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Artigo Online*

Tratamento de más oclusões de Classe II graves com aparelhos funcionais removíveis e ortodônticos sequenciais: um caso para a avaliação do MOrthRCSEd** Larry Ching Fan Li***, Ricky Wing Kit Wong****

Resumo Introdução: o aparelho funcional é uma forma eficaz de tratar as más oclusões de Classe II esque-

léticas em crianças e adolescentes. Um protocolo de avanço mandibular progressivo de 12 meses já demonstrou ser capaz de aumentar o crescimento condilar e melhorar o prognatismo mandibular utilizando o aparelho de Herbst. Objetivo: relatar o caso clínico (apresentado como um dos requisitos para aprovação no Exame de Ortodontia para Filiação ao Royal College of Surgeons de Edinburgo**) de uma menina chinesa de 11 anos de idade, com 11mm de sobressaliência, tratada na Fase I da terapia de modificação do crescimento, ao longo de 12 meses, utilizando o aparelho Twin Block com um expansor palatal Hyrax e um extrabucal de puxada alta, em um protocolo de avanço mandibular progressivo, seguido pela Fase II da terapia, com um aparelho Edgewise pré-ajustado. Palavras-chave: Terapia miofuncional. Aparelhos funcionais. Má oclusão de Classe II de Angle.

Resumo do editor Para o tratamento das más oclusões de Classe II esqueléticas, devido à retrusão mandibular, indica-se o emprego de aparelhos ortopédicos funcionais, com vistas ao estímulo do crescimento mandibular. O presente estudo trata da apresentação de um caso clínico com má oclusão de Classe II esquelética, tratado por meio do aparelho ortopédico Twin Block associado ao aparelho extrabucal de tração alta, seguido do tratamento ortodôntico fixo. Uma paciente chinesa, com 10 anos e 10 meses de idade, perfil facial convexo, má oclusão de Classe II, divisão 1, devido à retrusão

mandibular, relação molar de Classe II completa, sobressaliência de 11mm e sobremordida profunda moderada, procurou por tratamento ortodôntico queixando-se de apinhamento e protrusão dos incisivos superiores. Por meio da análise das vértebras cervicais, verificou-se que a paciente apresentava-se no estágio CVS3, ou seja, próximo ao pico de crescimento puberal. Inicialmente, foi instalado o aparelho Twin Block com parafuso expansor, para uso integral, com avanço mandibular inicial de 5mm e abertura vertical de 7mm. Conjuntamente ao Twin Block, instalou-se um aparelho extrabucal, tração alta, com força média de

Como citar este artigo: Li LCF, Wong RWK. Tratamento de más oclusões de Classe II graves com aparelhos funcionais removíveis e ortodônticos sequenciais: um caso para a avaliação do MOrthRCSEd. Dental Press J Orthod. 2011 Sept-Oct;16(5):46-7.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

** MOrthRCSEd, Membership of Orthodontics Examination of the Royal College of Surgeons of Edinburgh.

*** Mestre em Ortodontia. MOrthRCSEd. MRACDS (Membro da Escola Real de Cirurgiões-dentistas da Australásia). **** Professor Adjunto de Ortodontia, Disciplina de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade de Hong Kong.

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450g/lado, a ser utilizado de 12 a 14h/dia. Decorridos seis meses, o aparelho Twin Block foi ajustado, de forma a proporcionar mais 5mm de avanço mandibular. Após 12 meses, esses aparelhos foram removidos e o aparelho ortodôntico fixo foi empregado para o alinhamento e nivelamento dentários e finalização do caso. O tempo total de tratamento compreendeu 26 meses. Verificou-se que houve correção da má oclusão inicial, com a obtenção da relação molar normal em ambos os lados, além de uma sobressaliência e sobremordida normais. O perfil facial também melhorou, refletindo a melhora na relação maxilomandibular, devido a um

redirecionamento do crescimento maxilar, com sua restrição no sentido anterior e considerável crescimento mandibular durante a primeira fase do tratamento (ortopédica). Os autores concluíram que esse protocolo de tratamento ortopédico, com o avanço gradual mandibular durante 12 meses, apresentou-se efetivo para o tratamento da má oclusão de Classe II associada à retrusão mandibular. Contudo, avaliações em longo prazo associadas a estudos envolvendo um maior número de indivíduos devam ser realizadas, de forma a comprovar cientificamente a eficácia dessa proposta de tratamento ortodôntico/ortopédico.

Questões aos autores

Vários estudos têm mostrado que o tratamento com aparelho funcional (aparelho Herbst) junto do extrabucal de puxada alta com forma de avanço gradual por 12 meses produz maior melhora esquelética na correção da Classe II. Nesse caso, a angulação dos incisivos inferiores aumentou ligeiramente durante o tratamento com Twin Block e isso também contribuiu para o elevado percentual de alterações esqueléticas (menos alterações dentárias).

1) Atualmente, há várias opções de aparelhos para o tratamento ortopédico das más oclusões de Classe II devido à retrusão mandibular. Por que escolheram o Twin Block associado ao aparelho extrabucal de tração alta? O aparelho funcional removível foi usado nessa paciente porque seus pré-molares ainda não estavam totalmente irrompidos quando o tratamento foi iniciado. Colaboração favorável também foi um fator decisivo. O uso de aparelhos extrabucais de alta tração durante a fase de aparelho funcional foi para restringir o crescimento maxilar para baixo e para minimizar a rotação para trás e para baixo da mandíbula, o que aumentaria a sobressaliência e comprometeria os efeitos do tratamento.

3) Quais fatores devem ser considerados para a escolha entre o tratamento ortopédico/ortodôntico em duas fases em relação àquele realizado em somente uma fase? Os fatores que devem ser considerados são: » causa da má oclusão de Classe II — dentária ou óssea —; maxila prognática, mandíbula retrognática ou uma combinação de ambas; » perfil do paciente; » a idade e a maturidade esquelética do paciente; » preferência dos pacientes, tais como extração de dentes, duração dos tratamentos esperados, a aceitação com os aparelhos funcionais e assim por diante.

2) Vocês afirmam que “A melhora na sobressaliência de 10mm se deu 70% às custas de estruturas esqueletais e 30% em virtude de alterações dentárias, enquanto a melhora no posicionamento dos molares ocorreu 81% em virtude de estruturas esqueletais e 19% por conta de alterações dentárias”. Quais as razões para a significativa correção esquelética do tratamento realizado? A correção esquelética é um resultado combinado da contenção do crescimento da maxila e do crescimento mandibular reforçado.

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Enviado em: 26 de agosto de 2010 Revisado e aceito: 29 de dezembro de 2010

Endereço para correspondência Larry Ching Fan Li Tan Orthodontics, 174 East Boundary Road, Bentleigh, Victoria 3165, Austrália E-mail: larrycfli@yahoo.com

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