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bimestral > julho.agosto.2010 > # 1 > R$ 10,00
Energia verde (e amarela) MAIS NESTA EDIÇÃO ::: Novos rumos para a diversificação da matriz elétrica no Brasil
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Entrevista exclusiva com o teólogo e ambientalista Leonardo Boff sobre
ecologia em suas mais variadas vertentes
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Design consciente e sustentável
Usina Vale dos Ventos | Localizada na ParaĂba | Instalada em Fevereiro de 2009
índice Como navegar pelo conteúdo Localize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:
Eco A relação direta do homem com o meio ambiente
Energia Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis
Sustentável Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável
“entre vista ista
LEONARDO BOFF O teólogo e ambientalista brasileiro fala da atual crise ecológica, opina sobre matrizes elétricas, analisa a questão da ecologia em suas mais variadas vertentes e articula um possível modo de convivência mais justo
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Arquiteta carioca transforma edificações convencionais em casas ecológicas
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Conselho cria condições no meio empresarial para atingir a rota da economia de baixo carbono 12 Campanha alerta para o desperdício de alimentos no Brasil: um terço do nosso consumo vai para o lixo 15 Artista plástico brasileiro Vik Muniz transforma lixo em obras de arte 19 Conheça Curitiba, eleita a cidade mais sustentável do mundo, e seus programas ambientais 30
Diversificação da matriz: o futuro das energias alternativas e renováveis no Brasil
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Presidente da ABEEólica, Ricardo Simões, fala dos novos desafios da associação e do crescimento do setor 58 Nova tecnologia converte eletricidade excedente gerada por fontes alternativas em gás natural sintético 66 Artigo: o jornalista Elias Fajardo discute o atual cenário da energia limpa no País 68 Balanço energético: notas econômicas e políticas no setor de geração de energia 70
Designers, produtos e serviços que se adaptaram à sustentabilidade
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Como reduzir, reutilizar e reciclar sacos e sacolas de plástico 82 Guia prático de como conseguir descontos e deduções com um consumo consciente 83 Livros, sites, filmes e produtos ligados a energias renováveis e sustentabilidade 86 O ilustrador JuliãoJR estreia nossa seção “O Último Apaga a Luz” 90
editorial
Um novo tempo s alterações climáticas nos colocaram em uma situação única. Quase em xeque mate. Se fosse apenas um jogo, muitos achariam que este estava inevitavelmente perdido. Na prática, ainda há jogadores que acreditam que não estamos em uma posição completamente impossível. Mas é preciso uma conscientização global, onde cada um é responsável por uma parte deste todo. E em todas as áreas. Seja no setor de energia, na economia, na política, no marketing, ou até mesmo no design. Tudo está sendo remodulado para um novo conceito de vida. Respondendo a esta necessidade, chega a Renergy Brasil. Uma revista especializada em energias alternativas e renováveis, com foco na sustentabilidade. Um veículo de informação e de possíveis soluções relacionadas a questões como eficiência energética e economia de baixo carbono. Para profissionais, investidores e empresários do setor, bem como para leitores interessados em ações que colaborem com o desenvolvimento sustentável para o século XXI. Neste primeiro número, convidamos você a entender ecologia em todas as suas vertentes. O teólogo e ambientalista Leonardo Boff, em entrevista exclusiva, nos mostra que a questão ambiental não é a única vertente neste assunto e amplia a discussão. Nossa matéria de destaque trata dos novos rumos para a diversificação da matriz elétrica no Brasil e as perspectivas dos recentes leilões. Ricardo Simões, novo presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, fala do crescimento do setor no mercado brasileiro e dos desafios advindos. O jornalista e escritor Elias Fajardo também dá a sua opinião sobre o atual cenário da energia limpa. Nas áreas de sustentabilidade e ecologia, propostas e ideias relacionadas às preocupações ambientais e econômicas, locais e mundiais, que direcionam o governo, a indústria e o cidadão comum a enfrentar o desafio de construir um novo futuro. Boa leitura, e não se esqueça de reciclar esta revista. Passe-a adiante para um novo leitor. Uma ação dos novos tempos.
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Ações que colaborem com o desenvolvimento sustentável para o século XXI
expediente DIREÇÃO GERAL
Joana Ferreira
joana@renergybrasil.com.br
Mário Acioli
mario@renergybrasil.com.br EDIÇÃO
Ana Naddaf
editor@renergybrasil.com.br REDAÇÃO
Carol de Castro e Mônica Lucas redacao@renergybrasil.com.br PROJETO GRÁFICO
Gil Dicelli DIREÇÃO DE ARTE
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Gerardo Junior
Estalo! Comunicação + Design REVISÃO
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gustavo@renergybrasil.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Chris Jordan (fotografia), Elias Fajardo (artigo) e JuliãoJR - Coletivo Base (ilustração) DEPARTAMENTO COMERCIAL Gal Kury e Meiry Benevides (85) 3023 2002 comercial@renergybrasil.com.br IMPRESSÃO Gráfica Santa Marta TIRAGEM 10 mil exemplares RENERGY BRASIL EDITORA Ltda. Rua Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - Aldeota CEP 60170-251 Fortaleza CE Brasil www.renergybrasil.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Ana Naddaf MTB CE01131JP CAPA © Carlo Taccari | Dreamstime.com Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.
Os ventos estão mais fortes. PDE 2019: investimentos de R$ 31 bilhões para o setor de energias renováveis. 2,4 GW de capacidade em projetos eólicos 445 MW contratados no PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) – Maio de 2004 285 MW contratados no Leilão de Energia de Reserva EPE (Empresa de Pesquisa Energética) – Dezembro de 2009 547 MW cadastrados para o Leilão de Energia de Reserva EPE 2010 – Fontes Alternativas
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Energias que transformam o futuro
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conviver
revolução verde Conselho cria condições no meio empresarial para atingir a rota da economia de baixo carbono e as três dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental
Natura / divulgação
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onciliar produção de riqueza e bem estar para a sociedade sem comprometer a sobrevivência do planeta e da espécie humana. Esta é uma responsabilidade de todos, cidadãos, governos e empresas. Do lado da iniciativa privada, esta tarefa é defendida pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), que assumiu desde 1997 o desafio de criar condições no meio empresarial e nos demais segmentos da sociedade para que haja uma relação harmoniosa entre as três dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental. O Cebds é uma coalizão dos maiores grupos empresariais do Brasil. Com faturamento anual correspondente a 40% do PIB nacional, as empresas participantes geram juntas mais de 600 mil empregos diretos. Como representante do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com 185 grupos multinacionais, que faturam anualmente US$ 6 trilhões e geram 11 milhões
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de empregos diretos, o Cebds integra uma rede global de mais de 50 conselhos nacionais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de fazer negócios ao redor do mundo. Uma das preocupações do Cebds é que o Brasil precisa fazer o dever de casa para entrar de vez na rota da sustentabilidade e da economia de baixo carbono. O tema foi debatido no 1º Encontro Cidades e Mudanças Climáticas, promovido pelo Conselho e o WBCSD, em maio deste ano, no Rio de Janeiro. A receita para ingressar nesta “revolução verde” passa pela integração das políticas governamentais nos níveis federal, estadual e municipal; pela participação efetiva das empresas; pela produção de conhecimento científico; pelo desenvolvimento de novas tecnologias; e pelo estabelecimento de um plano de adaptação para este novo cenário. Esta foi a conclusão do encontro. Para a presidente do Cebds, Marina Grossi, a política de adaptação para a economia de baixo car-
bono e sustentabilidade ainda não tem destaque no planejamento urbano. Um exemplo de empresa carbono neutro é a Natura, que também compõe o Cebds. A indústria de cosméticos brasileira deu mais um passo, em 2007, na direção de fortalecer sua marca conectada a questões ambientais e melhorar a posição no mercado. Todos os seus produtos tem estampada na embalagem uma tabela ambiental, com informações sobre o grau de vegetalização dos produtos, sobre a capacidade de reciclagem da embalagem e sobre a certificação das matérias primas obtidas na natureza. Inspirou-se na tabela nutricional para criar este diferencial. A Natura investe em pesquisas para transformar produtos vegetais em fitoingredientes, com foco na preservação do ambiente e redução de emissão de carbono. Já conseguiu substituir, por exemplo, desde 2004, o óleo mineral pela oleína de palma, matéria prima renovável, em todos os óleos corporais da linha Natura Ekos.
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vestir
Sustentabilidade nos pés Melissa adota práticas que aumentam a vida útil dos calçados e possibilitam a reciclagem necessidade de preservar o meio ambiente não deixou de fora o mundo da moda, que investe cada vez mais em design sustentável. Na Melissa, conhecida por seus inconfundíveis calçados de plástico, cada produto é desenvolvido levando em consideração o gasto de energia na fabricação, a vida útil que ele terá, a possibilidade de reutilização e a facilidade de desmontagem e reciclagem. As práticas são adotadas em todas as suas unidades, localizadas no Sul e no Nordeste do País. Além da tecnologia empregada nos próprios calçados, a Melissa investe em pro-
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jetos como o Sustente-se e o livro “Haverá a Idade das Coisas Leves”. O Sustente-se foi realizado em parceria com a empresa +Luz e os Irmãos Campana (os artistas plásticos Humberto e Fernando Campana). Criado em 2008, levou ações de guerrilha e intervenções artísticas ao Rio de Janeiro e São Paulo. Mais de 150 João Bobos com frases sobre sustentabilidade foram colocados em diferentes lugares das cidades, causando uma mudança na paisagem e promovendo uma interação com o cidadão. O trabalho contou ainda com o lançamento da Melissa Sapatilha Campana, feita
com até 30% de PVC reciclado e com parte da venda revertida para a ONG Visão Mundial, que tem programas para enfrentamento de pobreza e exclusão social. A marca também patrocinou a edição nacional do livro “Haverá a Idade das Coisas Leves”, organizado pelo francês Thierry Kazazian, sobre questões relativas ao desenvolvimento sustentável. O designer Kazazian é fundador da primeira agência internacional de designers que adotam o conceito do desenvolvimento sustentável em todos os projetos. O livro está em sua segunda edição.
Haverá a Idade das Coisas Leves Organizador: Thierry Kazazian Editora SENAC - 2ª Edição
Melissa / divulgação
Para saber mais sobre
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consumir
Ação contra o desperdício de alimentos Um terço do que compramos vai direto para o lixo: campanha do Instituto Akatu alerta para o desperdício de alimentos no Brasil magine-se jogando no lixo um terço da comida que você compra no supermercado. É o que acontece constantemente sem que percebamos, segundo o Instituto Akatu. Por isso a entidade sem fins lucrativos lançou uma campanha de conscientização contra o desperdício de alimentos. Vale lembrar que, junto com eles, também são jogadas fora todas as suas embalagens, água e energia, assim como o CO2 emitido em sua produção e transporte. Resultado: impactos negativos para a sociedade, a economia e o meio ambiente. Além de alertar os brasileiros sobre essa perda cotidiana, a ideia é mostrar que é possível mudar este quadro por meio de pequenos gestos. Conferir a data de validade dos produtos e dar preferência aos que trazem menos embalagem (e portanto geram menos lixo) são hábitos simples que fazem uma grande diferença para o bolso, para a sociedade e para a natureza. Criadas pela agência Leo Burnett, as peças da campanha aproveitam a linguagem dos
Instituto Akatu / divulgação
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anúncios do mercado varejista para ressaltar a perda dos produtos que vão para o lixo. O objetivo é impactar o consumidor, traduzindo monetariamente o desperdício. Números que se tornam ainda mais alarmantes, para além da preocupação financeira, quando pensamos que 14 milhões de brasileiros vivem em domicílios com insegurança alimentar grave, segundo o IBGE.
Para saber mais sobre Visite o hotsite do Instituto: www.akatu.org.br/sites/desperdicio
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exercitar
Bicicleta dá energia Rock the Bike: um show musical ou uma demonstração gastronômica recebe energia que vem da força das pedaladas do público m grupo de amigos da Califórnia se uniu para estimular o uso da bicicleta em prol da geração de energia. Eles estão à frente do movimento conhecido nos Estados Unidos como Rock the Bike, que promove festas, passeios e vende produtos, tudo com bicicleta. Não entendeu? A energia que mantém a banda de música nas festas é gerada pelos movimentos dos pedais de bicicletas apropriadas para este objetivo. Os passeios noturnos de bicicletas, que já são vistos pelas ruas de Fortaleza, mas organizados por grupos locais, também ganham os espaços públicos em diversas cidades americanas. Nestas voltas, o grupo promove esporte e consciência ambiental. E os produtos à venda em seu website são, por exemplo, luzes para a barra da bicicleta, sinalizando o veículo em ambientes escuros, suportes de carga para a garupa, apoios de equilíbrio para estacionar o veículo. Um dos serviços que o movimento oferece é o chamado Biker Bar, uma plataforma com bicicletas imóveis. As
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pessoas pedalam sem sair do lugar, mas se divertem, conversando e ouvindo música. A energia para o show musical vem das pedaladas. Seja qual for a apresentação, pode ser uma demonstração gastronômica, por exemplo, a energia vem da força das pernas dos participantes nas bikes. O projeto pode ser alugado ou comprado e, segundo Paul Freedman, um dos criadores, a ideia é melhor do que painéis solares e geradores movidos a biodiesel, pois ele coloca pessoas pedalando juntas, enquanto assistem uma aula de culinária, um show ou o que mais precisar de energia. O Rock the Bike ficou conhecido por seus eventos culturais, esportivos e de eficiência energética. Outro exemplo, que é exposto em feiras, é um liquidificador preso na bicicleta que funciona à medida que se pedala. Uma boa opção para malhar e preparar uma vitamina ao mesmo tempo.
A Mar tifer Renováveis faz par te de um Grupo construído com muita dedicação, talento e, é claro, energia.
Martifer Construções
Líder do setor de construções metálicas na Península Ibérica e em processo de expansão das suas atividades, com a entrada em novos mercados, como Reino Unido e Brasil.
Martifer Energy Systems
Produção de equipamentos, engenharia e desenvolvimento de novas tecnologias para a área de energias renováveis.
Martifer Renováveis
Desenvolvimento de projetos no segmento de energias renováveis, sobretudo no setor eólico.
Martifer Solar
Desenvolvimento de projetos fotovoltaicos e instalação de parques solares.
www.mar tifer.pt
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ler
Papel de Plástico Tecnologia inédita desenvolvida no Brasil permite a produção de papel sintético e bastante resistente a partir de plásticos descartados Um dado extra A empresa vai fornecer 170 toneladas desse material para a impressão de 261 mil livros didáticos da Fundação Paula Souza, em São Paulo.
seja, matérias primas virgens. A pesquisa, coordenada por Sati Manrich, do Departamento de Engenharia de Materiais da universidade, comprova que esse papel é bastante resistente, com grandes propriedades de barreira à umidade e água. Produzido em forma de filmes, o material pode ser empregado em rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de
jogos, etiquetas, livros escolares e até cédulas de dinheiro. O aspecto final é o mesmo do produto feito a partir da resina virgem, com a vantagem que se aproveita o material que iria para o aterro sanitário ou lixões. Para cada tonelada de papel produzido, cerca de 850 quilos de resíduos plásticos são retirados das ruas e lixões, segundo a empresa. Outra vantagem do produto se mostra no processo de reimpressão: ao absorver menos tinta, gera uma economia em torno de 20% em relação a outros materiais. Além disso, pode ser reciclado inúmeras vezes, fazendo com que livros escolares com conteúdo defasado possam ser reciclados, dando origem a novos livros. Vitopel / divulgação
ecnologia inédita desenvolvida no Brasil permite a produção de papel sintético e bastante resistente a partir de plásticos descartados. Você sabia que o plástico descartado após o consumo pode virar papel? Uma equipe da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu um papel sintético, feito a partir de garrafas de água, potes de alimento e embalagens de material de limpeza, que já está sendo testado em uma planta piloto da fábrica Vitopel, em Votorantim, no interior paulista. Trata-se do primeiro produto no mundo a usar essa tecnologia. Os papéis sintéticos comercializados atualmente são produzidos com derivados de petróleo, ou
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ver
Lixo Extraordinário O artista plástico Vik Muniz, brasileiro radicado em Nova York, transforma lixo e materiais aparentemente sem valor em obras de arte. Fortaleza recebe sua exposição até agosto oeira e lixo, entre outros restos que achamos sem a menor utilidade, se transformam e viram obra de arte nas mãos do brasileiro Vik Muniz. Conhecido por sua capacidade de recriar, a partir de elementos do cotidiano, possibilidades de apresentar e perceber o mundo, o artista plástico radicado nos Estados Unidos tem 141 de suas obras expostas no Espaço Cultural Unifor, em Fortaleza, até o dia 8 de agosto. Na mostra é possível conferir seus experimentos mais recentes. Na série Pictures of Garbage (Imagens de Lixo), de 2009, catadores de lixo do aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, personificam obras consagradas, recriadas com o material recolhido do próprio local onde trabalham. Estima-se que cerca de 15 mil subsistem do que retiram de Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina. A exposição exibe ainda vídeos que mostram o processo dessas obras de dimensões gigantescas e inspiradas em quadros de Goya e Caravaggio, por exemplo. O dinheiro arrecadado com o leilão das obras,
Vik Muniz / divulgação
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em Londres, foi revertido para a cooperativa dos catadores. O trabalho deu origem também ao documentário Waste Land (Lixo Extraordinário), dirigido por João Jardim, Karem Harley e Lucy Walker, premiado em Sundance e Berlim, com estréia no Brasil prevista para dezembro.
Para saber mais sobre Livros Reciclados Visitação: até 8 de agosto Local: Espaço Cultural Unifor De terça a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h. Grátis.
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olhar
Descaso humano em registro Fotógrafo Chris Jordan denuncia a degradação do meio ambiente e o consumo de massa através de suas lentes
Chris Jordan / cortesia de Kopeikin Gallery
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ampas de plástico costumam ser confundidas com alimento pelas aves que moram em ilhas ao norte do Oceano Pacífico. Os albatrozes adultos trazem em seus bicos o lixo humano jogado no mar para seus filhotes. O resultado é a morte de centenas de pássaros. Esta realidade foi captada pelas lentes do fotógrafo americano Chris Jordan, conhecido por trabalhos que denunciam a degradação do meio ambiente. O artista expõe trabalhos que unem fotografia e denúncia, como a exposição Chris Jordan: Running the Numbers,
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que lança um olhar para a cultura americana contemporânea por meio da estatística. Cada retrato mostra uma quantidade específica de alguma coisa: 15 milhões de pedaços de papel, que correspondem a cinco minutos de uso deste material no país; 106 mil latas de alumínio, consumidas a cada 30 segundos pela população americana. Para o fotógrafo, a intenção é que as imagens causem um impacto diferente da simples informação sobre aquele número de consumo, comumente explorada pelos jornais. Chris Jordan espera
estimular questões sobre a responsabilidade de cada pessoa na sociedade. A coleção de fotos virou livro. Desde 2009, o fotógrafo trabalha com a exposição das imagens dos albatrozes mortos, em estado de decomposição, revelando, nas areias da praia, o conteúdo de seus estômagos: tampas de plástico. As fotos foram captadas no Atol de Midway, localizado a um terço do caminho entre o Havaí e Tóquio. As aves, em idade de filhotes, morrem de fome e/ ou intoxicação. Chris Jordan garante que nenhuma peça de plástico foi movida, manipulada ou alterada em qualquer circunstância. O local é conhecido como um santuário marinho. Jordan também fotografou as perdas causadas pelo furacão Katrina, que atingiu a costa sudeste dos Estados Unidos em agosto de 2005.
Para saber mais sobre Para conhecer este e outros trabalhos do fotógrafo americano, visite o site www.chrisjordan.com
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beber
Um dólar contra a sede Unicef realiza campanha para levantar fundos para levar água limpa a países onde o acesso é precário e caro, como no Haiti m países desenvolvidos, como os Estados Unidos, é comum beber água da torneira. É um ato tão rotineiro que os restaurantes servem água da torneira de graça. Mas, em países pobres, o acesso a água limpa é tão precário e caro, que as pessoas morrem de sede ou por doença causada pelo líquido contaminado. Diante desta desigualdade social e econômica, este é o terceiro ano em que a Unicef realiza uma campanha para levantar fundos para levar água limpa a países como Togo, República Centro Africana, Vietnã, Guatemala e Haiti. É o Tap Project (Projeto Torneira, em tradução livre). De acordo com o Unicef, cerca de 900 milhões de pessoas no mundo carecem de acesso à água potável e quase metade dessas pessoas são crianças. A cada 20 segundos, segundo a entidade, uma criança morre por doenças causadas pela má qualidade da água consumida, o que soma aproximadamente 4.200 crianças mortas por dia. O projeto se aliou a restaurantes americanos que pedem doação de um dólar, ou mais, a seus clientes, que estão consumindo água limpa e de graça. Segundo os organizadores da campanha,
SXC.hu
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com apenas um dólar é possível fornecer água potável de qualidade para uma criança por 40 dias. Em dois anos, o projeto já arrecadou dinheiro suficiente para atender milhões de crianças e tem contribuído para aumentar a consciência das pessoas sobre a crise mundial da água. O projeto está presente em 22 estados norte-americanos e conta com uma equipe de 2.200 voluntários. Neste ano, a campanha aconteceu em março. Restaurantes e voluntários em todo o país uniram forças para sensibilizar a população sobre a importân-
cia da água na sobrevivência das crianças. Os recursos arrecadados são destinados a programas de saneamento, higiene e consumo de água potável. A meta é zerar o número de crianças mortas por causas que poderiam ser prevenidas. Este trabalho é feito em mais de 200 países pelo Unicef. Parte da meta é levar acesso à água e saneamento básico a 50% desta população assistida até 2015. Por conta deste projeto, o Unicef estava no Haiti antes do terremoto que assolou metade da capital no começo deste ano e continua lá.
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na
construção
de
torres
eólicas
à
proximidade
da
implementação de novos parques eólicos na região. Com parcerias assim, seus negócios estão sempre na direção certa.
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viajar
Ser sustentável fora de casa Pousadas e hotéis brasileiros, de norte a sul, compartilham os ideais da sustentabilidade. Uma forma de cuidar do meio ambiente até mesmo quando você está de férias
Fotos divulgação
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ocê faz a sua parte em defesa do meio ambiente? Separa o lixo da sua casa, não desperdiça água, dá preferência a alimentos orgânicos e produtos do comércio justo e aos que não agridem a natureza, não derrama o óleo de cozinha pela pia no sistema de esgoto? Entre tantas ações que nos chamam a cuidar do meio ambiente, o que fazer quando se está fora de casa? Em caso de férias, você pode escolher por hotéis que compartilham dos ideais da sustentabilidade. Em João Pessoa, na Paraíba, por exemplo, o hotel Verdegreen, situado na praia de Manaíra, desde 2008 mescla conforto e ações de sustentabilidade. Os quartos são amplos, todos com TV de LCD, cama box e ar condicionado silencioso. A decoração dos ambientes é feita com madeira de reflorestamento e há luz solar até no lobby. Outra opção de hospe-
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dagem em férias pelo litoral, ao sul do Brasil, fica em Bombinhas, Santa Catarina. A pousada Dom Capudi, com fachada de tijolinhos à vista, está a três quadras da praia. Os donos implantaram no dia a dia várias ações para preservar o meio ambiente: adubagem do jardim com lixo orgânico, uso de energia solar e aproveitamento da água da chuva. Ainda pelo litoral, a pousada Feitiço do Mar, na Prainha, costa leste do Ceará, investiu em uma torre de energia eólica para reduzir os custos com energia elétrica. O empreendimento também tem espaço para animais exóticos, como tucano, cágado, avestruz e ampla área verde para lazer e esportes. Na cidade de Sítio do Conde, na Bahia, a Apoena Ecopousada é uma lição de sustentabilidade. Um aquecedor solar esquenta a água da ducha dos banheiros dos hóspedes, que
encontram conforto em bangalôs com ar condicionado silencioso, TV 20” e vista para o mar. Para sentir o clima do planalto central, em Pirenópolis, Goiás, há a Fazenda Tabapuã dos Pireneus, inaugurada em 2002. O hotel é autossuficiente em carnes, frutas e verduras, e produz carvão do próprio reflorestamento. Oferece esportes de aventura, como rafting, passeios a cavalo, passeios off-road, escalada, trilhas, rapel e tirolesa. Os quartos são modestos e contam com ventilador de teto e chuveiro com aquecimento solar. Para descer a temperatura nas férias, uma opção é Canela, no Rio Grande do Sul. A pousada Encantos da Terra segue as premissas de sustentabilidade. Nos banheiros, xampus e sabonetes são biodegradáveis, e nos quartos há lâmpadas de baixo consumo de energia e cestinhos para a coleta seletiva.
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morar
Parede viva EcoLogicStudio / divulgação
O EcoLogicStudio, em Londres, leva adiante o projeto Stem, uma espécie de parede viva, feita a partir de garrafas de plástico, que pode minimizar a poluição nas grandes cidades
ma parede viva. É como podemos definir o Stem, um sistema composto por garrafas recicláveis de plástico, que produz oxigênio via fotossíntese e pode ajudar a minimizar a poluição nas grandes cidades. O projeto foi desenvolvido pelos arquitetos engenheiros Claudia Pasquero e Marco Poletto, que em 2004 fundaram o EcoLogicStudio, em Londres. As garrafas de plástico funcionam como unidades celulares, em que cada uma delas abriga plantas chamadas
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de “blanket weeds”, uma espécie de cobertor de algas. A luz solar é então filtrada e capturada para operações de fotossíntese. Ou seja, o dióxido de carbono é absorvido, e o oxigênio produzido é liberado ao ambiente - troca permitida por meio de furos controlados em cada célula. Quanto mais luz, maiores são a produção de oxigênio e o potencial de isolamento. Para ter um Stem, portanto, é preciso configurar o sistema pelo gradiente de radiação que incide sobre o ambiente. Com o tempo,
as plantas começam a crescer e exigem manipulação artificial ou interação dos usuários. O trabalho do EcoLogicStudio se concentra no desenvolvimento e aplicação de um método capaz de explorar as mais recentes inovações em design, se valendo dos regimes de intercâmbio entre o artificial e o natural, o projetado e o acidental. A ecologia é encarada não apenas conceitualmente, mas como um paradigma de material, na habitação e manipulação do meio ambiente.
ENERGIAS RENOVÁVEIS. A Cemec transformadores defende essa idéia. Além de transformadores, a Cemec, há 47 anos, produz desenvolvimento. Porque não existe desenvolvimento sem energia. E o desenvolvimento só é completo quando acontece de forma consciente e sustentável. A Cemec, como todas as empresas do Grupo J. Macêdo, possui um consistente compromisso socioambiental, presente em todas as etapas de sua cadeia produtiva. A Cemec acredita num mundo em que negócios, sociedade e meio ambiente estejam sempre em equilíbrio e sua visão de responsabilidade socioambiental ultrapassa limites para transformar energia sustentável em desenvolvimento.
www.cemec.com.br
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cidade renovável BIODIVERSIDADE URBANA
A sustentável
Curitiba
Capital paranaense foi eleita como a cidade mais sustentável do mundo por seus programas que integram a questão ambiental a todas as ações do Município
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Joel Rocha/SMCS
Curitiba
por Carol de Castro
uritiba pode ser chamada uma cidade sustentável. É o que garantem os prêmios que vem recebendo. No fim de abril passado, a capital paranaense ganhou o prêmio Globe Award Sustainable City, que elege a cada ano a cidade mais sustentável do mundo. O prêmio é organizado pelo Globe Forum, da Suécia. A eleição de Curitiba foi unanimidade entre os jurados. O objetivo do prêmio é destacar cidades com excelência em desenvolvimento urbano sustentável e torná-las exemplos positivos para outras cidades. Além de Curitiba, as finalistas eram Sydney, na Austrália; Malmö, na Suécia; Murcia, na Espanha; Songpa, na Coreia do Sul; Stargard Szczecinski, na Polônia. Este é o segundo prêmio mundial vencido por Curitiba neste ano. Em janeiro, a cidade ganhou o Sustainable Transport Award, em Washington, pela implantação da Linha Verde, no sistema de transporte. Curitiba apresentou ao comitê julgador, entre outros programas, o Biodiversidade Urbana Biocidade, que integra a questão ambiental a todas as ações do
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Município desde 2007. O foco é combater as perdas da biodiversidade no meio ambiente urbano, compatibilizando o desenvolvimento da cidade com a conservação da natureza. Para isso, é feita uma pesquisa sobre as novas espécies de plantas regionais com potencial ornamental, ações de arborização de ruas, parques e praças, jardins e quintais. No Jardim Botânico, a Prefeitura instalou dois novos instrumentos que contribuem para a recuperação da biodiversidade. Um deles é uma estufa para estudo do ciclo da vida, dos hábitos de crescimento, dos padrões de desenvolvimento e dos métodos de propagação das espécies da flora nativa de potencial ornamental, e também de espécies ameaçadas de extinção. Simultaneamente, a Prefeitura montou um jardim demonstrativo, no Jardim Botânico, para estimular os visitantes a valorizarem as plantas ornamentais nativas. Com uma área de 600 metros quadrados, o jardim expõe 80 plantas. Outro mecanismo criado pela Prefeitura para promover a preservação e conservação de
espécies da flora nativa são os incentivos fiscais, como a Lei da Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal. A flora nativa também é foco especial do Viva Barigui - Planejamento Estratégico de Revitalização da Bacia do Rio Barigui. Além de preservar e recuperar a integridade da bacia, ordenando a ocupação do solo e despoluindo as águas, esse plano conservará a paisagem regional e as suas áreas verdes. A Linha Verde, novo corredor de transporte da cidade, está diretamente conectada ao Biocidade. Seis, dos 14 ônibus da linha Pinheirinho-Carlos Gomes, estão rodando com biocombustível puro (B100). Medições técnicas mostraram um índice de opacidade (emissão de fumaça) 25% menor e redução de 19% de óxido de nitrogênio, e uma redução de 30% nas emissões de monóxido de carbono (CO). Curitiba também ganhará dois anos como membro especial do Globe Forum, em 2010 e 2011, e destaque nas Conferências que acontecerão em Dublin, em novembro de 2010, e em Gdansk, em 2011.
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rg verde PERFIL
A criadora da eco house O bairro da Urca no Rio de Janeiro está mais verde, graças ao projeto Ecohouse, que transforma edificações convencionais em casas ecológicas. À frente do projeto está a arquiteta Alexandra Lichtenberg
Fotos: divulgação
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por Mônica Lucas
lexandra Lichtenberg estava prestes a se formar em arquitetura quando o mundo amargou a segunda crise do petróleo, em 1979. A paralisação da produção iraniana elevou o preço do barril ao equivalente a US$ 80 atuais e serviu com um alerta: era preciso pensar em alternativas energéticas. Foi nessa época que a jovem arquiteta, que passava as férias em contato com a natureza do Parque Nacional de Itataia, se deu conta da necessidade de se desenvolver edificações que fossem eficientes no consumo de energia. Era o começo da história do projeto Ecohouse, criado em 2002, fruto da pesquisa no mestrado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). O intuito do projeto Ecohouse é adequar residências convencionais em edificações sustentáveis. Isso significa otimizar a demanda de energia elétrica, água potável e recursos, evitando o desperdício e economizando na hora de pagar as
A
contas das concessionárias. É um trabalho que também promove mais conforto aos moradores, em relação à temperatura, iluminação e acústica. Para ter um bom resultado, é preciso pensar desde a concepção do projeto à especificação dos materiais de construção. O processo até a finalização das primeiras obras levou cerca de um ano e meio, mas valeu a pena. Com essa ideia, ela e sua equipe vêm mudando a cara da Urca, bairro carioca que agora tem casas pintadas com tinta ecológica, com janelas maiores e lajes verdes. Por enquanto, este ainda é o único local a abrigar o Ecohouse, mas Alexandra já se envolveu em projetos de construção sustentável em outras cidades, um deles de desenvolvimento de políticas públicas em Belo Horizonte. Além disso, ela faz pequenas adaptações, mas ressalta que a procura ainda é escassa. Apesar de as tecnologias terem evoluído muito nos últimos anos, a desinformação ainda resiste: “Faltam clientes com este tipo de abordagem. As
pessoas pensam que apenas colocar aquecimento solar de água faz com que a edificação seja sustentável”, diz. A falta de organização do setor e de incentivos fiscais também prejudica a popularização de casas ecológicas. “Isto já existe em outros países do mundo, como Alemanha e Holanda, então é só olhar para o que os outros estão fazendo de bom por aí”. Mas isso não é motivo para desestímulo. Alexandra tem artigos publicados em livros sobre o assunto e está desenvolvendo um projeto para calcular as emissões de carbono de uma edificação. Com isso ela espera ter mais um elemento no processo de decisão por uma ecohouse. Seu esforço já foi reconhecido pela Eletrobras, que concedeu ao projeto Ecohouse uma menção honrosa no Prêmio Procel de Conservação de Energia 2002-2003. Em 2007, foi a vez de o Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável agraciá-la com o Prêmio Cebds.
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2
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personagem ENTREVISTA
LEONARDO BOFF
O filho de Adão e Eva e a “ecologia libertadora” O teólogo, ambientalista e escritor brasileiro Leonardo Boff, conhecido por seus ensinamentos espirituais e filosóficos, analisa a questão da ecologia em suas mais variadas vertentes. Em entrevista exclusiva, fala da relação do homem com a natureza e das crises advindas, opina sobre matrizes energéticas e articula uma possível “Ecologia da Libertação”, um modo de convivência mais justo e de organização sustentável por Ana Naddaf e Carol de Castro
Fotos: Francisco Fontenele / O POVO
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personagem ENTREVISTA
LEONARDO BOFF
rutos da criação de Deus, homem e natureza devem crescer e se desenvolver em harmonia. Mas, em meio a um sistema capitalista, que valoriza o acúmulo, a dominação e a exploração, esta relação revelou-se desequilibrada. O homem desgastou a natureza a ponto de viver hoje uma crise ecológica. O aquecimento global prova isso. Acrescente a evolução tecnológica, que ocorreu às custas da exploração da Terra: combustíveis fósseis, minérios, água. Neste quadro, a consequência recente é a crise energética. As escolhas das matrizes de energia geram os atuais conflitos. Aproveitar as terras para plantar alimentos ou para produzir energia de biomassa? O mesmo solo que pode ser cultivado também pode ser inundado por uma hidrelétrica. O teólogo Leonardo Boff, que atualmente é professor de Ética e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), propõe que é possível organizar uma maneira de se relacionar com a natureza e de criar uma convivência sustentável. O Brasil, por exemplo, tem a vantagem na opção de suas matrizes energéticas, consideradas a extensão geográfica do
País e suas condições climáticas. Mas que é preciso ouvir a Terra. Boff escutou primeiro o grito do oprimido, no desenvolvimento da chamada “Teologia da Libertação”, doutrina que mesclava marxismo e espiritualidade, ainda na década de 70. Por coincidência, mesma época em que se construía o conceito de ecologia. Recentemente, o teólogo defende que os dois “gritos” sempre se interligaram. Boff passou a ouvir os
Renergy - Como funciona o binômio teólogo ecologista? LeonardoBoff - A teologia tem a ver com o respeito e o cuidado pela integridade da criação. Ora, vivemos um paradigma de civilização que se funda na exploração da natureza em vista da acumulação e do consumo. O respeito e o cuidado limitam essa voracidade. Ora, não há religião nem teologia sem dar centralidade ao respeito e à veneração de todas as coisas. Esses valores consti-
Devido às mudanças climáticas, temos nos concentrado demasiadamente na ecologia ambiental. Mas não devemos esquecer o problema social.
“lamentos” das florestas, dos rios e dos animais, e começou a articular uma visão global para uma possível “ecologia libertadora”, que integra meio ambiente, justiça social e espiritualidade. Autor de mais de 60 livros que tratam destes temas, o professor analisa a questão ecológica não apenas pelo aspecto ambiental, mas a partir das vertentes social, mental e integral. É que a ecologia é o cuidado com a morada, e Boff ensina que a casa não é mais unicamente nossa morada pessoal ou familiar, mas a própria Terra. E que ainda é possível construir nossos pequenos Édens, como a região campestre ecológica onde vive atualmente, no município de Petrópolis, Rio de Janeiro.
tuem a função pedagógica que as Igrejas e teologias assumem com referência à questão ecológica. R - Por causa da crise ambiental, ecologia virou moda? LB - A ecologia é uma resposta à devastação que fizemos da natureza. Mas não apenas a ecologia ambiental mas também a ecologia social que estuda as formas de relação para com a natureza, seja de cooperação ou de exploração,também a ecologia mental,quer dizer, os valores e antivalores que habitam nossas mentes e que podem ser deletérios ou benéficos para a natureza. E por fim, a ecologia profunda, que busca inserir o ser humano dentro do todo da natureza e do universo, porque somos parte deste todo e expostos às energias
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cósmicas que nos sustentam. Assim, a ecologia pertence à manutenção de nossa vida humana e civilizada. R - O Brasil, quando se fala em preservação do meio ambiente, é uma águia ou uma galinha? (A pergunta é uma referência ao livro A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff, que trata da Teologia da Libertação, doutrina que mescla marxismo com espiritualidade). LB - O Brasil é ambas as coisas.
direta com a ecologia. O desenvolvimento é linear e procura mais e mais acumular à custa da devastação da natureza, com a criação de grandes desigualdades sociais que, na realidade, significam injustiças. A ecologia procura o equilíbrio de todos os fatores e inclui todos os seres, pois todos são interdependentes e juntos convivem e coevoluem. A relação que a economia capitalista estabelece com a natureza segue uma lógica mera-
onde chega, cria riqueza para alguns e grande pobreza para muitos. Nenhum país do mundo conseguiu conciliar economia capitalista com sustentabilidade, nem os USA, que possuem pelo menos uns 30-40 milhões de pobres. 20% da humanidade consome 80% dos recursos e serviços naturais, enquanto os 80% devem se contentar com os 20% restantes. Tal contradição mostra a insustentalidade do sistema econômico.
É galinha, na medida em que, nas políticas governamentais, não dá a devida importância à preservação de nosso patrimônio natural. Mas é tambem águia porque mais e mais pessoas e movimentos se organizam ao redor de valores de preservação, de uma relação benevolente para com todo o tipo de vida e ensaiam um modo de vida mais simples e sustentável, convencidos de que podemos ser mais com menos. R - O senhor acredita que a defesa do meio ambiente está em contradição com o progresso, com o desenvolvimento econômico? LB - O desenvolvimento capitalista, que é dominante em todo o mundo, está em contradição
mente utilitarista; a ecologia busca a cooperação e o respeito de cada ser porque possui um valor intrínseco, independentemente do uso humano. Hoje, ou superamos historicamente a economia capitalista, ou então dificilmente evitaremos um desastre ecológico e social. R - Como é possivel articular estes dois aspectos? É possível compatibilizar, principalmente em grandes centros urbanos? O Brasil tem conseguido aliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade? LB - O desenvolvimento capitalista, pois esse é o realmente existente, não possui sustentabilidade, porque depreda a natureza e explora as pessoas. Lá
R - O problema ecológico é um problema social? LB - Devido às mudanças climáticas, temos nos concentrado demasiadamente na ecologia ambiental. Mas não devemos esquecer o problema social. Em 2008, quando estourou a crise econômico financeira, havia 860 milhões de pobres. Hoje são um bilhão e vinte milhões. Existem hoje cerca de 60 milhões de refugiados climáticos, quer dizer, milhões que tiveram que deixar suas terras por não serem mais férteis ou porque se desertificaram ou porque o aumento da temperatura os obrigou a emigrar para outras regiões. Segundo a FAO, dentro de alguns anos teremos que enfrentar o problema social e político de
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150-200 milhões de refugiados climáticos. Estes certamente não aceitarão tranquilamente o desígnio de morte sobre eles. Forçarão as fronteiras dos países e lutarão para sobreviver. R - Em um de seus livros, o senhor trata exatamente da questão da ecologia social. É possível unir a luta pela justiça social e a luta pela defesa do meio ambiente? E como se tem dado a defesa dos direitos humanos a partir de um paradigma ecológico? LB - Importa entender que não existe meio ambiente. O que existe é o ambiente inteiro, quer dizer, o ser humano e a natureza perfazendo um todo complexo com relação de interdependência e de complementaridade. Nós somos natureza: respiramos, comemos, tomamos água, pisamos o solo, habitamos ecossistemas. Qualquer agressão à natureza, como por exemplo, o desmatamento ou a criação de lixões em áreas urbanas, acabam afetando as pessoas. A relação inadequada (não justa) para com a natureza, cria uma injustiça social, como a má qualidade de vida, o risco de desabamentos com mortes. Qualquer injustiça perpretada contra o ser humano, deixando-o passar fome, doente, morando mal, sem transporte adequado, acaba atingindo a natureza, pois desmata, ocupa lugares inadequados para a moradia e acaba jogando o lixo em qualquer lugar. O que importa é criar a consciência de que pertence à cidadania o direito de ter um ambiente saudável, um ar puro, uma água potável e um alimento não quimicalizado.
A Opção Terra – A solução para a Terra não cai do céu Leonardo Boff Editora Record, 2009 224 páginas
R - Falando desta possível “ecologia da libertação”, que articula os gritos do pobre e da terra, ambos oprimidos, o senhor vê alguma evolução destes dois gritos em busca de uma libertação nos últimos anos? LB - Inicialmente se ouviam os dois gritos sem vê-los interligados. Lentamente se descobriu que a mesma lógica que explora o trabalhador, as classes e os povos, explora também a natureza. Esse sistema que devasta o sistema vida e faz que todos os seres gritem porque sofrem e são ameaçados, propiciou o surgimento de uma ecoeconomia, de uma ecopolítica, de uma ecoeducação e de uma ecoteologia. Hoje todos devemos nos libertar de um estilo de produzir e consumir que são inimigos da vida e podem impedir um futuro bom para todos. R - Qual é a função da igreja dentro da concepção da ecologia social? LB - As religiões e as igrejas possuem uma função pedagógica importante. Elas não falam de natureza mas de criação, algo portanto que saiu da ação criadora de Deus. E a missão do ser humano é o de ser o cuidador, o guardião e o protetor desta herança que Deus nos entregou. Ela ensina o respeito, a veneração e o respeito que são valores que põem limites à voracidade da dominação, da vontade de enriquecimento e de consumo ilimitado e sem solidariedade. R - O senhor fala em respeitar o meio ambiente como forma de alcançar uma relação harmônica com Deus. O brasileiro
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é mais ligado a religiões, seja quais forem, do que ao ceticismo. Não deveria ser um povo de forte ideal pela preservação ambiental? LB - A tradição judaico cristã, baseada nos primeiros capítulos do Gênesis, acentuou mais as palavras bíblicas que falam em “crescei e multiplicai-vos... dominai e submetei a terra e todos os seres” do que às outras que falam do jardim do Éden e da missão do ser humano de cuidar e preservar. A primeira versão incentiva um tipo de dominação da natureza, tida como adversa e ameaçadora da vida humana. Anima o progresso e o crescimento. Hoje nos damos conta de que a dominação e o tipo de progresso que desenvolvemos se voltaram contra nós e contra a própria natureza. Sofisticamos de tal maneira a nossa forma de intervenção na natureza através de tecnologias cada vez mais eficazes que superamos todos os limites e atingimos o coração da matéria e da vida, com o risco de que, se não utilizarmos o princípio de precaução e de responsabilidade universal, podemos produzir processos não mais reversíveis e danosos para o futuro comum. Os cristãos somente agora estão despertando para esses riscos. Por isso enfatizam mais a missão de cuidado do que o convite de dominação. R - Além da questão ecológica pelo prisma social, o senhor também trata ecologia em outras vertentes: a ambiental, a mental e a integral. Como funciona cada uma e como elas se integram? LB - A ecologia em seu sentido
Importa entender que não existe meio ambiente. O que existe é o ambiente inteiro, quer dizer, o ser humano e a natureza perfazendo um todo complexo com relação de interdependência e de complementaridade.
filológico grego é cuidado pela casa (oikos, donde vem eco). Somente que hoje a casa não é mais apenas nossa morada pessoal ou familiar. A casa é a própria Terra, a única casa comum que possuímos, e não temos outra. Então devemos cuidá-la, seja em seu entorno para que continue a nos fornecer tudo o que precisamos para viver como os alimentos, a água, o ar, a fertilidade dos solos e a normalidade dos climas. Como somos seres sociais não vivemos, senão que convivemos. Estabelecemos formas de produzir, de distribuir e de consumir. Cada sociedade organiza a sua maneira de se relacionar com a natureza e de organizar a convivência. Algumas são mais cooperativas com a natureza, respeitando os ciclos naturais e considerando a Terra como a Grande Mãe. Assim o fazem os povos originários, os nossos indígenas. Outros, como nossas sociedades dominantes, entendem a Terra como uma espécie de baú cheio de recursos que podemos utilizar a nosso bel prazer e para nosso desfrute. Hoje nos conscientizamos de que este baú possui bens finitos e que não podemos projetar um projeto de crescimento infinito, pois a Terra finita não suporta um projeto infinito. Por isso falamos que as sociedades devem ser sustentáveis, quer dizer, devem viver consoante os recursos e os limites de seus próprios ecossistemas, de forma que satisfaçam suas necessidades, mas também atendam as necessidades da comunidade vida (as plantas, os animais, os seres vivos), preservando recursos para as gerações
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futuras, que têm direito de viver como nós e até melhor. Por outra parte, somos seres que temos cabeça com idéias, valores, preconceitos, hábitos que atravessam gerações. Muitos desses conteúdos mentais são antiecológicos porque discriminam pessoas, etnias, culturas ou não cuidam das águas, destruindo as matas ciliares e assim diminuindo ou secando rios, ou imaginam que só nós, seres humanos, temos valor, e que os demais seres são sem valor na medida em que se ordenam ao nosso uso, sem consciência de que todos eles possuem um valor intrínseco e existem há milhões e milhões de anos antes de nós. Mas há também valores positivos, no sentido de saber que todos somos interdependentes, de que formamos uma imensa comunidade terrenal e vital e que devemos juntos coexistir e coevoluir. Por fim, nos damos conta de que não estamos sós nesse universo. Somos parte de um todo que nos desborda por todos os lados. Estamos à mercê das energias cósmicas que sustentam todos os seres e cada um de nós, como a energia gravitacional, a energia eletromagnética, a nuclear fraca e forte. Todos dependemos da Energia de fundo que sustenta e alimenta o inteiro universo, algo misterioso que está sempre em ação, fazendo o universo se expandir, se autocriar e gestar ordens cada vez mais complexas e conscientes. Essa Energia perpassa tudo e funciona como um elo que liga e religa todos os seres de tal forma que o universo é um cosmos e não um caos, algo belo, radiante
Cada saber, cada poder e cada política específica deve dar a sua contribuição para a preservação da integridade do Planeta Terra e para a salvaguarda da vida humana e da biodiversidade.
e bem ordenado e não caótico e desconexo. As religiões chamam a esta Energia de fundo, misteriosa e amorosa, de Deus, de Tao, de Olorum ou outros nomes sagrados. R - Como vê o trabalho das ONGs em defesa da preservação ambiental no Brasil? Citaria algum exemplo? LB - Não podemos confiar apenas no poder público para manter habitável nossa Casa Comum. Todos devem cooperar. A busca de ações mais ordenadas e propositivas fez surgir ONGs que se especializaram em alguma área da natureza, como a preservação das florestas, dos animais em extinção, da manutenção dos manguezais, importantes para a reprodução da vida marinha, ou da conservação da fertilidade dos solos utilizando materiais orgânicos, e tantas outras. Importante é o projeto governamental “Vamos cuidar do Brasil”, que empenha milhares de pessoas nas escolas e nos movimentos sociais no cuidado da vida em todas as suas formas, ou a SOS Mata Atlântica, ou as representações nacionais do Greenpeace, ou ONGs de proteção da Amazônia, dos peixes em extinção, das tartarugas e outras tantas, ligadas ao Cerrado, à Caatinga, aos Pampas etc. No mundo há cerca de cem mil ONGs que se preocupam com a natureza. R - E o trabalho do poder público? Como o governo de Lula atuou em relação à política ambiental? Quais foram os principais sucessos e fracassos ambientais neste governo? LB - O governo Lula se notabilizou pelas políticas sociais, como
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a Bolsa Família, a Luz para Todos, o microcrédito consignado, a agricultura familiar e a economia solidária. Através destas políticas, conseguiu a proeza de integrar cerca de 40 milhões de pessoas e assim diminuir o fosso entre ricos e pobres na ordem de 7%. Mas não foi muito atento à questão ecológica. A idéia do crescimento acelerado predominou, não raro à custa do desmatamento, da poluição dos rios e da contaminação dos solos por agrotóxicos e da implantação das várias monoculturas, como da cana, dos cítricos, da soja e da criação de gado, em grande parte para suprir o mercado internacional. Este é um campo em que os futuros governantes devem dedicar especial cuidado, pois os efeitos do aquecimento global podem ser desastrosos, como se comprova com os vendavais frequentes no Sul do país, as enchentes no Sudeste e as secas no Nordeste. R - O Ministério do Meio Ambiente tem nova titular. O maior desafio da nova ministra será conseguir estender os critérios ambientais a todo o governo, a chamada transversalidade? LB - A idéia da transversalidade foi da ministra Marina Silva. O significado era de que a questão ecológica não devesse se restringir ao Ministério do Meio Ambiente, mas devesse ser um princípio inspirador de todas as políticas em todos os ministérios. Mas essa proposta não teve acolhida, seja porque a grande maioria não tinha acumulação suficiente em ecologia para pô-la em prática, seja porque a
Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres Leonardo Boff Editora Sextante, 2004 319 páginas
lógica dos vários campos de atividade se impunha por si mesma, sem tomar em consideração as conquistas no campo da ecologia. Mas hoje, face à crise ecológica global, todos entendem que cada saber, cada poder e cada política específica deve dar a sua contribuição para a preservação da integridade do Planeta Terra e para a salvaguarda da vida humana e da biodiversidade. R - Um dos principais confrontos no atual governo foi entre os ministérios do Meio Ambiente e o de Minas e Energia. Qual a sua opinião a respeito da geração de energia elétrica no País? LB - Todas as sociedades históricas estão montadas sobre fontes de energia. Sem energia ninguém vive, desde a energia que nos vem dos alimentos, a energia solar, a energia elétrica, petrolífera, nuclear e outras. A grande questão é que, na ordem de 80%, todos dependemos da energia fóssil, do petróleo, do carvão e do gás. Ora, tais energias não são renováveis, dentro de alguns decênios irão se exaurir e não há no horizonte um feixe de alternativas que as possa substituir. Por isso se fala que devemos passar a um outro paradigma de civilização, menos energívoro. A solução intermédia é a criação de outras fontes de energia, preferentemente limpas, como a das águas, da biomassa, dos ventos, do mar e do sol. Mas todas elas somadas não perfazem sequer 30% da demanda, caso quisermos manter o atual tipo de civilização. O Brasil comparece como um país privilegiado, pois possui as bases para as mais
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variadas formas de energia, especialmente as limpas, como aquela das hidrelétricas e da biomassa. Aqui surge uma questão que exige uma opção: ou utilizamos as terras para a produção de alimentos ou para a produção de energia alternativa. O Brasil, devido à sua extensão geográfica e aos milhões de hectares de terras agricultáveis, pode combinar ambos os projetos. Mas de toda forma, se houver algum conflito, deve-se optar para a produção de alimentos para o estômago mais do que para movimentar as máquinas. Esta equação não está sendo resolvida na maioria dos países, pois as grandes mineradoras, por exemplo, exportam o minério que sustenta grande parte da indústria do ferro e do aço, materiais que entram em quase todos os componentes de nosso cotidiano, desde o relógio que usamos, os óculos que trazemos e a caneta com a qual escrevemos e que são, por sua natureza, altamente poluentes. R - O que o senhor acha da energia nuclear? LB - Antes da crise ecológica e energética, era contra a energia nuclear. Ela é limpa. Mas não sabemos o que fazer com os materiais radioativos utilizados que compõem milhares de toneladas por ano. Não temos onde guardá-los nem garantirlhes a proteção, pois perduram por milhares de anos e podem preparar uma catástrofe ecológica e humanitária. Mas, diante de uma situação de emergência como se encontra a humanidade, não nos restam muitas alternativas. Mesmo a contragosto e com os riscos que podem ser
evitados, somos forçados a escolher um mal menor e incorporar a energia nuclear. R - A transposição do rio São Francisco é ainda um dos seus maiores combates? LB - O Governo impôs a sua vontade e vai realizar o seu projeto, mesmo que não seja o mais includente. O que podemos fazer é mantermos a vigilância para que, na execução do projeto, se respeitem os preceitos ecológicos, que a destinação das águas atendam primeiramente os seres humanos e os animais e somente em seguida ao agronegócio. A primeira tarefa reside na revitalização do rio São Francisco para que volte a ser, em parte, aquilo que foi, fonte de vida para as populações ribeirinhas e para grande parte do sertão nordestino. R - O senhor vive atualmente em uma região campestre ecológica. Como é a rotina no Jardim Araras (no município de Petrópolis, Rio de Janeiro)? LB - Desfruto de um belo jardim com muitas árvores, coníferas e flores. Há muitos pássaros, esquilos e pequenos macacos. Mas, dada a minha vida de “ciganismo intelectual”, quer dizer, viajando qual cigano em função de palestras e cursos, pouco curto meu privilégio ecológico. Mas agradeço a Deus e à natureza por me terem colocado num pequeno Éden, onde todas as coisas convivem em harmonia com o ar, com as montanhas, com as árvores, com os animais e com as pessoas queridas que comigo compartem as lutas e labutas, próprias dos filhos e filhas de Adão e Eva.
Para saber mais sobre Desde 1993, Leonardo Boff é professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O professor e ambientalista também participou da Comissão Internacional da Carta da Terra, que foi aprovada depois de oito anos de discussões envolvendo 46 países através da Unesco, em 2000. A Carta, que trata sobre integridade ecológica e justiça social, foi apresentada e assumida pela ONU com o mesmo valor da Declaração dos Direitos Humanos.
Em 2001, por seu compromisso com a justiça dos pobres e com a ecologia, o teólogo brasileiro foi agraciado com o prêmio Nobel alternativo da paz (o Right Livelihood Award), em Estocolmo, na Suécia.
Leonardo Boff é autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra foi traduzida para diversos idiomas.
SE 25 Celsius 10 m/s 700 mb
Para cada detalhe, um especialista
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capa MATRIz ELĂŠTRICA
NO VO
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OOS
RUMOS
Diversificação da matriz: eólica mostra força entre os novos investimentos para o Brasil, mas capacidade instalada e prevista ainda são pequenas em relação à demanda elétrica do País
Eólica: a fonte de geração mais amigável com o meio ambiente
ABEEólica / divulgação
por Carol de Castro
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capa matriz elétrica eólica tem sido a principal aposta nos rumos para a diversificação da matriz energética do Brasil. Este tipo de energia alternativa e renovável foi responsável pelo maior número de projetos cadastrados para concorrer no Leilão de Energia de Reserva, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que ocorre em agosto deste ano. Dos 478 empreendimentos interessados em participar do certame, 399 são usinas eólicas. Mas ainda há muito a ser feito a fim de concretizar uma das bandeiras do governo Lula: o uso de várias fontes de energia para que o País não dependa das chuvas para ter luz. Hoje, a potência elétrica instalada no País é de 107 mil MW (megawatts), sendo que 70,23% vêm de hidrelétricas; 24,18% de termelétricas; 2,85% de pequenas centrais hidrelétricas (PCH); 1,86% de usina nuclear; 0,71% de eólicas; e 0,17% de centrais gera-
A
A indústria foi o setor que apresentou maior expansão no consumo de energia elétrica no primeiro trimestre deste ano, segundo a EPE. O consumo do setor cresceu 13% nos primeiros três meses do ano.
doras abaixo de 1 MW. Mas, o que favorece esta mudança? E o que impõe esta transformação? O principal fator que revela a necessidade de impulsionar o abastecimento energético do País é o seu crescimento econômico estável. A indústria foi o setor que apresentou maior expansão no consumo de energia elétrica
no primeiro trimestre deste ano, segundo a EPE, empresa ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME). O consumo do setor cresceu 13% nos primeiros três meses do ano. Outro quadro favorável diz respeito ao clima e à geografia do Brasil, que apresentam condições que facilitam as ações para elevar
a participação de outras fontes na matriz energética. São a potência de seus ventos, a riqueza de sua vegetação, seus rios acidentados e a força dos seus mares que podem ser explorados. O País tem as fontes e condições naturais para atender a demanda - gerada também por fatores climáticos. No primeiro trimestre de 2010
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ocorreram, em todas as capitais brasileiras, temperaturas acima da média histórica, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Além do clima e da economia, fontes alternativas e renováveis para aumentar a oferta de energia alinham-se aos princípios da sustentabilidade, uma tendência que tem impulsionado os negócios no mundo inteiro. O uso de fontes alternativas na geração de energia pode, por exemplo, contribuir para o controle do aquecimento global. O aproveitamento dos recursos naturais de maneira correta é o mais importante passo para reverter este quadro. Algumas vantagens, para a produção de energia
com matrizes renováveis, são o aumento da quantidade e oferta de energia, garantia da sustentabilidade e renovação dos recursos, redução das emissões atmosféricas de poluentes. Além disso, são economicamente viáveis e abundantes e, em geral, integram pequenas centrais geradoras, descentralizando a matriz elétrica. O físico brasileiro José Goldemberg, referência em produção de energia e reconhecido mundialmente, destaca que a “maior parte dos problemas ambientais provém da obtenção de energia”. De acordo com o físico, as principais fontes de poluição são a produção de eletricidade, transporte, indústria, construção e desmatamento. Gol-
demberg sugere como soluções técnicas a melhoria na eficiência das tecnologias de geração a partir de combustíveis fósseis, reduzindo a emissão de poluentes, substituição de combustíveis mais poluentes, como o carvão, por combustíveis menos poluentes, como o gás natural; e aumento da participação das fontes alternativas de energia na geração de eletricidade. O físico reconhece que energia é essencial para o crescimento e desenvolvimento do País, porém, pode ser prejudicial ao meio ambiente. Goldemberg vem defendendo a maior participação das fontes alternativas e renováveis nos leilões de oferta de energia, que são administrados pela EPE. Nos últimos anos, percebe-se uma mudança neste caminho, mas ainda incipiente diante da demanda. Todas as usinas cadastradas nos recentes leilões, promovidos pela EPE, somam 14.529 MW de potência instalada, gerando energia elétrica a partir de centrais eólicas, termelétricas movidas à biomassa (bagaço de cana de açúcar, resíduos de madeira e capim elefante) e pequenas centrais hidrelétricas. Os 399 parques eólicos somam um total de 10.569 MW de potência instalada. As térmicas movidas à biomassa totalizaram, no processo de cadastramento, 61 empreendimentos com 3.706 MW de capacidade instalada. Destes, a maior parte utiliza como fonte o bagaço da cana de açúcar. As pequenas centrais hidrelétricas, que se caracterizam por terem a potência limitada a 30 MW, representaram 18 usinas no cadastramento para o leilão de reserva, equivalentes a 255 MW.
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capa matriz elétrica
Regiões vocacionadas Na análise do resultado final do cadastramento pelas unidades da federação, o Rio Grande do Norte foi o estado com o maior número de projetos cadastrados, sendo 133 centrais eólicas (3.869 MW) e uma térmica à biomassa (48 MW). Outro estado com grande número de inscritos é o Ceará, com 106 parques eólicos (2.348 MW). São Paulo liderou no número de empreendimentos relativos à biomassa, com 32 projetos inscritos (1.873 MW). Entre as pequenas centrais hidrelétricas (PCH), Santa Catarina apresentou 8 projetos (94 MW). No primeiro leilão de energia de reserva, específico para a fonte eólica, promovido em dezembro do ano passado, o Rio Grande do Norte apareceu como o estado com mais projetos cadastrados, seguido por Ceará e Rio Grande do Sul. Os Estados que registraram mais empreendimentos no certame são justamente os que apresentam maiores potenciais no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, estudo encomendado em 2001 pelo MME. O estudo considerou a força dos ventos, clima e solo e realizou simulações nos campos de vento para até 50 metros de altura. Com o desenvolvimento da tecnologia para geração de energia eólica, as turbinas eólicas ficaram cada vez maiores e mais altas, o que deixou o mapeamento feito em 2001 defasado. No atlas antigo, o potencial brasileiro foi estimado em 143,5 GW (gigawatts). O Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) prepara
uma nova versão do estudo, que deve ficar pronto em dois anos. As simulações serão feitas a 150 metros – e o Cepel não descarta mapear até mesmo a alturas de 200 metros. A estimativa é alcançar um potencial entre 250 GW e 300 GW. A atualização do atlas também apontará novas regiões de atenção para os investidores. O Leilão para Contratação de Energia de Reserva de 2010 deverá diversificar o modelo energético brasileiro, em prol de conciliar desenvolvimento e preservação. Atualmente, no abastecimento de energia elétrica, predominam as hidrelétricas. A opção por esta fonte, apesar de ser renovável, atrai críticas. As vantagens de uma usina hidrelétrica são muitas como, por exemplo, ser uma fonte que polui menos, frente às que são derivadas de combustíveis fósseis; além de ter um custo operacional mais baixo do que as demais fontes alternativas de energia. Por outro lado, para ser construída, tem que haver uma rede de outras fontes de energia para que na eventualidade de uma estiagem, como aconteceu no Brasil em 2001, não dependamos apenas das hidrelétricas. Para serem construídas as 2.000 barragens que o Brasil possui, cerca de 3,4 milhões de hectares foram inundados, prejudicando terras férteis e produtivas, florestas que foram destruídas, povos indígenas que perderam suas terras, remanescentes de quilombos ameaçados de extinção, suas tradições e monumen-
O Leilão para Contratação de Energia de Reserva de 2010 deverá diversificar o modelo energético brasileiro, em prol de conciliar desenvolvimento e preservação.
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tos culturais foram desrespeitados. O governo federal prevê que serão construídas, até 2015, 494 barragens e, com isso, mais de 800 mil famílias estarão na mesma situação. Já a opção por fontes alternativas segue uma tendência mundial. Apesar da crise financeira mundial, que afeta os países desenvolvidos desde 2008, a implantação de usinas eólicas deu um salto no ano passado, com a implantação de mais 37.500 MW de energia elétrica no mundo, o que equivale a 2,6 vezes a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu, que é de 14 mil MW. Isso representa um acréscimo de 42% sobre o ano anterior, segundo números divulgados pela Global Wind Energy Council (GWEC), na Feira Industrial de Hannover, em abril passado. E a projeção do presidente da entidade nacional de produtores da Alemanha, Hermann Albers, é de que haja um crescimento anual de 20%, elevando os investimentos dos atuais 50 bilhões de euros por ano para 200 bilhões de euros. O destaque foi mais uma vez a China, que mais do que dobrou sua capacidade em 2009, atingindo agora 25.800 MW. Apesar do impulso promovido pela China, as fontes alternativas ainda estão longe de ser a matriz vigente. Ao contrário do modelo energético brasileiro, que é baseado na energia hidráulica, o modelo mundial é baseado em fontes derivadas de combustíveis fósseis.
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Plano de Expansão O planejamento das ações e decisões relacionadas ao equilíbrio entre projeções de crescimento econômico do País, seus reflexos nos requisitos de energia e da necessária expansão da oferta, levando em conta as sinalizações dos estudos de longo prazo, tem como um de seus instrumentos o Plano Decenal de Expansão da Energia. A última versão do documento (PDE 2008/2017) foi aprovada pelo MME em agosto de 2009. O Plano Decenal 2009/2018 está em elaboração junto com o MME. O planejamento liberado ano passado chegou ao mercado com um estoque de 15.305 MW de geração termelétrica, dos quais 90% provenientes de combustíveis fósseis. O resultado, na contramão do combate ao aquecimento global, é o estimado crescimento de 172% no nível de emissões de C0², num salto de 14,4 milhões de toneladas por ano para cerca de 39,3 milhões em 2017. Apesar de inevitável a entrada da geração térmica, que já foi licitada em leilões passados, o governo agora sinaliza com uma mudança em direção às fontes renováveis de energia. O presidente da EPE, Maurício Tomalsquim, já garantiu querer trazer uma parcela maior de fontes consideradas limpas. Até agora, ambientalistas tem avaliado que o PDE trafega na contramão da sustentabilidade. O Greenpeace é uma das organizações que bate forte no PDE. O especialista em energias renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo, afirmou que o Plano Decenal de Expansão opta por “sujar” a matriz elétrica com energias caras e poluentes, como o óleo combustível e
a energia nuclear. “O governo ainda ignora o enorme potencial nacional de novas energias renováveis e da eficiência energética”, disparou. “Se parte dele fosse utilizado, não precisaríamos construir termelétricas e aumentar as emissões nacionais. No lugar disso, precisamos de uma nova legislação para garantir o crescimento das renováveis no País e garantir que reduziremos nossas emissões na próxima década”. Com os satisfatórios resultados observados no último leilão de reserva da EPE, bem como as conclusões de estudos técnicos acerca dos benefícios técnicos da complementaridade dos regimes hídricos e eólicos para a operacionalidade do sistema interligado nacional, a proposta para o PDE 2009/2018 apresenta uma nova realidade. Uma vez que nela é sugerido que o atendimento à demanda de energia elétrica tenha como base as fontes hidrelétricas e alternativas. A proposta do PDE prevê a instalação de 63 mil MW até 2019, sendo 14.655 MW oriundos das fontes alternativas de energia. Não estando planejada a contratação de novas usinas térmicas a gás, carvão e óleo, para além das que já estão contratadas. Entretanto, as fontes alternativas poderiam ter maior espaço na matriz elétrica brasileira. Por exemplo, o volume de capacidade instalada previsto no novo PDE de 6.041MW está muito longe da que poderia ser alcançada pela fonte eólica até 2019, de 16.700MW, segundo a ABEEólica; haja vista a disposição demonstrada pelo mercado para investir neste segmento, no último leilão de reserva.
O que os ambientalistas tem dito é que a EPE lança o discurso de intensificar o uso de fontes renováveis no futuro, mas a prática ainda está presa a decisões do passado. O Ceará reflete bem esta realidade. O Estado vê a construção de termelétricas a carvão e da primeira usina solar da América Latina. Uma única empresa encabeça dois projetos com recursos, pelo caráter da sustentabilidade, bem diferentes: o carvão e o sol. A MPX, em sociedade com a EDP, constrói a Usina Termelétrica de Energia Pecém (UTE-Pecém I), que será abastecida a carvão, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), a 65 quilômetros de Fortaleza, e uma usina solar no município de Tauá, a 344 quilômetros da Capital cearense. A MPX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista, prevê o início da operação comercial da UTE-Pecém I para o segundo semestre de 2011. As obras da usina solar de Tauácomeçaram este ano. O empreendimento vai operar no mercado comercial interligado ao Operador Nacional do Sistema Elétrico. Com recursos da ordem de R$ 12 milhões, sua capacidade instalada é de 1 MW. Em uma segunda etapa, a usina poderá ser ampliada até alcançar cinco MW, já autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Para viabilizar o empreendimento, a Prefeitura de Tauá cedeu terreno de 204 hectares, dos quais dois são inicialmente utilizados para instalação das placas fotovoltaicas, que captam a luz do sol, transformando-a em energia elétrica. Além do incentivo municipal, Tauá foi escolhida por apresentar um dos maiores índices de insolação do mundo.
Real quadro de energias
107 mil megawatts é a potência instalada atualmente no País. Sendo que 70,23% vêm de hidrelétricas (75146,1 MW); 24,18% de termelétrica (25.872,6 MW); 2,85% de PCHs (3049,5 MW); 1,86% de usina nuclear (1990,2 MW); 0,71% de eólicas (759,7 MW); e 0,17% de centrais geradoras abaixo de 1 MW (181,9 MW).
45% da atual matriz elétrica brasileira são de fontes de energias renováveis, principalmente biomassa e hidrelétrica. O percentual mundial é de 12,7%.
494 barragens serão construídas até 2015, segundo previsão do governo federal.
O futuro da diversificação Nos rumos para a diversificação da matriz elétrica do Brasil, a eólica tem atraído mais investimentos e projetos entre as demais fontes renováveis
Dos 478 projetos cadastrados para concorrer no segundo Leilão de Energia de Reserva da EPE, 399 são usinas eólicas
As usinas inscritas somam 14.529 MW de potência instalada, sendo 10.569 MW a partir de centrais eólicas, de 3.706 MW térmicas à biomassa e 255 MW de pequenas centrais hidrelétricas.
Rio Grande do Norte foi o estado com o maior número de projetos cadastrados, sendo 133 centrais eólicas e uma térmica à biomassa. Ceará fica em segundo, com 106 parques eólicos. São Paulo liderou no número de empreendimentos relativos à biomassa, com 32 projetos inscritos. Entre as pequenas centrais hidrelétricas (PCH), Santa Catarina apresentou 8 projetos.
FONTES: EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE) E INSTITUTO VIRTUAL INTERNACIONAL DE MUDANÇAS GLOBAIS
FONTE: EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE)
Foto: divulgação
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45% da matriz elétrica Com 61 projetos inscritos no último leilão da EPE, a produção de energia por usina de biomassa se concentra no Sudeste do País, especialmente em São Paulo. O bagaço da cana de açúcar é o principal combustível utilizado nestes empreendimentos. Para o setor, o resultado do cadastramento para o leilão criou um clima de otimismo. Segundo o assessor de bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Zilmar José de Souza, as expectativas foram superadas. “Isso mostra o vigor do segmento de cana de açúcar em corresponder às necessidades do setor elétrico”, disse. “Se todo esse potencial de 3.518 MW, a partir da cana de açúcar, fosse contratado pelo governo, a biomassa corresponderia a 70% do que é fiscalizado pela Aneel”. Segundo dados da agência, há 4.806 MW fiscalizados e instalados no setor sucroenergético. O especialista acredita que empresas grandes do setor constem no cadastramento. O Brasil aproveita atualmente apenas 20% de seu potencial hidrelétrico, segundo o professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra, ligado a Coppe/ UFRJ, e coordenador executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), Marcos Freitas. De acordo com o professor, 45% da matriz elétrica brasileira são de fontes de energias renováveis, principal-
mente biomassa e hidrelétrica, enquanto o percentual mundial é de 12,7%. Os projetos de PCHs representam 18 do total inscrito no último leilão da EPE, a menor participação em relação às fontes cadastradas. Para Freitas, o Brasil necessita de profissionais de alto nível e alta especialização na área de exploração hídrica para geração de energia para, por exemplo, conseguir diminuir o tamanho dos lagos necessários para o funcionamento de usinas hidrelétricas, otimizando os resultados e diminuindo os impactos no meio ambiente e nas populações locais. Freitas defende que os atuais e futuros projetos de usinas no País deem mais atenção às compensações financeiras para as populações atingidas pela construção de barragens para usinas hidrelétricas, principalmente para as populações indígenas envolvidas.
45% da matriz elétrica brasileira são de fontes de energias renováveis, principalmente biomassa e hidrelétrica, enquanto o percentual mundial é de 12,7%
A energia eólica é a fonte de geração mais amigável com o meio ambiente
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Lauro Fiuza, vicepresidente da ABEEólica
A superação de entraves Dois novos parques de geração de energia eólica começam a funcionar ainda este ano no Ceará. São eles, o segundo Praia do Morgado (28,5MW) e Volta do Rio (42 MW), ambos da IMPSA Wind. Os dois empreendimentos completam os 14 parques eólicos contratados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra), no Ceará, que ocupa atualmente o primeiro lugar dentre os maiores estados produtores deste tipo de energia no País. A implementação do programa, lançado em 2002, enfrentou entraves no Estado, como a falta de infra estrutura para levar os componentes dos aerogeradores aos sítios dos projetos. Entretanto, o que mais chama atenção são as suspensões de obras impostas por liminares a pedido do Ministério Público Federal do Estado. O MPF apresenta como argumentos contrários aos projetos de eólica a devastação de dunas, o aterramento de lagoas, interferências em aquíferos, a destruição de casas e conflitos com comunidades de pescadores. Do outro lado da questão, o presidente da ABEEólica, Ricardo Simões, defende a implantação dos parques. “A energia eólica é a fonte de geração mais amigável com o meio ambiente”, afirma. Para ele, é necessário criar no País um procedimento padrão para os licenciamentos ambientais. “Numa visão mais ampla, tudo gera impacto ambiental”, reconhece Simões. “A questão é a dimensão desse impacto e, nos parques eólicos, todos os cuidados tem sido tomados para
minimizar esse impacto. A sociedade sabe as vantagens da eólica, que é uma energia limpa, renovável, abundante, ecologicamente correta e socialmente justa, pois gera renda direta para os proprietários das áreas onde são implementadas, fixando o homem no campo e gerando emprego e renda”. O ex presidente da ABEEólica e atual vice da entidade, Lauro Fiuza, relembra que, na época do lançamento do Proinfa, o dólar estava mais caro e havia menos fornecedores de materiais, encarecendo assim os projetos. A fim de criar condições para atrair recursos em energia eólica, os custos dos equipamentos foram reduzidos. Antes do Proinfa, apenas a Wobben Enercon estava presente no País, atualmente já se encontram instaladas, além desta, a IMPSA e a Suzlon. Outras fabricantes, como a Vestas, GE, Siemens, Fuhrlander e Alston, já anunciaram iniciar suas operações em breve. O executivo destaca que a ABEEólica conseguiu finalmente colocar a energia eólica como parte importante do planejamento energético brasileiro. “Está superada a ideia de que é uma energia cara”, afirma Fiuza. “Demonstramos aos investidores que a energia está em boa fase no Brasil. O primeiro leilão foi um sucesso. O segundo leilão deverá propiciar a queda de preço da energia, colocando a eólica como a segunda mais barata na escala em geração de energia entre todas as formas. E agora a eólica é essencial para complementar a geração de energia das hidrelétricas”.
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Proposta inovadora
O Ceará também deve receber a primeira usina de ondas para geração de energia. O protótipo do conversor de energia elétrica a partir das ondas do mar, a ser instalado no Pecém, deve começar a operar até o fim deste ano. Em parceria com a Coordenação de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), a Tractebel Energia iniciou o projeto, que propõe utilizar as ondas do mar como fonte de energia elétrica alternativa e renovável, em março de 2009. A proposta inédita tem um custo de cerca de R$ 15 milhões. Fiscalizado pela Aneel, no projeto serão utilizados recursos de Pesquisa & De-
senvolvimento, conforme estabelecido pela Lei Federal nº 9991/2000. O projeto de P&D tem duração de três anos. Com a implementação deste projeto, o desenvolvimento de uma tecnologia nacional e inovadora garantirá ao Brasil a possibilidade de explorar esta fonte de energia a custos reduzidos, uma vez que não terá de incluir custos de royalties para outros países. Conforme estudos da Coppe/UFRJ, o Brasil, com mais de 8 mil quilômetros de litoral, tem potencial para suprir até 15% de sua demanda energética usando ondas do mar convertidas em energia elétrica. O estudo prevê a instalação de dois módulos de bombeamento com capacidade
de geração de até 100 Kw de eletricidade, o suficiente para acender mais de 1.600 lâmpadas comuns de 60 watts. Além da geração de energia elétrica, o projeto inclui também a possibilidade de utilização de um módulo de bombeamento para promover a dessalinização da água do mar, por meio do processo de osmose reversa, permitindo transformá-la em água potável. Este processo consome muita energia para a pressurização da água, e como as bombas hidráulicas utilizadas no protótipo já fazem isto através da energia do movimento das ondas do mar, espera-se reduzir o custo deste tipo de utilização.
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especialista ENTREVISTA
RICARDO SIMÕES
Desafios do desenvolvimento Nova gestão da ABEEólica tem como desafio fornecer respostas às mudanças decorrentes do crescimento do setor. E amplia quadro da diretoria para atender novas áreas
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icardo Simões, diretor da Brennand Energia, assumiu a presidência da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), em substituição a Lauro Fiuza Jr., em maio deste ano. O desafio é fornecer respostas às mudanças decorrentes do crescimento do setor no Brasil. Para isso, a nova gestão da ABEEólica criou 12 diretorias. Entre as novas áreas estão a de regulação, a de indústria e a de estudos econômicos, além de diretorias regionais. “É enorme a demanda por energia eólica”, diz Simões, em referência aos leilões do setor. O executivo acrescenta que esta ampliação no quadro da diretoria representa também a dimensão que a geração eólica vem adquirindo desde o ano passado. A ABEEólica, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, congrega empresas pertencentes à cadeia geradora de energia eólica no Brasil. Seu objetivo é promover a produção de energia elétrica a partir da força dos ventos como fonte complementar da matriz energética nacional e defender a consolidação e competitividade do setor eólico, principalmente por meio de um programa governamental de longo prazo.
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Ricardo Simões, diretor da Brennand Energia, destaca que as principais metas da ABEEólica não se alterarão. Continuam como objetivos maximizar a inserção da geração eólica no País e a desoneração da cadeia produtiva de equipamentos voltados para a energia eólica. O executivo afirma que as expectativas para os próximos anos - o seu mandato vai até maio de 2012 - é a contratação no mercado regulado de, no mínimo, 1.500 MW instalados por ano. Para Simões, o Plano Decenal 2019, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética em maio, aposta bastante na energia eólica. O documento prevê uma expansão média anual de 13% para as fontes alternativas - pequenas centrais hidrelétricas, usinas a biomassa e empreendimentos eólicos. “As eólicas representarão, pelo menos, dois terços dessa quantidade, o que equivale a cerca de 1.500 MW de potência”, estima o gestor. Anteriormente as diretorias da associação não tinham título e agora tem nome intimamente ligado à atividade da associação. A área eólica, por exemplo, foi dividida em três macro regiões:
Norte/Nordeste; Leste/Sudeste/Centro Oeste e Sul. Na nova composição do quadro haverá ainda diretores para as seguintes áreas: Admissão, Ética e Gestão; Regulação; Indústria; Meio Ambiente; Relações Institucionais; Tecnologia; Estudos Econômicos; Transporte, Logística e Serviços Complementares, além do diretor suplente, vice presidente e presidente. A seguir, o gestor fala dos desafios para o desenvolvimento do setor de energia eólica no País. Renergy: Como o senhor avalia o resultado do cadastramento do último leilão de reserva da EPE para o mercado de energia eólica? Ricardo Simões: O resultado é positivo porque o volume de inscritos é bastante significativo - 399 projetos eólicos, que representam mais de 10.500 MW. O leilão foi adiado para que a EPE tenha mais tempo de avaliar e habilitar os inscritos. Os empreendimentos de energia eólica são maioria para o próximo certame e isso mostra duas coisas: o quanto este mercado é promissor e o comprometimento da fonte eólica em atender a demanda por energia.
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especialista ENTREVISTA
RICARDO SIMÕES
Renergy: Qual a expectativa para o leilão? Ricardo Simões: As expectativas são as melhores possíveis, porque o Brasil tem um potencial eólico gigantesco e há muito espaço para seu desenvolvimento. No próximo leilão, nós esperamos a contratação em patamares superiores ao praticado no leilão de 2009, que foi 1.800 MW. Renergy: Quais os estados brasileiros com vocação para receber usinas de geração de energia eólica? São apenas os Estados do litoral? Ricardo Simões: No Nordeste, além do Ceará, temos Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Pernambuco. Sendo que, na Bahia, os melhores empreendimentos não são no litoral. No Sul, temos Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Minas Gerais também tem potencial e divulgou recentemente seu atlas eólico. Neste momento, a geração eólica realmente tem um crescimento maior no litoral brasileiro porque é onde se concentra a maior força dos ventos pelas condições climáticas e geográficas bastante favoráveis na região, além de apresentar algumas facilidades logísticas quando comparadas a outras regiões. Mas não significa que outras áreas não tenham potencial, como é o caso de Minas. É preciso investir mais em estudos e realização de atlas eólicos em outras regiões do país. Renergy: Como avalia a participação do Ceará no setor? Ricardo Simões: O Ceará tem um potencial de geração que se destaca no país e é preciso ressaltar que, com a criação do Proeólica (Programa de Desenvolvimento
da Cadeia Produtiva Geradora de Energia Eólica), o Estado foi pioneiro no estímulo do setor a partir de 2001. Desde então o Ceará tem atraído usinas, fabricantes, investidores e é líder no país com o maior número de parques em funcionamento. Por isso, considero o Ceará como um dos Estados estratégicos para o desenvolvimento e para o futuro da eólica.
No próximo leilão, nós esperamos a contratação em patamares superiores ao praticado no leilão de 2009, que foi 1.800 MW. Renergy: Qual o futuro da energia eólica no País? Ricardo Simões: É muito promissor, desde que se encare com seriedade a necessidade de desoneração de toda a cadeia produtiva. Só assim é possível garantir investimentos e desenvolvimento a longo prazo. Por isso, uma das propostas da ABEEólica é a aprovação do Renovento, um regime tributário especial que garanta benefícios para o setor como um todo, desde a matéria prima dos aerogeradores até a operação dos parques eólicos. O modelo é semelhante ao adotado para alavancar a indústria automobilística, e de navios e portos, por exemplo. Em todos os países onde a eólica virou referência - como na Alemanha, Dinamarca e Espanha houve estímulo governamental para o crescimento. E no Brasil não pode ser diferente. Além da
geração propriamente dita, nosso país tem vocação para desenvolver a indústria e tecnologias de equipamentos eólicos, com capacidade para se tornar exportador inclusive. Renergy: Quais são as perspectivas para seu trabalho frente a Abeeolica? Ricardo Simões: Com a expansão da eólica há muito para ser feito. A própria ABEEólica passou por mudanças recentes e necessárias para melhorar a atuação, com a ampliação e especialização das diretorias. Por isso, internamente, uma das metas é continuar com profissionalização da associação já iniciada pelo Lauro Fiuza. O foco é não ter somente empresários e executivos dos associados engajados nesse segmento. É termos também o reforço de profissionais com 100% do tempo dedicado à associação. Outras metas fundamentais da ABEEólica são garantir a continuidade da contratação da energia eólica no ambiente regulado de comercialização de energia e também a desoneração da cadeia produtiva para tornar a indústria eólica mais competitiva. Renergy: Quais os incentivos que faltam para o setor no País? Ricardo Simões: Falta um incentivo global como o Renovento, que envolva toda a cadeia produtiva. Hoje, os incentivos são isolados e temporários, gerando incertezas para os investidores. Em janeiro, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) prorrogou a isenção de ICMS até 2012. Depois desse período, não há garantias de que este dispositivo permanecerá.
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Carro eólico Pesquisador americano cria um veículo que utiliza energia eólica e pode alcançar velocidades maiores que as do próprio vento que o alimenta
fasterthanthewind.org / divulgação
novas tecnologias
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pesquisador Rick Cavallaro colocou à prova o que muitos acreditavam que não seria possível. Um carro movido à energia eólica e que pode correr mais rápido que o próprio vento que o alimenta. Em maio, em uma série de testes realizados no aeroporto de Tracy, em Nova Jerusalém, nos Estados Unidos, o veículo alcançou 2,86 vezes a velocidade do vento, que marcava no dia do teste 21 km/h. O automóvel, que imita a aerodinâmica de um carro de Fórmula 1, é feito basicamente de espuma, e possui quatro rodas e uma hélice de pouco mais de 5 metros de altura. Mas o segredo do sucesso parece ser a energia eólica
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somada a um sistema de retroalimentação. Cavallaro explica que é o aproveitamento da hélice que faz com que o carro alcance velocidades maiores que o vento. E é exatamente a parte que os céticos menos acreditavam no projeto. O vento, como fonte de energia externa, é que tira o carro da posição estática. A hélice e as rodas tem o poder de potencializar o movimento. Na verdade, “são as rodas que estão girando a hélice. O que acontece é que o impulso no suporte empurra o veículo”, explica Cavallaro. Resumindo, é este impulso inicial do vento que faz o carro se mover. O movimento das rodas faz a hélice girar mais. Desta forma, se
aproveita ainda mais a força do vento. Mais movimento e mais força do vento fazem a soma para um sistema que praticamente se autoalimenta. Cavallaro comenta que a construção de uma transmissão capaz de transferir energia das rodas para a hélice foi quase tão difícil como convencer os céticos de que o veículo iria funcionar. Demorou mais de um ano, várias tentativas, e uma parceria com o departamento de aerodinâmica da Universidade do Estado de San Jose, nos Estados Unidos. Mas o que parece impulsionar o veículo, mais do que o vento, são os fortes patrocinadores do projeto, como o Google.
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novas energias
asfalto energético Placas solares substituem pavimentação para diminuir o consumo de petróleo, criar um novo tipo de energia renovável e ainda deixar rodovias mais inteligentes.
Solar Roadways / divulgação
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esde que aquecimento global virou notícia e que acidentes em plataformas de petróleo, como o recente no Golfo do México, não saem das manchetes, muitas tentativas apareceram para tentar eliminar nossa dependência dos combustíveis fósseis. A mais recente proposta foi a de substituir o asfalto e superfícies de concreto por painéis solares especiais onde automóveis possam circular. Estas placas solares resistentes e inteligentes, que substituem a pavimentação das rodovias, foram criadas por pesquisadores da empresa Solar Roadways. E, em 2009, a Federal Highway Administration, o Departamento de Transportes dos EUA, fechou contrato para construir o primeiro protótipo. A ideia surgiu do conceito da “caixa preta” nos aviões, capaz de proteger os mais sensíveis componenetes eletrônicos nas piores circunstâncias. As placas são feitas a partir de material reciclado vindo do plástico, vidro e borracha. A superfície é de alta resistência e
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áspera para proporcionar tração e lidar com cargas mais pesadas. Por baixo, uma camada eletrônica, com as células solares que captam a luz do sol e que se transformam em energia. As linhas das estradas, por exemplo, são “pintadas” nesta camada e se acendem durante a noite através de um micropocessador que controla as necessidades de iluminação. Para os climas mais frios, a pista ainda possui um aquecimento que imita os painéis das janelas dos carros que descongelam a neve. Foi aplicado também um dispositivo de comunicação a cada 12 metros, transformando a pista solar em um sistema de rodovia inteligente. A empresa americana acredita que este é o primeiro passo para substituir estradas de asfalto à base de petróleo. E a tecnologia pode ser aplicada também em estacionamentos e calçadas, além de ainda armazenar a energia em excesso das ruas e estradas para ser usada em residências e empresas.
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eficiência energética
Eletricidade Carro eólicoverde armazenada como gás
Pesquisador americano cria um veículo que utiliza energia eólica e pode alcançar velocidades maiores que as do próprio vento que o alimenta Nova tecnologia consegue converter eletricidade excedente gerada por fontes alternativas, como a eólica e a solar, em gás natural sintético
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e cada vez mais a produção de eletricidade está se aliando a fontes alternativas, faltava um elo para integrar estas mais diversas energias para um fornecimento elétrico mais eficaz. Uma parceria de pesquisadores alemães e austríacos encontrou este elo em um conceito inteligente de armazenamento de energia renovável: convertendo eletricidade excedente em gás. Bom exemplo para este processo é o caso da energia eólica. Quando o vento está soprando muito forte e os aerogeradores geram mais eletricidade do que a rede elétrica pode absorver, este novo processo consegue converter a eletricidade exce-
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dente em gás natural sintético. O projeto foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa de Energia Solar e de Hidrogênio BadenWürttemberg (ZSW), em cooperação com o Instituto Fraunhofer para Energia Eólica e Tecnologia de Energia, o IWES. Segundo o Dr. Michael Specht, da ZSW, o processo de produção de gás natural combina a tecnologia de hidrogênio por eletrólise com geração de metano. O sistema usa a energia excedente para provocar a separação de átomos de água. O resultado desta separação, através da eletrólise, é o hidrogênio e o oxigênio. A reação química do hidrogênio com o gás carbônico
gera o metano, “que nada mais é do que o gás natural, produzido sinteticamente”, explicou Specht, em recente divulgação do projeto. A pesquisa entrou em nova etapa. A Solar Fuel Technology, empresa austríaca que é parceira no projeto, está criando a implementação industrial do processo, já contando com um das vantagens da nova tecnologia, a de poder usar a infra estrutura de gás natural já existente. Um sistema de demonstração está operando com sucesso em Stuttgart, na Alemanha. Acredita-se que, em 2012, será possível um sistema maior, com produção de dois dígitos de megawatt.
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em ação ARTIGO
Elias Fajardo
Foto: Cecília Fonseca
Energia limpa na terra do sol iscutir energia limpa é como tentar saber o sexo da criança antes da existência do exame da ultrassonografia: todo mundo dá palpite, mas certeza só existe mesmo quando a criança nasce. Estamos todos envolvidos com a necessidade de mudar a matriz energética, algo vital para nossa sobrevivência enquanto espécie. E até agora ninguém sabe se o nascimento do nosso futuro comum está garantido. Neste cenário, à energia limpa produzida com recursos renováveis (movimento da água, luz solar, vento) se contrapõem as fontes não renováveis, como petróleo e carvão mineral, que mais cedo ou mais tarde se extinguirão. Mas uma civilização que se movimenta hegemonicamente a partir destas duas últimas fontes reluta em considerar que elas estão no limite. A partir daí, as conclusões de muitos estudos científicos estão comprometidas com a política adotada por quem os fez ou patrocinou. O documento da ONU “Tendências Globais de Investimentos em Energias Sustentáveis 2009” nos diz que os projetos de energia limpa tem triplicado ano a ano e que a maior parte deles ocorre no Brasil e na China na área de biocombustíveis, energia eólica e solar. O relatório informa também que o Brasil é o maior mercado mundial de energias renováveis. Cerca de 46% de toda a energia consumida no País vem de fontes limpas. E 90% dos carros produzidos aqui podem rodar com gasolina, gás natural ou álcool. Sem falar no grande programa de biodiesel,
Ilustração: Gerardo Júnior
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o combustível produzido com óleos vegetais de plantas oleaginosas como girassol, amendoim, mamona, soja e algodão. Até aí tudo bem, se não existisse a outra face da moeda. O País do sol e dos ventos, envolvido numa disputa entre uma visão desenvolvimentista e outra conservacionista, tem assistido ao desenvolvimentismo levar a melhor. E assim os governos apostam em termelétricas para fazer frente à crise de energia, constroem hidrelétricas na floresta amazônica e em áreas indígenas e somos um dos maiores desperdiçadores de eletricidade, por conta de redes de distribuição obsoletas e de uma mentalidade que considera fundamental favorecer a qualquer custo atividades industriais para manter o crescimento econômico. Sem falar no fato de que apostamos na exploração do petróleo em águas profundas como uma grande salvação da lavoura energética, sem considerar os riscos que isso implica: vide o recente vazamento de óleo no Golfo do México, um desastre de enormes proporções.
Temos pois, muito que ensinar e muito que aprender. Podemos dar exemplo de uma mentalidade nova e dinâmica na área científica e na implantação de políticas públicas energéticas, mas também precisamos fazer o dever de casa, assumindo, por exemplo, o compromisso de reduzir a emissão de gases cavusadores de efeito estufa. Em nosso passivo ambiental estão a destruição, com pouquíssimos benefícios para a população, de 17% da cobertura florestal da Amazônia. Também somos campeões de desperdício de água no consumo doméstico. Energia limpa entre nós é uma realidade em construção, desde que acertemos o rumo que separa a intenção e o gesto. Elias Fajardo é jornalista, roteirista e artista visual, autor dos livros “Ecologia e cidadania – se cada um fizer a sua parte” e “Consumo consciente, comércio justo: conhecimento e cidadania como fatores econômicos”, do SENAC Nacional. Durante nove anos foi chefe de redação do programa de TV Globo Ecologia.
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balanço energético Novos nomes para a diretoria da Aneel
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Já foram encaminhadas ao Senado as indicações para a nova diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. O diretor José Guilherme Senna será substituído por André Pepitone da Nóbrega. Caso aprovado, Nóbrega será o primeiro diretor concursado da agência. O diretor Romeu Donizete Rufino será reconduzido ao cargo. Os mandatos de Senna e Rufino terminam no dia 13 de agosto.
Associação quer energia eólica no ambiente livre
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O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Ricardo Simões, organizou um grupo de estudos para montar um modelo de formas de contratação que possibilite às geradoras venderem uma quantidade firme de energia no mercado livre. Uma das propostas é trabalhar com uma margem de erro que permita estabilidade da receita dos empreendimentos. A ideia foi adaptada do que acontece nos leilões de ambiente regulado.
Martifer fatura um milhão com eólica no Brasil
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O Brasil é um dos mercados onde a Martifer está investindo mais e, já no primeiro trimestre deste ano, registrou uma receita de um milhão de euros decorrente da geração de energia eólica. O mercado brasileiro contribui tanto quanto o de Portugal para a receita de venda. Em sua terra natal, a empresa portuguesa também faturou um milhão de euros. Além disso, o grupo fechou, entre janeiro e março, 2,1 milhões de euros na Alemanha, 0,7 milhão na Espanha e 0,6 na Polônia. Os
proveitos operacionais da RE Developer aumentaram 20,9%. O valor do investimento da empresa, no mesmo período, foi de 8,9 milhões de euros, boa parte voltada para a construção da nova fábrica de torres no Texas, Estados Unidos, e para o desenvolvimento da RE Developer na Romênia, Polônia e Brasil, mais especificamente no Ceará. O resultado líquido consolidado pela Martifer ficou em 2,1 milhões de euros, acima dos 0,4 milhão no mesmo período do ano passado.
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CONSUMO
PRODUÇÃO
4,5%
Fotos: divulgação
Será a taxa de consumo nacional ao ano, crescimento acima da média mundial durante esta década, segundo a KPMG.
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A Bioenergy fechou contratos de usinas eólicas no ambiente livre. A empresa, em parceria com a União Comercializadora, vendeu 97,7 MW médios de nove parques eólicos para a mineira Cemig, em um contrato de 20 anos. O preço ficou em R$ 145/MWh. Um novo leilão voltado para o mercado livre está previsto para ainda este ano.
2.750MW
É a previsão de capacidade de produção da indústria eólica nacional em 2012, segundo a ABEEólica.
5
A Tecnomaq, fabricante de torres eólicas, prevê investimento na ordem dos R$ 60 milhões. Entre 2009, após o primeiro leilão de energia eólica, e os primeiros meses deste ano, a companhia já investiu R$30 milhões para ampliar a capacidade de produção de sua fábrica no Ceará. A outra metade será aplicada na mesma unidade, em 2011.
Novo parque eólico da Cemig entra em operação
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A usina eólica da Praia do Morgado, no Ceará, já começou a funcionar. O empreendimento é uma parceria entre a Cemig e a Energimp, uma subsidiária da Impsa. O parque conta com 28,8MW de capacidade instalada, em uma área de 366 hectares, com 19 aerogeradores de 1,5MW fabricados pela própria Impsa.
AEROGERADORES
R$ 100 mi
Total de investimento da nova fábrica dos grupos espanhóis Gonvarri e Gestamp, no complexo de Suape, em Pernambuco.
Cinco empresas de aerogeradores anunciaram fábricas no Brasil
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As multinacionais Alstom, GE e Vestas anunciaram que irão abrir unidades no País. Elas se unem a empresas como Wobben e Impsa, que já possuem unidades brasileiras. Estes fornecedores somam a expectativa de 2.750MW esperada para os próximos dois anos.
“aspas “Nossa ambição é responder por 10% da matriz em 2019, enquanto o PDE aponta para uma participação ainda pequena, perto dos 3%”. Ricardo Simões, presidente da ABEEólica
Maranhão terá atlas eólico
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A primeira fabricante eólica a se instalar no mercado brasileiro, a Wobben Windpower, pretende aumentar sua capacidade de produção. A previsão é que a empresa alemã passe dos atuais 500MW para 750MW nos próximos dois anos.
8
Outra empresa que promete uma expansão é a argentina Impsa. Até 2012, a aposta é de que aumente a sua capacidade de energia dos atuais 460MW para 600MW. Aliás, a mesma capacidade pretendida pela unidade da GE que irá chegar ao País.
10
O Maranhão inicia processo para elaborar o primeiro atlas eólico oficial de seu território. O objetivo é mostrar quais são as melhores áreas do estado para explorar esse potencial. Segundo o secretário de Estado de Indústria e Comércio, Maurício Macedo, somente com os resultados se poderá desenvolver uma política de atração de investidores.
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Recorde na geração de energia renovável
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O Brasil registrou ní-
veis inéditos no uso de fontes renováveis, em 2009. O recorde foi divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no mês de maio. De toda a energia consumida no País, 47,3% teve origem renovável, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN).
Projeto quer determinar consumo de energia de fontes alternativas
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Projeto de autoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES) determina que, até 2018, pelo menos 10% do consumo anual de energia no país deverão ser supridos por eletricidade proveniente de fontes alternativas, como solar, eólica e produzida a partir da biomassa. O projeto foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, em abril. A medida tramita em caráter conclusivo e ainda será analisada pelas comissões de Minas e Energia, e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Gigante de aerogeradores quer investir no Ceará
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O fundador e presidente da multinacional Suzlon, o indiano Tulsi Tanti, se reuniu com o governador cearense Cid Gomes, em maio passado. O encontro tratou da pretensão da empresa, que é uma das maiores fabricantes de aerogeradores do mundo, de instalar uma fábrica de pás para geradores de energia eólica no Estado. A previsão é de que a fábrica poderia atender boa parte da demanda brasileira. Tanti explicou que o Ceará possui todos os requisitos
necessários para receber a nova fábrica da multinacional, além de ser ponto estratégico por concentrar boa parte da produção brasileira de energia eólica. Acredita-se que, com a implantação da fábrica, poderiam ser criados cerca de 300 empregos diretos. Além disso, o investimento contribuiria para baratear o preço das torres eólicas e, ao mesmo tempo, o preço da energia gerada. E ainda mais: a vinda da fábrica trará também outras empresas prestadoras de serviços e de peças.
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RENOVÁVEIS
PREVISÃO
13%
É a média mundial da matriz energética composta por fontes renováveis, segundo dados da EPE.
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PCHs tem atraído poucos investidores. A demora no processo de autorização pela Aneel e no licenciamento ambiental desestimula empresários. Outro problema é o preço da energia das pequenas usinas, que está acima das demais concorrentes, na faixa entre R$ 150 e R$ 160/MWh.
EMPREGOS
R$ 951 bi
Previsão de investimentos no setor energético brasileiro até 2019, de acordo com o PDE.
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Segundo a avaliação do coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, os custos de fontes alternativas de energia, como centrais eólicas e solares, estão em queda. A éolica já custou o dobro e a solar tem caído cerca de 10% ao ano.
1.000
Profissionais envolvidos nos parques éolicos, desde as fases iniciais até os parques em operação, somente no Ceará.
Seis usinas confirmadas no leilão A-5
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Previsto para o segundo semestre, o primeiro leilão A-5 deste ano já conta com seis usinas confirmadas. Segundo anunciou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, as seis juntas somam uma potência de 1.106 MW.
Capitais brasileiras deverão estar conectadas ao SIN
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Até 2019, todas as capitais brasileiras deverão estar conectadas ao Sistema Interligado Nacional, o SIN. Esta previsão consta no Plano Decenal de Expansão de Energia 2010-2019, e a medida serve para que todas as capitais possuam a mesma garantia de suprimento, segundo o setor de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia.
“aspas “O sistema regulatório no Brasil é melhor que em Portugal. É um sistema pouco arriscado e muito estável para a geração” António Pita de Abreu, presidente da EDP Brasil
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Para tirar do papel 3,9 mil MW de PCHs, 5,4 mil MW de biomassa, principalmente de cana de açúcar, e 5,3 mil MW de eólicas, a Empresa de Pesquisa Energética prevê investimentos de R$ 47,6 bilhões ao longo dos próximos dez anos.
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Em parceria com a Pedra Agroindustrial, a CPFL investirá em três usinas a biomassa de cana, em São Paulo. O investimento previsto é de R$ 366 milhões na construção das plantas. Duas térmicas entrarão em operação em 2011, e outra em 2012. A capacidade instalada será de 145 MW.
Marca brasileira de biotecnologia ganha lançamento mundial A marca BrBiotec Brasil, que reúne empresas e instituições brasileiras ligadas à biotecnologia, entre elas bioenergia, foi apresentada durante a BIO International Covention, em Chicago, nos Estados Unidos. O grupo tem parceria da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex-Brasil. iniciais de instalação até as fases dos parques em operação, somente no Ceará.
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Procura crescente de energia
Custos ascendentes de energia
Recursos em esgotamento
Alteraçþes climåticas mundiais Falta de trabalho em todo o globo Custos ascendes de energia
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destaque CONSUMO CONSCIENTE
Sustentável até
a tampa A sustentabilidade de um produto ou serviço presume também responsabilidades social, ética e qualidade, tanto em performance como em segurança. No Brasil e no mundo há iniciativas sérias surgindo nas mais diversas áreas, como a moda, a construção civil, a arquitetura e o design de embalagens. Para termos cada vez mais opções sustentáveis, é preciso conscientizar não apenas o consumidor, mas principalmente o empresariado por Mônica Lucas
dotar a sustentabilidade como estilo de vida pode começar em pequenas ações do dia a dia, como nas compras do supermercado ou no jeito de se vestir. Mas é preciso estar atento: o rótulo “sustentável” está sendo explorado e banalizado, avisa Sylvio Napoli, gerente de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que se apressa em explicar que o conceito é muito mais amplo do que a preocupação ambiental. A sustentabilidade de um produto ou serviço presume também responsabilidades social, ética e com a qualidade, tanto em performance como em segurança. “O mundo inteiro busca isso atualmente, então há quem se aproveite da falta de informação do consumidor”,
A
diz, com preocupação. A boa notícia é que no Brasil e no mundo há iniciativas sérias surgindo nas mais diversas áreas, como a moda, a construção civil, a arquitetura e o design de embalagens. A estilista baiana Márcia Ganem é um dos principais nomes da moda sustentável no Brasil, exportando para doze países suas roupas feitas a partir do reaproveitamento da fibra de poliamida, patenteada por ela aqui e no exterior. Márcia conta que desde 1996, quando trocou a carreira de administradora de empresas pela moda, tem investido na pesquisa de materiais, até descobrir essa fibra de alta tenacidade, derivada do petróleo (matéria prima não renovável) e descartada pela indústria automobilísti-
Andrew Kim
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ca no processo produtivo de pneus e cintos de segurança. Desde então a marca tem adotado a proposta de desenvolver produtos ecologicamente corretos e socialmente responsáveis. “A marca se preocupa desde a produção do produto até sua comercialização, considerando vida útil e reaproveitamento”. As pesquisas se fundiram às rendas brasileiras, através do envolvimento com comunidades produtivas da Bahia, a Associação de Rendeiras de Saubara e a Associação Beneficente 25 de Junho. Em conjunto foram desenvolvidas técnicas, como a trama de nó em fibra de poliamida e gemas, que deu um passo adiante no design da marca, viabilizando a fusão de moda com a joalheria. A parceria com pequenos produtores também faz parte do modo de produção da Eden, em São Paulo, que foi a primeira loja do país a colocar em suas araras uma coleção inteira com produtos 100% orgânicos. Mais de 200 famílias de trabalhadores rurais estão envolvidas no projeto, com a compra de suas colheitas de algodão garantida pela empresa. Todos receberam instruções e subsídio para que a área de plantio ficasse
livre de qualquer produto agrotóxico. A partir dos processos de industrialização, todas as empresas por onde
Além do modismo da “onda green” e da real necessidade de ações ecológicas, já existe uma tradição de aproveitamento de sobras e reciclagem de materiais, sobretudo nas atividades artesanais. passa o algodão tem seus lotes vistoriados para garantir que não haja contaminação das matérias primas até o produto final. A marca é certificada pela NOW (Natural Organic World). A tecnologia também é uma importante aliada para otimizar os processos e melhorar o resultado final das peças. O proprietário da Eden, Jorge Yammine, se orgulha de exibir roupas coloridas. Até pouco tempo atrás, oferecer uma cartela de cores diversificada era o maior desa-
fio de quem queria trabalhar com produtos orgânicos. Antes de a primeira coleção orgânica chegar à loja, em São Paulo, em 2008, foram quatro anos de pesquisa até chegar ao produto final. Um dos corantes vem da plantação de anileira nas instalações da fábrica, em Conchas, interior de São Paulo. Ainda que estejamos engatinhando quando comparamos o Brasil com países da Europa, o trabalho com têxtil e confecções se destaca quando o assunto é reciclagem. Além do modismo da “onda green” e da real necessidade de ações ecológicas, já existe uma tradição de aproveitamento de sobras e reciclagem de materiais, sobretudo nas atividades artesanais. São fuxicos, patchworks e bordados com pequenas sobras, entre diversas possibilidades, que variam de região para região. Mas não apenas isso: indústrias de todos os portes tem feito investimentos relevantes em tecnologia, especialmente para reduzir o consumo de água e fazer o tratamento apropriado. Segundo Napoli, nunca houve tanta preocupação com o destino de efluentes, que são os resíduos de cada processo. Nas tecelagens, por exemplo, o produto usado na engomagem é reciclável. As sobras de processos e o consumo de água e energia também estão entre as principais preocupações de quem trabalha para desenvolver soluções nas áreas de construção civil e arquitetura. Sâmia Silveira, arquiteta formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mora nos Estados Unidos e é uma das pesquisadoras do ERDL (Environmental Research and Design Lab). Ela explica que se trata de um organismo da Escola de Arquitetura da Universidade do Havaí, que realiza o que se chama de “pesqui-
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destaque
Environmental Research Design Lab
CONSUMO CONSCIENTE
Estudo para performance energética e conforto
sa aplicada”, ou seja, desenvolve projetos a partir de clientes reais e suas necessidades. Um deles foi a própria universidade. No ano passado, o projeto “Delamping” promoveu a retirada de lâmpadas desnecessárias em vários edifícios do campus, baseando-se na intensidade de luz requerida pelas atividades realizadas em cada ambiente. Houve também adequação de lâmpadas mais eficientes. Ao final da experiência, que vistoriou mais de 70.000 metros quadrados, a universidade deve ter uma economia anual superior a 300 mil dólares. Em outro projeto, um guia de campo para performance energética, conforto e valor agregado no Havaí, uma família na comunidade de Waianae pode reduzir suas despesas em até 720 dólares por ano com os custos de energia,
além de viver em um ambiente climaticamente mais confortável. Esses projetos se fundamentam nas chamadas “boas práticas na construção civil”, um conjunto de princípios e técnicas que prezam não só pela preservação da natureza, como também pela integração do edifício na comunidade e na cidade, levando em consideração vários aspectos, como o impacto no tráfego urbano. “Os projetos do ERDL são inovadores por fazer uso dessas práticas e principalmente pela maneira como encara a relação universidade/comunidade, pois contribuímos diretamente para o aumento da qualidade de vida da região”, comenta Sâmia. A pesquisadora lembra ainda que o Havaí tem clima tropical e grande potencial para a captura de energias renováveis, um cenário semelhante ao de
algumas áreas do Brasil, como o estado do Ceará, “onde podemos aplicar essas lições aprendidas do outro lado do mundo”. O primeiro problema no nosso país, segundo Sâmia, é o desperdício na fase de construção e projeto, gerando mais resíduos do que o necessário. Depois, a má organização do canteiro de obras, uma vez que a estocagem incorreta polui o ar e sedimenta corpos d’água. “Inúmeros outros erros podem ser apontados, tais como negligência no aproveitamento da ventilação e iluminação naturais em prol do uso de ar condicionado e da iluminação artificial, implicando maior consumo de energia elétrica e, consequentemente, de recursos naturais”. Vale lembrar que essa adequação não implicaria em investimento financeiro adicio-
nal, exigindo apenas familiaridade do arquiteto com o clima da região e princípios físicos. A passos lentos, o Brasil também tem melhorado seu desempenho nessa área. Nos últimos cinco anos, grupos de profissionais tem se unido com esse objetivo, dando origem a organizações como o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável e a Associação Brasileira de Arquitetura Bioecológica. Há ainda os atuantes Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e o Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica, pioneiro
Não existe material do bem ou do mal, tudo depende da sua aplicação. A fórmula mágica está em uma análise completa do produto, para só assim poder determinar o que é mais apropriado e o que deve e pode ser evitado na comercialização em larga escala de ecoprodutos e tecnologias sustentáveis. Sâmia destaca ainda os esforços do Green Building Council Brasil para adaptar à realidade brasileira o LEED, um sistema de classificação de edifícios de alta performance. Para termos cada vez mais opções sustentáveis, é preciso conscientizar não apenas o consumidor, mas principalmente o empresariado. Assim como Sylvio Napoli, a coordenadora do Comitê de Embalagem Sustentável do Instituto de Design para o Desenvolvimento Sustentável (IDDS), Elisa Quartim, chama aten-
ção para alguns equívocos. Segundo ela, as empresas estão mais atentas à necessidade de investimento, mas não sabem como fazer isso, pois acreditam que cuidar da reciclagem é suficiente. Não adotam o conceito em toda sua estrutura, mas somente em um ou outro setor. No caso específico das embalagens, não observam seu ciclo completo. “A maioria (das empresas) é levada pela economia de materiais e depois vende que é uma embalagem sustentável para justificar a queda de qualidade da embalagem”. O papel reciclado talvez seja o primeiro material que recordamos quando se fala de embalagens sustentáveis, mas não é o único. Elisa explica que os materiais mais apropriados são aqueles que fornecem proteção para que o produto não se estrague, de preferência de fontes renováveis, livres de produtos tóxicos e fáceis de serem reciclados. “Não existe material do bem ou do mal, tudo depende da sua aplicação. A fórmula mágica está em uma análise completa do produto, para só assim poder determinar o que é mais apropriado e o que deve e pode ser evitado”. Uma embalagem sustentável reduz a utilização de matéria prima, aumentando a capacidade dos aterros, e emite menos gases de efeito estufa no processo produtivo. Basta pensar que menores ou com formatos diferentes essas embalagens podem ocupar menos espaço em caminhões e ampliar a capacidade de transporte, ou seja, menos viagens, menos carbono. Além disso, com a redução de gases tóxicos, todas as pessoas na cadeia de produção e consumo teriam ganhos substanciais em saúde. Tudo isso não traz custos adicionais à empresa. Ao contrário, sig-
Foto: Torre Cuajimalpa - www.kristjandonaldson.com
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destaque
Andrew Kim
CONSUMO CONSCIENTE
e s a ple cle. recy
nifica economia, pois trabalha de maneira mais eficiente todo o processo e diminui o uso de matéria prima e gasto de energia. Outro mito que precisa ser derrubado é o de que embalagens sustentáveis não são bonitas. Elisa dá alguns exemplos, como a marca de cosméticos americana Pangea Organics, cujas embalagens se destacam nas gôndolas pelo estilo minimalista e pelos estímulos sensoriais que provoca. Feita de polpa e papel moldado (a mesma da caixa de ovo), é 100% compostável, biodegradável e plantável. Isso mesmo, plantável. A empresa acrescentou sementes de ervas medicinais e temperos à embalagem, que após o uso pode ser plantada. Há ainda a Y Water, uma água flavorizada infantil vendida nos Estados Unidos, cuja garrafa pode ser reutilizada como brinquedo, pois se encaixa em outras, semelhante a um jogo de Lego. Não é preciso viajar para consumir belas embalagens sustentáveis. No Brasil, a Matte Leão, produtora de chás, instalou uma fábrica verde, onde usa material reciclado e reduz a quantidade de tinta de impressão na embalagem, entre outras medidas ecológicas. Na embalagem de seu óleo trifásico, a Natura, empresa de cosméticos, utiliza garrafas pet usadas, fios, fitas e produtos plásticos cujo destino seria o lixo. Tudo vindo de uma cooperativa de catadores. O produto é ainda o primeiro a trazer uma tabela ambiental, com informações que dão transparência sobre a origem e impacto das fórmulas e embalagens. “É necessário que sempre que possível a embalagem comunique porque é sustentável, educando o consumidor para as próximas compras”, diz Elisa.
O Brasil também foi o primeiro país onde a Coca-Cola comercializa seu refrigerante mais famoso em PlantBottle, uma garrafa feita de PET na qual o etanol da cana de açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo. A expectativa é que ainda este ano haja uma redução de uso de mais de cinco mil barris de petróleo e de 25% nas emissões de CO². Sem mudança de proprieda-
O Brasil também foi o primeiro país onde a Coca-Cola comercializa seu refrigerante mais famoso em PlantBottle, uma garrafa feita de PET na qual o etanol da cana de açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo des químicas, cor, peso ou aparência em relação ao PET convencional, a PlantBottle, lançada em 2010, também é 100% reciclável. Este novo conceito de embalagens está cada vez mais saindo das pranchetas de estudantes de design e indo parar nas prateleiras. Quem sabe a próxima aposta da Coca-Cola não seja o projeto do estudante coreano Andrew Kim, do Center for Creative Studies, que ganhou a mídia internacional com a sua Eco Coke. A proposta traz as garrafas de refrigerante em novo formato, que ocupam menos espaço tanto no transporte como na hora do consumidor final reciclar. A única crítica, de parte dos mais conservadores, é que a ideia foge totalmente da inconfundível silhueta da tradicional garrafa.
Dica para o consumidor Para quem deseja fazer sua parte e incorporar a sustentabilidade no seu cotidiano, a dica é comprar produtos com selos de entidades acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), como é o caso do Instituto Biodinâmico (IBD), responsável por atividades de inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas, orgânicos, biodinâmicos e de mercado justo. Há mais de dez tipos de selo, cada um para uma finalidade. Todos levam em consideração princípios humanistas, a legislação trabalhista e a legislação ambiental e garantem que a boa fé do consumidor em fazer sua parte seja respeitada.
Condutores Elétricos • Controle • Comando • Automação • Proteção • Infra-estrutura • Sinalização • Identificação• Iluminação estética
Uma outra maneira é conferir em etiquetas e rótulos a composição do produto que está sendo adquirido. Tudo que tem origem vegetal ou animal é uma matéria prima renovável. No caso das fibras têxteis naturais, é possível reconhecê-las ainda pelo toque, mais agradável. Já as fibras sintéticas são derivadas do petróleo, uma matéria prima não renovável. Mais uma vez, a informação está na etiqueta: elas tem as iniciais “po”, como poliamida, poliéster, polietileno e polipropileno. 85 3214 7900 vendas@sveletrica.com
Av. Bezerra de Menezes, 420 Farias Brito | 60325-000
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3r’s
reduzir, reutilizar, reciclar
REAPROVEITAMENTO
Adeus às sacolas plásticas!
UM SACO PLÁSTICO COMUM PODE DEMORAR 400 ANOS PARA SE DETERIORAR
Os brasileiros consomem, em média, 12 bilhões de sacolas plásticas por ano, que causam inúmeros danos ao meio ambiente, tanto na produção quanto no descarte. Primeiro, porque dependem da extração e refino de petróleo, que resultam em grande impacto na flora e na fauna. Quando descartadas, nos aterros, geram metano, um dos causadores do efeito estufa. Se jogadas em mares, rios e lagoas, poluem a água, matam os animais que as ingerem e entopem bueiros. Cada cidadão pode fazer sua parte para evitar que esses problemas se agravem
REDUZIR Independente de estarem na moda, ecobags e sacolas de feira são bonitas e ecologicamente corretas. Você pode levá-la sempre que for às compras e descartar as sacolas plásticas. Para acondicionar o lixo, o melhor é substituir os sacos de supermercado pelos feitos de material reciclado. Essa informação pode ser conferida no rótulo. Caso não encontre o saco reciclado ou o considere muito caro, leve sua ecobag ao supermercado e pegue apenas o número necessário de sacolas plásticas para o lixo.
REUTILIZAR E o que fazer com as sacolas plásticas que já temos em casa? Além de usá-las para condicionar o lixo ou guardar coisas, existem técnicas que permitem fundir sacolas plásticas, transformando em materiais mais resistentes, que podem ser reutilizados para fazer sua própria ecobag, por exemplo. Alguns artesãos cortam as sacolas em tiras e transformam em fios, de modo que possam ser trabalhados com agulha de crochê, produzindo vestidos, acessórios, bolsas e tapetes
RECICLAR Se você não tem aptidão para trabalhos manuais, existem instituições especializadas em reciclagem do plástico. Hoje, são três os tipos de processo: química, mecânica e energética. Nos sites www.recicloteca.org.br e www.sacolinhasplasticas.com. br há endereços de locais que aceitam doação para reciclagem em todo o Brasil.
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Como?
guia verde
DESCONTOS E DEDUÇÕES
Tarifas Ecológicas Além de educação ambiental, uma maneira talvez mais imediata de estimular ações em prol do meio ambiente é através de compensações financeiras. O Brasil ainda dá os primeiros passos neste sentido, mas há inúmeros projetos em tramitação nas esferas federal, estadual e municipal e também na concessão de serviços pela iniciativa privada. Vejamos alguns exemplos já em vigor e outros que ainda aguardam aprovação do poder público.
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ELETRODOMÉSTICOS. Um estudo preliminar encomendado pelo governo federal à Escola Politécnica da USP propõe taxar oito tipos de eletrodomésticos de acordo com o consumo de energia, concedendo benefícios fiscais aos mais eficientes. O governo fez isso temporariamente com o IPI no ano passado.
NOTA ELETRÔNICA. Substituir o papel pelo meio eletrônico também é uma atitude sustentável. A Nota Fiscal Eletrônica, da prefeitura de São Paulo, válida para prestação de serviços, também gera desconto no IPTU. O crédito gerado pode abater até 50% do imposto. IPTU ECOLÓGICO. Em São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo, o desconto no IPTU é proporcional à quantidade de verde na área construída e pode chegar a 80%, em casos de terrenos sem construção. Outras cidades, Porto Alegre, por exemplo, também adotaram o IPTU ecológico.
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COLETA SELETIVA. A Prefeitura de Fortaleza concede desconto de 5% para imóveis que realizem coleta seletiva do lixo e destinam sua coleta para associações e cooperativas de catadores de lixo. É importante lembrar que este desconto será concedido apenas mediante requerimento realizado junto à Sefin.
ICMS VERDE. Alguns estados, como Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco, reservam de 0,5% a 5% do ICMS para a construção de áreas verdes e proteção dos mananciais em municípios que contribuem com a preservação do meio ambiente, com ações como educação ambiental nas escolas, plantio de árvores e manutenção de áreas livres de pavimentação. CONTA DE ENERGIA. No Ceará, é possível trocar lixo reciclável por bônus na conta de luz em 30 pontos de coleta, dentro do programa Ecoelce. No Rio de Janeiro, a concessionária de energia Ampla também adotou a prática em alguns municípios, caso de Cabo Frio.
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se ligue agenda
DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS
A realização de O caminho para um mundo mais sustentável começou em 2006, quando o governo britânico pediu a Nicholas Stern, ex economista chefe do Banco Mundial, especialista em desenvolvimento, um estudo para medir os impactos e custos do aquecimento global para o planeta. As constatações foram sombrias, e Stern viu a necessidade de propor, em linguagem acessível a todos, um plano de ação radical e imediata. Da editora Campus-Elsevier.
livro
O site da Embrace My Planet foi construído para que pessoas comuns apoiem e opinem sobre energias renováveis. Principalmente, para aquelas que acreditam que a energia eólica é a perfeita solução para ajudar a reduzir as alterações climáticas. O site ainda permite que se descubra onde se localizam os principais parques eólicos, além de ser uma ferramenta social. A iniciativa é britânica, mas a organização possui planos para torna-se mundial. Para conhecer: www.embracemyplanet.com.
site
Dirigido por Ricardo Bruini, o documentário Consumo: Qual o limite? está sendo lançado em DVD. Apresentando dados científicos, o filme estabelece uma linha entre o consumo necessário e o consumo irresponsável e mostra como atos simples do cotidiano trazem sérios impactos aos recursos naturais do planeta. Exibido pela Cultura, a produção criada pela produtora Engenho da Imagem, com apoio do Senac SP, vem agora com um bônus: o curta Ciclus, sobre o ciclo da água e o aquecimento global.
filme
Além das exposições e palestras técnicas e científicas, o All About Energy 2010 é uma oportunidade para conhecer e debater cases de sucesso, projetos paralelos, recentes tecnologias e novas iniciativas para a eficiência e sustentabilidade do setor energético, tanto no mercado nacional como internacional. O local do evento é propício para reforçar a posição de destaque do Ceará nesse mercado que está em franca ascensão. Quando: de 30/06 a 02/07. Onde: Centro de Convenções, Fortaleza (CE). Mais informações: www.allaboutenergy.com.br
evento
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Energia de bolso. Esta é a ideia do Solio, um carregador solar projetado para carregar produtos eletrônicos portáteis, desde celulares até GPS, câmeras digitais e pequenos aparelhos de música, como o IPod. O Solio é um carregador híbrido porque aceita recarga a partir de qualquer tomada ou pelo sol, e armazena essa energia usando sua bateria interna recarregável. Em seguida, usa essa energia para alimentar os aparelhos ao mesmo ritmo como estes fossem plugados na parede.
novidade
A feira Expo Energia 2010 irá reunir empresas, investidores e fornecedores de matéria prima para a produção de energias renováveis e limpas. A feira será realizada paralelamente ao Congresso Internacional de Energia Renovável. Uma oportunidade de discutir as melhores formas de aprimorar e ampliar a produção, além dos efeitos da utilização dos biocombustíveis. Quando: de 18/08 a 21/08. Onde: Expo Center Norte, em São Paulo (SP). Mais informações: www.expoenergia.com.br.
evento
Em Economia Socioambiental, autores e estudiosos debatem os critérios utilizados no Brasil quanto a questões socioambientais. São catorze capítulos que vão além da mera prospecção de dados e colaboram com caminhos alternativos e soluções viáveis, conciliando crescimento econômico com respeito ao meio ambiente e comprometimento social. O livro foi organizado por José Eli da Veiga. Da editora Senac São Paulo, 384 páginas.
livro
O documentário No Impact Man é apenas uma parte da documentação em multiformato feita por Colin Beavan sobre um ano de sua vida lutando para evitar qualquer impacto negativo sobre o meio ambiente. O filme segue a família, incluindo esposa e pequena filha, enquanto os Beavan tentam abandonar seu estilo de vida de alto consumo morando em plena 5a. Avenida, em Nova York. Duração: 93 min.
filme
{ 90 } renergy. julho.agosto/2010
o último apaga a luz 40º,41º…, de Julião JR, modelagem + manipulação digital. 2010
Para saber mais sobre Visite o site do artista: flickr.com/juliaojr e baiaoilustrado.com
Equipamentos e execução de projetos de energias renováveis que geram confiança.
Energia Eólica Fabricação de Torres Eólicas e componentes de aerogeradores e, em parceria com a REpower Por tugal, atuação na montagem e manutenção de parques eólicos.
Engenharia Projeto, montagem, comissionamento, operação e manutenção de parques eólicos (fornecimento de soluções em turn-key).
Energias das Ondas Desenvolvimento de tecnologia para produção de energia elétrica a par tir das ondas do mar.
www.mar tifer.pt