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Artigo Online*

Estudo das características cefalométricas em adolescentes brasileiros portadores de Padrão Face Longa Omar Gabriel da Silva Filho**, Gleisieli C. Petelinkar Baessa Cardoso***, Maurício Cardoso****, Leopoldino Capelozza Filho*****

Resumo Objetivo: definir valores cefalométricos esqueléticos e dentários para adolescentes brasileiros com Padrão Face Longa. Métodos: a amostra foi constituída de telerradiografias

em norma lateral de 30 pacientes com Face Longa, sendo 17 do sexo feminino e 13 do masculino; e 30 pacientes face Padrão I, 15 do sexo masculino e 15 do feminino, no estágio de dentadura permanente durante a adolescência. As características do Padrão Face Longa foram definidas clinicamente, pela análise facial. As seguintes grandezas cefalométricas foram avaliadas: (1) Comportamento sagital das bases apicais (SNA, SNB, ANB, NAP, CoA, Co-Gn); (2) Comportamento vertical das bases apicais (SN.PP, SN.PM, ângulo goníaco, AFAT, AFAI, AFAM, AFP, AFATperp, AFAIperp); (3) Comportamento dentoalveolar (1PP, 6-PP, 1-PM, 6-PM, 1.PP, IMPA); e (4) Proporção entre as alturas faciais (AFAIPerp/ AFATPerp, AFAI/AFAT, AFAM/AFAI). Resultados e Conclusões: o erro vertical na Face Longa concentra-se no terço inferior. A maxila apresenta uma maior altura dentoalveolar e a mandíbula, com morfologia mais vertical, mostra maior rotação no sentido horário. Essas características morfológicas e espaciais acarretam alterações sagitais e verticais no esqueleto e alterações verticais dentoalveolares. No sentido sagital, os ângulos de convexidade facial estão aumentados. No sentido vertical, as alturas faciais anteriores total e inferior estão aumentadas. O componente dentoalveolar está mais longo. Palavras-chave: Face. Adolescente. Circunferência craniana.

Resumo do editor A face afligida pelo excesso vertical caracteriza a “Face Longa”, e suas características faciais referem-se à desproporção entre os terços faciais, com aumento

do terço inferior, trazendo como consequências a ausência de selamento labial passivo, exposição excessiva dos incisivos superiores quando em repouso, exposição gengival no sorriso, e o mento duplo na

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

** Mestre e Ortodontista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo. *** Residente do setor de Ortodontia Corretiva do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP), Bauru/SP. **** Doutor em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Araçatuba/SP. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da Universidade do Sagrado Coração (USC), Bauru/SP. ***** Doutor em Reabilitação Oral, área Periodontia, pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (FOB/USP). Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-palatal (PROFIS), Bauru/SP.

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Estudo das características cefalométricas em adolescentes brasileiros portadores de Padrão Face Longa

dois grupos estudados, Face Longa e Padrão I, independentemente do sexo. A posição da mandíbula em relação à base do crânio (SNB) mostrou-se mais retroposta na Face Longa. A convexidade facial foi reduzida para a Face Longa. Os ângulos mandibulares (Ângulo Goníaco e Ângulo do Plano Mandibular) aumentaram na Face Longa, enquanto o Plano Palatino foi idêntico nos dois Padrões faciais. As alturas faciais totais e as alturas faciais inferiores tenderam a ser maiores na Face Longa. As alturas das arcadas dentárias estavam aumentadas na Face longa, no sexo feminino. Os incisivos superiores comportaram-se igualmente na Face Longa e no Padrão I, enquanto os inferiores estavam mais vestibularizados na Face Longa. Concluiu-se que, no Padrão Face Longa, a maxila apresenta uma maior altura dentoalveolar e a mandíbula, com morfologia mais vertical, mostra maior rotação no sentido horário. Essas características morfológicas e espaciais acarretam alterações sagitais e verticais no esqueleto e alterações verticais dentoalveolares. No sentido sagital, os ângulos de convexidade facial estão aumentados, em decorrência de um retroposicionamento do ponto “B”. No sentido vertical, as alturas faciais anteriores total e inferior estão aumentadas. O componente dentoalveolar está mais longo.

tentativa de selar o lábio (Fig. 1). À semelhança do que acontece com os erros frontais, o incômodo da Face Longa reside na impossibilidade da Ortodontia e/ou Ortopedia induzirem impacto clínico corretivo na face, tanto na percepção do paciente quanto na do terapeuta. Fundamentado nisso, os ortodontistas estão cientes da importância da cirurgia ortognática para a redução do excesso vertical que caracteriza esse padrão facial. Dois critérios morfológicos levam à indicação da cirurgia ortognática para a redução da Face Longa, a saber: o comprometimento da estética facial e a impossibilidade de tratar a má oclusão existente. A presente pesquisa objetivou colocar em perspectiva as características cefalométricas do Padrão Face Longa na adolescência. Foram selecionadas telerradiografias em norma lateral, pré-tratamento, de pacientes de ambos os sexos, leucodermas, no estágio de dentadura permanente, portadores de excesso vertical. O excesso vertical foi diagnosticado, nas fotografias faciais, pela ausência de selamento labial passivo e exposição dos incisivos superiores com o lábio superior em repouso. Como grupo controle, foram selecionadas telerradiografias em norma lateral, pré-tratamento, de pacientes Padrão I, de ambos os sexos, leucodermas, no estágio de dentadura permanente. A maxila comportou-se de forma idêntica nos

Questões aos autores

A

1) Qual a essência da alteração morfológica nos pacientes com Face Longa? Inicialmente, o diagnóstico da Face Longa baseiase na avaliação clínica da face, ou seja, na análise facial. Na Face Longa, há uma discrepância esquelética identificada pelo excesso vertical no terço inferior da face, nas vistas frontal e lateral da face. Embora a análise facial tenha um cunho subjetivo, e o excesso vertical tenha gravidade individualizada, não é difícil identificar o excesso vertical no terço inferior da face, uma vez que ele acarreta consequências clínicas facilmente percebidas tanto pelo ortodontista

B

Figura 1 - Características do Padrão Face Longa. A) Na vista lateral, a rotação da mandíbula para baixo e para trás pode favorecer o diagnóstico de deficiência mandibular. B) Na vista frontal, o diagnóstico é inconfundível: a desproporção entre os terços faciais, com aumento maior do terço inferior, impede o selamento labial passivo e expõe os incisivos superiores em repouso.

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Silva OG Filho, Cardoso GCPB, Cardoso M, Capelozza L Filho

presentes na adolescência, tanto nos meninos quanto nas meninas, antes da maturidade esquelética.

quanto pelo próprio paciente. As alterações decorrentes do excesso vertical no terço inferior da face são: ausência de selamento labial passivo; presença de mento duplo na tentativa de manter o selamento labial, nesse caso, o selamento labial forçado; exposição excessiva dos incisivos superiores quando em repouso, e sorriso gengival. O presente artigo foi delineado com a proposta de definir cefalometricamente quais são os erros numéricos responsáveis por essas alterações morfológicas em adolescentes brancos, visto que essas características cefalométricas em indivíduos adultos já tinham sido definidas. A interpretação das medidas cefalométricas nos adolescentes permitiu concluir que o erro vertical na Face Longa concentra-se no terço inferior da face (AFAI). As grandezas cefalométricas foram compatíveis com o diagnóstico morfológico e clínico da face. A maxila apresenta uma maior altura dentoalveolar e a mandíbula, com morfologia mais vertical, mostra maior rotação no sentido horário. Essas características morfológicas e espaciais acarretam alterações sagitais e verticais no esqueleto e alterações verticais dentoalveolares. No sentido sagital, os ângulos de convexidade facial estão aumentados. No sentido vertical, as alturas faciais anteriores total e inferior estão aumentadas. O componente dentoalveolar está mais longo, e a sínfise também está mais estreita.

3) Haveria relação entre a Face Longa e a respiração bucal? Face longa e respiração bucal são problemas diferentes. Digamos que a Face Longa refere-se a uma condição morfológica do esqueleto facial e representa um crescimento facial com predominância no sentido vertical. Por outro lado, a respiração bucal refere-se a alguma obstrução no trato aéreo respiratório nasal que reduziria a permeabilidade das vias aéreas superiores, obrigando o indivíduo a complementar o fluxo aéreo pela boca. Como são situações diferentes, uma é morfológica e outra é funcional, o diagnóstico também envolve profissionais e instrumentos diferentes. O diagnóstico da respiração bucal deve ser feito pelo otorrinolaringologista e por meio instrumental. No entanto, é provável que essas situações estejam sobrepostas em um único paciente. É provável que a condição morfológica da Face Longa favoreça a redução da permeabilidade aérea nasal. Por exemplo, a configuração morfológica da Face Longa também é mais estreita e menos profunda. O desenho do trato respiratório, refletindo essa arquitetura óssea, seria mais vulnerável às obstruções de tecido mole ao longo do trato respiratório. Isso deve explicar, por exemplo, porque os respiradores bucais tendem a ter Face Longa. A relação causa-efeito, nesse caso, é determinada pela morfologia da face e respiração. A Face Longa favorece a respiração bucal. Isso leva o ortodontista a se preocupar mais frequentemente com as vias aéreas nos pacientes Face Longa. Quando a respiração bucal é confirmada em indivíduo Face Longa, espera-se que as obstruções que reduzem a permeabilidade das vias aéreas sejam eliminadas. No entanto, essa desobstrução das vias aéreas não garantirá mudança no padrão morfológico da face.

2) O que os motivou a estudar as características cefalométricas nesses pacientes? A intenção de avaliar cefalometricamente as características da Face Longa em adolescentes homens e mulheres surgiu com os estudos anteriores realizados em pacientes Face Longa adultos, também em Bauru. A ideia era repetir esses estudos cefalométricos em uma faixa etária mais jovem, ainda durante o crescimento da adolescência. A expectativa era responder se as características numéricas da face alteram-se da adolescência para a idade adulta, ou se essas características já estariam presentes antes mesmo da maturidade esquelética. Os resultados sugerem que uma vez Face Longa, sempre Face Longa. As características cefalométricas da Face Longa já estão

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Endereço para correspondência Omar Gabriel da Silva Filho Rua Rio Branco, 20-81 – Altos da Cidade CEP: 17.014-037 – Bauru / SP E-mail: ortoface@travelnet.com.br

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