição do ar. A expectativa é de que os primeiros aviões comecem a ser produzidos em série depois de 2040
D
esde o último pouso do supersônico Concorde, no aeroporto de Heathrow, em Londres, em 2003, a indústria da aviação tenta desenvolver um substituto para a aeronave que, voando 18 km acima da Terra, alcançava mais de dois mil km/h e conseguia ir da Europa aos Estados Unidos em aproximadamente três horas. O avião, resultado de um projeto conjunto entre França e Reino Unido, não vingou devido a alguns problemas. Tinha manutenção cara e era muito poluente: seus tanques comportavam quase 200 mil litros de querosene de aviação, para poder suportar o consumo de mais de 25 mil litros por hora. Uma das alternativas recentes para substituir o Concorde é o projeto da EADS, conglomerado que reúne várias empresas de aviação, entre elas a Airbus. Apresentado no Paris Air Show, no início deste ano, o projeto batizado de Zehst será capaz de levar até 100 pessoas de Paris a Tóquio em apenas duas horas e meia, voando a mais
de 1.200 km/h, em uma altitude de 32 km. E o que é melhor: poluindo bem menos o meio ambiente que os voos convencionais. O próprio nome do projeto é a sigla, em inglês, para Zero Emission High Supersonic Transport (Transporte
Supersônico com Emissão Zero). Isso porque, ao invés de querosene de aviação, ele usa hidrogênio líquido e biocombustíveis. Pelo tamanho do investimento, o projeto envolve vários parceiros. Junto com a EADS, participa dele o Onera (Office National
EADS /Divulgação
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d’Etudes et Recherches Aérospatiales, ou Escritório Nacional de Estudos e Pesquisas Aeroespaciais), da França. Além disso, ele é, em parte, um produto da cooperação, estabelecida desde 2005, entre o Gifas (Groupement des Industries Françaises Aéronautiques et Spatiales, ou Grupo das Indústrias Aeronáuticas e Aeroespaciais da França), e a SJAC (Society of Japanese Aerospace Companies, ou Sociedade de Empresas Aeroespaciais do Japão). Para dar uma ideia da sua complexidade, o Zehst usa três tipos de motores, operados em sequência para as fases de voo. Primeiro, dois turbojatos de alta potência são responsáveis pelo impulso desde a decolagem até que seja atingida a altitude de 5 km e a velocidade de cerca de 900 km/h. A seguir, dois motores a hidrogênio líquido o elevam a altitude de cruzeiro (aproximadamente 11 km). Por fim, ele continua subindo em velocidade e altitude até alcançar 23 km. Nesse estágio, outros dois motores, também movidos a hi-
drogênio, assumem a condução da aeronave. Como é um projeto para voos comerciais, o Zehst tem uma preocupação especial com o conforto dos passageiros. Apesar da altitude e velocidade bem acima da média dos aviões convencionais, a promessa é de que todos a bordo terão uma experiência de voo “normal”, sem necessidade de qualquer equipamento especial ou treinamento. Mesmo durante a subida inicial, que deve ser um tanto íngreme, ele não deverá trazer qualquer incômodo. E, para os pilotos, a operação da aeronave, segundo a EADS, também não deve ser muito diferente. O desafio do projeto, agora, é a sua viabilização econômica para a produção e uso em larga escala. O conceito inicial de propulsão a hidrogênio, adianta a EADS, é o primeiro passo até se chegar a uma motorização ideal. O tipo de combustível a ser escolhido no futuro, explica a empresa, precisará ter como parâmetro não só a sua performance ambiental mas tam-
bém a produção e distribuição - ou seja, ele terá de ser um combustível encontrado facilmente, como hoje é o querosene, e a um preço viável. Mas a garantia é de que o avião atenderá os requisitos definidos pela União Européia, que estabeleceu as metas de redução de emissões de aeronaves em 75% para CO2, e em 65% para os ruídos em relação aos níveis do ano 2000. Com todos os desafios, a própria EADS admite ser pouco provável que os primeiros aviões produzidos em série a partir do conceito Zehst fiquem prontos antes de 2040. A meta é fazer um projeto capaz de durar mais que o Concorde, que sucumbiu diante dos vários problemas que apresentava e de alguns graves acidentes que mancharam sua reputação de aeronave segura. E isso deve demandar muitas pesquisas. Se ele vai dar certo ou não, é difícil afirmar agora. Mas uma coisa dá para assegurar: um fator decisivo para o seu sucesso será a interação com o meio ambiente.
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iluminar
Opção pelo sol
Economia e obtenção de luminosidade através de uma fonte limpa tanto no dia quanto na noite. Esta é a proposta das lâmpadas que usam a luz solar como matéria prima
A
lém da tecnologia de células solares para gerar eletricidade, há quem esteja pensando em formas alternativas e mais baratas de usar a abundante e limpa energia do sol para iluminar residências e empresas. Os projetos vão desde idéias mais simples, como levar a luminosidade do dia a ambientes sem janelas, a projetos arquitetônicos que usam tijolos de polietileno em forma de garrafas e que podem se transformar em pontos de luz. Começando pelo mais simples, o mecânico Alfredo Moser, da cidade mineira de Uberaba, criou uma lâmpada feita de garrafa PET. O projeto, feito para economizar a conta de energia da sua oficina, chama a atenção pela engenhosidade. Ele encheu a garrafa de água, com o cuidado de colocar algumas gotas de cloro para que ela não fique turva, abriu um buraco no teto e constatou que ela tinha a capacidade de iluminar o ambiente igual a uma lâmpada comum. Por conta do baixo custo da solução, ela chegou a ser adotada, no Rio de Janeiro, por uma concessionária de energia que a incluiu em seus projetos sociais. Como muitas moradias do estado, principalmente nas favelas, tem cômodos sem janelas, a lâmpada
PET se revelou uma ótima alternativa para economizar na conta de energia. Ela só funciona, no entanto, se o imóvel não tiver forro, já que não há armazenamento de eletricidade: a luz do sol é aproveitada diretamente pela garrafa. Bem mais sofisticado e igualmente criativo é o projeto da empresa Miniwiz, de Taiwan. Ela criou o polli-brick, um tijolo feito à imagem e semelhança das garrafas
PET. Ele é de plástico translúcido, mas tem uma diferença: seu formato prevê o encaixe com outras garrafas. Combinadas em uma estrutura metálica, elas permitem a construção de prédios inteiros com resistência, segundo a Miniwiz, até para o caso de desastres naturais. Assim como as garrafas PET, os tijolos de plástico da empresa de Taiwan tem um bocal. Nele,
Foto: Cheyenne Ellis
pode ser acoplada uma lâmpada LED, que capta a energia solar e a transforma em luz. O princípio é similar ao usado pelo mecânico brasileiro. A luminosidade é potencializada pelo plástico da garrafa. Assim, durante o dia a própria luz solar pode passar pelo tijolo translúcido. E à noite, as lâmpadas de LED se acendem e usam a energia acumulada. Um projeto de grandes proporções da Miniwiz, usando os polli-bricks, é o EcoArk. Localizado em Taipei, é um pavilhão de nove andares construído a partir de 1,5 milhão de garrafas plásticas recicladas. Nele, a iluminação é ajudada pela luz solar durante o dia, que também alimenta os LED acoplados aos tijolos de plástico e os faz funcionar à noite. Segundo a empresa, a experiência tem sido bem sucedida. O edifício já recebeu desfiles de moda, a filmagem de um videoclipe e foi palco de eventos. Pesando 50% a menos que um edifício convencional (mas sólido o suficiente para resistir a incêndios ou catástrofes naturais, segundo seus fabricantes), o EcoArk será, no futuro, desmontado em nome de um objetivo nobre. Sua estrutura será distribuída para mais de cem escolas básicas e
secundárias de Taiwan para ensinar às crianças a importância da reciclagem. Um projeto igualmente interessante de uso do sol para iluminar ambientes é o da americana Nokero. Começando pelo nome da empresa, que vem de “No Kerosene” (sem querosene, uma referência à ideia de rejeitar fontes de energia poluentes). Seu produto é a N200, uma lâmpada cujo formato lembra muito as antigas luzes incandescentes amarelas que todos usavam em casa antes do advento das fluorescentes. Descrita pelos fabricantes como “a luz solar mais econômica do mercado”, ela foi projetada para ajudar populações de baixa renda a ter luz em casa. Comparando seu custo com o de velas ou querosene, ela se paga em um período de 15 dias a 2 meses. Sua capacidade é de seis horas por noite, em baixa luminosidade, e duas horas
Divulgação
Foto: Cheyenne Ellis
Foto: Cheyenne Ellis
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e meia, em alta. A bateria que armazena a energia captada do sol tem duração de um ano e meio e pode ser substituída. E como a lâmpada precisa ficar exposta para receber a radiação solar, foi feita para suportar intempéries do tempo, como chuvas inesperadas. O mais curioso na N200 é que, apesar de toda a tecnologia que emprega, ela não é um produto caro. Foi feita, realmente, para se tornar acessível para usuários de baixa renda. Seu custo, segundo os fabricantes, é de 20 dólares americanos - no Brasil, sem considerar os impostos, o preço poderia ser de aproximadamente 35 reais. Pode até ser mais cara que as lâmpadas convencionais, mas há que se considerar que o usuário não irá precisar de energia elétrica por um bom período, durante a noite. Com a economia, em pouco tempo a diferença desaparece.
Para saber mais sobre http://youtu.be/mAshNt9hC_A http://www.miniwiz.com/ http://youtu.be/3ewwVL5-hf4 http://www.nokero.com/products/n200
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inovar
Bicicleta panorâmica Um australiano inventou um sistema de transporte público não poluente para os adeptos do ciclismo. O projeto revolucionário ganhou até o apoio do Google, através de financiamento para implantação e testes em centros urbanos
Imagens: www.shweeb.co.nz/Divulgação
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U
ma mistura de bicicleta com trem. Esta poderia ser uma definição para a proposta de transporte não poluente do australiano Geoffrey Barnett, que trabalhando como professor de inglês na populosa Tóquio e usando a bicicleta como veículo principal, um dia pensou: por que não fugir dos engarrafamentos mantendo o prazer de pedalar? Assim nasceu o Shweeb, veículo que usa a tração humana através de pedais e anda atrelado a um trilho suspenso alguns metros do solo. Por enquanto, ele é só uma proposta e funciona de forma experimental em um parque de “agroaventuras” na cidade de Rotorua, Nova Zelândia - junto com atrações mais tradicionais, como bungee jump e passeio de bote em alta velocidade. No local, o protótipo funciona em uma pista de aproximadamente 200 metros e chega a até 45 quilômetros por hora. Mas o Shweeb ganhou um apoio de peso para, quem sabe em um futuro próximo, conseguir andar em extensões maiores. O projeto de Geoffrey Barnett foi um dos premiados pelo concurso 10^100, criado pelo Google para estimular idéias inovadoras em vários setores. O Shweeb foi
selecionado na categoria de transporte público e, segundo o Google, ganhou investimento de um milhão de dólares para a sua implantação e avaliação em trechos urbanos. O anúncio da seleção foi feito no segundo semestre do ano passado e os projetistas afirmam que o local de testes será anunciado em breve. O equipamento parte de uma idéia simples. O condutor viaja em uma cápsula fechada presa a um trilho suspenso e que contém um assento e pedais similares aos de uma bicicleta. Uma das suas principais vantagens, segundo a equipe responsável, é a otimização do uso da energia. Além de não poluir o ar por não ter motores, o Shweeb também foi projetado para exigir o mínimo esforço de quem o conduz. Isso graças à aerodinâmica da cápsula, que diminui a resistência do ar, e ao pouco atrito entre as partes móveis. Em caso de necessidade de enfrentar subidas (os trilhos ficam, em média, a cinco metros do chão, mas para se adaptar aos traçados urbanos podem ter trechos de declives ou aclives), a proposta é usar um sistema de sensores que detecta quando o
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inovar
condutor precisa de ajuda e, através de eletricidade, empurra a cápsula para cima. Esse sistema usaria energia solar, para manter a coerência do projeto de um veículo não poluente. Outra característica importante do Shweeb é que ele é bem versátil no que se refere à instalação de complementos para aumentar a comodidade dos usuários. Ele prevê terminais, onde, por
exemplo, será possível embarcar e desembarcar em vários pontos do caminho. Os projetistas também garantem que ele é capaz de suportar pesos acima da média. “Qualquer pessoa que caiba no assento de um trem, avião ou ônibus estará apta a andar na cápsula”, dizem eles. Da mesma forma, portadores de deficiências também podem andar no veículo sem problemas. Se o usuário não pode movimentar as pernas, por exemplo, a cápsula pode ser adaptada para que os pedais sejam acionados com os braços. E como os trilhos tem traçado definido, um deficiente visual poderia seguir nele sem medo. Um sistema de som, instalado na cápsula, informaria as estações. E se o trilho é único, não poderia haver batidas ou congestionamentos causados por condutores mais lentos? Os projetistas garantem que também pensaram nisso. As cápsulas tem uma proteção que absorve impactos. E podem ser acopladas
umas às outras. Como o atrito é mínimo, mesmo que o condutor da cápsula da frente não possa ou não queira pedalar, o que está atrás conseguirá levar os dois sem problemas. Para quem se interessar, o Shweeb é um projeto aberto a parcerias. E as oportunidades de negócios não são poucas: de acordo com os criadores, além do transporte coletivo, o sistema pode ser usado para velódromos, passeios turísticos e parques de aventuras - como o que já é usado no protótipo da Nova Zelândia. As condições mínimas para sua viabilização econômica são proximidade com centros urbanos de grande densidade demográfica ou boas rotas turísticas, ambientes com estabilidade econômica e política que favoreçam investimentos em infraestrutura e, se possível, condições meteorológicas sem grandes variações ao longo do ano. Alguém se habilita? E-mails (em inglês) para o endereço sophia@shweeb.co.uk.
Para saber mais sobre • O nome Shweeb vem do alemão “schweben”, que significa flutuar, pairar, estar suspenso. • As primeiras unidades projetadas do sistema eram bastante rudimentares e não previam uma cápsula. Contavam apenas com um assento aberto. • S egundo seus projetistas, o Shweeb pode transportar até 1.200 pessoas por hora. Esse número foi obtido com base no cálculo de 30 segundos para cada usuário embarcar e uma estação com capacidade para 10 cápsulas. • O custo estimado para um sistema com duas linhas (uma de ida, outra de volta) é de aproximadamente 4 mil dólares por metro, considerando tudo que é necessário, como estações, trilhos, postes e cápsulas. Mas, como ele nunca foi implantado em um centro urbano, os projetistas avisam que os valores podem mudar. • M ais informações sobre o Shweeb podem ser obtidas nos seguintes endereços: www.schweeb.com http://googleblog.blogspot.com/2010/09/10-million-for-project-10100-winners.html http://www.shweeb.co.nz/ http://www.agroventures.co.nz/
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Com mais de 80 anos de experiência em energia, a KEMA está presente nas maiores empresas do segmento e seus especialistas tem trabalhado nas mais complexas soluções de Smart Grid, em nível mundial. A KEMA estará no METERING Latin America, de 25 a 27 de Outubro de 2011, no Centro de Convenções Frei Caneca, São Paulo. Venha nos visitar no stand 29 e conversar com nossos especialistas e alguns clientes sobre as soluções práticas da KEMA. Isto é Smart Grid para o mundo real.
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aquecer
Alternativa limpa e barata
Para facilitar o acesso aos aquecedores solares de água à venda no mercado, que tem custo alto, existem várias opções de sistemas feitos com garrafas PET, caixas de leite e tubos PVC. Saiba mais sobre eles
Divulgação
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or serem feitas de plástico, as garrafas PET tem sido frequentemente apontadas como um dos principais problemas da poluição ambiental. Mas exatamente pela grande abundância delas, o que leva à facilidade de acesso, vem inspirando muitos inventores preocupados com a preservação do planeta. Uma das alternativas para tirar dezenas delas de circulação e dar-lhes uma utilidade é o aquecedor solar de água de baixo custo. Usando basicamente garrafas PET, caixas de leite longa vida e canos de PVC, ele permite instalar no teto de casa um sistema baseado nos existentes no comércio, que usam a tecnologia de termossifão. Esse método funciona através da diferença de densidade entre a água quente e a fria. Nele, o reservatório é colocado acima dos coletores e a água quente, por ser menos densa e mais leve, se desloca para a parte superior. E a água fria, mais densa e pesada, fica na parte inferior. Isso estabelece a circulação do líquido. Pela simplicidade do sistema de termossifão e o baixo custo
dos materiais empregados, são várias as opções de aquecedores solares disponíveis com garrafas PET, atualmente. Há inclusive tutoriais detalhados na internet de como montar um em casa. Vamos descrever um dos que mais se destacaram, no Brasil: o do aposentado catarinense José Alcino Alano. Seu projeto recebeu apoio do governo do Paraná e faz parte do Programa Desperdício Zero, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente daquele estado. O manual completo do aquecedor está disponível no endereço http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/ cors/Kit_res_17_aquecedor_solar.pdf. Segundo a descrição do sistema criado por José Alcino, cada vez que a água percorre o aquecedor, ela tem a temperatura elevada em 10º C, em média. Em uma exposição de seis horas (das 10 da manhã às 4 da tarde), ela pode atingir 52º C no verão e 38° C no inverno. Basicamente, o aquecedor funciona da seguinte forma: as embalagens longa vida de leite são pintadas de preto para facilitar a absorção de calor. Esse calor,
Para saber mais sobre http://youtu.be/jKnSxJ_TnO8 http://youtu.be/42as7gLryb0 http://youtu.be/7CLeKGNtjvE http://www.sociedadedosol.org.br/asbc/asbc_online.htm
por sua vez, é retido no interior das garrafas e transferido para a água através das colunas de PVC, também pintadas em preto. O dimensionamento do projeto prevê que, para obter água quente para um banho de uma pessoa, é preciso um aquecedor solar de 1 m, com 60 garrafas PET e 50 embalagens longa vida. Logo, para uma família média, seriam 240 garrafas PET e 200 embalagens longa vida. Vale ressaltar que o aquecedor solar com material de baixo custo é o único capaz de rivalizar, em termos de viabilidade econômica, com o chuveiro elétrico e o sistema a gás. Os equipamentos de aquecimento solar disponíveis no comércio não saem por menos de mil reais. Segundo a ONG Sociedade do Sol, dedicada ao desenvolvimento de atividades relacionadas ao uso da energia solar, seriam precisos três anos, aproximadamente, para compensar o investimento. Já com o aquecedor caseiro o único material a ser comprado é a tubulação PVC, já que milhares de unidades de garrafas PET e caixas de leite são descartadas diariamente.
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consumir
Brasil adere ao consumo colaborativo A prática de emprestar ou alugar coisas já é bem comum nos Estados Unidos. Os consumidores voltaram os olhos para o que estava guardado na garagem e viram ali uma oportunidade de ganhar dinheiro. A esse comércio alternativo foi dado o nome de “consumo colaborativo” novo conceito estimula o compartilhamento de produtos, fazendo com que o mesmo seja utilizado por mais pessoas, aumentando sua vida útil e evitando o uso de novas matérias primas. A prática já virou tendência em alguns países da Europa e, finalmente, chega ao Brasil, com o portal DescolaAí.com, gerenciado pela GreenBusiness, empresa liderada por Gui Brammer. Lançado em julho deste ano, o DescolaAí.com foi desenvolvido para reunir, de forma segura, pessoas simpáticas ao consumo colaborativo. Ao acessar o portal e preencher o cadastro, o usuário já pode iniciar a busca. O sistema toma como referência o CEP do cliente e identifica a pessoa mais próxima geograficamente que possa emprestar. Identificada a possibilidade de troca, o sistema apresenta os dois usuários e informa um código de segurança exclusivo para a transação. Detalhes da negociação,
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como valor e período de empréstimo, são definidos pelos próprios usuários. Para garantir a segurança do dono do objeto que será emprestado, o sistema registra os dados do cartão de crédito do locatário e estipula um valor caução, para o caso de o produto não ser devolvido ou voltar danificado. Há ainda a parceria com a PayPal, para realização dos pagamentos, e com Serasa-Experian (para garantir a autenticidade do CPF dos usuários). São medidas que visam diminuir a desconfiança nas transações e
garantir a segurança dos usuários. Se houver qualquer problema, o portal faz a intermediação. O pagamento só ocorre depois que o produto é devolvido e checado. Com a devolução, o sistema do portal finaliza o empréstimo, libera o pagamento e solicita pontuação dos usuários, de forma a criar um ranking com os usuários do portal mais confiáveis. O diferencial desse novo modelo de escambo é estar atrelado às demandas contemporâneas e ao apelo sustentável. De acordo com Gui Brammer, diretor do
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portal DescolaAí.com, quando se empresta um produto se deixa de comprar um novo e se reduz a extração de novas matérias primas. “Várias vezes compramos coisas que usamos pouco e que acabam até estragando por falta de uso”, argumenta. A estratégia foca nos 3R - redução do consumo, reutilização dos produtos e reciclagem no final de sua vida útil, e a aposta da empresa é mudar o comportamento do brasileiro, ainda relutante em relação à febre de consumo virtual. “Nossa ideia é atingir 100 mil usuários até o meio de 2012”, planeja Gui Brammer. inlustração multi empreendimentos(eolica)curvas.ai 1 10/08/2011 19:36:21
Um bom negócio A prática do Consumo Colaborativo, além de atender as atuais demandas por ações sustentáveis, também pode ser um negócio rentável. Nos Estados Unidos, são pelo menos três grandes empresas: o NeighborGoods, o SnapGoods e o ShareSomeSugar. Todos para aluguel de objetos entre vizinhos. Também americana, a Zipcar disponibiliza automóveis em diferentes pontos da cidade para atender quem precisa de um carro só por algumas horas. Ao alugar o carro, o consumidor fica livre de despesas fixas e do valor que paga pelo desgaste do automóvel.
Há ainda os sites especializados, a nova febre entre os consumidores. Nos Estados Unidos, o ThredUp atende aos pais que veem as roupinhas dos filhos ficarem perdidas rapidamente. Através do site, são negociadas, por mês, cerca de 14 mil peças. Já o Swap chega a realizar campanhas para troca de livros e uniformes em escolas infantis. No Brasil, ainda não é muito comum o empréstimo de objetos, mas iniciativas como o site www.enjoei.com.br, promovem com sucesso a compra e venda de roupas e acessórios adultos e infantis.
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pedalar
Alternativa para transporte Foto: Breno Pataro
Se priorizadas no planejamento urbano, as bicicletas podem ser uma alternativa de transporte nas grandes cidades
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bicicleta está entre os meios de transporte menos agressivos ao meio ambiente e perfeita para pequenos trajetos. Porém, adotar a bike como meio de transporte primário exige alguns cuidados. Para que o ciclista tenha segurança, são necessárias sinalização (vertical, horizontal, semafórica) e iluminação adequadas, além das vias de circula-
ção (ciclovias, ciclofaixas, circulação partilhada). Também devem ser criados estacionamentos próprios para os ciclistas, como bicicletários e paraciclos, em pontos estratégicos da cidade. O Rio de Janeiro tem 235 quilômetros de ciclovias implantadas. Com o projeto “Rio Capital da Bicicleta”, devem ser mais de 300 km até 2012. A capital fluminense conta ainda com um sistema de locação de bicicletas, semelhante ao de Paris. Em Curitiba há, atualmente, 118 km de ciclovias e circulação compartilhada com pedestre, mas a expectativa é alcançar 400 km até 2014. Já o Distrito Federal desenvolveu um programa de 610 km, o que dará à capital federal a maior malha cicloviária da América Latina. Em Aracaju, foram implantados e requalificados 54 km de vias e a previsão é de que em breve
haja outros 60 km para ciclistas. Vinte quilômetros também é a disponibilidade atual de faixas exclusivas para os ciclistas de Salvador, mas se prevê a implantação de 217 km de malha cicloviária. Depois da China, a Dinamarca é o país que mais usa bicicleta. Lá, aprende-se a pedalar quase ao mesmo tempo das primeiras passadas. Nas bicicletas dos pais, é comum ter uma cadeirinha para carregar as crianças, ou pequenos carrinhos acoplados, para proteger os pequenos do vento e da chuva. O país tem mais de 10 mil km de ciclovias e, ao comprar uma bicicleta, o chassi é registrado no nome do proprietário. Em quase toda a Europa, é permitido levar as bicicletas em trens e metrôs, nos vagões específicos, com encaixes e assentos adaptados às bicicletas, que são obrigadas a ter luzes para facilitar a identificação nos períodos de noite.
As 10 melhores cidades do mundo para andar de bicicleta 1º. Amsterdã (Holanda) 2º. Copenhagen (Dinamarca) 3º. Bogotá (Colômbia) 4º. Curitiba (Brasil) 5º. Montreal (Canadá) Fonte: Askmen
6º. Portland (Estados Unidos) 7º. Basileia (Suíça) 8º. Barcelona (Espanha) 9º. Pequim (China) 10º. Trondheim (Noruega)
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cidade renovável A capital do
REFERÊNCIA VERDE
meio ambiente
Estocolmo, na Suécia, é um exemplo de harmonia entre o agito e o progresso de uma metrópole com o respeito à natureza
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© Tupungato | Dreamstime.com
Estocolmo
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ara um brasileiro, a visão de uma pessoa pescando um peixe (comestível) em um rio de águas limpas perto do burburinho do centro de uma metrópole é algo inimaginável. Mas para os moradores de Estocolmo, capital da Suécia, o fato faz parte do cotidiano. Com 40% do seu território coberto por áreas verdes e uma forte política de preservação do meio ambiente, a cidade é uma referência no que se refere a respeito e convivência de sua população com os recursos naturais. E a iniciativa não vem só do poder público. Os moradores fazem sua parte, e o esforço inclui até sacrifícios. Estocolmo tem invernos rigorosos e as baixas temperaturas podem durar até cinco meses. Mesmo assim, 20% da população economicamente ativa abrem mão do conforto do carro e enfrentam o frio para ir ao trabalho de bicicleta. No verão, a participação chega a 1/3 do contingente de trabalhadores. E mesmo quem usa o transporte coletivo também está dando sua contribuição para preservar a natureza. A Suécia é uma das pio-
neiras mundiais no uso de ônibus movidos a etanol em larga escala. E a sua capital espera, até o ano que vem, fazer com que metade dos veículos do seu sistema de transporte público seja movido por fontes de energia renováveis. Uma delas, inclusive, é o etanol, tecnologia criada aqui no Brasil mas pouco usada em veículos coletivos. O resultado pode ser conferido no ar respirado pelos habitantes da capital sueca. Os esforços para reduzir a poluição fizeram com que tenha obtido uma média de emissões de dióxido de carbono de até 3,4 toneladas per capita em 2009. E a expectativa é chegar a 3 toneladas em 2015. Na Suécia, como um todo, as emissões de CO2 são de seis toneladas per capita. Já a média europeia é de 10 toneladas. Também por causa do frio intenso, os habitantes de Estocolmo precisam gastar muita energia com aquecimento. Mas também nesse caso foram encontradas soluções interessantes para não agredir o meio ambiente. Cerca de 75% dos edifícios na capital ganharam instalações de aqueci-
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cidade renovável
© Tupungato | Dreamstime.com
REFERÊNCIA VERDE
mento central que usam energias renováveise são capazes de produzir eletricidade. Um exemplo são prédios e casas com paineis solares no telhado. A energia é armazenada em caldeiras para uso durante os meses de inverno. Além disso, o lixo orgânico se transforma em adubo ou gás. Outros resíduos não recicláveis vão para uma usina de incineração que também gera energia com a queima. Vale ressaltar que a preocupação da cidade não considera apenas o meio ambiente local. Os esforços tem enfocado o transporte rodoviário e os sistemas de calefação porque, juntos, eles respondem por 43 por cento de todas as emissões de gases causadores de efeito estufa na União Europeia. Além disso, a cidade conta com o Stockholm International Water Institute (SIWI), dedicado a estimular mundialmente programas e atividades que encontrem soluções sustentáveis p ara o uso racional da água. A entidade tem, inclusive,
prêmios para as experiências mais bem sucedidas. Primeiro foi criado o Stockholm Water Prize, concedido a pessoas ou instituições cujo trabalho contribui para a conservação e proteção dos recursos hídricos. Depois veio o Stockholm Water Prize Junior, para encorajar o interesse de jovens cientistas em todo o mundo pela conservação da água e do meio ambiente. A cada ano, ele reúne milhares de participantes em mais de 30 países, que concorrem a uma chance de representar sua nação na final, realizada durante a Semana Mundial da Água, em Estocolmo. Por fim, há o Stockholm Industry Water Award, dedicado às experiências das indústrias, conhecidas como grandes consumidores de recursos naturais. Para quem, no entanto, acha que o exemplo de Estocolmo é impossível de ser imitado porque não dá para combater séculos de agressão à natureza, é bom destacar que na capital sueca nem sempre
foi assim. Cercada de água, com muitas ilhas, a cidade, na década de 1960, viu o processo de industrialização (a Suécia é sede de grandes empresas mundiais, como Volvo, Scania, Ericsson e Electrolux) prejudicar seu meio ambiente. Principalmente os recursos hídricos. Na prática, as pessoas não podiam mais pescar seu salmão ou nadar nas áreas centrais por causa da poluição. Foi então que elas resolveram começar a reverter o quadro. Hoje, praticamente todos os moradores da cidade vivem a curta distância de lagos, trilhas e outros ambientes naturais. Todos bem conservados, ambientalmente falando.
Para saber mais sobre Site oficial da cidade: www.v isitstockholm.com/en/ Stockholm International Water Institute: www.siwi.org/
Nos parques eólicos, inovação e conhecimento são tão importantes quanto os ventos In wind farms, innovation and knowledge are just as important as the wind. Fundamental para garantir a viabilidade dos projetos, a infraestrutura dos parques eólicos precisa ser executada por profissionais que reúnam experiência e tecnologia. Por isso o Consórcio Petra-BM é o líder deste segmento no Brasil. Responsável pelas obras de parques que respondem por parcela significativa da capacidade instalada no país, o Consórcio Petra-BM desenvolve soluções sob medida para qualquer tipo de terreno. Graças ao conhecimento de seus engenheiros e à sua capacidade de inovação, a empresa aproveita as condições naturais para criar projetos ainda mais eficientes. Assim, o Consórcio Petra-BM é hoje uma das principais parceiras do desenvolvimento do parque eólico nacional ao reunir experiência, excelência técnica e compromisso com o meio ambiente. Venha conhecer o nosso trabalho! Essential for making sure that the projects are indeed feasible, the infrastructure of wind farms needs to be implemented by professional people who bring experience as well as technology. For this reason, Petra-BM Consortium is the leader of this segment in Brazil. Responsible for the construction work for wind farms that account for a significant part of the capacity installed in the country, Petra-BM Consortium develops tailor-made solutions for any kind of terrain. Thanks to the knowledge amassed by the company engineers and also their capacity of innovation, the company makes use of the natural conditions to create projects that are even more efficient. Thus, Petra-BM Consortium is now one of the most important partners in the development of the national wind energy park, on bringing a unique blend of experience, technical excellence and a commitment to the environment. Come and get to know our work!
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rg verde PERFIL
Destaque ao meio ambiente e povos indĂgenas Esses dois temas marcaram a carreira do jornalista Washington LuĂz Rodrigues Novaes e o consagraram profissionalmente
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história de Washington Luíz Rodrigues Novaes começa em 1934, na pequena Vargem Grande do Sul, Serra da Mantiqueira, São Paulo. Ele é filho do professor e político Henrique de Britto Novaes e da costureira espanhola Arlinda Rodrigues Novaes, imigrada aos dois anos de idade da Galícia para as lavouras cafeeiras do Brasil. De lá até os dias de hoje, já é mais de meio século dedicado aos temas meio ambiente e povos indígenas. Washington é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (turma de 1957), mas ainda na faculdade iniciou o trabalho como revisor no jornal Folha da Manhã. Depois de graduado, chegou a abrir um escritório de advocacia e, por dois anos, dividiu-se entre as duas profissões. Mas logo concluiu que a vocação para os textos era mais forte e abraçou o jornalismo, há 55 anos. Já foi repórter, editor, diretor e colunista das principais publicações brasileiras: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Última Hora, Correio da Manhã, Veja e Visão. Na televisão, foi comentarista de telejornais das redes Bandeirantes e Manchete, além do programa Globo Ecologia. Também foi editor do Jornal Nacional, na Rede Globo de Televisão.
Foi o responsável pela estruturação do Globo Repórter e, por sete anos, esteve como editor chefe do programa, que revelou importantes documentaristas brasileiros. À frente do Globo Repórter, dirigiu os documentários “Amazonas - a pátria da água” (premiado no Festival de Televisão de Nova York), “As crianças do reino do Porantim” (roteiros de Thiago de Mello), “A doença dos remédios”, “O conto do vestibular” e “O caso Ângela Diniz”, entre outros. É desta época o início de sua preocupação com a questão ambiental e seu primeiro contato com povos indígenas, dois temas que marcariam sua carreira e que o consagrariam profissionalmente. Ainda na década de 1970, Washington Novaes iniciou os registros das aldeias indígenas e se encantou pelo modelo de sociedade na qual vivem os índios. “Na sociedade indígena, não há delegação de poder. O chefe não dá ordem. Ele é o que mais conhece a cultura e atua como mediador, mas não manda. O índio nasce e morre sem receber uma ordem”, observa. Washington lembra ainda que na aldeia a informação é aberta. “O que um sabe, todos podem saber. Ninguém se apropria da informação com interesses políticos e econômicos”, afirma. Pela TV Cultura, realizou, em 2001,
a série de cinco programas “Desafio do Lixo”, gravada em nove países e dez estados brasileiros. Nos anos seguintes, além dos documentários “Primeiro Mundo É Aqui”, sobre biodiversidade, “A Década da Aflição” e “Depois da Rio + 10” (2002), ambos sobre a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na África do Sul, realizou “Cerrado Urgente” (2003), a respeito da situação dramática do segundo maior bioma brasileiro, ameaçado de extinção, “Biodiversidade - No Rastro do Cometa” (2004), sobre a biodiversidade na cidade de São Paulo, sua perda e os problemas decorrentes, além de um documentário sobre a Caatinga. Como produtor independente de televisão, dirigiu as séries “Xingu - a terra mágica”, trabalho equiparado pelo antropólogo Rodolfo Gutilla ao grande clássico de Gilberto Freyre, “Casa Grande e Senzala”; “Kuarup”, “Pantanal” e “Xingu - a terra ameaçada”. A série “Xingu” recebeu prêmios em Cuba e na Coreia do Sul, e foi homenageada com uma sala especial na prestigiada Bienal de Artes de Veneza, em 1986. A versão compacta da série se tornaria depois um dos homevideos mais vendidos do País, com mais de 70 mil cópias comercializadas. Em 2006, Novaes retornou ao Parque Indígena do Xingu para realizar
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rg verde PERFIL também ganhou o Prêmio Unesco de Meio Ambiente 2004 e o Prêmio Prof. Azevedo Netto 2004, conferido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Na literatura, o jornalista contribuiu com obras importantes para a temática indígena e ambiental: “Xingu” (Brasiliense), “A quem pertence a informação” (Nova - Assessoria e Publicações) , “A Terra pede água” (Sematec/BSB) e “A Década do Impasse” (Editora Estação Liberdade). O paulista teve ainda uma passagem pelo setor público, no cargo de secretário de Meio Ambiente Ciência e Tecnologia do Governo do Distrito Federal, em 1991 e 1992. Desde então, abraçaria a luta pelo conhecimento, defesa e preservação do Cerrado, o bioma menos conhecido e mais devastado do País. Foi consultor do “Primeiro Relatório Brasileiro para a
Convenção da Diversidade Biológica”, dos “Relatórios sobre Desenvolvimento Humano” da ONU, de 1996 a 1998, e sistematizou a “Agenda 21 Brasileira - Bases para a Discussão”. Também representou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 21 brasileira. Washington Novaes vive em Goiânia há 28 anos e tem participado de discussões sobre problemas brasileiros em seminários e workshops em quase todos os estados. Atualmente, é colunista dos jornais O Estado de São Paulo, O Popular e da Rádio O Estadão, consultor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, onde é supervisor de biodiversidade, e comentarista do programa “Repórter Eco”. Também é documentarista e produtor independente de televisão. Pedro Biondi/ABr
uma nova série de documentários, mostrando desta vez as transformações ocorridas desde a série anterior, 22 anos antes. Com seis episódios, foi exibida em 2007 e teve grande repercussão pela TV Cultura e Rede Pública de TV. “A sociedade indígena é autossuficiente. Eles sabem fazer tudo o que precisam para viver. E sabem conviver com o meio ambiente. Os índios não criam problemas ambientais”, afirma. Tamanha dedicação rendeu a Washington vários prêmios internacionais e nacionais de jornalismo e televisão, entre eles, medalhas de ouro e prata em festivais mundiais de televisão em Nova York, Havana, Seul e Portugal, o Prêmio de Jornalismo Rei de Espanha, o prêmio do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Serra da Estrela (Portugal), o troféu Golfinho de Ouro e o Prêmio Esso Especial de Meio Ambiente. O jornalista
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personagem ENTREVISTA
JOSÉ ELI DA VEIGA
Economia verde O economista e professor José Eli da Veiga trata nesta entrevista como desenvolvimento sustentável e econômico não são temas paradoxais. E ainda explica como um novo tipo de crescimento na economia pode surgir em prol de uma sociedade com qualidade de vida
{ Carol de Castro
Foto: Ricardo Soubhia
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personagem ENTREVISTA
JOSÉ ELI DA VEIGA de sustentabilidade ambiental”, complementa. O professor defende os novos rumos de uma economia verde.
desenvolvimento sustentável tem sido o centro dos estudos do agrônomo e economista José Eli da Veiga. O ecodesenvolvimento também orienta suas atividades de professor. Atualmente, é orientador do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (IRI-USP) e professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Autor e coautor de vários livros sobre o tema, Veiga se utiliza do processo de desenvolvimento para falar de danos ambientais e da questão climática. E é categórico: “Não há rumo para o desenvolvimento sustentável que não comece pela transição energética, que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis”. Como pesquisador do Núcleo de Economia Socioambiental (NESA), Veiga aponta que o crescimento econômico pode surgir em prol de uma sociedade com qualidade de vida. E alerta que há necessidade de se medir o desempenho para além da produção. “Além de apontar a necessidade de se medir o desempenhoeconômicoolhando para renda e consumo, também se tornarão imprescindíveis novas medidas de qualidade de vida e
R:: Como surgiu a ideia de que desenvolvimento sustentável exige crescimento verde? Como isso é possível? JEV:: Surgiu em 1966, em publicações praticamente simultâneas de Kenneth Boulding (1910-1913) e de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). Em 1973, foi reformulada por Herman Daly (1938) na proposta de condição estável (“steady state”). Uma tese que até os anos 2008-2010 só interessava a um pequeno grupo de economistas ecológicos, mas que nesse
R:: Como o Brasil está inserido nestas teorias? JEV:: O desenvolvimento da sociedade brasileira foi muito mais intenso nos últimos trinta anos do que em qualquer período anterior. O inverso ocorreu com o crescimento de sua economia, medido pelo aumento do PIB per capita. Por mais de um século (1870-1980) essa economia foi campeã de crescimento entre as dez maiores do mundo. Ultimamente só não foi a lanterninha por causa da persistente estagnação japonesa. Ou seja, nos últimos trinta anos houve muito mais desenvolvimento com muito menos crescimento. Tal contraste merece a atenção
Não há rumo para o desenvolvimento sustentável que não comece pela transição energética que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis
período passou a ter audiência muito maior. Estudos mostram a profunda incompatibilidade entre a lógica das teorias e modelos macroeconômicos disponíveis e aquela que poderá abrir alguma via para a sustentabilidade do desenvolvimento. Simultaneamente, também deixam bem claro que ainda não existe alguma macroeconomia que seja desvinculada de um aumento incessante do consumo. Fato que, evidentemente, só contribui para que se tente apresentar a vetusta macroeconomia nessa nova embalagem que é o “crescimento verde”.
de quem continua a supor que o desenvolvimento seja diretamente proporcional ao aumento do PIB per capita, para nem mencionar a terrível crença de que desenvolvimento seja mero sinônimo de crescimento econômico. Se assim fosse, teria sido forçosamente pífio o desenvolvimento da sociedade brasileira nos últimos três decênios. R:: Como medir o crescimento econômico em prol de uma sociedade com qualidade de vida? JEV:: Além de apontar a necessidade de se medir o desempenho
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econômico olhando para renda e consumo, em vez de olhar para a produção, também se tornarão imprescindíveis novas medidas de qualidade de vida e de sustentabilidade ambiental. Medidas subjetivas de bem estar fornecem informações chave sobre a qualidade de vida das pessoas. Por isso, as agências de estatística precisarão pesquisar as avaliações que as pessoas fazem de suas vidas, suas experiências hedônicas e as suas prioridades. Além disso, qualidade de vida também depende, é claro, das condições objetivas e das oportunidades. Terão de melhorar as mensurações de oito dimensões cruciais: saúde, educação, atividades pessoais,
de diferentes índices compostos ou sintéticos.
voz política, conexões sociais, condições ambientais e insegurança (pessoal e econômica). As desigualdades também precisarão ser avaliadas de forma bem abrangente para todas essas oito dimensões. E levantamentos deverão ser concebidos de forma a avaliar ligações entre várias dimensões da qualidade de vida de cada pessoa, sobretudo para elaboração de políticas em cada área. Enfim, as agências de estatística terão que prover as informações necessárias para que as diversas dimensões da qualidade de vida possam ser agregadas, permitindo a construção
sustentabilidade. Os aspectos ambientais da sustentabilidade exigem acompanhamento específico por indicadores físicos. E é particularmente necessário um claro indicador da aproximação de níveis perigosos de danos ambientais, como os que estão associados à mudança climática, por exemplo.
Foto: Maria Zulmira de Souza
R:: E como avaliar o desenvolvimento sustentável? JEV:: Já a avaliação da sustentabilidade requer um pequeno conjunto bem escolhido de indicadores, diferente dos que podem avaliar qualidade de vida e desempenho econômico. Característica fundamental dos componentes desse conjunto deve ser a possibilidade de interpretá-los como variações de estoques e não de fluxos. Algum índice monetário de sustentabilidade até poderá fazer parte, mas deverá permanecer exclusivamente focado na dimensão estritamente econômica da
R:: Afinal, o que é sustentabilidade? É um termo que ganhou força. O que está em jogo? JEV:: Seja qual for a preferência que se tenha por algum dos inúmeros sentidos que possa ser
atribuído ao vocábulo “sustentabilidade”, é inevitável que ele evoque o futuro. A responsabilidade de não fazer hoje o que possa prejudicar ou inviabilizar o amanhã. Em sua versão mais popularizada, esse dilema (ou desafio) é focado no atendimento das necessidades do presente sem que ele comprometa a capacidade das futuras gerações de fazerem o mesmo. Entretanto, as sociedades humanas, atuais ou futuras, continuarão atribuindo muito valor a coisas que não podem ser consideradas “necessidades”. E também é difícil imaginar que possa se manifestar com facilidade esse tipo de solidariedade intergeracional, se no presente ela não se manifesta sequer em favor dos seres humanos que estão sofrendo as atrocidades das guerras, da miséria, da fome, ou da falta de acesso à água potável. Por isso, o mais fácil é rejeitar qualquer discurso sobre sustentabilidade, taxando-o de ilusionismo retórico. Todavia, há exemplos históricos de manifestações sociais de altruísmo, mesmo que sejam infinitamente mais escassos do que seu inverso. O exemplo mais próximo talvez seja o do processo que levou ao fim da escravidão. Por isso, não pode ser rechaçada a ideia de que aumente a preocupação moral dos atuais adultos com as condições de vida que poderão ter seus netos ou bisnetos. Mesmo que não cheguem a se comover com a parte mais séria da questão, pois é a própria existência de gerações pós bisnetos que está sendo posta em dúvida pela ciência. O que está em jogo quando se fala de sustentabilidade é a capacidade adquirida pela espécie humana
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personagem ENTREVISTA
JOSÉ ELI DA VEIGA exóticas ou da conservação dos solos e da proteção de habitats. Todas essas conquistas poderiam se mostrar irrisórias caso não viessem acompanhadas de contenção da concentração de gases estufa na atmosfera, provocada principalmente pelo uso e abuso de fontes fósseis de energia. E de adaptação a uma talvez inevitável nova realidade climática. Esta é a razão da primazia do aquecimento global. Não há rumo para o desenvolvimento sustentável que não comece pela transição energética que permitirá a superação da atual dependência das fontes fósseis. O oposto seria continuar a esbanjar recursos crescentemente escassos, desestimulando simultaneamente incipientes inovações no âmbito das energias ditas renováveis e imprescindíveis pesquisas de base sobre novas fontes.
de encurtar seu prazo de validade ao acelerar o inevitável processo de sua própria extinção. R:: O meio ambiente está em perigo? JEV:: Há uma dezena de problemas ambientais que precisarão ser enfrentados, e que costumam ser classificados ou hierarquizados de várias maneiras. No entanto, sempre ocuparão o topo de qualquer lista três questões essenciais: clima, água, biodiversidade. E há um simples critério que imediatamente os distingue. Alguns - como a poluição dos rios, por exemplo - podem ser revertidos, e suas consequências tendem a ser mitigadas com o enriquecimento das sociedades. Outros - como a ruptura climática - são de dificílimo manejo, mesmo na hipótese de que possa surgir prioritária e efetiva ação conjunta da comunidade internacional. Além disso, um sério aquecimento global terá forte impacto negativo sobre muitos ecossistemas, reduzindo, e até anulando, ganhos obtidos por práticas de conservação da biodiversidade, de gestão dos recursos hídricos, ou de adequada produção alimentar. R:: Como reverter os danos ambientais causados pelo desenvolvimento? JEV:: Sob o prisma histórico do processo de desenvolvimento, não é possível pensar em muitas reversões de danos ambientais se não for enfrentada concomitantemente a questão climática. Seja no âmbito dos vários tipos de poluição, das reciclagens, do uso de produtos tóxicos, do manejo do lixo, do controle de espécies
Energia nuclear: Do anátema ao diálogo José Eli da Veiga Editora: Senac São Paulo 136 páginas
R:: É possível um crescimento econômico com qualidade? JEV:: Acelerar o crescimento não é aquela panaceia tão frequente nos discursos políticos de representantes do governo, da oposição, de sindicatos patronais e trabalhistas, diuturnamente reproduzidos pela mídia. Nenhum deles reconhece que o maior desafio para países como o Brasil passou a ser muito mais qualitativo que quantitativo. Não atinaram para a influência que exerce a “qualidade do crescimento” sobre o “estilo de desenvolvimento”. No fundo, continuam mesmo a sonhar com uma economia em “marcha forçada”. O que há dez anos fez o Banco Mundial chamar a atenção para a qualidade do crescimento foi uma tripla constatação: nem tudo melhora com o aumento
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R:: Como conciliar crescimento econômico, meio ambiente e avanços tecnológicos? JEV:: A maior fraqueza da tese convencional sobre um descolamento relativo que engendraria harmonia entre crescimento econômico e meio ambiente decorre de sua exclusividade para as vantagens das inovações advindas de avanços tecnológicos baseados na ciência. Esquece que a tecnologia não deve ser isolada dos dois outros fatores que mais contribuem para o impacto ambiental das atividades humanas: o tamanho da população e seu nível de afluência. A inovação que gera o descolamento é incapaz de também reduzir a pressão absoluta sobre os recursos naturais sempre que seus efeitos se chocam ao contraponto do aumento populacional e de seus níveis de consumo. É “a questão da escala”,
expressão com a qual se costuma caracterizar esse choque. Muitos defensores da tese do descolamento acham que o crescimento não é apenas compatível com os limites ambientais. Pensam inclusive que ele é imprescindível para que ocorra essa compatibilização, já que induz a eficiência tecnológica. Quando a eficiência superar a questão da escala haverá sustentabilidade ambiental.
A tecnologia não deve ser isolada dos dois outros fatores que mais contribuem para o impacto ambiental das atividades humanas: o tamanho da população e seu nível de afluência Foto: Kenji Honda/Globo Rural
da renda per capita; as coisas que melhoram nunca o fazem na mesma proporção, e nem é inevitável que a qualidade de vida realmente melhore. A depender da sociedade, uma mesma velocidade de crescimento econômico costuma gerar diversos graus de avanços em cerca de dez áreas cruciais: educação, saúde, lacuna de gênero, liberdades civis e políticas, redução da pobreza, redução das desigualdades, participação dos cidadãos nas decisões afetas às suas vidas, combate à corrupção, qualidade ambiental e sustentabilidade. Essas duas abordagens qualidade do crescimento e estilo de desenvolvimento - desaconselham qualquer voluntarismo na direção de uma economia em marcha forçada.
R:: As empresas valorizam mais o corte nos custos ou a inovação em busca de ecoeficiência? JEV:: Por mais fascínio que possa exercer sobre os economistas convencionaisatesedodescolamento, ela também é contrariada pela simples possibilidade de surgimento de produtos mais atraentes que não sejam tão ecoeficientes. A dinâmica inovadora que constitui uma das principais forças motrizes da economia capitalista - tão bem descrita por Joseph Schumpeter como um processo de destruição criativa - não permite que as empresas garantam sua sobrevivência apenas pela busca de minimização dos custos. É vital para sua adaptação que procurem lançar novidades que sejam mais estimulantes para os consumidores, mesmo que mais caras e mais devoradoras de recursos naturais. Em suma, o aumento de eficiência não tem superado a questão da escala. Por isso, não é possível negar a existência do “dilema do crescimento”, como tentam fazer os que enfatizam o descolamento. Entre a manutenção da estabilidade social e a necessidade de reduzir o impacto das atividades humanas sobre os recursos naturais não existe saída simplista,
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personagem JOSÉ ELI DA VEIGA
como a que é defendida por quem endeusa essa suposição. O dilema se impõe porque a pressão sobre os ecossistemas aumenta com a expansão da economia: quanto mais produção, mais impacto ambiental. Mas se o aumento da eficiência não tem superado a questão da escala, isso não quer dizer que não haja saída. Quer dizer, sim, que também é preciso que se leve a sério os outros dois fatores fundamentais que nunca deveriam ser separados da tecnologia: a população e seu nível de consumo. E não há como buscar outras maneiras de se combinar esses três fatores que não coloque na berlinda a própria lógica interna da macroeconomia. R:: Quais os desafios para o futuro? JEV:: A prosperidade tenderá a exigir simultaneamente o crescimento e o decrescimento, principalmente devido à disparidade de situações concretas em que se encontram mais de 150 sociedades periféricas e emergentes (para as quais o desafio é a qualidade de seu crescimento), e algumas dezenas de sociedades mais avançadas que já deveriam ter planos de transição à condição estável. Por um lado, será preciso fazer crescer os serviços, as energias renováveis, os transportes públicos, a economia plural (que inclui a economia social e a solidária), as obras de humanização das megalópoles, as agriculturas e pecuárias familiares e biológicas. Por outro, será necessário fazer decrescer as intoxicações consumistas, a alimentação industrializada, a produção de objetos descartáveis e/ou que não podem ser consertados, a dominação dos intermediários (principal-
A experiência tem mostrado que mudanças na direção de decisões mais altruístas não ocorrem pela consciência de incertezas, e muito menos pelo conhecimento de riscos Foto: Kenji Honda/Globo Rural
ENTREVISTA
mente cadeias de supermercados) sobre a produção e o consumo, o uso de automóveis particulares, e o transporte rodoviário de mercadorias (em favor do ferroviário). Em suma, a contradição entre crescer e decrescer não deve ser entendida como uma disjuntiva sobre a qual se deve optar tão somente por um dos lados. Tanto quanto não se deve escolher apenas a conservação contra a transformação, a globalização contra a regionalização, ou o desenvolvimento contra o envolvimento. O mais provável é que ao longo deste século a economia global continue a se expandir, mesmo que nações mais avançadas possam ir transitando para a condição estável, de prosperidade sem crescimento, ou até que algumas já se decidam pelo decrescimento. Por muito tempo, a resultante desse processo continuará a pressionar a biosfera, fazendo com que a pegada ecológica não encolha, apesar de avanços na transição ao baixo carbono. Como não se sabe quais são os limites de um processo desse tipo, pois é impossível saber por quanto tempo a pegada ecológica poderá se manter tão alta quanto já está, é razoável argumentar que a comunidade internacional deveria adotar o chamado “princípio da precaução” e se livrar o quanto antes da “mania” ou “fetiche” do crescimento. Todavia, até aqui a experiência tem mostrado que mudanças na direção de decisões mais altruístas não ocorrem pela consciência de incertezas, e muito menos pelo conhecimento de riscos. Quase sempre, dependem muito mais de que haja clara percepção de que se está no caminho de grave catástrofe.
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ÁGU
UAS?
O FUTURO ESTÁ NAS
Grandes projetos de geração de energia já ocupam os oceanos. São as ondas, correntes marítimas e ventos em alto mar que atraem pesquisadores e investidores. Na Europa, Estados Unidos e China, estes projetos são realidade. No Brasil, o setor ainda está em fase de pesquisas e protótipos. O potencial eólico offshore do Brasil já foi avaliado e mostra grande força no Nordeste e parte da região Sul. Estudo revela que o País tem no mar uma opção viável e não poluente para garantir a sua geração de eletricidade
{ por Sílvio Mauro
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T
erra, planeta água. Assim diz uma música do compositor Guilherme Arantes, homenageando os rios, lagos e oceanos que são responsáveis por aproximadamente 70% da superfície do lugar que abriga a humanidade. Tidas como formadoras de uma fronteira onde ainda há muito a ser explorado, as áreas para além das praias apresentam mais um de seus vários potenciais. Elas podem gerar energia para alimentar o funcionamento da civilização em terra seca. E o que é melhor, uma energia limpa e silenciosa, que não agride tanto o meio ambiente como várias formas de geração mais tradicionais. Essa eletricidade pode vir da força
Renewable Energy Industries Association (Creia, ou Associação Chinesa de Indústrias de Energias Renováveis) e o Global Wind Energy Council (GWEC, Conselho Global de Energia Eólica), esse tipo de atividade é recente, começou de forma tímida na Dinamarca no início da década de 1990, mas se desenvolveu rapidamente e já existem exemplos de unidades com grande capacidade de geração. Para se ter ideia, em 2009 a União Europeia investiu € 1,5 bilhão para instalar mais de 300 turbinas, em um total de aproximadamente 2.100 MW (Megawatts). No ano seguinte, o investimento dobrou. Além
usinas instaladas no mar. Primeiro país fora da Europa a construir parques eólicos offshore, ela já tinha, no fim do ano passado, aumentado em 150 MW a sua capacidade com esse tipo de geração em relação a 2009. As metas de médio prazo já estão traçadas: um total de 5 GW em 2015 e 30 GW em 2020, só com usinas instaladas na água. Nos Estados Unidos, está sendo construído o primeiro parque eólico offshore do país, no estado de Massachusetts. Quando ele estiver pronto - a previsão é de que isso aconteça no ano que vem, um total de 130 turbinas gerarão 420 MW de energia. Isso representa, segundo os responsáveis
O projeto Atlantic Wind Connection (AWC), financiado pelo Google, pretende instalar uma linha única de grande capacidade de transmissão que levará 7.000 MW de energia eólica offshore para atender quase dois milhões de famílias.
das ondas, dos ventos que em alto mar não encontram obstáculos e até de correntes marinhas. Não por acaso, países que apresentam muita demanda por energia e dispõem de poucos recursos naturais tem sociedades onde é grande a preocupação com o meio ambiente e estão na vanguarda das iniciativas pela busca do mar como fonte. E entre as opções, a que está mais avançada é, de longe, a de usinas eólicas offshore, ou seja, construídas fora da faixa litorânea. Segundo o relatório China Wind Power Outlook 2010, elaborado em conjunto pelo Greenpeace, o Chinese
da pioneira Dinamarca, Escócia, Grã-Bretanha, Suécia, Alemanha e Noruega estão entre as nações com matriz energética mais substancial. Os planos são ambiciosos. O continente quer chegar à marca de 100 GW em projetos de eólica offshore, para suprir, com esse tipo de fonte, 10% de toda a sua demanda de eletricidade. Embalada pelo sucesso dos empreendimentos europeus, a China, outro grande consumidor de eletricidade, resolveu investir na eólica offshore. O país, de forma geral, aposta alto na geração de energia com a força dos ventos. E boa parte dela vem de
pelo projeto, aproximadamente 3/4 da demanda de Cape Cod, a região da costa que fica a alguns quilômetros do parque eólico. Outra iniciativa importante no maior consumidor de energia do planeta vem de um investimento privado. O projeto Atlantic Wind Connection (AWC), financiado pelo Google, pretende instalar uma linha única de grande capacidade de transmissão que levará 7.000 MW de energia eólica offshore para atender quase dois milhões de famílias. Segundo os responsáveis pelo empreendimento, além de estimular a conexão de outros parques eólicos,
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capa ENERGIA NO MAR incrementando o uso de uma fonte limpa, ele também pretende gerar muitos empregos. Um dos principais benefícios atribuídos ao AWC é que sem esse “backbone de transmissão”, termo usado para definir a linha única, os parques de energia eólica offshore precisariam trazer energia para a terra através de várias linhas radiais, o que seria mais complicado de implementar e teria um impacto ambiental maior. Outra vantagem do estímulo à formação dos parques eólicos, segundo o projeto, seria a criação de muitos postos de trabalho para operar o complexo. “O desenvolvimento da energia eólica ao largo da costa do Atlântico poderia criar entre 133 mil e 212 mil empregos nos Estados Unidos, de
acordo com a Oceana (uma ONG dedicada à preservação dos oceanos). E o Departamento de Energia americano estima que mais de 43 mil postos permanentes de operação e manutenção podem ser criados se 54 mil MW de turbinas eólicas offshore forem instalados até 2030”, argumenta a equipe do AWC. Ondas No campo da geração de energia através das ondas, também há experiências bem avançadas. A empresa Ocean Power Technologies (OPT) tem sete projetos de usinas, sendo três nos Estados Unidos, um na Inglaterra, um na Espanha, outro na Escócia e um no Havaí. Esse último, aliás, pode representar um futuro promis-
sor: seu objetivo é demonstrar o potencial que a geração de energia através de ondas tem de reduzir o consumo de combustíveis fósseis nas bases da Marinha americana ao redor do mundo. De acordo com a OPT, a geração de energia é feita por boias que, através de cabos subterrâneos, a levam até a costa. A empresa assegura que os equipamentos não afetam a vida marinha, nem o meio ambiente e tampouco a atividade pesqueira. Pelo contrário: segundo ela, as boias podem servir como meios artificiais de atração de peixes. Usando dois tipos de equipamento (um com capacidade de gerar até 150 kW e outro podendo chegar a 500 kW), a OPT informa que o uso combinado dos equipamentos pode per-
Usina de ondas Flutuador
Bobina de cobre Gerador de energia Ímans Cabo de transmissão
Ancoragem
Um dos projetos de geração de energia no mar desenvolveu uma bóia inteligente que captura e converte a energia das ondas em eletricidade. O sobe e desce das ondas em alto mar favorece o livre movimento da bóia para cima e para baixo. A força mecânica resultante é convertida, por meio de um sofisticado gerador, e transmitida para a terra por meio de um cabo de transmissão elétrica.
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Correntes marinhas Cabine de controle
Torre
Infográficos: Gerardo Júnior
Turbinas
mitir complexos de até 100 MW. Apesar da baixa capacidade de geração de suas usinas, em relação a outras formas, a OPT destaca que as boias ocupam pouco espaço e podem ser usadas como um complemento para a rede de eletricidade já instalada, que terá que atender uma demanda cada vez maior. “Um total de dois terços da população mundial vive na faixa de 400 quilômetros ao longo do litoral. E pouco mais da metade estão na faixa de 200 km de largura”, informa a empresa. Correntes marinhas Já a energia extraída das cor-
Corrente marinha
rentes marinhas é uma tecnologia ainda mais recente e menos explorada que a eólica offshore e a das ondas, mas seu potencial também já está sendo estudado. A empresa escocesa ScottishPower Renewables recebeu, este ano, autorização para desenvolver uma unidade de demonstração entre as ilhas de Islay e Jura, na costa oeste do país. Será uma matriz composta de dez turbinas submersas no leito do mar. A meta é gerar 10 MW de energia quando a usina estiver em pleno funcionamento. Ainda incipiente, a geração de energia usando a força das águas
A usina de energia é projetada para extrair energia da correnteza do mar. O projeto também pode ser adaptado para o rio. A tecnologia é similar a do projeto de geração de energia por meio das ondas do mar. As turbinas instaladas no fundo do mar ou do rio captam a energia das correntes, transformando-a em água pressurizada que moverá turbina acoplada a um gerador para produzir eletricidade. A principal diferença entre as usinas que vão gerar energia a partir das ondas do mar ou por meio da correnteza do rio está no uso da turbina. Na usina instalada no rio, a turbina terá a função que tem os flutuadores na usina de ondas do mar, ou seja, acionar as bombas hidráulicas para injetar água na câmara hiperbárica e, assim, produzir eletricidade. De acordo com a direção da correnteza, válvulas reversíveis poderão se adaptar ao fluxo do sentido do rio.
tem diferenças significativas de custos, em relação às opções mais tradicionais. Um dos principais motivos é óbvio: essas últimas já usam tecnologias desenvolvidas há anos e são mais baratas porque são usadas em grande escala. Mas o fator ambiental tem sido cada vez mais importante na composição das planilhas de investimentos. E neste quesito, as usinas instaladas nos oceanos tem recebido apoio até do Greenpeace, rigoroso vigia do meio ambiente do planeta. Por isso, é possível que a frase “Terra, planeta água”, daqui a muito pouco tempo passe de metáfora à profecia.
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Um futuro limpo e sustentável O potencial de energia eólica offshore na área compreendida de 0 a 200 milhas marítimas a partir do litoral (região também chamada Zona Econômica Exclusiva ou ZEE) pode chegar a 1.780 GW. A estimativa é que isso signifique 12 vezes mais que o potencial na área continental do país. Essas são algumas das conclusões do estudo “Potencial de energia eólica offshore na margem do Brasil”, realizado pelos pesquisadores Gustavo Ortiz e Milton Kampel, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O trabalho foi resultado da análise de dados obtidos entre
agosto de 1999 e dezembro de 2009 pelo satélite QuikSCAT, um equipamento norte-americano de monitoração terrestre que fornece informações de velocidade e direção do vento nos oceanos. Segundo os cientistas, o potencial de energia eólica offshore é “capaz de alavancar o desenvolvimento sustentável do Brasil em longo prazo”. Um dado interessante da pesquisa, para os cearenses, é que o potencial eólico obtido para toda a margem brasileira até 100 metros de profundidade, de 606 GW, foi cerca de três vezes maior que o resultado preliminar apresentado por um
levantamento feito somente nas regiões Sudeste e Sul. “Esse resultado sugere que as regiões Norte e Nordeste tem uma maior produtividade energética”, diz o estudo. A média da magnitude do vento offshore no Brasil apresentou variação entre 7 e 12 m/s, com valores mínimos próximos à costa de São Paulo e máximos próximos à costa de Sergipe e Alagoas. O estado, ao lado do Rio Grande do Norte, compôs uma das três regiões em todo o País com alta magnitude de vento. As outras duas foram formadas por Sergipe e Alagoas, também no Nordeste, e Rio grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul.
Potencial de geração de energia eólica em diferentes regiões da margem brasileira Distância da costa 0 a 10 km 57 GW
0 a 50 km 259 GW
Intervalo batimétrico (profundidade) 0 a 20 m 176 GW 0 a 50 m 399 GW 0 a 100 m 606 GW
Siemens AG
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Infográfico: Gerardo Júnior
A estimativa do potencial de geração de energia foi realizada com a simulação de utilização de turbinas geradoras Areva Wind M5000, de fabricação alemã. Elas tem capacidade de geração de 5 MW, velocidade mínima de 4 m/s, máxima de 25 m/s, diâmetro do rotor de 116 m e eficiência de conversão (capacidade real de geração, desconsiderando as perdas de energia com atrito, calor e outros fatores) de 39,55%. Para quem ainda tem dúvida da viabilidade da energia eólica offshore no Brasil, o estudo apresenta mais um dado animador. O potencial energético até dez
São necessários mais estudos para detalhar melhor o potencial dos parques eólicos offshore que podem ser construídos no Brasil quilômetros da costa é alto, de aproximadamente 57 GW. Isso, segundo os pesquisadores, “representa uma grande quantidade de energia que pode ser produzida próxima do litoral, reduzindo a complexidade das estruturas operacionais”. Na prática, o número significa grande capacidade de produção de eletricidade em uma região que apresenta mais facilidade de operação e manutenção dos equipamentos e menos custo com linhas de transmissão. Por fim, os cientistas desta-
cam que são necessários mais estudos para detalhar melhor o potencial dos parques eólicos offshore que podem ser construídos no Brasil. Eles podem, por exemplo, avaliar a variabilidade de direção do vento e utilizar como base intervalos mais abrangentes de tempo e espaço na coleta de dados nas regiões com maior potencial energético. Mas os pesquisadores fazem questão de lembrar: “A nossa ZEE tem um potencial energético capaz de alavancar o desenvolvimento racional e sustentável do Brasil”. O estudo revela que é notável o potencial energético até dez quilômetros da costa (57 GW), pois representa uma grande quantidade de energia que pode ser produzida próxima do litoral,
reduzindo a complexidade das estruturas operacionais. A longo prazo, vemos que a ZEE brasileira, que apresentou um potencial energético de 1,78 TW, poderá ser utilizada para gerar uma quantidade de energia suficiente para acompanhar e motivar o desenvolvimento do País. Os pesquisadores concluem que a margem brasileira em geral apresenta um grande potencial para geração de energia eólica, que ainda não havia sido mensurado. A região Nordeste apresenta um maior potencial, com destaque para os estados de Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará. No Sul, a região próxima aos estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina também deve ser destacada.
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ENERGIA NO MAR
Falta água, sobra energia Historicamente conhecido pela escassez de água doce, o Ceará, no entanto, nunca pode se queixar do pedaço de oceano Atlântico que banha seu litoral. Da sua costa generosa de quase 600 quilômetros vem a renda com o turismo, a pesca para exportação e os ventos conhecidos por esportistas de todo o mundo. Mas o mar cearense também tem muita energia para dar. E na tendência de busca por fontes limpas, dois projetos importantes estão em andamento para aproveitá-la. Eles também revelam o pioneirismo do estado, que foi o primeiro a vender ventos em terra e, agora, quer explorar o mar. O primeiro projeto pretende explorar a energia eólica offshore na região em frente à praia de Icaraizinho, próxima aos municípios
de Amontada, Itarema e Acaraú, distantes cerca de 160 km de Fortaleza. Batizado com o sugestivo nome de Projeto Asa Branca (a música “Asa branca”, de Luiz Gonzaga, é um dos hinos dos moradores do sertão nordestino, por relatar as dificuldades que eles enfrentam com a escassez de recursos naturais), ele pretende, segundo seus realizadores, instalar uma usina capaz de gerar até “20% da necessidade energética” do Brasil. Marcello Storrer, CEO (Chief Executive Officer) da futura usina, informa que a meta é iniciar as operações em 2014, gerando até 480 MW de energia que será comercializada livremente no mercado local. A promessa do empreendimento, para o futuro, é transformar o Nordeste em
um exportador de eletricidade, integrando a geração das grandes hidrelétricas da região com o parque eólico offshore. Os parceiros envolvidos no projeto, de acordo com Marcello, ainda não podem ser revelados. No site oficial (www.usinaasabranca.com.br), há um convite para investidores aderirem à iniciativa. O custo estimando é de US$ 2,5 milhões por MW, o que dá, para todo o parque, US$ 1,2 bilhão. Ele explica que apesar do maior esforço de capital necessário da eólica offshore, se comparada com a eólica em terra, o investimento vale a pena. “A energia sobre o mar é mais produtiva e pode ser mais econômica”, garante. Um dos principais motivos para isso é que, no mar, os ventos
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Eólica Offshore Com as fundações completamente construídas e os cabos de transmissão de eletricidade no local, começa a montagem da torre eólica no mar. Os componentes fabricados em terra (nacele montada, a torre, o cubo e as pás do rotor) são transferidas para o local. A torre, que pode ter duas ou mais partes, é erguida e assentada na estrutura das fundações. Segue-se a
colocação da nacele e do rotor. As turbinas eólicas offshore necessitam de diferentes tipos de estruturas de fundações. As estruturas das fundações das turbinas eólicas offshore podem ser de monopilar, de tripodes, de base gravitacional de concreto ou de suporte flutuante. A escolha depende da profundidade e da natureza do fundo do mar.
Quando as fundações estiverem preparadas para suportar a torre e outros componentes, devem ser instaladas embarcações especializadas, e mesmo barcaças, para que o transporte dos componentes seja possível. É necessário equipamento mais especializado para finalizar a montagem. O equipamento inclui guindastes ou outro equipamento de elevação.
Comprimento das pás 60-70 metros
Peso da instalação 280-400 toneladas Torres pintadas com cores refletivas para evitar acidentes
Flutuadores com ar no interior
Estrutura de suporte de monopilar
Estrutura de suporte de vários pilares
Estrutura de suporte de monopilar
Estrutura de suporte de vários pilares
Infográfico: Gerardo Júnior
Plataforma de acesso
Altura da torre 80-100 metros
Cabos de aço
Ancoragem ao leito marinho
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capa ENERGIA NO MAR não tem obstáculos, como acontece no litoral ou em outras regiões de terra, e por isso são mais fortes e constantes. Segundo os responsáveis pelo Asa Branca, há ainda outra particularidade, especificamente na região cearense escolhida, o que torna a ideia ainda mais atraente: “19 dos 50 ventos mais velozes do mundo passam pela área do projeto”, afirmam. Um componente interessante do projeto é a promessa de que, além de instalar uma usina de geração de energia a partir de uma fonte limpa e renovável, ele também pretende ser um meio de ajudar a preservar a vida marinha e as atividades econômicas
renovação das espécies. Marcello avalia que, no futuro, o mar pode ser responsável pela maior parte da matriz energética do Brasil e do mundo. “Existe um potencial muito maior de energias renováveis no e sobre o mar que em terra, e com impactos ambientais e sociais muito menores”, assegura. O único problema ainda existente é enfrentar os desafios de uma tecnologia recente, principalmente no Brasil. No caso do Projeto Asa Branca, a busca é por empresas estrangeiras que já instalaram, operam e mantém usinas eólicas marítimas na Europa para fazer “joint ventures”. Além disso, a usina vai demandar infraestrutura em
talada no Complexo Portuário do Pecém, localizado a aproximadamente 60 km de Fortaleza. A reportagem procurou os principais responsáveis pela iniciativa, a Coordenação de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/ UFRJ) e a Tractebel Energia. Segundo a assessoria de imprensa do consórcio, não estão sendo fornecidas informações atualizadas porque o projeto está passando por uma revisão. No entanto, uma matéria publicada no informativo da Tractebel (www.tractebel.com. br/uploads/n30.pdf) dá alguns detalhes sobre a futura usina e seu funcionamento. A ideia de construir a usina
Um componente interessante do projeto é a promessa de que, além de instalar uma usina de geração de energia a partir de uma fonte limpa e renovável, ele também pretende ser um meio de ajudar a preservar a vida marinha e as atividades econômicas sustentáveis da população do litoral
sustentáveis da população do litoral. As torres, por exemplo, poderiam ser usadas como bases de um sistema de vigilância contra atividades predatórias. Já a inserção de recifes artificiais, junto com as fundações dos equipamentos, serviria para estimular a procriação da fauna marinha e promover o desenvolvimento da piscicultura. Além disso, segundo os responsáveis pelo Asa Branca, as torres podem funcionar como obstáculo para um dos principais vilões da atividade pesqueira do Ceará: a pesca de arrastão, que tira o sustento dos proprietários de pequenos barcos e prejudica a
terra, também inexistente na região da praia de Icaraizinho. A agitação do mar cearense, como se sabe, não se resume aos ventos fortes, que tanto tem atraído esportistas de todos os cantos do planeta. Da água também vem muita energia. Se até hoje ela só serviu para nos trazer notícias tristes, como as vidas ceifadas de turistas incautos que não conhecem bem sua força, talvez num futuro próximo ela também sirva para ajudar no desenvolvimento sustentável do estado. Pelo menos é o que acreditam os idealizadores do projeto de uma usina de ondas a ser ins-
de ondas no Brasil, segundo a matéria da Tractebel, surgiu durante um congresso internacional sobre energias renováveis realizado em 2002 no País. Ainda de acordo com o texto, a instalação ficará nos molhes do Porto do Pecém, deve usar tecnologia 100% brasileira e tem dois módulos de bombeamento e capacidade de geração de até 100 mil watts de eletricidade. O modelo foi desenvolvido em cima de câmaras hiperbáricas que o Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe utiliza a mais de 20 anos em serviços e experimentos para a indústria de petróleo offshore.
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especialista ENTREVISTA
STEFAN GSÄNGER
Novos mercados estão surgindo
Com a projeção de novos 43,9 GW eólicos instalados ao longo de 2011 no mundo, Stefan Gsänger analisa o cenário internacional e explica como a China alcançou a liderança
Fotos: Victor Eleutério
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secretário geral da WWEA (World Wind Energy Association - Associação Mundial daEnergiaEólica),StefanGsänger, esteve em Fortaleza, durante o All About Energy 2011, em junho. Mostrou o cenário mundial da energia eólica em suas palestras. E falou das perspectivas para o Brasil, os caminhos que levaram a China à liderança do setor e até do Egito, um dos novos mercados, na seguinte entrevista, exclusiva para a REN Brasil A entidade lançou em agosto um relatório sobre o desenvolvimento da energia eólica no primeiro semestre deste ano. 18,4 gigawatts (GW) foram instalados neste período. São esperados novos 43,9 GW para todo o ano de 2011 no mundo. A China segue na liderança, com uma participação de 43%. Nos seis primeiros meses deste ano, o país adicionou 8 GW de eólica a sua matriz energética. Até junho deste ano, a capacidade instalada no planeta alcançou 215 GW, a partir da força dos ventos. Durante o primeiro semestre, o estudo da WWEA aponta três países que instalaram suas primeiras usinas eólicas, elevando o número de 83 para 86 países com este tipo de geração de energia. São eles: Venezuela, Honduras e Etiópia. A República Dominicana instalou sua primeira grande usina eólica e passou a produzir de 0,2 MW a 60,2 MW.
Os mercados emergentes da Europa oriental mostraram força, de janeiro a junho. Romênia cresceu 10% ao adicionar 59 MW a sua matriz, Polônia ganhou 22% (245 MW a mais), Croácia, 28% (20 MW) e Estônia, com 32% (48 MW). Equador, Malásia e Uganda mudaram suas leis e adotaram incentivos fiscais para o desenvolvimento de energia renovável.
Venezuela, Honduras e Etiópia instalaram suas primeiras usinas eólicas, elevando o número de 83 para 86 países com este tipo de energia
RENBrasil:: Como a WWEA atua no Brasil? Stefan Gsänger:: O Brasil é um membro da associação desde a fundação. Estamos em 95 países. Trabalhamos para promover, organizar e preparar a tecnologia da energia eólica em todo o mundo. R:: Como vê a atuação do Brasil em energia eólica? SG:: O Brasil é o número um na
América Latina, porém ainda é uma participação pequena em relação ao mundo. O mercado eólico brasileiro é menor do que se espera. Há um grande potencial de desenvolvimento do setor. Um grande impulso foi o Proinfa, mas o programa atingiu um período maior que o esperado para ser concluído. Mas há um progresso. Há muitos investidores interessados no mercado eólico brasileiro, mas queremos ver uma marca nacional surgir como fabricante e ocupar grande espaço no mercado internacional. R:: O que faz da China um líder em energia eólica? SG:: Estive na China em 2004, quando houve uma conferência lá sobre energia eólica. Foi um evento importante. Trouxemos pessoas de toda parte do mundo. O governo chinês estava interessado e aberto, e quatro meses após o evento, uma lei de energia surgiu. Então, claramente, houve uma vontade política. O governo queria energia eólica. Houve, principalmente, apoio do governo. A vontade política foi o principal incentivo. E claro que há também questões culturais e econômicas. A China tem um grande parque industrial, mas isso não falta no Brasil. R:: O que o Brasil precisa aprender com a China para
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especialista STEFAN GSÄNGER
desenvolver o setor eólico? SG:: A China estudou o mercado de energia eólica, tentou diversas tecnologias. Aprimorou as licenças ambientais. Formou joint-ventures. Criou incentivos para as empresas tomarem o risco aqui. Investimentos na usina e nos fabricantes. R:: Energia eólica não é mais uma opção. Certo? SG:: Não há dúvida de que todos devem investir. Há ventos por todas as partes. É uma tecnologia simples. É uma torre com um gerador. Vai ficar cada vez mais barata. R:: A energia nuclear será abandonada, depois de Fukushima? SG:: Por todas as partes do mundo, está surgindo uma conscientização de que há riscos e os preços de energia nuclear estão subindo. A Itália, por exemplo, fez um referendo sobre energia nuclear há certo tempo. 94% dos italianos que votaram disseram não à energia nuclear. Esse sinal é bem forte. E, assim, os políticos sabem que as pessoas não querem energia nuclear. As pessoas sabem
que há riscos e grandes custos. Alguns países vão continuar, porque ainda há grande uso. Na França, representa 80% da matriz energética. A sociedade francesa está começando a se conscientizar sobre os riscos. Os políticos ao redor do mundo sabem que as pessoas não querem. Mas deve continuar por um tempo. É difícil o processo para se livrar desta opção. O reator da Finlândia, o único em construção na Europa,
Está surgindo uma conscientização de que há riscos e os preços de energia nuclear estão subindo. A Itália, por exemplo, fez um referendo. 94% dos italianos que votaram disseram não à energia nuclear garantiu certos preços, mas eles estão subindo. A Califórnia publicou um relatório sobre sua experiência e concluiu que o investimento em tecnologia
nuclear deve continuar encarecendo. Ao redor do mundo, estão sabendo que é caro. R:: Por que o encontro da WWEA de 2011 escolheu o Egito como sede? É um novo mercado? SG:: Temos este encontro anual e tentamos cobrir todas as regiões do mundo. E ainda não tínhamos feito o evento na África e no mundo árabe. Não sabemos como vai ser a evolução desse mercado, após a revolução de janeiro deste ano. Mas está relacionada com a oferta de energia também, porque eles têm um crescimento de população e, consequentemente, aumento de demanda e, por outro lado, não há recursos fósseis suficientes. Eles não podem continuar produzindo energia da mesma maneira como hoje. O país é um importador de petróleo. O governo tem subsidiado a energia elétrica e o petróleo. Neste momento, eles precisam de novas perspectivas. Os jovens têm alto nível de educação, mas estão sem empregos. Se tiver energia, será mais fácil para o governo. É um bom momento para irmos lá. O clima político está estável. SXC.hu
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memória
Um cidadão do mundo
O professor cearense Expedito Parente, falecido no início de setembro, dedicou a vida acadêmica à criação do biodiesel, combustível limpo que hoje já faz parte da matriz energética de vários países
M
uito mais do que uma atividade isolada em laboratórios, a ciência é um meio de reduzir a desigualdade econômica e social. Pode-se dizer que essa é uma síntese do trabalho realizado pelo pesquisador cearense Expedito Parente, falecido no início de setembro devido a complicações em uma cirurgia. Criador do biodiesel, combustível produzido a partir de vegetais oleaginosos e com potencial para substituir o diesel derivado do
petróleo, Expedito lembrou, em uma entrevista concedida no início do ano à Renergy Brasil, que o produto foi idealizado para ser um programa baseado em três missões: ambiental, para contribuir com a diminuição dos gases do efeito estufa e da poluição, social, para gerar emprego e renda no campo, e estratégica, para a preparação do mundo para uma fase pós-petróleo. Expedito José de Sá Parente nasceu em Fortaleza. Era enge-
nheiro químico e, desde 1967, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). A sua patente de produção de combustíveis a partir de frutos ou sementes oleaginosas, registrada na década de 1980, fruto de vários anos de pesquisa, foi a primeira no mundo para o biocombustível. Vale lembrar que, a partir dos seus estudos, outra área foi beneficiada com a possibilidade de um combustível mais limpo: a aviação. Testes com bioquerosene já estão sendo feitos por algumas empresas, entre elas a Embraer. Dos laboratórios da UFC, onde foi idealizado, o biodiesel ganhou o mundo. Hoje, segundo o site biodiesel.br, ele está sendo usado ou em fase de testes em países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália. Ainda de acordo com o site, a União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhão de toneladas do combustível, em cerca de 40 unidades de produção. Cortês e acessível com jornalistas, admirador de boa música, o professor Expedito Parente também se destacava pelo otimismo.
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Na entrevista concedida a Renergy Brasil, em janeiro de 2011, ele disse acreditar na convivência pacífica entre o petróleo e as fontes renováveis e limpas de energia. “Existe uma certeza na minha cabeça, de que o petróleo vai migrar do setor energético para o setor químico, por razões econômicas e questões ambientais. O mundo não vai aceitá-lo por ser poluente. E com o petróleo migrando, tem que ser ocupada esta lacuna. Para isso, deve haver a participação de outras fontes de energia, como a eólica, a solar e os biocombustíveis. As energias alternativas também vão ser valorizadas. A biomassa é uma das fontes importantes, é limpa e agrega mão de obra no campo. Essa é uma questão necessária. No mundo, um bilhão de pessoas vive no
campo em estado de miséria. A biomassa é uma saída para a criação de emprego no campo. Ela é uma realidade para o mundo energético, isso vai acontecer”, disse o cientista. Uma das missões idealizadas para o biodiesel pelo pesquisador ainda não se tornou realidade. Ele projetava o uso da mamona como uma das fontes do combustível, o que traria emprego para milhares de trabalhadores rurais, principalmente do Nordeste. A alta toxicidade do vegetal, no entanto, ainda não o tornou viável economicamente. Outras oleaginosas, também cultiváveis na agricultura familiar, ainda não conseguiram espaço no mercado nacional. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), mais de 80% da produção do biodiesel
vem da soja, em culturas realizadas em grandes propriedades e com colheita mecanizada. Outra parte significativa, mais de 14%, vem de gorduras animais. O fato não diminui, no entanto, o aspecto revolucionário da criação do pesquisador cearense. Principalmente levando-se em conta o potencial de crescimento do uso do biodiesel. Atualmente, ele representa apenas 2% do total de diesel consumido no Brasil. Em 2013, chegará a 5%. Expedito Parente não viveu para presenciar a concretização total do seu projeto. Mas deixou sólidas bases para que pessoas que tenham a sua sensibilidade e visão de futuro levem adiante a ideia de fazer da ciência um instrumento de transformação do Brasil em um País mais justo.
Depoimentos: “Expedito José de Sá Parente, pro-
fessor e pesquisador cearense, criou o biodiesel, motivo de orgulho para todos nós, brasileiros. Sua descoberta, patenteada no Brasil, teve amplo reconhecimento mundial e importância decisiva para o futuro do País. A dedicação de Expedito ao biodiesel, produzido a partir de matéria prima desenvolvida por milhares de agricultores familiares, contribuiu para reduzir a pobreza no campo. Além disso, o biodiesel não polui o meio ambiente, representando um enorme avanço em relação a outros combustíveis”. Presidenta Dilma Roussef
“O Ceará, com certeza, sempre lembrará o nome de Expedito Parente como o do engenheiro, professor e cientista que esteve à frente da implementação de vários projetos educacionais e de engenharia que em muito beneficiaram o Estado. E o Brasil, certamente, registrará na sua história o nome do professor Expedito Parente como o do cientista que contribuiu decisivamente para tornar o País potência mundial na área dos biocombustíveis”. Dep federal Ariosto Holanda (PSB-CE)
“Ele foi o fundador do curso de
Engenharia Química da UFC e responsável, até a década de 1990, pela formação de inúmeros profissionais. Era uma pessoa extremamente dinâmica. A sua marca foi a alegria e o relacionamento humano. Foi uma perda lastimável, não só para o Ceará. No nosso departamento, recebemos mensagens de condolências de várias partes do mundo”. João José Hiluy Filho, professor do Departamento de Engenharia Química e ex-colega de trabalho de Expedito Parente
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em ação ARTIGO
Leontina Pinto
Comercialização da energia eólica: oportunidades, desafio e soluções abe-se que a natureza é generosa com o Brasil. Possuímos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, baseada principalmente em energia hidrelétrica. Nossa geração térmica (e consequentes emissões) é bastante reduzida e utilizada apenas quando a água não é suficiente. Esta antiga vocação, entretanto, começa a dar sinais de desgaste. É hora da entrada de novas fontes. A energia eólica vem exatamente para suprir esta necessidade. O Brasil possui bons ventos, de boa qualidade e ocorrem no momento certo: quando falta água. A complementaridade hidreólica é mais uma prova da generosidade da natureza brasileira, que oferece um produto eficiente e barato, cuja abundância cresce exatamente nas horas críticas. Já aceitos por autoridades, técnicos, sociedade, os parques eólicos precisam agora vencer um novo desafio: a comercialização de sua energia. O primeiro desafio a ser superado: os ventos nem sempre sopram no momento de maior consumo - e não existem ainda equipamentos capazes de armazenar a energia eólica por um longo período. Se o gerador eólico vendesse energia a um consumidor com o padrão típico do Nordeste, deveria comprar energia de “cobertura” ou liquidar seus “excessos” a preço de curto prazo (tecnicamente conhecido como o PLD, preço de liquidação das diferenças).
Ilustração: Gerardo Júnior
S
Este esquema traz ao produtor um enorme risco: o preço de liquidação - extremamente volátil e muitas vezes imprevisível. Além do risco da sazonalidade, a produção eólica encerra riscos em longo prazo. Por exemplo, a variabilidade dos ventos ao longo do tempo, evidenciando anos “bons” (2000, 2007) e anos “ruins” (2004, 2009). A produção oscila entre bons e maus momentos, e impacta a comercialização de energia. A regulação estabelece severas penalidades para a “não entrega” da produção anual contratada, e o investidor deve estar preparado para assumir riscos. A produção eólica é incerta, mas não desconhecida. Sua comercialização é uma decisão sob riscos, cujos cenários podem ser completa e precisamente modelados. Métodos modernos de gestão sob incertezas permitem o desenvolvimento de estratégias especialmente desenhadas caso a caso, de forma a tirar o máximo proveito dos recursos
disponíveis e trazer o risco para um patamar máximo admissível. Dentre as várias alternativas, destacam-se os portfólios de produtos que combinam fontes de energia com sazonalidade oposta, como a eólica e a hidrelétrica. De fato, o “mix” destas duas fontes é atrativo, já que a complementaridade climatológica pode levar a um produto conjunto mais constante e “amoldável” às necessidades do consumidor. Embora o portfólio de produtos hidreólicos seja atrativo e produza bons resultados, há formas ainda mais interessantes de mitigar os riscos de comercialização, como o “pool” hidreólico. A regulação brasileira estabelece um desenho do “pool” hidrelétrico das cotas de seus participantes com o objetivo da ajuda mútua, mitigando cenários severos locais com sobras de produção do conjunto. A complementaridade hidrológica sugere a evolução do atual “pool” hidrelétrico para a formação de um novo “pool”, o hidreólico. Afinal, o risco climatológico atinge ambas as fontes, e será justo permitir às eólicas o mesmo benefício de mitigação já disponível às hidrelétricas. O produto resultante é ainda mais estável, mitigando riscos climatológicos das duas fontes e permitindo que todos os participantes se beneficiem da união. Leontina Pinto é diretora executiva da Engenho Pesquisa, Desenvolvimento e Consultoria
Além de fornecedores comprometidos, seu projeto de energia precisa de uma corretora de seguros especializada.
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novas tecnologias
O trem “verde”
Na Europa, o trecho de uma ferrovia passou a operar com energia obtida de 16 mil paineis solares instalados sobre um túnel já existente na linha. O sistema gera eletricidade suficiente para movimentar os trens e manter toda a infra-estrutura das estações
Imagens: Divulgação
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A
criatividade e a tecnologia têm trazido soluções muito interessantes na busca por um futuro com melhor aproveitamento das fontes limpas de energia. Um dos bons exemplos desta combinação é o projeto europeu do Túnel Solar. Ele é composto de 16 mil paineis solares capazes de gerar 3.300 MWh (o equivalente, segundo os projetistas, ao consumo médio anual de aproximadamente mil residências) e foi colocado sobre um túnel de pouco mais de 3 quilômetros na linha de trem de alta velocidade que liga as cidades de Antuérpia, na Bélgica, a Amsterdã, na Holanda. O trecho faz parte da rota que liga Paris a Bruxelas e Amsterdã, via Antuérpia. Pela grande quantidade de energia gerada, o sistema tem capacidade de alimentar com eletricidade não só a infra-estrutura da linha férrea (iluminação, sinalização, aquecimento etc.) mas também os próprios trens. A estimativa é de que o uso da energia solar no sistema signifique 2.400 toneladas de CO2 a menos na atmosfera a cada ano. Para se ter
ideia da dimensão do conjunto de paineis, a área, de 50 mil m², equivale a cerca de oito campos de futebol. Uma das principais vantagens atribuídas ao aproveitamento da energia solar no trem europeu, segundo o consórcio responsável pela iniciativa, vai além do ganho ambiental. Como a eletricidade é gerada na própria linha férrea, ela permite melhor aproveitamento em relação ao sistema tradicional, em que a fonte de energia fica distante do local onde ela vai ser usada e há perda de parte da energia ao longo do trajeto. Além disso, há menos custos com manutenção e operação, já que não é necessário construir e conservar um sistema de linhas de transmissão com quilômetros de fios e postes. Resultado de um investimento de mais de 15 milhões de euros, o Túnel Solar é fruto de uma parceria entre o grupo Enfinity, um conglomerado de empresas que desenvolve projetos de energia solar e eólica em vários países da Europa, América e Ásia, a Infrabel, uma sociedade anônima responsável pela gestão da rede
ferroviária belga, e a Solar Power Systems, especializada em instalações de paineis solares. A expectativa dos investidores é que, além de fornecer a energia necessária para o sistema de transporte, os paineis também possam gerar um excedente a ser comercializado pelo consórcio administrador da linha. Isso ajudará a diminuir o prazo de retorno do dinheiro aplicado no sistema. Um detalhe importante é que o Túnel Solar foi construído em uma região plana, com características que permitiram um empreendimento desse tipo. Os responsáveis pelo projeto, no entanto, destacam que estão otimistas em relação a futuros investimentos em energias limpas na Europa. Para eles, a iniciativa, pioneira no continente, deve estimular outras experiências em condições diferentes. “A viagem de trem deve se tornar cada vez mais ‘verde’. As empresas ferroviárias continuarão com o objetivo de criar e usar energias renováveis para permitir uma mobilidade sustentável e que não agrida o meio ambiente”, afirmam.
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energia solar
Alto potencial, baixa geração
O potencial solar disponĂvel no mundo ĂŠ milhares de vezes maior que o consumo mundial de eletricidade. Entretanto, a energia solar ainda busca competitividade no mercado
Fotomontagem: Gerardo Júnior sobre imagem © Merzavka | Dreamstime.com
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O
uso de energias alternativas vem crescendo significativamente em todo o mundo, mas ainda é um processo lento e cheio de altos e baixos. No caso da energia solar, apesar do grande potencial, ainda é subutilizada e não oferece preços competitivos com as outras fontes de energia. Nos Estados Unidos, as últimas notícias não tem sido muito animadoras. Três fabricantes de paineis fotovoltaicos pediram concordata, possivelmente levados pela crise econômica global e a forte agressividade chinesa. A sequência de más notícias da indústria solar americana foi iniciada em agosto, pela Evergreen Solar, com todos os 130 funcionários dispensados. Na ocasião, a empresa de Massachusetts atribuiu o fracasso à concorrência chinesa e à ausência de políticas incentivadoras de energias limpas nos Estados Unidos. Ainda em agosto, a SpectraWatt, de Nova York, também anunciou o fim das atividades e, mais uma vez, chamou atenção para a pressão provocada pelas empresas emergentes chinesas, que recebem apoio financeiro do governo. No início de setembro, a californiana Solyndra também não resistiu e anunciou a demissão dos 1.100 funcionários. A empresa tinha fechado 2010 com receita de US$ 140 milhões. Mesmo com o anúncio das concordatas, analistas afirmam que o setor continua crescendo e que, mais do que nunca, o Brasil
deveria investir em energia solar. De acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a fonte solar ainda tem participação nula na matriz elétrica do País. No mundo, em 2009, a capacidade instalada de energia fotovoltaica atingiu a casa de sete gigawatts (GW), cerca de 20% a mais do que em 2008. Estima-se que nos últimos 15 anos os preços associados à produção de energia fotovoltaica tenham caído 4% ao ano em todo o mundo. Na Europa, a Alemanha desponta como um dos países que mais investem no seu potencial solar. Já instalaram o equivalente ao que produz a usina nuclear de Angra 2. São 1,2 GW de energia limpa. É o pioneiro no incentivo ao uso da energia solar, com um programa federal que subsidia a produção. Em seguida, vem a Espanha, com quatro das dez maiores centrais fotovoltaicas do mundo, incluindo a maior, em Puertollano. Com uma localização geográfica próxima da linha do Equador, de forma que não se observam grandes variações na duração solar do dia, e com uma larga área que pode ser aproveitada para fins de exploração da radiação solar incidente, o Brasil tem ótimas condições, durante praticamente todo o ano, para investir em energia solar. Em comparação com a realidade europeia, por exemplo, o lugar que menos recebe radiação no País, Florianópolis,
equivale ao mais ensolarado da Alemanha. A diferença total de insolação entre os dois países chega a 40%, em média. O Nordeste brasileiro, localizado aproximadamente entre as latitudes 1˚S e 18˚S, em uma área de 1.548.675 quilômetros quadrados, possui em média 2.500 horas/ ano de insolação. Logo, a exploração da radiação solar incidente, como fonte renovável de energia, encontra excelentes condições durante todo o ano. O fato inegável é que a energia solar é a fonte primária para todas as outras fontes de energia. O potencial solar disponível no mundo é milhares de vezes maior que o consumo mundial de eletricidade. Contudo, a geração esbarra nos custos, que inviabilizam a competitividade no mercado. Mas a expectativa é de mudança neste cenário e de perspectivas positivas para o Brasil. De 2009 até hoje, os preços dos paineis solares no mundo caíram 40%, puxados pelo vertiginoso aumento na capacidade de produção da China. Com isso, o Brasil pode se beneficiar da baixa de preços e investir no setor, já que é um país solar e vem apresentando estabilidade em sua economia, atraindo empresas chinesas e europeias. Este é o momento, sugerem especialistas, para que o Brasil formule políticas públicas para incorporar esta tecnologia de forma progressiva e sustentável na matriz energética nacional.
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fonte alternativa
Sol à venda
MPX aposta no potencial do Nordeste em energia solar, inaugura primeira usina solar comercial e já anuncia expansão
A
primeira usina solar comercial da América Latina foi inaugurada no mesmo dia em que se anunciou a expansão de sua produção de energia. Instalado em Tauá, município cearense a 337 quilômetros de Fortaleza, o empreendimento já se mostra como uma grande possibilidade de desenvolvimento para a região Nordeste. Aberta oficialmente em agosto deste ano, a MPX Tauá pertence ao grupo EBX do bilionário Eike Batista, ocupa área de
12 mil metros quadrados, onde estão instalados 4.680 painéis fotovoltaicos. A capacidade é de 1 megawatt (MW), mas o presidente da MPX, Eduardo Karrer, já anunciou a primeira expansão, que dobrará a produção. A segunda fase da MPX Tauá terá um investimento de R$ 10 milhões e será realizada em parceria com a multinacional GE, que além de fornecer os paineis fotovoltaicos (que captam a energia dos raios solares), oferecerá
todo o suporte de equipamentos e sistemas de tecnologia fotovoltaica. Com a expansão, de acordo com a MPX, mais 6,9 mil paineis serão instalados na usina. Ao todo, serão 11.580 módulos solares. Quando concluída a ampliação, ao longo de 2012, a usina gerará energia suficiente para atender três mil residências. O empreendimento já tem autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a implantação de 5MW. De acordo
Fotos: Grupo EBX/Divulgação
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com Karrer, em paralelo às obras da segunda fase, já serão anunciadas as próximas etapas de expansão, todas de 1 MW. A MPX ainda não divulgou nomes, mas afirma que já está em negociação para a venda da energia produzida em Tauá. “Pretendemos anunciar em breve a comercialização. Será um carimbo verde para quem quiser atrelar seu consumo de energia a essa planta”, antecipa Karrer, informando ainda que entre os possíveis consumidores estão grupos brasileiros e multinacionais. A empresa deverá investir em novas expansões em Tauá, até produzir 50 MW. O terreno onde está a usina possui área de 200 hectares, mas só está utilizando
inicialmente 1,5 hectare. “Temos uma plataforma de crescimento extraordinária, muitos megawatts para crescer nesta região, mas também consideraremos outras localidades do Brasil”, anuncia. Entretanto, o grupo de Eike Batista parece bem entusiasmado com a viabilidade de negócios na região. “O Nordeste é uma região privilegiada do ponto de vista deste tipo de empreendimento. Acho que será, senão líder, um dos líderes no País nesse tipo de investimento”, vislumbra. Embora tenha o apelo da sustentabilidade, a energia solar ainda não é comercialmente viável. O preço do megawatt/hora gerado pelos paineis fotovoltaicos custa entre R$ 660 e R$ 700,
enquanto na hidrelétrica custa cerca de R$ 150. Para Karrer, a possibilidade de queda no preço está diretamente relacionada ao aumento da escala de produção dos paineis mais do que propriamente à redução do custo de operação. “A MPX pretende, através do pioneirismo dela, ter ganho de escala e poder liderar essa curva de implantação de novos projetos”, afirma. O Governo do Estado do Ceará anuncia, ainda para este ano, um leilão específico para compra de energia solar. A ideia é que esta energia seja utilizada em equipamentos públicos. O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Zuza de Oliveira, ressalta a importância de incentivar o consumo de energia solar fotovoltaica nas empresas. “Pensamos na criação de um selo, que mostraria a responsabilidade ambiental daquela empresa que está investindo em uma energia limpa e renovável”, antecipa. Novas tecnologias - O grupo EBX também anunciou, para a termelétrica do Pecém, um laboratório de pesquisa com micro e macro algas para ajudar na captura de CO2. A expectativa é que o grupo lidere as ações de captura nesse segmento.
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leilões
Energia eólica ganha força
Nos últimos leilões realizados pelo Governo Federal, metade dos projetos aprovados foi para uso de turbinas eólicas na geração de eletricidade
A
matriz energética do Brasil, historicamente baseada nas usinas hidrelétricas, consolida a sua diversificação. Uma das opções que mais tem ganho relevância é o aproveitamento da força dos ventos. O País terá, até 2014, quase dois mil megawatts (MW) de energia a mais vinda de usinas eólicas. Nos dois leilões de energia realizados pelo Governo Federal, em agosto, destinados ao atendimento do mercado consumidor brasileiro, os projetos de energia eólica ficaram com praticamente a metade de toda a capacidade contratada nas duas ações, que também negociaram projetos de geração através de hidrelétricas, biomassa e gás natural. No leilão A-3, que resultou na comercialização de 2.744,6 megawatts (MW) de nova capacidade ao sistema elétrico brasileiro, a eólica ficou com 1.067,7 MW - 44 dos 51 projetos contratados. E no leilão de reserva, feito para garantir um estoque de geração além do montante necessário para atender a demanda dos consumidores, de um total de 1.218,1 MW contratados, 867,1 foram de projetos eólicos (34 de um total de 41). Atualmente, segundo a Agên-
cia Nacional de Energia Elétrica, as usinas eólicas representam apenas 0,99% da matriz elétrica brasileira em operação. De um total de quase 116 mil MW, aproximadamente 1,14 mil MW vem das turbinas movidas pelo vento. Considerando os projetos em construção, a capacidade ganharia cerca de mil MW. Há ainda quase quatro mil MW em empreendimentos já autorizados mas que ainda não foram construídos. Se fosse somado todo o potencial de geração de energia eólica,
acrescentando o total aprovado nos últimos dois leilões, essa alternativa de geração chegaria a cerca de oito mil MW. Em relação ao total produzido de eletricidade no País, ela ainda representaria pouco, cerca de 7%. Mas considerando o fato de ser uma tecnologia recente, não só no Brasil como no mundo, o uso da força dos ventos para a geração de força elétrica apresenta um futuro promissor . Nada mais justo para um País com grande extensão territorial e mais de sete mil km de costa.
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SXC.hu
Brasil precisa garantir retorno para os investimentos, diz consultoria Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, os leilões de energia realizados em 2011 representaram uma redução significativa dos preços dos projetos eólicos. Considerando todas as opções de geração, as licitações obtiveram um preço médio de R$ 102,07 por MW/hora (MWh). A eólica ficou ainda abaixo disso: R$ 99,58 no leilão A-3 e R$ 99,54 no de reserva. “O fato de as eólicas terem sido contratadas a um preço médio final de dois dígitos, inferiores a R$ 100,00 o MWh, é a materialização de algo impensável até pouco tempo atrás. Isso é fruto da competição promovida pelos leilões”, observou o presidente da EPE. Há, no entanto, quem veja esses valores não como um motivo de comemoração, mas de cautela. De acordo com o estudo intitulado “Leilões 2011 do Brasil: baixos preços, altos riscos”, realizado pela Bloomberg New Energy Finance, (provedor independente de pesquisa e análise para os setores de energia renovável e mer-
cado de carbono), o futuro desenha um cenário desafiador para que o Brasil consiga colocar em operação os novos parques aprovados na licitação. O relatório conclui que o Brasil tem potencial para se tornar um dos mercados com maior crescimento em energia eólica, mas enfatiza que o corte dos custos e a melhoria da performance, nos projetos ganhadores dos leilões, são condições necessárias para que eles sejam viabilizados. Maria Gabriela da Rocha Oliveira, chefe de pesquisa para a América Latina da consultoria, explica que um dos motivos para o alerta é que a taxa de retorno (valor obtido depois de todos os gastos do investimento) de boa parte dos projetos aprovados nos leilões é menor que 10%. “Dos 44 projetos eólicos do leilão A-3, 24 apresentam retorno mais baixo que 10%”, afirma Gabriela, lembrando que isso também acontece com 8 dos 34 empreendimentos do leilão de reserva. Outra questão a ser considerada, na sua avaliação, é o preço das turbinas no Brasil. Ela res-
salta que, dos projetos do leilão, 43% não apresentam contratos de negociação dos equipamentos. O preço médio do mercado mundial, de acordo com a consultora, está atualmente em 1,34 milhão de dólares por MW. Mas para os projetos se tornarem viáveis em território brasileiro, seria necessário um valor de US$ 1,2 milhão por MW. E pelas referências dos leilões do ano passado, vai ser difícil obter esse patamar. Os projetos trabalharam com turbinas ao custo de US$ 1,4 milhão por MW. A estimativa da Bloomberg é de que as baixas taxas de retorno para boa parte dos projetos aumentam a possibilidade do potencial aprovado não ser financiado ou construído dentro dos prazos estabelecidos nos leilões. Ainda segundo a análise, para atingir bons retornos, cerca de metade das novas plantas têm de operar de modo muito eficiente ou muito mais barato que o que tem sido visto até hoje ao redor do mundo. A solução, ainda segundo a consultoria, é que os custos com turbinas baixem 15% no Brasil.
Leilões de Energia A-3 e de Reserva / 2011 Fonte
Projetos contratados
Potência instalada (MW)
Eólica
78
1.928,8
Biomassa
11
554,8
Hídrica
1
450
Gás natural
2
1.029,1
TOTAL
92
3.962,7 Fonte: EPE
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fique por dentro
Como funcionam os fornos solares www.suncooking.com.au
Imagine fazer o almoço da família sem usar gás, nem lenha, nem energia elétrica. E como é possível? Com o calor que vem diretamente do sol
F
ornos solares são estruturas montadas para concentrar os raios e cozinhar alimentos por meio de conversão térmica da radiação solar. O equipamento é barato, fácil de usar e seguro. Não causa incêndios nem queimaduras, embora possa chegar a altas temperaturas. Dependendo da quantidade de radiação solar que entra no forno e do nível de proteção térmica que ele dispõe, é capaz de assar um bolo em uma hora e meia. Com exceção de frituras, é possível preparar tudo no forno solar. Em geral, o cozimento mais
eficiente se faz em panelas médias ou pequenas, de preferência rasas, sempre pretas ou de cores escuras e com tampa. A estrutura possibilita que sejam preparados juntos vários tipos de alimentos, mesmo que tenham tempos de cozimento diferentes. A comida é cozida lentamente, preservando mais os nutrientes e, como não tem o risco de queimar, não precisa ser mexida ou vigiada durante o cozimento. Além de otimizar o tempo da dona de casa, ainda facilita na hora de lavar as panelas, já que a comida não queima, não seca, não gruda. Outra vantagem dos fornos solares é a sustentabilidade. A queima da lenha e do carvão tem pelo menos dois grandes problemas ambientais associados: a derrubada das árvores e a liberação de gases de carbono, que poluem o ar e intensificam o efeito estufa. O modelo reduz ainda as doenças nos olhos e nos pulmões causadas pela fumaça resultante da queima de lenha na cozinha. O uso de energias renováveis e não poluentes pode ajudar a preservar a natureza e reduzir,
ao mesmo tempo, o orçamento doméstico. O modelo mais simples, tipo painel, é feito com um pedaço de papelão, revestido com algum papel laminado. Depois de montado o equipamento, basta contar com a luz do sol, que é a mais abundante e mais fácil de ser empregada nas tecnologias simples e de baixo custo. Como o forno solar é totalmente dependente da condição climática, não é recomendável para lugares frios ou com abundância anual de chuvas. Porque, siga-nos se o tempo estiver nublado, a @imterraplenagem refeição pode ficar comprometida. Mas em regiões de sol abundante, o sistema de fornos solares é capaz de salvar vidas em comunidades pobres e isoladas. Nos anos 90, a associação internacional Solar Cookers distribuiu fornos solares para 28 mil famílias no Quênia. Tempos depois, constatou que cerca de 20% delas ainda usavam os painéis como equipamento principal da cozinha, o que indica quase seis mil famílias, que estariam queimando lenha, adotando métodos de cozinha sustentável.
Conheça os principais modelos de fornos solares: raios de sol
aba refletora
tampa de vidro
superfície refletora
VEM PRA CAIXA: O forno tipo caixa tem a vantagem de ser mais abrigado e ter um volume interno avantajado. Ele consiste de uma caixa de madeira, com o interior revestido com um material refletor e uma tampa de vidro (que produz o efeito estufa dentro da caixa). Modelos mais sofisticados tem abas refletoras do lado de fora, direcionando os raios para o interior.
Infrae strutura com c
CHAPA QUENTE: O formato de parabólica faz com que este tipo de forno atinja as temperaturas mais altas entre os fornos solares - há quem garanta que eles cozinham tão rápido quanto um forno convencional. Isso acontece porque, graças ao seu formato, os raios do sol convergem para o mesmo ponto, onde deve ser colocada a panela, a assadeira ou o bule.
e. d a ilid b i d e r
SIMPLES E EFICIENTE: O painel é o modelo mais simples e, apesar de parecer frágil, dá para cozinhar qualquer coisa nele. Para facilitar o cozimento, recomenda-se que seja usada uma panela de cerâmica escura, envolta em um plástico para impedir que o calor fuja.
Ilustrações: Gerardo Júnior Fonte: Planeta Sustentável
Fotos: Grupo EBX/Divulgação
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Terraplenagem, pavimentação e drenagem de obras como: rodovias, parques eólicos, áreas industriais, condomínios horizontais, loteamentos, acessos e bases para exploração de petróleo em terra, barragens, etc. Fone +55 84 4009 8800 juliano@imterraplenagem.com.br imterraplenagem.com.br
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cobertura ALL ABOUT ENERGY
Evento movimenta setor energético A maior feira de energias renováveis da América Latina levou quase quatro mil pessoas ao Centro de Convenções de Fortaleza
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sexta edição do All About Energy reuniu em Fortaleza, de 5 a 8 de julho, as maiores empresas do mundo no setor de energias renováveis, representantes de governos, instituições públicas e privadas, além de estudantes e professores universitários. Ao todo, foram quase quatro mil pessoas circulando pelo evento O All About Energy 2011 teve início com cursos de capacitação técnica para várias especialidades em energias renováveis e visita técnica ao túnel de vento da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Outro destaque foi o Circuito P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), que reuniu 117 representantes de empresas e instituições de pesquisa, com o intuito de impulsionar estudos sobre energias renováveis. Além da feira expositora, que reuniu 91 empresas nacionais e internacionais, e da programação de palestras técnico científicas, o evento contou com a Rodada de Negócios, exclusiva para 64 congressistas, que reafirmou o potencial econômico do setor. Para o presidente do evento, Armando Abreu, é um marco para as energias renováveis. “Para quem está no Brasil há quinze anos, este evento é motivo de muita alegria. Costuma-se dizer que o Brasil é a bola da vez em economia e a ideia do All About Energy é permitir que os participantes possam conhecer mais o setor e que
Fotos: Victor Eleutério
A
possam fazer negócios”, anunciou. Durante a maior feira de energias renováveis da América Latina foram discutidos temas referentes a todas as fontes renováveis de energia, como a Solar, Eólica, Biomassa, Biocombustível e Hidrelétricas. De acordo com o deputado federal Antonio Balhmann, o crescimento do setor está diretamente ligado ao desenvolvimento do Nordeste: “Há no macroambiente mundial a vocação para fontes de energias renováveis e o Nordeste é naturalmente fornecedor”, afirmou. O Governo do Estado do Ceará, correalizador do All About Energy, tem sido um incentivador das energias renováveis, subsidiando empresas que desenvolvem projetos nesta área. O governador do Ceará em exercício, Domingos Filho, ressaltou que o estado deixa, aos poucos, a condição de importador de energia. “O Ceará,
que é conhecido como terra da Luz, no futuro será o estado da energia. E uma energia renovável”, comemorou. Alexandre Navarro, secretário do Ministério da Integração Nacional, esteve na abertura da feira e reafirmou a importância de investimento no setor. “País nenhum deixa de ser desigual sem desenvolvimento ecológico. Petróleo e gás terão que ser uma vertente do desenvolvimento sustentável”, afirmou. De acordo com o embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Choi Kyong-Lim, o investimento em fontes renováveis já apresenta bons resultados. “A Coreia é um país que não produz uma gota de petróleo. Para fazer contraponto a essa escassez, o governo tem investido em energias de fontes renováveis. Já temos empresas que possuem competitividade mundial”, afirmou.
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cobertura CITENEL
Inovação, eficiência energética e P&D
Divulgação
Os temas foram abordados nos eventos da Aneel, organizados pela Coelce em Fortaleza, em agosto. O objetivo do Citenel é atrair o interesse da indústria e aumentar sua participação nos projetos, para que os resultados cheguem mais rapidamente ao mercado
F
ortalezarecebeuoVICongressode Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (Citenel) e o II Seminário de Eficiência Energética no Setor Elétrico (Seenel) de 17 a 19 de agosto, na Fábrica de Negócios. Os eventos contaram com a participação de 720 inscritos e 85 empresas cadastradas. Num total foram apresentados 300 artigos técnicos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e 41 informes técnicos sobre eficiência energética. O superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência
Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Máximo Luiz Pompermayer, afirmou que “os eventos são uma ótima oportunidade para prestar contas à sociedade de como estão sendo utilizados os importantes recursos destinados à P&D e eficiência energética”. O objetivo do Citenel é atrair o interesse da indústria e aumentar sua participação nos projetos, para que os resultados cheguem mais rapidamente ao mercado. “Queremos dar visibilidade aos programas de P&D para
a sociedade e, além disso, manter os fornecedores de tecnologia em contato com o setor elétrico”, afirma Máximo Luiz Pompermayer. Durante o Seenel foram destacadas ações de eficiência energética desenvolvidas pelas distribuidoras e que são importantes no combate ao desperdício de energia elétrica. “As políticas públicas de caráter educativo são muito importantes para criarmos a cultura de combate à perda de energia. E ao apresentarmos os projetos de eficiênciaenergéticatambémestaremos prestando contas aos consumidores acerca do trabalho que desenvolvemos”, ressalta o superintendente. Os eventos coordenados pela Aneel, neste ano, foram organizados pela Companhia Energética do Ceará (Coelce). Especialistas e pesquisadores do setor se reuniram para discutir iniciativas de pesquisa e desenvolvimento(P&D)edeeficiênciaenergética (EE), além de participar de painéis com apresentação de resultados de projetos desenvolvidos pelas empresas do setor elétrico, palestras técnicas e rodadas de negócio. No primeiro dia dos eventos foram lançados a quarta edição da Revista de P&DeditadapelaAneeleolivro“Desafios
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da Inovação em Serviços Públicos Regulados: Alterando paradigmas metodológicos na concepção das tarifas de energia elétrica”, escrito por Marco A.P. Delgado. A publicação é o primeiro livro resultante de um projeto de P&D regulado pela Aneel. A revista de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), editada pela Aneel desde 2006, alcançou sua quarta edição. O diretor geral da Aneel, Nelson Hübner, ressaltou a importância da publicação. De acordo com ele, “a revista apresenta exemplos significativos de recursos aplicados pelas empresas de forma eficiente em projetos de P&D”. Na publicação, foram selecionados 30 artigos de empresas do setor que
apresentam soluções para combate ao furto de energia, aprimoram a manutenção de linhas aéreas de transmissão, otimizam a conservação de transformadoresdetensão,aperfeiçoam a medição do consumo, monitoram a operação de reservatórios de usinas para redução de riscos, dentre outras contribuições. No primeiro dia dos eventos, foi realizada também a palestra “Criatividade, Inovação e Sustentabilidade”, apresentada por Waldez Luiz Ludwig. O segundo dia dos eventos contou com diversos debates sobre os projetos de Pesquisa & Desenvolvimento e de Eficiência Energética regulados pela Aneel. Um dos pontos foi a definição de temas estratégicos para P&D. Os
painéis de discussão do segundo dia também abordaram os impactos da Lei nº. 12.210/2010 nos projetos de eficiência energética, bem como as parcerias com a indústria no desenvolvimento de projetos de P&D e a eficácia e sustentabilidade das ações de eficiência energética. A edição anterior do Citenel e do Seenel foi realizada em junho de 2009 em Belém (PA) e contou com aproximadamente 500 participantes, entre autoridades, pesquisadores, especialistas, representantes de empresas, estudantes, dentre outros. A edição de 2011 contou com 220 participantes a mais do que a realizada na capital paraense.
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cobertura BRAZIL WINDPOWER 2011
Cadeia produtiva reunida
Evento leva principais nomes e empresas do setor de energia eólica ao Rio de Janeiro
A
segunda edição do Brazil Windpower, promovida pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e Global Wind Energy Council (GWEC) em setembro, levou ao Centro de Convenções Sulamérica, no Rio de Janeiro, empreendedores, consultores, empresários, executivos, fabricantes, prestadores de serviços e todos os profissionais envolvidos na área de energias renováveis com empreendimentos no Brasil. O objetivo do encontro era avaliar o desenvolvimento do setor eólico na América Latina. Otema deste ano foi “Construindo um mercado de 20 GW”, e durante três dias foram realizadas conferências sobre tecnologias, sustentabilidade, estrutura, sistemas, desenvolvimento regional, perspectivas de negócios para o futuro, entre outros assuntos ligados ao setor, além de feira com 130 expositores. O vice presidente da Abeeólica, Lauro Fiúza Junior, comemorou o sucesso do evento, que praticamente dobrou de tamanho em apenas duas edições. “O Brazil Windpower já está competitivo com os grandes eventos mundiais relacionados ao setor e esse crescimento mostra que estamos no caminho certo e que estamos colaborando para o desenvolvimento do País”, comemorou. O Brasil é o 21º no ranking de capacidade instalada, mas de acor-
do com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, já se configura como potencial gerador de energias renováveis. “Não tenho dúvida nenhuma de que o mundo todo olha para o que o Brasil está fazendo”, afirmou. Também foi de otimismo a fala do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. “O Brasil dos próximos anos deixará de ser um importador de energia - como fomos em toda nossa história, e nos tornaremos um País
exportador”, vislumbrou. Para o presidente da Abeéolica, Ricardo Simões, o momento é oportuno para o setor. “Estamos em uma fase de consolidação da indústria eólica. É necessário que o setor continue a investir no mercado de eólicas”, afirmou. Simões prevê ainda um grande volume de investimentos nos próximos anos. Atualmente, o País conta com 59 parques eólicos em produção, 28 usinas em construção e outros 131 empreendimentos outorgados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
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Depoimentos: “Eu acho que o mundo inteiro busca uma matriz de energia renovável, uma matriz limpa. E o Brasil tem uma das melhores matrizes do mundo. As energias renováveis são uma nova oportunidade de negócio, de geração de renda, de chegada de indústria e atração de investimentos”. Jaques Wagner - governador da Bahia
“O Brazil Windpower está sendo muito
interessante. Estão sendo discutidos pontos muito importantes com relação à política de mercado e aqui você encontra os principais players do mundo realmente preocupados com a situação brasileira. Já começam a ver que o mercado brasileiro veio com profissionalismo e preços que merecem a atenção de todos”.
“O Brazil Wind Power refletiu o desempenho do mercado de eólica nos últimos anos: muito movimentado. Fomos bastante procurados por clientes e fornecedores e estamos muito satisfeitos com o resultado da feira. Estaremos aqui no próximo ano”. Paulo Ferreira - gerente comercial da Impsa
“O evento mostrou ser um dos principais na área, com bastante movimento de clientes e fornecedores. Fizemos muitos contatos, agora vamos procurar concretizar os negócios”.
Pedro Rosas - professor da Universidade Federal do Pernambuco
muito boas, com muito conteúdo. Adorei”.
tante apropriados, nível dos participantes muito bom. Fiz excelentes contatos. Aqui é um ótimo ambiente para negócios”.
Ricardo Baú - área de subestações da ABB
Denise Couto - engenheira da Light
Roberto Arias Junior - Empresa KEB
“Achei o evento bem organizado, palestras
“Feira muito bem organizada, dias bas-
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cobertura M&T PEÇAS E SERVIÇOS E CONSTRUCTION EXPO 2011
Infraestrutura e equipamentos de construção
Imagens: Divulgação
A M&T Peças e Serviços e a Construction Expo 2011, promovidas pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, de 10 a 13 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, foram um sucesso de público. Durante os três dias, 25.944 pessoas passaram pelas feiras de negócios das áreas de infraestrutura e equipamentos de construção
O
evento contou com 360 expositores, sendo 126 de companhias internacionais, representando 14 países: Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Costa Rica, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Peru, Singapura, Suíça e Taiwan. De acordo com o presidente da Sobratema, Afonso Mamede, o resultado foi satisfatório. “Tivemos uma grande presença de pequenos empresários, empreiteiros e profissionais da área,
que são realmente as pessoas que estão participando da construção do Brasil”, afirmou. O presidente da entidade promotora das duas feiras também ressaltou o sucesso da realização paralela do Sobratema Congresso, com 17 conferências e reunindo 1.208 participantes, suscitando informações, debates e esclarecimentos sobre as grandes obras que estão sendo realizadas por todo o País, além de conhecimen-
tos sobre a aplicação de tecnologias inovadoras e sustentáveis no campo da Engenharia Civil e Mecânica, nas áreas da construção e equipamentos. Estimulada pelo grande sucesso dos eventos, a Sobratema já definiu o seu calendário de feiras para os próximos anos. Em 2012, está programada a M&T Expo. Em 2013, será realizada a segunda edição da Construction Expo e, em 2014, a segunda edição da M&T Peças e Serviços.
2a Edição
NOVIDADES
9
22 a 24 de novembro de 2011
ESTUDOS DE CASO INÉDITOS DE GRANDES CONSUMIDORES
FÓRUM NACIONAL
DE COMERCIALIZAÇÃO
DE ENERG A 2011
MESA REDONDA COM CONSUMIDORES LIVRES TUTORIAL DO MERCADO LIVRE PARA NOVOS ENTRANTES
Conheça, por meio de cases consolidados e empresas de projeção, as tendências e perspectivas de preços, expansão do mercado livre, regras para migração, venda de excedentes, renovação de concessões, leilões e cenário macro-econômico para 2012
ABORDAGEM DO PROJETO BRIX: UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O MERCADO LIVRE
RAZÕES PARA PARTICIPAR DO MAIOR EVENTO PARA CONSUMIDORES LIVRES NO BRASIL:
WORKSHOPS
■ Entenda as regras para migração ao Mercado Livre, procedimentos, riscos e vantagens ■ Conheça 9 casos práticos de empresas consumidoras de energia e as motivações que as levaram a migrar de ambiente de contratação ■ Acompanhe as melhores práticas de gestão de energia e conheça os riscos e vantagens da contratação no Mercado Cativo e no Mercado Livre José Reis Filho Gerente Corporativo Matriz Energética MARFRIG
KEYNOTE SPEAKERS Antonio Luiz Sarno Diretor de Marketing BRIX ENERGIA E FUTUROS
José Oscar Coloço Sourcing Engineering Services - Sourcing Buyer 3M
Nivalde José de Castro UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Carlos Faria Presidente ANACE
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Os Autoprodutores e a Garantia de Suprimento de Energia Elétrica com Preços Competitivos: de Santo Antônio a Belo Monte
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D ESCONTOS E
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destaque CÓDIGO FLORESTAL
Novo Código
Florestal
Até o final de outubro, os senadores deverão votar o Novo Código Florestal, documento proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP) que tem dividido opiniões e fomentado grandes discussões entre ruralistas, acadêmicos e ambientalistas. Por que ele causa tanta polêmica?
{ por Juliana Bomfim
Š Giancarlo Liguori | Dreamstime.com
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destaque CÓDIGO FLORESTAL
O
Código Florestal em vigência foi criado em 1965 e determina regras para a preservação ambiental em propriedades rurais, estabelece limites para preservar a vegetação nativa e define o quanto deve ser preservado pelos produtores. O texto prevê ainda o tipo de compensação que deve ser feito por setores que usem matérias primas, bem como as penas para responsáveis por crimes ambientais. O texto apresenta dois mecanismos de proteção ao meio ambiente: as Áreas de Preservação Permanente (APPs), locais como margens de rios, topos de morros e encostas, que são considerados frágeis e devem ter a vegetação original protegida. Há ainda a Reserva Legal, área de mata nativa que não pode ser desmatada dentro das propriedades rurais. A nova redação traz novidades no que diz respeito à área de terra em que será permitido o desmatamento, a política de reflorestamento dessa área e as multas para punir quem já desmatou. O Novo Código Florestal define ainda a região da Amazônia Legal como a que compreende os estados do Acre, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e regiões ao norte do paralelo 13° S, dos estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano (linha imaginária ligando os polos) de 44° W, do estado do Maranhão, abrangendo toda a chamada “Amazônia Brasileira”. Há 12 anos, o Congresso tenta discutir um novo texto. A necessidade de alteração da lei é consenso entre ambientalistas, ruralistas e comunidade científica. Entretanto, os grupos divergem (e muito!) em alguns trechos do projeto. Para os ambientalistas, as mudanças propostas vão favorecer os desmatamentos, já os ruralistas alegam que a legislação vigente é muito rigorosa e prejudica a produção. Um dos pontos de discórdia está nas
A necessidade de alteração da lei é consenso entre ambientalistas, ruralistas e comunidade científica.
considerações sobre as Áreas de Preservação Permanente (APPs), que são terrenos de propriedade particular, em áreas rurais ou urbanas, considerados vulneráveis. São classificadas como APPs margens de rios e reservatórios, topos de morros, áreas em declive ou matas localizadas em leitos de rios e nascentes. Diante do risco de desastres naturais, como deslizamento, erosão ou enchente, essas áreas devem ser permanentemente protegidas.
O projeto não considera como APPs as várzeas fora dos limites em torno dos rios, as veredas e os manguezais. Contudo, se a função ecológica do manguezal estiver comprometida, o corte de sua vegetação nativa somente poderá ser autorizado para obras habitacionais e de urbanização nas áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. As faixas de proteção em rios permanecem as mesmas, variando de 30
© Alexandre Fagundes De Fagundes | Dreamstime.com
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a 500 metros em torno dos rios. Entretanto, serão medidas a partir do leito regular e não mais do leito maior. Nos rios de até dez metros de largura será permitida a recomposição de metade da faixa, equivalente a 15 metros, caso já tenha sido desmatada. O novo Código Florestal permite também o uso das APPs já ocupadas com atividades agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural, desmatadas até 22 de julho de 2008. A polêmica das APPs consiste, exatamente, na extensão da área a ser preservada, bem como o uso desses espaços, sobretudo, os terrenos localizados às margens dos rios, devidamente ocupados.
Outro ponto divergente é sobre o que pode ser cultivado em APPs. Nas áreas de topo de morros, montes e serras com altura mínima de 100 metros e inclinação superior a 25°, podem ser cultivados plantios de uva, maçã, café ou de atividades silviculturais. A regra vale também para os locais com altitude superior a 1,8 mil metros. No entanto, o texto não deixa claro o que não pode ser mantido. Também não há consenso sobre a anistia de multas anteriores a julho de 2008. Dados divulgados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicam a existência de mais de 12 mil multas até 22 de julho de 2008.
A maior parte delas ocorreu por causa do desmatamento ilegal de APPs e de reserva legal em grandes propriedades da Amazônia Legal. A emenda também dá aos estados, por meio do Programa de Regularização Ambiental (PRA), o poder de estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas. Para ser anistiado das multas, o proprietário rural deverá aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), a ser instituído pela União e pelos estados. Ou seja, todas as multas aplicadas por desmatamento até 2008 serão suspensas, caso o produtor faça adesão ao PRA. Quando aderir ao PRA, o proprietário deverá assinar um termo de adesão e compromisso, no qual deverão estar especificados os procedimentos de recuperação exigidos pelo novo código. Os interessados terão um ano para aderir, a contar a partir da criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que deverá ocorrer em até 90 dias da publicação da lei. Dentro de um ano, se o proprietário estiver cumprindo o termo de compromisso, não poderá ser autuado e as multas referentes a desmatamentos serão suspensas, desde que aplicadas antes de 22 de julho de 2008. Depois da regularização, a punibilidade dos crimes será extinta. Ou seja, se o produtor cumprir o programa, é anistiado. Caso o termo de compromisso seja descumprido, o mesmo funcionará como um título executivo extrajudicial para exigir as multas suspensas, que deverão ser pagas pelos proprietários. O argumento da bancada ruralista é de que o objetivo do Novo Código não é fazendário e que o objetivo não é arrecadar dinheiro. Garantem que, se o agricultor está corrigindo o erro, não há sentido para a multa. Para a senadora Kátia Abreu (DEM-GO), o
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destaque
Roosewelt Pinheiro/ABr
CÓDIGO FLORESTAL
documento não anistia os produtores rurais que desmataram áreas de preservação. “Anistia é algo que não tem condicionantes, perdoar uma multa sem ter que fazer nada, não é assim. As multas serão apenas suspensas e, caso o agricultor corrija os erros cometidos, as multas se transformarão em serviços ambientais”, argumenta. Para os pequenos proprietários e os agricultores familiares, a expectativa é de que o Governo crie um programa de apoio financeiro para garantir a manutenção e a recomposição de APP e de reserva legal. Outro desacordo é o Artigo 16º, que trata da existência de “Reserva Legal”. No novo Código, cada propriedade rural deve destinar uma faixa de terra para que seja mantida a vegetação original, a fim de garantir a biodiversidade e proteção da fauna e flora. A extensão da Reserva Legal varia de acordo com a região do País. Na Amazônia, deve ser mantida 80% da propriedade; no Cerrado e estados da Amazônia Legal,
o percentual é de 35%, e no restante do território nacional, o proprietário deve preservar 20% do terreno. A crítica dos ambientalistas é a isenção da reserva legal para pequenos produtores. De acordo com o texto aprovado pelos deputados federais, vale a situação em que se encontrava a área em 2008. Ou seja, não será necessário fazer interferências para ampliar a reserva legal até os 20% da propriedade definidos na lei. De acordo com os deputados da bancada ruralista, a lei impede o desenvolvimento do País, uma vez que foi criada quando as atividades de agricultura e pecuária não tinham tanta produtividade. Os argumentos para a alteração são de que é preciso destinar mais terra para aumentar a produção. Sem as mudanças no documento, não será possível suprir a demanda crescente por alimentos e ainda permitirá que o Brasil fique em desvantagem no cenário agropecuário mundial. Os ambientalistas, por sua vez, sugerem aprimoramento de técnicas, uso de tecnologias, eficiência nas la-
vouras e otimização dos pastos para até dobrar a produção na agricultura e pecuária. As mudanças no Código, afirmam, podem aumentar o desmatamento, comprometer a biodiversidade e até ciclos naturais, como chuvas, ventos, a polinização e controle natural de pragas. Outras consequências seriam mudanças climáticas e flutuações do nível do mar; zoneamento ambiental da planície costeira; impactos socioambientais na zona costeira (grandes empreendimentos, carcinicultura, vias de acesso, loteamentos); demarcação e delimitação de terras indígenas; danos ambientais aos sistemas manguezal, dunas, lagoas, falésias e praia; unidades de conservação; áreas de risco; educação para sustentabilidade. Tal desequilíbrio poderá refletir na produção agropecuária. A ex ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que a Novo Código agride a Constituição, traz insegurança jurídica e incentiva novos desmatamentos. “Já se esboça operação política para que, rapidamente, esses retrocessos sejam legitimados. Repete-se o distanciamento entre a posição do Congresso e a vontade da sociedade, acrescido da tentativa de criar a falsa sensação de que o projeto é equilibrado e bom para as florestas. Isso não é verdade. Nenhuma das sugestões dos ex ministros do Meio Ambiente foram consideradas. Tampouco as dos cientistas”, lamenta. A aprovação na Câmara dos Deputados, em maio deste ano, foi de 273 votos a 182. Se aprovado no Senado, deverá ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Caso haja mudança em relação ao texto aprovado na Câmara, os deputados voltam a analisar o texto do Novo Código Florestal. Depois, o Código vai à sanção da presidente, que tem a prerrogativa de vetar o texto parcial ou integralmente.
8ª
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+ de 30 palestras e painéis interativos
1 seminário técnico pré-evento + de 40 palestrantes + de 300 participantes + de 15 patrocinadores + de 7 apoiadores + de 36 horas de networking
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3r’s
reduzir, reutilizar, reciclar
A estimativa da receita bruta do setor foi cerca de R$ 4,94 bi Aproximadamente 79% do volume produzido Mais de 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora (cerca de 3,5 de madeira foram milhões de árvores) foram consumidos por 846 empresas na Amazônia destinados ao mercado Legal, resultando na produção de 5,8 milhões de metros cúbicos de madeira brasileiro. processada. A maioria (72%) era madeira serrada com baixo valor agregado
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Madeira
(ripas, caibros, tábuas e similares). Outros 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum nível de agregação tecnológica (pisos, esquadrias, madeira aparelhada etc.); e o restante (13%) era madeira laminada e compensada. Este quadro representa 39% de todos os 2.227 empreendimentos na região, em 2009, de acordo com o Serviço Florestal Brasileiro. A madeira é matéria prima para a construção civil, com diversas aplicações, desde estruturação pesada externa a detalhes decorativos.
REDUZIR Vários sistemas construtivos permitem a redução do uso de madeira em construção civil, substituindo-a por alumínio. Com soluções de engenharia, a Mills, por exemplo, oferece o sistema de formas modulares de alumínio, indicado para a construção de casas populares em até 24 horas. Introduzido no Brasil em parceria com a canadense Aluma Systems, o Easy Set dispensa o uso de madeira, eliminando possíveis desperdícios na obra e proporcionando um aumento na produtividade, se comparado à alvenaria convencional. Uma particularidade no sistema é a presença do alumínio, um material reciclável, com alto desempenho e durabilidade. O sistema pode ser utilizado até 2 mil vezes, considerando cuidados com armazenamento, aplicação de desmoldante e limpeza frequente.
REUTILIZAR Dentro da construção civil, a madeira preservada pode ter diversos usos, que vão de painéis e montantes até cobertura, assoalhos, batentes, portas e janelas. A reutilização da madeira também pode acontecer de uma forma mais simples, realizada pelo próprio consumidor final. Com consciência, criatividade e disposição é possível transformar caixas de madeira usadas para carregar frutas na feira em prateleiras, customizando o novo móvel com características da casa e do seu dono e otimizando espaços ociosos.
RECICLAR A madeira é dos materiais não recicláveis da construção civil, assim como o solo, gesso, metal, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor. Desses materiais, alguns são passíveis de serem selecionados e encaminhados para outros usos. Assim, embalagens de papel e papelão, madeira e mesmo vidro e metal podem ser recolhidos para reutilização ou reciclagem. Isso pode ser feito com o entulho da obra, os restos e fragmentos de materiais. A briquetagem compacta restos, pó e serragem de madeira a uma pressão elevada, até a formação de toras de tamanho padronizado que podem ser usadas como lenha. Este processo evita que os resíduos de madeira sejam jogados fora, mas aproveitados. Os briquetes são utilizados em pizzarias, restaurantes e padarias que usam fogão a lenha.
Como?
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guia verde
redução de consumo
Reaproveitamento do óleo de cozinha O gasto com iluminação produzido pelas lâmpadas representa no Brasil de 15 a 20% de toda a conta de energia elétrica doméstica. As lâmpadas incandescentes, que são as mais baratas e as que mais causam impacto negativo no meio ambiente, ainda são as mais usadas no país. Em países da Europa e em outros como a Austrália, as incandescentes estão com os dias contados. Ao economizar com iluminação, você contribui para o orçamento familiar e também ajuda o meio ambiente. Veja as vantagens e desvantagens de cada tipo de lâmpada: Além disso, a presença de óleos e gorduras na rede de esgoto gera problemas como odores desagradáveis e proliferação de vetores (transmissores de doenças). A prática aumenta o risco de poluição de cursos de água, risco de contaminação para a população e elevação do custo final no tratamento dos efluentes. Veja alguns exemplos de reaproveitamento do óleo de cozinha:
1
Educação. A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) envia agentes de Educação Ambiental aos restaurantes, bares, lanchonetes, pastelarias, hotéis e demais estabelecimentos comerciais que mais jogam o óleo de cozinha na rede coletora de esgoto. Os profissionais fazem a abordagem, orientando sobre o uso correto da caixa de gordura e o local adequado para armazenagem desses resíduos.
2
Combustível. O mesmo óleo que frita as batatas, nuggets e tortinhas do McDonald’s abastece os caminhões que levam os alimentos às unidades da rede de fast-food em São Paulo. A Arcos Dourados, que controla a rede americana de lanchonetes na América Latina desde 2007, e sua operadora logística MartinBrower desenvolveram um projeto para reutilizar o óleo de fritura no transporte e permitir a economia de combustíveis.
3
Em casa. O óleo usado pode ser colocado em garrafas PET. Já o material retirado da caixa de gordura deve ser colocado em sacolas plásticas. Depois de serem devidamente acondicionados, os resíduos podem ser comercializados ou doados para reciclagem. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) distribui coletores caseiros para óleo de cozinha entre seus funcionários. O óleo coletado em casa é levado até a unidade da Companhia e de lá segue para a Usina de Biodiesel de Quixadá (CE).
4
Separador. A empresa Hydro Z lançou, este ano, o Sistema Separador de Gordura, que tem a função de coletar e reter resíduos gordurosos gerados nas pias de cozinhas e máquinas de lavar louças, evitando assim o entupimento da tubulação existente e que a mistura com os demais efluentes dificulte a adequação da água. O Sistema tem capacidade para atender um grupo de 77 habitantes ou 12 cozinhas residenciais. Pode ser instalado em residências, restaurantes, prédios, condomínios e até cozinhas industriais.
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Dicas de livros, sites, filmes e muito mais
show
O festival de música e arte SWU (Starts With You - Começa Com Você) acontece em Paulínia, São Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de novembro. É o primeiro festival camping do País, no estilo dos maiores festivais de música da Europa. Estão previstas as apresentações de cerca de 70 diferentes atrações nacionais e internacionais. O SWU é um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade que tem o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas, mostrando que, por meio de pequenas ações, com simples atitudes individuais do seu dia a dia, é possível ajudar a construir um mundo melhor para se viver. Mais informações: www.swu.com.br
site
O CicloVivo (www.ciclovivo.com.br) é um site com o objetivo de informar as mudanças e novidades do mundo da sustentabilidade, além de fomentar atitudes mais positivas e conscientes. Com alicerce em três pilares (econômico, social e ambiental) as notícias envolvem: meio ambiente, tecnologia, arquitetura, mídia, design, desenvolvimento e vida sustentável.
arquitetura
A estação do metrô Vila Prudente, em São Paulo, foi construída em três níveis enterrados e, por isso, optou-se pela cobertura translúcida. Com o vidro temperado laminado de controle solar autolimpante, é a primeira estação do Metrô de São Paulo a ter iluminação natural em quase toda a extensão. De autoria do arquiteto Luiz Carlos Esteves e construção da Andrade Gutierrez, a obra incorpora uma cobertura de vidro, que permite ventilação e luminosidade naturais. A camada autolimpante integrada ao vidro permite que as forças da água da chuva e dos raios ultravioletas combatam a sujeira e os resíduos que se acumulam no exterior.
evento
De 15 a 17 de dezembro de 2011, no Expo Center Norte, São Paulo, acontece o ONG Brasil, evento sem fins lucrativos, direcionado para o desenvolvimento e a capacitação das Organizações Não Governamentais (ONGs) Brasileiras e/ ou com atuação no País. A programação traz exposição e congresso internacional. Mais informações: www. ongbrasil.com.br
Com tradução simultânea With simultaneous interpretation
21 e 22 de Novembro de 2011 Pirâmide Natal Hotel & Convention - Natal - Rio Grande do Norte 21st - 22nd November 2011, November Natal - Rio Grande do Norte - Brazil
O Ambiente Político e Regulatório do Setor Eólico Nacional e o Desenvolvimento de Novos Negócios para Investidores na Cadeia de Fornecimento
Apoio:
Centro de Estratégias em Recursos Naturais & Energia
Realização:
informações e inscrições: +55 11 5051 6535 - www.cartadosventos.com.br
Visite projetos dos artistas do Coletivo Base / Baião Ilustrado: www.behance.net/juliaojr/ www.flickr.com/juliaojr
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o último apaga a luz
Ação e Reação. Ilustração: Julião Jr, 2011