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artigo inédito

O perfil do ortodontista de Minas Gerais Luiz Fernando Eto1, Valéria Matos Nunes de Andrade2

Objetivo: devido ao crescente número de ortodontistas e cursos de Ortodontia, surgiu o interesse de se conhecer o perfil desses profissionais no estado de Minas Gerais, tornando públicas as condutas deles para a promoção de uma Ortodontia em excelência, evidenciando as técnicas mais utilizadas, as modificações do público alvo e as opiniões alheias no que tange ao futuro da especialidade e às entidades de classe. Métodos: foram enviados questionários a todos os ortodontistas registrados no Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) até 30 de março de 2005, constituindo um total de 722 profissionais, dos quais 241 responderam (33%). Conclusões: esse estudo permitiu levantar alguns pontos conclusivos sobre o perfil do ortodontista de Minas Gerais, em relação à sua individualidade, formação e técnicas usadas. A demanda é constituída, em sua maioria por adolescentes (33,75%) e jovens adultos (27,45%), com indicação predominante dos próprios pacientes (46,79%). Dentre os dados mais relevantes, podemos citar a negligência no uso de alguns equipamentos de proteção individual, sendo que apenas 37,76% usam todos os recursos de biossegurança. A documentação final tem sido solicitada com menor frequência em relação àquela inicial, sendo as informações revisadas na literatura ainda mais assustadoras, levando-se em conta a importância desses documentos. Considerando as perspectivas futuras da profissão, os ortodontistas otimistas não ultrapassaram a metade (45%) dos participantes. Palavras-chave: Prática ortodôntica. Ortodontia em Minas Gerais. Ortodontia no Brasil.

Como citar este artigo: Eto LF, Andrade VMN. The orthodontist’s profile in Minas Gerais. Dental Press J Orthod. 2012 May-June;17(3):31.e1-9.

Professor assistente.

1

Ortodontista.

2

Enviado em: 08/08/2008 - Revisado e aceito: 11/05/2009 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Luiz Fernando Eto Rua Ceará, 1431 – Sala 1302 – Bairro Funcionários – Belo Horizonte / MG CEP: 30150-311 – E-mail: ortoeto@globo.com

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O perfil do ortodontista de Minas Gerais

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INTRODUÇÃO Conhecer o perfil de uma área profissional é de extrema importância, tanto para os profissionais já atuantes, quanto para aqueles que ingressarão no mercado futuramente. Uma vez traçado esse perfil, os profissionais terão à sua disposição informações valiosas, tais como onde a demanda é maior, quais tendências norteiam a profissão e quais mudanças ocorrem no público-alvo. Além disso, cria-se um espaço privilegiado onde profissionais poderão compartilhar opiniões a respeito do futuro de sua profissão. No campo da Ortodontia, já encontram-se disponíveis estudos estatísticos que delineiam o perfil do profissional e da profissão, sendo que, no Brasil, a primeira pesquisa sobre o perfil do ortodontista em âmbito nacional14 foi feita em 1994. O presente trabalho, no entanto, foi motivado pela ausência de estudos específicos que tomassem como objeto o ortodontista do estado de Minas Gerais. O estudo aqui apresentado reúne dados e conclusões, adquiridos através de um questionário que buscou as seguintes informações: dados profissionais, demanda de pacientes, filosofia de trabalho e perspectiva do futuro da profissão.

Ortopedia coexistiam. Na Ortodontia, havia uma preferência pela técnica dos aparelhos fixos pré-ajustados (64,7%), em detrimento às demais técnicas, e.g., Edgewise Standard (20,0%), bioprogressiva (7,9%) e lingual (1,3%). Na Ortopedia, notou-se que o aparelho extrabucal (AEB) era indicado com mais frequência: Kloehn, 36,5%; cervical, 41,5%; e puxada alta, 26,6%); seguido pelo bionator, 23,7%, e plano de mordida, 23,1%7. Quanto aos pacientes, a tendência ao atendimento de adultos era crescente,3,7,15 sendo que a indicação ocorria, preferencialmente, através de colegas cirurgiões-dentistas (C.D.s) (50%), ou através dos próprios pacientes (34,6%)6. No que dizia respeito ao uso de tecnologia no consultório, constatou-se que apenas 2% eram informatizados e outros 30% usavam serviço computadorizado terceirizado5. No Brasil, esse tipo de levantamento da atividade clínica ortodôntica foi realizado, em 199214. Os dados mostraram que a média de idade dos profissionais era de 42 anos. A documentação inicial solicitada aos pacientes incluía modelos iniciais (99,19%), fotografias intrabucais (87,71%), telerradiografia de perfil (97,58%) e radiografias panorâmicas (98,31%) e periapicais (75,78%). Considerando a filosofia de trabalho, tanto a Ortodontia quanto a Ortopedia eram praticadas. No tocante à Ortodontia, a técnica Edgewise era mais prevalente (52,36%) em relação à técnica bioprogressiva (35,62%) ou à do arco contínuo (32,62%); o slot 0.022 era o mais utilizado (66,5%). Na prática da Ortopedia, 70,78% faziam uso dos aparelhos removíveis, sendo o bionator o mais usado (75%). O cotidiano desses profissionais que, em sua maioria, atuavam há 16 anos no mercado, consistia em uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, concentradas em 4 dias por semana. A média de atendimentos diários era de 16 pacientes, perfazendo um total de aproximadamente 178 pacientes ativos, cuja indicação provinha de colegas (44,34%) e dos próprios pacientes (42%). Dos profissionais, 63,37% recebiam pacientes ortocirúrgicos e 74,49% cuidavam de pacientes com disfunção da articulação temporomandibular (ATM). Quanto ao emprego de computador no consultório, 40% dos profissionais já possuíam serviços informatizados14. No Brasil, o número de ortodontistas cresceu em sete anos (1993-2001), variando de 1.597 a 3.831, segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO). Nessa época, os ortodontistas constituíam

Revisão de literatura Os Estados Unidos são o país que mais realizou pesquisas estatísticas com o objetivo de conhecer o perfil da Ortodontia em seus vários aspectos, principalmente o econômico. Vejamos a seguir alguns dados que fornecidos na literatura. Em 1980, o número de ortodontistas norte-americanos era de 7.500, havendo um aumento aproximado de 230 profissionais ao ano4. Observou-se que a média de idade dos profissionais era de 45 anos, e que os homens dominavam o mercado (95,5%)7. A documentação diagnóstica solicitada apresentava distribuição heterogênea: radiografias periapicais, 22,5%; interproximais, 13,6%; radiografia panorâmica, 91,7%; cefalometria lateral, 97,8%. Ao final do tratamento, notava-se uma redução considerável na documentação solicitada inicialmente: radiografias periapicais, 10,5%; interproximais, 5,8%; radiografia panorâmica, 77,7%; cefalometria lateral, 69,3%7. Os traçados cefalométricos tiveram preferência variável entre Steiner 43,3%, Ricketts 27,4% e Tweed 27,1%7. Em relação à filosofia de trabalho dos ortodontistas, a literatura mostrou que a prática da Ortodontia e

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Quanto ao sexo: 71,8% dos ortodontistas eram do sexo masculino, enquanto 28,2% eram do sexo feminino. Quanto à idade: a idade média dos profissionais especialistas em Ortodontia, em Minas Gerais, foi de 39 anos, sendo a idade mínima de 27 anos e a máxima de 82 anos. Quanto ao estado civil: o número de profissionais casados perfaz um total de 75,9% da amostra, 13,3% são solteiros, 9,5% responderam “outros” e 1,2% não responderam. Quanto ao perfil demográfico: todos os ortodontistas participantes da pesquisa residiam e trabalhavam no estado de Minas Gerais, sendo que 11,63% encontravam-se na Grande BH (incluindo as cidades distantes de Belo Horizonte, até 50 km: Contagem, 21 km; Nova Lima, 22 km; Betim, 30 km; e São Joaquim de Bicas, 39 km) e 88,37% em cidades do interior do estado. Profissionais de 74 cidades do estado de Minas Gerais participaram espontaneamente da pesquisa. Quanto à titulação: 91% dos entrevistados têm titulação completa de especialista; 24% têm mestrado e 4,6% doutorado. O estado onde mais se obteve o título de pós-graduação é Minas Gerais, com 54,8%, seguido de São Paulo, com 29% (Fig. 1). Quanto à profissão: 96,7% dos profissionais da amostra trabalham como autônomos. 5,8% deles relataram dividir o consultório com colegas (Fig. 2). 83% dos ortodontistas declararam atuar exclusivamente na especialidade. Quanto ao tempo de exercício profissional, a Figura 3 mostra que 40% dos ortodontistas trabalham há mais de 10 anos na especialidade; 36,9% têm de 5 a 10 anos de experiência na área. Constatou-se que 56,4% dos ortodontistas entrevistados trabalham uma média de 30 a 40 horas semanais, (Fig. 4). Quanto aos pacientes: 36,1% dos ortodontistas relataram que possuíam a média de mais de 200 pacientes em tratamento (Fig. 5). Dos entrevistados, 37,8% relataram que a média de pacientes atendidos por dia era de 11 a 20, conforme ilustra a Figura 6. Adolescentes de 10 a 17 anos de idade constituem 33,75% da demanda por tratamento ortodôntico, seguidos de jovens adultos de 17 a 30 anos de idade, 27,45%; crianças até 10 anos, 19,82%; e adultos acima de 30 anos, 18,98% da demanda. A principal fonte de indicação de pacientes é particular, totalizando 80,49%, enquanto 19,51% dos

2,2% do total de C.D.s em âmbito nacional10. Um dado que se sobressai ao compararmos o Brasil aos EUA é que, apesar de termos uma população equivalente a 40% àquela dos EUA e renda 82% menor, possuímos quase o triplo de cursos de Ortodontia (n=124, 2001)10. A maioria dos profissionais da área apresentam uma visão pessimista em relação ao futuro da especialidade. Os motivos variam entre saturação do mercado, cursos não-oficiais, concorrência com clínicos gerais e honorários insuficientes10. A revisão da literatura evidencia a ausência de estudos mais específicos sobre o status quo da profissão em regiões específicas no Brasil. Partiu daí o interesse em delinear o perfil desses profissionais no estado de Minas Gerais e em tornar públicas suas condutas, visando alcançar a excelência no exercício da especialidade. O estudo buscou evidenciar as técnicas mais utilizadas nos tratamentos, as mudanças apresentadas no público-alvo e as opiniões dos colegas com relação ao futuro da especialidade e das entidades de classe. MÉTODOS A coleta dos dados foi feita através de um questionário elaborado pelos pesquisadores envolvidos no estudo, o qual constituiu de 33 questões objetivas sobre a conduta diária do ortodontista e uma questão aberta, solicitando sugestões para melhorar a entidade de classe. Além do questionário, foi enviado, através dos correios, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que deveria ser assinado pelo profissional participante da pesquisa. O material deveria, então, ser devolvido através de um envelope selado e endereçado, que também havia sido fornecido. Todo material foi impresso em papel timbrado da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Tais documentos foram enviados a todos os ortodontistas que estavam registrados no Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) até a data de 30 de março de 2005. Eram 722 profissionais inscritos ativos, que recebiam regularmente as correspondências da entidade. A amostra constituiu-se de 241 ortodontistas que responderam e devolveram os questionários. Resultados Dos 722 questionários enviados, 241 foram respondidos, o que representa um percentual de 33.3%. Os dados coletados estão assim distribuídos:

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O perfil do ortodontista de Minas Gerais

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Local da obtenção do título

Situação de exercício da especialização 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

100 90 80 70

MG

60

SP

50

RJ

40

Outros estados

30

Outros países

20 10 0

Tempo de exercício da especialidade

+ 5-10 anos + de 10 anos Não responderam

Figura 3 - Distribuição da amostra em relação ao tempo em que exerce a Ortodontia.

Outros

10-20 h +20-30 h +30-40 h +40 h Não responderam

Figura 4 - Total de horas trabalhadas por semana com Ortodontia.

Média de pacientes que são atendidos por dia

Média de pacientes em tratamento 100

100 90

90

80

80 70

70 0-50

60 50

+50-100

40

10

40

30

+100-150

30

20

+150-200

20

10 0

colega

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

+ 2-5 anos

50

Divide com

Funcionário

Total de horas trabalhadas por semana com Ortodontia

- 2 anos

60

Contratado -

Figura 2 - Distribuição da amostra em relação à situação de exercício da especialização.

Figura 1 - Distribuição da amostra em relação ao local onde se obteve a titulação.

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

Autônomo

10

+ 200

0

11-20 21-30 + de 30

Figura 5 - Distribuição da amostra em relação à média de pacientes em tratamento.

Figura 6 - Distribuição da amostra em relação à média de pacientes atendidos por dia.

pacientes vêm através de convênios; 46,79% dos pacientes são indicados pelos próprios pacientes e 24,26%, por colegas C.D.s clínicos (Fig. 7). A demanda de tratamento para pacientes com alterações de ATM no consultório é acima de 15 pacientes

ao ano, totalizando 29,5% da amostra; 6 a 10 pacientes, em 26,6%, da amostra; até 5 pacientes, em 22,4% e de 11 a 15 pacientes, em 17,8% da amostra. Quanto aos pacientes que apresentam necessidade ortocirúrgica, a demanda de tratamento é de 3 a 5

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Tipos de análises cefalométricas usadas para diagnóstico

Percentual da fonte de indicação dos clientes ortodônticos

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

C.D.s clínicos Especialista Clientes Espontânea

Rickets

USP

Sassouni

Steiner-tweed

Profis

Figura 7 - Distribuição da amostra em relação à fonte de indicação de pacientes ao consultório.

Figura 8 - Distribuição da amostra em relação às condutas adotadas pelos ortodontistas quanto ao tipo de análise radiográfica utilizada para diagnóstico.

pacientes por ano, totalizando 35,7% da amostra; 1 a 2 pacientes, 33,6% da amostra; e mais de 10 pacientes por ano, 9,1% da amostra. Quanto à documentação radiográfica: 100% dos ortodontistas solicitam a documentação radiográfica em alguma fase do tratamento; 98,8% a solicitam ao paciente ao início de tratamento, 70,5%, a solicitam na fase intermediária e 80,01%, solicitam a documentação ao final do tratamento. Quanto ao tipo de documentação solicitada: Os exames ficaram distribuídos em telerradiografia, 97,1%; radiografia panorâmica, 96,3%; modelos, 94,6%; fotografias, 93,4%; radiografias periapicais de incisivos, 70,01%; radiografias periapicais de todos os dentes, 42,7%; e slides, 22,8%. Em se tratando das análises cefalométricas usadas para diagnóstico, a mais utilizada pelos ortodontistas mineiros é a USP, com 48,1% da preferência. Em seguida vêm cefalometria de Steiner-Tweed, com 32,8%; Ricketts, com 27,8%; Profis, com 19,5%; e, finalmente, Sassouni, com 14,9% (Fig. 8). Quanto às técnicas ortodônticas e aparelhos utilizados: a técnica ortodôntica Edgewise Straight Wire, mostrou-se a mais utilizada pelos ortodontistas em Minas Gerais, com a preferência de 73,4% dos profissionais. A técnica Edgewise Standard é realizada por 35,3%; e 13,7% praticam Ricketts-bioprogressiva (Fig. 9). O tamanho do slot dos braquetes mais utilizado em MG é o 0.022”, com 80,9% da preferência, e o 0.018” com 16,2%. Os outros 2,9 % dos participantes não responderam.

Verificou-se que 54,8% dos profissionais pratica a Ortopedia, sendo os aparelhos mais usados o Bionator (65,6%), Planas (27,0%), Bimler (22,8%) e o Frankel (10,0%) (Fig. 10). No que diz respeito à extração, 63,9% dos profissionais participantes da amostra declararam realizar extrações com finalidade ortodôntica sempre que necessário; os outros 32,8% preferem evitar a extração, buscando, antes, outros recursos. Quanto à legalidade dos serviços prestados: dos profissionais entrevistados, 80,1% afirmaram preencher um prontuário com a história clínica do paciente, 88% disseram planejar o tratamento por escrito, 83,4% solicitavam a assinatura do paciente em um documento antes do início do tratamento e 73% afirmaram fazer um contrato de prestação de serviços antes do início do tratamento ortodôntico, sendo que 40% desses contratos eram avaliados por um advogado. Quanto à utilização de computadores no consultório: 75% dos participantes declararam fazer uso do computador no consultório. Quanto à utilização de equipamentos de biossegurança no consultório: a distribuição do uso de equipamentos de biossegurança indica que 96,25% dos profissionais usam luvas; 95,8%, máscara; 77,6%, óculos; 44%, gorro; e 80%, jaleco (Fig. 11). A porcentagem dos profissionais que utilizam todos os tipos de recursos da biossegurança é de 37,76%. Quanto ao grau de atualização, entidades de classe e perspectivas para o futuro da profissão: 38,6% dos profissionais relataram participar de congressos

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Se pratica Ortopedia, quais os aparelhos mais usados? Técnica ortodôntica que executa

100 90

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

80 70 60 50 40 30 20 10 Edgewise

Ortopedia

Standard

Edgewise

Rickets Biopro-

Straight Wire

gressiva

0

Figura 9 - Distribuição da amostra em relação à técnica ortodôntica executada.

Bimler

Frankel

Planas

Figura 10 - Distribuição da amostra em relação aos aparelhos ortopédicos usados pelos ortodontistas.

Profissionais (%) que participam de congresso X Grau de atualização

Utensílio de biossegurança usado no consultório 100 80

100 90 80

70

70

60

60

50

50 40

90

40

Congressos regionais Congressos em outros estados Congressos internacionais

30 20

30 20

10 0

10 0

Bionator

Muito atualizado Luvas

Máscara

Óculos

Gorro

Figura 11 - Distribuição da amostra em relação à utilização de utensílios de biossegurança.

Tipos de congressos (atualização)

ortodontistas revelaram que os congressos que frequentam em outros estados representam 79,3%; os regionais, 69,7%; e os internacionais, 40,2% (Fig. 13). Quanto à participação em alguma entidade de classe, 80,1% declararam participar de alguma entidade regional; 34%, de uma entidade nacional; 30,3% participavam de entidades de outros estados e 15,7% tinham ligação com alguma entidade internacional. Os especialistas que não fazem parte de nenhuma entidade de classe totalizam 7,1%. Dentre os profissionais, 45% têm perspectivas futuras positivas em relação à especialidade; 22,6%, perspectivas neutras e 28,6% perspectivas negativas. Dentre as sugestões apresentadas pelos especialistas para a melhora de sua entidade de classe regional, destacamos as seguintes: • Criar um selo de qualidade, como aquele usado pelos cirurgiões plásticos. • Realizar campanhas de valorização da especialidade e do profissional, bem como conscientizar

90 80 Sim

60 50

Não

40

Não responderam

30 20 10 0 Regionais

Outros

Internacionais

Estados

Figura 13 - Distribuição da amostra com relação ao tipo de congresso que participam.

uma vez ao ano; 22,4%, duas vezes ao ano e 35,3% participam de mais de dois congressos anualmente. Dos entrevistados, 55,2% se consideram atualizados; 41,5%, muito atualizados, e 0,4% desatualizados. Dentre os que se consideram atualizados, 43,15% frequentam congressos em outros estados (Fig. 12). Os

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Desatualizado

Figura 12 - Distribuição da amostra em relação ao grau de atualização dos profissionais ortodontistas e sua frequência a congressos.

100

70

Atualizado

Jaleco

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e esclarecer a população com relação à importância da Ortodontia. • Fiscalizar o exercício da profissão. • Incentivar uma maior participação dos ortodontistas em entidades de classe, fortalecendo-as e transformando-as em voz ativa na sociedade. • Criar instrumentos que proíbam cursos não regularizados junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e ao Conselho Federal de Odontologia (CFO).

(83,9%), atuam somente na cidade onde residem2, as porcentagens se invertem para o ortodontista de Minas Gerais, cujo trabalho se desenvolve fora do local de residência (88,37%). Quanto à titulação: 91% dos entrevistados têm titulação completa de especialista; 24% têm mestrado e 4,6% doutorado. Dos C.D.s brasileiros, 42,7% não fizeram cursos de pós-graduação, devido, principalmente, à falta de recursos financeiros (46,6%) e à falta de tempo (19,5%). Aqueles que o fizeram compõem de um grupo de 42% de especialistas e de uma minoria de mestres (2,6%) e doutores (1,6%)2. Quanto à profissão: a maioria dos ortodontistas é autônoma (96,7%), como também ocorre com os C.D.s brasileiros (89,6%)2. Constatou-se que 56,4% dos entrevistados trabalha uma média de 30 a 40 horas por semana (Fig. 4). A mesma proporção de horas trabalhadas foi verificada em relação aos C.D.s em âmbito nacional (54,6%)2. Quanto aos pacientes: embora a melhor idade para o tratamento da má oclusão seja na fase de crescimento, que abrange, aproximadamente, a faixa entre 6 e 14 anos, observa-se que a procura para o tratamento de crianças de até 10 anos nos consultórios é baixa (19,82%) e que equivale à percentagem de pacientes adultos acima de 30 anos (18,98%) que buscam o consultório do ortodontista. Os pacientes são indicados, em 46,79% dos casos, pelos próprios pacientes e, em outros 24,26%, por colegas C.D.s clínicos, resultado que confirma os dados evidenciados pela literatura específica, que a maior fonte de indicação provém dos próprios pacientes (89,3%)10. A demanda para tratamento de pacientes com alterações de ATM no consultório ficou assim distribuída: 29,5% da amostra receberam mais de 15 pacientes por ano; 26,6% entre 6 a 10 pacientes; 22,4% até 5 pacientes; e 17,8% entre 11 e 15 pacientes. É importante, ainda, ressaltar a importância de os ortodontistas também conhecerem mais a respeito dessas patologias, a fim de tratá-las adequadamente e até evitar tais problemas, de posse das suas causas. Dos pacientes, 74,49% têm disfunção ATM14. A necessidade de um exame mais criterioso dos sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM), antes de se iniciar o tratamento ortodôntico, já havia sido enfatizada em um estudo envolvendo 168 adolescentes, o qual correlacionava sintomas de dor e

Discussão Até março de 2005, estavam registrados no Conselho Regional de Odontologia do estado de Minas Gerais (CRO-MG), 722 ortodontistas, número que representa 9,81% desses especialistas no Brasil. Nessa mesma data, o Brasil contava com 6.428 especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial. Nossa amostra contou com 241 questionários respondidos, o que corresponde a um percentual de 33,3 do total de profissionais da área no estado de Minas Gerais. Em 1992, existiam 1.597 ortodontistas registrados no CFO14. Em 1995, 2.008 especialistas em Ortodontia estavam devidamente registrados13. Em 2001, esse número havia aumentado para 3.83110. Uma pesquisa realizada em âmbito nacional revelou que os ortodontistas equivaliam a 16,4% dos C.D.s registrados no CFO em 19932. Quanto ao sexo: podemos observar a ascensão das mulheres no tocante à participação ativa no mercado de trabalho, correspondendo à proporção de uma mulher (28,2%) para cada três homens ortodontistas (71,8%). Em 2002, uma pesquisa nacional mostrou que o número de cirurgiãs-dentistas brasileiras (57,5%) já ultrapassava de C.D.s homens (42,5%)2. Quanto à idade: Com relação à idade dos profissionais especialistas em Ortodontia, os resultados revelam que, em Minas Gerais, a média de idade foi de 39 anos, sendo a idade mínima de 27 anos e a máxima de 82 anos. Nesse mesmo período, a maioria (29,5%) dos C.D.s brasileiros apresentava entre 26 e 30 anos de idade2. Quanto ao estado civil: o número de profissionais casados, atualmente, perfaz um total de 75,9% da amostra; 13,3% são solteiros. A porcentagem de clínicos solteiros entrevistados, em 2002, era bem maior (41%) quando comparada aos casados (54,2%)2. Quanto ao perfil demográfico: quando comparadas aos C.D.s de todo o Brasil, os quais, em sua maioria

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O perfil do ortodontista de Minas Gerais

artigo inédito

de ortodontistas, tornou-se importante enfatizar alguns procedimentos preventivos nas condutas, quanto à legalização do serviço prestado pelo profissional, contratado pelo paciente8. O presente estudo evidenciou a preocupação dos ortodontistas participantes com relação ao fator legalidade: 80,1% afirmaram preencher prontuário clínico; 88% fazem planejamento ortodôntico por escrito; 73% assinam contrato antes do início do tratamento, sendo que 40% desses contratos são revisados por um advogado. Quanto à utilização de computadores no consultório: 75% dos participantes revelaram que fazem uso do computador no consultório. Porém, 43,3% dos C.D.s brasileiros relataram que o consultório ainda não se encontrava informatizado2. Quanto à utilização de equipamentos de biossegurança no consultório: a porcentagem dos profissionais que utilizam todos os tipos de recursos da biossegurança ainda é baixa (37,76%); há necessidade de ênfase. A fim de prevenir ocorrências de contaminações na equipe e proteger os pacientes de possíveis infecções cruzadas, todos os pacientes devem ser considerados como portadores em potencial de alguma infecção. Quanto às entidades de classe e perspectivas para o futuro da profissão: 80,1% dos profissionais entrevistados participam de alguma entidade regional; 34% participam de uma entidade nacional; 30,3% participam de entidades de outros estados; e 15,7% de entidades internacionais. Foi observado que 7,1% dos especialistas não fazem parte de nenhuma entidade de classe. Entre os C.D.s, encontramos que 57,7% participam de alguma entidade de classe que não o CFO, como, por exemplo, as associações (94,4%). O grau de satisfação com relação a esse tipo de entidade foi alto, sendo de 22,6% para ótimo e 47,7% para bom2. De acordo com as respostas apresentadas pelos entrevistados, observamos que 45% dos profissionais têm perspectivas futuras positivas em relação à especialidade; 22,6% apontam para uma neutralidade, enquanto 28,6% relataram perspectivas negativas em relação à Ortodontia. Com os C.D.s brasileiros, a situação se mostrou um pouco melhor, com um total de 69,1% dos entrevistados declarando que escolheriam novamente a profissão e outros 69,5% se dizendo otimistas em relação ao futuro da Odontologia2. Confrontando esses dados, outros autores apontam uma porcentagem extremamente alta (66,9%) de ortodontistas que não estimulariam seus filhos a fazer o curso de Odontologia na atualidade10.

desconforto facial com pacientes do sexo feminino, principalmente na fase pós-tratamento ortodôntico9. Em outro estudo, a prevalência de DTM foi observada em 301 pacientes pré-ortodônticos, o que levou os pesquisadores à conclusão de que, em um grande número de pacientes, há uma condição subclínica de DTM pré-existente, a qual poderá ser exacerbada com o tratamento ortodôntico11. É oportuno, também, mencionar que os ortodontistas responsáveis pela manutenção de uma oclusão funcional equilibrada, muitas vezes, negligenciavam a integridade das ATMs e da musculatura mandibular de adolescentes pré-ortodônticos com sintomas de DTM12. Quanto aos pacientes com necessidade ortocirúrgica, divide-se da seguinte maneira a demanda anual: 35,7% da amostra recebem de 3 a 5 pacientes; 33,6% , de 1 a 2 pacientes e 9,1% tratam mais de 10 pacientes. A literatura relata prevalência de 63,37%14. Consequentemente, é necessário que o ortodontista trabalhe de maneira interdisciplinar com a especialidade bucomaxilofacial, já que sempre há pacientes com necessidade ortocirúrgica. Quanto à documentação radiográfica: 100% dos ortodontistas solicitam a documentação radiográfica em alguma fase do tratamento. Dada a importância desses exames complementares, não a solicitam somente para diagnóstico, mas também para fins jurídicos. Ao contrário desses achados, observamos que as documentações intermediárias e finais não estão sendo realizadas por 82,8% dos ortodontistas10. Quanto às técnicas ortodônticas e aparelhos utilizados: a técnica ortodôntica mais utilizada pelos ortodontistas em Minas Gerais é a Edgewise Straight Wire, com 73,4% da preferência. Há um grupo significativo que realiza a técnica Edgewise Standard (35,3%) e um grupo menor (13,7%) que pratica a Ricketts-bioprogressiva. Alguns fatores influenciaram o emprego de novas práticas ortodônticas como, por exemplo, a técnica do arco reto (straight wire), tendência notada em âmbito mundial1. São eles: produtividade, ou seja, o menor tempo clínico que o paciente passa na cadeira do ortodontista; menor manipulação de fios e o anseio de todo profissional pela simplificação dos métodos de tratamento, os quais, ao mesmo tempo, primam pela excelência e estabilidade. Quanto à legalidade dos serviços prestados: com o aparecimento dos processos judiciais contra consultórios

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Eto LF, Andrade VMN

seus pacientes, formação e técnicas usadas. Em relação ao público-alvo, podemos concluir que ele é composto, em sua maioria, por adolescentes (33,75%) e jovens adultos (27,45%). Os pacientes chegam aos consultórios do ortodontista, predominantemente, através de indicação dos próprios pacientes (46,79%). Dentre as informações mais relevantes coletadas, podemos citar a negligência no uso de alguns equipamentos de proteção individual, sendo que apenas 37,76% usam todos os recursos de biossegurança. A documentação final tem sido solicitada com menor frequência em relação àquela inicial, o que evidencia a não-observância de uma parte importante do processo de documentação do tratamento ortodôntico. No tocante às perspectivas futuras da profissão, os ortodontistas otimistas não ultrapassaram a metade (45%) dos entrevistados.

Vislumbrando futuros mais promissores para a profissão, os especialistas que participaram do estudo fizeram algumas solicitações às entidades de classe, as quais, se fossem atendidas, teriam os seguintes efeitos: diminuição do número de cursos e de ortodontistas através de maior rigor na fiscalização; a abertura de novos cursos de especialização, os quais trariam maiores possibilidades de benefícios financeiros para o profissional, além de uma valorização do seu desempenho; maior valorização financeira ao especialista em ortodontia, além do crescente reconhecimento. Conclusão Esse estudo permitiu levantar informações para delinear o perfil do profissional de Ortodontia do estado de Minas Gerais, considerando sua individualidade,

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